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ESTRUTURAS DE AÇO 2019.2 Professora: Marina Evangelista AULA 05 Barras de aço tracionadas 1 ESTRUTURAS DE AÇO 1. Considerações iniciais 2 • As barras de aço tracionadas são solicitadas exclusivamente por força axial de tração decorrente de ações estáticas; • Nos edifícios com estrutura de aço, tais barras aparecem, na maioria das vezes, compondo treliças planas que funcionam como vigas de piso e de cobertura (tesouras de cobertura); ESTRUTURAS DE AÇO 1. Considerações iniciais 3 • Barras tracionadas também compõem treliças espaciais, geralmente empregadas em coberturas de edificações que precisam de grande área livre; • As barras de aço axialmente tracionadas também aparecem na composição de treliças de pilares; • Nos contraventamentos verticais e de cobertura, usados para estabilizar muitas edificações, sempre há barras tracionadas; ESTRUTURAS DE AÇO 1. Considerações iniciais 4 • Tirantes e pendurais: transfere cargas gravitacionais de um piso para componentes estruturais situados em nível superior, também são barras tracionadas e aparecem em diversas edificações com estruturas de aço; ESTRUTURAS DE AÇO 1. Considerações iniciais 5 • A propriedade geométrica mais importante no dimensionamento é a área da seção transversal, e os perfis mais diversos são utilizados (I, U, duplo U, L, duplo L, T, barra redonda lisa etc.). ESTRUTURAS DE AÇO 2. Noções sobre treliças planas 6 Treliças planas das tesouras de coberturas • Apresentam geometrias similares às das vigas de piso; • O banzo superior geralmente é inclinado para que haja escoamento da água de chuva (a ABNT NBR 8800:2008 recomenda inclinação mínima de 3%); ESTRUTURAS DE AÇO 2. Noções sobre treliças planas 7 Treliças planas das tesouras de coberturas • As treliças de cobertura podem ter apenas 1 ponto de apoio nos pilares ou 2 pontos de apoio nos pilares; • Essas treliças costumam ter altura total superior a 1/15 do vão, dificilmente ultrapassando 1/5 do vão. ESTRUTURAS DE AÇO 2. Noções sobre treliças planas 8 Treliças planas das tesouras de coberturas ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 9 A área de trabalho na região de ligação de uma barra tracionada pode ser inferior à área bruta da seção transversal. Para se chegar à área de trabalho, a área bruta da seção transversal pode sofrer uma primeira e segunda reduções: • Primeira redução: área líquida, causada pela presença de furos para passagem de parafusos; • Segunda redução: área líquida efetiva, causada por distribuição não uniforme da tensão de tração em decorrência de maior concentração junto a parafusos e soldas. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.1. Área líquida 10 3.1.1. Elementos planos parafusados Linha de ruptura: percurso que passa por um conjunto de furos segundo o qual esse elemento se rompe sob solicitação de tração. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.1. Área líquida 11 3.1.1. Elementos planos parafusados ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.1. Área líquida 12 3.1.1. Elementos planos parafusados Determinando a linha de ruptura que prevalece, emprega-se um processo empírico no qual define-se a largura líquida (bn) de cada uma das possíveis linhas de ruptura pela equação: ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.1. Área líquida 13 3.1.1. Elementos planos parafusados 𝑏𝑔 = largura total da seção transversal; ∑𝑑ℎ = soma dos diâmetros de todos os furos da linha de ruptura considerada; n = nº de segmentos diagonais (não perpendiculares à linha de atuação da força de tração); s = espaçamento entre 2 furos do segmento diagonal, na direção paralela à linha de atuação da força de tração; g = espaçamento entre 2 furos do segmento diagonal, na direção perpendicular à linha de atuação da força de tração. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.1. Área líquida 14 3.1.1. Elementos planos parafusados A menor largura líquida deve ser adotada, as demais, desprezadas. A linha de ruptura correspondente à menor largura líquida é aquela por onde se admite que o elemento plano se rompa. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.1. Área líquida 15 3.1.1.Elementos planos parafusados Podemos notar que: ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.1. Área líquida 16 3.1.1. Elementos planos parafusados Podemos notar que: a) Nas ligações usuais, somente precisam ser consideradas as linhas de ruptura que passam pelos furos situados na região de força axial atuante máxima (N) (Figura 6.14). A linha de ruptura I-J-K-L-M, por exemplo, apesar de passar por 3 furos, não prevaleceria, uma vez que estaria submetida a uma força de tração relativamente reduzida (N – 4N/7). ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.1. Área líquida 17 3.1.1. Elementos planos parafusados Podemos notar que: b) A linha de ruptura A-B-G-C-D da Figura 6.14b não precisaria ser considerada, pois possui a mesma largura líquida da linha de ruptura A-B-F-C- D. c) As linhas de ruptura são formadas por um conjunto de segmentos retos, que podem se situar em uma seção transversal (perpendiculares à força N) ou formar um ângulo diferente de 90o com essa força (segmentos diagonais), mas que sempre se dirigem de uma das bordas longitudinais do elemento plano para a outra. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.1. Área líquida 18 3.1.1. Elementos planos parafusados Podemos notar que: d) O primeiro segmento das linhas de ruptura se situa sempre em uma seção transversal e une uma borda longitudinal do elemento plano a um furo, e o último segmento também se situa em uma seção transversal, unindo a outra borda longitudinal do elemento plano a um furo. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.1. Área líquida 19 3.1.1. Elementos planos parafusados Diâmetro dos furos 𝑑ℎ Essas aberturas são executadas geralmente por: Broca: uma broca de metal em movimento rotatório efetua o furo, podem ser feitos em elementos de qualquer espessura; ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.1. Área líquida 20 3.1.1. Elementos planos parafusados Diâmetro dos furos 𝑑ℎ Punção: um bastão de metal com uma ponto moldada, chamada punção, pressiona o elemento a ser furado, que fica apoiado em um matriz perfurada, geralmente são limitados a elementos cuja espessura não ultrapasse a medida do diâmetro do parafuso em mais de 3 mm. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.1. Área líquida 21 3.1.1. Elementos planos parafusados Diâmetro dos furos 𝑑ℎ ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.1. Área líquida 22 3.1.1. Elementos planos parafusados Diâmetro dos furos 𝑑ℎ • Fazem-se nas estruturas de aço furos-padrão com diâmetro nominal 1,5 mm maior que o diâmetro do parafuso; • Furos por broca possuem boa precisão na obtenção desse valor; • Em furos por punção, nas suas bordas, do lado do bastão, por conta de uma característica inerente ao processo, o diâmetro resultante é da ordem de 2,0 mm superior ao valor nominal, em torno de 3,5 mm superior ao diâmetro do parafuso. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.1. Área líquida 23 3.1.1. Elementos planos parafusados Diâmetro dos furos 𝑑ℎ • Assim, será considerada, sempre a situação mais desfavorável do ponto de vista estrutural, ou seja, os furos de punção. • O diâmetro dos furos deve ser tomado como: 𝑑ℎ= 𝑑𝑏+3,5 mm 𝑑𝑏= diâmetro do parafuso ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.1. Área líquida 24 3.1.1. Elementos planos parafusados Diâmetro dos furos 𝑑ℎ Após obter a largura líquida de um elemento plano, bn, a área líquida da seção transversal desse elemento é dada por: 𝐴𝑛= 𝑏𝑛t t = espessura do elemento. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.1. Área líquida 25 3.1.2. Perfis parafusados A área líquida em qualquer perfil parafusado pode ser determinada ao se transformar o perfil em um ou mais elementos planos, aplicando a esses elementos a teoria fornecida anteriormente. Quando uma linhade ruptura tem todos os seus segmentos na seção transversal, a área líquida pode ser obtida subtraindo-se a área dos furos da área bruta 𝑨𝒈. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.1. Área líquida 26 3.1.2. Perfis parafusados ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.1. Área líquida 27 3.1.2. Perfis parafusados ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.2. Área líquida efetiva 28 • Uma barra tracionada ligada com parafusos ou soldas por apenas alguns dos elementos componentes da seção transversal fica submetida a uma distribuição de tensão não uniforme na região da ligação porque o esforço tem de passar pelos elementos conectados, estes submetidos a uma tensão média maior que a dos elementos não conectados (elementos soltos). • Uma parte da seção transversal trabalha sob tensão uniforme, com a parte restante sendo desprezada. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.2. Área líquida efetiva 29 • A área da parte da seção transversal que trabalha é a área líquida efetiva, representada por 𝐴𝑒: 𝐴𝑒 = 𝐶𝑡 𝐴𝑛 𝐶𝑡 = coeficiente de redução da área líquida 𝐴𝑛. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.2. Área líquida efetiva 30 3.2.1. Coeficiente de redução 𝑪𝒕 Barras com seção transversal aberta 𝑒𝑐 = excentricidade da ligação, igual à distância do centro geométrico da seção da barra, G, ao plano de cisalhamento da ligação. 𝑙𝑐 = comprimento efetivo da ligação. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.2. Área líquida efetiva 31 3.2.1. Coeficiente de redução 𝑪𝒕 Barras com seção transversal aberta • Não é permitido o uso de ligações que resultem em um valor do coeficiente 𝐶𝑡 <0,60 (caso isso ocorra, a ligação é pouco eficiente e deve ser modificada); • Se o valor obtido pela Equação ultrapassar 0,90, por razões de segurança, deve ser usado nos cálculos esse valor como limite superior. • O coeficiente 𝐶𝑡 se eleva à medida que o comprimento da ligação (𝑙𝑐) aumenta, e a distância do centro geométrico da barra ao plano de cisalhamento da ligação (𝑒𝑐) diminui. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.2. Área líquida efetiva 32 3.2.1. Coeficiente de redução 𝑪𝒕 Barras com seção transversal aberta ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.2. Área líquida efetiva 33 3.2.1. Coeficiente de redução 𝑪𝒕 Elementos planos com soldas nas bordas Nos elementos planos ligados exclusivamente pelas bordas longitudinais por meio de solda, o comprimento dos cordões de solda (𝑙𝑤) não pode ser inferior à largura da chapa (b), que não pode ser superior a 200 mm, e os seguintes valores para o coeficiente 𝐶𝑡 devem ser utilizados: ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.2. Área líquida efetiva 34 3.2.1. Coeficiente de redução 𝑪𝒕 Elementos planos com soldas nas bordas ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.2. Área líquida efetiva 35 3.2.1. Coeficiente de redução 𝑪𝒕 Elementos planos com soldas nas bordas ESTRUTURAS DE AÇO 3. Estudo da região de ligação 3.2. Área líquida efetiva 36 3.2.1. Coeficiente de redução 𝑪𝒕 Elementos planos com soldas nas bordas ESTRUTURAS DE AÇO 4. Identificação dos estados-limites últimos 37 Ruptura da seção líquida: Estado-limite último em que há colapso de barras tracionadas relacionado à região de ligação quando a tensão atuante na área líquida efetiva (𝑨𝒆) atinge o valor da resistência à ruptura do aço (𝒇𝒖) e a barra se rompe. Escoamento da seção bruta: Estado-limite último quando a tensão de tração atuante na sua seção bruta (𝑨𝒈 ) atinge o valor da resistência ao escoamento do aço (𝒇𝒚 ). A barra está em situação de escoamento generalizado e sofre alongamento excessivo, o que pode provocar a ruína da estrutura da qual faz parte. ESTRUTURAS DE AÇO 4. Identificação dos estados-limites últimos 38 ESTRUTURAS DE AÇO 5. Dimensionamento aos estados-limites últimos 39 No dimensionamento aos estados-limites últimos de uma barra submetida a força axial de tração, é preciso satisfazer a seguinte relação: 𝑁𝑡,𝑆𝑑 = força axial de tração solicitante de cálculo, obtida com a combinação de ações de cálculo apropriada, 𝑁𝑡,𝑅𝑡 = força axial de tração resistente de cálculo, considerando os estados- limites últimos de escoamento da seção bruta e ruptura da seção líquida. ESTRUTURAS DE AÇO 5. Dimensionamento aos estados-limites últimos 40 Para o escoamento da seção bruta: 𝐴𝑔𝑓𝑦 = força axial resistente nominal γ𝑎1 = o coeficiente de ponderação da resistência para escoamento, igual a 1,10. ESTRUTURAS DE AÇO 5. Dimensionamento aos estados-limites últimos 41 Para a ruptura da seção líquida: 𝐴𝑒𝑓𝑢 = força axial resistente nominal, e γa2, o coeficiente de ponderação da resistência para ruptura, igual a 1,35. γ𝑎2 = o coeficiente de ponderação da resistência para ruptura, igual a 1,35. ESTRUTURAS DE AÇO 5. Dimensionamento aos estados-limites últimos 42 Os coeficientes de ponderação da resistência, respectivamente iguais a 1,10 e 1,35 para os estados-limites de escoamento da seção bruta e de ruptura da seção líquida, expressam maior nível de incerteza quanto ao valor da capacidade resistente nominal deste último. ESTRUTURAS DE AÇO 6. Limitação do índice de esbeltez 43 O índice de esbeltez é a maior relação entre o comprimento destravado 𝒍𝒕 e o raio de giração r correspondente (com exceção das barras redondas rosqueadas que são montadas com pré-tensão). Seu limite é dado por: ESTRUTURAS DE AÇO 6. Limitação do índice de esbeltez 44 A recomendação sobre esse limite evita: • deformação excessiva; • vibração de grande intensidade, que pode se transmitir para toda a edificação, quando houver ações variáveis ou quando existirem solicitações de equipamentos vibratórios. ESTRUTURAS DE AÇO 6. Limitação do índice de esbeltez 45 𝑳𝒕 𝒓 𝒙 = 𝑳 𝒓𝒙 (no plano das treliças, o comprimento destravado é a distância entre 2 nós adjacentes). 𝑳𝒕 𝒓 𝒚 = 𝟐𝑳 𝒓 𝒚 (no plano perpendicular às treliças, o comprimento destravado é a distância entre 2 mãos-francesas adjacentes ou entre apoio externo e mão-francesa). ESTRUTURAS DE AÇO 6. Limitação do índice de esbeltez 46 ESTRUTURAS DE AÇO 7. Exercícios 47 7.1. Determinar a largura líquida e a área líquida do elemento plano abaixo, com as dimensões indicadas a seguir, sabendo-se que esse elemento possui espessura de 8 mm. Os parafusos usados na ligação têm diâmetro de 19 mm (3/4"). ESTRUTURAS DE AÇO 7. Exercícios 48 ESTRUTURAS DE AÇO 7. Exercícios 49 7.2. Obter o valor da força axial resistente de cálculo,𝑁𝑡,𝑅𝑑, para a barra tracionada mostrada a seguir. As ligações são parafusadas, feitas com o uso de chapas (não mostradas), e os furos e a posição do plano de cisalhamento esta indicado. Os parafusos têm diâmetro de 24 mm e estão distanciados entre si de 80 mm (distância eixo a eixo de furos), na direção da força de tração, em cada linha de furação. O aço empregado possui resistência ao escoamento de 345 MPa e à ruptura de 450 MPa. ESTRUTURAS DE AÇO 7. Exercícios 50 ESTRUTURAS DE AÇO 7. Exercícios 51 ESTRUTURAS DE AÇO 7. Exercícios 52 ESTRUTURAS DE AÇO 8. Referências • FAKURY, Ricardo; SILVA, Ana Lydia R. Castro E; CALDAS, Rodrigo B. Dimensionamento de Elementos Estruturais de Aço e Mistos de Aço e Concreto. São Paulo – Pearson, 2016. • PFEIL, Walter; PFEIL, Michele. Estruturas de Aço. 8.ed.rev. Rio de Janeiro: LTC, 2009. 53 ESTRUTURAS DE AÇO OBRIGADA! 54