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5ºAula Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, vocês serão capazes de: • conhecer as características principais da comunicação em LIBRAS; • entender os parâmetros ou regras gramaticais da LIBRAS; • saber como fazer a leitura de um livro sobre gramática da língua de sinais reconhecida no Brasil. Introdução à gramática da LIBRAS Olá! Nesta quinta aula faremos uma introdução aos aspectos gramaticais da LIBRAS. Suas características principais, bem como algumas curiosidades e mitos em relação à comunicação com pessoas surdas. Fiquem atentos às seções de estudo e, ao final, retomaremos nossa conversa! Boa leitura! Boa aula! L I B R A S 32Libras - Língua Brasileira de Sinais 1 – Características das línguas de sinais 2 – Aspectos gramaticais básicos: parâmetros do sinal 3 – O sistema de transcrição na LIBRAS 4 - Categorias gramaticais na LIBRAS 5 – Psicologia, sociedade e surdez: a visão terapêutica e o impacto do olhar deficiente sobre o sujeito surdo 6 – Pensamento de respeito à diferença construindo uma “nova subjetividade” 7 – Formação do sujeito surdo nos espaços escolares Nos últimos 20 anos, as pesquisas linguísticas e os movimentos de reivindicação dos surdos pelo direito de usar a língua de sinais trazem, como consequência, uma preocupação crescente dos educadores em aprender a língua de sinais e em propiciar condições para que os alunos também o façam. Hoje a língua de sinais é reconhecida no Brasil (Lei nº. 10.436, de 22 de abril de 2002/ Decreto nº. 5.626, de 22 de dezembro de 2005) e em todo o mundo como um sistema linguístico independente das línguas oral-auditivas. Utilizando-se de um canal visual-espacial, a língua de sinais comporta sistemas simbólicos visuais que dão sentido à comunicação e fortalecem os discursos surdos. Seções de estudo Mas que língua é esta que eu preciso olhar e não ouvir? Como conceber uma língua, que é gestual, dentro de princípios gramaticais semelhantes ao das línguas orais? Todos os professores precisarão dominar esta língua? Para elucidar as dúvidas iniciais, em relação às características das línguas de sinais, façam a leitura deste trecho do livro intitulado “Libras em Contexto” de autoria de Tanya A. Felipe, utilizado pelo MEC em cursos de formação em Libras: O Universal nas Línguas TANYA A. FELIPE Professora Titular da UPE Coordenadora do grupo de pesquisa da FENEIS Pesquisas sobre as línguas de sinais vêm mostrando que estas línguas são comparáveis em complexidade e expressividade a quaisquer línguas orais. Estas línguas expressam ideias sutis, complexas e abstratas. Os seus usuários podem discutir filosofia, literatura ou política, além de esportes, trabalho, moda e utilizá-la com função estética para fazer poesias, estórias, teatro e humor. Como toda língua, as línguas de sinais aumentam seus vocabulários com novos sinais introduzidos pelas comunidades surdas em resposta à mudanças culturais e tecnológicas. As línguas de sinais não são universais, cada língua de sinais tem sua própria estrutura gramatical. Assim, como as pessoas ouvintes em países diferentes falam diferentes línguas, também as pessoas surdas por toda parte do mundo, que estão inseridos em “Culturas Surdas”, possuem suas próprias línguas, existindo, portanto muitas línguas de sinais diferentes, como: Língua de Sinais Francesa, Chilena, Portuguesa, Americana, Argentina, Venezuelana, Peruana, Portuguesa, Inglesa, Italiana, Japonesa, Chinesa, Uruguaia, Russa, Urubus-Kaapor, citando apenas algumas. Estas línguas são diferentes uma das outras e independem das línguas orais-auditivas utilizadas nesses e em outros países, por exemplo: o Brasil e Portugal possuem a mesma língua oficial, o português, mas as línguas de sinais destes países são diferentes, o mesmo acontece com os Estados Unidos e a Inglaterra, entre outros. Também pode acontecer que uma mesma língua de sinais seja utilizada por dois países, como é o caso da língua de sinais americana que é usada pelos surdos dos Estados Unidos e do Canadá. Embora, surdos de países com línguas de sinais diferentes comunicam-se mais rapidamente uns com os outros, fato que não ocorre entre falantes de línguas orais, que necessitam de um tempo bem maior para um entendimento. Isso se deve à capacidade que as pessoas surdas têm em desenvolver e aproveitar gestos e pantomimas para a comunicação e estarem atentos as expressões faciais e corporais das pessoas. A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é a língua de sinais utilizada pelos surdos que vivem em cidades do Brasil onde existem comunidades surdas, mas além dela, há registros de uma outra língua de sinais que é utilizada pelos índios Urubus-Kaapor na Floresta Amazônica. A LIBRAS, como toda língua de sinais, é uma língua de modalidade gestual-visual porque utiliza, como canal ou meio de comunicação, movimentos gestuais e expressões faciais que são percebidos pela visão; portanto, diferencia da Língua Portuguesa, que é uma língua de modalidade oral-auditiva por utilizar, como canal ou meio de comunicação, sons articulados que são percebidos pelos ouvidos. Mas as diferenças não estão somente na utilização de canais diferentes, estão também nas estruturas gramaticais de cada língua. Embora com as diferenças peculiares a cada língua, todas as línguas possuem algumas semelhanças que a identificam como língua e não linguagem como, por exemplo, a linguagem das abelhas, dos golfinhos, dos macacos, enfim, a comunicação dos animais. Uma semelhança entre as línguas é que todas são estruturadas a partir de unidades mínimas que formam unidades mais complexas, ou seja, todas possuem os seguintes níveis linguísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático, o semântico e o pragmático. Atribui-se às línguas de sinais o status de língua porque elas, embora sendo de modalidade diferente, possuem também estas características em relação às diferenças regionais, sócio-culturais, entre outras, e em relação às suas estruturas que também são compostas pelos níveis descritos acima. Livro na íntegra disponível em: <http://www.librasemcontexto.org/>. Nos tempos antigos, acreditava-se que a LIBRAS era uma língua pobre por apresentar poucos sinais, que correspondiam às palavras. Isto é um mito acerca das línguas de sinais. Segundo Brito (1997, p.12): Pode acontecer o fato de que uma língua que não é usada em todos os setores da sociedade ou que é usada em uma cultura bem distinta 1 – Características das línguas de sinais 33 da que conhecemos não apresente vocábulos ou palavras para um determinado campo semântico, entretanto, isso não significa que esta língua seja pobre porque potencialmente ela tem todos os mecanismos para criar ou gerar palavras para qualquer conceito que vier a ser utilizado pela comunidade que a usa. Por exemplo, a LIBRAS não tinha um sinal para o conceito “linguística” até há poucos anos. À medida que os surdos foram se inteirando do que se faz em linguística, do que significa lingüística, houve a necessidade de gerar um sinal para esse conceito. interação do dia a dia e dos outros tipos de uso da língua. Muitas pessoas ainda acreditam em coisas que não são verdadeiras em relação ao sujeito surdo. Observamos, nos Mitos Desmistificação 1 – A língua de sinais seria uma mistura de pantomima e gesticulação concreta, incapaz de expressar conceitos abstratos Tal concepção está atrelada à ideia filosófica de que o mundo das ideias é abstrato e que o mundo dos gestos é concreto. O equívoco desta concepção é entender sinais como gestos. Na verdade, os sinais são palavras, apesar de não serem orais-auditivas. Os sinais das línguas de sinais podem expressar quaisquer ideias abstratas. Podemos falar sobre as emoções, os sentimentos, os conceitos em língua de sinais, assim como nas línguas faladas. 2 – Haveria uma única e universal língua de sinais usada por todas as pessoas surdas. Esta ideia está relacionada com o mito anterior. Se as línguas de sinais sãoComo as língua de sinais são consideradas gestuais, então elas são universais. Isto é uma falácia, pois as várias línguas de sinais que já foram estudadas são diferentes umas das outras. Assim como as línguas faladas, temos línguas de sinais que pertencem a troncos diferentes. Temos pelo menos dois troncos identificados, as línguas de origem francesa e as línguas de origem inglesa. 3 – Haveria uma falha na organização gramatical da língua de sinais que seria derivada das línguas de sinais, sendo um pidgin sem estrutura própria, subordinado e inferior às línguas orais. Assim como as línguas de sinais são consideradas gestuais, elas não poderiam apresentar a mesma complexidade das línguas faladas. Isso também não é verdadeiro, pois em primeiro lugar as línguas de sinais são línguas de fato. Em segundo lugar, as línguas de sinais independem das línguas faladas. Elas são autônomas e apresentam o mesmo estatuto linguístico identificado nas línguas faladas, ou seja, dispõem dos mesmos níveis linguísticos de análise e são tão complexas quanto às línguas faladas. 4 – A língua de sinais seria um sistema de comunicação superficial, com conteúdo restrito, sendo estética, expressiva e linguisticamente inferior ao sistema de comunicação oral. Como as línguas de sinais são tão complexas quanto às línguas faladas, esta afirmação não procede. Nós já vimos que as línguas de sinais podem ser utilizadas para as inúmeras funções identificadas na produção das línguas humanas. Você pode usar a língua de sinais para produzir um poema, uma estória, um conto, uma informação, um argumento. 5 – As línguas de sinais derivariam da comunicação gestual espontânea dos ouvintes. A ideia de que a língua de sinais seja gestual também reaparece neste mito. As pessoas pensam que as línguas de sinais são de fácil aquisição por estarem diretamente relacionadas com o sistema gestual utilizado por todas as pessoas que falam uma língua. Como isso não é verdade, as línguas de sinais são tão difíceis de serem adquiridas quanto quaisquer outras línguas. Precisamos de anos de dedicação para aprendermos uma língua de sinais, mas com base neste mito, as pessoas pensam que sabem a língua de sinais por usarem alguns gestos e alguns sinais que aprendem nas aulas de língua de sinais. 6 – As línguas de sinais, por serem organizadas espacialmente, estariam representadas no hemisfério direito do cérebro, uma vez que esse hemisfério é responsável pelo processamento de informação espacial, enquanto que o esquerdo, pela linguagem. As pesquisas com surdos apresentando lesões em um dos hemisférios apresentam evidências de que as línguas de sinais são processadas linguisticamente no hemisfério esquerdo da mesma forma que as línguas faladas.As investigações concluem que a língua de sinais é um sistema, que faz parte da linguagem humana, processado no hemisfério esquerdo e no hemisfério direito. discursos das pessoas que não conhecem os surdos e as línguas de sinais, que há uma série de crenças que não correspondem à realidade. As pessoas pensam essas coisas sobre as línguas de sinais, porque por muitos anos houve ideias que foram disseminadas por questões filosóficas, religiosas, políticas e econômicas. Talvez você mesmo já pensou assim e/ou acredita em muitas delas. Não se sinta culpado, pois isso é fruto do desconhecimento. Apesar do impacto dessas concepções, as pesquisas avançaram muito nos mostrando o quanto estávamos equivocados. Agora, portanto, apresentaremos evidências para desmistificar tais ideias. Abaixo está uma lista de mitos, segundo Quadros; Karnopp (2004, p. 31-37): 34Libras - Língua Brasileira de Sinais 1.1 - Dicas para comunicação com a pessoa surda Para comunicação com pessoas surdas precisamos ter atenção no olhar; a atenção é imprescindível, já que a língua de sinais é principalmente visual. Se você não olhar, não entenderá o que estão dizendo. Então, o olhar atento torna-se o ponto principal para comunicação, mesmo que você não saiba a língua de sinais. Existe a preocupação com a altura da voz (muitos falam quase gritando) e não se preocupam em mostrar as expressões faciais, nem com o posicionamento de seu corpo em relação ao surdo. Assim, um grande passo para a comunicação com pessoas surdas é demonstrar sentimentos pela expressão facial, pela fala pausada (sem exageros), pelo apontar e pela comunicação escrita o que se quer informar. É importante saber, também, que nem todos os surdos fazem leitura labial e, dependendo das suas interações e escolarização na infância, nem todos utilizam a língua de sinais para comunicação. Observe a figura abaixo e note ângulo do olhar quando se utiliza a LIBRAS ou se pretende comunicar com pessoas surdas. Disponível em: <http://www.sj.cefetsc.edu.br/~nepes/videos/apostilas/apostia_ libras_basico.pdf>. Como já foi citado, a LIBRAS é uma língua como outra qualquer, possuindo sua própria estrutura. Veremos aqui seus parâmetros que devem ser respeitados, pois cada um deles tem sua importância, sendo fundamental o uso concomitante de ambos para que os sinais sejam utilizados da maneira correta e assim a mensagem seja compreendida pelo receptor. São cinco os parâmetros: configuração de mãos, ponto de articulação, movimento, orientação / direcionalidade, expressão facial e/ou corporal. Abaixo, veremos a explicação de cada uma delas: Configuração de mãos: é a postura adotada pela mão para realizar os sinais: como fica a sua mão para fazer determinado sinal. Na LIBRAS existem 64 configurações ou 73, dependendo do autor. Os sinais são realizados pela mão dominante, ou seja, mão direita para os destros, mão esquerda Como língua de modalidade gestual, a LIBRAS ainda não possui um registro oficial, ou seja, não apresenta forma escrita. Sendo assim, a melhor maneira de representá-la é através de registro de imagens. Pensando no ensino da língua para pessoas ouvintes, foi criado um sistema de notação para transcrevê-la. Pesquisadores usam esta forma de transcrição para representar sinais da 2 – Aspectos gramaticais básicos: parâmetro do sinal para os canhotos, ou então pelas duas mãos, dependendo do sinal. Muitas vezes a configuração de mão é exatamente a mesma para sinais correspondentes à palavras diferentes. Exemplo, os sinais de: DESCULPAR, AZAR E TRISTE. Ponto de articulação: é o lugar onde a mão predominante pode tocar, ou não, alguma parte do corpo, ou simplesmente estar em um espaço neutro vertical ou horizontal, localizado da cabeça à cintura. Por exemplo: ANDAR, VIAJAR e NOME (feitos no espaço neutro), já os sinais: ROSA, BEIJAR E SEXTA-FEIRA, são realizados na face, mais propriamente na bochecha. Movimento: parâmetro complexo que pode envolver uma vasta rede de formas e direções, desde os movimentos internos da mão, os movimentos do pulso, os movimentos direcionais no espaço até conjuntos de movimentos no mesmo sinal. O movimento que as mãos descrevem no espaço ou sobre o corpo pode ser em linhas retas, curvas, sinuosas ou circulares em várias direções e posições”. (Brito, 2010, p. 38) Orientação/direcionalidade: para que direção ou sentido vai minha mão? Alguns sinais apresentam a mesma configuração de mão, porém, opõem-se quanto a sua direção. Por exemplo: DAR, RECEBER, PERGUNTAR, ME PERGUNTAR e, ainda, SUBIR, DESCER, ASCENDER E APAGAR. Expressão facial e/ou corporal: como vemos, é considerada um parâmetro gramatical na LIBRAS. Ao realizar um sinal que demonstre sentimento ou reação, se não houver expressão facial, o sinal estará errado, pois, muitas vezes, é ela quem vai diferenciar ou contribuir decisivamente para a compreensão da mensagem que se quer transmitir (Silva, 2002, p. 55). Ou seja, podem expressar as diferenças entre sentenças afirmativas, interrogativas, exclamativas e negativas. Por exemplo: TRISTE, ALEGRE, NÃO GOSTO, GOSTO MUITO. É extremamente importante ressaltar que todos os parâmetros devem ser respeitados, pois falar com as mãos(LIBRAS) é, portanto, utilizar esses elementos para formar uma palavra, que formará uma frase e/ou uma mensagem. De acordo com Felipe (2007, p. 23), para conversar em qualquer língua, não basta conhecer as palavras e articulá-las adequadamente, é preciso aprender as regras gramaticais de combinação dessas palavras em frases. Na combinação destes cinco parâmetros, tem-se o sinal. Falar com as mãos é, portanto, combinar estes elementos que formam as palavras e estas formam as frases em um contexto. Sendo assim, um profissional que quer atender seu educando de maneira satisfatória, deve buscar mecanismos para compreender sua realidade e, mais do que conhecer, é aceitá-la. 3 – O sistema de transcrição na LIBRAS 35 1) Os sinais em Libras serão representados por palavras da Língua Portuguesa em letras maiúsculas. Exemplos: TRABALHAR, QUERER, NÃO-TER. 2) A datilologia (alfabeto manual) que é usada para expressar nome de pessoas, de localidades e outras palavras que não possuem um sinal, está representada pela palavra separada, letra por letra, por hífen (soletração). Exemplos: HOTEL I-T-A-G-U-A-Ç-U 3) Na Libras não há desinências para gênero(masculino e feminino). O sinal, representado por palavra da língua portuguesa que possui marcas de gênero, está terminado com o símbolo @ para reforçar a ideia de ausência e não haver confusão. Exemplos: EL@ (ela, ele), AMIG@S (amigos ou amigas). 4) Uma expressão em Libras, que é traduzido por duas ou mais palavras em língua portuguesa, será representado pelas palavras correspondentes separadas por hífen. Exemplos: CORTAR-COM-FACA, QUERER-NÃO “não querer”, MEIO-DIA, AINDA-NÃO. 5) Um sinal composto, formado por dois ou mais sinais, que será representado por duas ou mais palavras, mas com a ideia de uma única coisa, serão separados pelo símbolo ^ . Exemplos: CAVALO^LISTRA “zebra”. 6) Para simplifi cação, serão utilizados, para a representação de frases nas formas exclamativas e interrogativas, os sinais de pontuação utilizados na escrita das línguas orais-auditivas, ou seja: !, ? e ?! 7) Os verbos que possuem concordância de gênero (pessoa, coisa, animal), através de classifi cadores, estão representados tipo de classifi cador em subescrito. Exemplos: pessoaANDAR, veículoANDAR, coisa-arredondadaCOLOCAR, 8) Às vezes há uma marca de plural pela repetição do sinal. Esta marca será representada por uma cruz no lado direto acima do sinal que está sendo repetido: Exemplo: GAROTA + 9) Quando um sinal, que geralmente é feito somente com uma das mãos, ou dois sinais estão sendo feitos pelas duas mãos simultaneamente, serão representados um abaixo do outro com indicação das mãos: direita (md) e esquerda (me). Exemplos: IGUAL (md) PESSO@-MUIT@ANDAR (me) IGUAL (me) PESSOAEM-PÉ (md) Estas convenções são utilizadas para poder representar, linearmente, uma língua espaço-visual, que é tridimensional. LIBRAS com palavras da Língua Portuguesa. Aqui optamos apenas por algumas das convenções apresentadas por Felipe (2007, p. 24-27): As classes de palavras de uma língua são denominadas categorias gramaticais Todas as línguas possuem palavras que são classificadas como fazendo parte de um tipo, classe 4 – Categorias gramaticais na LIBRAS conforme seus aspectos morfológicos, sintáticos, semânticos e pragmáticos. Assim, na língua portuguesa, por exemplo, os substantivos são palavras que possuem desinência de gênero e número, são as palavras-chave de um sintagma nominal que pode ter a função de sujeito ou de objeto (FELIPE, 2007, p. 31). Embora as línguas de sinais não possuam as mesmas classes gramaticais e muitas línguas não possuam todas, isso não denota inferioridade, as línguas tem formas diferenciadas para expressar os conceitos. Por exemplo: na LIBRAS não há artigos – o, a, os, as. Veremos um quadro simplificado das categorias existentes na Língua Portuguesa e na LIBRAS: Não se deve confundir os classificadores, que são algumas configurações de mãos incorporadas ao movimento de certos tipos de verbos, com os adjetivos descritivos que, nas línguas de sinais, por estas serem espaço-visuais, representam iconicamente qualidades de objetos. Por exemplo, para dizer nestas línguas que “uma pessoa está vestindo uma blusa de bolinhas, quadriculada ou listrada”, estas expressões adjetivas serão desenhadas no peito do emissor, mas esta descrição não é um classificador, e sim um adjetivo que, embora classifique, estabelece apenas uma relação de qualidade do objeto e não relação de concordância de gênero: PESSOA, ANIMAL, COISA, que é a característica dos classificadores na LIBRAS, como também em outras línguas orais e de sinais (FELIPE, 2007, p.39) 4.1. Verbos Existem dois tipos de verbos na LIBRAS: os que possuem marcas de concordância e os que não as possuem. O primeiro tipo citado subdivide-se em 3 categorias: • verbos que possuem concordância número-pessoal; • verbos que possuem concordância de gênero; • verbos que possuem concordância com a localização; 4.2. Classificador na LIBRAS Para os pesquisadores linguistas, um classificador é uma forma que existe para estabelecer um tipo de concordância em uma língua. Segundo Felipe (2007), na LIBRAS, os classificadores são configurações de mãos que relacionamos à coisa, pessoa e animal, funcionando como marcadores de concordância. Portanto os classificadores são marcadores de concordância de gênero: PESSOA, ANIMAL, COISA. Exemplo: a) COPO MESAk coisa arredondadaCOLOCARk; 4.3. Adjetivo na LIBRAS Para os adjetivos, na LIBRAS, não há marca de gênero nem marca de número. A descrição de um objeto é mais clara, se comparado à língua portuguesa, porque o formato ou textura são “desenhados” no espaço ou no corpo do emissor, exibindo tridimensionalidade que é característica da modalidade da língua. 36Libras - Língua Brasileira de Sinais Em relação à colocação dos adjetivos na frase, eles geralmente vêm após o substantivo que qualifica. Exemplos: a) RAT@ PEQUEN@, COR PRET@, ESPERT@ 4.4. Pronome na LIBRAS A LIBRAS possui um sistema pronominal que representa as pessoas de um diálogo ou discurso. Este sistema é conhecido como apontamento. Consiste em apontar o dedo para onde se quer especificar ou a pessoa que quer representar. Na LIBRAS os pronomes demonstrativos e os advérbios de lugar têm o mesmo sinal, somente o contexto os diferencia pelo sentido da frase acompanhada de expressão facial. Representam o que está perto, distante e o que está junto ao emissor. Exemplo: a) EST@ / AQUI - apontar para o lugar perto e em frente do emissor, acompanhado de um olhar para este ponto. b) ESS@ / AÍ - apontar para o lugar perto e em frente do receptor, acrescido de um olhar direcionado não para o receptor , mas para o ponto apontado perto segunda pessoa do discurso. c) AQUELE / LÁ - apontar para um lugar mais distante, o lugar da terceira pessoa com um olhar direcionado. 4.5. Numeral na LIBRAS As línguas têm formas diferentes para apresentar os numerais quando utilizados como cardinais, ordinais, quantidade, medida, idade, dias da semana ou mês, horas e valores monetários. Isso também acontece na LIBRAS (FELIPE, 2007, p. 58) Nesta língua há a representação para o numeral cardinal, diferente da representação de quantidade; no contexto, a representação dos números ordinais também são diferentes. As representações dos numerais cardinais, das quantidades, da idade, a partir do número 11, são idênticos. A partir do numeral DEZ, não há mais diferença entre os cardinais e ordinais. Estas diferenças se referem à configuração de mão. 5 – Psicologia, sociedade e surdez: a visão terapêutica e o impacto do olhar defi ciente sobre o surdo Como vimos em nossa primeira aula, desde a Antiguidade o pensamento hegemônico da sociedade ouvinte é de que o surdo era um indivíduo subumano que deveria aprender a falar. Somente a partir da fala é que conseguiria desenvolvimento cognitivo.Caso contrário, seria exilado, isolado das relações sociais por não contribuir, em nada, para a evolução do Estado. De acordo com a pesquisadora Dalcin (2006, p. 188), as pessoas surdas foram consideradas como indivíduos que necessitavam de reabilitação, dentro de uma perspectiva médico-terapêutica que incluía avaliação do órgão falho e discriminação do tratamento necessário para que chegasse, o máximo possível, à normalidade, como vemos nas palavras da própria autora: O posicionamento médico/científi co mostrou- se “surdo” às questões da constituição psíquica do sujeito surdo, negando-lhe o processo de humanização, que só é possível no momento em que ocorre o convívio humano e a participação, que levam ao mundo dos símbolos por meio da aquisição da linguagem. Dessa forma, os surdos acabaram por se afastar de sua comunidade, de sua língua e de sua cultura em virtude das tentativas de adaptação propostas pelos discursos médicos, psicológicos, econômicos, políticos e religiosos, que tinham como objetivo fazê-los falar, minimizando as diferenças e aplacando o mal-estar que a condição dos surdos provoca. Devido às concepções oriundas das áreas médica e psicológica, os surdos foram enquadrados como pessoas que possuíam um desenvolvimento psíquico anormal, um corpo defeituoso, uma pessoa que não serviria para estar em convívio social, muitas vezes, pela possibilidade de ser “agressivo”. Este entendimento nos faz associar a imagem o surdo à um animal que precisa ser domesticado para conviver com a família e outras pessoas. Por muito tempo os surdos ficaram no meio do caminho entre os ouvintes com sua ‘plenitude intelectual’ de qualidade superior e os traços de anormalidade que os afastavam da aceitação social, principalmente por se comunicar através de sinais, que não possuíam status de língua. Vamos pensar, portanto, no impacto que este comportamento social causou na constituição da subjetividade do sujeito surdo. Será que eles se viam como pessoas? Eles se reconheciam como surdos ou como pessoas deficientes? A eles era concedido o direito de ser participante ou fardo? Esses fatos históricos contribuíram para que as pessoas que possuem a deficiência auditiva se organizassem em um grupo que luta pelo reconhecimento da sua língua e para se tornarem visíveis, como vemos outros autores explicarem: A separação entre grupos humanos é produzida socialmente, bem como sua integração, na medida em que toda forma de preconceito, toda discriminação, todo comportamento humano está subordinado à cultura que os constrói, propaga, veicula e sedimenta. São as normas sociais que “autorizam” essa separação, normas que organizam toda a nossa vida social, modos de falar, de vestir-se, de atuar no mundo, de pensar etc. O modo como a surdez vem sendo descrita está ideologicamente relacionado a essas normas. Assim como a luta política por novas normas: cultura e identidade surdas, inclusão do surdo nas minorias sociais, junto com os negros e índios. Essa luta pela inclusão é uma forma de “garantia” de afastamento da “anormalidade” e aproximação das minorias, normais embora diferentes. (SANTANA; BERGAMO, 2005, p. 566) Todo esse emaranhado de pensamentos e concepções relativos à pessoa surda contribuíram para que o surdo desenvolvesse um sentimento de não pertencimento ao meio 37 6 – Pensamento de respeito à diferença construindo uma “ nova subjetividade” 7 – Formação do sujeito surdo nos espaços escolares social, à família. Mas, através das lutas sociais iniciadas pelas comunidades surdas pelo reconhecimento da língua de sinais, a mudança de paradigma teve seu início no final do século XX. A luta da comunidade surda, primeiramente, foi pelo reconhecimento de uma língua natural e própria e pelo direito de se comunicar através dos sinais. Pesquisas no campo da linguística evidenciam que os surdos desenvolvem naturalmente uma comunicação visual, e, por esse motivo, as línguas de sinais devem ser consideradas sistemas legítimos de comunicação assim como as línguas orais. No caso do Brasil, os surdos desenvolveram a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) e lutam pela sua difusão e uso. Estas lutas refletem a ânsia do sujeito surdo em ser considerado humano, em sua plenitude, dotado de capacidades cognitivas e de desenvolvimento de uma linguagem própria, que se difere da maioria ouvinte. Devemos ficar atentos, pois, ao fato de que nem sempre as sociedades aceitam as línguas de sinais como naturais aos surdos, sem críticas. De igual forma também existem opiniões contrárias à utilização desta língua pelos surdos, conforme nos explica Carlos Skliar (1997, p. 14): É bastante comum defi nir a comunidade surda como uma minoria linguística, baseando-se no fato de que a língua de sinais é utilizada por um grupo restrito de usuários, os quais, seguindo tal lógica discursiva, vivem uma situação de desvantagem social, de desigualdade, e participam, limitadamente, na vida da sociedade majoritária. Resulta curiosa a coincidência desta defi nição com alguns dos discursos dominantes na educação dos surdos, especifi camente aquelas que insistem como diz Anderson (1989), em que o uso da língua de sinais constitui sempre um fator de exclusão da sociedade majoritária. Através das pesquisas realizadas relativas à surdez, o povo surdo se organizou e buscou capacitação para garantir um posicionamento político consistente diante das concepções a eles dirigidas. Não aceitariam mais o enquadramento em uma posição de deficiência, posto que possuiam diferença linguística e de constituição subjetiva. Assim, chegaram à concepção que embasa todos os documentos oficiais e as propostas educacionais para as pessoas surdas: surdez como diferença. Quando falamos em diferença, nos referimos às diferenças culturais nos diversos meios sociais. O surdo como sujeito cultural, construindo sua identidade dentro de um contexto intercultural. A este respeito, Perlin&Strobel (2006, p. 28) têm a dizer: Entramos em momentos que primam pela defesa cultural: a educação na diferença na mediação intercultural. Esta modalidade oferece fundamento para a educação dos surdos a partir de uma visão em uma outra fi losofi a invariável hoje. Em que a educação dá-se no momento em que o surdo é colocado em contato com sua diferença para que aconteça a subjetivação e as trocas culturais. A modalidade da ‘diferença’ se fundamenta na subjetivação cultural. Ele surge no momento que os surdos atingem sua identidade, através da diferença cultural, surge no espaço pós-colonial. Neste espaço não mais há a sujeição ao que é do ouvinte, não ocorre mais a hibridação, ocorre a aprendizagem nativa própria do surdo. Sendo assim, como nos aproximamos das pessoas diferentes? O que estamos construindo para o futuro? Uma geração que realmente cultive o pensamento da diferença e sua aceitação/inclusão ou mais um mascaramento da realidade do pensamento hegemônico das “maiorias”? Atuando baseadas em uma perspectiva inclusiva, conforme os documentos oficiais, dentro da proposta de educação bilíngue para surdos, as escolas têm como missão primordial, promover a formação do sujeito surdo para que atinja autonomia, cidadania e conhecimento cultural. Para isso, os educadores e gestores devem pensar uma maneira de estimular um ambiente de aceitação das diferenças e interação social plena. É importante, portanto, que saibamos quais os fundamentos teóricos e filosóficos que embasaram a construção das políticas de inclusão escolar para compreendermos o que se espera da pessoa surda escolarizada em uma sociedade moderna, que é (ou não!) a nossa. Esse sujeito entendido no pensamento moderno representa as concepções de sujeito instaurado pela filosofia platônica e pela tradição hebraica, que mais tarde foram retomadas pelo Cristianismo, Humanismo e Idealismo Alemão. Esse sujeito era visto como uma unidade racional ocupando o centro dos processos sociais. Porém,dado que sua racionalidade não estaria completa, far-se-ia necessário um projeto pedagógico que o tirasse da menoridade e o transformasse no dono de sua própria consciência e um agente de sua própria história (Veiga-Neto, 2000, p. 50). Assim, a educação de pessoas surdas é pensada e implementada por políticas públicas em Educação Especial, dentro da política educacional, regida por esta base filosófica: a da concepção do sujeito surdo. As discussões políticas, que envolvem a educação de todas as pessoas com necessidades educacionais especiais, trazem uma proposta alicerce para a educação do aluno surdo: que a escolarização seja realizada no ensino regular, na perspectiva da educação inclusiva. Esta proposta de educação inclusiva diz respeito a uma escola de qualidade para todos. Uma escola que não segregue, não rotule e não expulse seus alunos, mas assuma e atenda a diversidade de características dos mesmos. Portanto, torna- se necessário um processo de transformação da escola. Repensar a práxis educacional, refletindo sobre a formação de professores, a participação da comunidade escolar (alunos, professores, funcionários, família), as metodologias de ensino 38Libras - Língua Brasileira de Sinais e a organização do espaço escolar para atender todos em suas diferenças. A participação dos pais na comunidade escolar diz respeito à valorização do processo de escolarização do filho surdo, o interesse pela organização do espaço escolar, o constante diálogo com os gestores e professores e a participação efetiva nas atividades requeridas pela escola. Disso depende a identificação do sujeito surdo, como pertencente a uma família e seguro de sua atuação/interação no espaço escolar, ambos entendendo o significado de uma educação inclusiva. Nas escolas, para atender o aluno surdo, as propostas inclusivas orientam para que essa educação seja realizada numa perspectiva bilíngue, onde a criança aprende a Língua de Sinais como primeira língua e a Língua Portuguesa, na modalidade escrita, como segunda Língua. Devido a estes pressupostos, a Língua de Sinais deve ser valorizada nos ambientes escolares. Segundo Lacerda (2006, p.181), uma questão desafiadora seria a organização do espaço escolar e das práticas pedagógicas para a inclusão do aluno surdo no ensino regular. Aponta que o aluno surdo está inserido em um ambiente pensado e organizado para alunos ouvintes. Essa realidade precisa ser modificada para que esse aluno se sinta pertencente ao espaço escolar. Além do acesso e da eliminação das barreiras de comunicação, torna-se indispensável pensar na qualidade do ensino oferecido à esse aluno, na função que a escola tem assumido para ele e no significado que a escola tem para o aluno surdo. O decreto 5626/2005 que regulamenta a lei 10436/02, a Lei da Libras, reconhece o uso da LIBRAS pelos cidadãos surdos do Brasil e, entre outros, dispõe da formação do professor para atuar na educação de surdos. Através dos apontamentos abaixo, vamos demonstrar os requisitos necessários a este professor e qual o papel deve assumir na educação especial de alunos surdos: • Ser capacitado para receber o aluno surdo, ou seja, precisa ter formação superior oferecida pelas IES (Instituições de Ensino Superior). • Conhecer a língua de sinais, a condição bilíngue do sujeito surdo, e os aspectos identitários, sócio-cuturais e psíquicos desses sujeitos; • Entender as implicações do processo ensino- aprendizagem que privilegie o modelo bilíngue; • Reavaliar, constantemente, suas práticas pedagógicas e concepções a respeito da surdez, evitando qualquer atitude que constranja, deprecie ou exclua o aluno surdo. Ilustração de www.ellenguimaraes.blogspot.com 1 – Características das línguas de sinais Nesta seção, “Características das línguas de sinais”, vimos que o reconhecimento da LIBRAS como língua deu-se nos tempos modernos. Isto ocorreu após estudiosos linguistas se interessarem em pesquisá-las e divulgar suas proposições. Assim, as pessoas surdas puderam utilizar uma língua própria, que por sua vez, atende a todos os critérios gramaticais, se comparada a uma língua oral. Porém, tal constatação não é capaz de desmistificar todos os mitos existentes acerca da LIBRAS; nesta seção, apresentamos alguns deles e algumas características principais da comunicação com os surdos. 2 – Aspectos gramaticais básicos: parâmetros do sinal Nesta seção, “Aspectos gramaticais básicos: parâmetros do sinal”, trouxemos os parâmetros da LIBRAS: regra gramática para realização correta dos sinais. Entender os parâmetros e respeitá-los, garante ao emissor a assertividade dos sinais bem como a transmissão correta da mensagem. 3 – O sistema de transcrição na LIBRAS Apresentamos, aqui, em “O sistema de transcrição na LIBRAS” um sistema de transcrição criado para o registro da LIBRAS com correspondentes na língua portuguesa. Ou seja, como a LIBRAS não possui modalidade escrita, usamos as palavras em português para denominar um sinal realizado; porém, o sistema criado tem algumas especificidades de leitura, para melhor entendimento do receptor, geralmente ouvinte. 4 – Categorias gramaticais na LIBRAS Em “Categorias gramaticais na LIBRAS”, uma breve explanação sobre as categorias gramaticais existentes na LIBRAS e como elas se articulam para realização dos sinais e formação de frases, em um contexto. Espero que o resultado da leitura tenha sido satisfatório, apesar de o tema “Gramática” ser complexo em qualquer língua, seja ela de sinais, seja de modalidade oral. 5 – Psicologia, sociedade e surdez: a visão terapêutica e o impacto do olhar deficiente sobre o sujeito surdo Entendemos, nesta seção, como se deu a construção das primeiras concepções relativas à surdez. Da antiguidade até o meados século XX, o sujeito surdo era entendido como anormal, defeituoso, necessitando de cura. Tais concepções sobre sujeito foram construídas baseadas nas crenças religiosas e divisão social e econômica da época. Para o povo surdo restou, somente, o isolamento, a impossibilidade de desenvolvimento pleno e a vergonha de ser quem era. 6 – Pensamento de respeito à diferença construindo Retomando a aula Façamos, agora, uma revisão do que foi exposto: 39 Vale a pena “Filhos do Silêncio” Título Original: Children of a Lesser God Gênero: drama Diretor: Randa Haines Lançamento: EUA - 1986 Um filme que desvela o preconceito dos alunos e professores diante de uma aluna surda que, após sua formatura, decide permanecer na escola como professora de surdos. Vale a pena assistir Então, aqui deixaremos indicações de leitura para complemento da aula: Livro: “Libras em Contexto” de Tany. Disponível em: http://www.librasemcontexto.org/ Livro: “Por uma Gramática da Língua de Sinais” de Lucinda F. Brito. Considerado um clássico nos estudos linguísticos das línguas de sinais. Vale a pena Vale a pena ler Não esqueçam! Qualquer dúvida, façam suas perguntas no Quadro de avisos ou comuniquem-se pelo Fórum. Nunca deixem de esclarecer suas dúvidas! uma “nova subjetividade” O reconhecimento das línguas de sinais como sendo imprescindível para o desenvolvimento cognitivo dos surdos foi alcançada através dos movimentos de lutas sociais e resistência política, no início da década de 1980. As lutas da comunidade surda geraram pesquisas e discussões, nas quais se baseiam a concepção atual acerca do sujeito surdo: surdez como diferença cultural. 7 – Formação do sujeito surdo nos espaços escolares Nesta seção, vimos como as políticas públicas entendem o sujeito surdo para elaboração de diretrizes para implementação dos espaços escolares. Assim, como trabalhar com este sujeito dentro das escolas regulares? Organizando a escola de modo a oferecer, a este aluno, o acesso a duas línguas: LIBRAS e Língua Portuguesa. Também o papel não menos importante do professor, que precisa, além de estar capacitado para receber este aluno, de estimular um ambiente de aceitação dasdiferenças. Para finalizar... As conquistas da comunidade surda se deram em meio a conflitos e jogos de interesse. Uma luta política pelo direito de pertencer a uma nação, mesmo não utilizando sua língua oficial e oral. O direito de ser reconhecido como sujeito cultural e, sendo assim, em contato com as diversas culturas existentes na sociedade. Devemos lembrar, sempre, que os discursos são variados e democráticos. Se não estivermos dentro da militância, poderemos discutir com mais cautela todas as implicações neste processo de inclusão.
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