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DISCIPLINA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA - 2020 FCMSCSP Marcella S D Ganme Introdução a Ortopedia Considerações Iniciais - O esqueleto do corpo humano é dividido em axial (ossos da cabeça, pescoço e tronco) e apendicular (MMSS e MMII). A união dos dois esqueletos se faz por meio da escápula e da pelve. - Tecido ósseo: é um tipo especializado de tecido conjuntivo formado por Célula osteoprogenitora: pluripotentes, indiferenciadas, localizadas no endósteo, periósteo e canais vasculares Osteoblastos: síntese da parte orgânica d a m a t r i z ó s s e a ( c o l á g e n o I , p roteog l icanas e g l icoprote ínas) ; sintetizam também osteoctina (depósito de cálcio) e osteocalcina (estmula a atividade dos osteoblastos) Osteócitos: estão nas lacunas da matriz ó s s e a c a l c i f i c a d a e e m i t e m prolongamentos; comunicam-se com células vizinhas por meio de gap junctions Osteoclastos: é uma célula gigante, multinucleada, móvel e responsável pela reabsorção da matriz óssea; armazenam ou liberam cálcio, de forma que atuam na calcemia; é regulado por calcitonina (inibidor do osteoclasto) e paratormônio (estimula o osteoclasto). - Os ossos são classificados de acordo com a sua forma: Ossos longos: comprimento > largura; formados por corpo e duas extremidades; diáfise formada por tecido ósseo compacto e epífise por tecido ósseo esponjoso Ossos curtos: comprimento = largura; osso esponjoso e, na superfície, fina camada de tecido ósseo compacto Ossos laminares: finos e compostos por duas lâminas paralelas de tecido ósseo compacto, com camada de osso esponjoso entre elas Outros: irregulares, pneumáticos, suturais e alongados - Osso compacto x Osso esponjoso Osso compacto: massa sólida e contínua Osso esponjoso: trama tridimensional de espículas ósseas ramificadas (trabéculas), que delimitam o espaço ocupado pela medula óssea - Periósteo: membrana de tecido conjuntivo denso que reveste a superfície externa da diáfise, fixando-se firmemente a toda superfície externa do osso, exceto à cartilagem articular. - Formação de tecido ósseo: ossificação intramembranosa (tecido ósseo surge de membrana conjuntiva) x ossificação endocontral (peça de cartilagem serve de molde; maioria dos ossos) - Acidentes ósseos Saliências articulares – São elevações nos ossos que se articulam com outras estruturas. São as cabeças, côndilos, capítulos e trócleas. Exemplo: cabeça do fêmur e tróclea do úmero. Saliências não articulares – São elevações nos ossos que não se articulam com outras estruturas. São as bordas, cristas, espinhas, linhas, apófises ou processos, tuberosidades e tubérculos. Exemplo: crista ilíaca e espinha esquiática. Depressões articulares – São reentrâncias nos ossos que se articulam com outras estruturas. Temos as cavidades, as fóveas, as incisuras (essas podem ser ou não articulares) e os alvéolos. Exemplo: cavidade glenoide da escápula, a fóvea costal das vértebras e os alvéolos dentários da mandíbula. Depressões não articulares – São reentrâncias nos ossos que se não articulam com outras estruturas. São os sulcos e as fossas. Exemplo: sulco do nervo radial do úmero, fossa intercondilar do fêmur. Forames e canais – São aberturas nos ossos que permitem a passagem de qualquer estrutura anatômica. Essas aberturas podem ser formadas por um único osso ou por mais de um osso. Exemplo: forame nutrício dos ossos e canal óptico do osso esfenóide. Estrutura Básica e Função do Osso Considerações Iniciais - Matriz óssea: componente extracelular do tecido ósseo; composta por osteoide (colágeno tipo I + glicosaminoglicanos) + componente mineral (hidroxiapatita) Proteínas da matriz óssea: fatores de crescimento (IGF-1, TGF-ß, PDGF), enzimas (fosfatase alcalina e colagenase), albumina, osteocalcina (produzida por osteblastos; papel na mineralização e na homeostase do cálcio), citocinas, proteínas de adesão celular (osteopontina, fibronectina, trombospodina) A síntese de matriz pode ser feita na forma reticular (mais rápido, integridade estrutural menor) ou lamelar (mais resistente; é o osso encontrado nos adultos) ➔ forma reticular é produzida no desenvolvimento fetal e no reparo de fraturas - Células do tecido ósseo Osteoblastos: síntese e transporte de matriz óssea Osteócitos: regulação dos níveis de cálcio e fosfato Osteoclastos: macrófagos multinucleados; são responsáveis pela reabsorção óssea - O esqueleto adulto parece estático, mas está, na verdade, sempre se renovando em um processo estritamente regulado, conhecido como remodelamento. Aproximadamente 10% do esqueleto é substituído anualmente. Esse processo pode reparar microlesões ou alterar a forma dos ossos em resposta às demandas estruturais e mecânicas. Embriogênese do Tecido Ósseo - A maioria dos ossos se desenvolve pelo processo de ossificação endocondral, que ocorre a partir de um molde de cartilagem, com crescimento longitudinal. Esse molde é sintetizado por células precursoras mesenquimais. - Em seguida, uma célula chamada de condroclasto remove a porção central do molde, criando o canal medular, ao mesmo tempo em que os osteoblastos começam a depositar córtex ósseo na região da diáfise ➔ crescimento radial inicial. Nas extremidades (centro secundário de ossificação), esse processo ocorre de forma centrífuga. - Quando a placa de cartilagem é aprisionada entre os dois centros de ossificação, forma-se a fise. Os condrócitos presentes nesta proliferam, hipertrofiam e sofrem apoptose, mineralizando a matriz óssea no processo. Os remanescentes da matriz cartilaginosa formam as esponjosas primárias (trabéculas ósseas primárias). - A outra possibilidade de formação óssea é a partir da ossificação intramembranosa, que ocorre em planos. É produzido por osteoblastos diretamente a partir de uma camada de tecido fibroso, sem cartilagem. - O que regula o desenvolvimento ósseo? GH induz proliferação de condrócitos T3 induz hipertrofia de condrócitos FGF inibem proliferação de condrócitos hipertróficos e promovem diferenciação Outros Patologia Óssea Distúrbios Congênitos de Desenvolvimento Ósseo e da Cartilagem - Anomalias de desenvolvimento podem resultar de problemas localizados na migração e condensação do mesênquima (disostose) ou da desorganização global de osso e/ou da cartilagem (displasia). Essas anomalias podem estar relacionadas com a formação de proteínas, com a degradação enzimática, com defeitos em canais iônicos, entre outros - Disostoses: normalmente limitadas a estruturas embriológicas definidas e podem ocorrer isoladamente ou como parte de síndromes mais complexas. Elas resultam de defeitos na formação das condensações mesenquimais e sua diferenciação em cartilagem primordial. As formas mais comuns incluem ausência completa de um osso ou de todo um dedo (aplasia), ossos ou dedos extras (dedo supranumerário) e fusão anormal dos ossos (p. ex., sindactilia, craniossinostose); mutações em fatores de transcrição - Displasia: surgem a partir de mutações em genes que controlam o desenvolvimento ou remodelamento de todo o esqueleto; acondroplasia, displasia tanatofórica, displasia cleidocranial - A osteogênese imperfeita (OI), ou doença dos ossos frágeis, é um distúrbio fenotipicamente diverso causado por deficiências na síntese de colágeno tipo I. A OI afeta principalmente os ossos, mas também atinge outros tecidos ricos em colágeno tipo I (articulações, olhos, ouvidos, pele e dentes). Em geral, causada por mutações genes que codificam as cadeias α1 e α2 de colágeno. Quadro clínico: Leva a rarefação óssea, que causa extrema fragilidade esquelética; esclera azul, perda auditiva, imperfeições dentárias (dentes pequenos, formato irregular, coloração amarelo-azulada) - A osteopetrose, também conhecida como doença dos ossos de mármore e doença de Albers-Schönberg, refere-se a um grupo de doenças genéticas raras que são caracterizadas por uma redução dareabsorção óssea e esclerose esquelética simétrica difusa devido a formação ou função prejudicada dos osteoclastos. Quadro clínico: Fraturas, anemia e hidrocefalia são frequentemente observadas, resultando em mortalidade pós-parto. Os indivíduos afetados que sobrevivem até a infância têm defeitos de nervos cranianos (atrofia de nervo óptico, surdez e paralisia facial) e repetidas infecções por causa da leucopenia, apesar de extensa hematopoiese extramedular que pode levar a hepatoesplenomegalia proeminente. A maior parte das mutações associadas à osteopetrose interfere com o processo de acidificação da lacuna de reabsorção osteoclástica, que é necessário para a dissolução da hidroxiapatita de cálcio dentro da matriz Distúrbios Adquiridos de Osso e da Cartilagem - Osteopenia e Osteoporose: O termo osteopenia refere-se à diminuição da massa óssea, e a osteoporose é definida como a osteopenia que é grave o suficiente para aumentar significativamente o risco de fratura. O distúrbio pode estar localizado em um certo osso ou região — como na osteoporose por desuso de um membro — ou pode envolver todo o esqueleto, como uma manifestação da doença óssea metabólica. A osteoporose generalizada pode, por sua vez, ser primária ou secundária a uma grande variedade de condições (senil, menopausa, neoplasia, hipertireoidismo, hipotireoidismo, diabetes, distúrbios endócrinos, anemia, quimiotermia, deficiência de vitamina D ou C, insuficiência hepática, outros) Subtipo senil e pós menopausa são os mais comuns Quadro clínico: As manifestações clínicas da osteoporose dependem dos ossos envolvidos. As fraturas vertebrais que frequentemente ocorrem nas regiões torácica e lombar são dolorosas, e, quando múltiplas, podem causar perda significativa de altura e várias deformidades, incluindo lordose lombar e cifoescoliose - O pico de massa óssea, alcançado na fase adulta, é individual e depende de fatores hereditários (metabolismo ósseo), atividade física, estado nutricional e hormonal. Após esse pico, a cada ciclo de reabsorção e formação óssea, um déficit de formação é acrescentado. Assim, a perda óssea relacionada a idade é normal e fisiológico. Os osteoblastos de indivíduos mais velhos têm potencial proliferativo e biossintético reduzido, quando comparados com os osteoblastos de indivíduos mais jovens. Além disso, a resposta celular aos fatores de crescimento ligados à matriz extracelular torna-se atenuada em indivíduos mais velhos. O resultado final é a capacidade reduzida de sintetizar osso. A osteoporose pós-menopausa é caracterizada por uma aceleração da perda de massa óssea. Na década após a menopausa, as reduções anuais de massa óssea podem atingir até 2% de osso cortical e 9% de osso esponjoso. As mulheres podem perder até 35% de osso cortical e 50% de osso esponjoso após 30 a 40 anos da menopausa - Doença de Paget (osteíte deformante): distúrbio de aumento desordenado da massa óssea, que se torna estruturalmente instável. A doença ocorre em fases sequenciais: estágio osteolítico inicial ➔ estágio osteoclástico-osteoblástico misto ➔ estágio quiescente osteoesclerótico. Em geral se inicia aos 70 anos. A causa ainda é incerta, porém há hiperatividade de NF-kB, que aumenta atividade do osteoclastos. Quadro clínico: a dor localizada no osso afetado é comum. Ela é resultante de microfraturas ou de crescimento ósseo exagerado que comprime as raízes dos nervos cranianos e espinais. O aumento do esqueleto craniofacial pode produzir leontíase óssea (face de leão) e um crânio tão pesado que é difícil manter a cabeça ereta. O osso pagético enfraquecido pode levar à invaginação da base do crânio (platibasia) e compressão da fossa posterior. O suporte de peso ocasiona o arqueamento anterior de fêmures e tíbias e distorce as cabeças femorais, resultando no desenvolvimento de osteoartrite secundária grave. Uma variedade de tumores e condições simuladoras de tumores se desenvolve no osso pagético. As lesões benignas incluem tumor de células gigantes, granuloma reparativo de células gigantes, e massas extraósseas de tecido hematopoiético. A complicação mais temida é o sarcoma, o que ocorre em menos de 1% de todos os indivíduos com a doença de Paget. O diagnóstico pode frequentemente ser feito com radiografias. O osso de Paget normalmente é aumentado, com o córtex e o osso esponjoso de a s p e c t o g r o s s e i r o e espessado H i s t o l o g i a : p r i n c i p a l característica é um padrão de mosaico do osso lamelar, visto na fase esclerótica. Essa aparência de peças de um quebra-cabeça é produzida p o r l i n h a s d e c e m e n t o anormalmente proeminentes, que juntam unidades de osso lamelar randomicamente - Raquitismo e Osteomalacia: Tanto o raquitismo quanto a osteomalacia são manifestações de deficiência de vitamina D ou de seu metabolismo anormal. O defeito fundamental é uma deficiência de mineralização e um acúmulo resultante de matriz não mineralizada. O raquitismo refere-se ao distúrbio em crianças, no qual há interferência com a deposição de osso nas placas de crescimento. A osteomalacia é a contrapartida de adultos, em que o osso formado durante o remodelamento é submineralizado, resultando em predisposição a fraturas - Osteodistrofia renal: alterações esqueléticas que ocorrem na doença renal crônica, incluindo aquelas associadas à diálise. As manifestações não são exclus ivas, mas incluem osteopenia/osteoporose, osteomalacia, hiperparatireoidismo secundário e atraso no crescimento. As várias alterações histológicas ósseas em indivíduos em estágio final de falência renal podem levar a diferentes distúrbios. Disfunção tubular. A principal doença tubular que afeta o esqueleto é a acidose tubular renal. O baixo pH associado dissolve a hidroxiapatita, resultando em desmineralização da matriz e osteomalacia. Insuficiência renal generalizada, afetando as funções glomerular e tubular, leva à redução da excreção de fosfato, hiperfosfatemia crônica, hipocalcemia e, em última análise, hiperparatireoidismo secundário. O estado metabólico resultante não é completamente análogo ao hiperparatireoidismo primário, em que o volume de osso, a rotatividade e a mineralização podem variar de forma independente. Produção diminuída de fatores secretados. O rim converte a vitamina D em sua forma ativa (OH2-1,25-vitamina D3) e secreta as proteínas BMP-7 e Klotho. A diminuição da vitamina D3 resulta em hipocalcemia e contribui para o hiperparatireoidismo secundário. - Hiperparatireoidismo: o hormônio da paratireoide desempenha papel fundamentam na homeostase do cálcio, pois ativa oscloclastos (aumentando reabsorção óssea e mobilização de cálcio), aumenta reabsorção de cálcio pelos túbulos renais, aumenta sínitese da vitamina D, aumenta excreção urinária de fosfatos. No entanto, os níveis excessivos ou inapropriados de PTH podem ser resu l tado de secreção autônoma da parat i reo ide (hiperparatireoidismo primário) ou pode ocorrer no contexto de doença renal subjacente (hiperparatireoidismo secundário). Em qualquer cenário, o hiperparatireoidismo leva a alterações esqueléticas significativas relacionadas à atividade persistente dos osteoclastos. Manifestações do hiperparatideoidismo primário: osteoporose (principalmente nas falanges, vértebras e fêmur), tumores marrons (perda óssea predispõe a microfraturas e hemorragias secundárias, que provocam um influxo de macrófagos e um crescimento interno de tecido fibroso de reparação, criando uma massa de tecido reativo) e osteíte fibrosa cística (túneis formados pelos osteoclastos, dissecando as trabéculas ósseas) Osteomielite - Osteomielite denota inflamação do osso e da medula, virtualmente sempre secundária à infecção. A osteomielite pode ser uma complicação de qualquer infecção sistêmica, mas em geral se manifesta como um foco solitário de doença primária. Todos os tipos de organismos, incluindo vírus, parasitas,fungos e bactérias, podem causar osteomielite, mas infecções causadas por certas bactérias piogênicas e micobactérias são as mais comuns - Osteomielite piogênica: organismos alcançam o osso por via hematogênica, contiguidade ou implantação direta. S. aureus é responsável por mais de 80% dos casos. Outros agentes: Escherichia coli, Pseudomonas e Klebsiella são mais frequentemente isolados em indivíduos com infecções do trato geniturinário ou que são usuários de drogas intravenosas. Infecções bacterianas mistas são vistas no contexto de propagação direta ou inoculação de organismos d u r a n t e c i r u r g i a s o u e m f r a t u r a s e x p o s t a s . N o p e r í o d o neonatal, Haemophilus influenzae e estreptococos do grupo B são patógenos frequentes, e pacientes com anemia falciforme são predispostos à infecção por Salmonella A localização das infecções de ossos é influenciada pela circulação vascular óssea, a qual varia com a idade. No neonato, os vasos metafisários penetram na placa de crescimento, resultando em infecção frequente da metáfise, epífise ou ambas. Nas crianças, a localização de microrganismos na metáfise é típica. Após o fechamento da placa de crescimento, os vasos metafisários se reúnem com os seus homólogos epifisários e fornecem uma rota para as bactérias semearem as epífises e regiões subcondrais, que são locais comuns de infecção no adulto. Quadro clínico: doença sistêmica aguda com mal-estar, febre, calafrios, leucocitose e dor latejante de moderada a intensa na região afetada. Em outros casos, a apresentação é sutil, apenas com febre inexplicável (mais frequentemente em crianças) ou dor localizada (na maioria das vezes em adultos). O diagnóstico é fortemente sugerido pelos achados radiológicos característicos de um foco de destruição óssea lítica circundado por uma zona de esclerose Alterações ósseas: na fase aguda, bactérias proliferam e induzem uma reação inflamatória neutrofílica. A necrose das células ósseas e da medula segue dentro das primeiras 48 horas. As bactérias e a inflamação se espalham longitudinalmente e destroem o endósteo, formando uma região de tecido ósseo morto (sequestro ósseo). A bactér ia pode se espalhar pe los canalículos e atingir o periósteo. Assim, um abscesso subper iosteal de tamanho considerável pode se formar, dissecando por longas distâncias ao longo da superfície do osso. A ruptura do periósteo leva à formação de um abscesso nos tec idos moles adjacentes, que pode fistulizar para a pele como uma drenagem sinusal. Depois da primeira semana, as células inflamatórias crônicas liberam citocinas que estimulam a reabsorção dos ossos pelos osteoclastos, crescimento de tecido fibroso, e a deposição de osso reativo na periferia. O osso recentemente depositado pode formar uma concha de tecido vivo, conhecido como invólucro, em torno do segmento de osso desvitalizado infectado Foco inicial na metáfise ➔ destruição do endósteo cortical na região metafisária ➔ sequestro ósseo ➔ propagação ao periósteo ➔ laminação periostal grossa - Abcesso de Brodie: delimitação adequada da infecção, com formação de esclerose óssea ao redor da lesão. - Esclerosante de Garre: mais comum na mandíbula; formação de tecido óssea maduro que delimitam a infecção - Osteomielite micobacteriana: comum em pacientes imunossuprimidos e portadores de TB; em geral a doença surge a partir de um foco de doença visceral de TB ativa através da disseminação hematogênica Quadro clínico: dor localizada, febre baixa, calafrios, perda de peso. Achados histológicos iguais aos da TB, ou seja, granuloma e necrose caseosa Espondilite tuberculosa (doença de Pott): A coluna vertebral está envolvida em 40% dos casos de osteomielite micobacteriana. A infecção ocorre nos discos intervertebrais e afeta múltiplas vértebras, com extensão aos tecidos moles. A destruição de discos e vértebras frequentemente resulta em fraturas de compressão permanentes, produzindo escoliose, cifose e deficits neurológicos secundários à compressão da medula espinal e de raízes nervosas. Outras complicações da osteomielite tuberculosa incluem a artrite tuberculosa, formação de fístulas, abscesso do psoas e amiloidose. - Complicações: deformidade ósseas, artrite piogênica, anquilose (redução da mobilidade do tecido ósseo), lesão da linha fisária (encurtamento do membro a longo prazo), septicemia, fístulas ósteo-cuâneas (podem, a longo prazo, levar a um carcinoma espinocelular por alterações epiteliais proliferativas), amiloidose secundária - Tratamento: vancomicina + cefalosporina 3aG Infecções Osteoarticulares Artrite Séptica - Infecção articular causada principalmente por bactérias. Há formação de pús que leva a um bloqueio articular. Paciente também apresenta, em geral, febre, sinais flogísticos e alteração nas provas inflamatórias (PCR, VHS, leucocitose) - De modo geral, nas crianças acomete mais o quadril e, nos adultos, o joelho. - Diagnóstico: em caso de suspeita, deve-se realizar artrocentese para confirmação do diagnóstico (avaliação macroscópica e microscópica) ➔ elevação de leucócitos no líquido sinovial (principalmente neutrófilos) e redução da glicose - A bactéria mais comum de causar artrite séptica é a S. aureus. Nos recem- nascidos, os agentes mais frequentes são os mesmos que causam sepse neonatal (E. coli, S, agalactie). Em usuários de drogas endovenosas, o agente mais comum é o Pseudomonas. - Tratamento: drenagem cirúrgica + antibioticoterapia (oxacilina se não tiver resultado de cultura); tratamento de urgência (possibilidade de efeitos deletérios na cartilagem, além de possibilidade de evolução para sepse e óbito) Osteomielite - É a infecção do osso causada, em geral, pelo S aureus. A região mais acometida do osso é a metáfise, e a região mais acometida é o joelho (fêmur distal e tíbia proximal). A origem da osteomielite costuma ser hematogênica (sítio de infecção distante), e a metáfise óssea possui circulação lenta termino-terminal, o que favorece a implantação de êmbolos de bactéria e dificulta a chegada de células de defesa. - Quadro clínico: não há bloqueio articular (não tem pus na articulação); cursa com dor, sinais flogísticos e elevação de provas inflamatórias; pode haver elevação do periósteo por expansão da infecção (se espalham pelo tecido ósseo pelos canalículos, ultrapassando os limites da cortical e elevando o periósteo) ➔ triângulo de Codman - Diagnóstico: feito com cultura, porém do ponto de vista prático já se inicia tratamento só com suspeita (raio-x: rarefação óssea, elevação do periósteo). A RNM também pode ser usado para diagnóstico (acometimento da medular ósseo e abcesso intra-ósseo), bem como a punção óssea, - A osteomielite crônica é de difícil tratamento, pois nas regiões sequestradas não chega ATB. Assim, a cura só é completa se todo o tecido sequestrado for retirado. - Tratamento: Aguda em fase inicial (sem abcesso): apenas ATB Aguda com abcesso intra ósseo: drenagem + ATB Crônica (sequestro ósseo - formação de tecido chamado de sarcófago que envolve a infecção): sequestrectomia + ATB; na fase crônica paciente pode apresentar fístula secretiva (comunicação do sequestro ósseo com a pele do indivíduo ➔ saída de pus constantemente, em baixa quantidade); pode haver agudização em caso de rebaixada imunológica (retorno de sinais inflamatórios, febre, aumento do débito da fístula) Ortopedia pediátrica: dor nos MMII Considerações Iniciais - A dor nos MMII pode decorrer de grande variedade de condições neurológicas, musculoesqueléticas, viscerais e vasculares. - Dor no Joelho e Quadril: a avaliação da queixa de dor no joelho de uma criança deve sempre levanta a suspeita de uma afecção no quadril, e vice- versa. Em virtude do eixo mecânico do membro inferior, alterações na dinâmica da marcha e nos eixos anatômico e mecânico podem levar uma afecção do joelho a levar dor por sobrecargado quadril. Por sua vez, afecções do quadril, pela inervação, podem levar uma dor referida no joelho. - Assim, quando diante de uma queixa desse tipo, o médico generalista deve levar em consideração o gênero e a idade da criança, a história da dor (dor noturna, dor em repouso, dor ao fim do dia), fatores de melhora ou piora, história de infecção prévia, comorbidades, histórico familiar. - Exame físico Inspeção: marcha, incapacidade de apoiar a perna, rotações, posições antálgicas, restrições de movimento Doença de Legg-Calvé-Perthes - É a osteonecrose da fise proximal femoral. Afeta principalmente meninos (5:1), em geral entre 4 e 8 anos de idade. Ocorre em fases: Inicial: ocorre opacificação (esclerose) da fise da cabeça femoral, com duração variável, porém em média de 6 meses. Fragmentação: ocorre fragmentação da fise, com duração média de 1 ano. Reossificação: a fise se refaz, com duração média de aproximadamente 2 anos. Residual: não há mais qualquer alteração de reparação óssea, ficando apenas as sequelas da doença. Marcella Ganme LVI - Quadro clínico: o principal sintoma é a claudicação, com perda inicial de amplitude de flexão e rotação interna, seguida de restrição de abdução. - Exame físico: sinal de drehmann, teste de tredelenburg, contratura dos adutores Sinal de Drehmann: paciente em decúbito dorsal, flete-se o quadril segurando o MI pelo calcanhar, fletindo o joelho concomitantemente. Isso provocará um movimento automático em rotação externa do quadril (perna roda para dentro) Teste de Trendelenburg: observa atrofia glútea que ocorre com a progressão da doença; ortotatismo em uma pena provoca queda do quadril ipsilateral à perna que não apoia por consequência de atrofia do glúteo médio Marcha anserina por atrofia glútea: se assemelha ao andar de um pato; é a marcha das gestantes Contratura dos adutores: paciente em decúbito dorsal horizontal, realiza-se abdução de ambos os quadris, observando diferença de abertura - Diagnóstico: radiografia de bacia AP e Lauenstein (paciente em decúbito dorsal com pernas em posição de “rã”) ➔ achados radiológicos dependem do grau da doença (comprometimento anterior da fise nas fases iniciais, comprometimento todo da fise em fases finais) - Conduta: o tratamento da doença consiste basicamente em manter o quadril centrado, o que pode ser feito com fixador externo, osteotomia da bacia ou osteotomia do fêmur. Epifisiólise Femoral Proximal - É a luxação/subluxação progressiva da fise femoral proximal. Acomete principalmente meninos, de 13 a 15 anos. É bilateral em 20% dos casos; nos casos unilaterais, é mais comum no quadril esquerdo. Em crianças com menos de 10 ou mais e 16 anos, deve-se investigar endocrinopatias. - A fise tem sua camada hipertrófica aumentada, de forma que fica instável. A metáfise (colo do fêmur) se separa da epífise progressivamente. - Quadro clínico: claudicação e dor irradiada pela região anterior da coxa ou joelho. Histórico ou não de trauma. Paciente pode se apresentar instável (incapaz de suportar carga) ou estável. - Classificação: aguda, subaguda ou crônica Aguda: queixa há menos de 3 semanas. Ocorre subitamente como fratura – há trauma condizente com a dor (geralmente queda ou torção praticando esportes/atividades físicas). O diagnóstico radiográfico pode ser muito difícil. Crônica: queixa há mais de 3 semanas. É a forma mais frequente; na radiografia pode-se observar um colo em bengala. Crônica agudizada ou subaguda: dor insidiosa há mais de 3 semanas, porém com piora há menos de 3 semanas. Na radiografia, geralmente se observa um remodelamento do colo associado ao deslizamento da cabeça, que indica um processo instalado há mais tempo. - Exame físico: pacientes com queixas crônicas apresentam o membro afetado levemente encurtado e rodado externamente, com diminuição de flexão do quadril, abdução e rotação interna. Já os pacientes agudos apresentam-se incapazes de suportar carga, deitam-se com o quadril em rotação externa, incapazes de movimenta-lo. - Diagnóstico: Raio-x de bacia em AP e Lauenstein: aumento da densidade da metáfise, indicando sobreposição do colo com a cabeça (sinal da crescente metafisária de steel), perda do triângulo hiperdenso formado pela sobreção do colo e da porção inferomedial do acetábulo (sinal de scham), linha de Klein não intercepta a epífise lateral em decorrência de deslizamento (sinal de trethowan) obs: linha de klein é uma linha traçada em AP, tangencial à extremidade superior do colo - Conduta: em casos agudos, inclui fixação in situ; em casos crônicos, pode haver necessidade de osteotomia corretiva. o tratamento padrão é a fixação in situ da epífise com um parafuso canulado, em especial nos casos agudos estáveis leves a moderados. Nos casos agudos instáveis, há evidências crescentes de que a redução aberta e fixação interna apresenta melhores resultados do que a fixação in situ Osteocondrite dissecante do joelho juvenil - Comprometimento vascular do osso subcondral, que leva a lesão da cartilagem do joelho. É duas vezes mais comum em homens do que em mulheres, acomete faixa etária dos 13 aos 21 anos; em 30% dos casos, é bilateral. - Quadro clínico: dor no joelho (em geral por meses), associada a edema. Pode ocorrer crepitações e estalidos. De modo crônico, pode ocorrer atrofia do quadríceps - Exame físico: sinal de wilson (marcha com rotação externa da perna) e manobra de wilson (realizar extensão com joelho rodado interno a partir de 90° de flexão (teste de Jerk sem força em valgo); ocorrerá dor aproximadamente aos 30° (Sinal de Larson)) - Diagnóstico: radiografia do joelho em AP, perfil, túnel, axial de patela e RNM. - Classificação: Estágio 1: lesão por compressão. Estágio 2: fragmento inserido. Estágio 3: fragmento solto, porém sem desvio. Estágio 4: fragmento desviado - Conduta: orientar retirada de carga do membro, medicação analgésica e anti- inflamatória. Sinovite transitória e Pioartrite - Pioartrite é uma infecção articular, enquanto a sinovite transitória é uma inflamação articular sinovial secundária a infecção em outro sítio. - Sinovite: é a causa mais comum de dor no quadril na infância, porém deve ser um diagnóstico de exclusão, Costuma afetar principalmente crianças entre 3 e 8 anos. Cursa com história de infecção de de vias aéreas superiores, 2 a 3 semanas antes. O quadro é autolimitado (até 3 semanas), e necessita apenas de medicação sintomática e observação. - Pioartrite: afeta em geral pacientes menores que 4 anos de idade. Paciente em geral apresenta febre, com posição antálgica de flexão de 45o e abdução. Há bloqueio articular. Diagnóstico: impossibilidade de apoiar o membro + febre + leucocitose (>120000) + VHS (>40mm/h); tratamento cirúrgico Doença de Osgood-Schlatter - É a inflamação da tuberosidade anterior da tíbia, no local de inserção do ligamento patelar. É mais comum em meninos, dos 12 aos 14 anos de idade, em geral envolvidos em atividade física intensa. Acredita-se que há fragmentacão da cartilagem de crescimento por estresse e microfraturas - Quadro clínico: dor localizada, em geral pior ao fim do dia. Não causa limitação funcional e melhora com repouso. Pode cursar com edema local. - Diagnóstico: raio-x de joelho AP e perfil (fragmentação da tuberosidade) - Conduta: repouso durante períodos de exacerbação da doença. Gelo, analgésicos e AINES podem ser utilizados. Em caso de dores crônicas, tratamento cirúrgico pode ser feito. Displasia de Desenvolvimento do Quadril - A displasia de desenvolvimento do quadril é um termo utilizado para descrever uma série de alterações no quadril da criança que podem surgir ao nascimento ou ao longo da infância. Denota alterações morfológicas, organizacionais, anatômicas e/ou dimensionais da cabeça do fêmur e acetábulo (as alterações que levam a doença são do acetábulo) - É nove vezes mais comum em meninas, com histórico familiarem quase 30% dos casos. O quadril esquerdo é o mais afetado. - A principal causa é a movimentação do quadril dentro do útero. Fatores de risco: sexo feminino, posição pélvica intra-uterina, histórico familiar de displasia de quadril, mãe com diabetes gestacional, peso ao nascer alto, oligodrâmnio - Quadro clínico: paciente é encaminhado diretamente da materinada, em geral. Pais podem alegar claudicação ou comprometimaneto de movimentação, Não provoca dor. - Exame físico: Recém nascido: a) ortolani positivo (exame de um quadril por vez; paciente em decúbito dorsal horizontal; quadril fica a 90o de flexão, uma mão estabiliza a pelve e a outra examina o quadril; apoia-se o polegar na face interna da coxa, a palma da mão no joelho e perna, indicador e dedo médio no trocanter maior. Deve-se realizar a abdução e leve rotação externa do quadril; o teste é positivo quando se sente um clunk da redução do quadril) b) teste de barlow positivo (contrário do teste de ortolani, quadril em flexão, adução e rotação neutral, deve-se tentar luxar o quadril promovendo força vertical; teste positivo é quando luxa) c) abdução limitada (<60o) Criança: d) teste de galeazzi positivo (criança em decúbito dorsal, quadris fletidos a 90o e compara-se a altura dos joelhos; se tiver quadril luxado, joelho do lado fica mais baixo) e) discrepância de comprimento de MMII em membros inferiores em casos de luxações unilaterais f) sinal de trendelenburg (pelve desnivela com retirada de um pé do chão em posição ortostática, há inclinação para o lado cujo apoio foi retirado) g) marcha de trendelemburg (marcha anserina, claudicação gingada) h) peter-bade (pregas assimétricas) i) hart positivo (incapacidade de abdução do quadril acometido) j) outros: lordose lombar excessiva, abdome protuberante - DIagnóstico: O diagnóstico da DDQ é suspeitado a partir do exame físico e confirmado com exames de imagem. O teste de Ortolani positivo, porém, já é indicativo de iniciar o tratamento. As radiografias passam a ser úteis a partir dos 3-4 meses de idade; antes disso ainda não há formação óssea suficiente da cabeça para poder identificar com segurança se o quadril está locado ou não. Nesse período de recém-nascido, é indicada a realização de USG dos quadris para casos suspeitosRaiox: Raio x: Uma radiografia anteroposterior da bacia é suficiente para traçar as linhas necessárias para a avaliação de displasia e subluxação ou luxação do quadril. a. Na radiografia de bacia em AP, deve-se inicialmente traçar a linha de Hilgenreiner, que passa na borda superior da cartilagem trirradiada (ponto central do acetábulo onde não se observa osso). É uma linha paralela que servirá de base para as medições. b. A 2ª linha é a de Perkins, perpendicular à linha de Hilgenreiner, que passa tangenciando o teto do acetábulo (o fim da “sobrancelha”). Essa formação divide o acetábulo em quatro quadrantes; no quadril normal, a maior parte da cabeça do fêmur estará locada no quadrante inferomedial. c. Pode-se traçar também o índice acetabular por meio de uma linha que passa do centro do acetábulo e tangencia o teto acetabular. Sua angulação é feita com relação à linha de Hilgenreiner e, se superior a 29°, indica displasia do acetábulo. A congruência do quadril é essencial para um desenvolvimento adequado do índice acetabular, de forma que a tendência é que o ângulo piore, ou não se desenvolva adequadamente, ao longo do tempo. d. Por fim, traçam-se os arcos Shenton, que vão da parede medial do fêmur e se completam com o traçado arciforme superior do forame obturatório ipsilateral. Sua quebra indica subluxação ou luxação do quadril ipsilateral. - Conduta: o tratamento depende da faixa etária Ortopedia pediátrica: deformidades angulares e rotacionais dos MMII Marcella Ganme LVI Considerações Iniciais - Angulação dos MMII: em varo, em valgo ou neutro. As angulações nos membros são variáveis e nem todas são consideradas deformidades. Varo: aproximação dos tornozelos e afastamento dos joelhos; normal nos primeiros anos de vida Valgo: aproximação do joelho e afastamento dos tornozelos - Na primeira fase da vida, as crianças apresentam pernas em varo, o que se n o r m a l i z a e e n t ã o p r e d o m i n a u m a angulação em valgo. Isso faz parte do crescimento normal e saudável. - Quando desconfiar de deformidades? fora da faixa etária, angulações assimétricas, de angulação grande Deformidade em Varo - Considerado normal até os 2 anos de idade. Na sua posição intra-uterina, as crianças encontram-se com os membros sobrepostos e enrolados um sobre o outro, o que condiciona uma deformidade em varo dos membros inferiores, associada a uma rotação interna das tíbias e a uma anteversão dos colos do fémur. Nos dois primeiros anos, fruto da acção muscular, estas deformidades vão corrigindo espontaneamente, ajudadas pelo hiper-crescimento do côndilo femoral interno. - Diversas tipos de doença podem gerar deformidades em varo, e os padrões dessas deformidades são diferentes (alteração de cartilagem com região óssea normal, osso curvo com alongamento de fise, defeito ósseo) ➔ etiologia metabólicas, deformidades ósseas - Causas: Idiopático Doenças metabólicas (raquitismo) Doença de Blount Displasias ósseas Doenças reumatológicas Traumatismos Poliomielite - Investigação: hemograma, Ca, Fosforo, fosfatase alcalina, urina, radiografias Deformidade em Valgo - O valgo é normal entre os 3 e 4 anos de idade, e em seguida é reduzido lentamente. Em geral, aos 6 anos de idade, a criança já estabiliza o alinhamento da fase adulta. Ou seja, o valgo é normal na idade adulta em algum grau (mais intenso nas mulheres que nos homens), o varo não. - Assim como no caso do varo, as diferentes etiologias geram diferentes padrões de deformidades, de forma que é essencial compreender as alterações radiológicas para determinar a etiologia da deformidade ➔ deformidade congênita, displasia óssea, alterações metabólicas - Classificação: distância intermaleolar normal < 2 cm é o normal gravidade leve = 2-5 cm moderada = 5-9 cm grave > 9 cm - Causas Gene valgo do adolescente: condição idiopática que leva ao desenvolvimento de deformidade em valgo no último estirão do crescimento Doenças metabólicas (raquitismo) Síndrome de Marfan, Síndrome de Down, neurofibromatose Doenças reumatológicas Doenças osteometabólicas: raquitismo Displasia óssea Infecção: as osteomielites lesando apenas uma região da cartilagem de crescimento podem provocar deformidade grave, pois, com freqüência, acometem crianças de baixa idade Fratura: as fraturas envolvendo a cartilagem de crescimento podem provocar lesão assimétrica e, conseqüentemente, desvios angulares Deformidade rotacional - Padrões rotacionais de in toe (para dentro) ou out toe (para fora). Muitas vezes faz parte de um desvio torcional do fêmur. Aumento da anteversão do colo femoral Aumento da retroversão do fêmur Tratamento - Tratamento cirúrgico: Hemiepifisiodese temporária: parada provisória do crescimento de um dos lados da cartilagem de crescimento (interna ou externa) – cirurgia de modelagem do crescimento ósseo através de grampos ou placas/ parafusos7 Hemiepifisiodese definitiva: parada definitiva do crescimento ósseo por brocagem percutânea da cartilagem de crescimento ou cirurgia invasiva Osteotomia correctiva da deformidade; trata-se de um método cirúrgico mais agressivo e, por isso, com mais riscos, devendo ser realizada, preferencialmente, no final do crescimento. - Na cirurgia de modelagem do crescimento ósseo pretende-se regular a maneira como o osso cresce. Assim, os grampos/placas são colocados no lado externo quando se pretende que o osso cresça mais do lado interno (deformidade em varo) e vice-versa, quando se pretende corrigir um valgo. - Tratamento conservador: órteses, fisioterapia Ortopedia Pediátrica: Pé TortoPé Torto Congênito - O PTC é uma displasia congênita dos elementos muscoloesqueléticos distais ao joelho. Mesmo com o tratamento, o pé nunca será totalmente normal, já que a musculatura da perna é desequilibrada, o pé é menor que o pé contralateral, etc. - A etiologia é desconhecida e acredita-se que seja um processo multifatorial, que engloba diversas alterações musculares, cartilaginosos, ligamentares e ósseos. Na embriologia, todos os pés estão “tortos" da 6 a 8a semana, pois é a posição em que são formados. Da 12a a 14a semana, a posição é corrigida espontaneamente ➔ diagnóstico precoce por USG morfológico no 1o trimestre - Epidemiologia: 1,5 para cada 1000 nascidos vivos brancos; acomete mais homens (2:1). 35% dos casos são bilaterais - Deformidades: musculatura da borda medial mais contraturada, com mais força que a musculatura lateral + tálus deformado (encurtado e com desvio medial) ➔ pé virado para dentro Equino: posição de flexão plantar; contratura da m. do tendão de aquiles Cavo: curvatura do pé acentuada; determinada pela prega plantar mediada Marcella Ganme LVI Varo: eixo do segmento entre calcâneo e linha média apontam para fora Aduto: pé em adução (parte anterior do pé fica virada para dento) Supinado: pé em posição de supino (planta do pé virada para cima) - Classificação de Pirani: graduação de 0, 0,5 ou 1 para uma série de fatores (curvatura da borda lateral, prega medial, palpação da cabeça do tálus, prega posterior, rigidez do equino e consistência do calcâneo). Quanto maior a pontuação, mais grave o quadro ➔ subdivisão em flexível (1-2), idiopático (3-4) e sindrômico (5-6; em geral está associado a síndromes). - Diagnóstico diferencial: pé torto postural e metatarso varo congênito. - Tratamento: técnica de Ponseti é o tratamento conservador e é o de escolha. A correção das deformidade é feita de forma sequencial pelo uso de gessos por 22 meses (cavo depois aduto depois vago depois equino). Antes de cada gesso, é realizada manipulação para colocar o pé em posição adequada. Em seguida, deve-se usar a órtese de abdução até os 4 anos, evitando regressão do quadro. - Quando a correção não é satisfatória com o tratamento conservador, indica-se a tenotomia/liberação tendínea/talectomia para crianças com abaixo de 2 anos de vida; para crianças com mais que 2 anos, realiza-se a transferência tandínea/osteotomia/fixador externo/artrodese - A história natural do PTC não tratado é um pé com deformidade rígida, área de apoio dorsolateral, onde se forma uma calosidade. A impossibilidade de usar sapatos convencionais pode representar um fator de exclusão social. Consolidação de Fratura Considerações Iniciais - O tecido ósseo é o único que no final de sua cicatrização originará tecido ósseo verdadeiro e não fibrose como os demais tecidos. Esse processo de Marcella Ganme LVI cicatrização até a formação do novo tecido é chamado de consolidação óssea - A consolidação é influenciada por uma série de fatores mecânicos e biológicos. Dentre os mecânicos, a mobilidade do foco de fratura é essencial para determinar o tempo e o tipo de consolidação (quanto menor a mobilidade, mais rápido é o processo). - Já nos fatores biológicos, o aporte sanguíneo no local da fratura também influencia (quanto maior o aporte, melhor se dá o processo), já que é através deste que chegam no local fatores de crescimento, interleucinas, fibroblastos, células mesenquimatosas, etc. - Outro fator determinante é o tipo de osso e a região na qual ocorreu a fratura. Em ossos longos, a cortical é mais expessa e há maior vascularização extrínseca (inserções musculares), enquanto nos ossos esponjosos, a cortical é mais fina, com maior vascularização intrínseca. Processo de Consolidação - Fratura ➔ ruptura dos vasos peri-fraturários e do periósteo ➔ hemorragia local ➔ morte dos osteócitos peri-fraturários ➔ reabsorção óssea ➔ calo “mole" ➔ calo “duro" ➔ remodelação óssea - A fase inflamatória, que ocorre durante o hematoma fratuário, se dá por proliferação de células osteogênicas (se diferenciam a partir de células mesenquimatosas). Essas células formam um calo mole que envolve o tecido osteogênico. - As células osteogênias passam então a se diferenciar em condroblastos, originando tecido cartilaginoso, e osteoblastos, formando tecido ósseo. Esse processo se inicia no periósteo, fora do foco de fratura. - Com a formação desse calo ósseo formado por tecido ósseo e cartilagem, aos poucos os componentes cartilaginosos são substituídos por osso, por ossificação endocondral. Nesse estágio, não se detecta mais mobilidade da fratura. - Por último, o osso em excesso é reabsorvido, gerando um processo de remodelação. O osso retorna a espessura normal e forma o canal medular. O processo se completa em 4-8 meses, e se dá com a consolidação radiológica (fratura não visível no Rx) Consolidação anormal - Consolidação viciosa: fratura consolida em posição insatisfatória, resultando em deformidade óssea residual - Pseudo-artrose: ausência de consolidação; há formação de uma falsa- articulação - Retardo de consolidação: consolidação leva mais tempo que o habitual Fraturas Diafisárias Considerações Iniciais - Conceitos importantes Fratura: solução de continuidade no osso; o objetivo frente a uma fratura é cicatrizar o osso, restaurando a função do membro. O tecido ósseo é o único tecido que cicatriza formando o próprio tecido ósseo (processo de consolidação) Para consolidar adequadamente um osso, necessitamos de estabilidade e vascularização no foco da fratura. A estabilidade pode ser absoluta (ausência total de movimento no foco) ou relativa (há movimentação) - Tipos de estabilidade Estabilidade absoluta: consolidação direta, sem presença de formação de cartilagem; feita com compressão no foco da fratura (parafuso, placa ou banda de tensão) + redução anatômica (segmentos ósseos totalmente alinhados) ➔ p Estabilidade relativa: consolidação indireta (antes de formar osso, forma cartilagem); necessita da redução funcional (aproximação dos segmentos) e tutor (não comprime, apenas guia a consolidação; é o gesso, o fixador externo, a tipóia) Fratura Diafisária do Fêmur - Mais comuns em pacientes jovens, vítimas de trauma de alta energia; é comum cursar com lesões associadas. Podem levar a instabilidade hemodinâmica. A incidência de lesão ligamentar no joelho ipsilateral pode chegar a 52,5% dos pacientes Marcella Ganme LVI - Tratamento: redução fechada e fixação interna com haste intramedular; E o tratamento conservador? a consolidação dessa fratura demora de 3 a 4 meses ➔ tratamento conservador demanda tempo prolongado de internação hospitalar com tração esquelética, seguido de colocação de gesso da bacia até o pé ➔ “doença da fratura” (atrofia muscular + osteoporose por desuso + alterações de SNC autonômico) - Possíveis complicações: osteomielite, retardo de consolidação, pseudoartrose (não consolidação do osso), síndrome da embolia gordurosa Síndrome da embolia gordurosa: fragmentos ósseos soltos levam a embolização de pedaços de medula óssea; se o paciente não tiver a fratura imobilizada, isso se torna um processo passivo ➔ taquidispnéia, confusão mental, petéquias no tronco; tratamento com fixação da fratura e ATLS Fratura Diafisária da Tíbia - Carga do MI passa do fêmur para a tíbia e da tíbia para o tarso; a fíbula praticamente não compartilha essa carga. Assim, do ponto de vista biomecânico, a importância da fíbula se dá pela presença de origens e inserções de mm. e ligamentos. No caso de fratura diafisária, não se fixa a fíbula, apenas a tíbia. - A fratura diafisária da tíbia ocorre principalmente em jovens, porém nem sempre em traumas de alta energia. 30% dessas fraturas são expostas (espícula da fratura pode perfurar a pele na região medial da perna). É a fratura diafisária de ossos longos mais comum. - Tratamento: redução fechadae fixação interna com haste intramedular; tratamento conservador pode ser feito em caso de pouco desvio, porém a recuperação funcional é mais rápida com a cirurgia. - Complicações: síndrome compartimental, osteomielite, retardo de consolidação, pseudoartrose Síndrome compartimental: músculos do MI estão separados pelas fáscias m u s c u l a r e s , f o r m a n d o 4 compartimentos (anterior, lateral, poster ior super f icial e poster ior profundo). Com a fratura fechada da tíbia, há formação de hematoma, q u e p o d e c o m p r i m i r o s comportimentos, levando a aumento de pressão e redução da perfusão d o s m m e n e r v o s d a q u e l e compartimento ➔ possibilidade de n e c r o s e m u s c u l a r ( c o n t r a t u r a isquêmica); sinais e sintomas - dor, palidez, paresia, parestesia, falta de pulso, flictenas (bolha), edema tenso; tratamento com dermiofasciotomia Fratura Diafisária do Úmero - O úmero apresenta como característica importante o farto envoltório muscular, promovendo boas condições de reparo. - Risco de lesão do nervo radial (cerca de 15% dos casos); lembrando que o nervo radial faz inervação motora dos mm. que fazem extensão do punho (paciente com lesão fica com a mão caída) - Tratamento de escolha é conservador; caso seja necessário o tratamento cirúrgico: fixação com placas e parafusos o tratamento conservador atinge uma excelente taxa de consolidação, chegando a 95%de bons a excelentes resultados funcionais. Fratura Diafisária do Antebraço - Fratura do rádio (lateral) e ulna (medial); do ponto de vista funcional, antebraço funciona como articulação, devido ao movimento de prono supinação, de forma que a fratura deve ser tratada como uma fratura em região articular (redução anatômica e compressão ➔ estabilidade absoluta). Assim, em geral realiza-se uma redução a céu aberto com fixação por placa e parafuso Fraturas Expostas Considerações Iniciais - Fratura exposta: ruptura da cobertura cutânea e tecidos moles subjacentes, com comunicação da fratura e do hematoma fraturário com o meio externo ➔ nem sempre vemos o osso - Na maioria dos casos, acomete a diáfise dos ossos longos. A tíbia é o osso mais frequentemente acometido. Estão associadas a lesão de alta energia e geram uma desvascularização óssea, de forma que há retardo de consolidação, pseudoartrose e alto risco de infecção. Dentre as causas mais comum, temos: acidente automobilístico, atropelamento, acidente motociclístico, queda de altura, acidente com arma de fogo - Classificação das fraturas expostas em Graus Grau I : fer imento cutâneo < 1cm; l impo, sem fragmentação da fratura Grau II: ferimento cutâneo > 1cm; lesão de partes moles moderadas; pequena fragmentação da fratura Grau III: ferimento cutâneo > 10cm, lesão extensa de partes moles; fragmentação da fratura e perda segmentar; subdivididas em IIIA (cobertura cutânea óssea adequada após tratamento), IIIB (sem cobertura óssea) e IIIC (necessitam de reparo arterial) Marcella Ganme LVI Tratamento - Princípios do tratamento: prevenção de infecção, cicatrização de partes moles, consolidação óssea, - Estágios do atendimento: inicial, cirurgias primárias, cirurgias secundárias e reabilitação Avaliação inicial no PS: ATLS; avaliação das prioridades, administração de ATB e profilaxia anti-tetânica, alinhamento e imobilização da fratura, avaliação clínica e radiológica ➔ ou seja, retirar contaminantes grosseiros, cobrir ferimento, antibiótico endovenoso, anti-tetânica, imobilização, radiografia, hemostasia Cirurgias primárias: visa avaliação definitiva da lesão, desbridamento, limpeza da ferida com 10L de soro fisiológico e estabilização da fratura Cirurgias secundárias: fixação interna, reconstrução óssea, retalhos e enxertos O que NÃO fazer na sala de emergência? “lavar" ferimento, explorar ferimento, manipular, reduzir a fratura, avaliações e reavaliações - Antibiótico: fraturas grau I e II cefalosporina de 1aG por 24 a 48 horas; fraturas grau III cefalosporina de 1aG + aminoglicosídeo OU cefalosporina de 3aG por 7 a 14 dias; fraturas em área rural mesma cefalosporina de 1aG + aminoglicosídeo + penicilina OU cefalosporina de 3aG por 7 a 14 dias - Desbridamento: é o método mais eficaz de tratamento das fraturas expostas; em ferimentos muito contaminados o desbridamento deve ser revisado após 48 horas - Estabilização óssea: fixador externo, placa ou haste intramedular Fixador externo: relativa estabilidade; indicada para feridas extensas com grande contaminação; é uma fixação temporária Placa: indicada para fraturas de MMSS, fraturas articulares ou fraturas metafisárias Haste intramedular: método de escolha para fraturas de ossos longos; escolha para fraturas I, II e IIIA; canal medular pode ou não ser “fresado" (aumento de diâmetro) - depende de localização e classificação da lesão - Complicações: infecção de partes moles, infecção óssea, retardo de consolidação, rigidez articular, pseudoartrose, consolidação viciosa Coxartrose e Fraturas de Quadril Considerações Iniciais - A artrose do quadril consiste no desgaste da articulação coxofemoral. A coxartrose como doença crónica, é o resultado de um conjunto de eventos mecânicos e biológicos que desestabiliza o normal processo de degradação e síntese dos condrócitos da cartilagem articular, matriz extracelular e osso subcondral - Pode ser classificada em primária (idioática) ou secundária. A rpimária, em geral, não tem origem conhecida; a secundária está associada com displasias, alterações metabólicas (hemofilia, lúpus, paget), traumas (pós fraturas ou luxações), inflamações (artrite reumatoide), desarranjos mecânicos (doenças neuromusculares, instabilidade ligamentar) - A síndrome do impacto femoroacetabular (impacto mecânico entre o colo do fêmur e o acetábulo) é uma das principais causas de osteoartrose do quadril em pacientes jovens, de 20 a 50 anos. O paciente apresenta dor, especialmente após as atividades físicas, e pode ter dor ou dificuldade à abdução do quadril ➔ orientação para evitar evolução com artrose! Quadro Clínico - As principais características clínicas da coxartrose são a dor e a diminuição da função articular. Na fase inicial da doença a dor é o primeiro sintoma, normalmente localizada na virilha, na região anterior ou medial da coxa ou eventualmente referida ao joelho e que tende a piorar quando se exercita a articulação. - Inicialmente a dor pode ter uma intensidade variável, cursando com períodos assintomáticos e, por vezes, com surtos agudos, que podem estar associados à inflamação sinovial (sinovite). - À medida que a doença se vai estabelecendo a rigidez da articulação e a perda de funções começam a manifestar-se, devido à fibrose da cápsula articular ou perda da superfície articular lisa. Nas situações de coxartrose grave, a dor pode ser noturna ou torna-se constante. Funcionalmente o doente começa a apresentar dificuldade na deambulação, com necessidade de Marcella Ganme LVI auxiliares de marcha, dificuldade para cortar as unhas dos pés, calçar as meias ou apertar os sapatos, e levantar-se de cadeiras baixas. - Exame físico: Alteração de marcha (claudicação) Possibilidade de deformidades fixas Comprometimento da rotação interna, externa, adução, abdução e flexão - Diagnóstico: clínica + raio x (não está diretamente relacionado com nível sintomático!) - Diagnóstico radiológico: AP e perfil; classificação de Kellgren-Lawrence; formação de osteófitos (bico de papagaio) Grau 0: sem alterações Grau I: possível presença de osteófitos Grau II: possível estreitamento do espaço articular e osteófitos definidos Grau III: estreitamento do espaço articular, osteófitos grandes, esclerose moderada; possível deformidade das extremidades Grau IV: estreitamento marcado do espaço articular, osteófitos grandes, esclerose grave e quistos; deformidade definida das extremidades ósseas - Tratamento:cirúrgico (osteotomias do fêmur proximal - preservação da articulação ou artrosplatia total - reconstrução da articulação) ou conservador (AINES, analgésicos, condroprotetores, fisiatria) ➔ tentar retardar artrose ao máximo para não ter que colocar prótese!; cirurgia indicada para índice de gravidade de 10 a 12. - Pacientes com próteses de quadril podem apresentar dor por diversos motivos, entre os quais o mais comum é a bursite trocantérica. Contudo, desgaste do componente de polietileno e infecção também podem causar dor Fratura do Fêmur - Representam 50% das internações por trauma nos prontos-socorres. É muito comum em idosos, de forma que 32% dos idosos acima de 75 anos sofrem uma queda no período de 1 ano. - Os mecanismos de trauma são: queda do mesmo nível, estresse mecânico de repetição associado à osteoporose nos idosos e traumas de alta energia em pessoas jovens vítimas de acidentes - Fatores de risco: menor índice de massa corporal, dieta pobre em cálcio, menopausa, baixa atividade física, osteoporose, tabagismo - Fratura de cabeça femoral: pouco frequentes; em geral causadas por trauma de alta energia. O mecanismo mais comum é impacto da cabeça contra o acetábulo (quando o joelho bate no painel do carro, por exemplo); são lesões intra-articulares e, portanto, graves, pois podem causar instabilidade. Em geral cursa com lesões associadas (fratura do acetábulo, fratura do colo femoral, lesão do nervo ciático, luxação de quadril) Tratamento: redução imediata do quadril seguida de tratamento conservador se a articulação estiver estável e com mobilidade; tratamento cirúrgico se a articulação estiver bloqueada e/ou incongruente ➔ artrotomia, osteossíntese ou, ainda, artrosplatia, a depender da classificação da lesão - Fratura do colo femoral: ocorrem princiapalmente em mulheres idosas com osteoporose; podem ser intracapsular ou extrapsulares; nas intracapsulares, pode haver lesão de vasos que irrigam a extremidade proximal do fêmur. Classificação de Garden: I (fratura incompleta), II ( c o m p l e t a s e m d e s v i o ) , I I I ( d e s v i o e desalinhamento entre trabéculas ósseas do acetábulo e cabeça femoral), IV (desviada, mas com alinhamento das trabéculas ósseas entre cabeça femoral e acétabulo) Tratamento: preferencialmente cirúrgico; para Garden I e II, o tratamento é a ostessíntese com parafuso canulado; para Garden III e IV, artroplastias total ou parcial Compl icações: pseudoartrose, necrose assépt ica, fenômenos tromboembólicos, infecção - Fratura trocantérica: são muito frequentes; acometem indivíduos idosos, em geral por traumas de baixa energia. Classificação de Carmo e Gomes: intertrocantéricas (entre os dois trocanters; figura 2) ou pertrocantéricas (através dos dois trocanters; figura 1) Complicação: falta de consolidação, fratura por estresse do colo femoral, necrose asseptica, deformidade rotacional, desvio em varo Tratamento: osteossíntese com haste intramedular, substituição protética (para pacientes com osteoartrose ipsilateral), tratamento conservador em caso de contraindicação para cirurgia - Fratura sub-troncantérica: pode ocorrer em idosos por trauma de baixa energia ou em jovens por traumas de alta energia. Prognóstico depende do tipo de traço, altura, fragmentação, entre outros Classificação de Russel Taylor: tipo I (sem envolvimento da fosse piriforme; tipo IA sem comprometer o trocanter menor e IB com comprometimento do trocanter menor) e II (envolve fosse piriforme; tipo IIA, sem comprometer trocanter menor e IIB comprometendo o trocanter menor) Tratamento: redução e estabilização da fratura com dispositivos extra ou intramedulares Complicações: TVP, consolidação viciosa, pseudoartrose Lesões Ligamentares do Joelho Anatomia do Joelho - O joelho é uma articulação do tipo ginglimo atípico (flexo-extensão e um certo grau de rotação); articula a porção distal do fêmur com porção proximal da tibia e a porção da patela com o fêmur. Gínglimo típico: dobradiça; só tem um plano de extensão (flexo-extensão) - Estabilidade extrínseca: fornecida pela arquitetura óssea - Estabilidade intrínseca: cápsula da articulação, meniscos, tendões e ligamentos (estabilizadores principais do joelho) Marcella Ganme LVI Ligamentos: 2 cruzados (anterior e posterior), 2 colaterais (medial e lateral) Lesão de Ligamento Cruzado Anterior - LCA: é o restritor primário da translação anterior da tíbia; se encontra dentro do intercôndilo - Lesão do LCA: é frequente, principalmente na prática esportiva com atividade rotacional (futebol, esqui, handebol, entre outros); lesão mais comum na segunda e terceira década de vida - Quadro clínico: Dor após trauma torcional, acompanhada ou não de estalido; presença de derrame articular (aumento de volume na articulação por aumento da quantidade de líquido na cápsula articular); em trauma agudo, o derrame é a hemartrose (derrame por sangue) Após primeira semana: dor e derrame diminuem, principal sintoma passa a ser instabilidade do joelho, principalmente na mudança de direção - Diagnóstico: avaliação clínica (inspeção, palpação e testes especiais) + avaliação complementar Inspeção: marcha claudicante, aumento de volume da articulação Palpação: busca de locais de dor Testes para avaliação do LCA: teste de lachman (paciente em decúbito dorsal com joelho fletido em 30o, estabiliza-se região distal da coxa e avalia-se se há aumento da translação anterior da tíbia em relação ao fêmur) e teste da gaveta anterior (paciente em decúbito dorsal com joelho fletido em 90o; duas mãos na região da fossa poplítea; verifica-se aumento da translação anterior da tíbia em relação ao fêmur) Investigação complementar: raio-x (espera-se raio x sem alterações; é importante descartar fraturas da inserção do LCA na tíbia) + ressonância magnética (padrão ouro) - Tratamento: conservador ou cirúrgico; é comum que o paciente com lesão de LCA, por instabilidade do joelho, sofra microtraumas no joelho, levando a artrose. Por esse motivo, a grande maioria dos pacientes é submetido a cirurgia Cirurgia: reconstrução com enxerto de tendão (tendão patelas ou tendões flexores ou, mais raramente, tendão do quadríceps ou tendão homólogo - isso é, de cadáveres); a reabilitação é essencial após cirurgia (em geral indivíduo só volta para atividades esportivas após 9 meses, impedindo lesão recorrente) RNM NORMAL MOSTRANDO LCA Lesão de Ligamento Cruzado Posterior - LCP: é restritor primário do joelho, impedindo a translação posterior da tíbia; também se encontra na região do intercôndilo; é o pilar de sustentação de joelho (ligamento mais forte) - Lesão do LCP: em geral gerados por traumas de maior energia (como acidentes de carro - trauma direto na região anterior da tíbia com joelho fletido; hiperflexão do joelho); costuma estar associado com outras lesões ligamentares, lesões de meniscos, etc ➔ demanda avaliação cautelosa - Quadro clínico: a lesão do LCP isolada em geral é pouco sintomática e não gera grande instabilidade (LCP não é tão importante nos movimentos rotacionais); principal sintoma é a dor - Diagnóstico: Testes para avaliação do LCP: teste da gaveta posterior (paciente em decúbito dorsal com joelho fletido em 90o; duas mãos na região anterior da tibia; verifica-se aumento da translação posterior da tíbia em relação ao fêmur) Investigação complementar: raio-x para descartar fraturas na inserção óssea; RNM (padrão ouro) - Tratamento: conservador ou cirúrgico; ao contrário da lesão do LCA, o principal fator que dita o tratamento é se a lesão é isolada (conservador) ou associada (cirúrgico); pacientes com instabilidade significativa ou falha de tratamento conservador também são indicados para tratamento cirúrgico Cirurgia: reconstrução com enxerto de tendão Lesão de Ligamento Colateral Medial - LCM: restrição ao estresse em valgo (movimento no plano coronal quando centro da deformidadese aproximando da linha médica; é quando o joelho vai para dentro) - Lesões de LCM: lesão frequente, já que lesões torcionais em valgo são comuns; - Diagnóstico: Testes para avaliação do LCM: teste do estresse em valgo em extensão (lesão isolada no LCM pode ser compensada por outras estruturas estabilizadoras, negativando o teste) e em flexão de 30o (permite melhor avaliação, posição de maior instabilidade do joelho) ➔ lesão isolada (- em extensão, + em flexão) ou associada (+ em extensão e + em flexão) RNM NORMAL MOSTRANDO LCP RNM NORMAL MOSTRANDO LCM Investigação complementar: raio-x para descartar fraturas ósseas e RNM - Tratamento: conservador ou cirúrgico; tratamento é, na maioria das vezes, conservador (uso de órteses por 2 a 6 semanas + fisioterapia); a cirurgia é indicada em lesões multiligamentares graves com instabilidade significativa (LCM + LCA ou LCM + LCP) Cirurgia: reconstrução com enxerto de tendão Lesão de Ligamento Colateral Lateral - LCL: restrição a estresse em varo (joelho para fora) e movimento rotacional; se localiza no canto posterolateral do joelho (ligamento colateral fibular + tendão do poplíteo + ligamento poplíteo fibular + LCL) - todas essas estruturas são resistentes ao estresse em varo - Lesões de LCL: costuma ser multiligamentares (em geral com LCP); a lesão isolada do canto posterolateral ocorre em apenas 25% das lesões; pode ainda cursar com lesão do nervo fibular (pesquisar sinais neurológicos ➔ déficit da dorso flexão do tornozelo e perda de sensibilidade na região do primeiro interdigito - região do chinelo) - Diagnóstico: Testes para avaliação do LCL: teste do estresse em varo em extensão e em flexão; lesão isolada (- em extensão, + em flexão) ou associada (+ em extensão, + em flexão) RNM NORMAL MOSTRANDO LCL Investigação complementar: raio-x para descartar fraturas ósseas e RNM - Tratamento: conservador ou cirúrgico; lesão isolada costuma ser tratada de forma conservadora, lesão associada costuma ser tratada com cirurgia Cirurgia: reconstrução das estruturas do canto Lesões Meniscais e Artrose do Joelho Lesões Meniscais - Os meniscos são estruturas localizadas no espaço articular tibio-femural. Temos o menisco medial (interno) e lateral (externo). São estruturas semicirculares compostas por água e fibras articulares - Funções dos meniscos: são responsáveis por absorção de impacto, estabilização mecânica, propriocepção (mecanoreceptores), aumento da área de contato entre fêmur e tíbia (redução da pressão de contato sobre a cartilagem articular ➔ principal função dos menisnos) Divisão: corno anterior, corpo e corno posterior - Lesões meniscais: podem ser traumáticas ou degenerativas; principal sintoma é a dor na região do menisco lesado; dor piora com movimentos rotacionais e Marcella Ganme LVI movimentos de flexão (em caso de lesão em corno posterior); cursa com derrame articular (aumento de produção de líquido sinovial; raramente é as custas de sangue), com falseio (lesões mais extensas) e travamento (em caso de lesões em alça de balde) - Diagnóstico: dor a palpação, testes de avaliação, exames de imagem Avaliação dos meniscos: 5. teste de McMurray (paciente em decúbito dorsal; examinador segura perna pelo pé/ tornozelo e palpa a l inha articular correspondente a queixa correspondente, ao mesmo tempo que se realiza uma rotação da perna - menisnco medial palpa interlinha medial e realiza rotação externa menisco lateral palpa interlinha lateral e realiza rotação interna ➔ dor ou estalido são testes positivos) 6. teste de Appley (paciente em decúbito ventral, perna fletida; avaliador comprime região da coxa e realiza rotação do joelho empurrando a perna pra baixo; em caso de dor nessa parte, avaliador parte para segunda parte - mesma coisa, mas dessa vez puxando a perna para cima; teste positivo é dor na primeira parte com melhora na segunda parte); dor na primeira e segunda parte indicam causas não articulares Exames de imagem: raio-x para descartar degenerações e RNM - Tratamento: depende de localização da lesão (porção mais periférica do menisco é muito vascularizada - zona vermelha-vermelha; porção central é avascularizada - zona branca-branca; região de transição é região vermelha- branca), do tipo de lesão (longitudinal, oblíqua, radial, horizontal ou complexa), da presença ou não de lesões associadas e dos fatores intrínsecos do paciente (idade, nível de atividade física, etc) Tratamento conservador: analgesia + fisioterapia; lesões degenerativas (tratamento de primeira linha) Meniscectomia parcial: ressecção da porção acometida do menisco; deve-se manter o máximo de menisco possível (retirada excessiva de menisco ➔ maior chance de artrose) Meniscectomia total: retirada completa do menisco Sutura meniscal: sutura em região acometida para permitir cicatrização do menisco; é o padrão ouro frente a lesão traumática instável do menisco (paciente jovem com lesão aguda em zona vermelha-vermelha e em padrão longitudinal; maior chance de cicatrização quando associada a reconstrução do LCA Artrose do Joelho - A artrose é a doença degenerativa articular, é uma doença que se inicia na cartilagem e acomete em seguida a região sub-condral do osso. A artrose é RNM NORMAL MOSTRANDO MENISCOS RNM COM LESÃO MENISCAL progressiva e possui componente inflamatório. É mais prevalente mulheres acima dos 50 anos e em homens abaixo dos 50 anos. - Pode ser primária (sem causa definida) ou secundária (associada a lesões ligamentares, lesões meniscais, fratura, artrite séptica do joelho, doenças reumatológicas) - Fisiopatologia: é um processo iniciado e perpetuado por estresse mecânico; dentre os fatores que propiciam o desenvolvimento da artrose, temos envelhecimento (perda de força muscular, perda de propriocepcção, maior tempo de reação), fatores genéticos, obesidade, níveis hormonais (o estrogênio é fator de proteção; por isso é mais prevalente mulheres em pós menopausa) - Quadro clínico: dor, derrame articular (reacional; aumento de líquido sinovial), limitação das atividades, deformidade (em varo e em valgo) - Achados radiológicos: diminuição de espaço articular (“osso com osso”), formação de osteófitos (“bicos de papagaio”), esclerose do osso subcondral (osso logo abaixo da cartilagem fica mais branco), cistos subcondrais - Tratamento: o tratamento conservador é a escolha de primeira linha; na falha do tratamento conservador, pode-se realizar infiltrações no joelho (injeção de ácido hialurônico ou corticoide) ou ainda tratamento cirúrgico Medidas conservadoras: fisioterapia + perda de peso + fortalecimento muscular + analgesia (redução do componente inflamatório em primeira instância; controle da doença com AINES mais fracos - dipirona e paracetamol) + exercícios de baixo impacto Tratamento cirúrgico: 1. artroscopia (indicações limitadas; artrose associada a lesão meniscal ou outras lesões) 2. osteotomia (realinhamento da perna visando melhor distribuição de peso na articulação; melhora sintomatologia e evita progressão; indicação em pacientes jovens com artrose unicompartimental) 3. artrosplatia (ressecção de superfície articular gasta e inserção de prótese; é o tratamento final para artrose grave e sintomática) Tendinopatias do Tornozelo Considerações Iniciais - O tendão de aquiles é formado por 3 mm: o tríceps sural, gêmeos e sóleo. Eles se unem no terço médio da perna e formam o tendão do calcâneo, que se insere na tuberosidade posterior do calcâneo. A principal função do tendão é a flexão plantar do pé. - Há, no tendão, uma zona sem vascularização, localizada de 2 a 6cm da inserção. É nessa região que ocorre a grande parte das lesões e rupturas. RAIO-X DE ARTROSE DE JOELHO Tendinite de Aquiles - A tendinite é mais prevalente na população fisicamente ativa, configurando a lesão por sobrecarga. A corrida na rua é uma das principais causas, principalmente emindivíduos sem o preparo adequado. A tendinite pode ser dividida em insercional e em não insercional, dependendo do local de acometimento. - Causada por uso excessivo, aumento súbito de carga de treino, doenças sistêmicas, uso de medicação (fluoroquinolonas), alterações biomecânicas, diminuição do espaço retrocalcâneo - Fatores de risco: obesidade, idade avançada, DM, pé cavo, pé excessivamente pronado, overuse, erros de treinamento - Tendinose Não insercional: paratendinite ➔ tendinose Peritendinite: inflamação na periferia do tendão; leva a diminuição da irrigação do tendão e, consequentemente, a uma degeneração atrófica (tendinose) Tendinose: processo de degeneração do tendão (não há receptores de dor no interior do tendão, de forma que não cursa com dor no começo) sem inflamação; a perda da elasticidade das fibras gera micro-rupturas no tendão, que, com o tempo, levam a ruptura completa Quadro clínico: dor retrocalcaneal crônica com piora aos esforços, edema e aumento de temperatura, espessamento do tendão, fraqueza na fase de impulso da marcha, alargamento do tendão com aumento da dorsiflexão, ruptura tendinosa - Tendinite insercional: microrupturas, degeneração das fibras colágenas, fibrose e calcificação (esporão); costuma cursar com bursite retrocalcânea (conjunto de bursite + tendinite é chamado de deformidade Haglund); comum em pacientes com artrite reumatóide ou gota Quadro clínico: A dor tipicamente é mais intensa pela manhã, ao levantar para andar, ou ao longo do dia, no início dos movimentos de marcha (durante a noite, há cicatrização das microrupturas e, ao colocar o pe no chao, a alongamento brupto), alargamento do tendão Exame físico: paciente vai apresentar dor à palpação da região acometida e muitas vezes um espessamento visível e até palpável, seja no tendão, seja em sua inserção no calcâneo. - Diagnóstico: história clínica + RNM - Tratamento: iniciado pelo tratamento conservador (repouso + crioterapia + gelo + fisioterapia), se não funcionar, usamos gesso; se não funcionar, partimos para a cirurgia (desbridamento, alongamento, reforço do tendão com transferência tendinosa) Lesão Aguda do Tendão de Aquiles - A ruptura do tendão de aquiles ocorre por uma sobrecarga mecânica em um tendão previamente degenerado; assim, a rotação abrupta das fibras na região avascularizada promove a ruptura ➔ acredita-se que a ruptura não ocorre sem degeneração prévia (se o tendão estiver intacto, a rotação leva a fratura do calcâneo) - Fatores de risco: uso de antibióticos (fluoroquinolonas) e corticoides, gota, artrite reumatóide, dislipidemia, sobrepeso. A maior incidência é em homens, com sobrepeso, dos 30 aos 50 anos, que praticam esportes apenas casualmente. - Mecanismos de ruptura: impulso com pé apoiado e joelho estendido (arrancada), dorsiflexão súbita e inesperada do tornozelo (pisar em um buraco) e dorsiflexão forçada (queda de altura) - Quadro clínico: dor súbita, as vezes acompanhada de estalido; incapacidade para continuar atividade física. -Exame f í s i c o : edema posterior, depressão no local da ruptura, dor. A capacidade de realizar a flexão plantar do tornozelo é mantida (flexor longo do hálux e flexor plantar dos dedos) ➔ subdiagnóstico (como movimento é mantido acreditam que não houve rompimento) Teste de thompson: paciente de bruços, com joelhos dobrados, aperta-se a panturrilha. Se o pé entrar em flexão plantar, o exame está normal; se o pé não se mexer, teste + para ruptura Teste de Maties: joelhos dobrados, paciente de bruços; se tiver tendão rompido, pé “cai" para o lado - Diagnóstico: quadro clínico + exame físico + exames complementares (usg, radiografia ou rnm) - Tratamento: conservador ou cirúrgico Conservador: Gesso suropodálico (perna até dedos do pé) de 6 a 8 semanas + tratamento funcional (mobilização precoce); indicado em idosos, sedentários, diabéticos, tabagistas Cirúrgico: O tratamento cirúrgico pode ser realizado de maneira aberta convencional, percutânea ou por mini-incisão; indicado para atletas Entorse do Tornozelo - O entorse do tornozelo é uma lesão comum, causada, em geral, pela inversão e flexão plantar, o que lesiona o complexo ligamentar lateral do tornozelo e subtalar (ligamento talofibular anterior e posterior e ligamento calcaneofibular). Estabilidade do tornozelo: ligamentos (estática) e ação muscular, propriocepção e gravidade (estabilidade dinâmica) Lesões comumente associadas: lesões condrais, osteocondrais, ligamentos mediais, ligamentos do pé, fraturas, neurite (lesão do n sural ou fibular superficial) - Quadro clínico: dor, edema e hematoma - Diagnóstico: quadro clínico + exame físico + exames complementares (raio x para descartar fratura, RNM para melhor visibilidade ligamentar) - Classificação: Grau I: estiramento do talofibular anterior; cursa com dor leve a moderada, deambulação presente e mínima perda funcional Grau II: lesão parcial do talofibular anterior e do calcâneo-fibular; cursa com dor moderada a grave, claudicação ou incapacidade para marcha, perda funcional Grau III: lesão do talofibular anterior, calcâneo fibular e talofibular posterior; cursa com dor e edema grave, incapacidade de marcha e grande perda funcional - Tratamento: grau I e II com tratamento funcional; grau III com imobilização + fisioterapia; tratamento cirúrgico em caso de falha - Instabilidade crônica: lesões agudas não tratadas levam a instabilidade crônica (pode levar a artrose). A lesão mais comum é a lesão dos mecanorreceptores, de forma que há perda da propriocepção. Pode ser instabilidade mecânica (exame radiológico +) ou funcional (exame radiológico negativo). Quadro clínico: queixa de dor e entorses frequentes, pode cursar com edema; atenção a lesões associadas Exame da gaveta: tornozelo é puxado para frente e o pé sai de baixo da perna no raio-x; deve ser feito comparativamente Tratamento: treino de propriocepção + fortalecimento dos fibulares; possibilidade de órtese; em caso de falha, tratamento cirúrgico (reconstrução anatômica ou não anatômica) Trauma Esportivo: Fratura por Estresse Considerações Iniciais - Micro x macrotrauma Macrotrauma: lesão de alta energia por impacto direto Microtrauma: lesão por impacto indireto; é o caso da fratura por estresse - Fatores de risco para fatura por estresse: intrínsecos (idade, sexo, peso, altura, habilidade esportiva, condicionamento físico) e extrínsecos (tipo de esporte, tipo de calçado, tipo de superfície, condições climáticas); correspondem a 10% de todas as lesões esportivas Sexo: 12x mais comum na mulher (atletas de alto rendimento tem alterações hormonais) Raça: brancos mais susceptíveis Marcella Ganme LVI - Fisiopatologia: microtraumas que excedem a resposta reparadora óssea, resultando em uma fratura (turnover ósseo não dá conta da quantidade de estímulos) MMII: musculatura enfraquecida ➔ redução da absorção do choque ➔ redistribuição de forças ➔ pontos focais de estresse em regiões ósseas Quadro Clínico - O quadro clínico da fratura por estresse é uma dor de início insidioso (história da dor: apenas pós treino ➔ durante treino ➔ em repouso), sem história de trauma. Em geral, se inicia após modificações no treinamento. Costuma cursar com queda de performance; edema pode estar presente - Exames Raio x: não é capaz de mostrar graus iniciais da lesão; alterações de 3 a 4 semanas após lesão Cintilografia: permite diagnóstico precoce e acompanhamento da evolução da lesão Tomografia: utilizada para ossos complexos (coluna, por exemplo) RNM: padrão ouro - Diagnóstico diferencial: síndrome compartimental crônica, contusão, dor muscular tardia e tumores (osteossarcoma); - Tratamento: depende da classificação (baixo ou alto risco) ➔ lesões de baixo risco são as que ocorrem por forças de compressão (preconiza tratamento conservador); lesões de alto risco ocorrem por forças de tração (dificilmente
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