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Letícia Soares del Rio – T6 MEGACOLON CONGÊNITO Doença de Hirschsprung Quadro clínico de obstrução colonica funcional Agangliose intestinal congênita Mais no sexo masculino História familiar Neurocristopatia: Para da migração das céls ganglionares da crista neural para o TGI Principalmente no canal anal, reto e sigmoide Segmento ultracurto (canal anal) – 20% Agangliose total é rara Ausência de céls ganglionares nos plexos de Meissner (submucoso) e de Auerbach (mioentérico) Aumento das fibras neurais colinérgicas Perda da atividade motora peristáltica normal Aumento do tônus da parede do segmento afetado – funciona como obstáculo funcional Dilatação do segmento intestinal à jusante Acúmulo de grande quantidade de fezes = fecaloma Mecanismo da motilidade: Alteração na inervação autônoma Contração do m. liso: fibras colinérgicas pré ganglionares Relaxamento do m. liso: fibras adrenérgicas pós-ganglionares e fibras não adrenérgicas/colinérgicas NO (óxido nítrico) = neurotransmissor Genética: Herança autossômica dominante ou recessiva Alterações mais comuns - mutações no proto oncogene Ret - no gene EDNRB, END3 Pode estar associada a outras neurocristopatias: neoplasias endócrinas múltiplas, carcinoma medular tireoidiano, síndrome de Waadenburg Outras associações: macroftalmia, enoftalmia, glaucoma, neuroblastoma, feocromocitoma, neoplasia endócrina múltipla II, síndrome de Down, alterações GI, GU e cardíacas Quadro clínico: ➢ Em lactentes e bebês Distensão abdominal Sem evacuação ao nascimento (24-48h) Quadro de obstrução intestinal Vômitos Toque retal explosivo Enterocolite (< 2 anos) Megacolo tóxico ➢ Em crianças maiores Constipação crônica (vários dias sem evacuar – 3 a 15 dias) Massa abdominal palpável (fecaloma) Fezes grandes Encompresse ou Soiling Megacolo tóxico Megacolo tóxico: Quadro infeccioso, sepse Distensão abdominal importante Hiperemia da parede abdominal Diarreia sanguinolenta Alta taxa de mortalidade Diagnóstico: • Raio x simples • Enema baritado sem preparo intestinal • Enema opaco • Raio x retardado – 24h após o enema • Megacolo total • Manometria anorretal = mostra a ausência do reflexo reto-anal inibitório (RIRA) Relaxamento do esfíncter interno em resposta a distensão retal Depende da integridade dos plexos intramurais Ausente em 100% na doença de Hirschprung • Biopsia retal Padrão ouro Cirúrgica: via aberta ou videolaparoscopia Por sucção: via retal (pinça de Noblett) Características histológicas = ausência de céls ganglionares, hiperplasia de fibras nervosas na lâmina própria e muscular Estudo imuno-histoquímico: atividade da acetilcolinesterase (AChE), sintetase de NO, calretinina Ausência de calretina (proteína que se liga ao Ca) = agangliose Raio x simples Enema opaco Megacolo total Cone de transição: Ausência do cone não exclui a aganglionose 75% dos neonatos com doença de Hirshsprung apresentam o cone de transição Conduta: ✓ Obstipação / fecaloma Tratamento clínico até o diagnóstico definitivo Lavagens intestinais, laxantes ✓ Quadro de obstrução SNG aberta Reposição hidroeletrolítica Antibióticoterapia ✓ Descompressão mecânica Sonda retal Cirurgia: colostomia 80% dos casos ✓ Perfuração do colo (megacolo tóxico) Cirurgia Tratamento cirúrgico: Colostomia (duas bocas) Cirurgia definitiva – abaixamento do colo o Duhamel Abaixamento retroretal endoanal e transanal o Soave Abaixamento endorretal: mucosectomia retal preservando o esfíncter interno e anastomose colo- anal o Swenson Ressecção do segmento agangliônico + anastomose colo-retal próximo à linha pectínea com a preservação do esfíncter interno o De la Torre Mondragon Abaixamento transanal (pull throug) por descolamento submucoso retal o Georgesson Videolaparoscopia + tempo perineal Complicações pós-operatórias: Estenose cicatricial Enterocolite, megacolo tóxico Encopresse Incontinência fecal e urinária (lesão nervosa) Constipação Disfunção sexual (lesão nervosa) ANOMALIA ANORRETAL Ânus imperfurado Defeito congênito do ânus, reto e trato urogenital 70-80% fístula retal -> períneo, genitália externa, trato urogenital Anomalias altas (mais em meninos) Anomalias baixas (meninas) Malformações associadas 20-54%: GI, GU, cardíacas Divisão da cloaca primitiva na 5ª-7ª semana Tipos de anomalias: 1. Fístula reto vesical 2. Fístula reto uretral 3. Fístula reto vaginal 4. Fístula reto vestibular 5. Fístula reto perineal 6. Atresia retal 7. Estenose anal Sexo masculino: fístula reto uretral Sexo feminino: fístula reto vestibular 5% ânus imperfurado sem fístula (síndrome de Down) Atresia real < 1% “Alça de balde” Classificação: AAR alta ou baixa Em relação ao fundo do reto: acima ou abaixo do m. levantador do ânus – elemento mais importante na continência fecal Invertograma Wangesteen rice AAR baixa: Saída de mecônio por fístula perineal ou rafe escrotal Ânus coberto por membrana cutânea Estenose anal Distância entre o reto e a pele menor que 1 cm ao intvertograma Cloaca: Reto + vagina + uretra = canal comum Diagnóstico: Raio x simples (invertograma) Raio x contrastado pela boca da colostomia (colostograma) Síndrome de Vacterl: V – anomalias da coluna Vertebral A – anomalia Anorretal C – anomalia Cardiovascular T – fístula Traqueoesofágica E – atresia de Esôfago R – anomalia do Rádio L – defeitos dos membros (Limbs) Tratamento: ✓ Anoretoplastia sagital posterior AAR baixa (2 cm): fístula em alça de balde, fístula na rafe mediana, membrana anal e estenose anal Cirurgia de Peña ✓ Colostomia AAR alta (> 2cm): períneo achatado sem sulco interglúteo, sem impressão anal, mecônio eliminado na urina Cirurgia definitiva 2 meses a 1 ano Complicações tardias: Constipação: defeitos baixos sem anomalias sacrais Incontinência fecal: defeitos altos e severos com anomalias sacrais Bexiga neurogênica Menos frequentes: estenose retal, prolapso mucoso retal, distúrbios psicológicos, lesão de nervos, lesão de ureter, ducto deferente