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Doenças osteoarticulares Desenvolvimento ósseo/Tecido ósseo/Regeneração óssea Olhar o resumo “Tecido Locomotor” em Histologia II. Doenças da infância Doença de Legg-Calvé-Perthes Trata-se de uma necrose avascular idiopática da epífise femoral em crescimento, que ocorre devido à irrigação pobre da epífise por vasos da cápsula articular - a epífise é um local que já sofre um pouco de isquemia normalmente. É a forma infantil da necrose asséptica da cabeça do fêmur do adulto. A proporção é de 4H:1M, com faixa etária típica entre 2-12 anos. Pode ser bilateral em até 20% dos casos (em geral é unilateral). Os sintomas costumam se apresentar de forma subaguda (queixas por mais de seis semanas), com claudicação (comprometimento da capacidade de caminhar) associada ou não a dor na região inguinal ou na face anterior da coxa. Apresenta-se importante limitação da abdução e da rotação interna do quadril; além de facilitar um quadro de luxação da perna. O tratamento é prevenir a deformidade residual da epífise femoral; deve-se fazer uma contenção da cabeça do fêmur dentro do acetábulo para que este funcione como um molde. Epifisiólise do Quadril Doença que acomete a epífise proximal do fêmur, a qual ocorre um deslizamento da epífise (cabeça femoral) em relação ao colo do fêmur, pelo enfraquecimento da placa epifisária (cartilagem de crescimento). Pelo efeito do peso corporal, a cabeça do fêmur se desloca para baixo, para trás e faz uma rotação interna, enquanto o colo do fêmur desliza para cima, para frente e faz uma rotação externa. Sintomas: dor no quadril, claudicação, limitação da rotação interna (paciente se apresenta com rotação externa do quadril), flexão e abdução do quadril. O tratamento é cirúrgico com objetivo de promover o fechamento da placa epifisária (epifisiodese), prendendo-se o colo femoral à epífise, impedindo a progressão do deslizamento. Displasia do desenvolvimento do quadril ou Displasia congênita do quadril ou Luxação congênita do quadril. Doença mais comum em meninas. Ela envolve uma deformação progressiva dos ossos do quadril, provocando defeitos no fêmur proximal (anteversão exagerada), na cápsula articular (alongamento e hipertrofia), nos músculos iliopsoas e adutores (contratura) e principalmente no acetábulo, que se torna mal direcionado → luxação exagerada. É mais comum do lado esquerdo (60% dos casos), sendo bilateral em 20% das crianças afetadas. O diagnóstico deve ser o mais precoce possível (0 a 3 meses); desde que realizado antes dos três meses de vida, o êxito do tratamento tem alta porcentagem de sucesso. ● 0 a 3 meses → fazer manobras para tentar diminuir a luxação da cápsula articular: ○ Manobras de Ortolani (flexão do joelho e abdução da perna, tentando jogar cabeça do fêmur para dentro da articulação) ○ Barlow (faz a adução da perna flexionada e põe pressão em cima do membro). ● 3 a 18 meses → observar o Sinal de Galeazzi para fazer o diagnóstico. ● Após 12 meses → Sinal de Trendelenburg. É quando ao ficar de pé no membro inferior afetado o quadril cai para o lado oposto e o tronco desvia-se para o lado afetado. Fraturas Os tipos de fratura são: ● Forças de angulação: produzem fraturas transversas ou fraturas oblíquas. ● Forças de torção: causam as fraturas espirais. ● Forças de tração: por intermédio de um tendão inserido no osso, podem ocasionar as fraturas por avulsão. ● Forças compressivas: provocam fraturas de compressão (fraturas impactadas). As fraturas também podem ser divididas em: ● Patológicas: ocasionadas por tumores, que podem ser divididos em osteolíticos (destruição óssea) e osteoblásticos (deposição óssea) ● Expostas Para a resolução dessas fraturas são 3 fases: 1. Fase Precoce (Hematoma Fraturário): ocorre ruptura de pequenos vasos no osso e periósteo com sangramento formando hematoma. Coagulação do hematoma serve de estímulo para iniciar o processo de consolidação, sendo invadido por pequenos vasos (angiogênese), trazendo consigo células mesenquimais pluripotentes do tecido conjuntivo, originárias do periósteo ou dos tecidos moles circunjacentes. 2. Fase do Calo Fraturário Mole: Nas primeiras duas semanas, começa a se formar um tecido frouxo fibrocartilaginoso circundando a lesão, dando a forma de um abaulamento no ponto de fratura do osso (calo), como não é tecido ósseo, não aparece no RX 3. Fase do Calo Fraturário Duro (Calo Ósseo): aparecem os osteoblastos que então começam a produzir tecido ósseo. Este tecido começa a ser formado num local um pouco distante do traço de fratura, aparecendo na radiografia como uma reação periosteal. Em seguida, começa a preencher todo o foco de fratura, neste momento aparecendo no RX como um verdadeiro calo ósseo, bem visualizado ao se completar seis semanas (consolidação e estabilidade clínica). Após 4 a 8 meses há formação de osso maduro e a fratura desaparece no RX (consolidação radiológica). Ao longo dos próximos meses, o calo ósseo vai se remodelando, com reabsorção do excesso, até que o osso volte ao seu formato original. As complicações de uma fratura óssea são: – Lesão arterial. – Osteomielite. – Síndrome Compartimental: dor intensa que não melhora com analgésicos e piora com apalpação, causa parestesia de extremidade, palidez, paralisia e ausência de pulso; é causado pelo grande edema na região, a qual leva ao inchaço e compressão da região; o tratamento é fazer a fasciotomia (corte da fáscia do braço para permitir a expansão do músculo). – Necrose avascular. – Embolia gordurosa: entrada de medula óssea gordurosa nos vasos sanguíneos, causando uma obstrução dos vasos. – TEP: tromboembolismo pulmonar, embolismo pulmonar causado pela coagulação sanguínea resultante da fratura óssea. Distúrbios articulares São subdivididos em 4 grupos: ● Grupo I: doença articular não inflamatória; exemplos: OA, articulação neuropática. ● Grupo II: doença articular inflamatória; exemplos: artrite reumatoide (AR), gota ● Grupo III: doença séptica da articulação; exemplos: doença de Lyme (LD), gonococcemia disseminada (GC) ● Grupo IV: doença hemorrágica da articulação; exemplos: trauma, hemofilia A e B. Os sinais e sintomas gerais de uma doença articular são: ● Artralgia: Termo geral para dor nas articulações. ● Artrite: Se refere à inflamação da articulação associada com dor, inchaço, sensibilidade e calor. ● Rigidez matinal: (definição) dor ou rigidez nas articulações que duram> 30 minutos; Exemplos: AR, lúpus eritematoso sistêmico (LES). ● Mobilidade articular diminuída: causada por danos nos ligamentos e na cápsula articular. ● Inchaço da articulação (derrame articular): causado pelo aumento do fluido articular; exemplos: exsudato inflamatório (líquido rico em proteínas e neutrófilos), sangue. ● Vermelhidão (rubor) e calor da articulação: sinais de inflamação aguda; exemplos: artrite séptica, AR. ● Crepitação articular ao movimento: refere-se a uma sensação de crepitação ao mover uma articulação. Osteoartrite (OA) É a degeneração progressiva da cartilagem articular que acomete principalmente as articulações que são usadas com muita frequência. É presente empessoas com + de 65 anos de idade; os fatores de risco são: idade avançada, doença de legg–calvé–perthes (necrose avascular da cabeça femoral), condições endócrinas ou metabólicas., osteocondrite dissecante, obesidade, trauma, doença articular neuropática, lesões do menisco. Os locais mais comuns são a cabeça do femoral, joelho, vértebras cervicais e lombares e mãos. Na OA, citocinas ativam metaloproteinases que degradam os proteoglicanos e o colágeno da cartilagem. Assim, os achados articulares são: ● Erosão e fissuras na cartilagem articular. ● Formação óssea reativa nas margens da articulação (osteófitos). ● Cistos subcondrais (processos degenerativos). ● Ausência de anquilose (fusão) da articulação. ● Fragmentos de cartilagem articular no espaço articular. Os achados clínicos dessa condição são: Osteófitos irritam o revestimento sinovial; Osso em contato direito com osso; Pacientes com lesões do quadril podem referir dor em virilha; A dor é agravada com o movimento da articulação (causada por uma sinovite secundária aos osteófitos). ● A rigidez articular ocorre após inatividade, acordando de manhã e depois de se sentar. ● Crepitação da articulação com movimento e diminuição da amplitude de movimento articular. ● Envolvimento da mão: aumento das articulações interfalangeanas distais causadas por osteófitos (Nódulos de Heberden); aumento das articulações interfalangeanas proximal casuadas por osteófitos (Nódulos de Bouchard). ● Envolvimento vertebral na OA; doença degenerativa do disco vertebral e compressão nervosa causando dor, parestesias (sensação de queimação) e atrofia muscular. O diagnóstico é por radiografia simples; a RM é boa para anormalidades e efusões do tecido sinovial. O líquido sinovial é não inflamatório. Artrite reumatóide Condição sistêmica associada à inflamação articular crônica que afeta mais comumente as articulações periféricas (punhos, mãos, pés). A maioria dos casos ocorre em mulheres entre 30 e 50 anos. A causa dessa condição são várias associações de antígenos leucocitários humanos (HLA-DR4) que envolvem sinalização intracelular e produção de certos tipos de proteínas citrulinadas sinoviais (alteração na arginina). Os agentes desencadeadores microbianos que iniciam a inflamação sinovial incluem o vírus Epstein-Barr (EBV), o parvovírus B19, o herpesvírus humano 6 e o Mycoplasma spp. Fatores de risco: idade, sexo feminino, uso de tabaco, obesidade e silicose (síndrome de Caplan). A patogênese dessa doença pode envolver tanto reações tipo III quanto tipo IV. Um mecanismo proposto é que as células T CD4 + auxiliares (tipo IV) sejam ativadas, conduzindo à liberação de agentes pró-inflamatórios (TNF). Então, células sinoviais inflamadas expressam antígenos fazendo com que as células B produzam fator reumatóide (FR). O FR é um autoanticorpo IgM que possui especificidade para a IgG - FR e IgG se unem para formar imunocomplexos (tipo III). A sensibilidade do FR é ~ 60% e especificidade é ~ 80%, bem como também pode formar complexos com IgA. Os IC ativam C5a, um agente quimiotático para neutrófilos e outros leucócitos entrarem no espaço articular. Há a formação de uma sinovite crônica e formação de Pannus eventualmente ocorrem. OBS! Pannus é um tecido de granulação que é formado dentro do tecido sinovial por fibroblastos e células inflamatórias que liberam citocinas (ILs, TNF) destruindo a cartilagem articular e levando à fusão da articulação por tecido cicatricial (anquilose). Os achados clínicos são: ● Envolvimento simétrico das articulações metacarpofalangeanas e interfalangeanas proximais com notável conservação das interfalangeanas distais. ● Rigidez matinal > 1 hora. ● Alterações Articulares: desvio ulnar bilateral nas articulações metacarpofalangeanas e deformidade em “pescoço de cisne”. ● Flexão da articulação interfalangeana distal. ● Extensão da articulação Interfalangeana proximal: deformidade de Boutonnière ou casa de botão (inverso). ● Extensão da articulação interfalangeana distal. ● Flexão da articulação Interfalangeana proximal: as radiografias das mãos mostram erosões ósseas ao redor das articulações envolvidas e osteopenia periarticular; outras articulações comumente envolvidas na AR incluem a coluna cervical, ombros, cotovelos, quadris, joelhos e pés. ● Alterações Pulmonares: pleurite crônica com efusões, fibrose intersticial e bronquiolite obliterante. ● Doença hematológica: anemia de doença crônica, Síndrome de Felty (AR, esplenomegalia, neutropenia autoimune, úlceras em MMII) e anemia hemolítica auto-imune. ● Síndrome do túnel do carpo: aprisionamento do nervo mediano sob o ligamento transverso do carpo. ● Espinha cervical: a coluna cervical inteira está freqüentemente envolvida; a subluxação da articulação atlantoaxial é particularmente perigosa (risco de compressão da medula espinhal e risco de compressão da artéria vertebral, causando um acidente vascular cerebral) ● Nódulos reumatóides: nódulos ocorrem na superfície extensora dos dedos, antebraços e pontos de pressão (tendão de Aquiles, processo do olécrano) e nos pulmões. A necrose fibrinóide está presente no centro dos nódulos com paliçada dos fibroblastos. A presença de nódulos reumatóides correlaciona-se com títulos muito altos de FR. Síndrome de Caplan: nódulos reumatóides no pulmão associado a pneumoconiose causada por sílica, amianto ou pó de carvão. ● Doença cardiovascular: pericardite fibrinosa e constritiva; aortite; vasculite de pequenos vasos por imunocomplexos (vasculite é geralmente localizada ao redor dos tornozelos e está correlacionada com altos títulos de FR) ● Cisto poplíteo (Baker): extensão da bursa no espaço articular posterior devido ao aumento da pressão intra-articular; às vezes, rompe e disseca a região poplítea resultando em um aspecto semelhante a trombose venosa profunda (TVP) ou aneurisma de artéria poplítea (pulsátil). ● Alterações oculares: episclerite e esclerite. Os achados laboratoriais são: ● Anticorpo antinuclear (ANA) positivo em 30% dos casos. ● FR positivo em 70% a 90% dos casos. ● O peptídeo citrulinado anticíclico (anti-CCP) tem uma especificidade de 95% a 98% e uma sensibilidade de 68% a 80%; mais comum na AR inicial. ● Complemento C3 sérico aumentado ou normal. ● Diminuição do complemento C3 do líquido sinovial. ● PCR e VHS são aumentados. ● Proteína sérica total está aumentada: causada por um aumento de γ-globulinas IgG (IgG) na inflamação crônica; gamopatia policlonal na eletroforese de proteínas séricas.
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