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Políticas Públicas para Educação de Surdos

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4ºAula
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, vocês serão capazes de:
• entender o que é uma política pública e qual sua atuação na área educacional;
• conhecer os primeiros documentos que dispuseram sobre a educação de surdos, dentro de uma concepção de Educação 
Especial;
• identificar as propostas educacionais implementadas pela Política Nacional, para o atendimento ao aluno surdo.
Políticas Públicas e propostas 
educacionais: garantias de acesso e 
qualidade de educação à comunidade 
surda
Olá!
Na aula anterior, conhecemos as principais propostas 
educacionais, para escolarização de alunos surdos, ao 
longo dos tempos. Tais propostas basearam-se nas 
concepções de surdez que evidenciavam a deficiência, 
a falha que “necessitava voltar ao normal”. Como a 
“normalidade” nunca foi alcançada pelos surdos, por 
muito tempo permaneceram isolados e marginalizados, 
principalmente pela família.
Porém, fundamentados em uma nova filosofia 
educacional, no reconhecimento da língua de sinais e 
as novas concepções sobre o sujeito surdo, a Política 
Nacional de Educação Especial implementa as práticas 
pedagógicas, nos espaços escolares, na perspectiva da 
inclusão escolar.
Veremos como as políticas são fomentadas e 
quais as verdadeiras garantias para os alunos surdos 
brasileiros.
Boa leitura! 
Boa aula!
26Libras - Língua Brasileira de Sinais
Seções de estudo
1 – Políticas Públicas Educacionais
2 – Educação de Surdos na Educação Especial: primeiros 
passos
3 – Propostas Educacionais
1 – Políticas públicas educacionais
Considera-se importante iniciar essa discussão salientando 
que as pesquisas no campo das políticas públicas tem se 
mostrado essenciais na atualidade, pois as Leis e Documentos 
oficiais são instrumentos de luta para efetivação dos direitos 
de cada cidadão. Além disso, os textos legais representam 
a política, apesar de não a serem de fato; eles devem ser 
entendidos como dimensão de um processo contínuo “cujo 
locus de poder está constantemente mudando” (SHIROMA 
et. al, 2005, p. 433).
A luta da comunidade surda cresce a cada dia, propondo 
discussões embasadas nas leituras e interpretações dos 
documentos legais e oficiais que dispõe da educação de 
surdos. Todos os argumentos, mesmo que a maioria da 
população não tenha conhecimento, são formulados a partir 
de todo o escopo legal que rege a nossa sociedade. Conforme 
Cury (2002, p.246):
O contorno legal indica os direitos, os 
deveres, as proibições, as possibilidades e os 
limites de atuação, enfi m: regras. Tudo isso 
possui enorme impacto no cotidiano das 
pessoas, mesmo que nem sempre elas estejam 
conscientes de todas as suas implicações e 
conseqüências.
Assim, apesar de ter claro que a análise de uma fonte 
legal é apenas um instrumento para interpretação, enfatiza-
se que há nesse processo de desvelamento algo que se torna 
essencial para as discussões sociais e da educação: a leitura das 
“linhas e entrelinhas”, que possibilitam melhor entendimento 
do movimento social.
Mas, o que é uma política pública?
Entende-se por política pública uma ação do Estado que 
se materializa através das administrações governamentais, ou 
seja, é o “Estado implantando um projeto de governo, através 
de programas, de ações voltadas para setores específicos 
da sociedade” (HOFLING, 2001, p. 31). Isto é, significa o 
“Estado em ação”. Uma das formas de ação do Estado é 
através da implantação de políticas sociais. Conforme Hofling 
(2001), as políticas sociais são:
[...] ações que determinam o padrão de 
proteção social implementado pelo Estado, 
voltadas, em princípio, para a redistribuição 
dos benefícios sociais visando a diminuição 
das desigualdades estruturais produzidas 
pelo desenvolvimento socioeconômico 
(HOFLING, 2001, p. 31).
Entre as políticas sociais, situa-se a política educacional. 
Garcia (2007, p. 132) salienta que “[...] pensar a política 
educacional implica pensar práticas sociais vividas por sujeitos 
concretos que representam forças sociais diferenciadas e em 
luta constante”. Além disso, a autora destaca que:
[...] as políticas educacionais se constituem 
em meio a processos cujos contornos são 
dados pelos discursos, pelas teorias, pelas 
ações e estratégias, pelos recursos fi nanceiros, 
pelos compromissos e interesses pessoais e 
institucionais, enfi m, por uma trama de relações 
e signifi cados que podem ser apreendidos, 
analisados e discutidos (GARCIA, 2007, p.133).
Dessa forma, a política educacional, como uma política 
pública de corte social, é um conjunto de intencionalidades.
A educação de pessoas surdas é pensada no bojo da 
discussão das políticas públicas educacionais, a partir das 
propostas feitas para a Educação Especial, ou seja, a surdez 
tem sido refletida no país através da implementação de políticas 
públicas em Educação Especial, que é uma modalidade de 
educação escolar, constituinte da política educacional. Nessa 
discussão, que envolve a educação de todas as pessoas com 
necessidades educacionais especiais, a proposta central para 
a educação do aluno surdo é que a mesma seja realizada no 
ensino regular, a partir dos princípios da educação inclusiva.
A proposta de educação inclusiva diz respeito a uma 
escola de qualidade para todos. Uma escola que não segregue, 
não rotule e não expulse seus alunos, mas assuma e atenda a 
diversidade de características de seu alunado. É, portanto, um 
processo de transformação da escola; um (re) fazer educacional 
que supõe reflexões aprofundadas sobre a formação de 
professores, a participação da comunidade escolar (alunos, 
professores, funcionários, família), os processos pedagógicos, 
as metodologias de ensino, enfim... refere-se à organização do 
espaço escolar de forma a atender todos e a todas as diferenças.
Especialmente, para atender o surdo, os pressupostos 
inclusivos orientam para que essa educação seja realizada 
a partir da perspectiva bilíngue de ensino, em que a Língua 
de Sinais seja entendida como primeira língua e a Língua 
Portuguesa como segunda Língua, na modalidade escrita. 
O objetivo da educação bilíngue é que a criança surda possa 
ter um desenvolvimento cognitivo-linguístico equivalente ao 
verificado na criança ouvinte. Assim, a Língua de Sinais, no 
ambiente escolar, deve ser valorizada. Mas, para se chegar a 
esse “cenário educacional bilíngue” várias conquistas legais 
aconteceram. É importante conhecê-las.
2 – Educação de surdos na educação 
especial: primeiros passos
A primeira Lei que indica a educação de todas as pessoas 
com deficiência no ensino regular é a Constituição Federal de 
1988, que salienta em seu artigo 208 que é dever do Estado 
a garantia de “atendimento educacional especializado aos 
portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de 
ensino”.
A partir da Constituição Federal e, considerando sua 
importância no país, muitas outras Leis e demais instrumentos 
legais passam a salientar a garantia de se educar a todas as 
pessoas, independente de quaisquer condições, na rede regular 
27
de ensino. É o caso, por exemplo, da Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional, Lei º 9.394/1996.
Com relação ao surdo, destaca-se um importante 
Documento internacional: a Declaração de Salamanca, que 
discute sobre “os princípios, a política e a prática em Educação 
Especial”, por ser o primeiro Documento que orienta para a 
utilização da linguagem de signos como meio de comunicação 
dos alunos surdos, ou seja, no caso do Brasil, a Língua Brasileira 
de Sinais – LIBRAS.
Faz-se necessário destacar que a partir do momento que 
se inicia a discussão sobre a inserção da LIBRAS no ambiente 
escolar, caminha-se para um novo entendimento sobre o aluno 
surdo, pois até então esse aluno era compreendido como um 
deficiente auditivo, que tem uma limitação, uma perda, um 
problema biológico e que, portanto, precisa de ajudar técnicas 
para aprender, como a amplificação sonora. Isto é, entendia-se 
que a educação precisava compensar a surdez de alguma forma, 
para que esse alunose aproximasse o máximo possível do 
padrão de “normalidade”. Isso era feito através da oralização.
Com a utilização da LIBRAS e reivindicações das pessoas 
surdas em todo o país por seus direitos, o próprio conceito 
de surdez se modifica. Esse aluno passa a ser visto como 
pertencente a uma minoria linguística, alguém que se forma 
e se constitui diferentemente do ouvinte, pela apreensão do 
mundo a partir de experiências visuais.
Duas Legislações mostram a mudança de entendimento 
sobre a surdez e, a partir disso, a proposta educacional se 
apresenta com novas perspectivas. Trata-se do Parecer nº 
17/2001 e a Resolução nº 2/2001, que instituem as Diretrizes 
Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica.
Nos dois Documentos o surdo é citado como “pessoa 
que apresenta dificuldades de comunicação e sinalização 
diferenciadas dos demais alunos”. Esse novo conceito retira esse 
aluno do grupo dos considerados deficientes pelo Documento, 
pois os deficientes ficam citados no primeiro grupo de alunos, 
os que tem dificuldades acentuadas de aprendizagem ou 
limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o 
acompanhamento das atividades curriculares.
A partir dessa perspectiva conceitual, os Documentos 
supracitados (Parecer nº 17/2001 e a Resolução nº 2/2001), 
orientam que a educação desse aluno seja realizada no 
ensino regular, a partir da utilização da LIBRAS. Para tanto, 
enfatizam que as escolas tenham serviços de apoio pedagógico 
especializado. No caso do aluno surdo, trata-se do professor 
intérprete. Conforme o Parecer nº 17/2001, a utilização de 
linguagens e códigos aplicáveis se apresenta como uma forma 
diferenciada de ensino que possibilita ao surdo o acesso ao 
currículo.
Segundo esse mesmo Documento, o professor 
intérprete é um profissional especializado para “apoiar 
alunos surdos, surdos-cegos e outros que apresentem sérios 
comprometimentos de comunicação e sinalização” (BRASIL, 
2001a, p. 23).
Uma outra possibilidade viável de atendimento ao aluno 
surdo indicada é a sala de recursos, que deve complementar ou 
suplementar o currículo, utilizando equipamentos e materiais 
específicos. Além disso, as salas de recursos também devem 
realizar uma avaliação pedagógica diferenciada, a partir do 
processo de ensino e aprendizagem e dar condições para 
reflexão, ação e elaboração teórica da educação inclusiva.
Para o professor que trabalhar em sala de recursos com 
alunos surdos, recomenda-se que além do curso de Letras e 
Linguística, haja uma complementação de estudos ou cursos de 
Pós-graduação sobre o ensino de línguas: Língua Portuguesa e 
Língua Brasileira de Sinais.
Outra questão que precisa ser evidenciada refere-se ao 
início desse atendimento. Conforme a Resolução nº 2/2001, 
que atende claramente às orientações da Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996), o início 
do atendimento escolar a qualquer aluno com necessidades 
especiais fica garantido desde a Educação Infantil, isto é, 
desde o início da escolarização desse aluno.
Enfim, as Leis e Documentos oficiais orientam que 
o aluno surdo esteja regularmente matriculado no ensino 
regular, com o acompanhamento de um professor intérprete 
e frequente a sala de recursos quando dela precisar, como por 
exemplo, para aprender a própria Língua de Sinais. Todavia, 
até então o Brasil não havia ainda oficializado a LIBRAS 
como a Língua de comunicação e mediação da aprendizagem 
do surdo. Isso acontece em 2002, com a promulgação da 
Lei nº 10.436/2002, que é regulamentada pelo Decreto nº 
5.626/2005. Esses dois Documentos oficiais modificam 
ainda mais a proposta educacional para o aluno surdo. Faz-se 
necessário conhecê-los de perto.
* Lei nº 10.436/2002:
• Reconhece a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS – como meio legal 
de comunicação e expressão dos surdos;
• Define a LIBRAS como um sistema de linguístico de natureza visual-
motora, estrutura gramatical própria, capaz de transmitir ideias e fatos;
• Orienta para que os sistemas de ensino estaduais, municipais e do 
Distrito Federal incluam nos cursos de formação de Educação Especial, 
Fanoaudiologia e Magistério, o ensino da LIBRAS;
• Salienta que a LIBRAS não substitui a modalidade escrita da Língua 
Portuguesa.
* Decreto nº 5.626/2005:
• Regulamenta a Lei nº 10.436/2002;
• Define pessoa surda como aquela que, por ter perda auditiva, 
compreende e interage com o mundo por meio de experiência visuais, 
manifestando sua cultura principalmente pelo uso da LIBRAS;
• Ressalta a inclusão da LIBRAS como disciplina escolar obrigatória, 
definindo os cursos de Magistério todos os cursos de Licenciatura, o 
curso Normal Superior, o curso de Pedagogia e o curso de Educação 
Especial. Para os outros cursos, a LIBRAS é indicada como disciplina 
optativa;
• Indica que a formação de docentes para o ensino da LIBRAS deve ser 
realizada em nível superior, e deve priorizar as pessoas surdas;
• Estabelece que o ensino da modalidade escrita da Língua Portuguesa, 
como segunda Língua para as pessoas surdas, deve ser incluído como 
disciplina curricular nos cursos de formação de professores para a 
Educação Infantil e os primeiros anos do Ensino Fundamental, bem 
como nos cursos de Licenciatura em Letras/Língua Portuguesa;
• Salienta que as instituições de ensino devem garantir às pessoas 
surdas, obrigatoriamente, acesso à comunicação, à informação e 
à educação nos processos seletivos, nas atividades e conteúdos 
curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades 
da educação, desde a Educação Infantil até o Ensino Superior;
28Libras - Língua Brasileira de Sinais
• Determina que as escolas devem ser providas de quatro profissionais 
distintos: professor de LIBRAS, tradutor e intérprete de LIBRAS – 
Língua Portuguesa, professor para o ensino da Língua Portuguesa 
como segunda Língua e professor regente com conhecimento acerca 
da singularidade linguística manifestada pelos alunos surdos;
• Garante o atendimento às necessidades educacionais dos surdos 
nas salas de aula e em salas de recursos, em turno contrário ao da 
escolarização;
• Enfatiza sobre a adoção de mecanismos de avaliação coerentes com 
o aprendizado de segunda Língua, na correção das provas escritas, 
valorizando o aspecto semântico;
• Dispõe que a modalidade oral da Língua Portuguesa deve ser 
oferecida em turno distinto ao da escolarização, apenas para os 
alunos ou pais que fizerem essa opção;
• Observa que os alunos têm direito ao atendimento educacional 
especializado para o desenvolvimento de complementação curricular, 
com utilização de equipamentos e tecnologias de informação;
• Orienta sobre a importância de proporcionar aos professores 
acesso à literatura e informações sobre a especificidade linguística do 
aluno surdo.
Enfim, como se pode observar, esses dois Documentos 
enfatizam, centralmente, a utilização da LIBRAS de forma 
efetiva no espaço escolar. Claro que não é apenas a utilização 
da LIBRAS que garantirá uma educação de qualidade ao 
aluno surdo, pois qualquer proposta de escolarização envolve 
muito mais do que a comunicação, como: metodologias de 
ensino específicas, avaliação coerente, professores preparados 
para trabalharem com a diversidade, comunidade escolar 
envolvida, família presente no cotidiano escolar, dentre 
outros aspectos. Todavia, o entendimento da LIBRAS como 
essencial no processo de inclusão e a garantia de sua utilização 
significaram mudanças essenciais no âmbito escolar.
Por fim, considera-se importante destacar a proposta 
governamental que tem se colocado no país na atualidade 
para todas as pessoas com necessidades especiais. Refere-se 
ao atendimento educacional especializado.
3 – Propostas educacionais
No ano de 2008, foi amplamente discutida no Brasil uma 
nova Política Nacional de Educação Especial. Essa proposta 
apresenta a inclusão como base norteadora do trabalho escolar 
e, nesse sentido, a Educação Especial passa a estar a serviço 
da inclusão, oferecendo serviços de atendimentoeducacional 
especializado. Essa mudança no cenário das políticas públicas 
influenciou também a educação do aluno surdo.
Em setembro de 2008 foi publicado o Decreto nº 6.571, 
que dispõe exatamente sobre o atendimento educacional 
especializado, definido pelo texto legal como o conjunto de 
atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados 
institucionalmente, prestado de forma complementar ou 
suplementar à formação dos alunos no ensino regular.
A partir de então o MEC se empenhou em produzir 
materiais para distribuir nas escolas, organizar cursos de 
capacitação, dentre outras ações, para socializar a proposta 
desse atendimento, conhecido como AEE (atendimento 
educacional especializado), visando que esse atendimento 
esteja disponível nas escolas a partir de 2010. O material 
produzido foi dividido por áreas, contendo nesse compêndio, 
um livro específico para a pessoa com surdez.
Conforme esse material, o AEE para os alunos com 
surdez numa proposta inclusiva, deve acontecer em três 
momentos didáticos específicos, que serão organizados em um 
período adicional às horas diárias de estudo:
1. Momento de atendimento educacional especializado 
em LIBRAS na escola comum, em que os conhecimentos 
produzidos na escola são explicados em LIBRAS por um 
professor, sendo o mesmo preferencialmente surdo. Este 
trabalho deve ser realizado diariamente.
2. Momento de atendimento educacional especializado para 
o ensino de LIBRAS na escola comum, em que os alunos com 
surdez terão aula de LIBRAS, favorecendo o conhecimento e a 
aquisição de termos científicos. Este trabalho deve ser realizado 
preferencialmente por um professor e/ou instrutor de LIBRAS e 
deve ser planejado de acordo com o diagnóstico do conhecimento 
que o aluno tem da LIBRAS.
3. Momento do atendimento educacional especializado 
para o ensino da Língua Portuguesa, em que são trabalhadas 
as especificidades dessa Língua para pessoas com surdez. Este 
trabalho deve ser realizado todos os dias, por um professor 
de Língua Portuguesa, planejado a partir do diagnóstico do 
conhecimento que o aluno tem da Língua Portuguesa.
O AEE deve, portanto, ser um trabalho de parceria 
entre o professor que ministra aulas de LIBRAS, professor da 
classe comum e professor de Língua Portuguesa. Os alunos, 
dessa forma, são observados por todos os profissionais que 
trabalham com ele, devendo ser focalizados os seguintes 
aspectos: sociabilidade, cognição, linguagem, afetividade, 
motricidade, aptidões, interesses, habilidades e talentos 
(Damazio, 2007, p. 39). 
Essa é, portanto, a proposta atual do MEC para promover 
a efetiva inclusão do aluno surdo no ensino regular. Considera-
se importante destacar, ainda, algumas ações que foram e/
ou tem sido operacionalizadas através da SEESP (Secretaria 
Nacional de Educação Especial) que tratam diretamente da 
questão da surdez. São elas:
• O Programa “Interiorizando LIBRAS”, que apoia o processo de 
formação continuada de professores, instrutores e intérpretes de 
LIBRAS para atuarem na educação dos surdos, visando garantir a sua 
singularidade linguística. 
• O Centro de Formação de profissionais de educação e de 
atendimento às pessoas com surdez (CAS), que tem por objetivo dar 
apoio educacional aos sistemas de ensino para atendimento aos 
alunos surdos, formar profissionais da educação e ofertar atendimento 
educacional especializado às pessoas com surdez. 
• O curso de graduação em Letras/LIBRAS, implementado pelo MEC na 
modalidade à distância, em parceria com a UFSC (Universidade Federal 
de Santa Catarina).
• A realização dos Exames de Proficiência em Libras e de Tradução 
e Interpretação em Libras/Língua Portuguesa (Prolibras), que se 
configura em um Programa de certificação nacional de duas categorias 
de profissionais: os usuários da LIBRAS interessados em ser docentes 
da LIBRAS nos cursos de formação de professores e de Fonoaudiologia 
e os tradutores e intérpretes da LIBRAS interessados em exercer essa 
função.
• O apoio ao Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), que 
29
é considerado pela SEESP como um centro de referência nacional 
na área da surdez por subsidiar a Política Nacional de Educação 
por meio da produção, do desenvolvimento e da divulgação de 
conhecimentos científicos e tecnológicos que promovam e assegurem 
o desenvolvimento da pessoa surda. Além disso, o INES desenvolve 
formação de profissionais, elabora documentos técnicos-científicos, 
promove Seminários e Fóruns permanentes e, ainda, presta assessoria 
técnica nas áreas de prevenção, audiologia, fonoaudiologia, orientação 
familiar e informática educativa. Em 2005, foi criado no INES o primeiro 
Curso de Educação Superior Bilíngue Libras/Português para os anos 
iniciais do Ensino Fundamental e Educação Infantil. O objetivo deste 
curso é formar educadores para atuar na educação bilíngue de alunos 
surdos.
Além dessas ações e Programas, a SEESP ainda destaca 
a distribuição de Dicionários Trilingues (LIBRAS/Língua 
Portuguesa/Inglês) e a distribuição de CD-Rom’s com a coleção 
de dez clássicos da Literatura em LIBRAS/Língua Portuguesa, 
para alunos surdos da Educação Infantil e primeiros anos do 
Ensino Fundamental.
Esses Programas e ações demonstram que existe uma 
iniciativa da SEESP em promover melhores condições de 
atendimento aos alunos surdos na rede regular de ensino. 
Entretanto, desafios ainda existem e tem se tornado cada vez 
mais prementes. Um deles refere-se à efetivação da proposta 
bilíngue de ensino. Sabe-se que nessa proposta deve se priorizar 
a Língua de Sinais no processo ensino aprendizagem e a 
partir dela direcionar o ensino da segunda Língua. Todavia, a 
operacionalização dessa prerrogativa no cotidiano escolar não 
se dá de forma tranquila, pois todos os “atores” da escola devem 
estar cientes do que essa proposta significa e contribuírem para 
que a efetivação da mesma, o que nem sempre acontece.
Outro desafio refere-se ao papel do professor intérprete. 
Acredita-se erroneamente que a presença do intérprete na 
rede regular de ensino resolverá todos os problemas que 
dizem respeito à escolarização do aluno surdo. Será que esse 
profissional garante o acesso ao currículo? E quanto à avaliação 
do processo ensino aprendizagem? E as relações entre ele, os 
professores e demais colegas que não dominam a Língua de 
Sinais? Parece preocupante acreditar que apenas a inserção desse 
profissional na escola garantirá qualidade no ensino ao surdo, 
sem considerar todos os outros aspectos administrativos e 
pedagógicos que envolvem qualquer processo de escolarização.
Segundo Lacerda (2006, p. 176):
[...] a presença do intérprete não é sufi ciente para 
uma inclusão satisfatória, sendo necessária uma 
série de outras providências para que este aluno 
possa ser atendido adequadamente: adequação 
curricular, aspectos didáticos e metodológicos, 
conhecimentos sobre a surdez e sobre a língua 
de sinais, entre outros.
Por fim, uma outra questão que se considera desafiadora 
é a organização do espaço escolar e das práticas pedagógicas 
para a inclusão do aluno surdo no ensino regular. Lacerda 
(2006, p. 177) aponta que o aluno surdo está inserido em 
um ambiente pensado e organizado para alunos ouvintes. 
Essa realidade precisa ser modificada para que esse aluno se 
sinta pertencente ao espaço escolar, pois o pertencimento é 
uma das características principais da proposta de educação 
inclusiva. Para além do acesso e da eliminação das barreiras 
de comunicação, faz-se central pensar na qualidade do ensino 
direcionado à esse aluno e na função/significado que a escola 
tem assumido para ele.
Além disso, é preciso destacar que o surdo precisa ser 
mais “ouvido” em suas necessidades e perspectivas; é essa 
proposta, dita inclusiva, que esse aluno acredita ser a melhor 
pra ele, diante de suas peculiaridades? Entende-se que os 
grupos de surdos em todo o país tem muito a dizer sobre seu 
próprio processo de escolarização. Esse passo é central para 
as discussões das políticaspúblicas brasileiras.
Nesse sentido, salienta-se que apesar das várias iniciativas 
governamentais na tentativa de viabilizar uma educação de 
fato inclusiva para o aluno surdo, iniciativas essas traduzidas 
em políticas públicas, entende-se que muitos caminhos ainda 
precisam ser percorridos para a efetivação/implementação de 
uma educação de qualidade para todos, incluindo as pessoas 
surdas.
Retomando a aula
1 – Políticas Públicas Educacionais
2 – Educação de Surdos na Educação Especial: primeiros 
passos
3 – Propostas Educacionais 
1 – Políticas Públicas Educacionais
Iniciamos os estudos desta aula, Políticas Públicas 
Educacionais, conceituando política pública e entendendo 
como se fazem políticas públicas educacionais. Situamos as 
discussões, relacionadas à surdez, no contexto das políticas 
educacionais: quais as concepções, os interesses de Estado e a 
perspectiva inclusiva, que também conceituamos.
2 – Educação de Surdos na Educação Especial: 
primeiros passos
Passamos, então, á análise dos documentos oficiais, 
em Educação de Surdos na Educação Especial: primeiros 
passos, para conhecer qual a definição de pessoa surda para 
quem dirigesse o atendimento. Seguimos com os principais 
marcos legais que implementaram a educação de surdos e suas 
disposições para o atendimento e formação de profissionais: 
Lei 10.436/2002 e Decreto 5626/2005.
3 – Propostas Educacionais
Enfim, com esta seção intitulada Propostas Educacionais, 
saber os caminhos percorridos até chegarmos às propostas 
mais atuais na escolarização de surdos, através da nova 
Política Educacional de Educação Especial na Perspectiva da 
Educação Inclusiva, divulgada pelo MEC em 2008.
30Libras - Língua Brasileira de Sinais
Política Educacional de Educação Especial na Perspectiva da 
Educação Inclusiva, 2008. Disponível em: http://portal.mec.
gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf
DAMÁZIO, M. F. M. Atendimento Educacional 
Especializado: pessoa com surdez. São Paulo: MEC/SEESP, 
2007. 52 p.
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA E LINHAS 
DE AÇÕES SOBRE NECESSIDADES EDUCATIVAS 
ESPECIAIS. Sobre princípios, políticas e práticas na área das 
necessidades educativas especiais, de 7 a 10 de junho de 1994. 
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/>. 
Acesso em: 26 abr. 2012.
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