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Placentação e Gemelidade PLACENTAÇÃO A placenta é um órgão constituído por dois componentes: ● Porção fetal: córion (o córion viloso) ● Porção materna: endométrio (a parte da decídua basal) A placenta é o local de trocas de nutrientes, excretas e gases entre mãe e feto. O feto passa excretas e CO2 para a mãe e esta passa nutrientes e O2 para o primogênito. Componente materno Em resposta a altos níveis de progesterona materno e à invasão do blastocisto, as células endometriais sofrem modificações e passam a acumular glicogênio e lipídios no citoplasma, sendo então chamadas de células deciduais (sofrem reação decidual). Dessa forma, o estroma uterino se espessa e torna-se mais vascularizado, e o endométrio gravídico como um todo é denominado decídua. A decídua é é descartada após o nascimento. A decídua pode ser descrita em 3 regiões, de acordo com o local de implantação: ● Decídua basal: encontrada subjacente (abaixo) do concepto (feto + anexos), e consiste no componente materno da placenta; é a parte da decídua que, junto com o córion viloso, forma a placenta. ● Decídua capsular: camada fina de endométrio que recobre o concepto na zona oposta à decídua basal. ● Decídua parietal: toda a parte restante da decídua que não ocorreu a implantação OBS! A progesterona (pró-gestação) é produzida pelo corpo lúteo (mantido, por sua vez, pela sinciciotrofoblasto que produz a β-HCG), a progesterona mantém o endométrio espesso. Modificações do córion O córion e formado pelo mesoderma extraembrionário, citotrofoblasto e sinciciotrofoblasto. As vilosidades coriônicas primárias são proliferações de células do citotrofoblasto, que produzem projeções em direção ao sinciciotrofoblasto. OBS! As lacunas trofoblástica não apresentam sangue parado, esse sangue é constantemente renovado por arteríolas e vênulas maternas. Posteriormente, as vilosidades coriônicas primárias se transformam em vilosidades coriônicas secundárias, que é a projeção do mesoderma extraembrionário penetrando nas vilosidades primárias, formando um eixo central de mesoderma. Por fim, algumas células do mesoderma se diferenciam em células e capilares sanguíneos, sendo então chamadas de vilosidades coriônicas terciárias. Os vasos sanguíneos formados nas vilosidades coriônicas fundem-se entre eles, formando as redes arteriocapilares que se conectam ao coração do embrião através do pedículo do embrião. Dessa forma, todos os nutrientes e O2 que passam pelas lacunas trofoblásticas são absorvidos pelos vasos sanguíneos das vilosidades coriônicas terciárias, levando-os para o embrião. Da mesma maneira ocorre com a excretas do embrião, os quais são jogados nos vasos que saem do pedículo do embrião e são levados até as vilosidades, onde por difusão passam para as lacunas trofoblásticas (que são renovadas pelo sistema circulatório materno). A região de mesoderma extraembrionário de onde partem as vilosidades coriônicas terciárias é chamado de placa coriônica. OBS! Vale ressaltar que, geralmente, em cortes histológico, as vilosidades coriônicas são observadas em cortes transversais, os quais as vilosidades aparecem em “círculos”. Inicialmente (até a 8º semana), as vilosidade coriônicas recobrem todo o saco coriônico. Entretanto, com o crescimento do saco coriônico, as vilosidades associadas à decídua capsular são comprimidas (pelo crescimento do feto), reduzindo seu comprimento sanguíneo, e degeneram, formando o córion liso. Já as vilosidades associadas à decídua basal aumenta em número, ramificam-se e crescem, formando o córion frondoso ou viloso. Ademais, as células do citotrofoblasto das vilosidades proliferam e se estendem através do sinciciotrofoblasto, formando a capa citotrofoblástica, a qual envolve o saco coriônico e o prende ao endométrio materno (decídua basal). Imagem que demonstra a evolução do desenvolvimento do córion e suas transformações. OBS! Espaço interviloso = lacunas trofoblástica (possuem o sangue materno). OBS! O sangue materno e fetal NÃO entram em contato, apenas ocorre a difusão dos nutrientes e excretas entre as lacunas trofoblásticas e os vasos sanguíneos das vilosidades coriônicas terciárias. Sendo assim, as vilosidades e superfície externa da placa coriônica são banhadas pelo sangue materno presente nos espaços intervilosos; logo, a placenta dos mamíferos é classificada como placenta hemocorial (bastante proximidade entre o sangue materno e fetal). Por conseguinte, na região da decídua capsular, a cavidade amniótica vai aumentando e ocupando o espaço da cavidade coriônica, até sumir com essa cavidade. Então, a membrana amniótica se funde com o córion liso, formando a membrana amniocoriônica. Com grande crescimento fetal, a decídua capsular é pressionada contra a decídua parietal (luz uterina vai sendo obliterada - ocupada); por conseguinte, a decídua capsular se desintegra e a membrana amniocoriônica fica em contato com a decídua parietal. O rompimento da membrana amniocoriônica é o momento que marca o início do parto (estouro da bolsa). OBS! O pedículo do embrião junto com os vasos sanguíneos (1 veia e 2 artérias) fetais forma o cordão umbilical Vale ressaltar que na placenta de mamíferos, ocorrem projeções da decídua basal em direção à placa coriônica, chamados de septos placentários. Esses esses septos placentários dividem a placenta em cotilédones e têm a função de fixar, junto com a capa trofoblástica, o embrião no endométrio materno. Circulação placentária A circulação placentária é através das numerosas vilosidades terminais, onde ocorrem as principais trocas de material entre a mão e o feto. Essas microvilosidades terminais são oriundas do sinciciotrofoblasto (que faz contato direto com o sangue materno), o qual aumento a área de contato e permite uma maior difusão entre o sangue materno e fetal. Membrana placentária A membrana placentária é composta por tecidos extrafetais, que separam o sangue materno e fetal. Durante as primeiras 20 semanas o desenvolvimento, a membrana placentária é composta por 4 componentes: ● Sinciciotrofoblasto ● Citotrofoblasto ● Mesoderma extraembrionário (TC) ● Endotélio capilar fetal. Nessa imagem, vilosidade coriônica terciária foi seccionada transversalmente. Após a 20º semana, ocorre um adelgaçamento do citotrofoblasto, e em alguns locais, as células deste tecido desaparecem. Sendo assim, a membrana placentária é composta apenas pelos outros 3 componentes. Além disso, em alguns pontos, os capilares sanguíneos se fundem com o sinciciotrofoblasto, fazendo com que apenas o sinciciotrofoblasto forme a membrana placentária, essa membrana é chamada de membrana placentária vasculossincicial. Essa redução do citotrofoblasto e fusão dos capilares sanguíneo ao sinciciotrofoblasto serve para aumentar a troca de nutrientes e excretas. Todavia, com esse processo, alguns microrganismos e toxinas podem passar mais facilmente pela membrana. Funções da placenta ● Metabolismo ● Transporte ● Secreção endócrina Metabolismo placentário A placenta faza síntese de glicogênio, colesterol e ácidos graxos, que são fonte de nutrientes para o embrião/feto e são essenciais para a realização das demais funções placentárias. Transferência placentária Transporte de substância em ambas as direções. Ocorre transporte de: O2, CO2, CO, H2O, glicose, aminoácido, hormônios esteróides, T3 e T4, eletrólitos, IgGs, uréia, ácido úrico, bilirrubina, fármacos, drogas de abuso, anestésicos, citomegalovírus, vírus da rubéola, varíola, sarampo, poliomielite e entre outros. Secreção endócrina A placenta (mais especificamente o sinciciotrofoblasto) utiliza precursores maternos e/ou fetais para a síntese de hormônios proteicos e esteroides, como β-hCG, somatomamotrofina coriônica humana, tireotrofina coriônica humana, corticotrofina coriônica humana, progesterona e estrógenos. OBS! Então a placenta executa a ação de diversos órgãos de adultos no feto, como a síntese de hormônios (glândulas), respiração (pulmões), digestão (TGI) e excreção (rins). Anormalidades da placenta No momento da formação da placenta podem ocorrer alguns erros que prejudicam a sua correta formação. ● Placenta acreta: vilosidades ultrapassam a decídua basal e chegam a locais mais profundos do endométrio ● Placenta percreta: vilosidades ultrapassam o endométrio e chegam ao miométrio (musculatura do útero); em alguns casos,após essa gestação a mulher precisa remover o seu útero devido ao grande dano. ● Placenta prévia: placenta se fixa à região do óstio interno do útero, tampando-o; Outrossim, pode ocorrer um nó verdadeiro no cordão umbilical (causa hipóxia no embrião). Outro problema que pode ser criado é a mola hidatiforme, que é um tumor sincicial criado (agride o tecido materno); pode ser de dois tipos: ● Completa: óvulo com núcleo inativo ● Incompleta: óvulo normal fecundado por dois espermatozóides/espermatozoide diploide. GEMELIDADE Gêmeos dizigóticos São oriundos de espermatozóides e de óvulos diferentes, ou seja, apenas dividiram o útero ao mesmo momento. Esses fetos apresentam amnios separados, córions individuais e duas placentas. Em alguns casos, a implantação dos gêmeos é muito próxima, que faz com que ocorre a fusão dos córions e das placentas, o âmnio é ainda separado. Gêmeos monozigóticos Ocorre separação de blastômeros, os quais geram blastocistos separados e assim em diante. Se ocorrer a implantação em locais diferentes, os âmnios são separados, os córions são individuais e há duas placentas; já se for próxima, há córions e placentas fusionados e âmnios separados. Uma outra forma de gerar gêmeos monozigóticos é se ocorrer uma separação no estágio de embrioblasto (ficam envoltos pelo mesmo trofoblasto). Assim, eles são divididos em âmnios separados, apresentam um córion e placenta comuns. O estágio mais raro de separação é quando ocorre no estágio de disco bilaminar. Nele, há âmnio, córion e placenta comuns. Trata-se de uma separação rara, devido a possibilidade de ocorrer um enrolamento dos cordões umbilicais (baixa chance de sobrevivência). Em certos casos, a separação do disco não é completa, formando gêmeos conjugados (siamese). Outrossim, há também a possibilidade de gêmeos parasitas, o qual um gêmeo tem fluxo sanguíneo comprometido, chamada de síndrome da transfusão de gêmeos. Trigêmeos Os trigêmeos representam cerca de 1/7600 gestações e podem provir de: ● Um zigoto e serem idênticos ● 2 zigotos e consistiram em 2 gêmeos idênticos e um isolado ● 3 zigotos e serem do mesmo sexo ou sexos diferentes Quadrigêmeos e quíntuplos são ainda mais raros. Informações adicionais Gestações gemelares apresentam incidência elevada de: ● Parto pré-termo → 12% das crianças são prematuras ● Baixo peso ao nascimento ● Mortalidade → 10 a 20% (2% em gestações singulares).
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