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Saulo Mota
Temas contemporâneos 
em psicologia
04
Sumário
CapíTulo 4 – Disciplina TEMaS CoNTEMpoRÂNEoS EM pSIColoGIa ............................. 06
4.1 Tecnologias de informação e comunicação e produção de subjetividade ..................... 06
4.1.1 Quais as transformações produzidas pelas Tecnologias de Informação e Comunicação 
(TIC) no mundo contemporâneo? ............................................................................................... 06
4.1.2 Qual a relação entre a Subjetividade e as Tecnologias de Informação e 
Comunicação? ............................................................................................................................... 08
4.1.3 a prática do psicólogo diante das relações sociais mediadas por Tecnologias de 
Informação e Comunicação. ...................................................................................................... 11
4.2 Enfrentamentos nas plataformas de redes sociais: bullying, violência sexual e discriminação 
12
4.2.1 Bullying, violência sexual e discriminação: definições e índices atuais .................. 12
4.2.2 o que é violência sexual? .............................................................................................. 13
4.3 Violência sexual nas redes sociais – diferenças entre assédio e abuso sexual ............. 15
4.3.1 o que é discriminação? .................................................................................................. 15
4.3.2 Discriminação nas redes sociais .................................................................................... 15
4.3.3 Humaniza Redes – o que é? ......................................................................................... 15
4.4 Consequências e efeitos das situações de bullying, violência sexual e discriminação entre 
crianças, jovens e adultos nas redes sociais .................................................................................. 16
4.5 a prática do psicólogo no enfrentamento das situações de bullying, violência sexual e 
discriminação nas redes sociais ........................................................................................................ 17
4.5.1 Princípios fundamentais .................................................................................................. 17
4.6 o psicólogo e o uso de tecnologia de informação e comunicação: terapias online .... 19
4.6.1 o que são terapias on line? .......................................................................................... 19
4.6.2 perspectivas e efeitos das psicoterapias on-line. ...................................................... 21
4.7 Desafios éticos do psicólogo diante das tecnologias de informação e comunicação: psicoterapia 
online ..................................................................................................................................................... 22
06
Introdução
prezado(a) aluno(a), bem-vindo(a) à disciplina de Temas Contemporâneos em psicologia. Na 
unidade 4, vamos discutir a relação entre a prática do(a) psicólogo(a) e as Tecnologias de 
Informação e Comunicação (TIC). 
Inicialmente abordaremos as principais transformações produzidas em nas sociedades 
contemporâneas a partir das TICs, do ponto de vista cultural, econômico, social e subjetivo. Nos 
aproximaremos dos efeitos dessas tecnologias no modo como cada sujeito se relaciona consigo 
próprio e com os outros. 
 Em seguida, verificaremos como ocorrem práticas produtoras de sofrimento por meio dessas 
tecnologias, como o bullying, a violência sexual e a discriminação. Trata-se de fenômenos que 
constituem o cotidiano das práticas dos(as) profissionais em psicologia.
Nos aproximaremos ainda das diretrizes para a prestação de serviços psicológicos realizados 
por meios de tecnologias da informação e da comunicação, passando pelos marcos históricos 
dessa prática e destacando as suas últimas atualizações.
Finalmente, destacaremos alguns dos desafios éticos dos serviços psicológicos realizados por 
meios de tecnologias da informação e da comunicação.
4.1 Tecnologias de informação e comunicação 
e produção de subjetividade
para um melhor entendimento da relação entre Tecnologias de Informação e Comunicação, 
processos de produção de Subjetividade e práticas contemporâneas do psicólogo vamos 
discutir alguns conceitos relacionados a este contexto.
4.1.1 Quais as transformações produzidas pelas Tecnologias de 
Informação e Comunicação (TIC) no mundo contemporâneo?
os primeiros computadores eram grandes máquinas calculadoras capazes de realizar cálculos 
científicos e tarefas de gerenciamento, como folhas de pagamento e estatísticas de empresas e 
grandes Estados. pesados, grandes, frágeis e instalados em salas isoladas, estes computadores 
Capítulo 4Disciplina TEMaS 
CoNTEMpoRÂNEoS EM 
pSIColoGIa
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Temas Contemporâneos em Psicologia
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começam a ser fabricados no final da década de 1930 no Reino Unido e nos Estados Unidos 
da américa, inicialmente reservados para usos militares. o uso desses equipamentos por 
civis ampliou-se na década de 1960, porém somente em 1970, com o desenvolvimento do 
microprocessador, os computadores passaram a produzir amplo impacto na economia e na 
organização social no mundo todo. (lEVY, 1999).
Sua comercialização inaugurou uma nova faze do desenvolvimento e produção industrial 
por meio da robótica, controles digitais e remotos, além de linhas de produção flexíveis e 
reprogramáveis. Tal desenvolvimento motivou a busca por aumento de lucro por meio de 
aparelhos eletrônicos, computadores e redes de comunicação. Na década seguinte, a invenção 
do computador pessoal, nos Estados unidos, viabilizou mudanças drásticas no modo de usar 
o computador, que deixou de servir exclusivamente a serviços de processamento de dados 
para grandes empresas e profissionais, para se tornar ferramenta de organização, simulação, 
criação e diversão para pessoas comuns de países desenvolvidos. Na década de 1980 os 
videogames e produtos de informática compuseram o universo contemporâneo das multimídias. 
Diferentes redes de computadores se conectaram na década seguinte aumentado o número 
de pessoas e computadores conectados. “as tecnologias digitais surgiram, então, como infra-
estrutura do ciberespaço, novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de organização e 
de transação, mas também novo mercado de informação e conhecimento”. (lEVY, 1999, p. 32).
Somente na década de 1990 o acesso a internet se populariza e se expande a nível mundial, 
deixando de ser um conjunto de redes dedicada à pesquisa acadêmica para se tornar a “rede 
das redes”.(lEVY, 1999). 
A internet tem origem nas estratégias de defesa norte-americanas durante o período da 
Guerra Fria. Em 1969, foi iniciada por meio da aRpa (administração dos projetos de pesquisa 
avançada do Departamento de Defesa dos Estados unidos), sendo limitada nesse momento 
ao compartilhamento de informações universidades portadoras de alta tecnologia (BRIGGS, 
BuRKE, 2006). 
assim como outros serviços e produtos do campo das comunicações, a ampliação da internet 
para além das universidades e agencias militares estava condicionado às suas possibilidades 
comerciais. o CompuServe, foi o primeiro provedor de serviços comerciais na internet, e já 
operava desde 1979 prestando serviços a um “clube privado”. Na sequência a american on-
line e o prodigy passaram a oferecer tais serviços. Em 1993 os três concorrentes já dispunham 
de 3,5 milhões de assinantes e no ano seguinte a rede se tornou aberta a todos. ainda que 
dependesse dos serviços das agências de comunicação, a rede não tinha proprietário, e podia 
ser acessada pelo público também por meio do programa de navegação Mosaico. (lEVY, 
1999).
Evidentemente o advento da internet não trouxe apenas transformações técnicas e econômica, 
como também sociais. Cada usuário desses serviços passou a poder produzir e compartilhar 
conteúdos na rede por meio de ferramentasde comunicação mediada por computador (CMC). 
(RECuERo, 2009).
Diferente da TV, do rádio e da imprensa, que são mídias de formato broadcast, de difusão de 
informações de um único locutor para muitos espectadores, a internet permitiu a comunicação de 
todos para todos, permitindo que qualquer pessoa pudesse produzir e compartilhar conteúdos. 
(LEVY, 1999). “As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) constituíram a internet por 
meio da comunicação mediada por computador (CMC)” (aNTouN, 2004, p.209). 
a partir do momento que cada pessoa se tornou um emissor com ferramentas como blogs, 
microblogs e demais sites de redes sociais, passou também a dividir espaço de produção de 
conteúdos com a mídia broadcast. (ZAGO, 2012). 
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Contudo, apesar de curta, a história da Web teve dois momentos distintos. Na década de 
1990 os conteúdos dos sites eram muito pouco renovados, as páginas eram produzidas com 
menos frequência e tinham um formato estático, muito parecido com a imprensa, sendo editadas 
por poucas pessoas ou agências. Nos anos 2000, as páginas passaram a ser constantemente 
atualizadas, com conteúdos atrativos e dinâmicos. Se antes eram lugares para se visitar, no 
século XXI se tornaram plataformas de interação, nas quais cada um pode não só consumir 
como produzir conteúdos. Essas transformações motivaram conjuntos de pesquisadores a nomear 
de Web 2.0 esse novo modo de funcionamento e de uso da internet. a Web 2.0 é composta, 
portanto, pelos blogs, microblogs (Twiter), pelas redes sociais (Facebook, linkedIn, Tinder, etc), 
dispositivos móveis, dentre outros. (ZAGO, 2012).
para lemos (2004), nos de 1970 foi desenvolvido o personal computer (pC) por meio da 
comercialização e incremento da microinformática. Nas décadas de 1980 e 1990 a expansão 
das redes e estabelecimento da internet tornaram o computador uma máquina de conexão, 
fazendo com que o personal computer (pC) se tornasse o “computador coletivo” (CC). Já nos anos 
2000, assistimos a expansão das tecnologias móveis (laptops, móbiles, notebooks, smartphones), 
“pelo desenvolvimento da computação ubíqua (3G, Wi-Fi), da computação senciente (RFID5 , 
bluetooth) e da computação pervasiva” (lEMoS, 2004, p.5). ou seja, passamos da era dos 
computadores coletivos (blogs, fóruns, chats,) para os “computadores coletivos móveis” (CCm), 
que desabilitam os limites geográficos de conexão, e tornam possível a composição da rede em 
qualquer espaço. (lEMoS, 2004). 
Essas transformações inevitavelmente afetam as relações com o espaço público e o privado, com 
a intimidade, a privacidade e a subjetividade. para lemos (2004) uma transformação entre 
o privado e o público ocorre quando uma pessoa fala ao telefone em meio a uma multidão, 
falando até mesmo questões íntimas. O mesmo ocorre quando se conecta à internet em um praça, 
metrô, ônibus, dentre outros. a privacidade é colocada em cheque pois a cada passo na rede 
deixamos rastros que permitem que sejamos analisados, quanto aos nossos relacionamentos, 
interesses, percursos. Nessa era de conexão e mobilidade, na qual os espaços deixam de 
ser lugares geográficos e se tornam espaços flexíveis, conectados (dispositivos de acesso a 
internet, que permitem consumo e produção de imagens, sons, informações), as Tecnologias de 
Informação e Comunicação constituem nossa vida cotidiana e produzem efeitos subjetivos novos. 
Quais desses subjetivos efeitos são percebidos na vida das sociedades contemporâneas?
NÃo DEIXE DE VER...
Vídeo sobre relação entre internet e Cibercultura na atualidade.
https://www.youtube.com/watch?v=D4x5tIiWGpa
NÃo DEIXE DE lER
lEVY, p. Cibercultura. São paulo: Ed. 34, 1999.
 
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SaIBa MaIS...
pierre lévy é um dos principais pesquisadores das Tecnologias de Informação e Comunicação. 
Tratando principalmente do tema da Cibercultura. 
4.1.2 Qual a relação entre a Subjetividade e as Tecnologias de 
Informação e Comunicação?
a história da relação entre meios de comunicação e subjetividade está diretamente ligada com 
a criação da imprensa. Seu surgimento fim do século XIV, por Gutenberg (1390-1468) tornou 
possível a experiência subjetiva e a valorização do espaço privado. (GIGGS, BURKE, 2009). 
Segundo Giggs e Burke (2009), a imprensa acelerou a circulação do conhecimento e esteve 
relacionada à criação dos correios, que viabilizaram o aumento da comunicação entre regiões 
distantes, ampliando a divulgação das notícias de diferentes locais. Para Moreira (2010) 
a histórias da imprensa e da subjetividade são correlatas, pois a imprensa possibilitou a 
valorização do espaço privado, espaço no qual os sujeitos voltavam-se para si, contribui para 
a criação de subjetividades. (MoREIRa, 2010).
Assim iniciaremos um debate sobre mídia e subjetividade, considerando a mídia como 
descendente direta da imprensa de Gutenberg, buscando refletir sobre as influências da 
grande mídia nas formas e modos de os sujeitos se organizarem no mundo.
A mídia continua sendo um dos principais instrumentos de produção de esquemas dominantes 
de significação e interpretação do mundo. Continua a condicionar o formas de pensar e da 
agir das pessoas. (MOREIRA, 2010). “Temos as influências contínuas nos modos de vestir, de se 
comportar e de se relacionar. os dramas dos personagens das novelas oferecem padrões de 
relacionamento e de comportamento” (MoREIRa, 2010, p. 4)
antoun (2009, p.90), denomina como fábrica social esse processo que busca convencer as 
pessoas de que “devem produzir seus grupos, suas atitudes, seus comportamentos e seus modos 
de ser da maneira como eles eram antes de elas existirem, da maneira como a produção social 
do capital espera que eles sejam”. 
Contudo o autor aponta que após a década de 1990, novos processo vem ocorrendo de 
modo diferente do modelo de difusão da mídia de massa. A internet permitiu a criação da 
comunicação distribuída e a possibilidade de constituir modos próprios de viver e de resistir. 
Se antes os valores vinham sendo amplamente moldados pela mídia de difusão, agora os 
“novos serviços de comunicação fazem com que todo esse agrupamento flutuante se torne, de 
algum modo, utilitário, operável, funcional. os grupos de discussão geram comunidades virtuais 
criadoras de valores subjetivos”. ( aNTouN, 2009 p.93).
E se por lado é possível escolher o modo de usar esses meios de comunicação, por outro, é 
justamente sobre essa escolha que incidem os efeitos subjetivos, uma vez que a possibilidade 
de escolher os modos de usar essas tecnologias tem relação direta com a visibilidade e a 
vigilância constantes nas redes. “Ver e ser visto ganham aqui sentidos atrelados à reputação, 
pertencimento, admiração, desejo, conferindo à visibilidade uma conotação prioritariamente 
positiva, desejável”. (BRuNo, 2013, p. 47). 
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a possibilidade de escolher o modo acessar, produzir e publicar conteúdos, sobre si e sobre 
o mundo, trouxe também a preocupação com a própria imagem, reputação, com o desejo 
de se sentir pertencente a certos grupos, de se fazer parecer com o modo como gostaria 
de ser percebido. “Ser visto e ser vigiado, assim como ver e vigiar, são progressivamente 
incorporados no repertório perceptivo, afetivo, atencional, social, e associados a processos de 
prazer, diversão, sociabilidade”. (BRuNo, 2013, p. 47).
Sabe o que são modos de subjetivação?
Modos de subjetivação dizem respeito aos modos pelos quais uma 
pessoa se torna sujeito. Na década de 1980 o filósofo Michel Foucault 
(2010) apontou três modos pelos quais os seres humanos se tornam 
sujeitos em nossa cultura.
O primeiro se refere aos modos de investigação, ou seja, o modo como 
os seres humanos se tornaram objeto das ciências, da história natural, 
da economia, etc.
O segundo quando os seres humanos se tornam objetos de práticas 
divisórias, que os separam uns em relação aosoutros, por exemplo, 
nas instituições, quando se separa o louco e o são, o doente e o sadio, 
o criminoso e o cidadão de bem , etc. 
O terceiro quando os seres humanos são levados a se reconhecerem 
como sujeitos, “sujeitos de sexualidade”, por exemplo. 
Para saber mais:
FOUCAULT, M. O sujeito e o poder. Apêndice da 2. ed. Michel 
Foucault entrevistado por Hubert L. Dreyfus e Paul Rabinow. In: DREY-
FUS, H.; RABINOW, P. Michel Foucault, uma trajetória filosófica: para 
além do estruturalismo e da hermenêutica. Rio de Janeiro: Forense 
Universitária, 2010.
Nesse sentido, é possível destacar duas transformações nos modos de subjetivação após a Web 
2.0. 
a primeira se refere ao deslocamento do foco de atenção e cuidado da interioridade e 
da profundidade para a aparência, a visibilidade, ou seja, a exterioridade. Trata-se da 
sobreposição da subjetividade exteriorizada sobre subjetividade interiorizada. Diferentemente 
da subjetividade produzida pela imprensa, caracterizada pela interiorização e atenção à 
intimidade e ao mundo privado, a subjetividade da Web 2.0 direciona a atenção e os afetos 
para a exterioridade, ao modo como se está sendo visto e vigiado. Sibilia (2008) chama do 
“Show do eu” esse fenômeno contemporâneo da exposição da própria intimidade na rede 
mundial de computadores. 
a segunda transformação se refere às mudanças no olhar do outro em relação à esse Show 
do Eu que cada pessoa realiza. Se antes os reality shows colocavam em cena pessoas e suas 
vidas cotidianas, agora a internet torna seus usuários cada vez mais autônomos para produzir 
sua própria visibilidade ao mesmo tempo em que os torna ainda mais vigiados sobre múltiplos 
olhares. “Nas atuais plataformas da web 2.0, passamos da tentativa de ingresso na mídia para 
a possibilidade de o indivíduo ser sua própria mídia e criar, consequentemente, seu próprio 
público”. (BRuNo, 2013, p.58).
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Sibilia (2008) ressalta que frases como a do You Tube “broadcast yourself” são elementos 
contemporâneos que favorecem a produção desses modos de subjetivação espetacularizados 
e buscam fazer com que cada um gerencie a si próprio como uma marca. Se por um lado os 
cosméticos, as cirurgias estéticas e o mercado fitness participam da construção artificial do 
corpo, as redes sociais, os blogs e fotologs viabilizam a construção artificial do eu como marca. 
além desses modos de subjetivação Bruno (2013, p.18) ressalta as atividades de vigilância 
presentes na Web 2.0, que envolvem observação, conhecimento e intervenção. a observação 
pode ser executada de modo mecânico, eletrônico e/ou digital implicando a “inspeção regular, 
sistemática e focalizada de indivíduos, populações, informações ou processos comportamentais, 
corporais, psíquicos, sociais, entre outros”. Determinados conhecimentos são produzidos sobre os 
usuários dessas redes, permitindo definir padrões e regularidades de seus comportamentos na 
rede, “de modo a permitir agir sobre suas escolhas, subjetividades, comportamentos”. Decorre 
desses conhecimentos a possibilidade de intervenção sobre as decisões dos indivíduos. 
Trata-se, primeiramente, de uma vigilância que tende a se tornar cada vez mais ubíqua 
e incorporada aos diversos dispositivos tecnológicos, serviços e ambientes que usamos 
cotidianamente, mas que se exerce de modo descentralizado, sem hierarquias estáveis e 
com uma diversidade de propósitos, funções e significações nos mais diferentes setores: nas 
medidas de segurança e coordenação da circulação de pessoas, informações e bens, nas 
práticas de consumo e nas estratégias de marketing, nos meios de comunicação, entretenimento 
e sociabilidade, na prestação de serviços etc. (BRuNo, 2013, p.18)
porém, de que maneira todas essas transformações nas relações sociais mediadas por TICs 
no mundo contemporâneo, influenciam na atuação profissional do(a) psicólogo(a)? Poderia a 
atuação desse profissional ser mediada por tais tecnologias?
4.1.3 a prática do psicólogo diante das relações sociais mediadas 
por Tecnologias de Informação e Comunicação.
Historicamente os Conselhos Federais e Regionais de psicologia se comprometeram a construir 
projetos para a profissão de psicólogo no Brasil que envolvessem o compromisso com as urgências 
e as necessidades da sociedade brasileira, buscando debater as temáticas e demandas dessa 
sociedade e procurando enfrentá-las. uma dessas temáticas é a comunicação. (BoCK, 2009, 
p.19).
Como foi visto os meios de comunicação foram transformados e multiplicados muito rapidamente 
nas últimas décadas produziram drásticas mudanças no cotidiano e na subjetividade das 
sociedades contemporâneas. 
além da contribuição histórica da psicologia ao campo da comunicação, esta ciência necessita 
ampliar a compreensão da sociedade sobre esse conjunto de práticas, questionando seus efeitos 
e contribuindo o bem-estar e o protagonismo da população diante das intensas transformações 
tecnológicas em curso.
as tecnologias de informação e de comunicação sem dúvida possibilitam novas formas de 
interação social, porém são muitos os modos com como tais tecnologias mediam nossa vida 
cotidiana, redefinindo limites que antes pareciam bastante nítidos. Juntamente aos aspectos 
positivos, criativos e inventivos, alguns fenômenos sociais são expandidos e reconfigurados a 
partir da Web 2.0 e das TICs, como o bulling, o assedio e o abuso sexual, além de outras 
violações de direitos. Desse modo nos dedicaremos a discutir tais fenômenos no campo a seguir.
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lEGENDa: pRoFISSIoNaIS Da pSIColoGIa VÃo TER NoVa RESoluÇÃo SoBRE oS 
SERVIÇOS PSICOLÓGICOS REALIZADOS POR MEIOS TECNOLÓGICOS DE COMUNICAÇÃO 
a DISTÂNCIa. FoNTE: CFp.
4.2 Enfrentamentos nas plataformas de 
redes sociais: bullying, violência sexual e 
discriminação
4.2.1 Bullying, violência sexual e discriminação: definições e índices 
atuais
o que é bullying?
“Do inglês bull vem o sentido de intimidação para a língua portuguesa. Do touro, a força 
que assola, menospreza, que diminui o outro. Bullying, como já bastante definido em meios 
acadêmicos, diz respeito às formas de intimidação, de humilhação e menosprezo e conta com ao 
menos cinco características marcantes” (TOGNETTA; VINHA, 2010, p. 3).
As autoras Luciene Tognetta e Telma Vinha (2010, p. 3-4) definem as cinco características do 
bullying da seguinte forma:
Trata-se de uma 
forma de violência 
entre pares, ou seja, 
não há desnível de 
poder ou de 
autoridade entre 
aqueles que 
participam. Portanto, 
não seriam 
caracterizadas como 
situação de bullying 
as formas de 
constrangimento 
exercidas por um 
professor em relação 
a seu aluno ou por 
um pai em relação 
ao filho.
 A repetição. São 
sempre atos 
direcionados a um 
alvo, a uma vítima, 
por repetidas vezes.
 A intenção de ferir. 
Os autores do bullying 
escolhem intencional-
mente seus alvos, suas 
vítimas.
As vítimas do bullying 
sentem-se diferentes 
pelas roupas que 
vestem, pelas 
diferenças físicas e/ou 
psicológicas, pelos 
trejeitos, ou seja, 
sentem insegurança 
em relação à imagem 
que possuem de si 
mesmas. O que, de 
certa forma, alimenta 
a imagem que seus 
algozes fazem delas.
Não há bullying sem 
que haja um público 
a corresponder com 
as apelações de 
quem ironiza, age 
com sarcasmo e 
parece liderar 
aqueles que são 
expectadores.
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Em pesquisa realizada em São José do Rio preto, interior de São paulo, Fante (2005 apud 
TOGNETTA; VINHA, 2010) aponta que 66,92% das crianças e adolescentes entrevistados dizem 
sofrer algum tipo de violência no contexto escolar, dos quais 25, 56% seriam caracterizados 
como casos de bullying.
NÃo DEIXE DE VER...
Destaque – Notícia do G1 – 12/04/2018:
“Casos de bullying aumentam 8% em escolas estaduais de SP, diz secretaria. Foram564 casos 
registrados em 2017, 80 a mais do que no ano anterior. Número de ocorrências pode ser 
maior, já que muitos alunos não denunciam a prática”.
Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/casos-de-bullying-aumentam-8-em-esco-
las-estaduais-de-sp-diz-secretaria.ghtml
4.2.1.1 Bullying nas redes sociais
Em estudo realizado em porto alegre (RS) sobre redes sociais e bullying virtual, lidiane oliveira 
(2012, p. 15) afirma que:
Com a chegada e o crescimento acelerado da tecnologia, surgiu uma nova forma de intimidação, 
que ultrapassou o aspecto físico presencial – o cyberbullying – uma forma dissimulada de 
bullying, em que as agressões são virtuais. É caracterizado por agressões, insultos, difamações, 
maus tratos intencionais, contra um indivíduo ou mais, que usa para isso os meios tecnológicos.
para a autora, essas manifestações de cyberbullying podem atingir mais pessoas e de forma 
mais rápida, devido à velocidade da propagação das informações no meio virtual. pode-se 
entender, portanto, que o bullying nas redes sociais é uma extensão do que já acontece de 
forma presencial, porém com um poder de atingir a mais pessoas de forma mais rápida, ou 
seja, os impactos na vida privada e social de crianças e adolescentes são vividos de forma mais 
intensa e cada vez mais veloz.
4.2.2 o que é violência sexual?
De acordo com a uNICEF (Fundo das Nações unidas para a Infância), a violência sexual é 
um fenômeno complexo e está presente em todo o mundo. Trata-se de um fenômeno mundial 
que não está ligado apenas às condições de pobreza e miséria, mas que atinge várias classes 
sociais e está ligado, também, aos aspectos culturais, como as relações desiguais entre homens 
e mulheres, adultos e crianças, brancos e negros, ricos e pobres.
a violência sexual pode se manifestar em diferentes formas:
 • por meio de exploração sexual comercial:
 • prostituição infantil;
 • pornografia infantil;
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 • turismo sexual;
 • tráfico.
NÃo DEIXE DE VER...
Violência Sexual – um fenômeno complexo
“De acordo com dados do Disque-Denúncia sobre abuso e Exploração Sexual (0800-990500), 
um serviço do governo federal, no período de maio de 2003 a fevereiro de 2005, foram 
contabilizados 1.506 casos de exploração sexual” (p. 59). acesse leo site: https://www.unicef.
org/brazil/pt/Cap_03.pdf
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enfrentamento ao abuso sexual de crianças e adolescentes
“a violência sexual pressupõe o abuso do poder: crianças e adolescentes são usados para 
satisfação sexual de adultos, sendo induzidos ou forçados a práticas sexuais. Essa violação de 
direitos interfere diretamente no desenvolvimento da sexualidade saudável e nas dimensões 
psicossociais do indivíduo, causando danos muitas vezes irreversíveis”. 
4.2.2.1 Entenda a diferença:
abuso sexual
 • Não envolve dinheiro ou gratificação.
 • acontece quando uma criança ou adolescente é usado para estimulação ou satisfação 
sexual de um adulto.
 • É normalmente imposto pela força física, pela ameaça ou pela sedução.
 • Pode acontecer dentro ou fora da família.
Exploração sexual
 • pressupõe uma relação de mercantilização na qual o sexo é fruto de uma troca, seja ela 
financeira, de favores ou presentes.
 • Crianças ou adolescentes são tratados como objetos sexuais ou mercadorias.
 • pode estar relacionado a redes criminosas.
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4.3 Violência sexual nas redes sociais – 
diferenças entre assédio e abuso sexual
“legalmente falando, o assédio sexual acontece quando um superior hierárquico se vale de seu 
poder para constranger um subordinado com finalidades sexuais. Já o abuso se dá na prática 
da violência física, como o estupro. Ao passo em que o assédio pode não causar dor física, causa 
constrangimento equivalente e intimidação, podendo levar a vítima a sofrer traumas e outros 
problemas psicológicos.
Segundo Gisele Truzzi, advogada especialista em Direito Digital e atuante na área desde 2005, 
a “cantada” invasiva pode ser considerada uma contravenção penal de importunação ofensiva 
ao pudor, definida pelo artigo 61 da Lei de Contravenções Penais (Lei nº 3688/41). Nesse caso, 
a pena imposta é a de uma multa definida em processo judicial. Outra possibilidade legal é a 
de enquadrar a pessoa como praticante de injúria, caso haja xingamentos e ofensas. Em ambos 
os casos, a recomendação de Truzzi para as vítimas é tirar prints das mensagens recebidas e 
procurar um advogado, que dará toda a assistência necessária para que a vítima leve o caso 
adiante”.
Em 2016, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de São paulo promoveu um 
encontro da Série Dialogando com o tema ‘Enfrentamento ao abuso e Exploração Sexual de 
Crianças e Adolescentes e as Mídias Sociais’. Os dados apresentados pela Secretaria Nacional 
dos Direitos Humanos, responsável pelo Disque 100 - serviço gratuito nacional para denúncias, 
aponta que o Estado de São paulo registrou cerca de 16 mil denúncias em 2015 sobre violações 
de direitos de crianças e adolescentes, sendo 15,6% relacionados à violência sexual.
4.3.1 o que é discriminação?
De acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela 
assembléia Geral das Nações unidas em 10 de dezembro 1948:
Artigo 7° - Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual protecção da 
lei. Todos têm direito a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a presente 
Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Segundo Meyers (2014) para a psicologia Social Norte americana a discriminação é um 
comportamento negativo injustificado em relação a um grupo ou seus membros, sendo que o 
comportamento discriminatório muitas vezes está diretamente relacionado a um preconceito. 
4.3.2 Discriminação nas redes sociais
Em 2015, o Governo Federal do Brasil lançou o chamado pacto pelo Enfrentamento às Violações 
de Direitos Humanos na Internet, com o nome de “Humaniza Redes”. a iniciativa inaugurou uma 
ouvidoria de direitos humanos online.
4.3.3 Humaniza Redes – o que é?
“o Humaniza Redes – pacto Nacional de Enfrentamento às Violações de Direitos Humanos na 
internet é uma iniciativa do Governo Federal de ocupar esse espaço usado, hoje, amplamente 
pelos brasileiros para garantir mais segurança na rede, principalmente para as crianças e 
adolescentes, e fazer o enfrentamento às violações de Direitos Humanos que acontecem online.
16
o movimento, coordenado pela Secretaria de Direitos Humanos da presidência da República em 
parceria com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Secretaria de Políticas 
para as Mulheres, Ministério da Educação, Ministério das Comunicações e Ministério da Justiça 
será composto por três eixos de atuação: denúncia, prevenção e segurança, que garantirá aos 
usuários brasileiros, priorizando as crianças e adolescentes, uma internet livre de violações de 
Direitos Humanos.
De acordo com o art. 5º do Decreto nº 8.162/2013, ao Departamento de Ouvidoria Nacional de 
Direitos Humanos compete, entre outras atribuições, receber, examinar e encaminhar denúncias e 
reclamações sobre violações de Direitos Humanos”.
SaIBa MaIS...
para saber mais sobre Humaniza Redes, acesse o link: http://www.humanizaredes.gov.br/ 
4.4 Consequências e efeitos das situações de 
bullying, violência sexual e discriminação entre 
crianças, jovens e adultos nas redes sociais
Em estudo realizado sobre “Crianças e Internet”, ponte e Vieira (2007) apresentaram os 
resultados encontrados pelo Projeto europeu EU Kids (2006-2009), que envolveu 18 países: 
Áustria, alemanha, Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Eslovênia, Espanha, Estónia, França, Grécia, 
Holanda, Islância, Noruega, polônia, portugal, Reino unido, República Checa e Suécia.
para os autores, a internet faz parte da vida cotidiana de muitas crianças e adolescentes no 
mundo todo.
o uso da Internet por crianças é um fenômeno complexo, especialmente no que diz respeito 
a riscos.Defende-se a importância de reunir várias perspectivas teóricas no que se refere a 
teorias e métodos, de modo a poder compreender na sua globalidade as várias dimensões 
do seu uso da Internet, incluindo a incidência de certas práticas na população, as próprias 
percepções das crianças e as dos seus pais e como ambas se articulam com o contexto do uso 
quotidiano da Internet (PONTE; VIEIRA, 2007, p. 2738).
a internet e, consequentemente, as redes sociais podem ser utilizadas como grande potencial de 
interações e aprendizagens. Contudo, elas também abrem espaço para alguns riscos, como por 
exemplo, a ampliação de práticas e compartilhamentos de bullying, violência sexual e práticas 
de discriminação entre crianças, jovens e adultos.
De forma geral, os riscos que provocam maior preocupação são os de natureza social, “os que 
podem ter um forte impacto na vida social, emocional e física de crianças e jovens” (PONTE; 
VIEIRa, 2007, p. 2740).
São esses riscos sociais e, também, psíquicos/subjetivos que cabem ao psicólogo refletir sobre 
como intervir de forma a contribuir para um enfrentamento das situações de bullying, violência 
sexual, discriminação, abuso, violação de direitos etc.
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Temas Contemporâneos em Psicologia
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NÃo DEIXE DE VER...
“Para especialistas, redes sociais reforçam ‘bullying’ e risco de suicídio de adolescentes” – 
Agência Senado, 21/09/2017
Em audiência pública realizada pela CPI dos Maus-tratos em 21/09/2017 em Brasília-DF, 
especialistas discutiram como a questão do bullying ganhou dimensões ampliadas na era da 
internet e das redes sociais, aumentando o número de crianças e adolescentes que chegam a 
atitudes extremas, como automutilação e suicídio.
“participou também da audiência antonio Carlos Braga, como representante do Centro de 
Valorização da Vida (CVV), entidade fundada há 55 anos que presta serviço voluntário e 
gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio. Há 72 postos de atendimento no país e, 
é possível falar com o CVV por telefone (141) e, mais recentemente, por chat na internet.
Braga informou que, somente por telefone, cerca de 2 mil voluntários atendem mais de um 
milhão de ligações por ano. os voluntários atendem pessoas que querem e precisam conversar, 
sob total sigilo, dando apoio emocional em momentos difíceis desses indivíduos. Ele destacou o 
rápido crescimento dos atendimentos por chat, que chegou a 30 mil pessoas no ano passado.
Disse ainda que impressionou o fato de que mais da metade desses contatos foram de jovens 
entre 13 e 19 anos de idade, e um terço deles falando em suicídio e em ferir a si próprios”. 
Fonte: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2017/09/21/para-especialistas-re-
des-sociais-reforcam-bullying-e-os-riscos-de-suicidio-de-adolescentes
4.5 a prática do psicólogo no enfrentamento 
das situações de bullying, violência sexual e 
discriminação nas redes sociais
Para falar da prática do psicólogo, é importante retomar os princípios fundamentais do Código 
de Ética Profissional do Psicólogo regulamentado pelo Conselho Federal de psicologia, quais 
sejam:
4.5.1 Princípios fundamentais
I. o psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da 
dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que 
embasam a Declaração universal dos Direitos Humanos.
II. o psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e 
das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, 
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
18
III. O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a 
realidade política, econômica, social e cultural. 
IV. O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo aprimoramento 
profissional, contribuindo para o desenvolvimento da Psicologia como campo científico de 
conhecimento e de prática. 
V. o psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da população às 
informações, ao conhecimento da ciência psicológica, aos serviços e aos padrões éticos 
da profissão. 
VI. O psicólogo zelará para que o exercício profissional seja efetuado com dignidade, 
rejeitando situações em que a psicologia esteja sendo aviltada. 
VII. o psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua e os impactos 
dessas relações sobre as suas atividades profissionais, posicionando-se de forma crítica e 
em consonância com os demais princípios deste Código.
Sendo assim, uma das atribuições do psicólogo inclui formas de enfrentamento e de busca pela 
eliminação de quaisquer formas de discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Wendt e Lisboa (2013), da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/
RS), realizaram uma revisão da literatura sobre publicações teóricas e empíricas relacionadas 
ao cyberbullying. os autores apontaram que, apesar de haver uma carência de evidências 
empíricas na região da América Latina sobre o tema, o cyberbullying tem sido apontado como 
uma categoria específica e sem precedentes de violência, “podendo ser mais abrangente que 
o fenômeno bullying por ocorrer a qualquer momento e sem um espaço circunscrito e delimitado 
fisicamente” (WENDT; LISBOA, 2013).
Os autores concluíram, após a revisão da literatura realizada, que as vítimas do fenômeno 
de cyberbullying podem estar mais propensas ao ato de suicídio e, também, mais vulneráveis 
ao desenvolvimento de problemas sociais e emocionais, como por exemplo: evasão escolar, 
desempenho acadêmico prejudicado, entre outros. além disso, os estudos também apontam 
para o aumento do consumo de substâncias psicoativas e desenvolvimento de sintomas de 
ansiedade e depressão quando comparados a grupos de crianças e adolescentes que não 
vivenciaram formas de agressão e violência entre pares nas redes sociais (WENDT; LISBOA, 
2013).
Como formas de prevenção e enfrentamento, os autores ressaltam a importância de intervir 
preventivamente. por exemplo, antes de optar por uma postura impositiva e/ou restritiva acerca 
do uso da internet e das redes sociais, é importante criar um ambiente escolar positivo, dar 
apoio socioemocional às crianças e adolescentes.
Dessa forma, cabe ao psicólogo construir junto aos familiares, professores e demais profissionais, 
equipamentos de educação, saúde e assistência social, crianças e adolescentes a criação de 
ambientes propícios ao enfrentamento dos fenômenos de bullying, cyberbullying, violência 
sexual e qualquer forma de discriminação.
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Temas Contemporâneos em Psicologia
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4.6 o psicólogo e o uso de tecnologia de 
informação e comunicação: terapias online
4.6.1 o que são terapias on line?
No contexto da Web 2.0 a psicologia passou a se apropriar e se integrar às TICs paulatinamente, 
sendo que um dos modos de integração vem sendo os atendimentos psicológicos on-line, ou 
ainda serviços mediados por computador. Essa modalidade permite diversas possibilidades de 
atendimento e foi regularizada inicialmente como prática experimental e de pesquisa. Nesse 
sentido, faremos um histórico breve do processo de regularização dessas práticas.
Em 2000, Conselho Federal de psicologia (CFp) regulamentou o atendimento psicoterapêutico 
mediado por computador, permitindo sua utilização no exercício profissional, com a condição 
de que fizesse parte de um projeto de pesquisa e estivesse conforme os critérios da Resolução 
196/96, para pesquisas com seres humanos. 
Em 2005 foram permitidos e regulamentados o atendimento psicoterapêutico e outros serviços 
psicológicos mediados por computador por meio da Resolução no 012/2005 (CoNSElHo 
FEDERal DE pSIColoGIa, 2005). além de manter a determinação de que psicoterapia virtual 
deve ser praticada apenas a nível experimental, de forma gratuita, fazendo partede um 
projeto de pesquisa e sendo aprovada pelo Comitê de Ética (CFp, 2005), a resolução legaliza 
outros serviços psicológicos mediados por computador, desde que sejam de caráter pontual e 
informativo, permitindo remuneração por eles.
Sob a condição de que não sejam serviços psicoterapêuticos, a resolução reconheceu como 
serviços psicológicos mediados por computador: 
Orientação psicológica e afetivosexual, orientação profissional, orientação de aprendizagem 
e psicologia escolar, orientação ergonômica, consultorias a empresas, reabilitação cognitiva, 
ideomotora e comunicativa, processos prévios de seleção de pessoal, utilização de testes 
psicológicos informatizados com avaliação favorável de acordo com Resolução CFp N° 002/03, 
utilização de softwares informativos e educativos com resposta automatizada, e outros, desde 
que pontuais e informativos e que não firam o disposto no Código de Ética Profissional do 
psicólogo. (CFp, 2005, p.4).
 Nesse sentido, com relação à Resolução no 012/2005 Siegmund e lisboa (2015), distinguem 
as práticas de orientação profissional e psicoterapia on-line. A orientação on-line precisa ter 
um assunto ou tema específico, de domínio do profissional, o número de mensagens deve ser 
limitado, reservando os devidos cuidados para que não se estabeleça um vínculo similar ao 
contexto terapêutico, evitando-se ainda interpretações acerca do cliente.
a Resolução no 012/2005 previa ainda que para os serviços que demandassem acesso a uma 
rede on-line de acesso público, como a internet, seria necessário a identificação do profissional 
por meio de uma “credencial de autenticação eletrônica por meio de número de cadastro com 
hiperlink, hiperligação ou outra forma de remissão automática, na forma de selo ou equivalente”. 
(CoNSElHo FEDERal DE pSIColoGIa, 2005, p.4). Foi estabelecido que esse selo deve ser 
desenvolvido pelo CFp e deve trazer informações sobre ano de concessão e prazo de validade. 
Em 2012 o Conselho Federal de psicologia (CFp) promulga a Resolução No 011/2012, 
regulamentando os serviços psicológicos realizados por meios tecnológicos de comunicação a 
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distância e o atendimento psicoterapêutico em caráter experimental, revogando a Resolução 
CFP N.º 12/2005. 
Nessa resolução o CFp entende “meios tecnológicos de comunicação e informação” como “todas 
as mediações computacionais com acesso à internet, por meio de televisão a cabo, aparelhos 
telefônicos, aparelhos conjugados ou híbridos, ou qualquer outro modo de interação que possa 
vir a ser implementado”. ( CoNSElHo FEDERal DE pSIColoGIa, 2012, p.1).
Nessa perspectiva, estabelece que os serviços psicológicos desenvolvidos por meios tecnológicos 
de comunicação e informação devem ser pontuais, informativos, focados no tema proposto e 
que não firam o disposto no Código de Ética Profissional. As Orientações Psicológicas continuam 
compondo os serviços online possíveis, sendo restritas a até 20 encontros, ou contatos virtuais, 
síncronos ou assíncronos. (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2012, p.1).
Segundo Siegmund (2015) o atendimento síncrono diz respeito à interação terapêutica 
simultânea, com respostas imediatas, podendo ser via chat, vídeo, áudio. O atendimento 
assíncrono é aquele no qual terapeuta e paciente interagem em momentos diferentes, respondem 
as mensagens em momentos diferentes, conforme sua disponibilidade, sendo o e-mail um dos 
principais meios. O profissional psicólogo deve esclarecer junto ao paciente desde os contatos 
iniciais a finalidade de intervenção, o modo de atendimento, os recursos a serem utilizados e o 
tipo de feedback. (SIEGMuND, 2015)
 Além da Orientação Profissional a Resolução permite que sejam realizados on line “processos 
prévios de Seleção de pessoal, a aplicação de Testes devidamente regulamentados por 
resolução pertinente, a Supervisão do trabalho de psicólogos, realizada de forma eventual ou 
complementar ao processo de sua formação profissional presencial” (CONSELHO FEDERAL DE 
pSIColoGIa, 2012, p.2). 
a resolução permite ainda o atendimento Eventual on line para os pacientes que estejam em 
uma situação que os impossibilite comparecer ao atendimento presencial. Ressalta-se ainda que 
“Em quaisquer modalidades destes serviços a(o) psicóloga(o) está obrigada(o) a especificar 
quais são os recursos tecnológicos utilizados para garantir o sigilo das informações e esclarecer 
o cliente sobre isso” (CoNSElHo FEDERal DE pSIColoGIa, 2012, p.2).
Contudo, existem ainda poucos estudos acerca dos efeitos de intervenções psicológicas on-line 
na literatura especializada apresentando-se como um campo de pesquisa em crescimento. a 
seguir nos aproximaremos de alguns dos efeitos identificados por pesquisadores dessa área.
Contudo, em 2018 o CFp promulga a Resolução No 11/2018 que autoriza as “consultas e/ou 
atendimentos psicológicos de diferentes pos de maneira síncrona ou assíncrona”, entendendo 
como “consulta e/ou atendimentos psicológicos o conjunto sistemáco de procedimentos, por meio 
da ulização de métodos e técnicas psicológicas do qual se presta um serviço nas diferentes 
áreas de atuação da psicologia”. Este atendimento com pode ter como objetivo a avaliação, 
a orientação e/ou uma intervenção, seja em processos individuais ou grupais. (CoNSElHo 
FEDERal DE pSIColoGIa, 2018, p.2). 
a prestação dos serviços psicológicos, autorizados nessa Resolução, estão condicionados 
ao cadastro prévio destes junto ao Conselho Regional de psicologia e à sua autorização. 
(CoNSElHo FEDERal DE pSIColoGIa, 2018).
É obrigatório à psicóloga e ao psicólogo que especifiquem quais são os recursos tecnológicos 
utilizados, a fim de garantir o sigilo das informações, de modo a esclarecer essas medidas 
ao cliente. Considera-se que o(a) profissional de psicologia que não mantiver cadastrado no 
Conselho Regional de psicologia os serviços psicológicos por meios tecnológicos de comunicação 
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à distância que presta, terá cometido falta disciplinar. (CoNSElHo FEDERal DE pSIColoGIa, 
2018).
Crianças e adolescentes poderá ocorrer desde que haja o “consentimento expresso de ao 
menos um dos responsáveis legais e mediante avaliação de viabilidade técnica por parte da 
psicóloga e do psicólogo para a realização desse tipo de serviço”. (CoNSElHo FEDERal DE 
pSIColoGIa, 2018, p.2). 
porém, considera inadequado a atendimento de “pessoas e grupos em situação de urgência 
e emergência pelos meios de tecnologia e informação”, estando vetado o “atendimento de 
pessoas e grupos em situação de emergência e desastres” e o “atendimento de pessoas e 
grupos em situação de violação de direitos ou de violência”. Nesses casos o atendimento deverá 
ser presencial. (CoNSElHo FEDERal DE pSIColoGIa, 2018, p.2). 
Existem ainda poucos estudos acerca dos efeitos de intervenções psicológicas on-line na 
literatura especializada apresentando-se como um campo de pesquisa em crescimento. a seguir 
nos aproximaremos de alguns dos efeitos identificados por pesquisadores dessa área.
SaIBa MaIS...
Conhece as novas diretrizes para as práticas online do psicólogo?
https://site.cfp.org.br/resolucao-do-cfp-regulamenta-pratica-on-line/ 
4.6.2 perspectivas e efeitos das psicoterapias on-line.
No que se refere aos efeitos da Orientação Profissional, Siegmund e Lisboa (2015) apontam 
relatos de aspectos positivos e negativos por parte de profissionais psicólogos(as).
O anonimato é um dos principais pontos positivos nos serviços online relatados pelos profissionais, 
uma vez que colaboram para a desinibição, aumentando a sensação de espontaneidade, 
sinceridade e as probabilidades de mudança. além do anonimato, o espaço e tempo são 
facilitadores nas modalidade on-line, já que viabiliza o atendimento de pessoas que residem 
em outras cidades ou que estejam viajando. (SIEGMuND E lISBoa, 2015).
por outro lado, ocaráter impessoal muitas vezes assumido no atendimento é entendido como 
ponto negativo pelos profissionais, pois dificulta a expressão de emoções e a avaliação da 
pessoa em atendimento. Essa questão é controversa pois para outros autores há possibilidade 
de expressão por meio de emoticons, imagens ou outros recursos visuais, além dos próprios 
silencias e respostas que são manifestações comportamentais. (SIEGMuND E lISBoa, 2015).
Existem ainda limitações na modalidade de atendimento on-line, na perspectiva dos profissionais, 
quando são atendidas pessoas com psicose ou episódios maníacos, tendência à violência, ou 
pessoas que abusam de substâncias, pois há muito poucos recursos para intervir caso haja uma 
crise durante o atendimento. (SIEGMuND E lISBoa, 2015).
para pieta e Gomes (2014), os atendimentos online não são restritos a uma só abordagem 
teórica, são realizadas praticas a partir da psicodinâmica, comportamental cognitivo-
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comportamental e terapia centrada na pessoa. Há ainda carência de pesquisa sobre os efeitos 
e adaptações de cada uma das abordagens. a maior parte dos estudos se concentra em 
práticas baseadas na terapia cognitivo-comportamental, que apresenta bons resultados no 
tratamento de ansiedade, depressão, fobia e estresse pós-traumático, muito semelhantes às 
modalidades presenciais.
psicanalistas tem realizado atendimentos via videoconferência com chineses em formação e tem 
sido entendida como promissora pelos analistas. Elementos como o ritmo da fala do paciente, 
as interrupções e o tom da fala são analisados pelos analistas nessa modalidade, permitindo a 
percepção da contratransferência quando seus próprios pensamentos, fantasias e sentimentos 
são colocados em análise. Contudo, a possibilidade de conexão em lugares públicos ou com 
movimento de pessoas podem fazer com que tanto terapeuta quanto paciente se desconcentrem, 
afirmam os profissionais. (PIETA E GOMES, 2014).
apesar da procura crescente por serviços de atendimento on-line a literatura acerca do 
processo e dos resultados de tais tratamentos, uma vez que pouco se sabe sobre os fatores e 
procedimentos terapêuticos que viabilizam pela redução de sintomas e sobre suas semelhanças 
e diferenças com relação às terapêuticas presenciais. (pIETa E GoMES, 2014). 
Diante das diversas motivações pela procura desses serviços é necessário que o profissional 
psicólogo procure se posicionar eticamente, atento às possibilidades e às técnicas regulamentadas 
na profissão do(a) psicólogo(a). 
“O futuro da profissão do psicólogo não depende apenas de uma Resolução, mas 
é determinado pelo desempenho dos próprios profissionais ao se depararem com novos 
desafios e encontrar formas de superá-los”. (SIEGMUND, 2015, p.445)
Nessa perspectiva, na sessão seguinte buscaremos abordar questões éticas na atuação do 
profissional psicólogo em modalidades de psicoteria online.
4.7 Desafios éticos do psicólogo diante das 
tecnologias de informação e comunicação: 
psicoterapia online
Na psicoterapia online o terapeuta deve praticar as diretrizes estabelecidas no Código 
de Ética Profissional tal como os tradicionais atendimentos presenciais, garantindo o sigilo, 
disponibilizando-se em situações de crise, emergência ou em caso de risco do paciente. 
Pieta e Gomes (2014), ressaltam a preocupação de alguns profissionais quanto a disposição 
dos pacientes de manifestarem sua identidade tendo em vista as fragilidades na segurança da 
internet, como foi visto, com relação à privacidade e ao sigilo, ficando à mercê da tecnologia. 
Também causa preocupação a dificuldade de, na internet, os terapeutas comunicarem 
mensagens precisas, manifestarem sentimentos, lidarem com diferenças culturais e resolverem 
pagamento de serviços. Nesse sentido o terapeuta precisa pactuar com o paciente o modo 
como serão sanadas as possíveis falhas na comunicação eletrônica e em caso de emergência 
qual será o manejo da situação, considerando ainda quais recursos serão acionados para 
apoiar essa conduta. Por outro lado, Pieta e Gomes (2014) afirma que o terapeuta deve 
orientar o paciente sobre como serãos eu contato com ele entre as sessões, determinando se 
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será por e-mail, telefone, mensagens, dentre outros, de modo a evitar falsas expectativas e 
sobrecargas sobre sua disponibilidade. 
Desse modo, as condições da própria participação do paciente devem ser muito bem esclarecidas, 
de maneira a alertá-lo sobre seus direitos e possibilidades, as condições do programa utilizado, 
os riscos e benefícios. (PROUDFOOT ET AL., 2011 apud PIETA,GOMES, 2014).
ainda que as Tecnologias de Informação e Comunicação estejam disseminadas e amplamente 
conhecidas é fundamental que o terapeuta passe por treinamento sobre a tecnologia utilizada, 
afirmam Pieta e Gomes (2014), para que seja capacitado a lidar com falhas e a oferecer 
instrução apropriada ao paciente sobre o uso da tecnologia. Essa é uma das instruções do 
código de ética da American Psychological Association que visa reduzir tais riscos e que as 
autoras sugerem para a prática no Brasil.
Diante de situações de risco e violação de direitos somente 42% dos terapeutas acionaram 
autoridades ou outros profissionais para apoiar a intervenção, afirmam Pieta e Gomes (2014), 
sobre a pesquisa realizada por Finn e Barak (2010) nos Estados Unidos. A maioria justificou a 
conduta dizendo que a terapia online tratava de questões sociais e interpessoais, mas de casos 
de violência doméstica, abuso de substâncias, estupro ou risco de suicídio. A falta de consenso 
entre obrigações éticas e técnicas indica a necessidade de treinamento especializado para a 
prática da terapia online, para pieta e Gomes (2014). 
ainda que necessite de ajustes quanto a sua execução a psicoteria online tem sido praticada há 
mais de um década em outros países, manifestando resultados promissores. Diversas pesquisas 
tem apresentado resultados positivos quanto à efetividade do tratamento. No Brasil essa 
prática se mostra ainda mais promissora devido ao extenso território nacional e ao volume de 
filas de espera par atendimento psicoterápico, permitindo ampliar o acesso a esse serviços e 
ao conhecimento sobre saúde mental de toda a população. 
Pieta e Gomes (2014, p27) sugerem por fim que concentremos os esforços para a regulamentação 
e o desenvolvimento dessa prática, questionando sempre “que tipo de paciente pode beneficiar-
se da terapia online e qual forma de tratamento pode oferecer melhores resultados”, e quais 
as condições básicas para essa prática favoreça e beneficie o paciente. Para os autores esse 
processo poderia ocorrer a partir da prática profissional e da implementação dessa modalidade 
em programas de rede pública. 
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Síntese
Nos anos 2000, as páginas passaram a ser constantemente atualizadas, com conteúdos atrativos 
e dinâmicos. Se antes eram lugares para se visitar, no século XXI se tornaram plataformas de 
interação, nas quais cada um pode não só consumir como produzir conteúdos.
Nessa era de conexão e mobilidade, na qual os espaços deixam de ser lugares geográficos 
e se tornam espaços flexíveis, conectados, os dispositivos permitem consumo e produção de 
imagens, sons, informações.
ao mesmo tempo que possibilidades de acesso e produção de conteúdos se amplia, se ampliam 
também as práticas que violam direitos e produzem sofrimento. o Cyberbullying, o abuso sexual 
e a discriminação são apenas algumas das práticas que constituem o cotidiano das sociedades 
atuais e se colocam como desafios para os quais o psicólogo precisa estar preparado para 
efetuar de promoção de saúde e bem-estar.
as Tecnologias de Informação e Comunicação tem proporcionado ainda transformações 
significativas na própria prática de atendimento e prestação de serviços do profissionalde 
psicologia. Em 2018 o CFp promulga a Resolução No 11/2018 que autoriza as “consultas e/
ou atendimentos psicológicos de diferentes pos de maneira síncrona ou assíncrona”, entendendo 
como “consulta e/ou atendimentos psicológicos o conjunto sistemáco de procedimentos, por meio 
da ulização de métodos e técnicas psicológicas do qual se presta um serviço nas diferentes 
áreas de atuação da psicologia”. Este atendimento pode ter como objetivo a avaliação, a 
orientação e/ou uma intervenção, seja em processos individuais ou grupais. Essa resolução 
atualiza e transforma a prática do(a) Psicólogo(a), que passa a se deparar com novos desafios 
éticos e técnicos.
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Temas Contemporâneos em Psicologia
Laureate International Universities
BoCK, ana Maria B. et al.. Mídia e psicologia: produção de subjetividade e coletividade. 
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Fonte: https://site.cfp.org.br/documentos/confira-o-novo-codigo-de-etica-profissional-do-psi-
cologo/
	Disciplina TEMAS CONTEMPORÂNEOS EM PSICOLOGIA
	4.1 Tecnologias de informação e comunicação e produção de subjetividade
	4.1.1 Quais as transformações produzidas pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) no mundo contemporâneo?
	4.1.2 Qual a relação entre a Subjetividade e as Tecnologias de Informaçãoe Comunicação?
	4.1.3 A prática do psicólogo diante das relações sociais mediadas por Tecnologias de Informação e Comunicação.
	4.2 Enfrentamentos nas Plataformas de redes sociais: bullying, violência sexual e discriminação
	4.2.1 Bullying, violência sexual e discriminação: definições e índices atuais
	4.2.2 O que é violência sexual?
	4.3 Violência sexual nas redes sociais – diferenças entre assédio e abuso sexual
	4.3.1 O que é discriminação?
	4.3.2 Discriminação nas redes sociais
	4.3.3 Humaniza Redes – O que é?
	4.4 Consequências e efeitos das situações de bullying, violência sexual e discriminação entre crianças, jovens e adultos nas redes sociais
	4.5 A prática do psicólogo no enfrentamento das situações de bullying, violência sexual e discriminação nas redes sociais
	4.5.1 Princípios fundamentais
	4.6 O psicólogo e o uso de tecnologia de informação e comunicação: terapias online
	4.6.1 O que são terapias on line?
	4.6.2 Perspectivas e efeitos das psicoterapias on-line.
	4.7 Desafios éticos do psicólogo diante das tecnologias de informação e comunicação: psicoterapia online

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