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5ºAula
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, vocês serão capazes de:
• conhecer as características principais da comunicação em LIBRAS;
• entender os parâmetros ou regras gramaticais da LIBRAS;
• saber como fazer a leitura de um livro sobre gramática da língua de sinais reconhecida no Brasil.
Introdução à 
gramática da LIBRAS
Olá!
Nesta quinta aula faremos uma introdução aos 
aspectos gramaticais da LIBRAS. Suas características 
principais, bem como algumas curiosidades e mitos em 
relação à comunicação com pessoas surdas.
Fiquem atentos às seções de estudo e, ao final, 
retomaremos nossa conversa!
Boa leitura!
Boa aula!
L I B R A S
32Libras - Língua Brasileira de Sinais
1 – Características das línguas de sinais
2 – Aspectos gramaticais básicos: parâmetros do sinal
3 – O sistema de transcrição na LIBRAS
4 - Categorias gramaticais na LIBRAS
5 – Psicologia, sociedade e surdez: a visão terapêutica e o 
impacto do olhar deficiente sobre o sujeito surdo
6 – Pensamento de respeito à diferença construindo uma 
“nova subjetividade”
7 – Formação do sujeito surdo nos espaços escolares
Nos últimos 20 anos, as pesquisas linguísticas e os 
movimentos de reivindicação dos surdos pelo direito de 
usar a língua de sinais trazem, como consequência, uma 
preocupação crescente dos educadores em aprender a língua 
de sinais e em propiciar condições para que os alunos também 
o façam.
Hoje a língua de sinais é reconhecida no Brasil (Lei nº. 
10.436, de 22 de abril de 2002/ Decreto nº. 5.626, de 22 de 
dezembro de 2005) e em todo o mundo como um sistema 
linguístico independente das línguas oral-auditivas.
Utilizando-se de um canal visual-espacial, a língua de 
sinais comporta sistemas simbólicos visuais que dão sentido à 
comunicação e fortalecem os discursos surdos.
Seções de estudo
Mas que língua é esta que eu preciso olhar e não ouvir?
Como conceber uma língua, que é gestual, dentro de princípios 
gramaticais semelhantes ao das línguas orais?
Todos os professores precisarão dominar esta língua?
Para elucidar as dúvidas iniciais, em relação às 
características das línguas de sinais, façam a leitura deste 
trecho do livro intitulado “Libras em Contexto” de autoria de 
Tanya A. Felipe, utilizado pelo MEC em cursos de formação 
em Libras:
O Universal nas Línguas
TANYA A. FELIPE
Professora Titular da UPE 
Coordenadora do grupo de pesquisa da FENEIS
Pesquisas sobre as línguas de sinais vêm mostrando que 
estas línguas são comparáveis em complexidade e expressividade 
a quaisquer línguas orais. Estas línguas expressam ideias sutis, 
complexas e abstratas. Os seus usuários podem discutir filosofia, 
literatura ou política, além de esportes, trabalho, moda e utilizá-la com 
função estética para fazer poesias, estórias, teatro e humor. 
Como toda língua, as línguas de sinais aumentam seus 
vocabulários com novos sinais introduzidos pelas comunidades 
surdas em resposta à mudanças culturais e tecnológicas. 
As línguas de sinais não são universais, cada língua de sinais 
tem sua própria estrutura gramatical. Assim, como as pessoas ouvintes 
em países diferentes falam diferentes línguas, também as pessoas 
surdas por toda parte do mundo, que estão inseridos em “Culturas 
Surdas”, possuem suas próprias línguas, existindo, portanto muitas 
línguas de sinais diferentes, como: Língua de Sinais Francesa, Chilena, 
Portuguesa, Americana, Argentina, Venezuelana, Peruana, Portuguesa, 
Inglesa, Italiana, Japonesa, Chinesa, Uruguaia, Russa, Urubus-Kaapor, 
citando apenas algumas. Estas línguas são diferentes uma das outras 
e independem das línguas orais-auditivas utilizadas nesses e em outros 
países, por exemplo: o Brasil e Portugal possuem a mesma língua oficial, 
o português, mas as línguas de sinais destes países são diferentes, o 
mesmo acontece com os Estados Unidos e a Inglaterra, entre outros. 
Também pode acontecer que uma mesma língua de sinais seja utilizada 
por dois países, como é o caso da língua de sinais americana que é 
usada pelos surdos dos Estados Unidos e do Canadá. 
Embora, surdos de países com línguas de sinais diferentes 
comunicam-se mais rapidamente uns com os outros, fato que não 
ocorre entre falantes de línguas orais, que necessitam de um tempo 
bem maior para um entendimento. Isso se deve à capacidade que as 
pessoas surdas têm em desenvolver e aproveitar gestos e pantomimas 
para a comunicação e estarem atentos as expressões faciais e corporais 
das pessoas. A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é a língua de sinais 
utilizada pelos surdos que vivem em cidades do Brasil onde existem 
comunidades surdas, mas além dela, há registros de uma outra língua 
de sinais que é utilizada pelos índios Urubus-Kaapor na Floresta 
Amazônica. 
A LIBRAS, como toda língua de sinais, é uma língua de modalidade 
gestual-visual porque utiliza, como canal ou meio de comunicação, 
movimentos gestuais e expressões faciais que são percebidos pela 
visão; portanto, diferencia da Língua Portuguesa, que é uma língua 
de modalidade oral-auditiva por utilizar, como canal ou meio de 
comunicação, sons articulados que são percebidos pelos ouvidos. Mas 
as diferenças não estão somente na utilização de canais diferentes, 
estão também nas estruturas gramaticais de cada língua. Embora 
com as diferenças peculiares a cada língua, todas as línguas possuem 
algumas semelhanças que a identificam como língua e não linguagem 
como, por exemplo, a linguagem das abelhas, dos golfinhos, dos 
macacos, enfim, a comunicação dos animais. 
Uma semelhança entre as línguas é que todas são estruturadas 
a partir de unidades mínimas que formam unidades mais complexas, 
ou seja, todas possuem os seguintes níveis linguísticos: o fonológico, o 
morfológico, o sintático, o semântico e o pragmático. 
Atribui-se às línguas de sinais o status de língua porque elas, 
embora sendo de modalidade diferente, possuem também estas 
características em relação às diferenças regionais, sócio-culturais, entre 
outras, e em relação às suas estruturas que também são compostas 
pelos níveis descritos acima. 
Livro na íntegra disponível em: <http://www.librasemcontexto.org/>.
Nos tempos antigos, acreditava-se que a LIBRAS era uma 
língua pobre por apresentar poucos sinais, que correspondiam 
às palavras. Isto é um mito acerca das línguas de sinais. Segundo 
Brito (1997, p.12):
Pode acontecer o fato de que uma língua que 
não é usada em todos os setores da sociedade 
ou que é usada em uma cultura bem distinta 
1 – Características das línguas de 
sinais
33
da que conhecemos não apresente vocábulos 
ou palavras para um determinado campo 
semântico, entretanto, isso não significa que 
esta língua seja pobre porque potencialmente 
ela tem todos os mecanismos para criar ou 
gerar palavras para qualquer conceito que vier 
a ser utilizado pela comunidade que a usa. Por 
exemplo, a LIBRAS não tinha um sinal para 
o conceito “linguística” até há poucos anos. 
À medida que os surdos foram se inteirando 
do que se faz em linguística, do que significa 
lingüística, houve a necessidade de gerar um 
sinal para esse conceito. interação do dia a dia e 
dos outros tipos de uso da língua.
Muitas pessoas ainda acreditam em coisas que não são 
verdadeiras em relação ao sujeito surdo. Observamos, nos 
Mitos Desmistificação
1 – A língua de sinais seria uma mistura de pantomima 
e gesticulação concreta, incapaz de expressar conceitos 
abstratos
Tal concepção está atrelada à ideia filosófica de que o mundo das ideias é 
abstrato e que o mundo dos gestos é concreto. O equívoco desta concepção 
é entender sinais como gestos. Na verdade, os sinais são palavras, apesar de 
não serem orais-auditivas. Os sinais das línguas de sinais podem expressar 
quaisquer ideias abstratas. Podemos falar sobre as emoções, os sentimentos, 
os conceitos em língua de sinais, assim como nas línguas faladas.
2 – Haveria uma única e universal língua de sinais usada 
por todas as pessoas surdas.
Esta ideia está relacionada com o mito anterior. Se as línguas de sinais sãoComo as língua de sinais são consideradas gestuais, então elas são universais. 
Isto é uma falácia, pois as várias línguas de sinais que já foram estudadas são 
diferentes umas das outras. Assim como as línguas faladas, temos línguas de 
sinais que pertencem a troncos diferentes. Temos pelo menos dois troncos 
identificados, as línguas de origem francesa e as línguas de origem inglesa.
3 – Haveria uma falha na organização gramatical da língua 
de sinais que seria derivada das línguas de sinais, sendo 
um pidgin sem estrutura própria, subordinado e inferior 
às línguas orais.
Assim como as línguas de sinais são consideradas gestuais, elas não poderiam 
apresentar a mesma complexidade das línguas faladas. Isso também não é 
verdadeiro, pois em primeiro lugar as línguas de sinais são línguas de fato. Em 
segundo lugar, as línguas de sinais independem das línguas faladas. Elas são 
autônomas e apresentam o mesmo estatuto linguístico identificado nas línguas 
faladas, ou seja, dispõem dos mesmos níveis linguísticos de análise e são tão 
complexas quanto às línguas faladas.
4 – A língua de sinais seria um sistema de comunicação 
superficial, com conteúdo restrito, sendo estética, 
expressiva e linguisticamente inferior ao sistema de 
comunicação oral.
Como as línguas de sinais são tão complexas quanto às línguas faladas, esta 
afirmação não procede. Nós já vimos que as línguas de sinais podem ser 
utilizadas para as inúmeras funções identificadas na produção das línguas 
humanas. Você pode usar a língua de sinais para produzir um poema, uma 
estória, um conto, uma informação, um argumento.
5 – As línguas de sinais derivariam da comunicação gestual 
espontânea dos ouvintes.
A ideia de que a língua de sinais seja gestual também reaparece neste mito. 
As pessoas pensam que as línguas de sinais são de fácil aquisição por estarem 
diretamente relacionadas com o sistema gestual utilizado por todas as pessoas 
que falam uma língua. Como isso não é verdade, as línguas de sinais são tão 
difíceis de serem adquiridas quanto quaisquer outras línguas. Precisamos de 
anos de dedicação para aprendermos uma língua de sinais, mas com base 
neste mito, as pessoas pensam que sabem a língua de sinais por usarem 
alguns gestos e alguns sinais que aprendem nas aulas de língua de sinais.
6 – As línguas de sinais, por serem organizadas 
espacialmente, estariam representadas no hemisfério 
direito do cérebro, uma vez que esse hemisfério é 
responsável pelo processamento de informação espacial, 
enquanto que o esquerdo, pela linguagem.
As pesquisas com surdos apresentando lesões em um dos hemisférios 
apresentam evidências de que as línguas de sinais são processadas 
linguisticamente no hemisfério esquerdo da mesma forma que as línguas 
faladas.As investigações concluem que a língua de sinais é um sistema, que 
faz parte da linguagem humana, processado no hemisfério esquerdo e no 
hemisfério direito.
discursos das pessoas que não conhecem os surdos e as línguas 
de sinais, que há uma série de crenças que não correspondem 
à realidade. As pessoas pensam essas coisas sobre as línguas 
de sinais, porque por muitos anos houve ideias que foram 
disseminadas por questões filosóficas, religiosas, políticas e 
econômicas. 
Talvez você mesmo já pensou assim e/ou acredita 
em muitas delas. Não se sinta culpado, pois isso é fruto do 
desconhecimento. Apesar do impacto dessas concepções, 
as pesquisas avançaram muito nos mostrando o quanto 
estávamos equivocados.
Agora, portanto, apresentaremos evidências para 
desmistificar tais ideias.
Abaixo está uma lista de mitos, segundo Quadros; 
Karnopp (2004, p. 31-37):
34Libras - Língua Brasileira de Sinais
1.1 - Dicas para comunicação com 
a pessoa surda
Para comunicação com pessoas surdas precisamos ter 
atenção no olhar; a atenção é imprescindível, já que a língua 
de sinais é principalmente visual. Se você não olhar, não 
entenderá o que estão dizendo. Então, o olhar atento torna-se 
o ponto principal para comunicação, mesmo que você não 
saiba a língua de sinais.
Existe a preocupação com a altura da voz (muitos falam 
quase gritando) e não se preocupam em mostrar as expressões 
faciais, nem com o posicionamento de seu corpo em relação 
ao surdo. Assim, um grande passo para a comunicação com 
pessoas surdas é demonstrar sentimentos pela expressão 
facial, pela fala pausada (sem exageros), pelo apontar e pela 
comunicação escrita o que se quer informar. 
É importante saber, também, que nem todos os surdos 
fazem leitura labial e, dependendo das suas interações e 
escolarização na infância, nem todos utilizam a língua de 
sinais para comunicação.
Observe a figura abaixo e note ângulo do olhar quando 
se utiliza a LIBRAS ou se pretende comunicar com pessoas 
surdas.
Disponível em: <http://www.sj.cefetsc.edu.br/~nepes/videos/apostilas/apostia_
libras_basico.pdf>.
Como já foi citado, a LIBRAS é uma língua como outra 
qualquer, possuindo sua própria estrutura. Veremos aqui seus 
parâmetros que devem ser respeitados, pois cada um deles 
tem sua importância, sendo fundamental o uso concomitante 
de ambos para que os sinais sejam utilizados da maneira 
correta e assim a mensagem seja compreendida pelo receptor.
São cinco os parâmetros: configuração de mãos, ponto 
de articulação, movimento, orientação / direcionalidade, 
expressão facial e/ou corporal.
Abaixo, veremos a explicação de cada uma delas:
Configuração de mãos: é a postura adotada pela 
mão para realizar os sinais: como fica a sua mão para fazer 
determinado sinal. Na LIBRAS existem 64 configurações ou 
73, dependendo do autor. Os sinais são realizados pela mão 
dominante, ou seja, mão direita para os destros, mão esquerda 
Como língua de modalidade gestual, a LIBRAS ainda não 
possui um registro oficial, ou seja, não apresenta forma escrita. 
Sendo assim, a melhor maneira de representá-la é através de 
registro de imagens.
Pensando no ensino da língua para pessoas ouvintes, foi 
criado um sistema de notação para transcrevê-la. Pesquisadores 
usam esta forma de transcrição para representar sinais da 
2 – Aspectos gramaticais básicos: 
parâmetro do sinal
para os canhotos, ou então pelas duas mãos, dependendo 
do sinal. Muitas vezes a configuração de mão é exatamente 
a mesma para sinais correspondentes à palavras diferentes. 
Exemplo, os sinais de: DESCULPAR, AZAR E TRISTE.
Ponto de articulação: é o lugar onde a mão predominante 
pode tocar, ou não, alguma parte do corpo, ou simplesmente 
estar em um espaço neutro vertical ou horizontal, localizado da 
cabeça à cintura. Por exemplo: ANDAR, VIAJAR e NOME 
(feitos no espaço neutro), já os sinais: ROSA, BEIJAR E 
SEXTA-FEIRA, são realizados na face, mais propriamente na 
bochecha.
Movimento: parâmetro complexo que pode envolver 
uma vasta rede de formas e direções, desde os movimentos 
internos da mão, os movimentos do pulso, os movimentos 
direcionais no espaço até conjuntos de movimentos no mesmo 
sinal. O movimento que as mãos descrevem no espaço ou 
sobre o corpo pode ser em linhas retas, curvas, sinuosas ou 
circulares em várias direções e posições”. (Brito, 2010, p. 38)
Orientação/direcionalidade: para que direção ou 
sentido vai minha mão? Alguns sinais apresentam a mesma 
configuração de mão, porém, opõem-se quanto a sua direção. 
Por exemplo: DAR, RECEBER, PERGUNTAR, ME 
PERGUNTAR e, ainda, SUBIR, DESCER, ASCENDER E 
APAGAR.
Expressão facial e/ou corporal: como vemos, é 
considerada um parâmetro gramatical na LIBRAS. Ao realizar 
um sinal que demonstre sentimento ou reação, se não houver 
expressão facial, o sinal estará errado, pois, muitas vezes, é 
ela quem vai diferenciar ou contribuir decisivamente para 
a compreensão da mensagem que se quer transmitir (Silva, 
2002, p. 55). Ou seja, podem expressar as diferenças entre 
sentenças afirmativas, interrogativas, exclamativas e negativas. 
Por exemplo: TRISTE, ALEGRE, NÃO GOSTO, GOSTO 
MUITO.
É extremamente importante ressaltar que todos os 
parâmetros devem ser respeitados, pois falar com as mãos(LIBRAS) é, portanto, utilizar esses elementos para formar 
uma palavra, que formará uma frase e/ou uma mensagem.
De acordo com Felipe (2007, p. 23), para conversar em 
qualquer língua, não basta conhecer as palavras e articulá-las 
adequadamente, é preciso aprender as regras gramaticais de 
combinação dessas palavras em frases.
Na combinação destes cinco parâmetros, tem-se o sinal. 
Falar com as mãos é, portanto, combinar estes elementos que 
formam as palavras e estas formam as frases em um contexto. 
Sendo assim, um profissional que quer atender seu 
educando de maneira satisfatória, deve buscar mecanismos 
para compreender sua realidade e, mais do que conhecer, é 
aceitá-la.
3 – O sistema de transcrição na LIBRAS
35
1) Os sinais em Libras serão representados por palavras da Língua 
Portuguesa em letras maiúsculas.
Exemplos: TRABALHAR, QUERER, NÃO-TER.
2) A datilologia (alfabeto manual) que é usada para expressar nome de 
pessoas, de localidades e outras palavras que não possuem um sinal, 
está representada pela palavra separada, letra por letra, por hífen 
(soletração).
Exemplos: HOTEL I-T-A-G-U-A-Ç-U
3) Na Libras não há desinências para gênero(masculino e feminino). O 
sinal, representado por palavra da língua portuguesa que possui marcas 
de gênero, está terminado com o símbolo @ para reforçar a ideia de 
ausência e não haver confusão. 
Exemplos: EL@ (ela, ele), AMIG@S (amigos ou amigas).
4) Uma expressão em Libras, que é traduzido por duas ou mais 
palavras em língua portuguesa, será representado pelas palavras 
correspondentes separadas por hífen. Exemplos: CORTAR-COM-FACA, 
QUERER-NÃO “não querer”, MEIO-DIA, AINDA-NÃO. 
5) Um sinal composto, formado por dois ou mais sinais, que será 
representado por duas ou mais palavras, mas com a ideia de uma única 
coisa, serão separados pelo símbolo ^ . Exemplos: CAVALO^LISTRA 
“zebra”.
6) Para simplifi cação, serão utilizados, para a representação de frases 
nas formas exclamativas e interrogativas, os sinais de pontuação 
utilizados na escrita das línguas orais-auditivas, ou seja: !, ? e ?! 
7) Os verbos que possuem concordância de gênero (pessoa, coisa, 
animal), através de classifi cadores, estão representados tipo de 
classifi cador em subescrito. Exemplos: pessoaANDAR, veículoANDAR, 
coisa-arredondadaCOLOCAR, 
8) Às vezes há uma marca de plural pela repetição do sinal. Esta marca 
será representada por uma cruz no lado direto acima do sinal que está 
sendo repetido: 
Exemplo: GAROTA + 
9) Quando um sinal, que geralmente é feito somente com uma das mãos, 
ou dois sinais estão sendo feitos pelas duas mãos simultaneamente, 
serão representados um abaixo do outro com indicação das mãos: 
direita (md) e esquerda (me). 
Exemplos: IGUAL (md) PESSO@-MUIT@ANDAR (me) 
IGUAL (me) PESSOAEM-PÉ (md) 
Estas convenções são utilizadas para poder representar, linearmente, 
uma língua espaço-visual, que é tridimensional.
LIBRAS com palavras da Língua Portuguesa.
Aqui optamos apenas por algumas das convenções 
apresentadas por Felipe (2007, p. 24-27):
As classes de palavras de uma língua são denominadas 
categorias gramaticais Todas as línguas possuem palavras 
que são classificadas como fazendo parte de um tipo, classe 
4 – Categorias gramaticais na LIBRAS
conforme seus aspectos morfológicos, sintáticos, semânticos 
e pragmáticos. Assim, na língua portuguesa, por exemplo, os 
substantivos são palavras que possuem desinência de gênero 
e número, são as palavras-chave de um sintagma nominal que 
pode ter a função de sujeito ou de objeto (FELIPE, 2007, p. 
31).
Embora as línguas de sinais não possuam as mesmas 
classes gramaticais e muitas línguas não possuam todas, isso 
não denota inferioridade, as línguas tem formas diferenciadas 
para expressar os conceitos. Por exemplo: na LIBRAS não há 
artigos – o, a, os, as.
Veremos um quadro simplificado das categorias 
existentes na Língua Portuguesa e na LIBRAS:
Não se deve confundir os classificadores, que são algumas 
configurações de mãos incorporadas ao movimento de certos tipos 
de verbos, com os adjetivos descritivos que, nas línguas de sinais, por 
estas serem espaço-visuais, representam iconicamente qualidades 
de objetos. Por exemplo, para dizer nestas línguas que “uma pessoa 
está vestindo uma blusa de bolinhas, quadriculada ou listrada”, estas 
expressões adjetivas serão desenhadas no peito do emissor, mas 
esta descrição não é um classificador, e sim um adjetivo que, embora 
classifique, estabelece apenas uma relação de qualidade do objeto 
e não relação de concordância de gênero: PESSOA, ANIMAL, COISA, 
que é a característica dos classificadores na LIBRAS, como também em 
outras línguas orais e de sinais (FELIPE, 2007, p.39) 
4.1. Verbos
Existem dois tipos de verbos na LIBRAS: os que 
possuem marcas de concordância e os que não as possuem. 
O primeiro tipo citado subdivide-se em 3 categorias:
• verbos que possuem concordância número-pessoal; 
• verbos que possuem concordância de gênero;
• verbos que possuem concordância com a localização;
4.2. Classificador na LIBRAS
Para os pesquisadores linguistas, um classificador é uma 
forma que existe para estabelecer um tipo de concordância 
em uma língua. 
Segundo Felipe (2007), na LIBRAS, os classificadores 
são configurações de mãos que relacionamos à coisa, pessoa 
e animal, funcionando como marcadores de concordância. 
Portanto os classificadores são marcadores de concordância 
de gênero: PESSOA, ANIMAL, COISA. 
Exemplo:
a) COPO MESAk coisa arredondadaCOLOCARk; 
4.3. Adjetivo na LIBRAS
Para os adjetivos, na LIBRAS, não há marca de gênero 
nem marca de número.
A descrição de um objeto é mais clara, se comparado 
à língua portuguesa, porque o formato ou textura são 
“desenhados” no espaço ou no corpo do emissor, exibindo 
tridimensionalidade que é característica da modalidade da 
língua. 
36Libras - Língua Brasileira de Sinais
Em relação à colocação dos adjetivos na frase, eles 
geralmente vêm após o substantivo que qualifica. 
Exemplos: 
a) RAT@ PEQUEN@, COR PRET@, ESPERT@ 
4.4. Pronome na LIBRAS
A LIBRAS possui um sistema pronominal que 
representa as pessoas de um diálogo ou discurso. Este sistema 
é conhecido como apontamento. Consiste em apontar o dedo 
para onde se quer especificar ou a pessoa que quer representar.
Na LIBRAS os pronomes demonstrativos e os advérbios 
de lugar têm o mesmo sinal, somente o contexto os diferencia 
pelo sentido da frase acompanhada de expressão facial. 
Representam o que está perto, distante e o que está junto ao 
emissor.
Exemplo: 
a) EST@ / AQUI - apontar para o lugar perto e em 
frente do emissor, acompanhado de um olhar para este ponto. 
b) ESS@ / AÍ - apontar para o lugar perto e em frente 
do receptor, acrescido de um olhar direcionado não para o 
receptor , mas para o ponto apontado perto segunda pessoa 
do discurso.
c) AQUELE / LÁ - apontar para um lugar mais distante, 
o lugar da terceira pessoa com um olhar direcionado. 
4.5. Numeral na LIBRAS 
As línguas têm formas diferentes para apresentar 
os numerais quando utilizados como cardinais, ordinais, 
quantidade, medida, idade, dias da semana ou mês, horas 
e valores monetários. Isso também acontece na LIBRAS 
(FELIPE, 2007, p. 58) 
Nesta língua há a representação para o numeral cardinal, 
diferente da representação de quantidade; no contexto, a 
representação dos números ordinais também são diferentes. 
As representações dos numerais cardinais, das quantidades, 
da idade, a partir do número 11, são idênticos. A partir do 
numeral DEZ, não há mais diferença entre os cardinais e 
ordinais. Estas diferenças se referem à configuração de mão.
5 – Psicologia, sociedade e surdez: 
a visão terapêutica e o impacto do 
olhar defi ciente sobre o surdo
Como vimos em nossa primeira aula, desde a 
Antiguidade o pensamento hegemônico da sociedade ouvinte 
é de que o surdo era um indivíduo subumano que deveria 
aprender a falar. Somente a partir da fala é que conseguiria 
desenvolvimento cognitivo.Caso contrário, seria exilado, 
isolado das relações sociais por não contribuir, em nada, para 
a evolução do Estado.
De acordo com a pesquisadora Dalcin (2006, p. 188), 
as pessoas surdas foram consideradas como indivíduos que 
necessitavam de reabilitação, dentro de uma perspectiva 
médico-terapêutica que incluía avaliação do órgão falho e 
discriminação do tratamento necessário para que chegasse, o 
máximo possível, à normalidade, como vemos nas palavras 
da própria autora:
O posicionamento médico/científi co mostrou-
se “surdo” às questões da constituição psíquica 
do sujeito surdo, negando-lhe o processo de 
humanização, que só é possível no momento em 
que ocorre o convívio humano e a participação, 
que levam ao mundo dos símbolos por meio da 
aquisição da linguagem. Dessa forma, os surdos 
acabaram por se afastar de sua comunidade, 
de sua língua e de sua cultura em virtude 
das tentativas de adaptação propostas pelos 
discursos médicos, psicológicos, econômicos, 
políticos e religiosos, que tinham como objetivo 
fazê-los falar, minimizando as diferenças e 
aplacando o mal-estar que a condição dos 
surdos provoca.
Devido às concepções oriundas das áreas médica e 
psicológica, os surdos foram enquadrados como pessoas que 
possuíam um desenvolvimento psíquico anormal, um corpo 
defeituoso, uma pessoa que não serviria para estar em convívio 
social, muitas vezes, pela possibilidade de ser “agressivo”. Este 
entendimento nos faz associar a imagem o surdo à um animal 
que precisa ser domesticado para conviver com a família e 
outras pessoas. 
Por muito tempo os surdos ficaram no meio do caminho 
entre os ouvintes com sua ‘plenitude intelectual’ de qualidade 
superior e os traços de anormalidade que os afastavam da 
aceitação social, principalmente por se comunicar através de 
sinais, que não possuíam status de língua.
Vamos pensar, portanto, no impacto que este 
comportamento social causou na constituição da subjetividade 
do sujeito surdo. Será que eles se viam como pessoas? Eles 
se reconheciam como surdos ou como pessoas deficientes? A 
eles era concedido o direito de ser participante ou fardo?
Esses fatos históricos contribuíram para que as pessoas 
que possuem a deficiência auditiva se organizassem em um 
grupo que luta pelo reconhecimento da sua língua e para se 
tornarem visíveis, como vemos outros autores explicarem: 
A separação entre grupos humanos é produzida 
socialmente, bem como sua integração, na 
medida em que toda forma de preconceito, toda 
discriminação, todo comportamento humano 
está subordinado à cultura que os constrói, 
propaga, veicula e sedimenta. São as normas 
sociais que “autorizam” essa separação, normas 
que organizam toda a nossa vida social, modos 
de falar, de vestir-se, de atuar no mundo, de 
pensar etc. O modo como a surdez vem sendo 
descrita está ideologicamente relacionado a 
essas normas. Assim como a luta política por 
novas normas: cultura e identidade surdas, 
inclusão do surdo nas minorias sociais, junto 
com os negros e índios. Essa luta pela inclusão 
é uma forma de “garantia” de afastamento da 
“anormalidade” e aproximação das minorias, 
normais embora diferentes. (SANTANA; 
BERGAMO, 2005, p. 566)
Todo esse emaranhado de pensamentos e concepções 
relativos à pessoa surda contribuíram para que o surdo 
desenvolvesse um sentimento de não pertencimento ao meio 
37
6 – Pensamento de respeito à diferença 
construindo uma “ nova subjetividade”
7 – Formação do sujeito surdo nos 
espaços escolares 
social, à família. 
Mas, através das lutas sociais iniciadas pelas comunidades 
surdas pelo reconhecimento da língua de sinais, a mudança de 
paradigma teve seu início no final do século XX.
A luta da comunidade surda, primeiramente, foi pelo 
reconhecimento de uma língua natural e própria e pelo 
direito de se comunicar através dos sinais. Pesquisas no 
campo da linguística evidenciam que os surdos desenvolvem 
naturalmente uma comunicação visual, e, por esse motivo, as 
línguas de sinais devem ser consideradas sistemas legítimos de 
comunicação assim como as línguas orais. No caso do Brasil, os 
surdos desenvolveram a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) 
e lutam pela sua difusão e uso. Estas lutas refletem a ânsia do 
sujeito surdo em ser considerado humano, em sua plenitude, 
dotado de capacidades cognitivas e de desenvolvimento de 
uma linguagem própria, que se difere da maioria ouvinte.
Devemos ficar atentos, pois, ao fato de que nem sempre 
as sociedades aceitam as línguas de sinais como naturais aos 
surdos, sem críticas. De igual forma também existem opiniões 
contrárias à utilização desta língua pelos surdos, conforme nos 
explica Carlos Skliar (1997, p. 14):
É bastante comum defi nir a comunidade surda 
como uma minoria linguística, baseando-se no 
fato de que a língua de sinais é utilizada por um 
grupo restrito de usuários, os quais, seguindo 
tal lógica discursiva, vivem uma situação 
de desvantagem social, de desigualdade, e 
participam, limitadamente, na vida da sociedade 
majoritária. Resulta curiosa a coincidência desta 
defi nição com alguns dos discursos dominantes 
na educação dos surdos, especifi camente aquelas 
que insistem como diz Anderson (1989), em 
que o uso da língua de sinais constitui sempre 
um fator de exclusão da sociedade majoritária.
Através das pesquisas realizadas relativas à surdez, o povo 
surdo se organizou e buscou capacitação para garantir um 
posicionamento político consistente diante das concepções a 
eles dirigidas. Não aceitariam mais o enquadramento em uma 
posição de deficiência, posto que possuiam diferença linguística 
e de constituição subjetiva.
Assim, chegaram à concepção que embasa todos os 
documentos oficiais e as propostas educacionais para as 
pessoas surdas: surdez como diferença.
Quando falamos em diferença, nos referimos às diferenças 
culturais nos diversos meios sociais. O surdo como sujeito 
cultural, construindo sua identidade dentro de um contexto 
intercultural.
A este respeito, Perlin&Strobel (2006, p. 28) têm a dizer:
Entramos em momentos que primam pela 
defesa cultural: a educação na diferença na 
mediação intercultural. Esta modalidade oferece 
fundamento para a educação dos surdos a partir 
de uma visão em uma outra fi losofi a invariável 
hoje. Em que a educação dá-se no momento em 
que o surdo é colocado em contato com sua 
diferença para que aconteça a subjetivação e as 
trocas culturais. A modalidade da ‘diferença’ 
se fundamenta na subjetivação cultural. Ele 
surge no momento que os surdos atingem sua 
identidade, através da diferença cultural, surge 
no espaço pós-colonial. Neste espaço não mais 
há a sujeição ao que é do ouvinte, não ocorre 
mais a hibridação, ocorre a aprendizagem 
nativa própria do surdo.
Sendo assim, como nos aproximamos das pessoas 
diferentes? O que estamos construindo para o futuro? Uma 
geração que realmente cultive o pensamento da diferença e sua 
aceitação/inclusão ou mais um mascaramento da realidade do 
pensamento hegemônico das “maiorias”?
Atuando baseadas em uma perspectiva inclusiva, 
conforme os documentos oficiais, dentro da proposta de 
educação bilíngue para surdos, as escolas têm como missão 
primordial, promover a formação do sujeito surdo para que 
atinja autonomia, cidadania e conhecimento cultural. 
Para isso, os educadores e gestores devem pensar uma 
maneira de estimular um ambiente de aceitação das diferenças 
e interação social plena.
É importante, portanto, que saibamos quais os 
fundamentos teóricos e filosóficos que embasaram a construção 
das políticas de inclusão escolar para compreendermos o que 
se espera da pessoa surda escolarizada em uma sociedade 
moderna, que é (ou não!) a nossa.
Esse sujeito entendido no pensamento moderno 
representa as concepções de sujeito instaurado pela filosofia 
platônica e pela tradição hebraica, que mais tarde foram 
retomadas pelo Cristianismo, Humanismo e Idealismo 
Alemão. Esse sujeito era visto como uma unidade racional 
ocupando o centro dos processos sociais. Porém,dado que 
sua racionalidade não estaria completa, far-se-ia necessário 
um projeto pedagógico que o tirasse da menoridade e o 
transformasse no dono de sua própria consciência e um 
agente de sua própria história (Veiga-Neto, 2000, p. 50).
Assim, a educação de pessoas surdas é pensada e 
implementada por políticas públicas em Educação Especial, 
dentro da política educacional, regida por esta base filosófica: 
a da concepção do sujeito surdo.
As discussões políticas, que envolvem a educação de 
todas as pessoas com necessidades educacionais especiais, 
trazem uma proposta alicerce para a educação do aluno 
surdo: que a escolarização seja realizada no ensino regular, na 
perspectiva da educação inclusiva.
Esta proposta de educação inclusiva diz respeito a uma 
escola de qualidade para todos. Uma escola que não segregue, 
não rotule e não expulse seus alunos, mas assuma e atenda 
a diversidade de características dos mesmos. Portanto, torna-
se necessário um processo de transformação da escola. 
Repensar a práxis educacional, refletindo sobre a formação 
de professores, a participação da comunidade escolar (alunos, 
professores, funcionários, família), as metodologias de ensino 
38Libras - Língua Brasileira de Sinais
e a organização do espaço escolar para atender todos em suas 
diferenças.
A participação dos pais na comunidade escolar diz 
respeito à valorização do processo de escolarização do 
filho surdo, o interesse pela organização do espaço escolar, 
o constante diálogo com os gestores e professores e a 
participação efetiva nas atividades requeridas pela escola. 
Disso depende a identificação do sujeito surdo, como 
pertencente a uma família e seguro de sua atuação/interação 
no espaço escolar, ambos entendendo o significado de uma 
educação inclusiva.
Nas escolas, para atender o aluno surdo, as propostas 
inclusivas orientam para que essa educação seja realizada numa 
perspectiva bilíngue, onde a criança aprende a Língua de Sinais 
como primeira língua e a Língua Portuguesa, na modalidade 
escrita, como segunda Língua. Devido a estes pressupostos, a 
Língua de Sinais deve ser valorizada nos ambientes escolares.
Segundo Lacerda (2006, p.181), uma questão desafiadora 
seria a organização do espaço escolar e das práticas 
pedagógicas para a inclusão do aluno surdo no ensino regular. 
Aponta que o aluno surdo está inserido em um ambiente 
pensado e organizado para alunos ouvintes.
Essa realidade precisa ser modificada para que esse 
aluno se sinta pertencente ao espaço escolar. Além do acesso 
e da eliminação das barreiras de comunicação, torna-se 
indispensável pensar na qualidade do ensino oferecido à esse 
aluno, na função que a escola tem assumido para ele e no 
significado que a escola tem para o aluno surdo.
O decreto 5626/2005 que regulamenta a lei 10436/02, 
a Lei da Libras, reconhece o uso da LIBRAS pelos cidadãos 
surdos do Brasil e, entre outros, dispõe da formação do 
professor para atuar na educação de surdos.
Através dos apontamentos abaixo, vamos demonstrar 
os requisitos necessários a este professor e qual o papel deve 
assumir na educação especial de alunos surdos:
• Ser capacitado para receber o aluno surdo, ou seja, 
precisa ter formação superior oferecida pelas IES (Instituições 
de Ensino Superior).
• Conhecer a língua de sinais, a condição bilíngue do 
sujeito surdo, e os aspectos identitários, sócio-cuturais e 
psíquicos desses sujeitos; 
• Entender as implicações do processo ensino-
aprendizagem que privilegie o modelo bilíngue;
• Reavaliar, constantemente, suas práticas pedagógicas e 
concepções a respeito da surdez, evitando qualquer atitude 
que constranja, deprecie ou exclua o aluno surdo.
Ilustração de www.ellenguimaraes.blogspot.com
1 – Características das línguas de sinais
Nesta seção, “Características das línguas de sinais”, vimos 
que o reconhecimento da LIBRAS como língua deu-se nos 
tempos modernos. Isto ocorreu após estudiosos linguistas 
se interessarem em pesquisá-las e divulgar suas proposições. 
Assim, as pessoas surdas puderam utilizar uma língua própria, 
que por sua vez, atende a todos os critérios gramaticais, se 
comparada a uma língua oral. Porém, tal constatação não 
é capaz de desmistificar todos os mitos existentes acerca da 
LIBRAS; nesta seção, apresentamos alguns deles e algumas 
características principais da comunicação com os surdos.
2 – Aspectos gramaticais básicos: parâmetros do 
sinal
Nesta seção, “Aspectos gramaticais básicos: parâmetros do 
sinal”, trouxemos os parâmetros da LIBRAS: regra gramática 
para realização correta dos sinais. Entender os parâmetros e 
respeitá-los, garante ao emissor a assertividade dos sinais bem 
como a transmissão correta da mensagem.
3 – O sistema de transcrição na LIBRAS
Apresentamos, aqui, em “O sistema de transcrição na 
LIBRAS” um sistema de transcrição criado para o registro 
da LIBRAS com correspondentes na língua portuguesa. Ou 
seja, como a LIBRAS não possui modalidade escrita, usamos 
as palavras em português para denominar um sinal realizado; 
porém, o sistema criado tem algumas especificidades de leitura, 
para melhor entendimento do receptor, geralmente ouvinte.
4 – Categorias gramaticais na LIBRAS
Em “Categorias gramaticais na LIBRAS”, uma breve 
explanação sobre as categorias gramaticais existentes na 
LIBRAS e como elas se articulam para realização dos sinais e 
formação de frases, em um contexto.
Espero que o resultado da leitura tenha sido satisfatório, 
apesar de o tema “Gramática” ser complexo em qualquer 
língua, seja ela de sinais, seja de modalidade oral.
5 – Psicologia, sociedade e surdez: a visão terapêutica 
e o impacto do olhar deficiente sobre o sujeito surdo
Entendemos, nesta seção, como se deu a construção das 
primeiras concepções relativas à surdez. Da antiguidade até 
o meados século XX, o sujeito surdo era entendido como 
anormal, defeituoso, necessitando de cura. Tais concepções 
sobre sujeito foram construídas baseadas nas crenças religiosas 
e divisão social e econômica da época. Para o povo surdo restou, 
somente, o isolamento, a impossibilidade de desenvolvimento 
pleno e a vergonha de ser quem era.
6 – Pensamento de respeito à diferença construindo 
Retomando a aula
Façamos, agora, uma revisão do que foi exposto:
39
Vale a pena
“Filhos do Silêncio”
Título Original: Children of a Lesser God
Gênero: drama
Diretor: Randa Haines
Lançamento: EUA - 1986
Um filme que desvela o preconceito dos alunos 
e professores diante de uma aluna surda que, após sua 
formatura, decide permanecer na escola como professora 
de surdos.
Vale a pena assistir
Então, aqui deixaremos indicações de leitura para 
complemento da aula:
Livro: “Libras em Contexto” de Tany. Disponível em: 
http://www.librasemcontexto.org/
Livro: “Por uma Gramática da Língua de Sinais” de Lucinda 
F. Brito. Considerado um clássico nos estudos linguísticos 
das línguas de sinais.
Vale a pena
Vale a pena ler
Não esqueçam! Qualquer dúvida, façam suas perguntas no Quadro 
de avisos ou comuniquem-se pelo Fórum. Nunca deixem de esclarecer 
suas dúvidas!
uma “nova subjetividade”
O reconhecimento das línguas de sinais como sendo 
imprescindível para o desenvolvimento cognitivo dos surdos 
foi alcançada através dos movimentos de lutas sociais e 
resistência política, no início da década de 1980. As lutas da 
comunidade surda geraram pesquisas e discussões, nas quais 
se baseiam a concepção atual acerca do sujeito surdo: surdez 
como diferença cultural. 
7 – Formação do sujeito surdo nos espaços escolares
Nesta seção, vimos como as políticas públicas entendem o 
sujeito surdo para elaboração de diretrizes para implementação 
dos espaços escolares. Assim, como trabalhar com este sujeito 
dentro das escolas regulares? Organizando a escola de modo 
a oferecer, a este aluno, o acesso a duas línguas: LIBRAS e 
Língua Portuguesa. Também o papel não menos importante 
do professor, que precisa, além de estar capacitado para 
receber este aluno, de estimular um ambiente de aceitação dasdiferenças.
Para finalizar...
As conquistas da comunidade surda se deram em meio a 
conflitos e jogos de interesse. Uma luta política pelo direito de 
pertencer a uma nação, mesmo não utilizando sua língua oficial 
e oral. O direito de ser reconhecido como sujeito cultural e, 
sendo assim, em contato com as diversas culturas existentes na 
sociedade.
Devemos lembrar, sempre, que os discursos são variados 
e democráticos. Se não estivermos dentro da militância, 
poderemos discutir com mais cautela todas as implicações 
neste processo de inclusão.

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