Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
USINAGEM - CSEM4039 60 horas (4 créditos) 2017/2 Prof. César Gabriel dos Santos Cachoeira do Sul, 2017. 1 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CAMPUS CACHOEIRA DO SUL COORDENADORIA ACADÊMICA Usinagem – 2017/2 Mecanismos de Formação do Cavaco Definição: Cavaco é o material removido do tarugo durante o processo de usinagem, cujo objetivo é obter uma peça com forma e dimensões definidas no projeto. A formação do cavaco influencia diversos fatores ligados à usinagem, tais como: Desgaste da ferramenta; Esforços de corte; Calor gerado na usinagem; Penetração do fluído de corte; Etc. Usinagem – 2017/2 O processo de corte envolve o cisalhamento do material, com isso é gerado um Plano de Cisalhamento, também conhecido como zona primária de cisalhamento. O ângulo de cisalhamento corresponde ao ângulo formado entre o plano de cisalhamento e a direção de corte. Usinagem – 2017/2 Quanto menor o ângulo de saída, maior a variação da direção do fluxo de cavaco, maior a sua deformação e menor o ângulo de cisalhamento. A parte de trás do cavaco é rugosa devido ao fato de a deformação não ser homogênea, decorrente da presença de pontos de baixa resistência ou de concentração de tensão presente no metal que está sendo usinado. Usinagem – 2017/2 Usinagem – 2017/2 Controle da forma do cavaco A forma do cavaco pode gerar diversos problemas: Segurança do operador; Possível dano à ferramenta e à peça; Manuseio e armazenagem do cavaco; Forças de corte, temperatura e vida da ferramenta; Usinagem – 2017/2 Classificação dos cavacos Podem ser classificados de diversas formas, porém as mais utilizadas são a classificação de FERRARESI, 1977 e a Norma ISO 3685. Obs.: Não há uma distinção clara entre os cavacos contínuos e os de cisalhamento. Usinagem – 2017/2 CAVACO CONTÍNUO Mecanismo de Formação: – O cavaco é formado continuamente, devido a ductilidade do material e a alta velocidade de corte. Acabamento Superficial: – Como a força de corte varia muito pouco devido a contínua formação do cavaco, a qualidade superficial é muita boa. Usinagem – 2017/2 Ductilidade dos metais A ductilidade é uma das diversas propriedades mecânicas dos metais que lhe confere a qualidade de suportar a maleabilidade a ponto de se deformar sem se romper. É a capacidade de ser deformado, esticado e dobrado, sem rachar e sem perder sua resistência. Usinagem – 2017/2 Fatores que favorecem a formação de cavaco contínuo Ângulo de saída grande; Avanço pequeno (pequena espessura de cavaco); Grande velocidade de corte; Ferramenta afiada; Emprego de fluido de corte eficiente; Pequeno balanço da ferramenta, máquina rígida. Usinagem – 2017/2 Desvantagens Ocupam muito espaço físico para armazenamento, transporte e descarte; Podem enrolar-se na peça que está sendo usinada, danificando a qualidade do acabamento superficial; Risco de acidentes de trabalhos (cortes no operador); Podem impedir o acesso do fluído de corte (refrigerante) na região do corte; Usinagem – 2017/2 CAVACO CISALHADO Mecanismo de Formação: O material fissura no ponto mais solicitado. Ocorre ruptura parcial ou total do cavaco. A soldagem dos diversos pedaços (de cavaco) é devida a alta pressão e temperatura desenvolvida na região. O que difere um cavaco cisalhado de um contínuo (aparentemente), é que somente o primeiro apresenta um “serrilhado” nas bordas. Acabamento Superficial A qualidade superficial é inferior a obtida com cavaco contínuo, devido a variação da força de corte. Tal força cresce com a formação do cavaco e diminui bruscamente com sua ruptura, gerando fortes vibrações que resultam numa superfície com ondulosidade. Usinagem – 2017/2 CAVACO ARRANCADO Mecanismo de Formação: – Este cavaco é produzido na usinagem de materiais frágeis como o ferro fundido. O cavaco rompe em pequenos segmentos devido a presença de grafita, produzindo uma descontinuidade na microestrutura. Acabamento Superficial – Devido a descontinuidade na microestrutura produzida pela grafita (no caso do FoFo), o cavaco rompe em forma de concha gerando uma superfície com qualidade superficial inferior. Usinagem – 2017/2 Formas do cavaco influenciados pela profundidade de corte e pelo avanço Usinagem – 2017/2 Usinagem – 2017/2 Cavacos indesejáveis e desejáveis INDESEJÁVEIS (Cavacos longos) – Oferecem risco ao operador; – Obstruem o local de trabalho; – Podem danificar tanto a ferramenta quanto prejudicar o acabamento superficial da peça; – Dificultam o manuseio e a armazenagem; – Causam aumento da força de corte e da temperatura com consequente redução da vida da ferramenta. Desejáveis – Ocupam pouco volume; – Não obstruem o local de trabalho; – São removidos facilmente. Usinagem – 2017/2 TEMPERATURA DO CAVACO As principais fontes de geração do calor no processo de formação do cavaco são: Deformação plástica e cisalhamento do cavaco na região de cisalhamento; Atrito do cavaco com a superfície de saída da ferramenta; Atrito da peça com a ferramenta. As principais fontes de dissipação do calor no processo de deformação do cavaco são: Cavaco (cresce com o aumento da velocidade de corte) Peça (26% em aço e 73% em alumínio) Ferramenta Fluído de corte Usinagem – 2017/2 Quase todo o trabalho de usinagem se transforma em calor (Ferraresi, 1977). A quantidade de calor (joule por segundo) é aproximadamente o trabalho de usinagem no tempo de um segundo. Onde: Wc = energia consumida durante o trabalho (W); Fc = força de corte (N) V = velocidade de corte (m/s) Usinagem – 2017/2 Usinagem – 2017/2 FATORES QUE INFLUENCIAM NA FORMAÇÃO DO CAVACO • Material da peça a ser usinada • Velocidade de corte • Avanço • Ângulo de saída da ferramenta • Quebra-cavaco • Peça • Fluído de corte • Máquina ferramenta Usinagem – 2017/2 Parâmetros metalúrgicos que influência a temperatura da ferramenta • Ponto de fusão do principal elemento químico do material da peça. Quanto maior o ponto de fusão deste elemento, maior a temperatura da interface cavaco-ferramenta, para qualquer Vc. • Elementos de liga que aumentam a resistência do material da peça. Eles aumentam a temperatura da interface para qualquer taxa de remoção de material. • Presença de fases de baixa resistência ao cisalhamento na interface (ex.: grafite), Elas podem reduzir a temperatura. Usinagem – 2017/2 FORMAS DE EVITAR CAVACOS Existe duas formas para evitar cavacos: Quebra-cavacos: Representam alterações na estrutura da ferramenta que forçam o cavaco à quebra, sem que haja variação da força de corte. Jatos de fluído de corte: este método permite unir a refrigeração com a quebra de cavacos em lascas Usinagem – 2017/2 MECANISMO DE QUEBRA-CAVACO O meio mais adequado para se obter a quebra do cavaco é utilizando elementos de forma posicionados na superfície de saída da ferramenta, denominados de QUEBRA-CAVACO. O cavaco prejudica o corte, podendo formar aresta postiça e dificultar o resfriamento. Usinagem – 2017/2 MECANISMO DE QUEBRA-CAVACO Usinagem – 2017/2 ARESTA POSTIÇA • Constitui uma massa mais ou menos estacionária de metal, soldada na face (sup. de saída). • Este material tende a crescer gradualmente até que em um certo momento rompe-se bruscamente, causando uma perturbação dinâmica. • Parte da aresta postiça que se rompe é carregada com o cavaco e parte adere à peça, prejudicando o acabamento superficial. Usinagem – 2017/2 ARESTA POSTIÇA – Como Evitar • Utilização de velocidades de corte mais elevadas; • Substituição de ferramenta de aço rápido por metal duro; • Diminuição da espessura do cavaco em operações que exijam baixas velocidades, como roscas, brochamento, usinagem com ferramentas de forma; • Emprego de metal duro com revestimento; • Redução do atrito na face da ferramenta (polimento); • Emprego de fluido de corte com aditivo; • Aumento do ângulo de saída. Usinagem– 2017/2 ARESTA POSTIÇA Usinagem – 2017/2 JATO DE FLUÍDO DE CORTE Usinagem – 2017/2 DESCARTE DO CAVACO Usinagem – 2017/2 “Devido a utilização cada vez maior de equipamentos para usinagem de alta performance, a aplicação de fluidos de corte em abundância durante o processo tornou-se uma necessidade obrigatória, sendo que os cavacos resultantes desta operação são coletados completamente impregnados de óleo de corte. A reciclagem (refusão) do cavaco desta forma é praticamente impossível, primeiro pelo alto volume de óleo existente, que entrará em combustão durante o aquecimento dos cavacos no forno, gerando uma grande quantidade de fumaça nociva à saúde e prejudicial ao meio ambiente, saturando rapidamente as unidades de filtragem da exaustão dos fornos. Além disto, a redução de volume do cavaco (até 80% do inicial) durante a fusão reduz muito a capacidade final de produção dos fornos.” Usinagem – 2017/2 “Entretanto a utilização de cavacos briquetados muda completamente este cenário. Após sua compactação, os briquetes permanecem com apenas uma fração minúscula do volume inicial do óleo de corte, gerando uma emissão de fumaça praticamente nula. Os briquetes podem ser utilizados como se fossem sucata de primeira qualidade, ainda mais pelo fato de já se encontrarem na liga correta e não ser um material desconhecido. A utilização dos briquetes pode alcançar até 30% da carga do forno sem nenhum problema operacional. Os briquetes, devido a sua alta densidade, formam perfeitamente o campo indutivo nos fornos elétricos, e no caso do seu uso com fornos a chama (cubilôs ou rotativos), a utilização é praticamente obrigatória devido ao alto grau de oxidação no uso de cavacos soltos.” Usinagem – 2017/2 “Dependendo do tipo de metal e do formato do cavaco, o briquete pode ocupar apenas 1/6 a 1/3 do volume original ocupado pelo cavaco, resultando em áreas muito menores para estocagem. Se caso contrário, a intenção for vender os briquetes, o mesmo caminhão que antes transportava uma determinada quantidade de cavacos, agora pode levar de 3 a 6 vezes mais peso em briquetes, os quais tem um valor de venda muito maior que o do cavaco solto, pois não se trata mais de resíduo e sim de matéria-prima, isto sem considerar o reaproveitamento do óleo de corte que antes não existia.” Usinagem – 2017/2 PRINCIPAIS VANTAGENS DO CORRETO DESCARTE DO CAVACO • Recuperação de até 98% do óleo de corte de grande valor; • Aumento de até 33% no rendimento da fusão (queima); • Redução do consumo de energia elétrica para fusão em até 29%; • Redução de até 90% na emissão de fumaça durante a fusão; • Redução na aquisição de matéria-prima (gusa / lingotes) ou sucata em até 30%; • Aumento no valor de venda dos cavacos (só usinagens) em até 200%; • Redução no volume ocupado em até 6X; • Maior facilidade na movimentação; • Redução na área de estocagem; • Prevenção de problemas com fiscalizações ambientais. Usinagem – 2017/2
Compartilhar