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33 5ºAula Acessibilidade à escola e ao currículo. Adequações curriculares e tecnologia asssitiva O direito de ir e vir é garantido a todas as pessoas desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos e encontra-se consagrado em nossa Constituição Federal. Por outro lado, o direito de comunicar-se é condição essencial para qualquer ser humano que vive em sociedade e, portanto, básico para o exercício de sua cidadania e garantia de sua dignidade (RAMOS; FÁVERO, 2002, p.33). Veremos a seguir a legislação que garante esse direito de ir e vir e toda a questão voltada à facilitação e assertividade da comunicação no âmbito da educação inclusiva, assim como metodologia e currículos adequados a essa realidade. Boa aula! Fonte: <http://3.bp.blogspot.com>. Educação Especial e Escola Inclusiva 34 Objetivos de aprendizagem 1 − Acessibilidade à escola 2 − Adequações curriculares 3 − Tecnologia assitiva Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • compreender o termo acessibilidade e sua aplicabilidade; • identificar as adequações curriculares; • conhecer as tecnologias assistivas. Seções de estudo 1 − Acessibilidade à escola <http://ed.metodista.org.br/arquivo/32/luca.jpg>. Estudaremos a seguir alguns pontos do Decreto nº 5.296/04 que regulamenta as leis nº 10.048/00 e nº 10.098/00, o qual estabelece normas e critérios para a promoção da acessibilidade às pessoas com defi ciência ou com mobilidade reduzida. O termo “acessibilidade” representa ao usuário o direito de acessar a rede de informações, e também o direito de eliminação de barreiras arquitetônicas, de disponibilidade de comunicação, de acesso físico, de equipamentos e programas adequados, de conteúdo e apresentação da informação em formatos alternativos. De acordo com o decreto nº 5.296/04, Art. 8º considera-se o termo acessibilidade: condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edifi cações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de defi ciência ou com mobilidade reduzida (LIRA. et al. 2012). Em seu Art. 5º dispõe que os órgãos da administração pública direta, indireta e fundacional, as empresas prestadoras de serviços públicos e as instituições financeiras deverão dispensar atendimento prioritário às pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. A seguir analisaremos o trecho do decreto que descreve o que vem a ser essa pessoa portadora de deficiência e o que seria mobilidade reduzida: § 1º Considera-se, para os efeitos deste Decreto: I - pessoa portadora de defi ciência, além daquelas previstas na Lei no 10.690, de 16 de junho de 2003, a que possui limitação ou incapacidade para o desempenho de atividade e se enquadra nas seguintes categorias: a) defi ciência física: alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando- se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam difi culdades para o desempenho de funções; b) defi ciência auditiva: perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz; c) defi ciência visual: cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que signifi ca acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores; d) defi ciência mental: funcionamento intelectual signifi cativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: 1. comunicação; 2. cuidado pessoal; 3. habilidades sociais; 4. utilização dos recursos da comunidade; 5. saúde e segurança; 6. habilidades acadêmicas; 7. lazer; e 8. trabalho; e) defi ciência múltipla - associação de duas ou mais defi ciências; e 35 § 1º II - pessoa com mobilidade reduzida, aquela que, não se enquadrando no conceito de pessoa portadora de deficiência, tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentar-se, permanente ou temporariamente, gerando redução efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção. § 2o O disposto no caput aplica-se, ainda, às pessoas com idade igual ou superior a sessenta anos, gestantes, lactantes e pessoas com criança de colo. § 3o O acesso prioritário às edificações e serviços das instituições financeiras deve seguir os preceitos estabelecidos neste Decreto e nas normas técnicas de acessibilidade da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, no que não conflitarem com a Lei no 7.102, de 20 de junho de 1983, observando, ainda, a Resolução do Conselho Monetário Nacional no 2.878, de 26 de julho de 2001. Esta é a classificação para o enquadre da lei para portadores de deficiência. Veremos a seguir o que diz o decreto preconiza a respeito da mobilidade reduzida e acesso prioritário. Por meio deste decreto surgiu o Programa Brasil Acessível que tem como objetivo estimular e apoiar os governos municipais e estaduais a desenvolver ações que garantam a acessibilidade para pessoas com restrição de mobilidade aos sistemas de transportes, equipamentos urbanos e a circulação em áreas públicas. Trata-se de incluir, no processo de construção das cidades, uma nova visão que considere o acesso universal ao espaço público (POSSA; SOARES, 2006). Curiosidade Confira maiores informações sobre o projeto no link: <http:// downloads.caixa.gov.br/_arquivos/assitencia_tecnica/ acessibilidade/cad-6.pdf>. Outras legislações reconhecem e garantem a acessibilidade, como é o caso do PDE (2007) Plano de Desenvolvimento da Educação, que coloca como eixos a acessibilidade arquitetônica dos prédios escolares, a implantação de salas de recursos multifuncionais e a formação docente para o atendimento educacional especializado. Vejam que a acessibilidade recai sobre outras questões tão importantes quanto às questões arquitetônicas, como é o caso das salas de recursos e a formação dos professores, pois com professores bem formados e tecnologias adequadas a acessibilidade a educação de qualidade se torna uma realidade possível. A Lei n. 10.436/02 é uma prova disso, pois reconhece a Língua Brasileira de Sinais como meio legal de comunicação e expressão, e determina a garantia de que as formas institucionalizadas apoiem seu uso e difusão, assim como determina a inclusão da disciplina de Libras no currículo nos cursos de formação de professores e de fonoaudiologia. Todas essas mudanças recaem tanto na estrutura física das escolas, dando acesso aos portadores de necessidades físicas quanto à disponibilização das salas de recursos e equipamentos necessários para as adequações para a integração e complementação das atividades regulares (STACONI, 2002). Analisaremos a seguir um trecho extraído da apostila elaborada no I Congresso Paulista de Direitos da Pessoa com Deficiência. O trecho refere- se às barreiras arquitetônicas e de comunicação Os autores Ramos e Fávero (2002, p.33) começam referindo-se ao direito de ir e vir mencionado na Declaração Universal dos Direitos Humanos e consagrado em nossa Constituição Federal. Vejamos o que eles relatam sobre as barreiras arquitetônicas e de comunicação: Com base em tais princípios, todas as medidas necessárias para a eliminação de barreiras arquitetônicas e de comunicação que impedema inclusão social das pessoas com deficiência, deveriam ser adotadas pelo Poder Público como forma de se promover o bem de todos, um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (art.3º, § IV, CF/88). Além disso, consta da nossa Constituição de 1988, que é obrigação do Estado a criação de programas e atendimento especializado para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos (art. 227, § 1º, inciso III). Consta ainda, no mesmo artigo, que a lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência (§ 2º). Observem a seguir que os autores irão comentar sobre as leis que estudamos anteriormente: Educação Especial e Escola Inclusiva 36 Nesse sentido, foram editadas as Leis nº 10.048/00 e nº 10.098/00. A primeira dá prioridade de atendimento às pessoas com difi culdades de locomoção. Já a Lei 10.098/00, estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de defi ciência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma dos edifícios (inclusive os privados destinados ao uso coletivo) e nos meios de transporte e de comunicação. Portanto, todos os prédios de acesso ao público devem observar, no momento da sua construção ou da reforma, as normas de acessibilidade. Quando aos edifícios de uso privado, a Lei 10.098/00 determina que sua construção deve atender a requisitos mínimos de acessibilidade, ali elencados (artigos 13/14). Os prédios da Administração Pública Federal (INSS, Receita Federal, entre outros) têm prazo para tanto até dezembro de 2002, nos termos do decreto 3.298/99. As agências bancárias, por sua vez, além de estarem sujei-as ao cumprimento dessa legislação, têm a obrigação de efetuar a reforma das agências antigas, no prazo de 720 dias, a partir da regulamentação desta Lei 10.098/00, nos termos da Portaria BaCen nº 2.878/00, que dispõe sobre normas de atendimento ao público e, obviamente, inclusive das pessoas com defi ciência. Outro ponto importante a ser percebido é o acesso, não só aos prédios de ensino regular de séries iniciais, mas também aos de ensino superior, pois quando falamos de inclusão nos referimos muito as séries inicias, contudo, a inclusão e a acessibilidade devem estar em todas as dimensões do ensino e sociedade. Desta forma, veremos o que os autores dizem sobre isso: A acessibilidade, tanto no tocante à eliminação de barreiras arquitetônicas, como das barreiras de comunicação das Universidades, é um dos requisitos que devem ser observados para fi ns de autorização e credenciamento das instituições de ensino superior, bem como para sua renovação, nos termos constantes da Portaria do Ministério da Educação nº 1.679/99. O cumprimento de tais direitos deve ser cobrado e eventuais denúncias podem ser encaminhados aos Ministérios Públicos, Para Refl etir Queridos(as) alunos(as)! Agora que vocês estão de posse das leis que determinam a acessibilidade, refl itam sobre essa realidade em sua região: como você percebe tudo isso que acabamos de estudar? 2 − Adequações curriculares O MEC/SEF/SEESP (1998) propõe adaptações curriculares para a educação especial visando a promover a aprendizagem e o desenvolvimento dos alunos com necessidades educacionais especiais. Para isso refere-se à elaboração do projeto pedagógico e a execução de práticas inclusivas no sistema escolar. Baseiam-se nos seguintes aspectos: • atitude favorável da escola para diversifi car e fl exibilizar o processo de ensino-aprendizagem, de modo a atender às diferenças individuais dos alunos; • identifi cação das necessidades educacionais especiais para justifi car a priorização de recursos e meios favoráveis à sua educação; • adoção de currículos abertos e propostas curriculares diversifi cadas, em lugar de uma concepção uniforme e homogeneizadora de currículos; • fl exibilidade quanto à organização e ao funcionamento da escola para atender à demanda diversifi cada dos alunos; • possibilidade de incluir professores especializados, serviços de apoio e outros não convencionais, para favorecer o processo educacional. Disponível em: <http://www.bancodeescola.com/verbete5.htm>. Conceito Por apoio, entende-se: recursos e estratégias que promovem o interesse e as capacidades das pessoas, bem como oportunidades de acesso a bens e serviços, informações e relações no ambiente em que vivem. Tende a favorecer a autonomia, a produtividade, a integração e a funcionalidade no ambiente escolar e comunitário (MEC/SEF/SEESP, 1998). Estadual, caso refi ra-se a espaços e prédios públicos de responsabilidade do Estado ou do Município e espaços privados, ao Federal, quanto a espaços e prédios públicos de responsabilidade da Administração Pública Federal. 37 O apoio é classificado em intermitente, dado em momentos de crise ou situações especificas de aprendizagem; limitado, quando há reforço pedagógico para determinado conteúdo e tempo; extensivo, que diz respeito à sala de recursos ou de apoio pedagógico, ou seja, tipos de atendimento complementar para a classe regular, realizados por professores especializados e pervasivo, em que há alta intensidade e longa duração para alunos com deficiências múltiplas ou agravantes com equipes multidisciplinares. Nesse sentido, o acesso ao currículo refere-se a recursos de adaptações do espaço físico, materiais, mobiliário, equipamentos e sistemas de comunicação alternativos (SÁ, 2012). Vejamos os tipos de adaptações propostas: Organizativas Agrupamento de alunos, conteúdos e objetivos de interesse do aluno ou diversifi cados, disposição do mobiliário, de materiais didáticos e tempos fl exíveis. Objetivos e Conteúdos Priorizam áreas e conteúdos de acordo com critérios de funcionalidade; ênfase nas capacidades, habilidades básicas de atenção, participação e adaptabilidade dos alunos; sequência gradativa de conteúdos, do mais simples para o mais complexo; previsão de reforço de aprendizagem como apoio complementar. Avaliativas Seleção de técnicas e instrumentos de acordo com as necessidades educacionais especiais dos alunos. Fonte: (SÁ, 2012) <http://www.bancodeescola.com/ verbete5.htm>. A análise de diversas pesquisas brasileiras identifi ca tendências que evitam considerar a educação especial como um subsistema à parte e reforçam o seu caráter interativo na educação geral. Sua ação transversal permeia todos os níveis - educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e educação superior, bem como as demais modalidades- educação de jovens e adultos e educação profi ssional (MEC/SEF/SEESP 1998, p. 21). Conceito Para entender os conteúdos do “material especial” ou do “material adaptado”, é primeiramente necessário elucidar os conteúdos curriculares. Existe uma diferença da abordagem inclusiva comparada à abordagem tradicional (integrativa) esta está em seu conceito de adequação curricular em oposição ao de adaptação curricular. As adaptações curriculares criadas há mais de 30 anos retiram do currículo conteúdos que na verdade necessitariam ser alterados em razão de especifi cidades e necessidades especiais de alunos com defi ciência. Dessa forma, surgiram as adaptações curriculares, separadamente, para alunos cegos, surdos e com defi ciência intelectual ou física. Essa prática originaram dois currículos: o “normal” e o “adaptado”. De outra forma, a adequação curricular — criado da proposta inclusivista — trata-se da elaboração de um único currículoadequado a todos os alunos, com e sem defi ciência. Consiste em um currículo fl exível que possibilita a adequação às especifi cidades e necessidades especiais de cada aluno (gênero, etnia, raça,idioma/dialeto, cultura, condição socioeconômica, orientação sexual, faixa etária, defi ciência etc.) (SASSAKI, 2012). Saber Mais Não deixem de ler o artigo “A educação especial no Brasil - da exclusão à inclusão escolar” de Maria Teresa Eglér Mantoan. Segundo Franco (2012), é possível falarmos de adaptações de acessibilidade ao currículo que está relacionado às metodologias e barreiras arquitetônicas para que o aluno possa ter autonomia no processo de ensino e aprendizado, incluindo transição de textos para Braille, apoio de intérpretes de LIBRAS, uso de comunicação alternativa com alunos com paralisia cerebral ou dificuldades de expressão oral e recursos pedagógicos adaptados para deficientes visuais etc. Todo esse processo deve ser realizado de forma flexível, para que essas adequações e adaptações venham atender de maneira efetiva o desenvolvimento e aprendizagem dos alunos de maneira geral. O caminho para essa realidade deve objetivar a identificação dessas “necessidades” e requer que o sistema educacional foque na organização para construir uma escola real para todos, e que dê conta dessas especificidades (FRANCO, 2012). 3 − Tecnologia assitiva Quando o ambiente apresenta barreiras econômicas, físicas e sensoriais que impedem os alunos terem autonomia de ir até à sala de aula ou de fazer a leitura de um texto, vivencia-se a exclusão social. Neste momento, é necessário que haja uma infraestrutura adequada, mantendo o cuidado com Educação Especial e Escola Inclusiva 38 tudo que está entorno. Como já dizemos, com a estrutura física da escola e, principalmente, aos recursos metodológicos e serviços de tecnologia assistiva, para assim estarem prontos a acolhê- los num ambiente seguro, preparado e atento às diferenças (MELLO, 2010). Então queridos alunos, será que as leis são sufi cientes? O que você pensa sobre elas? Como está a situação da educação inclusiva em sua região? O corpo defi ciente é insufi ciente para uma sociedade que demanda dele o uso intensivo que leva ao desgaste físico, resultado do trabalho subserviente; ou para a construção de uma corporeidade que objetiva meramente o controle e a correção, em função de uma estética corporal hegemônica, com interesses econômicos, cuja matéria-prima/corpo é comparável a qualquer mercadoria que gera lucro. A estrutura funcional da sociedade demanda pessoas fortes, que tenham um corpo “saudável”, que sejam efi cientes para competir no mercado de trabalho. O corpo fora de ordem, a sensibilidade dos fracos, é um obstáculo para a produção. Os considerados fortes sentem-se ameaçados pela lembrança da fragilidade, factível, conquanto se é humano (SILVA, 2006, p. 426). Conceito Tecnologia Assistiva é um termo utilizado para identifi car uma gama de recursos (equipamentos) e serviços (estratégias) que possibilitam ampliar as habilidades funcionais de pessoas com defi ciência e promover a autonomia e inclusão (SATORETTO; BERSCH, 2011). Que recursos seriam estes? Que tipo de equipamentos ou estratégias poderiam proporcionar a autonomia e possibilitar o desenvolvimento e aprendizado das pessoas com necessidades especiais? Antes de respondermos, é preciso entender que a tecnologia assistiva se apresenta como uma resolução de problemas funcionais, na perspectiva de desenvolvimento das potencialidades humanas, habilidades, autonomia, com valorização de desejos e qualidade de vida (SATORETTO; BERSCH, 2011). Para tais realizações, Rocha (2006) cita estratégias simples e acessíveis como: a professora que busca a resolução de problemas funcionais, no dia a dia da escola, mesmo sem sabê-lo produz tecnologia assistiva. Por exemplo, ao engrossar o lápis para facilitar a apreensão e a escrita ou ao fixar a folha de papel com uma fita adesiva para possibilitar que não deslize com a movimentação involuntária do aluno com deficiência. Ou ainda, ao projetar um assento e um encosto de cadeira que garanta a estabilidade da postura corporal e favoreça o uso funcional das mãos. Desta forma a professora utiliza-se de estratégias e soluções aparentemente simples a partir do reconhecimento de um universo particular, mas que faz toda a diferença no contexto de aprendizado desse aluno. Confira a seguir as razões da mudança: Você Sabia O Comitê de Ajudas Técnicas (CAT), através da Portaria nº 142, de 16 de novembro de 2006, estabeleceu a substituição da expressão ajudas técnicas pela de tecnologia assistiva, por considerá-la a mais apropriada [...] por ser uma expressão bastante específi ca ao conceito ao qual representa, diferentemente das expressões “Ajudas Técnicas” e “Tecnologia de Apoio”, que são mais genéricas e também utilizadas para referirem-se a outros conceitos e realidades diferentes (CAT, 2007). É possível observar os recursos de tecnologia assistiva no nosso dia a dia. Por vezes são providos de alta tecnologia ou podem passar, até despercebidos. Por exemplo, uma bengala, utilizada para proporcionar conforto e segurança aos idosos ao caminhar ou ainda um aparelho de auditivo ou mesmo um veículo adaptado para uma pessoa com deficiência física. Desta forma, a tecnologia assistiva é vista como recursos, equipamentos que promovam o desempenho adequado de alguma atividade (MANZINI, 2012). Para Lauand (2005), a tecnologia assistiva tem como objetivo uma gama de recursos destinados a dar suporte, computadorizado, mecânico, eletrônico e elétrico entre outros, para pessoas com quaisquer que sejam as necessidades especiais ou deficiências. Podendo ser estas as mais várias possíveis como: uma órtese uma prótese, entre outras de adaptações nas mais variadas áreas de necessidade pessoal (elementos 39 arquitetônicos comunicação, educação, lazer, alimentação, trabalho, transporte, esporte e outras). No quadro a seguir, apresentaremos as 10 categorias de recursos, equipamentos e serviços em tecnologia assistiva descritos pelo Sistema Nacional de Classificação para Recursos e Serviços de Tecnologia Assistiva dos Estados Unidos (2000). Veremos então a classificação e seus respectivos exemplos de recursos: Quadro 1 – Classificação dos recursos e serviços de Tecnologia Assistiva Fonte: Manzini, 2012, p. 83. No contexto escolar, é possível adaptarmos um recurso pedagógico utilizando de baixa tecnologia, basta disponibilizar aquele jogo ou brinquedo para todos os alunos igualmente, ao mesmo espaço e tempo. Contudo, para que haja uma boa adequação, é necessário considerar as características cognitivas, emocionais, motoras e sociais da criança. Assim como estarem atentos às exigências psicológicas, pedagógicas e físicas apresentadas pelo meio (ARAÚJO & MANZINI, 2001, p. 6-8): A confecção de recursos para o ensino, desde a pré-escola até a alfabetização, deve ocorrer após uma análise cuidadosa das condições motoras, cognitivas e educacionais de alunos com paralisia cerebral. Após essa avaliação, é possível relacionar as características desses alunos com um possível designe do recurso pedagógico. Curiosidade Diante desta realidade os autores lançam um desafi o: como, então, realizar a adaptação de um recurso pedagógico? Os autores Manzini & Santos (2002), elaboraram sete passos que nos orientam para essa adequação: 1 - Entender a situação que envolve o estudante Escutar seus desejos; identifi car características físicas/psicomotoras; observar a dinâmica do estudante no ambiente escolar; reconhecer o contexto social 2 - Gerar idéias Conversar com usuários (estudante/ família/colegas); buscar soluções existentes (família/catálogo); pesquisar materiais que podem ser utilizados; pesquisar alternativas para confecção do objeto. 3 - Escolher a alternativa viável Considerar as necessidades a serem atendidas (questõesdo educador/ aluno); considerar a disponibilidade de recursos materiais para a construção do objeto - materiais, processo para confecção, custos. 4 - Representar a idéia (por meio de desenhos, modelos, ilustrações) Defi nir materiais; defi nir as dimensões do objeto – formas, medidas, peso, textura, cor etc. 5 - Construir o objeto para experimentação Experimentar na situação real do uso 6 - Avaliar o uso do objeto Considerar se atendeu o desejo da pessoa no contexto determinado; verifi car se o objeto facilitou a ação do aluno e do educador. 7 - Acompanhar o uso Verifi car se as condições mudam com o passar do tempo. Classifi cação Exemplos 1. Elementos Arquitetônicos Barras para apoio em paredes, vasos sanitários, fechaduras; torneiras, rampas, elevadores, pisos etc. 2. Elementos sensoriais Recursos ópticos, auditivos, sistemas de comunicação alternativa ou suplementar, aparelho de amplifi cação etc. 3. Computadores Hardware e software. 4. Controles ambientais Acionadores para cortinas, acionadores para diminuir ou aumentar luminosidade, acionadores para TV e som etc. 5. Vida independente Adaptações para alimentação, vestuário adaptado, dispositivos para auxiliar na higiene pessoal. 6. Mobilidade Carros adaptados, carrinhos especiais, andadores, bengalas, muletas, cadeiras de rodas etc. 7. Próteses e órteses Abdutor de joelhos, perna mecânica etc. 8. Recreação/Lazer/ Esporte Brinquedos, equipamentos para recreação e lazer, pesca etc. 9. Mobiliário modifi cado Mesas, cadeiras, camas etc. 10. Serviços de Tecnologia Assistiva Fonte: Manzini & Santos (2002). Retomando a aula É de suma importância relembrar ao fi nal da nossa quinta aula, os conceitos de acessibilidade, adequação curricular e tecnologias assitivas, amplamente discutidas no decorrer da aula. Educação Especial e Escola Inclusiva 40 1 − Acessibilidade à escola É importante salientar que a acessibilidade não contempla somente as questões físicas, como estruturas de prédios, salas e ambiente em geral, mas refere-se também à acessibilidade de atitudes e comportamentos frente à deficiência. 2 − Adequações curriculares Quanto aos currículos e suas adaptações é preciso ter muito cuidado, pois, como vimos anteriormente existe uma diferença entre adequação curricular e adaptação curricular. É importante considerar que a adequação curricular — criada da proposta inclusivista, persiste na elaboração de um único currículo adequado a todos os alunos, com e sem deficiência e apresenta- se mais flexível, pois possibilita a adequação às especificidades e necessidades especiais de cada aluno (gênero, etnia, raça,idioma/dialeto, cultura, condição socioeconômica, orientação sexual, faixa etária, deficiência etc.) (SASSAKI, 2012). 3 − Tecnologia assitiva Quando o ambiente apresenta barreiras econômicas, físicas e sensoriais que o impedem os alunos terem autonomia de ir até a sala de aula, ou de fazer a leitura de um texto, vivencia-se a exclusão social. Neste momento, é necessário que haja infraestrutura adequada com a deficiência, mantendo o cuidado com tudo que está entorno. BARROS, S. Os recursos computacionais e suas possibilidades de aplicação no ensino segundo as abordagens de ensino- aprendizagem. Disponível em: <http://homes.dcc. ufba.br/~frieda/mat061/as.htm>. Acesso em: 2010. • <http://www.acessibilidade.org.br/>. •<http://www.assistiva.com.br/tassistiva.html>. • <http://www.assistiva.com.br/>. Vale a pena Vale a pena ler Vale a pena acessar Vale a pena assistir • Amy – uma vida pelas crianças: conta a história de uma mulher que deixa tudo para se tornar professora em escola para crianças deficientes. Ela entra para um mundo sem som e se dedica a ensinar crianças a falar. Elas por sua vez, a ensinam a amar. Na escola onde Amy leciona estudam crianças surdas, cegas e surdo-cegas.
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