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1 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI Aula 2: SAÚDE E DOENÇA Prática interdisciplinar que contemple a integralidade da atenção em qualquer local e área de atuação. Trabalho interdisciplinar →novo modelo de atenção em saúde, colaborando com a mudança do paradigma atual DESIGUALDADES SOCIAIS CAUSAS: • A estrutura socioeconômica de um país reflete-se na infraestrutura de suas cidades, na quantidade e qualidade dos serviços públicos oferecidos à população e determina o acesso aos serviços de saúde e à educação • Educação de boa qualidade → reflexão sobre o conhecimento científico e a vida cotidiana, sujeito mais consciente de seus direitos e deveres e trabalhos mais bem remunerados • Qualidade da moradia, acesso a bens de consumo e uma melhor qualidade de seu estado nutricional e de sua saúde • O Brasil é um país de contrastes → 10% da população possui 90% da riqueza nacional • Grande parte da população vive em condições precárias, sem acesso aos bens necessários para a sobrevivência • Superposição epidemiológica o Pobres: doenças infectocontagiosas, desnutrição, causas relacionadas à gestação, parto e puerpério o Ricos: doenças crônico degenerativas, sofrimento psíquico, doenças cardiovasculares, câncer... O QUE É SAÚDE? Saúde → contexto histórico e social que um povo está vivendo Não é somente a ausência de doenças → alimentação, educação, lazer, atividades físicas, trabalho, relacionamentos, higiene 8a Conferência Nacional de Saúde, em 1986, com repercussão na Constituição Brasileira de 1988, onde foi assegurado o direito à saúde, enquanto garantia de condições dignas de vida e acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde em todos os níveis, assim definido no seu artigo 196: “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem àredução do risco de doença de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” “a saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do país” (Lei 8080/90) Saúde é o resultado da inter-relação entre variá́veis determinantes das condições de saúde Profissionais da saúde → promoção, proteção e recuperação da saúde da população → conhecimento técnicocientífico, conhecimento do senso comum, ampla visão sobre saúde e melhores condições de identificar e incidir sobre a saúde das pessoas 2 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI O QUE É DOENÇA? Alteração da saúde que se manifesta por sintomas, possíveis ou não de ser identificados, enfermidade, moléstia Forte paixão, obsessão, mania Praga ASPECTOS DA SAÚDE NO BRASIL Século XVI até o século XVIII → Sociedade bem dividida: grandes proprietários rurais e o “povo” 1808 → Família real foge de Portugal e se estabelece no Brasil. Vieram alguns médicos para cuidar da saúde do rei e veterinários para cuidar dos cavalos do do rei. A primeira Escola de Cirurgia na Bahia e no ano seguinte no RJ 1822 → Proclamada a independência política do Brasil 1888 → é assinada a abolição da escravatura, negros são expulsos das senzalas para as periferias das cidades 1829 → se estabelece entre os médicos brasileiros uma visão de saúde pública (estado deveria tomar para si algumas ações e o controle da área da saúde) 1902 → Epidemia da febre amarela os navios estrangeiros se recusavam a atracar nos portos brasileiros, o que também reduzia a imigração de mão-de-obra (alemães e italianos). O governo criou medidas que garantissem a saúde da população trabalhadora através de campanhas sanitárias de caráter autoritário (Scliar, 1987). As ações de saúde pública se voltaram para sanear os portos e preservar a força de trabalho Século XVI até o século XVIII → Oswaldo Cruz foi nomeado Diretor da Saúde Pública. Implantou brigadas mata-mosquitos para combater o mosquito Aedes Aegypti, transmissor da febre amarela. A provação da obrigatoriedade da vacinação contra a varíola. O povo não teve a mesma visão e ocorreu a “Revolta da Vacina”. Instalou o Laboratório de bacteriologia na fazenda Manguinhos, atualmente Fundação Instituto Oswaldo Cruz - FIOCRUZ (construído entre 1904 -1908). A Fiocruz produz 60% das vacinas do Brasil 1920 e 1950 → No Brasil é fortalecido no processo de industrialização, e assim foi criada a classe social operária, que não dispunha de leis de proteção, os operários se uniram aos sindicatos e ganharam força. 1930 → Relatório Flexner (Estados Unidos em 1910): nova visão de medicina, instituiu as especializações e o uso crescente de novas tecnologias. O ensino médico passa a ser orientado por seis características básicas: • Biologismo – a supremacia do biológico remonta a dita revolução bacteriana que resultou na concepção natural das doenças, cujo imperativo é o reconhecimento da natureza biológica das doenças, suas causas e consequências. • Mecanicismo – analogicamente o corpo humano é compreendido como uma máquina composta de inúmeras peças, engrenagens e sistemas de funcionamento. • Individualismo – de um lado, manifesta-se pela instituição do objeto da saúde (corpo individual), de outro, pela alienação dos indivíduos excluindo, de suas vidas, os aspectos sociais. 3 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI • Tecnificação – a técnica é a mediadora das relações entre os profissionais e a doença cuja exacerbação acaba subordinando as relações à tecnologia, como por exemplo, na supremacia de qualquer exame laboratorial frente à escuta qualificada do cliente. • Especialização – deriva de dois mecanismos diferentes, o primeiro, numa dimensão ideológica, impôs a parcialização do objeto global da saúde, seguindo um esquema contraditório que aprofunda o conhecimento específico, diminuindo a compreensão holística; o segundo, numa dimensão econômica, decorrente da necessidade da fragmentação do processo de trabalho (divisão técnica do trabalho). • Curativismo – atenção curativa, onde o que se impõe é prática diagnosticada e terapêutica, em absoluta coerência com a finalidade de curar a doença. 1937 → Getúlio Vargas decreta "Estado de Sítio", instala-se o Estado Novo que dura até 1945. Nesse período cria-se o Ministério do Trabalho e a CLT (1943). No início da década de 50 a saúde no Brasil estava dividida em dois segmentos distintos: A saúde pública, de caráter preventivo, conduzido através de campanhas sob responsabilidade do Ministério da Saúde e a assistência médica de caráter curativo, conduzida através da ação da previdência social a cargo dos Institutosde Aposentadoria. Foram criados então os postos de saúde que eram coordenados pelos sanitaristas e tinham como objetivos intervir em problemas específicos de saúde pública, como a malária, a febre amarela, as crianças desnutridas. 1940 → Lewel e Clark elaboram o modelo teórico “História Natural da Doença” e seus seguidores conseguem na década de 40, em meio à segunda guerra mundial, firmar um convênio com o governo americano e criam o Serviço Especial de Saúde Pública. O SESP organiza educação sanitária, saneamento e assistência médica, para evitar a disseminação das endemias rurais como a Febre Amarela, Malária, Mal de Chagas e Esquistossomose 1950 → II Conferência Nacional de Saúde 1953 foi criado o Ministério da Saúde. Década de 60 → Crise do regimepopulista e pela tentativa de implantação de um projeto de desenvolvimento econômico industrial. As condições de saúde da maioria da população pioravam. Surgiram propostas por parte do movimento social reivindicando reformas de base imediatas, entre elas uma reforma sanitária, mas a reação política do setor conservador levou ao golpe militar de 1964. III Conferência Nacional de Saúde (1963) com o tema: Municipalização dos Serviços e Plano Nacional de Saúde 1966 → O governo unifica os IAPs num sistema único, o INPS (Instituto Nacional de Previdência Social) e cria o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço FGTS, aumentando o desconto do trabalhador brasileiro para financiar o sonho da casa própria. Foi criado o INPS e o governo liberou verba à fundo perdido para empresas privadas construírem hospitais. A previdência financiou e sustentou esses hospitais por 20 anos. Posteriormente esses proprietários se consideraram capitalizados e se descredenciaram do INPS, diminuindo a oferta do número de leitos para internação hospitalar. IV Conferência Nacional de Saúde com o tema: RH para solução dos problemas de saúde para o Brasil 1968 → A indústria farmacêutica encontra terreno fértil no Brasil e passam a medicar a sociedade sem prescrição médica. Alguns IAPs tinham muito dinheiro e começaram a construir seus próprios hospitais, mas algumas empresas não estavam satisfeitas com o atendimento médico oferecido. Foi a partir dessa constatação que surgiu a medicina de grupo (planos de saúde), onde empresas particulares prestavam serviços médicos aos funcionários das empresas que os contratavam. A primeira medicina de grupo foi a Volkswagem. Houve a intensificação da separação entre a assistência médica da saúde pública. 1977 → Ocorreu um movimento burocrático de unificação da previdência (INPS), da administração financeira (IAPAS) e da assistência médica (INAMPS) em um único órgão, passando a concentrar todas as contribuições previdenciárias, incluindo a dos trabalhadores do comércio, da indústria e dos serviços. Com essa unificação a arrecadação da previdência e se igualou ao orçamento nacional. Mas, 4 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI com essa unificação, o governo revelou a crise no setor saúde e dificultou ainda mais o controle do orçamento da previdência favorecendo o desvio de verbas, pois não havia fiscalização. 1978 → Na cidade de Alma Ata (Rússia) houve a Conferência Mundial de Saúde que discutiu a universalidade da assistência à saúde. Ficou definido que os diferentes povos e governos lutariam por “saúde para todos no ano 2000” 1986 → 8a Conferência Nacional de Saúde para discutir a nova proposta de estrutura e política de saúde para o país. Contou com ampla participação de populares, lideranças sindicais, políticos, estudiosos, técnicos e dirigentes institucionais 1987 → O SUDS foi aprovado, surgiu como convênio com as Secretarias Estaduais de Saúde, mas estes convênios foram usados politicamente. Quem não apoiava o Governo não tinha convênio. O SUDS foi o antecessor do SUS. 1988 → Foi proclamada a nova constituição brasileira que acatou as recomendações da 8a Conferência da Saúde e criou o SUS – Sistema Único de Saúde 1990 → foram criadas as leis orgânicas do SUS (8.080/90 e 8.142/90). 1991 → foi criado o Programa de Agentes Comunitários de Saúde-PACs. 1994 → foi criado o Programa de Saúde da Família-PSF. 2006 → foi firmado o Pacto pela Saúde: • Pacto pela Vida – estabelece metas sanitárias entre os gestores do SUS, com base na definição de prioridades • Pacto em defesa do SUS - estabelece compromissos políticos envolvendo o Estado – o governo e a sociedade civil, a fim de consolidar a efetivação do processo da Reforma Sanitária Brasileira • Pacto de Gestão – define as responsabilidades sanitárias de cada gestor municipal, estadual e federal para a gestão do SUS, nos aspectos da gestão do trabalho, educação na saúde, descentralização, regionalização, financiamento, planejamento, regulação das ações e serviços, auditoria e participação e controle social. SUS - SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 2008 → o Brasil comemorou o 20º aniversário da criação do SUS. Atendendo 90% da população (campanhas de vacinação, atendimentos ambulatoriais ou serviços de alta complexidade), abrangendo 100% da população se considerarmos as ações de vigilância em saúde (qualidade da água, alimentos, serviços de saúde, zoonoses...) A organização do SUS é orientada pelos princípios da Universalidade, Integralidade, Eqüidade, Descentralização e Controle Social. Fundamentado na assistência universal, integral e igualitária, o SUS representou um grande avanço por permitir a inclusão social de milhares de ações de saúde. 90% da população brasileira é usuária dos serviços do SUS 28,6% da população é usuária exclusiva do SUS 61,5% utiliza o SUS e alguma outra rede complementar de atenção 8,7% da população não usa os serviços do SUS 100% da população se beneficia com as ações de vigilância em saúde 5 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI Aula 3: Ética e Bioética BIOÉTICA • Fecundação assistida • Transplantes • Células tronco → não se usa células embrionárias e sim de tecidos • Organismos geneticamente modificados → vacinas, medicamentos • Clonagem PRINCÍPIOS BÁSICOS DA BIOÉTICA • Autonomia → abaixo de 18 anos, idosos, incapacidade cognitiva • Beneficiência → positiva (fazer o bem) • Não maleficência → negativa (evitar o mal) • Justiça → não-discriminação e distribuição de bens • Respeito à pessoa → privacidade, veracidade, autodeterminação, voluntariedade • Vulneráveis → presos, indígenas ÉTICA • Costume, propriedade do caráter • investigação geral sobre aquilo que é bom • objetivo: facilitar a realização das pessoas • existe em todas as sociedades humanas • conjunto de regras, princípios ou maneiras de pensar que guiam BIOÉTICA • Fritz Jahr (1927) → “Bioética como emergência de obrigações éticas não apenas com o homem, mas a todos os seres vivos.” - “Respeita cada ser vivo em princípio como uma finalidade em si e trata-o como tal na medida do possível.” • Potter (1970) → “Nós temos uma necessidade de uma ética da terra, uma ética para a vida selvagem, uma ética de populações, uma ética de consumo, uma ética urbana, uma ética internacional, uma ética geriátrica e assim por diante.” o “Eu proponho o termo Bioética como forma de enfatizar os dois componentes mais importantes para se atingir uma nova sabedoria, que é tão desesperadamente necessária: Conhecimento biológico e valores humanos” • Warren T. Reich, 1978 → “Bioética é o estudo sistemático da conduta humana na área das ciências da vida e a atenção à saúde, enquanto que esta conduta é examinada à luz dos princípios e valores morais”. • David J. Roy, 1979 → “A bioética é o estudo interdisciplinar do conjunto das condições exigidas para uma administração responsável da vida humana, ou da pessoa humana, tendo em vista os progressos rápidos e complexos do saber e das tecnologias biomédicas.” • Jean François Malherbe, 1979 → “A bioética é o estudo das normas que devem reger nossa ação no domínio da intervenção técnica do homem sobre sua própria vida” 6 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI • Potter, 1988 in Global Bioethics → “Bioética é a combinação da biologia com conhecimentos humanísticos diversos constituindo uma ciência que estabelece um sistema de prioridades médicas e ambientais para a sobrevivência aceitável” • Reich, 1995 → “Bioética é o estudo sistemático das dimensões morais - incluindo visão moral, decisões, condutas e políticas- das ciências da vida e atenção à saúde, utilizando uma variedade de metodologias éticas em um cenário interdisciplinar.” • Joaquim A. Clotet, 1995 → “A bioética é uma ética aplicada que se ocupa do uso correto das novas tecnologias na área das ciências médicas e da solução adequada dos dilemas morais por ela apresentados.” • José Roberto Goldim, 2006 → “Bioética é uma reflexão compartilhada, complexa e interdisciplinar que envolve a vida e o viver.” ÉTICA X MORAL • Ética → modo de ser, caráter, o que é bom para o indivíduo e para a sociedade, é teórica o Estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto. • Moral → decorre de normas, preceitos, costumes e valores que norteiam o indivíduo no seu grupo social, é normativa o Conjunto de valores, individuais ou coletivos, considerados universalmente como norteadores das relações sociais e da conduta dos homens. ÉTICA PROFISSIONAL • Deontologia → codificação dos deveres profissionais • Diceologia → codificação dos direitos profissionais • Deontologia profissional → conjunto de normas, baseadas em direitos e deveres, que estabelecem as formas de agir permitidas e/ou proibidas para as pessoas de uma determinada profissão. • DOMÍNIO COGNITIVO → Conhecimento (memória), compreensão, aplicação, análise, síntese, avaliação. • DOMÍNIO AFETIVO → Interesses, atitudes (sentimento), receptividade, reação, organização, caracterização. • DOMÍNIO PSICOMOTOR → Habilidades, percepção, predisposição, resposta (orientada, mecânica, complexa evidente). “O problema ético tem a ver com o amor, não com a razão. Ao mesmo tempo, se não usarmos nossa razão, não nos damos conta das consequências dos nossos atos”. Humberto Maturana, 1993. • Código de ética → documento que busca expor os princípios e a missão de uma determinada profissão ou empresa. Seu conteúdo deve ser pensado para atender às necessidades que aquela categoria serve e representa. Eles são feitos para enfatizar os valores que devem ser praticados pelos profissionais e instituições. • Códigos de Ética Profissionais → códigos em que estão especificados os direitos e deveres, o que é vetado eticamente naquele exercício profissional e as possíveis punições no caso de desobediência ao código. 7 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA • 2009 → novo código de ética da médica, com novas regras • incorporou tópicos como inovações tecnológicas, comunicação em massa e relações em sociedade • Conselho Federal de Medicina → responsável por realizar a revisão e atualização do código quando necessário com ajuda dos conselhos regionais, além de averiguar e sanar as omissões. Aula 4: O início e o fim da vida INÍCIO DA VIDA • na fecundação → espermatozoide fertiliza o ovulo • no momento que o embrião apresenta batimento cardíaco • no momento que se forma o tubo neural → sentir • a partir do nascimento do ser • não sabe opinar FIM DA VIDA • doenças neurodegenerativas, cuidados paliativos, reanimação, • Distanásia - TDE: A distanásia é a utilização de meios para prolongar a vida artificialmente e, assim, atrasar a morte em pacientes na fase terminal de vida, mesmo sem esperança de cura. É, em resumo, uma técnica usada para prolongar a vida. Perante a lei, é moral continuar os tratamentos normais para aliviar a dor, mas pode-se renunciar a tratamentos que procurem apenas o prolongamento precário da vida. Existem várias doenças incuráveis, que deixam as pessoas vulneráveis, dependentes em atividades básicas, agressivas, incompreensivas, muitas vezes sem condições de se comunicar e em profundo sofrimento. Eu sou a favor do ser humano ter uma vida digna e a partir do momento que não se vive mais com dignidade, para mim, não há mais sentido viver. É uma questão muito importante, que deve ser conversado e decidido pelos familiares. Não podemos impor nossas opiniões, mas acredito que a distanásia é um tratamento que não beneficia um paciente terminal, é um processo através do qual se estende apenas o processo de morrer e não a vida em si, prolongando o sofrimento da família, e também, do paciente que tem a morte prolongada e lenta, muitas vezes acompanhada de sofrimento, dor e angústia. Quando investimos na cura de um paciente que não tem chance de cura, estamos simplesmente tirando a dignidade dessa pessoa. 8 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI AULA 5: Bioética e Medicamentos o Instrumento do conjunto de ações e medidas utilizadas para a promoção e recuperação da saúde. o Caso Talidomida → o Caso Vioxx (Cox-2 inibidor) → o Isotretinoína (Roacutan®) → PESQUISA CLÍNICA – PRODUTOS MEDICINAIS o Estudos clínicos são uma ponte obrigatória entre a descoberta pré-clínica de novos produtos medicinais e seus usos gerais. Isso significa que os estudos clínicos devem acontecer antes que os novos tratamentos em pesquisa possam ser disponibilizados para a população, quer através de prescrição médica, sem necessidade de prescrição, ou para uso em uma clínica. o O teste pré-clínico de novos produtos medicinais só permite fazer uma estimativa de seus efeitos terapêuticos colaterais em seres humanos. o Em média, apenas um dentre 14 novos medicamentos que entram em programas de avaliação clínica são lançados para uso clínico. o As principais razões para a alta taxa de exclusão são efeitos colaterais imprevistos ou efeitos terapêuticos insuficientes. Portanto, estudos laboratoriais pré-clínicos e estudos em animais indicam apenas parcialmente os efeitos em seres humanos. PATROCINADORES DE ESTUDOS CLÍNICOS o Os patrocinadores de um estudo clínico podem ser tanto empresas comerciais (estudo patrocinado pela indústria) ou médicos/investigadores clínicos (estudo não indústria). o Os primeiros são empresas biotecnológicas e farmacêuticas, enquanto os segundos são faculdades de medicina, institutos de pesquisa biomédica, instituições governamentais ou edes de estudos clínicos. o Dependendo da organização, os estudos não patrocinados pela indústria são chamados de estudos sem fins lucrativos, não patrocinados pela indústria, iniciados por investigadores, ou estudos iniciados por instituições. AGENTES DA PESQUISA CLÍNICA E SUAS RESPONSABILIDADES o Existem quatro agentes principais na esfera de pesquisa clínica: ➢ Autoridade regulatória de medicamentos ➢ Patrocinador do estudo (patrocinador) ➢ Pesquisador clínico (investigador) ➢ Comitê de ética (CE) AUTORIDADE REGULATÓRIA DE MEDICAMENTOS o Cada país tem sua própria autoridade regulatória de medicamentos, com seus próprios regulamentos para a aprovação de protocolos de estudos clínicos, e também para a realização de estudos clínicos para testar e aprovar novos medicamentos e outros produtos medicinais. 9 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI FASES CLÍNICAS DO DESENVOLVIMENTO DE UM NOVO MEDICAMENTO CUSTO DO DESENVOLVIMENTO DE NOVOS MEDICAMENTOS o 12% - SINTESE o 15% - ATIVIDADE BIOLÓGICA o 5% - SEGURANÇA E TOXICOLOGIA o 9% - FORMULAÇÃO o 29% - FASE I-III o 5% - FASE IV o 10% - DESENVOLVIMENTO E PRODUÇÃO o 4,5% - REGISTRO o 2,5% - BIODISPONIBILIDADE o 8% - OUTROS 10 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI BIOÉTICA NA PESQUISA DE NOVOS MEDICAMENTOS o Aprovar e controlar o estudo o Não pode haver benefícios a pacientes específicos o Paciente tem que estar ciente dos prós e contras do estudo o O paciente em direito de continuar recebendo o medicamento após o estudo (se houver benefício a sua saúde) AULA 6: Práticas não éticas - PLÁGIO TIPOS ❖ Plágio direto: cópia literal. ❖ Plágio indireto: interpretação de um texto original sem indicação da fonte. ❖ Plágiode fontes: quando um trabalho é feito com a reprodução de citações de outros trabalhos. ❖ Plágio consentido: apresentação de trabalhos feitos por colegas ou comprados. ❖ Autoplágio: quando o estudante entrega o mesmo trabalho para disciplinas diferentes, sem informar que o conteúdo já foi apresentado anteriormente. 11 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI Aula 7: BIOSSEGURANÇA O QUE É BIOSSEGURANÇA? Lei 11.105/05 - A Organização Mundial da Saúde (OMS) descreve Biossegurança como: princípios de contenção, tecnologias e práticas implementadas para evitar a exposição acidental a agentes patogênicos e toxinas ou sua liberação acidental. “Biossegurança como a ciência voltada para o controle e a minimização de riscos advindos da prática de diferentes tecnologias, seja em laboratório seja no meio ambiente. O fundamento básico da biossegurança é assegurar o avanço dos processos tecnológicos e proteger a saúde humana, animal e o meio ambiente.” “Conjunto de ações voltadas para a prevenção e proteção do trabalhador, minimização de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, visando à saúde do homem, dos animais, a preservação do meio ambiente e a qualidade dos resultados". QUEM É RESPONSÁVEL PELA BIOSSEGURANÇA? o Todos nós o Estas medidas servem para proteger: você, seus colegas e a natureza HISTÓRICO o Relatos no Egito Antigo o Responsáveis pelo processo de mumificação utilizavam meios de proteção para mãos e rosto. o Costa MAF. Biossegurança: Química básica em biotecnologia e ambientes hospitalares. 1ª. ed. São Paulo: Livraria Santos; 1996. o 1885: contaminação acidental Salmonella typhi em laboratório na Alemanha o 1903: infecção agulha - autópsia paciente com blastomicose sistêmica o 1915-1929: 59 casos Salmoneloses adquiridas em laboratórios alemães o 1941 - Meyer and Eddie • 74 infecções associadas com brucelose nos EUA o 1949 - Sulkin and Pike • 222 infecções virais (21 fatais) • Somente 27% relacionados com acidentes conhecidos o 1951,1965, 1976 - Sulkin and Pike • levantamento de infecções associadas em 5000 laboratórios, 3.921 casos, os mais comuns: ✓ Hepatites ✓ Tuberculoses ✓ Tifo ✓ Encefalite equina ✓ Venzuelana ✓ Brucelose • Menos de 20% estavam associados com acidentes conhecidos Exposição com aerossóis é plausível (mas não confirmado) para >80% destes casos. 12 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI CENTROS PARA BIOSSEGURANÇA INTERNACIONAIS o Desenvolvimentos recentes o Publicações o Sıt́ios de órgãos relacionados OMS o Guia de biossegurança laboratorial: • Abordagens de controle do biorrisco • Programas de biossegurança laboratorial • Biosecurity x Biosafety o "A biossegurança laboratorial descreve a proteção, o controle e responsabilidade por materiais biológicos valiosos dentro laboratórios, a fim de evitar seu acesso não autorizado, perda, roubo, uso indevido, desvio ou liberação intencional. o Disponibiliza a segunda parte do guia de biossegurança laboratorial: • termo usado para descrever a contenção princípios, tecnologias e práticas que são implementadas para prevenir a exposição não intencional a patógenos e toxinas, ou sua liberação acidental • refere-se à segurança institucional e pessoal medidas destinadas a prevenir a perda, roubo, uso indevido, desvio ou liberação intencional de patógenos e toxinas. o UNIÃO EUROPÉIA: • “Decisão do Conselho relativa à conclusão, em nome da Comunidade, do Protocolo de Cartagena sobre biossegurança” • De acordo com a abordagem de precaução contida no Princípio 15 da Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento, o objetivo do presente protocolo é contribuir para assegurar um nível adequado de proteção no domínio da transferência, manipulação e utilização seguras de organismos vivos modificados resultantes da biotecnologia moderna que possam ter efeitos adversos para a conservação e a utilização sustentável da diversidade biológica, tendo igualmente em conta os riscos para a saúde humana e centrando-se especificamente nos movimentos transfronteiriços. BIOSSEGURANÇA EM NÍVEL NACIONAL o Comisão de Biosseguraça em Saúde (CBS) • Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1o do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança – PNB, revoga a Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida Provisória no 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5o, 6o, 7o, 8o, 9o, 10 e 16 da Lei no 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá outras providências. • LEI Nº 11.105, DE 24 DE MARÇO DE 2005 → REGULAMENTA A BIOSSEGURANÇA E INCLUI PESQUISA, IMPORTAÇÃO, TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO. • É de competência do CNBS: fixar princípios e diretrizes para a ação administrativa dos órgãos e entidades federais com competências sobre a matéria; analisar, a pedido da CTNBio, quanto aos aspectos da conveniência e 13 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI oportunidade socioeconômicas e do interesse nacional, os pedidos de liberação para uso comercial de OGM e seus derivados e, avocar e decidir, em última e definitiva instância, com base em manifestação da CTNBio e, quando julgar necessário, dos órgãos e entidades referidos no art. 16 da Lei 11.105/05, no âmbito de suas competências, sobre os processos relativos a atividades que envolvam o uso comercial de OGM e seus derivados. o Comitê de Assessoramentos em Biossegurança (CABio) • Controle de doenças o Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) • Resolução normativa Nº 01, de 20 de junho de 2006 → Dispõe sobre a instalação e o funcionamento das Comissões Internas de Biossegurança (CIBios) e sobre os critérios e procedimentos para requerimento, emissão, revisão, extensão, suspensão e cancelamento do Certificado de Qualidade em Biossegurança (CQB). • É uma instância colegiada multidisciplinar, cuja finalidade é prestar apoio técnico consultivo e assessoramento ao Governo Federal na formulação, atualização e implementação da Política Nacional de Biossegurança relativa a OGM, bem como no estabelecimento de normas técnicas de segurança e pareceres técnicos referentes à proteção da saúde humana, dos organismos vivos e do meio ambiente, para atividades que envolvam a construção, experimentação, cultivo, manipulação, transporte, comercialização, consumo, armazenamento, liberação e descarte de OGM e derivados. o Agência Nacional de Biossegurança (ANBio) • Biotecnologia • Bioterrorismo • Vigilância sanitária o FIOCRUZ-SIB • Pesquisas • Produção e vacinas o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) o COMVISA-ANVISA ÓRGÃOS E SUAS COMPETÊNCIAS 14 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI REGULAMENTAÇÃO DA BIOSSEGURANÇA NO BRASIL o 2005 - (Lei 11.105/05) estabelece regras para o trabalho com DNA recombinante no Brasil, incluindo pesquisa, produção e comercialização de OGMs. Também trata das células tronco- embrionárias. Decreto 5591 /2005 regulamenta a Lei11.105 o 1995 - Decreto1752–formaliza a comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e define suas competências no âmbito do Ministério da Ciência e Tecnologia. o Legislações Federais → Legislações Estaduais → Legislações Municipais o Transportes, alimentos, medicamentos, células-troncos, microrganismos, radioisótopos, resíduos, meio-ambiente... o É função das Universidades e Institutos de Pesquisa: • Promover práticas/procedimentos laboratoriaisseguros • Orientar a elaboração do projeto arquitetônico do laboratório • Fornecer infraestrutura adequada • Educar usuários para o uso correto de equipamentos de contenção • Avaliar o risco dos experimentos com agentes infecciosos, DNA recombinante e com organismos transgênicos. o CIBIO - Comissão Interna de Biossegurança o Equação da Segurança → Segurança = bom sendo + Cuidados específicos NORMAS REGULAMENTADORAS DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO A Portaria n. 3.214 de 8.6.1978 do Ministério do Trabalho e Emprego aprova as Normas Regulamentadoras (NR) integrantes da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), relativas à Segurança e Medicina do Trabalho. O cumprimento dessas Normas Regulamentadoras é obrigatório pelas instituições privadas e públicas e pelos órgãos públicos de administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos poderes legislativo e judiciário que possuam empregados regidos pela CLT. 15 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI AULA 8: Tipos de Riscos 1. FÍSICOS 2. QUÍMICOS 3. BIOLÓGICOS 4. ERGONÔMICOS 5. ACIDENTES • Os riscos associados ao laboratório decorrem da maior frequência com que estão expostos a situações potencialmente perigosas. O planejamento do trabalho reduz riscos de acidentes. • Deve-se considerar como potencialmente perigosas todas as substâncias com que trabalha e procurar conhecer as propriedades toxicológicas, agudas e crônicas, das substâncias com que lida, evitando exposição por inalação, ingestão ou absorção dermal. • A rigorosa limpeza de bancadas, vidrarias, equipamentos e vestuário evita a contaminação dos experimentos e consequentes interferências nos resultados. • Proteção da sua saúde e dos demais colegas. • A segurança no laboratório é assunto de interesse de todos que o frequentam. • Evite contato direto com as substâncias do laboratório, todas são potencialmente nocivas. • Muita atenção no laboratório são comuns substâncias inflamáveis, explosivas, corrosivas e tóxicas • Cuidado aparentemente não acontece nada, mas uma exposição (contato, inalação) pode levar a desenvolver doenças (bactérias, vírus, câncer) • Saiba que cuidados e normas de segurança devem ser seguidos antes realizar tarefas no laboratório. • Leia com atenção os rótulos dos produtos e roteiros das experiências a serem realizadas. • Trabalhando com postura adequada, sabendo se prevenir e se proteger você ajuda a evitar acidentes. • Os acidentes geralmente ocorrem por falta de cuidado, de reflexão antes de agir ou por negligência. • Emprego de práticas seguras e o uso de equipamentos de proteção adequados reduzem significativamente o risco de acidente ocupacional. TIPOS DE RISCOS o Físicos: energia → calor, frio, ruídos, vibrações, radiações, pressões anormais. Estão relacionados aos equipamentos. o Biológicos: todo e qualquer material vivo ou de origem animal o Químicos: principal causa de acidentes o Ergonômicos: otimização das condições de trabalho humano, visando segurança e eficiência ideais o Acidentes: ocorrem de forma inesperada (vidrarias, perforocortantes, etc) FÍSICOS ❖ EQUIPAMENTOS QUEGERAM CALOR/CHAMAS • Fontes: estufas, banhos de água, bico de gás, lâmpada IV, manta elétrica, autoclaves, etc. 16 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI • Cuidados: Instalação dos equipamentos em local adequado, distante de materiais voláteis, inflamáveis, termossensíveis e aparelhos de resfriamento • Proteção: operador deve se proteger adequadamente (luvas, óculos, máscara, etc) • Acidentes: queimadura, explosão e até incêndio ❖ BAIXA TEMPERATURA • Fontes: Nitrogênio líquido, câmaras frias e gelo seco • Cuidados: Gelo seco/acetona ou clorofórmio cuidar recipiente. Ex. isopor. • Proteção: luvas, máscara, agasalho térmico com capuz. • Acidentes: queimadura ❖ MATERIAL RADIOATIVO • Fontes: 3H, 14C, 33P, 35 S, 51 Cr, 131I, etc • Cuidados: treinamento de proteção radiológica, doses baixas efeito cumulativo (raio X) • Proteção: operador deve se proteger adequadamente (luvas, óculos, máscara, tempo, etc) • Acidentes: intoxicação ❖ OUTROS • Vibrações e ruídos • Radiações UV, IV, laser • Ondas de rádio • Campos elétrico, campo magnético QUÍMICOS ❖ Fontes: sólidos, gases ou líquidos (solventes combustíveis, explosivos, irritantes, voláteis, cáusticos, corrosivos e tóxicos) ❖ Proteção: operador deve se proteger adequadamente e conhecer os riscos ❖ Acidentes: queimaduras, contaminação, intoxicação, incêndio, explosão, etc ❖ Cuidados: dano ambiental BIOLÓGICOS ❖ Fontes: plantas, bactérias, parasitas, amostras biológicas (urina, escarro, sangue, etc) ❖ Proteção: operador deve se proteger adequadamente exames periódicos ❖ Acidentes: contaminação ❖ MATERIAL DE ORIGEM BIOLÓGICA • Usar todos os EPI durante a manipulação de fluidos biológicos • Manipulador com lesão de pele proteger muito o local durante contato com paciente • Descarte de materiais perfurocortantes e de pacientes em recipientes adequados • Não remover, dobrar ou reencapar agulhas ou seringas • Remover qualquer material de segurança em condições inadequadas (furado, trincado) • Nunca comer, beber, usar cosméticos ou manipular lentes de contato com pacientes • Supor que todo paciente é portador de vírus da Hepatite B, C ou HIV • Em caso de acidente (perfuração) com material biológico, realizar exame no paciente e no acidentado ERGONÔMICOS ❖ Fontes: distâncias e altura inadequada de bancada, mesa capela, circulação e obstrução de áreas de trabalho. ❖ Cuidados: evitar movimentos repetitivos como digitação, pipetagens. 17 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI ❖ Acidentes: Síndromes causadas pelo esforço repetitivo ❖ LER → lesões causadas por esforços repetitivos. ❖ DORT → doenças osteomusculares relacionadas com o trabalho ❖ Ergonomia: segurança, conforto e eficiência ❖ Síndrome do desfiladeiro torácico → trabalhos manuais curvados (lavagem de vidrarias em pias baixas, apoiar o telefone no ombro e ouvido, etc.) ❖ Síndrome do túnel do carpo e tenossinovite de extensores dos dedos → digitar, empacotar operar mouse, titular, contador de células, etc. ❖ SINTOMAS • Dores locais: antebraço, dedos, mãos, polegar ou pulso • Dores circunstanciais: à noite • Nos músculos: cólicas, fraqueza muscular ou perda de massa muscular • Sensorial: formigamento ou formigamento e queimação desconfortável • Também é comum: dormência nas mãos ACIDENTES Os acidentes mais comuns em laboratórios relacionam-se à quebra de peças de vidro, às queimaduras com substâncias cáusticas e aos incêndios de líquidos inflamáveis ou explosões. Cortes por manejo inadequado de vidraria Espalhamento de substâncias corrosivas ou cáusticas Incêndios Explosões Inalação de gases ou vapores nocivos Ingestão de produtos químicos ❖ EQUIPAMENTOS DE VIDRO • Fontes: vidrarias • Acidentes: cortes, queimaduras, contaminação • Cuidados: Resistência mecânica, química e ao calor do vidro • Não armazenar álcalis (erosão) • Usar vidro de borossilicato (resistentes ao calor) • Aquecer em manta elétrica • Em bico de Bunsen, usar tela de amianto • Ao aquecer, nunca fechar hermeticamente • Inflamáveis – nunca aquecer em manta ou chamas ❖ Derramamento de produtos químicos • informar os colegas próximos e ao professor, e limpar seguindo as normas de segurança • substância for volátil, explosiva, inflamável ou tóxica avisar a todos no laboratório • em caso de incêndio abafar se for pequeno (evitar pano secos) utilizar extintor adequado em direção a base ❖ Uso de rolhas em frascos de vidro • Recomendações: Avaliar tamanho rolha/orifício do frasco; Usar lubrificante adequado; Usar luvas adequadas e óculos de proteção; Nunca usar o corpo como apoio; Nunca usar frascos com fraturas ou trincados; Avaliarfragilidade da vidraria no uso repetido. 18 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI ❖ Lavagem → Tarefa que propicia acidentes pelo uso de água e detergentes, por isso merece atenção. ❖ Cuidados • Tanques e pias com material amortecedor (espuma ou borracha) • Usar luvas com material antiderrapante • Evitar o uso de solução sulfocrômica (perigosa e contamina o meio ambiente) • Usar extran ácido, neutro ou alcalino para tirar resíduos • Vidraria quebrada – descartar em caixas para material perfurocortante. • Pipetas e frasco de grande volume causadores + comuns de acidentes ❖ EQUIPAMENTOS/INSTRUMENTOS PERFURO-CORTANTES • Fontes: furadores de rolha lanceta, agulha, tesoura, etc • Acidentes: cortes e contaminação com material de origem biológica • Cuidados: Usar luvas, nunca voltar o instrumento contra o próprio corpo, usar superfície adequada para apoiar, respeitar normas específicas (descarte de materiais perfurocortantes) ❖ RECOMENDAÇÕES EM CASO DE ACIDENTE • Manter a calma, evitar pânico • Priorizar o ser humano esquecer bens materiais • Mesmo que o acidente seja pequeno informar ao professor • Lavar as mãos sempre que necessário, inclusive ao final da a atividades • Sempre que a pele entrar em contato com produtos químicos lavar imediatamente com sabão e água, se ocorrer em grande parte do corpo utilizar chuveiro ALGUMAS BOAS PRÁTICAS PARA UM LABORATÓRIO SEGURO 1. Use óculos ou máscaras protetoras, sempre que estiver no laboratório. Evite usar lentes de contato. 2. Use sempre quarda-pó com mangas compridas. Use luvas e sapatos fechados com sola de borracha 3. Aprenda a usar extintor antes que um acidente aconteça 4. Não fume, não coma ou beba quando estiver no laboratório 5. Evite trabalhar sozinho e fora das horas convencionais de trabalho 6. Não jogue material insolúvel nas pias (sílica, carvão ativo, vidro). Use frascos de resíduos apropriados 7. Em caso de acidente, mantenha a calma, desligue os aparelhos próximos, inicie o combate ao fogo, isole os inflamáveis e se for o caso chame os bombeiros 8. Não entre em locais de acidentes sem uma máscara contra gases 9. Ao sair do laboratório, o último desliga tudo e sempre verificando se tudo está em ordem 10. Trabalhando com reações perigosas, explosivas, toxicas ou cuja periculosidade você não está habituado, use a cabine de segurança com protetor acrílico e tenha sempre um extintor por perto 11. Nunca jogue no lixo os resíduos de reações químicas. Coloque-os em recipientes adequados 12. Em caso de acidente (por contato ou ingestão de produtos químicos) procure um médico indicando o produto utilizado 13. Se atingir os olhos, abra bem as pálpebras e lave em água corrente 14. Atingindo outras partes do corpo, retire a roupa impregnada e lave a pele com bastante água 19 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI NÍVEIS DE SEGURANÇA – CLASSES DE RISCO A exposição a fatores de risco biológico é inerente ao trabalho realizado nos serviços de saúde por meio de patógenos, como vírus, bactérias, parasitas e fungos, os quais, em contato com o profissional, podem ocasionar inúmeras patologias. Esses agentes biológicos são classificados em 4 classes de risco, de acordo com o grau de perigo para a saúde do profissional, a capacidade de propagação para outros indivíduos e a existência de tratamentos e/ou terapias profiláticas. NB - 1: ❖ Risco individual: baixo ❖ Risco coletivo: baixo ❖ Tratamento ou medidas profiláticas: - ❖ NB-1 refere-se ao trabalho com agentes biológicos da Classe de Risco I (baixo risco individual e para a coletividade): inclui os agentes biológicos conhecidos por não causarem doenças em pessoas ou animais adultos sadios. Exemplo: Lactobacillus sp, Escherichia coli K12 ❖ Recomenda--se a utilização de EPIs adequados e o cumprimento das boas práticas de laboratório. ❖ Exige a utilização de avental, luvas, óculos e calçado fechado. NB-2: ❖ Risco individual: moderado ❖ Risco coletivo: baixo ❖ Tratamento ou medidas profiláticas: disponíveis ❖ NB-2 refere-se ao trabalho com agentes biológicos da Classe de Risco II (moderado risco individual e limitado risco para a comunidade): inclui os agentes biológicos que provocam infecções no homem ou nos animais, cujo potencial de propagação na comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado, e para os quais existem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes. Exemplo: Schistosoma mansoni. ❖ Geralmente são aplicados a laboratórios clínicos e hospitalares, nos quais, os profissionais que atuam em locais NB-2 devem utilizar avental, proteção respiratória, luvas, óculos e calçado fechado. ❖ Os locais NB-2 devem ter lava olhos e cabines de segurança classe II (EPCs) NB-3: ❖ Risco individual: elevado ❖ Risco coletivo: moderado ❖ Tratamento ou medidas profiláticas: nem sempre existem ❖ NB-3 refere-se ao trabalho com agentes biológicos da Classe de Risco III (alto risco individual e moderado risco para a comunidade): inclui os agentes biológicos que têm capacidade de transmissão por via respiratória e causam patologias humanas ou animais, potencialmente letais, para as quais existem, usualmente, medidas de tratamento e/ou de prevenção. ❖ Representam risco se disseminados na comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de pessoa para pessoa. Exemplo: Bacillus anthracis. 20 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI ❖ Refere-se a ambientes nos quais microrganismos da Classe de Risco III são manipulados ou em locais que tenham altas concentrações de agentes da Classe II. ❖ Esse tipo de ambiente exige medidas de contenção física primária e secundária e o local deve ser projetado de maneira específica, visando à contenção de agentes de alto risco ❖ O local deve ser rigorosamente controlado por meio de medidas de vigilância, inspeção e manutenção, além de todos os funcionários do local serem devidamente treinados sobre as Normas de Biossegurança e a correta manipulação desse tipo de material. ❖ Os EPIs exigidos para esses locais são: avental, proteção respiratória (máscara com filtro), luvas, óculos e calçado fechado. ❖ O local deve ter como EPCs: lava olhos, sistema de alarme, escoamento de ar direcionado e cabines de segurança classe II ou III. NB-4: ❖ Risco individual: elevado ❖ Risco coletivo: elevado ❖ Tratamento ou medidas profiláticas: atualmente não existem ❖ NB-4 refere-se ao trabalho com agentes biológicos da Classe de Risco IV (alto risco individual e para a comunidade): inclui agentes biológicos de doença animal não existente no país e que, embora não sejam obrigatoriamente patógenos de importância para o homem, podem gerar graves perdas econômicas e/ou na produção de alimentos. ❖ Inclui os agentes biológicos com grande poder de transmissibilidade por via respiratória ou de transmissão desconhecida. Até o momento, não há nenhuma medida profilática ou terapêutica eficaz contra infecções ocasionadas por estes. ❖ Causam doenças humanas e animais de alta gravidade, com alta capacidade de disseminação na comunidade e no meio ambiente. Essa classe inclui, principalmente, os vírus. Exemplo:Vírus Ebola, COVID-19 ❖ Esses locais devem ser projetados e construídos em áreas isoladas, funcionalmente independentes de outras áreas. É preciso que haja todos os EPIs supracitados, juntamente com procedimentos de segurança especiais. ❖ Os profissionais que trabalham em ambientes NB-4 devem utilizar máscara facial ou macacão pressurizado, luvas, óculos, roupa protetora completa e calçado fechado como EPI. ❖ Os EPCs exigidos são: lava olhos, equipamentos de exaustão, vácuo e descontaminação e cabines de segurança classe III. 21 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI AULA 9: Segurança biológica - Barreiras de Contenção - EPI e EPC REGRAS GERAIS (QUANDO APLICÁVEL)❖ Utilizar jaleco branco com identificação ❖ Utilizar sapatos fechados, que envolvam toda face dorsal do pé ❖ Utilizar vestimentas que atendam as normas gerais da instituição, que exigem discrição e sobriedade, sem obrigatoriedade do uso da cor branca ❖ Evitar o uso de anéis, pulseiras e relógio ❖ Utilizar toca ❖ Luva de procedimento cirúrgico. PRINCÍPIOS DE BIOSSEGURANÇA ❖ Precauções Padrão (PP): São parte das Normas de Biossegurança e consistem em atitudes que devem ser tomadas por todo profissional de saúde frente a qualquer paciente, com o objetivo de reduzir os riscos de transmissão de agentes infecciosos, principalmente veiculados por sangue e fluidos corporais (líquor, líquido pleural, peritoneal, pericárdico, sinovial, amniótico, secreções e excreções respiratórias, do trato digestivo e geniturinário) ou presentes em lesões de pele e mucosas, restos de tecidos ou de órgãos, além de minimizar a exposição a substâncias químicas potencialmente tóxicas e possíveis riscos físicos. Estão inclusas entre as medidas de Precauções Padrão (PP) as seguintes atitudes: ❖ HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS o Apesar de ser considerada uma simples ação, a higienização das mãos é uma das medidas que mais evitam a propagação de doenças. o Deve ser feita antes e após o contato e manuseio do paciente o Antes e após atividades que eventualmente possam contaminá-las o Antes de calçar as luvas e após a remoção delas. o Aspectos gerais para correta higienização das mãos o O uso de luvas não exclui a lavagem das mãos o As unhas devem ser tão curtas quanto o possível o Todos os adornos (anéis, pulseiras, relógio...) devem ser removidos antes da higienização o Todas as partes devem ser limpas igualmente o A pia de higienização das mãos deve ser distinta da pia de lavagem de materiais ❖ EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA o Funcionam como elementos de contenção primária ou barreira primária de proteção para reduzir ou eliminar a exposição e a transmissão de microrganismos, devendo ser utilizados de acordo com o tipo de atividade realizada e o risco de exposição aos patógenos. Existem duas modalidades de equipamentos de proteção: • aqueles que conferem Proteção Individual (EPIs) • aqueles que conferem Proteção Coletiva (EPCs) o Equipamento de Proteção Individual (EPI) • Dispositivos de uso individual utilizados pelo profissional de saúde, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho 22 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI • Responsáveis pela proteção e integridade do indivíduo com o intuito também de minimizar os riscos ambientais no trabalho e promover a saúde, bem estar e evitar os acidentes e doenças ocupacionais • De acordo com a área • Responsabilidade do empregado e empregador • Bata/Jaleco ✓ Representa uma peça de roupa inteiriça que deve ser vestida por cima da roupa usual, antes que sejam desempenhadas atividades laboratoriais ou clínicas onde exista o risco de contato com material químico ou biológico, para se ter uma barreira física que irá proteger a pele e as roupas do profissional de saúde quando do contato com os pacientes ou ao encostar-se em qualquer superfície contaminada ✓ Devem ser vestidas no interior do laboratório ou clínica e retiradas antes da circulação para outros locais em que não haja risco de contaminação • Avental/Capote Cirúrgico • Gorro ✓ Barreira mecânica capaz de impedir a queda de cabelos no campo operatório ou no ambiente clínico/laboratorial, evitando contaminações provocadas pelos fios, bem como protege o cabelo e o couro cabeludo do profissional de respingos e aerossóis potencialmente contaminados. ✓ Deve ser utilizado no ambiente laboratorial, podendo ser descartado apenas ao final do expediente, desde que não contenham visível contaminação. Para garantir a máxima proteção, devem cobrir todo o cabelo e as orelhas. ✓ Pessoas que têm o cabelo longo devem estar com ele preso e, em casos de uso de adornos como p.ex. brincos, estes devem ser removidos antes da sua colocação ou estar completamente cobertos pelo gorro. • Máscara ✓ Barreira de uso individual que cobre o nariz e a boca, sendo indicadas para a proteção das vias respiratórias e mucosa oral dos profissionais de saúde de infecções por inalação de gotículas transmitidas à curta distância e pela projeção de sangue ou outros fluidos corporais que possam atingir as vias respiratórias ou mucosas. ✓ É indicada para minimizar a contaminação do ambiente com secreções respiratórias geradas pelo próprio profissional da saúde ou pelo paciente. ✓ A escolha adequada deve ser feita considerando-se o nível de proteção necessária ao procedimento exigido ou ao risco do patógeno infectante envolvido ✓ Uso único, deve ser descartada entre o atendimento de cada paciente, sempre que se tornarem úmidas ou com contaminação evidente. São comercializadas em caixas não estéreis com quantidades diversas ✓ Devem ser colocadas após o gorro, antes das luvas e dos óculos de proteção 23 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI ✓ Não devem ser ajustadas ou tocadas durante os procedimentos, devem cobrir confortavelmente as narinas e a boca ✓ Nunca devem ficar penduradas no pescoço ou sustentadas em apenas uma das orelhas ✓ Para sua remoção, devem ser manuseadas o mínimo possível e somente pelas tiras, tendo em vista a pesada contaminação ✓ O uso de protetores faciais de plástico não exclui a necessidade de utilização das máscaras • Óculos de proteção ✓ Medida de proteção da mucosa ocular em atividades que possam produzir respingo e/ou aerossóis (de sangue, fluidos corpóreos, água contaminada ou agentes químicos) ou projeção de estilhaços ou fragmentos. Aqueles com fotoproteção, também protegem contra fontes luminosas intensas e eletromagnéticas. Necessitam vedação periférica e adaptação ao rosto, inviabilizando assim o uso apenas de óculos comuns (de prescrição, “de grau”, para correção visual) para essa finalidade. ✓ Após o uso, devem ser lavados com mãos enluvadas, com sabão degermante em água corrente. Sua desinfecção pode ser feita com solução de hipoclorito de sódio a 0,1% ou álcool etílico a 70%. • Luvas ✓ Devem ser utilizadas sempre que for antecipado o contato com sangue e fluidos corporais, secreções e excreções, mucosas, lesões cutâneas, artigos ou superfícies contaminadas com material biológico, reagentes químicos ✓ Devem estar devidamente ajustadas ao tamanho das mãos ✓ Nenhum adorno (anéis, pulseiras, relógio...) deve estar sob ou em contato com a parte ativa das luvas ✓ Devem ser trocadas entre procedimentos no mesmo paciente se houver contato com material infectado ✓ Devem ser desprezadas imediatamente após o uso, em lixeira de resíduos contaminados ✓ Não devem ser tocadas na parte contaminada (externa) das luvas ao removê-las. ✓ O uso das luvas não elimina a necessidade de adequada higienização das mãos ✓ É comum a multiplicação de microrganismos em virtude das condições favoravelmente criadas em razão da umidade, temperatura e luminosidade ✓ Luvas de látex: procedimentos em geral, visando à proteção contra agentes biológicos e soluções químicas diluídas (exceto solventes orgânicos). ✓ Luvas de cloreto de vinila (PVC) e látex nitrílico: procedimentos que, em geral, visam à proteção contra agentes biológicos e produtos químicos ácidos, cáusticos e solventes. ✓ Luvas de fibra de vidro com polietileno reversível: proteção contra materiais cortantes. ✓ Luvas de fio kevlar tricotado: manuseio de materiais com temperaturas até 250 °C. 24 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI ✓ Luvas térmicas de nylon: manuseio de materiais com temperaturas ultrabaixas, tais como freezer -80 °C e nitrogênio líquido (-195 °C). ✓ Luvas de borracha: utilizadas para a realização de serviçosgerais de limpeza e descontaminação • Sapato fechado o Equipamento de Proteção Coletiva (EPC) • Sistemas de contenção que têm como objetivo minimizar ou eliminar a exposição a fatores de riscos de todos os profissionais presentes em determinado ambiente de trabalho. • Não se limitam apenas a equipamentos específicos, mas também a medidas de prevenção simples, como a ventilação do local, com exaustores e condicionadores de ar, placas sinalizadoras, pisos antiderrapantes, corrimãos e extintores de incêndio. • Outros tipos são utilizados em ambientes de prestação de serviços de saúde que têm finalidades especificas de acordo com o tipo de procedimento realizado: ✓ Chuveiro de emergência: para banhos em caso de acidentes com produtos químicos e fogo. É instalado em local de fácil acesso, sendo acionado por alavancas de mão, cotovelos ou joelhos. ✓ Lava-olhos: usado em casos de acidentes na mucosa ocular, promovendo a remoção da substância e diminuindo os danos. ✓ Autoclave: processo de esterilização de materiais ou resíduos produzidos em laboratório, diminuindo os efeitos contaminantes dos resíduos sobre o meio ambiente. ✓ Capelas de fluxo laminar horizontal: ocorre 100% da renovação do ar, equipada com filtro HEPA para esta renovação. ✓ Capelas de fluxo laminar vertical: ocorre 100% da recirculação do ar, equipada com filtro HEPA para esta renovação. ✓ Cabines de Segurança biológica (classe I, II e III): oferece proteção ao produto manipulado, ao operador e ao meio ambiente onde estão inseridas e o fluxo de ar é sempre vertical ▪ Classe A1 e A2: que possuem a frente aberta, são barreiras primárias que oferecem níveis significativos de proteção para a equipe do laboratório e para o meio ambiente, quando utilizadas com boas técnicas microbiológicas. ▪ Classe A2: também fornece uma proteção contra a contaminação externa de materiais (p. ex., cultura de células, estoque microbiológico) que serão manipulados dentro das cabines. ▪ Classe B2: é hermética e impermeável aos gases e proporciona o mais alto nível de proteção aos funcionários e ao meio ambiente. 25 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI ✓ Extintores de incêndio e Imunização 26 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI AULA 10: QUALIDADE DA ÁGUA ❖ Características das águas naturais (que não são puras) ❖ A água é um bem natural de alto valor agregado ❖ Várias substâncias tóxicas podem estar presentes na água ❖ Originam-se de: o Efluentes domésticos e industriais o Escoamentos superficial urbano e agrícola ❖ Parâmetros de qualidade: ❖ PARÂMETROS FÍSICOS • Temperatura: A temperatura influencia → Solubilidade de gases como o O2 e favorece processos aeróbicos • Condutividade elétrica: Sua alteração é me decorrência de substâncias dissolvidas que se dissociam em cátions e ânions (pode ter influência da temperatura) Muitos sais encontrados nas águas são de origem antropogênica → Descargas industriais - Consumo de sal nas residências - Excreções da população e animais • Sólidos: Partículas diversas, sedimentáveis ou não e que podem ser separadas por filtração • Cor: NATURAL: teor de matéria orgânica decomposta e íons de Fe e Mn ALTERADA: ações antropogênicas • Turbidez: É uma medida que representa o quanto uma amostra de água interfere na luz que através dela Águas turvas prejudicam a fotossíntese de vegetações submersas (menos vegetação → menos peixes) ❖ PARÂMETROS QUÍMICOS • Alcalinidade, dureza e pH Relacionados com as espécies CO2, CO3 2- , Ca 2+, Mg 2+ e H+ (correlacionadas) - Águas mais alcalinas - geralmente “dureza moderada” a “muito dura” Dureza pode ser expressa de várias formas: concentração de metais - (dureza de cálcio, dureza de magnésio, dureza total ([Ca 2+] + [Mg2+]) IMPORTÂNCIA desses parâmetros → Seres vivos necessitam de água em pH próximo à neutralidade → Tubulações de água (domésticas ou industriais) podem ser entupidas (águas duras) ou ter elementos metálicos lixiviados→ Níveis fora dos padrões (Água com sabor desagradável e pode ter efeitos laxativos) • Oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio (DBO), demanda química de oxigênio (DQO) Expressam o teor de oxigênio dissolvido e indicam os tipos possíveis de poluentes Demanda bioquímica de oxigênio → É a quantidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica por meio de processos bioquímicos, que podem ser monitorados em laboratório” 27 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI Demanda química de oxigênio → É a quantidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica através de um agente químico Útil para detectar substâncias resistentes à degradação biológica • Série de nitrogênio (orgânico, amoniacal, nitrato e nitrito) • Fósforo total Medida pouco seletiva (métodos espectroscópicos) Teores relativamente altos de espécies desta classe indicam poluição por efluentes industriais e/ou domésticos NH3 é geralmente encontrada em baixas concentrações APESAR DA TOXICIDADE, não é persistente Em concentrações baixas não causa danos aos seres humanos, mas pode ocasionar sufocamento de peixes • Surfactantes São os constituintes dos detergentes 1. aniônicos (R-SO3 -) Na+ i 2. catiônicos (RMe3 -N+) Cl- i 3. não iônicos Diminuem a tensão superficial da água geram espuma e deixam a “sujeira” em suspensão ➔ inconveniente estético e para a biota • Óleos e graxas Substâncias orgânicas pouco encontradas em águas superficiais, mas por serem pouco solúveis em água, dificultam tanto o tratamento de efluentes (processos biológicos) como o da água de abastecimento • Cianetos • Fenóis e demais contaminantes orgânicos Ocorrem em consequência de despejos industriais Além de afetarem o sabor dos peixes e da água, podem causar: lesões na pele e indisposições físicas de diversos tipos Toxicidade → depende da espécie • Ânions (cloretos, sulfetos) Constituem sais presentes na água → Aumento na concentração → poluição doméstica (Cl-) e industrial • Íons metálicos (ferro, potássio, sódio, magnésio, manganês, alumínio, zinco, bário, cádmio, níquel, chumbo, cobre, cromo (III), cromo (VI), selênio, mercúrio), arsênio e boro Fontes: despejo de efluentes e lixiviação de fertilizantes Toxidade: depende da espécie (especiação química) ❖ PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOS • Coliformes fecais e totais Bactérias encontradas principalmente nos intestinos de animais de “sangue quente” Não representam, por si só, perigo à saúde Dentre as cepas: Escherichia coli é de origem fecal • Estreptococos totais Bactérias patogênicas Classificadas em grupos (sinais clínicos e sintomas) 28 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI ❖ ÁGUA usada para ABASTECIMENTO o A água para essa finalidade sempre deve ser tratada? • FONTES potáveis: Processo de desinfecção • FONTES não potáveis: Estação de Tratamento de Água (ETA) • FONTES → Águas superficiais (geralmente menos “puras”) expostas continuamente a vários tipos de poluentes e águas subterrâneas. ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DA ÁGUA (ETA) ❖ 1- Captação: A água que chega à Estação de Tratamento de Água é captada diretamente nos rios (águas superficiais) ou no subsolo (águas subterrâneas) → LINHA LÍQUIDA ❖ 2- Gradagem: São retirados da água os resíduos de maior dimensão como folhas, ramos, embalagens que ficam retidos em grades por onde a água é forçada a passar → PROCESSOS DE CLARIFICAÇÃO o 1º Coagulação/floculação • São formados “flocos” com as substâncias dispersas e um reagente floculante: os contaminantes co-precipitam com o Al (OH)3 na etapa de Decantação • Melhora os índices de turbidez (partículas > 10-4 mm), cor e sabor (partículas menores que 10-4 mm • Uso de agentes “floculantes”: Al2 (SO4 )3, sais de ferro e polímeros orgânicos • Necessidadede remoção de Mg2+: Al2 (SO4 )3 + NaAlO2 • ANÁLISES PRÉVIAS são importantes para ajustar o pH, quando necessário • Esta etapa é realizada em câmaras (floculadores) onde água é levemente agitada, facilitando a aglutinação de impurezas • Parte da purificação da água ocorre por meio de um processo de “transferência de fase” o 2º Decantação • É um processo de separação física das partículas em suspensão, clarificando a água e reduzindo em grande porcentagem as impurezas • As partículas decantadas, mais “pesadas” que a água, ficam depositadas no fundo do decantador • Processo que dura, em média, 3 h o 3º Filtração • A água passa por filtros de areia e/ou carvão ativado, nos quais ficam retidas as partículas pequenas (não decantadas) e uma infinidade de substâncias solúveis (adsorção no carvão) ➔ melhora características como odor e sabor o 4º Desinfecção • É a eliminação de microrganismos não retidos nas etapas anteriores • Adição de “cloro” (gás ou solução de hipoclorito) • Fluoretação: adição de “flúor” (fluorsilicato de sódio ou ácido fluorsilícico) o ANÁLISES DE CONTROLE ETAPA FINAL → análises físico-químicas e microbiológicas para atestar a qualidade da água • ARMAZENAGEM → DISTRIBUIÇÃO PARA AS RESIDÊNCIAS (podem ocorrer contaminações) o Ficam resíduos (tanque decantação) → tratamento da Linha SÓLIDA • Desidratação de Lamas: “Sobram” resíduos provenientes dos processos de clarificação: lamas 29 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI • São encaminhadas para a desidratação (estabilização química) e estabilização microbiológica devido à grande quantidade de água • A desidratação (secagem) pode ser feita de várias formas: evaporação em leitos, uso de filtros (tipo prensa) • A lama tratada é transportada para um destino final adequado, sendo possível o seu aproveitamento como adubo orgânico o Principais objetivos: A remoção de material particulado, bactérias e algas, remoção da matéria orgânica dissolvida que confere cor à água, remoção ou destruição de organismos patogênicos tais como bactérias e vírus o Estas operações podem sofrer variações dependendo da fonte de água e dos padrões de qualidade a serem alcançados ❖ CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRATAMENTO DA ÁGUA (DESINFECÇÃO) o Ocorre para assegurar que a água esteja livre de microrganismos patogênicos o A cloração é o método de desinfecção mais comumente utilizado na maioria dos países o Quantidades suficientes de “cloro” são adicionadas à água visando destruir ou inativar os organismos alvo o É um método confiável, de relativo baixo custo, simplicidade operacional e cujo excesso, no tratamento, favorece a biossegurança no armazenamento e transporte da água tratada o DESINFECÇÃO COM CLORO • Problemas da desinfecção com cloro O composto de maior preocupação é o CHCl3: clorofórmio, produto da reação do HOCl reage com matéria orgânica Os THM não são removidos da água através do tratamento convencional → Deve-se assegurar que a matéria orgânica esteja ausente da água que vai ser submetida à cloração O risco de contrair doenças causadas por esses compostos é menor do que o de contrair doenças por organismos patogênicos Se a água contém fenol ou um derivado, o cloro substitui facilmente os átomos de hidrogênio do anel para dar lugar a fenóis clorados que além do gosto e odor ofensivos, são tóxicos Troca-se o cloro por dióxido de cloro quando o suprimento de água bruta está contaminado temporariamente com fenóis, sendo usando especialmente nos EUA e Europa • Desvantagens na utilização de dióxido de cloro Assim como o ozônio, não pode ser estocado (explosivo) sendo gerado in situ “Pequenas” frações de dióxido de cloro são convertidas em íons ClO2- e ClO3- cuja presença RESIDUAL na água final pode causar problemas de saúde • Vantagens na utilização de dióxido de cloro O dióxido de cloro não é um agente de cloração: geralmente não introduz átomos de cloro nas substâncias com as quais reage Oxida a matéria orgânica formando quantidades muito menores de subprodutos orgânicos tóxicos que quando é usado cloro molecular 30 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI Aula 11: SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR NA ÁREA DA SAÚDE o Para o SUS, trabalhador é toda aquela pessoa que exerce uma atividade para o sustento próprio ou de sua família, independentemente de ter carteira assinada ou não. o São considerados trabalhadores os que recebem salário, trabalham por conta própria, são servidores públicos, cooperativos, estagiários, aprendizes, os involuntariamente fora do mercado de trabalho como os desempregados e aposentados, aqueles que trabalham ajudando outro membro da família, mesmo sem receber salário, e os pequenos empregadores. o Todas essas pessoas podem apresentar problemas de saúde provocados pelo trabalho que exercem ou exerceram o NR 32 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM SERVIÇOES DE SAÚDE • Esta Norma Regulamentadora - NR tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurançà à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral. • Para fins de aplicação desta NR entende-se por serviços de saúde qualquer edificação destinada à prestação de assistência à saúde da população, e todas as ações de promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em qualquer nível de complexidade. • PROGRAMAS → PPRA – PCMSO • CAPACITAÇÃO • MEDIDAS DE PROTEÇÃO • Objetivos e campo de aplicação: diretrizes básicas → medidas de proteção à segurança e saúde do trabalhador (SST) → serviços de saúde e atividade de promoção e assistência à saúde 31 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE TISCOS AMBIENTAIS (PPRA) – N9 DO MINISTÉRIO DA SAÚDE o prever, reconhecer, analisar e controlar os agentes de riscos ambientais dentro do espaço de trabalho o norma regulamentadora nº 09 do Ministério do Trabalho e Emprego, trata-se da parte integrante do conjunto mais amplo das iniciativas da empresa no campo da preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, devendo estar articulado com o disposto nas demais normas regulamentadoras, em especial com o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO previsto na norma regulamentadora nº 07. o Esta aplicação também influencia na prevenção de futuros processos judiciais cíveis, trabalhistas e previdenciários, pois assim como o PCMSO, justamente evita o surgimento de doenças e acidentes de trabalho. o Segundo o item 9.1.5 da NR-07, entendem-se como riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL (PCMSO) – NR7 DO MINISTÉRIO DA SAÚDE o O foco na saúde ocupacional e é exigido pela NR 7. É com ela que os membros da CIPA solicitam exames médicos e criam campanhas internas, como a de vacinação, por exemplo. Ou seja, o PCMSO em foco integral o campo da saúde dos trabalhadores, enquanto o PPRA visa a preservação da saúde e integridade dos colaboradores. o norma regulamentadora nº 07 do Ministério do Trabalho e Emprego, o PCMSO trata-se da parte integrante do conjunto mais amplo de iniciativas da empresa no campo da saúde dos trabalhadores, devendo estar articulado com o disposto nas demais normas regulamentadoras. o Esta norma tem como objetivo prevenir, monitorar e controlar possíveis danos a saúde e integridade do empregado, assim como também detectar riscos prévios, especialmente no que diz respeito às doenças relacionadas ao trabalho. o Como exemplo, o PCMSO pode exigir a análise do ambiente de trabalho dos funcionáriosa fim de identificar riscos que podem afetar o agravo a saúde dos colaboradores, por conta disso pode ser solicitado uma série de exames clínicos e complementares específicos para cada tipo de nível de risco da empresa. 32 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI NR 32 – CAPACITAÇÃO o Antes do início das atividades e de forma continuada o Durante a jornada o Conteúdo mínimo – de acordo com o risco o Documento comprobatório o Por profissional de saúde (risco biológico/quimioterápicos) o Treinamentos e atualizações permanentes PERICULOSIDADE X INSALUBRIDADE o Periculosidade é definida como aquilo que causa risco direto à vida do funcionário • A periculosidade acontece quando o emprego submete o colaborador a situações em que ele corre riscos diretos de morte. A exposição à ameaça não precisa ser constante, pois apenas alguns minutos são necessários para ocasionar uma tragédia. Quando atua nessas condições, o trabalhador tem direito a receber um adicional em seu salário. • Situações que apresentam periculosidade ocorrem em contextos em que o funcionário está suscetível a roubos ou a outras espécies de violência. Além desses casos, também são amparados aqueles que trabalham com substâncias inflamáveis, explosivos ou energia elétrica. • CÁLCULO DO ADICIONAL: É possível chegar ao valor do adicional de periculosidade a partir do salário do empregado. ✓ Deve-se calcular 30% sob o número bruto. Posteriormente, soma-se o resultado com ele. ✓ Dessa maneira, caso o colaborador ganhe R$ 2.000, o adicional é calculado por 2.000 x 30%. Sendo assim, há um acréscimo de R$ 600 reais o Insalubridade oferece danos graduais, causando prejuízos biológicos à saúde e à imunidade • O trabalho insalubre é aquele que expõe o colaborador a agentes prejudiciais à saúde. Podemos citar ruídos, calor ou frio excessivos, bem como radiação ou produtos químicos nocivos. Tal contato causa danos a longo prazo para quem passa muito tempo em ambientes com essas características. • As condições de trabalho que geram adicional de insalubridade para o empregado constam em listagem na NR15.Algumas delas são: frio excessivo, agentes biológicos, ruídos contínuos etc. • CÁLCULO DO ADICIONAL: O adicional de insalubridade possui seu cálculo pautado no salário-mínimo. Outro fator considerado é o grau de insalubridade, que determina qual a porcentagem. Eles correspondem a: ✓ insalubridade grau mínimo: 10% do salário-mínimo ✓ insalubridade grau médio: 20% do salário-mínimo ✓ insalubridade grau máximo: 40% do salário-mínimo ✓ Por exemplo, caso um trabalhador esteja exposto a uma situação insalubre grau máximo e o salário-mínimo seja de 937 reais, seu adicional de insalubridade é dado por 937 x 40%. Ou seja, o valor é de 374,80 reais a mais em seus vencimentos. SE OCORRER UM ACIDENTE DE TRABAHO, COMO PROCEDER? o auxílio-doença acidentário → CIPA → CAT — Comunicação de Acidente de Trabalho o SESMT (Serviço de Segurança e Medicina do Trabalho → INSS → estabilidade do contrato de trabalho por 12 meses 33 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI Aula 12: RESÍDUOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE o Equivalem em média a 1% da geração de resíduos sólidos urbanos, dependendo da complexidade do atendimento, podendo chegar, de acordo com a OMS, a 3%. o Dessa porcentagem tem-se que: • 80% - podem ser equiparados aos resíduos domiciliares • 15% - patológico e potencialmente infectantes • 1% - perfurocortantes • 3% - químicos e farmacêuticos • 1% - diversos – radioativo, citostático, Hg, baterias. RESOLUÇÃO RDC Nº 222, DE 28 DE MARÇO DE 2018 → regulamenta boas práticas de gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde e da outras providencias. Geradores de resíduos de serviços de saúde: o Todos os serviços cujas atividades estejam relacionadas com a atenção à saúde humana ou animal • serviços de assistência domiciliar • laboratórios analíticos de produtos para saúde • necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento (tanatopraxia e somatoconservação) • serviços de medicina legal • drogarias e farmácias, inclusive as de manipulação • estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde • centros de controle de zoonoses • distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores de materiais e controles para diagnóstico in vitro • unidades móveis de atendimento à saúde 34 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI • serviços de acupuntura • serviços de piercing e tatuagem, salões de beleza e estética, o dentre outros afins. PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE (PGRSS): o É um documento técnico que estabelece um conjunto de procedimentos que contempla a geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e destinação final desses resíduos. o O PGRSS é baseado nos princípios da não geração e da minimização da geração de resíduos visando ao tratamento e disposição final de resíduos o Quem precisa do PGRSS? - Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010) o Quem exige? - Vigilância Sanitária e meio ambiente federal (licenciamento ambiental) Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS): o A PNRS foi instituída pela Lei no 12.305, de 2 de agosto de 2010, e reúne as ações do Governo Federal, sozinho ou em conjunto com os estados, o Distrito Federal e os municípios, em relação ao gerenciamento adequado de resíduos sólidos (BRASIL, 2010). o É importante destacar que o gerenciamento de resíduos sólidos também é regulamentado por outras leis e normas Outras leis e normas que regulam o gerenciamento de resíduos sólidos são: o Lei no 11.445, de 5 de janeiro de 2007 o Lei no 9.974, de 6 de junho de 2000 o Lei no 9.966, de 28 de abril de 2000 o Normas do SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente) o Normas do SNVS (Sistema Nacional de Vigilância Sanitária) o Normas do Suasa (Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária) o Normas do Sinmetro (Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) Tipos de Resíduos: Grupo A – Resíduos potencialmente infectantes o São resíduos que possuam presença de agentes biológicos e que apresentem risco de infecção. Ex.: bolsas de sangue contaminado o GRUPO A1 • Resíduos provenientes de manipulação de microrganismos, inoculação, manipulação genética, ampolas e frascos e todo material envolvido em vacinação, materiais envolvidos em manipulação laboratorial, material contendo sangue, bolsas de sangue ou contendo hemocomponentes. • Este resíduo deve ser acondicionado pelo gerador em saco branco leitoso com símbolo de risco infectante. o GRUPO A2 • Corresponde a carcaças, peças anatômicas, vísceras animais e até mesmo animais que foram submetidos a processo de experimentação com microrganismos que possam causar epidemia. • Como estes resíduos possuem um alto grau de risco, devem ser acondicionados em sacos vermelhos contendo símbolo de risco infectante. 35 1º BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA - VERÔNICA TREVIZAN LAGNI o GRUPO A3 • Peças anatômicas (membros humanos), produtos de fecundação sem sinais vitais, com peso inferior a 500 gramas e estatura menor que 25 cm, devem ser acondicionados pelo gerador em saco vermelho com símbolo de risco infectante o GRUPO A4 • Kits de linha arteriais, filtros de ar e de gases aspirados de áreas contaminadas, sobras de laboratório contendo fezes, urina e secreções, tecidos e materiais utilizados em serviços de assistência à saúde humana ou animal, órgãos e tecidos humanos, carcaças, peças anatômicas de animais, cadáveres de animais e outros resíduos que não tenham contaminação ou mesmo suspeita de contaminação com doença ou microrganismos de importância epidemiológica. • Estes resíduos devem ser acondicionados pelo gerador em sacos branco leitoso com símbolo
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