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75
SAÚDE E DOENÇA E A CRÍTICA AO 
“MODELO BIOMÉDICO”
Objetivos
• Compreender a historicidade da formulação dos conceitos de saúde e 
doença. 
• Verificar como uma concepção específica de doença tornou-se predomi-
nante na Medicina e repercutiu nas análises sociais. 
• Compreender as bases da crítica ao “modelo biomédico”. 
Conteúdos
• A Medicina anatomoclínica. 
• A fundamentação e a crítica do “modelo biomédico”. 
Orientações para o estudo da unidade
Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:
1) Não se limite ao conteúdo deste material. Procure ler os materiais com-
plementares descritos no Conteúdo Digital Integrador e textos relaciona-
dos em bases de dados científicas. 
2) Reflita sobre a relação entre os conteúdos das unidades anteriores e o 
atual. Pense nos diálogos possíveis entre os autores abordados e procure 
elencar quais são suas ideias principais e como interpretá-las à luz de sua 
realidade social. 
3) Não deixe de tirar dúvidas com seu tutor e dialogar com seus colegas no 
Fórum. Procure posicionar-se a respeito das questões colocadas, levando 
em conta suas leituras e sua experiência pessoal.
UNIDADE 3
76 © SOCIOLOGIA APLICADA À SAÚDE
UNIDADE 3 – SAÚDE, DOENÇA E A CRÍTICA AO "MODELO BIOMÉDICO"
77© SOCIOLOGIA APLICADA À SAÚDE
UNIDADE 3 – SAÚDE, DOENÇA E A CRÍTICA AO "MODELO BIOMÉDICO"
1. INTRODUÇÃO 
Vamos avançar nas discussões partindo do que aprende-
mos até aqui! 
Na unidade anterior, com base nas contribuições de Michel 
Foucault, vimos como o saber médico, em aliança com o Estado, 
foi responsável por políticas coletivas que visavam à “otimiza-
ção” do corpo populacional e individual em sociedades urbaniza-
das e industriais. Tais políticas não funcionavam tendo em vista a 
noção de direito à saúde a ser democratizada. Muitas vezes, pau-
tavam-se por critérios de classe e raça, constituindo, como vimos 
no caso inglês, cordões sanitários que mais serviam para reforçar 
as desigualdades sociais. Tais políticas eram pautadas por estra-
tégias pouco democráticas em suas acepções e resultados. 
Nesta unidade, discutiremos os aspectos sociais e históri-
cos da saúde e da doença, não mais centrados na problemática 
da coletividade. Trataremos de fomentar uma discussão sobre 
as formas históricas de se conceber a “doença” que fundamen-
taram o que se denomina, contemporaneamente, de “modelo 
biomédico”. Em seguida, veremos como uma noção estritamen-
te biológica da doença passou a ser criticada por concepções que 
partem da subjetividade e da inserção sociocultural dos pacien-
tes, não os reduzindo a um “corpo doente”. 
Vamos começar?
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA
O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão 
78 © SOCIOLOGIA APLICADA À SAÚDE
UNIDADE 3 – SAÚDE, DOENÇA E A CRÍTICA AO "MODELO BIOMÉDICO"
integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú-
do Digital Integrador. 
2.1. O NORMAL E O PATOLÓGICO
Abordamos na unidade anterior a questão da influência de 
fenômenos históricos e culturais na esfera da Medicina. Vimos, 
por outro lado, como o saber médico interveio na forma de con-
figuração do social, imbricado com a valorização da vida como 
uma tecnologia de poder própria da modernidade (biopoder).
Levando em conta os conceitos de normal e patológico 
como centrais a esse saber, podemos nos perguntar: o conceito 
de doença é acessível objetivamente? Ou ele também se relacio-
na com a história e a cultura? De que maneira a concepção de 
normal e patológico não só remete a descrições objetivas, mas 
implica também efeitos sociais e subjetivos? 
Richard Miskolci (2003) demonstra que a concepção de 
normal, na forma em que se difundiu modernamente, tem ori-
gem histórica. Está associada à formação de uma sociedade bur-
guesa, por sua vez calcada nos mecanismos disciplinares abor-
dados na unidade anterior. Esse autor cita o sociólogo Auguste 
Comte como importante na conceituação de normal que se di-
fundiu no século 19: 
[...] é na década de 1820 que Comte (1791-1857) dá à palavra 
sua primeira conotação médica. Exprimia, assim, sua esperança 
de que as leis relativas ao estado normal e do organismo seriam 
conhecidas e seria possível estudar a patologia comparada. O 
uso do termo normal como o conhecemos surge da intersecção 
do conhecimento sociológico e do médico. Ambos estavam im-
buídos do mesmo interesse de medir, classificar e disciplinar os 
79© SOCIOLOGIA APLICADA À SAÚDE
UNIDADE 3 – SAÚDE, DOENÇA E A CRÍTICA AO "MODELO BIOMÉDICO"
indivíduos de forma a que estes se conformassem à normalida-
de [...] (MISKOLCI, 2003, p. 110).
Georges Canguilhem (2002) analisa como o normal e o pa-
tológico foram alvos de teorização desde o século 19, abordando, 
especialmente, as definições de Broussais e Comte. Canguilhem 
compreende que as definições se caracterizavam pela ambigui-
dade em definir o normal ora como média, medido quantitati-
vamente, e ora como ideal, sendo, portanto, qualitativo. O que 
o filósofo francês explora é que ambos partem de pressupostos 
arbitrários em sua definição. Na visão do autor, normal e patoló-
gico são termos normativos e relacionais e, portanto, historica-
mente constituídos.
Para além de uma questão conceitual, a definição de nor-
mal e patológico parte de mudanças na própria linguagem e na 
experiência médica, levando em conta que a visibilidade e a for-
ma de abordar a saúde e a doença variam historicamente. 
Articulado à constituição da moderna Medicina social, 
Foucault aborda o surgimento da Medicina anatomoclínica. Em 
O nascimento da clínica (2008), elabora o surgimento histórico 
de uma perspectiva da doença localizada não mais em represen-
tações calcadas em modelos abstratos, mas inferida no próprio 
corpo humano. Trata-se da passagem de um espaço taxonômico 
para um espaço corpóreo:
[...] o objetivo do livro é dar conta da ruptura arqueológica en-
tre a medicina clássica dos séculos XVII e XVIII e a medicina mo-
derna a partir de Bichat e Broussais como uma mutação, uma 
mudança de estrutura, uma reorganização formal e profunda 
que acarretará a emergência tanto de um novo tipo de olhar e 
de um novo tipo de linguagem quanto de uma nova articulação 
entre eles. O resultado dessa mutação, cuja ambição do livro é 
estabelecer as condições de possibilidade, é a anátomo-clínica 
moderna considerada como conhecimento singular do indiví-
80 © SOCIOLOGIA APLICADA À SAÚDE
UNIDADE 3 – SAÚDE, DOENÇA E A CRÍTICA AO "MODELO BIOMÉDICO"
duo doente, primeiro tipo de conhecimento racional, científico 
sobre o indivíduo, primeiro conhecimento objetivo sobre o su-
jeito [...] (MACHADO, 2005, p. 53).
A passagem da Medicina clássica à Medicina moderna 
pode ser compreendida nas citações a seguir:
[...] a medicina clássica é uma medicina classificatória, uma 
medicina das espécies patológicas, que, seguindo modelo da 
história natural, em relação às plantas e aos animais, estabele-
ce identidades e diferenças entre as doenças, organizando um 
quadro em termos de classes, ordens e espécies [...] (MACHA-
DO, 2005, p. 16). 
[...] O Nascimento da Clínica estuda a passagem de um espaço 
ideal, superficial, de representação, de configuração da doença, 
a um espaço real, profundo, objetivo, sólido, corpóreo, de loca-
lização da doença que se deu no conhecimento médico entre 
o final do século XVIII e o início do XIX [...] (MACHADO, 2005, 
p. 55). 
A reorganização da Medicina baseada na experiência da 
clínica foi constituída com a exploração empírica anatômica. Bi-
chat é tido como um dos precursores da prática de estudo dos 
cadáveres. A partir de então, o acesso à morte é concebido como 
capaz de esclarecer os fenômenos orgânicos e suas perturbações 
(MACHADO, 2005, p. 56). Em outras palavras, a morte torna 
possível o conhecimento da vida e da doença, dos fenômenos 
orgânicos:
[...] A anátomo-clínica se constitui precisamente a partir da re-
lação que se estabelece entre os métodos da clínica eda ana-
tomia patológica, dois procedimentos analíticos ou dois olhares 
de superfície: a clínica, que se propõe a ler os sintomas patoló-
gicos, e a anatomia patológica, que estuda as alterações dos te-
cidos. A anátomo-clínica, tal como se delineia nesse momento, 
se propõe a relacionar essas entidades heterogêneas: sintomas 
81© SOCIOLOGIA APLICADA À SAÚDE
UNIDADE 3 – SAÚDE, DOENÇA E A CRÍTICA AO "MODELO BIOMÉDICO"
e tecidos. Isso se realiza pela aplicação do “princípio diacríti-
co”, que postula que só existe fato patológico comparado. E 
isto significa o imperativo de estabelecer uma relação entre os 
sintomas e as lesões tissulares, ligação entre duas superfícies 
de níveis diferentes que institui uma terceira dimensão, e, con-
sequentemente, um volume. A anátomo-clínica é mais do que 
uma análise sintomática ou uma análise tissular. Estabelecendo 
um caminho entre as dimensões heterogêneas dos sintomas e 
dos tecidos, cria um novo espaço de percepção médica: o corpo 
doente [...] (MACHADO, 2006, p. 98).
Trata-se da mudança do conceito de doença, na qual o 
“Ser”, ou a essência da doença, deixa de existir, abrindo espaço 
para o corpo doente. A Medicina anatomoclínica, analisada por 
Michel Foucault, acabou por estabelecer uma perspectiva da do-
ença localizada no corpo humano. Trata-se de uma nova episte-
me que configurou a forma de acessar o patológico:
[...] desde o surgimento da racionalidade médica moderna, 
vem se consolidando o projeto de situar o saber e a prática mé-
dica no interior do modelo das ciências naturais. Com isso, a 
medicina faz sua opção pela naturalização de seu objeto através 
do processo de objetivação, ou seja, o de fazer surgir a objetivi-
dade da doença, com a exclusão da subjetividade e a constru-
ção de generalidades [...] (GUEDES; NOGUEIRA; CAMARGO JR., 
2006, p. 1095).
Com as leituras propostas no Tópico 3. 1., você vai apri-
morar seus conhecimentos sobre as concepções históricas e 
sociais do normal e do patológico. Antes de prosseguir para 
o próximo assunto, realize as leituras indicadas, procurando 
assimilar o conteúdo estudado.
82 © SOCIOLOGIA APLICADA À SAÚDE
UNIDADE 3 – SAÚDE, DOENÇA E A CRÍTICA AO "MODELO BIOMÉDICO"
2.2. A NOÇÃO HISTÓRICA DE PATOLOGIA SOCIAL
Conceber a patologia como estritamente objetiva e que se 
observa no corpo humano foi algo que se sedimentou durante 
o século 19, com implicações sociais. Na unidade anterior, dis-
cutimos a importância das instituições, sujeitos e saberes mé-
dicos na organização social, em especial com a constituição do 
que Michel Foucault denominou de biopoder. O respaldo que as 
ciências biológicas e, em especial, a Medicina obtinham na so-
ciedade garantia a elas um prestígio de não apenas interpretar a 
sociedade, mas também intervir nela. 
A Sociologia nascente no século 19 surgiu com interpreta-
ções da sociedade calcada em uma metáfora entre corpo social 
e organismo. As categorias de normal e patológico passaram a 
ser elementos-chave na interpretação social. Como na Medicina 
anatomoclínica, sociólogos buscavam reconhecer objetivamen-
te na sociedade a doença para então extirpá-la. Muitas vezes, 
aquilo que se distinguia das convenções sociais era considerado 
patológico em análises marcadas pelo objetivo de profilaxia, ou 
seja, de tornar a sociedade sadia. Trata-se de um momento de 
transformação social, no qual a norma de saúde se sobrepôs ao 
ideal religioso de salvação.
Sobre esse assunto, observe o trecho a seguir.
[...] até o fim do século XVIII [...] a medicina referiu-se mais à 
saúde que à normalidade. Ela apontava para as qualidades de 
vigor, flexibilidade e fluidez que a doença faria perder e que se 
deveria restaurar. A prática médica pré-Revolução Industrial 
destacava o regime, a dietética, enfim, toda uma regra de vida 
e de alimentação que o indivíduo impunha a si mesmo. Já a 
medicina do século XIX se apoiava na análise de um funciona-
mento regular, normal, para detectar onde o indivíduo teria se 
desviado [...] (COELHO; FILHO, 1999, p. 22).
83© SOCIOLOGIA APLICADA À SAÚDE
UNIDADE 3 – SAÚDE, DOENÇA E A CRÍTICA AO "MODELO BIOMÉDICO"
Trata-se da constituição de uma sociedade caracterizada 
pelo exame perpétuo que visava garantir a normalização social, 
o que, por sua vez, só se materializou no encontro entre tecnolo-
gias disciplinares e biopoder (FOUCAULT, 1999). Buscando a saú-
de do corpo populacional, ou combater suas patologias, muitos 
dos primeiros analistas sociais recuperaram todo um repertório 
das ciências naturais para a compreensão da sociedade. Deno-
mina-se de darwinistas-sociais aqueles que: 
foram os principais responsáveis pela naturalização do que foi 
social e historicamente criado e por criar uma classificação que 
unificava todos os tipos de desvio sob um termo tão genérico 
quanto assustador: degeneração [...] (MISKOLCI, 2005, p. 17).
O termo degeneração era amplamente difundido e aceito 
no século 19, consistindo em “um rótulo que carregava consi-
go o fardo de uma condição congênita, portanto sem a menor 
possibilidade de cura e diante da qual nenhum esforço humano 
valeria a pena” (MISKOLCI, 2005, p. 18). 
A degeneração era normalmente a forma de compreensão 
de indivíduos que não se adequavam às normas sociais, como, 
por exemplo: prostitutas, alcoólatras, homossexuais etc. Em ou-
tros termos, o normal passava a ser sinônimo de homem/mu-
lher, branco, burguês e heterossexual. O degenerado, desviante 
da normalidade, era compreendido como possuidor de anoma-
lias de fundo hereditário e sem cura.
A degeneração era um conceito que se difundia sem muito 
rigor científico e utilizado de forma a compreender uma suposta 
face oculta da modernidade: os riscos dos descaminhos morais 
da sociedade (BORGES, 2005). 
O “cruzamento racial” era uma das grandes preocupações 
dos pensadores sociais europeus. Sob o paradigma darwinista-
84 © SOCIOLOGIA APLICADA À SAÚDE
UNIDADE 3 – SAÚDE, DOENÇA E A CRÍTICA AO "MODELO BIOMÉDICO"
-social, compreendiam as diferenças observadas entre as dis-
tintas culturas humanas como diferenças raciais. Esse conheci-
mento produzido na Europa considerava a raça “branca” como 
superior às demais e teorizava o encontro entre as “raças” como 
potencialmente degenerativo.
Não se tratou apenas de desenvolvimento na esfera das 
ideias, o pensamento darwinista-social desembocou na eugenia, 
originalmente: 
um termo cunhado por Francis Galton em 1883 para abarcar 
o conjunto de estudos e práticas voltadas para o controle da 
hereditariedade humana visando a preservação de grupos “ra-
ciais” considerados superiores e a contenção da reprodução 
dos grupos e indivíduos que representassem uma ameaça, 
sobretudo as “raças inferiores”, os portadores de deficiências 
físicas, doentes mentais e desviantes em geral [...] (MISKOLCI, 
2005, p. 18).
Respondendo à suposta ameaça de degeneração interna 
e externa aos Estados-Nações que se formavam, o saber eugê-
nico, disseminado em várias partes do mundo por meio de asso-
ciações, embasou práticas, diferentes em cada contexto, como 
esterilização, segregação e, no limite, a câmara letal. O fim da 
Segunda Guerra Mundial e da experiência nazista representou 
um ponto de viragem, uma inflexão a partir dos horrores que 
resultaram das práticas embasadas nesse olhar respaldado por 
um saber biologicista do social. 
A Sociologia em seu projeto inicial estava muito atrelada a 
essa forma de pensar a sociedade. Muito embora, no século 19, 
Èmile Durkheim (1999), um dos seus clássicos, já tinha um olhar 
crítico a ela e propunha uma nova forma de abordar o social. 
Sua obra ainda continuou marcada por explicações baseadas no 
binômio normalidade/patologia e por metáforas biológicas na 
85© SOCIOLOGIA APLICADA À SAÚDE
UNIDADE 3 – SAÚDE, DOENÇA E A CRÍTICA AO "MODELO BIOMÉDICO"
explicação do social, como, por exemplo, a ideia da sociedade 
comparada a uma totalidade orgânica. No entanto, seu méto-
do sociológico pressupunha explicar o social pelo social e, neste 
sentido, distanciou-sede leituras darwinistas sociais, para uma 
abordagem que compreendesse como a organização das so-
ciedades se explica, antes de tudo, por seus arranjos sociais ou 
morais.
Tal concepção foi fundamental para o desenvolvimento na 
Antropologia dos conceitos de relativismo cultural e etnocentris-
mo. O primeiro atenta para a diversidade cultural como um as-
pecto básico ao se pensar as sociedades humanas. E o segundo 
para uma crítica à perspectiva de julgar as diversas sociedades 
com base nos nossos valores culturais e morais. Compreender a 
diversidade cultural é compreender que não há uma forma única 
e necessária de organização social. Nesse sentido, julgar algo nas 
sociedades como normal, patológico, degeneração se revela não 
mais do que preconceito. 
Mas as mudanças sociais que questionaram as bases do 
normal e patológico presentes no discurso darwinista-social não 
impactaram somente as ciências humanas e sociais, mas tam-
bém a própria Medicina. Conceberam-se novas formas de pen-
sar a saúde e a doença, mais articuladas com suas dimensões 
sociais. Tal mudança estava ao encontro de uma nova interpre-
tação do binômio saúde-doença, levando em conta a indissocia-
bilidade entre aspectos biológicos, físicos e sociais. Tratava-se de 
uma nova abordagem crítica ao que se concebeu como modelo 
biomédico.
86 © SOCIOLOGIA APLICADA À SAÚDE
UNIDADE 3 – SAÚDE, DOENÇA E A CRÍTICA AO "MODELO BIOMÉDICO"
2.3. A CRÍTICA AO MODELO BIOMÉDICO
Com o desenrolar do século 20, a expectativa de vida au-
mentou consideravelmente. Podem ser elencados como fatores 
fundamentais para tal: o saneamento básico, a melhoria da nu-
trição, a criação de sistema de esgotos e higiene, a redução das 
taxas de mortalidade natal e infantil, a melhora na alimentação, 
a melhora nas condições de habitação e a invenção das vacinas 
e antibióticos.
Não obstante, a extensão da vida nem sempre se deu em 
condições plenas de saúde. Uma das evidências de tal afirmação 
é a proliferação de doenças crônicas no mundo contemporâneo. 
Em sua origem moderna, a Medicina veiculou um discurso de 
regeneração da sociedade em sua face social, ao mesmo tempo 
em que ganhou prestígio com suas descobertas empíricas. A fé 
na Medicina como panaceia era algo recorrente na virada para o 
século 20, mas encontrou certos limites no decorrer dele. 
Anthony Giddens (2005) desenvolve tal argumento, mos-
trando sua relação com uma crítica que se estabeleceu em re-
lação ao modelo biomédico. De acordo com o sociólogo: “o mo-
delo biomédico de saúde define doença em termos objetivos e 
acredita que o corpo saudável pode ser restabelecido por meio 
de um tratamento médico cientificamente fundado” (GIDDENS, 
2005, p. 129).
Para uma definição mais aprofundada, destaca três ele-
mentos centrais em sua caracterização:
1) em primeiro lugar, a doença é vista como um colapso 
no interior do corpo humano que diverge de seu modo 
de ser “normal”. A teoria do germe da doença, de-
senvolvida no final do século XIX, sustenta que há um 
87© SOCIOLOGIA APLICADA À SAÚDE
UNIDADE 3 – SAÚDE, DOENÇA E A CRÍTICA AO "MODELO BIOMÉDICO"
agente específico identificável em cada doença. A fim 
de restabelecer a saúde do corpo, a causa da doença 
precisa ser isolada e tratada (GIDDENS, 2005, p. 138).
2) em segundo lugar, a mente e o corpo podem ser trata-
dos separadamente. O paciente representa um corpo 
doente – uma patologia – mais do que um todo indi-
vidual. Há ênfase maior na cura da doença do que no 
bem-estar do indivíduo. O modelo biomédico sustenta 
que o corpo do doente pode ser manipulado, investi-
gado e tratado isoladamente, sem considerar outros 
fatores. Os médicos especialistas adotam um olhar 
médico, uma abordagem discriminada ao examinar e 
tratar o paciente doente. O tratamento deve ser rea-
lizado de um modo neutro, livre de valorações, com 
informação coletada e compilada, em termos clínicos, 
dentro de um arquivo oficial do paciente (GIDDENS, 
2005, p. 139).
3) em terceiro lugar, os médicos especialistas treinados 
são considerados os únicos especialistas no tratamen-
to da doença. A profissão médica, enquanto corpora-
ção, adere a um reconhecido código de ética e é cons-
tituída por indivíduos credenciados, que completaram 
com sucesso um longo treinamento. Não há lugar para 
curandeiros autodidatas ou para práticas médicas 
“não-científicas”. O hospital representa um ambiente 
apropriado onde doenças graves são tratadas: esses 
tratamentos muitas vezes contam com a combinação 
entre tecnologia, medicação ou cirurgia (GIDDENS, 
2005, p. 139).
88 © SOCIOLOGIA APLICADA À SAÚDE
UNIDADE 3 – SAÚDE, DOENÇA E A CRÍTICA AO "MODELO BIOMÉDICO"
Podemos perceber como tal concepção, embora ainda 
presente, deriva do olhar médico historicamente analisado por 
Michel Foucault (1979) da Medicina anatomoclínica. A ideia de 
um patológico objetivamente identificado no corpo doente e um 
pressuposto neutro na abordagem médica passou a ser criticada 
com base nas seguintes suposições:
1) A doença não é simplesmente um colapso do corpo 
humano causado por um agente biológico específi-
co. A definição da doença passa por uma construção 
social, não algo que simplesmente pode ser revelado 
através da “verdade científica”. 
2) O paciente não deve ser visto como um “corpo doen-
te”, mas como um ser ativo, “integral”, cujo bem-estar 
geral – não só saúde física – é importante.
3) Os médicos e especialistas não são a única fonte de 
conhecimento sobre saúde e doença. Existem formas 
alternativas de conhecimento, igualmente válidas.
4) A cura não precisa localizar-se em um hospital e os tra-
tamentos utilizando tecnologia, medicação e cirurgia 
não são necessariamente superiores (GIDDENS, 2005, 
p. 139-140).
O modelo biomédico acaba por separar e hierarquizar a es-
fera do diagnóstico médico e o da terapêutica. Guedes, Nogueira 
e Camargo (2006) exploram como tal modelo deparou-se, nas úl-
timas décadas, com a problemática dos pacientes cujo diagnósti-
co não é aferido, comumente denominados de “somatizadores”, 
que, por sua vez, trazem a questão da subjetividade no que se 
refere ao adoecimento:
[...] Verificou-se, então, uma verdadeira cisão entre teoria e 
práticas médicas, que termina por fragmentar também o pa-
89© SOCIOLOGIA APLICADA À SAÚDE
UNIDADE 3 – SAÚDE, DOENÇA E A CRÍTICA AO "MODELO BIOMÉDICO"
ciente (sintomas objetivos x sintomas subjetivos). Na maioria 
das vezes, os sintomas subjetivos não são levados em conta, ou 
mesmo, não se sabe como "dar conta" deles.
Assim, entendemos que a subjetividade do adoecimento, isto 
é, a complexidade e a singularidade do sofrimento humano, e 
mais ainda, a sua dimensão fenomenológica, experiencial, nun-
ca chegou a ser objeto das ciências biomédicas, uma vez que 
o modelo da medicina ocidental é herdeiro da racionalidade 
científica moderna [...] (GUEDES; NOGUEIRA; CAMARGO, 2006, 
p. 1095). 
Em outros termos, os autores estão questionando o prima-
do do biológico na perspectiva do modelo biomédico, enquanto 
os aspectos psicossociais são, muitas vezes, deixados de lado. 
Mesmo que discursivamente apareçam como nortes da Medici-
na, ainda há predomínio da divisão entre “objetividade” versus 
subjetividade, na qual a segunda, expressa no sofrimento do pa-
ciente, é muitas vezes desprezada.
O questionamento do modelo biomédico vem sendo leva-
do a cabo há muitas décadas, sendo tema de conferências e mes-
mo resoluções internacionais que se pautam cada vez mais em 
um modelo de saúde calcado em suas relações com os aspectos 
biopsicossociais imbricados. Supera-se assim a visão da saúde 
e da doença como puros determinantes biológicos. Concebe-se 
como o direito à saúde é indissociável a outros direitos sociais. 
Além disso, salienta-se como de igual importância “os cuidados 
primários de saúde, incluindo os serviços de promoção, preven-
ção, cura e reabilitação” (JUNGES, 2009, p. 287).
As leituras indicadas no Tópico 3. 2. tratam do tema do 
“modelo biomédico”. Neste momento, você deve realizar es-
sasleituras para aprofundar o tema abordado.
90 © SOCIOLOGIA APLICADA À SAÚDE
UNIDADE 3 – SAÚDE, DOENÇA E A CRÍTICA AO "MODELO BIOMÉDICO"
Vídeo complementar –––––––––––––––––––––––––––––––
Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar. 
• Para assistir ao vídeo, pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula, 
localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso 
(Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). 
Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no Botão “Vídeos” e selecione: 
Sociologia Aplicada à Saúde – Vídeos Complementares – Complementar 3. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR
O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição 
necessária e indispensável para você compreender integralmen-
te os conteúdos apresentados nesta unidade.
3.1. O NORMAL E O PATOLÓGICO
Os artigos indicados a seguir versam sobre as concepções 
históricas e sociais do normal e do patológico. No primeiro tex-
to, revisitando as contribuições de Canguilhem, ressalta-se como 
esse intelectual se debruçou sobre os saberes médicos e refletiu 
sobre seus pressupostos. Os dois outros textos sociológicos ver-
sam sobre as concepções de normalidade e desvio social e suas 
implicações discursivas e práticas. 
• COELHO, M. T.; FILHO, N. Normal-Patológico, saúde-do-
ença: revisitando Canguilhem. Physis: Revista de Saúde 
Coletiva, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 13-36, 1999. Dispo-
nível em: <http://www.scielo.br/pdf/physis/v9n1/02.
pdf>. Acesso em: 12 set. 2014.
91© SOCIOLOGIA APLICADA À SAÚDE
UNIDADE 3 – SAÚDE, DOENÇA E A CRÍTICA AO "MODELO BIOMÉDICO"
• MISKOLCI, R. Reflexões sobre normalidade e desvio so-
cial. Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 7, n. 13-14, p. 
109-126, 2003. Disponível em: <http://seer.fclar.unesp.
br/estudos/article/view/169/167>. Acesso em: 12 set. 
2014. 
• ______. Do desvio às diferenças. Revista Teoria & Pes-
quisa. Dossiê Normalidade, Desvio, Diferenças. São Car-
los: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, 
p. 9-42, 2005. Disponível em: <http://www.teoriaepes-
quisa.ufscar.br/index.php/tp/article/viewFile/43/36>. 
Acesso em: 12 set. 2014.
3.2. O MODELO BIOMÉDICO
Os textos seguintes versam sobre o tema do “modelo bio-
médico”, perpassando as críticas a certa concepção e abordagem 
da doença, as fundamentações teóricas anteriores que deram 
origem à crítica e a emergência de medicinas alternativas ao mo-
delo que fazem parte do cenário contemporâneo mais diverso 
das práticas e dos saberes médicos.
• GAUDENZI, P.; ORTEGA, F. O estatuto da medicalização e 
as interpretações de Ivan Illich e Michel Foucault como 
ferramentas conceituais para o estatuto da desmedi-
calização. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, 
Botucatu, v. 16, n. 30, jan./mar. 2012. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/icse/2012nahead/aop2112.
pdf>. Acesso em: 12 set. 2014. 
• GUEDES, C. R.; NOGUEIRA, M. I.; CAMARGO JR., K. R. A 
subjetividade como anomalia: contribuições epistemo-
lógicas para a crítica do modelo biomédico. Ciência & 
92 © SOCIOLOGIA APLICADA À SAÚDE
UNIDADE 3 – SAÚDE, DOENÇA E A CRÍTICA AO "MODELO BIOMÉDICO"
Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 11, n. 4, p. 1093-1103, 
2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/
v11n4/32345.pdf>. Acesso em: 12 set. 2014. 
• LUZ, M. T. Cultura contemporânea e medicinas alterna-
tivas: novos paradigmas em saúde no fim do século XX. 
Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, 
supl., p. 145-176, 2005. Disponível em: <http://www.
scielo.br/pdf/physis/v15s0/v15s0a08.pdf>. Acesso em: 
12 set. 2014.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para 
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em 
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-
dos estudados para sanar as suas dúvidas. 
1) O conceito de saúde e de doença:
a) tem sua definição perpassada por concepções históricas e sociais.
b) é estritamente objetivo e foi conquistado à custa de desenvolvimento 
tecnológico e científico.
c) desenvolvido na área das ciências biológicas, não impactou as ciências 
sociais emergentes.
d) versa objetivamente sobre aspectos da cura individual, e, portanto, 
não guarda relações com aspectos culturais valorativos.
2) É característica da Medicina anatomoclínica analisada por Michel Foucault:
a) Pautar as classificações a priori de doenças a partir de um quadro de 
classes, ordens e espécies patológicas, seguindo o exemplo da história 
natural.
b) Sua fundamentação articulada no diagnóstico clínico e na exploração 
anatômica, constituindo uma concepção da doença objetivamente 
delimitada. 
93© SOCIOLOGIA APLICADA À SAÚDE
UNIDADE 3 – SAÚDE, DOENÇA E A CRÍTICA AO "MODELO BIOMÉDICO"
c) Evitar a abordagem anatômica de cadáveres para a compreensão de 
processos patológicos. 
d) Levar em conta os aspectos biopsicossociais da doença.
3) A ideia de patologia social não se relaciona com:
a) O poder de verdade que a Medicina (junto com as ciências biológicas) 
alcançou com seu prestígio entre o fim do século 19 e o começo do 20. 
b) Preconceitos e valores morais de uma sociedade em dada época.
c) Perspectivas que levam em conta a diversidade cultural e são críticas 
ao etnocentrismo.
d) Processos sociais de normalização, vinculados ao biopoder e ao regime 
disciplinar. 
e) Uma concepção objetivista de doença que, a despeito de lidar com 
normas arbitrárias, assenta-se na ideia de neutralidade.
4) O “modelo biomédico” não pode ser definido como:
a) Aquele que se pauta na definição estrita de doença como colapso no 
interior do corpo humano que diverge de seu modo de ser “normal”.
b) Aquele no qual os diagnósticos e procedimentos se baseiam no corpo 
do paciente, isolado de outros aspectos de sua vida. 
c) Aquele que vê no hospital, na tecnologia médica e na medicamentali-
zação as principais esferas de ação da Medicina. 
d) Aquele que considera o tratamento como neutro, livre de valorações e 
aspectos subjetivos.
e) Caracterizado por considerar o paciente sujeito integral e não compar-
timentar os aspectos biopsicossociais envolvidos na doença. 
5) As críticas ao “modelo biomédico” comumente defendem:
a) A necessidade de ser mais objetivo na definição da doença, evitando 
dar voz à subjetividade “confusa” do doente. 
b) Respaldar a superioridade dos médicos diante dos outros profissionais 
da saúde, visto que são os únicos capazes de definição do diagnóstico 
e independem de um trabalho interdisciplinar. 
c) A necessidade da especialização médica cada vez mais acentuada para 
a definição mais precisa da doença. 
d) A definição da doença como algo mais abrangente do que um aspecto 
biológico e o tratamento do paciente como ser integral.
94 © SOCIOLOGIA APLICADA À SAÚDE
UNIDADE 3 – SAÚDE, DOENÇA E A CRÍTICA AO "MODELO BIOMÉDICO"
Gabarito 
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas 
propostas:
1) a.
2) b. 
3) c.
4) e. 
5) d.
5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da terceira unidade, na qual discutimos 
os aspectos sociais e históricos da definição do patológico e do 
normal, ou, em termos mais ampliados, da saúde e da doença. 
Partimos da consolidação de uma concepção objetiva e biológi-
ca da doença, por meio da consolidação da anatomoclínica, per-
passamos a influência das concepções biológicas nas nascentes 
ciências sociais e concluímos com a consolidação e a crítica ao 
“modelo biomédico”. 
Veja agora o Conteúdo Digital Integrador que é funda-
mental para o domínio do conteúdo aqui trabalhado. Trata-se 
de textos que recuperam as temáticas, comparam com outras e 
abordam de forma aprofundada os temas, o que é importante 
no estudo universitário.
95© SOCIOLOGIA APLICADA À SAÚDE
UNIDADE 3 – SAÚDE, DOENÇA E A CRÍTICA AO "MODELO BIOMÉDICO"
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORGES, D. “Inchado, feio, preguiçosoe inerte”: a degeneração no pensamento social 
brasileiro, 1880-1940. Tradução de Richard Miskolci. Revista Teoria & Pesquisa. Dossiê 
Normalidade, Desvio, Diferenças. São Carlos: Programa de Pós-Graduação em Ciências 
Sociais/Departamento de Ciências Sociais, p. 43-70, 2005. 
CANGUILHEM, G. O normal e o patológico. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 
2002.
COELHO, M. T.; FILHO, N. Normal-Patológico, saúde-doença: revisitando Canguilhem. 
Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 13-36, 1999. 
DURKHEIM, È. As regras do método sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
FOUCAULT, M. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
______. O nascimento da clínica. Tradução de Roberto Machado. 6. ed. Rio de Janeiro: 
Forense Universitária, 2008. 
GIDDENS, A. Sociologia do corpo: saúde, doença e envelhecimento. In: ______. 
Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.
GUEDES, C. R.; NOGUEIRA, M. I.; CAMARGO JR., K. R. A subjetividade como anomalia: 
contribuições epistemológicas para a crítica do modelo biomédico. Ciência & Saúde 
Coletiva, Rio de Janeiro, v. 11, n. 4, p. 1093-1103, 2006. 
JUNGES, J. R. Direito à saúde, biopoder e bioética. Interface – Comunicação, Saúde, 
Educação, v. 13, n. 29, p. 285-295, abr./jun. 2009.
MACHADO, R. Foucault, a ciência e o saber. 3. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar ed., 2006. 
______. Foucault, a filosofia e a literatura. 3. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar ed., 2005. 
MISKOLCI, R. Reflexões sobre normalidade e desvio social. Estudos de Sociologia, 
Araraquara, v. 7, n. 13-14, p. 109-126, 2003.
______. Do desvio às diferenças. Revista Teoria & Pesquisa. Dossiê Normalidade, 
Desvio, Diferenças. São Carlos: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, p. 
9-42, 2005.

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