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Racismo e Pluralidade Cultural no Brasil

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4ºAula
Racismo e Pluridade Cultural
Nesta aula vamos debater alguns dados da situação do 
racismo no Brasil, abordando a pluralidade cultural e as 
legislações que obrigam a escola a incluir nos seus currículos 
conteúdos que dizem respeito à cultura afro-brasileira e 
indígena. Vamos também compreender o que é racismo e a 
situação atual no Brasil, conhecer a legislação que aborda o 
assunto e entender a importância da pluralidade cultural no 
contexto educacional.
Boa aula!
Objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, vocês serão capazes de:
• compreender o teor e a importância da Lei 10.639/2003 para a atuação do professor em sala de aula perante as mudanças 
no currículo oficial que prevê o ensino da história e cultura afro-brasileira;
• definir o conceito de ações afirmativas.
• identificar quais são as ações afirmativas referentes à diversidade cultural e racial;
• compreender a contextualização histórica do continente africano;
• identificar e reconhecer as línguas africanas no Brasil e o seu contexto educacional;
• promover um conhecimento sobre a música, dança, esporte e artesanato africano.
24Relações Étnico-Raciais na Educação (Diversidade e Educação Indígena)
1 - O perfil da discriminação racial no brasil
2 - Mas, o que é etnia?
3 - A legislação
4 - Reflexões sobre a lei 10.639/2003
5 - Educação para todos: políticas de ação afirmativa
Seções de estudo
O tema Discriminação racial e de gênero ainda aparece como assunto 
esquecido, que não precisa e não deve ser tratado.
1 - O perfil da discriminação racial no 
Brasil
Nos momentos históricos que o Brasil passa durante 
toda nossa história, pensamos que os negros e os índios 
entre outras comunidades da diversidade cultural lutam 
pela descriminação e toda a luta que passaram por anos, e 
que até hoje ainda perpetua por conta das questões sociais 
impregnadas em nosso meio social.. E com isso, sempre 
estamos em constante busca e desenvolvendo atividades e 
premissas para a melhoria de toda essa aculturação que deve 
ser pensada e não somente combatida. A discriminação visa 
um olhar dos sujeitos que tende a ser combatida para que 
muitos possam se ver como integrantes em nossa sociedade. 
Disfarçado, o racismo ainda é a forma mais clara de 
discriminação na sociedade brasileira, apesar de o brasileiro 
não admitir seu preconceito. “A emoção das pessoas, o 
sentimento inferior delas é que é racista. Quando racionalizam, 
elas não se reconhecem assim, não identificam em suas 
atitudes componentes de discriminação”, analisa Alcione 
Araújo, escritora e dramatista, citada por Bazé Lima (2010 p. 
83). O brasileiro tem dificuldade de assumir o seu racismo 
devido ao processo de convivência cordial que distorce o 
conflito. Devido a isso, por estar dissimulado, é difícil de ser 
combatido. O ato de descriminação deve ser repensado e não 
desenvolvido de maneira distinta, deve-se agregar as partes e 
não lutar de forma parcial.
As práticas do racismo são diversas e se apresentam de 
diversas formas. Por meio das estatísticas sobre escolaridade, 
mercado de trabalho, criminalidade, presença nas artes e 
outros, pode-se perceber o problema na prática.
A discriminação dá-se de duas formas: direta ou indireta.
Diz-se discriminação direta a adoção de regras gerais que 
estabelecem distinções através de proibições. É o preconceito 
expressado de maneira clara como, por exemplo, dar 
tratamento desigual, ou mesmo negar direitos a um indivíduo 
ou grupo determinado. Já a discriminação indireta está 
relacionada a ações neutras, mas que de alguma forma ainda 
leva a essa ação negativa em massa em nosso Brasil. 
É espantosa a naturalidade com que as pessoas — mesmo 
as públicas, dotadas de cargos importantes da sociedade, e as 
pessoas mais esclarecidas — manifestam seus preconceitos. 
Elas parecem não perceber o que estão fazendo e como 
colaboram para a internalização do preconceito, já que suas 
falas são tidas como verdade.
Discriminados e marginalizados, o negro e o índio 
perante a sociedade tem uma imagem de desqualificado, 
incapaz, impondo-se lhe a restrição do mercado de trabalho.
Em posições aquém da merecida, sofre com maior 
intensidade a situação socioeconômica intensa do desemprego, 
marcado pelo estigma de ser preto ou pardo. 
Todo o processo independente do que possa ser discutido 
leva a reflexão e a conscientização das partes, em especial no 
que competem as políticas públicas que visam a melhoria de 
todo o processo de apoio legal. Mas precisamos ter a opinião 
de que sempre devem-se melhorar as demandas sobre questões 
sociais e emergentes em sociedade. 
A sociedade deve se conscientizar que a luta não é somente 
de um grupo ou etnia, mas sim de toda a população que 
necessita de respeito e dignidade para viver em uma sociedade. 
Os esforços para a mudança organizacional também estão 
levando em conta a necessidade de abordar, discutir e ampliar 
a nossa reflexão sobre o tema.
No enfoque sobre relações raciais, a maioria das pessoas 
trabalha com suas experiências de vida e com seu senso 
comum. Assim a discriminação não é muito bem entendida, 
muito menos se sabe como se manifesta; daí o brasileiro 
afirmar que há racismo e discriminação na sociedade, mas, 
individualmente, ter dificuldade de afirmar atitudes e práticas 
racistas.
Portanto, há um preconceito em se reconhecer que 
há preconceitos — quem discrimina é sempre “o outro”. 
Além disso, todos discriminam ou são discriminados de 
alguma forma. As respostas têm de ser procuradas nos que 
discriminam, não nas vítimas ou nos discriminados, que sofrem 
muitas arbitrariedades, sob os mais mesquinhos pretextos.
Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=imagem+sobre+racismo&newwind
ow=1&safe=active&client=firefox-b&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ved=0ahUKEwi
O5dyB3LbUAhWHvJAKHY0EDsMQsAQIJg&biw=1366&bih=631#imgrc=4q4wNN-003_fUM:>.
2 - Mas, o que é etnia?
Durante muito tempo, fomos acostumados a classificar 
pessoas usando categorias baseadas na cor da pele, na textura 
do cabelo, nos traços físicos, etc. Assim, criou-se o senso 
comum das três raças distintas: amarela, negra e branca.
O conceito de raça, segundo o Dicionário Aurélio (1986, 
p. 1442), é um “conjunto de indivíduos cujos caracteres 
somáticos, tais como cor da pele,
a conformação do crânio e do rosto, o tipo de cabelo, etc., 
são semelhantes e se transmitem por hereditariedade, embora 
variem de indivíduo para indivíduo”.
25
O que significa tratar os “diferentes” enquanto “iguais”?
3 - A Legislação
4 - Reflexões sobre a lei 10.639/2003
CONCEITO
Etnia é “um grupo biológico e culturalmente homogêneo” 
(DICIONÁRIO AURÉLIO, 1986, p.733).
Assim, etnia pode ser usada de forma isoladamente para 
classificar ou determinar os humanos, pois as culturas não são 
estáticas nem puras. Por estarmos envolvidos e culturalmente 
falando em algum momento vamos agregar mais de uma 
cultura, pois somos de uma sociedade com tanta diversidade. 
Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=imagem+sobre+racismo&newwin-
dow=1&safe=active&client=firefox-b&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ved=0ahUKE-
wiO5dyB3LbUAhWHvJAKHY0EDsMQsAQIJg&biw=1366&bih=631#newwindow=1&safe=acti-
ve&tbm=isch&q=tipos+de+etnias&imgrc=buqHXHeuFtSJzM>.
Inserida, então, nesse mar de diversas culturas, resolvemos 
adotar a terminologia étnico-racial, uma vez que tais conceitos já 
fazem parte da cultura brasileira. Como medida de valorização 
dessa pluralidade cultural o governo brasileiro instituiu uma 
legislação que obriga a escola a incluir no conteúdo a história e 
cultura afro-brasileira e indígena.
A Lei 11.645, de 10 de março de 2008, obriga o ensino 
da história e da cultura indígena e afro-brasileira nas escolas de 
ensino fundamental e médio, particulares e públicas do Brasil
Alei altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional, Lei n. 9394 de 20 de dezembro de 1996, que 
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
A Lei 11.645 incluino currículo oficial da rede de ensino a 
temática “História e Cultura Afro-brasileira e Indígena”.
Isso quer dizer que o ensino da História Brasileira deverá 
considerar e relatar as contribuições das diferentes culturas e 
etnias para a formação da população brasileira, em especial as 
matrizes indígena, africana e europeia.
A Lei representa a intenção do governo brasileiro de 
reparar o tratamento de exclusão recebido pelos povos africano 
e indígena ao longo do tempo, com o objetivo de combater a 
ideia etnocêntrica de que existe um único modelo civilizatório 
que inferioriza a diferença.
Nota-se o desafio que a lei imprime, pois para que seja 
funcional é preciso que ela interaja com o currículo. Então 
colocamos em discussão: a escola está preparada para isso?
Esta é a mola mestra na formação do perfil de um professor 
que se compromete a combater o racismo, o preconceito e a 
discriminação, os quais não produzem nenhum benefício para 
a escola ou a sociedade.
Ao adotarmos uma postura combativa, percebemos 
que estamos lutando contra algo que, na maior parte das 
vezes, encontra-se mascarado atrás de valores historicamente 
cultivados e normas sociais devidamente estabelecidas. Elas 
influenciam o agir e o pensar da etnia dominante sobre a etnia 
dominada.
Ainda hoje, muitos profissionais não compreendem a 
importância que caracteriza o encontro de diferentes etnias por 
acreditarem que, ao não promoverem ações discriminatórias, 
elas não existam. Caso a discriminação aconteça, pensam 
que quanto mais salientarmos, mais discriminação estaremos 
gerando. Tal ideologia deve ser modificada, pois a sua 
permanência significa não dar voz ao aluno negro, índio, 
asiático e outros, e estigmatizar o preconceito.
4.1 - Tratando o “diferente” de 
maneira diferente
Historicamente a sociedade brasileira vem tratando 
os diferentes enquanto iguais, e, o que se vê de fato é a 
permanência das grandes desigualdades sócias raciais. Mas 
como ocorre isso? Ou melhor, por que problematizar a 
igualdade na diferença, se tudo que se busca é uma sociedade 
igualitária? E mais, qual é a validade desse questionamento no 
atual contexto brasileiro?
Trazer o diálogo dos diferentes enquanto desiguais para, 
aí sim, buscarmos de fato a igualdade implica em entender 
que a diferença tem a ver com possibilidades, ou seja, com 
as condições de acesso aos recursos materiais da sociedade, e 
não com identidade.
Então, como contextualizar a partir do olhar da 
complexidade que nos impõe a nova agenda de discussões 
culturais, de modo a provocar rupturas nos valores 
hegemonizados pelo culturalismo, as discussões emergentes 
a partir do atravessamento do discurso da diversidade 
sociocultural brasileira?
É nessa busca de possibilidades que trago a Lei 10.639, 
de 9 de janeiro de 2003, que altera a Lei 9.394/1996, que 
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para 
incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade 
da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, que em seu 
Art. 26-A, no caput § 1º do conteúdo programático, inclui o 
estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros 
no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da 
sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro 
nas áreas social, econômica e política pertinentes à História 
do Brasil, neste momento intelectual e político efervescente 
do qual emergem reflexões e ações paradoxais que expõem 
e propõem o quanto de efervescência e paradoxalidade 
constitui e institui o que chamamos de realidade. Aos termos 
consciência ou ciência dessa realidade, permite-nos salientar 
que o povo brasileiro é constituído de uma diversidade e 
pluralidade que nos torna singular.
Essas questões devem ser repensadas, pois cada 
povo tem sua forma de representatividade em meio as 
26Relações Étnico-Raciais na Educação (Diversidade e Educação Indígena)
diversidades e singularidades culturais. E com isso pensa-se 
que a heterogeneidade é uma característica viva em todos que 
estão envolvidos no processo cultural. Com isso, podemos 
observar o que apresenta a Lei 10.639, com a perspectiva 
de trabalhar na formação de professores para a diversidade 
étnico-racial, significa não apenas possibilitar o aprendizado 
de uma cultura que é baseada na oral, mas a constituição 
da interdisciplinaridade dos conhecimentos da história e da 
cultura do negro no Brasil.
Pensar na formação docente como mecanismo de dar 
conta da demanda trazida pela Lei 10.639 pressupõe, antes 
de tudo, descrever de que “lugar” e “olhar” falamos, ou seja, 
implica em dizer que em nome da diversidade étnico-racial é 
preciso adotar nova postura frente ao processo educacional. 
Ao analisar qual concepção está presente e se impõe ao 
sujeito social histórico, como nos diz Brandão (1986), de um 
lugar Generalizante (com uma posição social abstrata) como 
o historicamente definido, ou Significativo no qual damos 
atenção aos seus sentimentos, pensamentos, expectativas e a 
sua realidade.
Segundo, ainda, Brandão, a prática educacional 
catequética do passado que destrói na vida, na consciência e na 
cultura, a diferença do outro de “mim”, necessita ser abolida, 
porque ela é responsável pela cristianização do índio, pelo 
batismo do negro e pela opressão das mulheres. Necessita-
se pensar em um processo educacional que resinifique a 
cultura e a identidade das diversas culturas.
A educação, longe de ser uma prática desinteressada e 
neutra, é um importante instrumento de reprodução social 
que impõe ao educando o modo de pensar considerado 
correto, a maneira “científica”, “racional”, “verdadeira” de se 
entender e explicar a sociedade, a família, o trabalho, o poder, 
bem como os modelos sociais de comportamento.
4.2 - Ainda sobre a Legislação
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
define como finalidade da educação básica, “desenvolver 
o educando, assegurar-lhe a formação indispensável para o 
exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir 
no trabalho e em estudos posteriores”. Culminado a isso, 
a Lei 10.639 de janeiro de 2003, que em seus artigos 26-
A, 79-A e 79- B, institui nos estabelecimentos de ensino 
fundamental e médio, oficiais e particulares, a obrigatoriedade 
do ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. E ainda, 
os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira 
serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em 
especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e 
História Brasileira.
A formação de professores para dar conta da 
implementação desta Lei, se dá no contexto atual do 
estabelecimento de um conjunto de Políticas Públicas 
de Ações Afirmativas para população afrodescendente e 
indígena, através do protagonismo central do Programa 
Diversidade na Universidade do Ministério da Educação 
(2001), da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da 
Igualdade Racial da Presidência da República - SEPPIR 
(2003), da Fundação Cultural Palmares do Ministério da 
Cultura - FCP/Minc 1998 - Governo Fernando Henrique 
Cardoso, do Conselho Nacional de Combate à Discriminação 
da Secretaria Especial de Direitos Humanos do Ministério da 
Justiça - CNCD/SEDH/MJ (2001).
Essa configuração política de políticas encontra sua 
história nos vários tratados internacionais de Direitos 
Humanos, assinados pelos governos brasileiros desde 1944 
com a Declaração Universal dos Direitos Humanos e as 
Convenções Internacionais Sobre a Eliminação de Todas 
as Formas de Discriminação Racial, de 1969, que introduz 
o princípio da discriminação positiva (consignado na atual 
Constituição brasileira) sustentando:
→ o dever do estado de erradicar a marginalização e as 
desigualdades;
→ o estabelecimento de prestações positivas em prol da 
promoção e integração de segmentos desfavorecidos e
→ a prescrição da discriminação justa para compensar 
a desigualdade de oportunidade ou fomentar setores 
considerados prioritários.
Também encontrasua história tanto na ação e organização 
das entidades e grupos do Movimento Negro, quanto nas 
pesquisas e reflexões acadêmicas sobre as questões étnico- 
racial, estas tendo como fundamento teórico-metodológico 
tanto as inspirações e aspirações vivenciado pela população 
negra. 
Segundo Kuenzer (1998) “as novas bases materiais 
que caracterizam a produção (reestruturação produtiva), 
a economia (globalização) e a política (neoliberal) trazem 
profundas implicações para a educação deste século”, pois 
cada projeto corresponde as suas demandas de formação de 
intelectuais, tanto dirigentes quanto trabalhadores como um 
todo coerente.
Aos educadores cabe, dada a especificidade de sua função, 
fazer a leitura e a necessária análise deste projeto pedagógico em 
curso, de modo a tomar por base as circunstâncias concretas, 
participar da organização coletiva em busca da construção de 
alternativas que articulem a educação aos demais processos 
de desenvolvimento e consolidação de relações sociais 
verdadeiramente democráticas.
5 - Educação para todos: políticas de 
ação afirmativa
O artigo acima 
mencionado, autoria de 
Dircenara dos Santos Sange, 
tem como foco apresentar 
uma discussão atual a respeito 
do tema das ações afirmativas 
como políticas públicas. Essa temática vem se inscrevendo na 
agenda nacional de maneira definitiva no que tange os negros 
brasileiros: da Lei Federal 10.639/03, dos programas de cotas 
nas Instituições de Ensino Superior, na reserva de vagas 
para afrodescendentes nos concursos públicos, nos NEAB’s 
(Núcleos de Educação Afro-brasileiras), entre outros.
No entanto, precisamos ainda comprovar com as pesquisas 
realizadas pelos órgãos oficiais o abismo social existente entre 
brancos e negros na nação brasileira. A diferença é revelada 
através dos dados, ficando evidente quais os indivíduos que 
estão situados nos piores percentuais na escola, no mercado de 
Doutoranda e Mestre em Educação 
pela Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul, Especialista em 
Gestão Educacional – UFSM, Pes- 
quisadora do TRAMSE (Trabalho, 
Movimentos Sociais e Educação) 
e Conselheira da Organização de 
Mulheres Negras – Maria Mulher.
27
trabalho, nas condições básicas de vida.
Com base nas pesquisas que apresentam a discrepância 
nos números entre os brasileiros, percebemos a necessidade de 
meios que possibilitem erradicar ou minimizar as desigualdades 
existentes entre os cidadãos. Para tanto, as políticas de ações 
afirmativas seria uma das possibilidades para mudar esse 
quadro.
Mais especificamente, no aspecto educacional, a partir 
do ano de 2003, temos a Lei Federal assinada pelo Presidente 
Luiz Inácio Lula da Silva, que traz a História e Cultura Afro- 
brasileira e Africana e as Relações Raciais como obrigatoriedade 
nas escolas brasileiras.
Para finalizar essa introdução, apresento os aspectos 
que serão abordados neste artigo: começo trazendo alguns 
percentuais das pesquisas na área educacional. Após, situo as 
políticas de ação afirmativa no cenário mundial. Continuando, 
trago o conceito de ação afirmativa, e no término desse trabalho, 
abordo a Lei 10.639 e as possibilidades que esta oferece pela 
primeira vez na história da educação brasileira.
5.1 - Conhecendo a realidade dos 
dados
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 
mostra, em números, uma retrospectiva feita na década 
de 90 do século passado, com a categoria cor no Brasil. A 
população brasileira compõe-se de 54% de brancos e 45% de 
não brancos, ou negros (somando-se pretos e pardos), (Brasil, 
Ministério do Planejamento e Orçamento, 2000).
Cabe ressaltar que houve uma mudança significativa nessa 
afirmação, visto que os indivíduos ao se declararem segundo a 
sua cor ou raça têm demonstrado um outro olhar, de 1993 a 
2003 nas pesquisas realizadas.
A população que se declarara branca sofreu 
redução de 2%, passando de 54,3% para 52,1%, 
enquanto os percentuais de pretos (de 5,1% para 
5,9%) e pardos (de 40% para 41,4%) cresceram. 
No Nordeste, a participação de pretos passou 
de 5,2% para 6,4% no período. No Sul, essa 
proporção passou de 3% para 3,7% e, no 
Centro-Oeste, de 2,8% para 4,5%. Os pardos 
também tiveram aumento: no Sudeste, sua 
proporção, que era de 27,7% em 1993, subiu 
para 30,3%; no Sul, de 12,1% para 13,4%; e no 
Centro-Oeste, de 48,9% para 51,8%.
Esses dados apontam o aumento do número de negros se 
autodeclarando como tal, e mais precisamente na região sul do 
país o quadro fica assim constituído: 3,7% para pretos e 13,4% 
para pardos, totalizando 17,1% de negros ou não brancos.
Com base nos dados nacionais, destaco a área educacional 
como foco do estudo. Quando consideramos a taxa de 
analfabetismo, a dos negros é de 16,9% e a dos brancos é de 
apenas 7,1%. Segundo o Censo de 2000, dados sobre nível 
de instrução por raça revelam: 18% dos pretos e 14,5% dos 
pardos estudaram por menos de um ano na vida contra 7,5% 
dos brancos e 6% dos amarelos. Entre aqueles que estudaram 
mais de 11 anos, os brancos são 25% e os amarelos 47%, os 
pretos apenas 11% e os pardos 12%.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais 
Anísio Teixeira (INEP) destaca no seu Informativo nº 88 de 
11 de maio de 2005 a pesquisa realizada pelo Pnad (Pesquisa 
Nacional por Amostra de Domicílios, 2003) / IBGE 
menciona que: pretos e pardos, na faixa etária de 15 a 17 anos, 
que não concluíram o ensino fundamental somam 63,6%, 
enquanto os brancos e amarelos na mesma faixa são 37,8%. 
Na faixa seguinte – de 18 a 24 anos – na mesma situação de 
desvantagem na escolarização: há 44,3% de pretos e pardos 
contra 23,1% de brancos e amarelos. Partindo do pressuposto 
de que a população de 15 anos ou mais que não concluiu o 
ensino fundamental é predominantemente pobre, é razoável 
supor que pretos e pardos pobres estão em pior situação do 
que os brancos e amarelos pobres. Nesse ponto do texto 
cumpre destacar os percentuais que revelam a questão não 
sendo simplesmente de classe social, mas também de cunho 
racial: Em 1999, entre as famílias brancas pobres, vemos que 
21% das crianças de 7 anos não frequentam a escola, enquanto 
que esse valor é de 30,5% entre as famílias negras pobres.
Analisando a população brasileira como um todo, 
constatamos que apenas 20,4% dos alunos de 15 anos 
conseguem finalizar esse nível de ensino. Quando consideramos 
essas informações sob o recorte racial, observamos que 29,2% 
dos brancos completam o ensino fundamental e apenas 11,5% 
dos negros chegam a este resultado.
Após essa breve contextualização de dados estatísticos 
confirmando a desigualdade entre brancos e negros na 
educação e na sociedade de maneira geral, passo a discutir as 
políticas de ação afirmativa como uma forma de superação 
desse quadro.
5.2 – Política de ação afirmativa, 
algumas referências
Esta parte do texto situa os primórdios da ação 
afirmativa como sendo uma política já implantada em outros 
países e, no caso brasileiro, estamos começando a reclamar 
essa possibilidade. Em 1963, nos Estados Unidos, no governo 
de John Kennedy, já existiam políticas de ação afirmativa nas 
universidades.
No Brasil tivemos a Lei do Boi de 1968 que dizia: “Os 
estabelecimentos de ensino médio agrícola e as escolas 
superiores de agricultura e veterinária, mantidas pela União, 
reservarão anualmente, de preferência, cinquenta por cento 
de suas vagas a candidatos agricultores ou filhos destes, 
proprietários ou não de terras, que residam com suas famílias 
na zona rural, e trinta por cento a agricultores ou filhos destes, 
proprietários ou não de terras, que residam em cidades ou 
vilas que não possuam estabelecimentos de ensino médio” 
(Gomes, 2003, p. 17).
Temos também as leis que garantem uma cota mínima de 
30% de mulheres entre os candidatos de cada partido político 
para eleições em qualquer nível da federação. Verificam-se 
políticas de ação de afirmativa nos concursos públicos: no 
município de Porto Alegre, Viamão, Bagé, Caxias do Sul(esses são do Estado do Rio Grande do Sul), entre outros no 
restante do país. Existem quatorze universidades públicas que 
implementaram cotas até o momento, são:
Universidade de Brasília, Universidade Federal do Paraná, 
Universidade Federal de São Paulo, Universidade Federal de 
28Relações Étnico-Raciais na Educação (Diversidade e Educação Indígena)
Juiz de Fora, Universidade Federal de Alagoas, Universidade 
Federl da Bahia, Universidade Estadual do Rio de Janeiro, 
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, 
Universidade Estadual da Bahia, Universidade Estadual de 
Mato Grosso do Sul, Universidade Estadual Amazonas, 
Universidade Estadual de Londrina, Universidade Estadual 
de Mato Grosso, Universidade Estadual Montes Claros.
5.3 - Conceituando as políticas de 
ações afirmativas
Dando continuidade a respeito das discussões sobre 
ações afirmativas, não podemos perder de vista os conceitos 
que são atribuídos a essas políticas. Nos casos citados 
acima se pode entender como políticas de ação afirmativa 
porque são emanadas do poder estatal. Quero enfatizar dois 
conceitos que se complementam e que caminham na mesma 
linha. Guimarães (1999, p. 153) define a ação afirmativa como 
“programas voltados para acesso de membros de minorias 
raciais, étnicas, sexuais ou religiosas a escolas, contratos 
públicos e postos de trabalho”.
Outro conceito que converge neste olhar ajudando-nos 
a entender as ações afirmativas, conforme Joaquim B. Gomes 
(2005): “podem ser definidas como um conjunto de políticas 
públicas e privadas de caráter compulsório, facultativo ou 
voluntário, concebidas com vistas ao combate à discriminação 
racial, de gênero, por deficiência física e de origem nacional, 
bem como para corrigir ou mitigar os efeitos presentes da 
discriminação praticada no passado, tendo por objetivo a 
concretização do ideal de efetiva igualdade de acesso a bens 
fundamentais como educação e o emprego”.
Com base nos conceitos entende-se a Lei Federal 
10.639/03, por meio da obrigatoriedade da temática de 
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, como uma 
política em que as escolas tanto públicas quanto privadas 
devem fazer cumprir as letras da lei. Essa Lei é fruto das lutas 
há tempos reclamadas pelo Movimento Negro Brasileiro para 
que a história do povo negro na formação e construção da 
nação viesse a ser estudada pela comunidade escolar.
5.4 - Novos horizontes – política de 
ação afirmativa através da lei 10.639/03
Desde o dia 9 janeiro de 2003 foi promulgada a Lei Federal 
10.639 que altera a Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996, que 
estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, para 
incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade 
da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”.
A lei 9.394 passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 
26-A, 79- A e 79-B:
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental 
e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino 
sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
§ 1º. O conteúdo programático a que se refere o caput 
deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos 
Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira 
e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a 
contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e 
política pertinentes à História do Brasil.
§ 2º. Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-
Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo 
escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de 
Literatura e História Brasileira.
Art. 79-A. (Vetado);
Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de 
novembro como “Dia Nacional da Consciência Negra”.
Depois de feita a explicitação do que diz a lei, destaco 
rapidamente ainda o artigo 79-A que foi vetado e que tratava 
em seu conteúdo de um item fundamental para que a lei 
fosse realmente apropriada pelo corpo docente das escolas: a 
formação de professores. Nesse sentido, gostaria apenas de 
fazer uma reflexão que merece talvez, um outro artigo, porque 
justamente onde deveria haver o comprometimento das 
instâncias governamentais na formação dos professores com 
relação à lei o artigo é vetado?
Seguindo na legislação, o Conselho Nacional de Educação 
(CNE/CPResolução 1/2004) institui:
Art.1º A presente Resolução institui Diretrizes 
Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-
Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro- Brasileira e 
Africana, a serem observadas pelas instituições de ensino, 
que atuam nos níveis e modalidades da Educação Brasileira 
e, em especial, por instituições que desenvolvem programas de 
formação inicial e continuidade de professores.
Com isso, as secretarias de educação e os cursos de 
formação de professores estão comprometidos a abordarem 
o assunto de maneira responsável para que a lei seja 
adequadamente implementada nas escolas de todo o país. A 
educadora Jeruse Romão em entrevista ao Jornal Irohin destaca 
seis desafios para implementação da Lei. Um deles diz respeito 
justamente à formação de professores e sua preocupação com 
o assunto: “Estamos escrevendo um capítulo sem precedentes 
na história da educação do país. Um capítulo em que os 
excluídos retornam à escola para ensinar/ educar o sistema que 
os exclui. [...] recomendo que as organizações negras brasileiras 
com excelência no tema de educação se conveniem com os 
sistemas de educação formais e certifiquem estes [...]”.
Dessa forma, não podemos tratar esta Lei como um 
curso/ oficina/seminário de tantas horas depois ser esquecida 
pelas escolas. A Lei deve ser abordada na escola durante 
todo o ano, e não somente em novembro (mês que reflete o 
Dia Nacional da Consciência Negra). Deve estar incluída no 
currículo, no projeto político-pedagógico, nas reuniões de 
formação de professores e outros espaços que for possível o 
tema ser discutido, inclusive na sala de aula pensando numa 
educação para todos, que não exclua o ALUNO NEGRO.
Disponível em: <https://arquivopublicors.wordpress.com/2011/11/11/votacao-concurso-
cultural-dia-nacional-da-consciencia-negra/imagem-blog-projeto-cultura-afro-3/>.
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Retomando a aula
Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar 
essa aula, vamos recordar:
1 – O perfil da discriminação racial no Brasil
Diz-se discriminação direta a adoção de regras gerais que 
estabelecem distinções através de proibições. É o preconceito 
expressado de maneira clara como, por exemplo, dar tratamento 
desigual ou mesmo negar direitos a um indivíduo ou grupo 
determinado.
A discriminação indireta está internamente relacionada 
com situações aparentemente neutras, mas que criam 
desigualdades em relação a outrem. Essa última maneira de 
preconceito é a mais comum no Brasil
2 - Mas, o que é etnia?
O conceito de raça, segundo o Dicionário Aurélio (1986, p. 
1442), é um “conjunto de indivíduos cujos caracteres somáticos, 
tais como cor da pele, a conformação do crânio e do rosto, 
o tipo de cabelo, etc., são semelhantes e se transmitem por 
hereditariedade, embora variem de indivíduo para indivíduo”.
3 - A Legislação
A Lei 11.645, de 10 de março de 2008, obriga o ensino 
da história e da cultura indígena e afro-brasileira nas escolas de 
ensino fundamental e médio, particulares e públicas no Brasil, e 
inclui no currículo oficial da rede de ensino a temática “História 
e Cultura Afro-brasileira e Indígena”.
4 - Reflexões sobre a lei 10.639/2003
4.1 - Tratando o “Diferente” de maneira diferente
4.2 - Ainda sobre legislação
A formação de professores para dar conta da 
implementação desta Lei, se dá no contexto atual do 
estabelecimento de um conjunto de Políticas Públicas de Ações 
Afirmativas para população afrodescendente e indígena.
Vale a pena
Vale a pena ler
BENTO, Maria Aparecida Silva. Cidadania em preto e 
branco: discutindo as relações raciais. 3. ed. São Paulo: Editora 
Ática, 2003.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Identidade e etnia: a 
construção da pessoae resistência cultural. São Paulo: 
Brasiliense, 1986.
BRASIL. Ministério da Educação - Reforma da Educação 
Superior - Reafirmando princípios e consolidando diretrizes 
da reforma da educação superior - Documento II, 2004.
HERNANDEZ, Leila Leite. A África em sala de aula. São 
Paulo: Selo Negro, 2005.
Vale a pena assistir
A VIDA EM PRETO E BRANCO
Ficha Técnica / Título Original: Pleasantville / 
Gênero: Drama / Tempo de Duração: 108 minutos / Ano 
de Lançamento (EUA): 1998 / Direção: Gary Ross.
UM GRITO DE LIBERDADE
Ficha Técnica / Título original: “Cry Freedom” 
/ Inglaterra, 1987, 157 / minutos. Direção: Richard 
Attenborough.
Minhas anotações

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