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TCC

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Introdução
Ao redor do mundo, o processo de envelhecimento vem acontecendo de maneira acelerada. As famílias estão deixando de ser tão numerosas e graças aos avanços das tecnologias e pesquisas em saúde, ao aumento do saneamento básico, urbanização e disseminação do conhecimento sobre higiene, a população mundial, incluindo a brasileira, tem aumentado a quantidade de anos vividos (CAMARGOS et al., 2019).
Até a década de 60, a faixa etária da população brasileira estava distribuída de forma muito próxima a uma situação que garantisse a estabilidade, onde menos de 3% dos habitantes estavam acima dos 65 anos (CARVALHO, 2003). Em contraste com essa situação do século passado, segundo pesquisas da Organização Mundial da Saúde (OMS. 2005), até o ano de 2025 o Brasil será o sexto país com maior quantitativo de idosos e ainda assim é precária a quantidade de informações acerca de estratégias para melhorar a qualidade de vida dessa população. 
Desenvolver estudos sobre a longevidade é uma novidade e uma necessidade, afinal, o aumento da expectativa de vida é algo recente, pois há poucas décadas, era de se surpreender que as pessoas vivessem muito mais dos que 60 anos. No entanto, mesmo com as pessoas vivendo mais tempo, nem sempre é um tempo de qualidade, uma vez que juntamente com o envelhecimento vem o aparecimento de doenças características deste processo, entre elas, o surgimento de neoplasias (RIBEIRO; BORGES, 2018). Kravchenco (2008; citado por ALMEIDA et al., 2012) afirma que mudanças na alimentação e no estilo de vida pode melhorar as condições de vida durante o processo de envelhecimento. Além disso, também podem ser observados outros benefícios, como por exemplo, a ingestão adequada de fibras dietéticas pode ser eficaz tanto na prevenção e tratamento da Diabetes Melitos Tipo 2 (DMT2) quanto em casos de doenças intestinais, como a constipação e Doença Diverticular, ambas muito comuns em idosos (MELLO e LAAKSONEN, 2009; VITOLO, CAMPAGNOLO e GAMA, 2010).
No que confere à legislação nacional, o Estatuto do Idoso, Lei Nº 10.741/2003, estabelece no Art. 3º que o cuidado ao idoso compete não somente à família, mas também ao Sistema Único de Saúde (SUS), como conjunto de ações e serviços de saúde mantidos pelo Poder Público.
É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 2003, Art. 3).
Para Lima-Costa e Veras (2003), a melhor forma de distribuir esses serviços de maneira igualitária para os mais velhos é incorporando os idosos na sociedade, a quebra de conceitos pré-estabelecidos sobre a terceira idade e a utilização de novas tecnologias. Evidencia-se assim que o conhecimento das necessidades específicas desse grupo etário é de extrema importância para os responsáveis pelo governo e pelos órgãos de saúde, principalmente para o desenvolvimento de políticas públicas. Dessa maneira o presente trabalho tem como objetivo a realização de uma revisão de bibliografia no que dizem a respeito da situação alimentar e como as dificuldades características à senescência agravam o estado de saúde dos idosos no Brasil, pois acredita-se que a o estudo desses distúrbios favorece a elaboração de estratégias para atende-las.
	
OBJETIVO
O objetivo deste estudo centra-se em reunir os principais fatores que interferem na alimentação na terceira idade e, desta forma, analisar a prevalência e os impactos da má nutrição dos idosos no Brasil. A partir das informações obtidas nesta revisão, podem ser desenvolvidas estratégias com o propósito de melhorar a qualidade de vida neste grupo estudado.
METODOLOGIA
Tipo de Estudo
O trabalho desenvolvido segue a metodologia de um estudo exploratório, que, segundo Gil (2008), tem finalidade de obter maior familiaridade com o assunto pesquisado. Ao fim da pesquisa, o pesquisador terá propriedade sobre o assunto e desta forma, poderá construir novas hipóteses. 
Desta forma, a proposta de Gil (2008) foi seguida a partir destas etapas:
1 - Fontes pesquisadas: 
a) Foram utilizados 5 livros, divididos entre 4 livros específicos para o curso de Nutrição e 1 livro de Geriatria e Gerontologia, no idioma português. Os livros de Nutrição foram disponibilizados na biblioteca do Centro Universitário UniFBV, já o de Geriatria e Gerontologia foi utilizado numa versão em pdf, publicados num período entre 2002 e 2018.
b) Artigos científicos pesquisados e encontrados nas seguintes bases de dados: SCIELO, MEDLINE e LILACS, publicados durante o período de 2010 a 2018. Foram utilizados 12 artigos nacionais disponíveis online e com o texto completo. Foram utilizadas as seguintes palavras-chaves na pesquisa em português: idosos, nutrição, desnutrição, perda de peso, envelhecimento, apetite, saúde pública. Já em inglês, foram utilizadas as mesmas palavras-chave, mas em outro idioma: elderly, nutrition, malnutrition, weight loss, aging, appetite, public health.
Para a seleção das fontes, foram estabelecidos os seguintes critérios:
Para inclusão, as bibliografias devem ser/considerar:
a) O público alvo da pesquisa como o indivíduo idoso;
b) Considerar o idoso como o indivíduo de idade igual ou superior a 60 anos nos países em desenvolvimento ou idade igual ou superior a 65 anos em países desenvolvidos;
c) Pesquisas populacionais, relatórios ou estudos de caso que tenham sido executados com a população brasileira.
Para exclusão:
a) As bibliografias que não abordam a temática central envolvida na pesquisa, ou seja, o processo de envelhecimento;
b) As faixas etárias abordadas não contemplam os idosos;
c) Pesquisas populacionais, relatórios ou estudos de caso com indivíduos de outros países;
d) Artigos de revisão.
2 – Coleta de dados:
A coleta de dados para a elaboração do estudo seguiu a seguinte proposição:
a) Execução de leitura exploratória de todo material. Neste momento, foi feita uma leitura rápida afim de selecionar o que era ou não relevante para o desenvolvimento do estudo, seguindo os critérios de exclusão e inclusão;
b) Realização da leitura seletiva, uma leitura mais aprofundada das partes das bibliografias que realmente interessam, visando sempre os objetivos do estudo para que não haja fuga do tema;
c) Registro de informações importantes, como nome dos autores e ano de realização do estudo, metodologia empregada, os resultados obtidos e a conclusão na qual estes chegaram.
3 – Interpretação dos resultados:
Foi realizada nesta etapa uma leitura analítica, com o propósito de organizar e interpretar os resultados obtidos durante a coleta de dados contidas nas fontes pesquisadas. A finalidade desta leitura foi a de obter respostas à problematização na qual se desenvolve esta pesquisa.
4 – Discussão dos resultados: 
A partir dos dados que foram obtidos na etapa anterior e com auxílio do referencial teórico utilizado, foram consideradas os principais pontos relativos à temática deste estudo, além da reunião dos mesmos subtemas para sintetizar tais produções.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Seguindo os critérios de inclusão e exclusão citados anteriormente, 12 artigos foram selecionados para o desenvolvimento desta revisão. A caracterização geral dos artigos encontrados para a elaboração deste estudo está resumida abaixo, na Tabela 1.
TABELA 1. Artigos abordando fatores que interferem na alimentação dos idosos e a situação alimentar dos idosos no Brasil
	Título
	Ano
	Objetivo
	Resultados
	Conclusão
	Alimentação saudável na experiência de idosos
	MENEZES et al.; 2010
	Identificar qual o significado de “Alimentação Saudável” para as pessoas idosas
	A resposta obtida é que uma alimentação saudável tem relação com prevenção e tratamento de doenças
	Mesmo com noção do que é alimentação saudável, há restrições quanto à prática por características socioeconômicas dos pesquisados
	Avaliação antropométrica
de idosos residentes em Instituições de Longa Permanência de Fortaleza-CE
	MENEZES e MARUCCI; 2010
	Analisar as variáveis antropométricas de idosos que residem em uma instituição de Longa Permanência em Fortaleza
	Apesar da variação conforme os diferentes pontos anatômicos analisados, em todas as faixas etárias foram encontradas elevadas prevalências de desnutrição
	Idosos institucionalizados de ambos os sexos, apresentam elevado risco de desnutrição. Desta forma, faz-se necessária mais, o que implica uma grande necessidade de intervenção nesse grupo
	Listas de alimentos relacionadas ao consumo alimentar de um grupo de idosos: análises e perspectivas
	FREITAS, PHILIPPI e RIBEIRO; 2011
	Elaborar uma lista de alimentos consumidos pelos idosos na Zona Leste de São Paulo
	O consumo de alimentos base do prato brasileiro, arroz, feijão e vegetais verde-escuros continua, mas a variedade na lista de alimentos é pequena e há alta prevalência no consumo de carboidratos refinados
	Apesar de que alimentos tradicionais continuam presentes na refeição dos idosos, a lista de consumo é monótona, de forma que as fontes de diferentes nutrientes são prejudicadas
	Avaliação da alimentação de idosos de município paulista – aplicação do Índice de Alimentação Saudável
	MALTA, PAPINI e CORRENTE; 2013
	Avaliar a qualidade da dieta dos idosos residentes no município de Avaré – SP, utilizando como referência o Índice de Alimentação Saudável 
	Foi constatado através da pesquisa que 32,9% dos idosos estudados possuem uma dieta de má qualidade, 60,3% desses idosos necessitam de melhorias na alimentação e apenas 6,8% desses idosos possuem uma dieta com boa qualidade.
	Foi constatado que quase todos os idosos que fizeram parte da pesquisa necessitam de uma melhoria na alimentação, pois mais de 90% possuem uma ingestão de má qualidade ou que necessita de melhoria, o que ressalta a importância de política de incentivo voltado à alimentação saudável na terceira idade.
	Ingestão inadequada de nutrientes na população de idosos do Brasil: Inquérito Nacional de Alimentação 2008-2009
	FISBERG et al.; 2013
	Estimar a prevalência de ingestão inadequada de nutrientes na população idosa brasileira a partir dos dados obtidos no Inquérito Nacional de Alimentação como parte da POF 2008-2009
	Prevalência da inadequação: A de vitamina E foi de 100% em todo país. Vitamina D, foi próximo a esse valor em todas as regiões, exceto Norte. Vitamina A foi maior do que 70% no Norte, Nordeste e Centro Oeste. De cálcio e magnésio foi superior a 80% em todas as regiões.
	Constatou-se a ingestão baixa e inadequada de nutrientes que são reconhecidos como protetores contra doenças crônicas. Desta forma, a alimentação dos idosos os deixa mais susceptível ao aparecimento dessas doenças.
	Estado nutricional de idosos longevos e fatores associados
	BOSCATTO et al.; 2013
	Verificar os fatores associados ao estado nutricional de uma população de idosos maior de 80 anos vivendo em comunidade no sul do Brasil.
	O baixo peso foi maios prevalente em homens, associada à alterações cognitivas e inversamente proporcionais ao uso de vários medicamentos. O excesso de peso foi negativamente associado ao analfabetismo e positivamente associado às mulheres
	Os fatores associados ao estado nutricional dos idosos (tanto o excesso de peso quanto o baixo peso) estão diretamente relacionados à condição de vulnerabilidade destes.
	Efeito da utilização de complemento alimentar em idosos atendidos em um ambulatório na cidade de São Paulo
	BORREGO e CANTARIA; 2013
	Verificar o efeito do uso de complemento alimentar na população idosa
	As patologias mais encontradas foram hipertensão arterial sistêmica, dislipidemias e diabetes mellitus. A média de peso dos pacientes foi de 51,4kg na primeira consulta, e de 51,9 kg no retorno. O IMC médio foi de 21,71kg/m² na primeira consulta, e de 21,90 kg/m² no retorno.
	O uso do complemento alimentar na população de idosos estudada teve impacto positivo, mostrando que com intervenção nutricional adequada, é possível atingir um bom estado nutricional afim de melhorar a qualidade de vida do paciente.
	Influência de fatores socioeconômicos
na qualidade de vida de idosos hipertensos
	ANDRADE, et al.; 2014
	Analisar a associação entre fatores socioeconômicos
e qualidade de vida de idosos hipertensos
	O estado civil, religião e escolaridade
afetam de maneira significativa a
qualidade de vida de idosos hipertensos
	Fatores socioeconômicos como estado civil,
escolaridade e religião influenciam na qualidade de vida de idosos hipertensos
	Consumo de nutrientes em idosos residentes em Porto Alegre (RS), Brasil: um estudo de base populacional
	VENTURINI et al.; 2015
	Descrever o perfil de consumo de nutrientes e verificar a sua associação com as variáveis sociodemográficas e de saúde
	Mais da metade dos idosos estavam abaixo do peso. O consumo de vitaminas B6 e B12 está positivamente associado à escolaridade. A prática de exercício físico elevou o consumo de calorias, magnésio, potássio e fósforo.
	Há deficiências nutricionais na alimentação diária da nossa população de idosos, principalmente entre as mulheres e os indivíduos acima de 80 anos.
	Fatores associados ao risco de desnutrição em idosos do sudeste do Brasil
	DAMIÃO et al.; 2017
	Avaliar o risco de desnutrição e a relação com diversos fatores em uma comunidade 
	O risco de desnutrição foi maior em mulheres com menor nível de escolaridade, pardas e se cônjuge. O risco também foi maior em fumantes, com doenças renais, respiratórias, cardíacas e famílias sem renda fixa.
	Se faz necessário o desenvolvimento de políticas de saúde que atendam majoritariamente a esses grupos que apresentam maior risco nutricional.
	Balanço de macronutrientes na dieta de idosos brasileiros: análises da Pesquisa Nacional de Alimentação 2008-2009
	PREVIDE-
LLI, GOULART e AQUINO; 2017
	Analisar a contribuição de proteína, lipídio e carboidrato no total de energia da dieta de idosos das diferentes regiões brasileiras
	A proteína foi o macronutriente que apresentou maior concordância com o AMDR. Além disso, foi revelado que 50% dos idosos que consumiam carboidrato abaixo do recomendado apresentou um consumo excessivo de lipídio.
	A elevada ingestão de lipídios pode significar uma pior qualidade da dieta, contribuindo com o aumento no risco de desenvolvimento de doenças crônicas.
	Padrões alimentares de indivíduos idosos do município de São Paulo: evidências do estudo SABE (Saúde, Bem-estar e Envelhecimento)
	DOURADO et al.; 2018
	Determinar os padrões alimentares da população idosa do município de São Paulo
	Foram identificados quatro padrões alimentares na população de estudo: inadequado, modificado, benéfico e o tradicional brasileiro. No geral, as mulheres apresentam melhor padrão alimentar do que os homens.
	O padrão de dieta benéfico foi mais adotado entre mulheres de idade mais avançada, com mais de duas doenças crônicas, maior escolaridade, melhor percepção da própria saúde e melhor estilo de vida.
De acordo com o Art. 1º do Estatuto do Idoso (2003), “É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.”, já segundo a definição da Organização Mundial da Saúde, idoso é a pessoa com idade igual ou superior a 60 anos em países em desenvolvimento e a partir de 65 anos em países desenvolvidos. (OMS, 2005).
Cada indivíduo irá lidar com o envelhecimento de maneiras diferentes, com isso, é necessário esclarecer que nem sempre a faixa etária irá definir precisamente o processo de mudanças que ocorreram, ocorrem ou ocorrerão no indivíduo a ser estudado. Não só existem diferenças entre as pessoas dentro da terceira idade, existem também diferenças significantes entre idosos da mesma idade. A velhice é um momento que faz parte da vida normal, não só humana, como de todos os seres vivos. O processo de envelhecimento engloba várias alterações no indivíduo, sejam elas físicas, biológicas, químicas e também psicológicas (SANTOS, ANDRADE e
BUENO, 2009; RIBEIRO e BORGES, 2018; CARVALHO e GARCIA, 2003). Ainda que existam essas mudanças características da senescência, também existem outras que dependem do estilo de vida.
A terceira idade, por si própria, já é um fator de risco favorável para o surgimento de muitas patologias e associando a dieta inadequada, pobre em alimentos naturais, rica em produtos industrializados somados à ausência da prática de exercícios físicos aceleram ainda mais o surgimento dessas doenças (KREVCHENCO, 2008). 
Apesar de ainda existirem Doenças Agudas que são endêmicas em determinadas regiões do país, vivemos num contexto de alta incidência e prevalência de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), sobretudo nos indivíduos de idade mais avançada (SILVA, 2003). A alta ocorrência dessas patologias é preocupante, pois estima-se que aproximadamente 80% das mortes em países de média e baixa renda é consequência do aumento da ocorrência de DCNT (OMS, 2011). De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, dentre as pessoas de idade acima de 65 anos, 79,1% apresentou alguma DCNT (IBGE, 2008). 
Após a realização do estudo de Leite et al. (2009), verificou-se que a DCNT de aparecimento mais comum nos idosos pesquisados é a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e a maioria dessas pessoas foram classificados com obesidade abdominal, o que é um fator de risco para o aparecimento de mais cardiovasculares e metabólicas (SOUZA et al., 2015).
É sabido entre os profissionais de saúde e por parte da população que muitas dessas doenças podem ser prevenidas ou controladas por meio de uma alimentação saudável, no entanto, ainda há dificuldade de acesso a essas informações e ainda mais dificuldade de compra dos alimentos saudáveis. Lindemann, Oliveira e Mendonza-Sassi (2016), percebeu que numa população de 1246 adultos e idosos que utilizam os serviços de saúde na cidade de Pelotas, mais de 30% dos pesquisados relataram ter dificuldade de acesso a alimentos saudáveis e dentre os principais fatores agravantes estava o alto custo e o conhecimento insuficiente. 
Além disso, também existem muitas alterações fisiológicas que acontecem com o envelhecimento, que podem ser acentuadas pelo estilo de vida e que podem dificultar a ingestão alimentar e, consequentemente, agravar o estado nutricional dos idosos.
Uma das principais alterações que acometem os brasileiros é o edentulismo, a ausência de dentes, que leva à dificuldade de mastigação. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde Bucal realizada em 2010, a prevalência do uso de prótese dentária é de aproximadamente 78% e a de necessidade do uso de prótese é de aproximadamente 68,7%, sendo que no Nordeste há um percentual menor de uso enquanto o percentual da necessidade de utilizar prótese é mais alta (SB BRASIL, 2010), ou seja, é uma região onde mais pessoas precisam e não usam. 
No Brasil, o processo de perda de dentes é visto como um acontecimento natural, no entanto, sabe-se que isso acontece como consequência da higiene bucal inadequada e que se houver o cuidado necessário pode-se atingir uma idade avançada com os dentes naturais (DUNKERSON, 1998 citado por CAMPOS, MONTEIRO, ORNELAS, 2000). 
Como consequência da perda de dentes, com uso ou não de prótese, temos um perfil de idosos com frequente consumo de alimentos de consistência macia, muitas vezes chegando ao pastoso ou liquidificado. Dessa forma, a ingestão de fibras, vitaminas, minerais e principalmente proteínas ficam prejudicados (MAHAN, STUMP e RAYMOND, 2011).
Com o passar dos anos também há diminuição da quantidade de papilas gustativas, fazendo com que a sensibilidade gustativa, ou seja, o sabor dos alimentos também seja reduzido. Segundo Minim (2006), a dificuldade do idoso em sentir o sabor doce e/ou salgado faz com que ele adoce ou salgue mais os alimentos, usando também altas concentrações de temperos industrializados, o que pode aumentar o risco de desenvolvimento de DM2 e HAS. Desta maneira, as alterações que acometem o paladar do idoso tem impacto direto sob o seu estado nutricional, podendo o levar a desenvolver doenças crônicas, excesso de peso ou até mesmo levando à perda de peso (CEOLIN e PINHEIRO, 2017), afinal, deve ser frustrante não sentir o sabor habitual dos seus alimentos preferidos.
	Ainda tangendo no que diz respeito ao que acontece diretamente na cavidade oral, acontece também a diminuição na produção de saliva, a hipossalivação e a xerostomia, sendo a primeira o sinal e a segunda, o sintoma, no entanto, uma não depende necessariamente do aparecimento da outra (ABRANTES, 2014; GUPTA, EPSTEIN e SROUSSI, 2006; PASTANA, CANTISANO e BIANCHINI, 2013) e podem ser causadas pelo próprio processo de envelhecimento, como também como efeito colateral do uso de remédios na terceira idade (RECH e MEDEIROS, 2016).
	Ainda é possível observar alterações na anatomia e fisiologia de outras áreas que compõem o Trato Gastrointestinal (TGI), a redução da mucosa gástrica no estômago consequente à diminuição de células parietais que provocam a menor absorção de vitamina B12 e podendo ocasionar em anemia perniciosa, além disso, também pode ocorrer a redução do trânsito intestinal subsequente à diminuição dos neurônios pertencentes ao plexo mioentérico e da parede muscular, resultando em constipação e deficiência de absorção de nutrientes e vitaminas (MORAES, 2008; NOGUÉS, 1995 citado por CAMPOS, MONTEIRO e ORNELAS, 2000; SILVA et al., 2015) 
	Outro problema muito comum aos idosos é o desenvolvimento de danos à estrutura ocular. Com o passar do tempo vivido, vai havendo acumulação de danos à visão e por sua vez, os indivíduos mais velhos têm incidência maior de doenças oculares (FILHO et al., 2012). Com a visão prejudicada, muitos afazeres simples do dia a dia se tornam mais difíceis, dificultando até mesmo a análise sensorial e a percepção dos alimentos.
	Apesar de que grande parte da influência das deficiências alimentares do idosos esteja relacionada com as modificações que ocorrem nos sistemas fisiológicos, também existem os fatores externos. Menezes et al. (2010) teve como objetivo através de sua pesquisa identificar o que era, para a população idosa, ter uma “Alimentação Saudável”. Os idosos pesquisados apresentaram ter um noção sobre o que eram os hábitos alimentares saudáveis e de que forma eles poderiam ser úteis à saúde, citando que na Alimentação Saudável temos alimentos como frutas, legumes, verduras e carnes brancas, no entanto, os entrevistados relataram que uma de suas maiores dificuldades em se alimentar corretamente era o alto custo financeiro desse padrão. Ou seja, apesar de o conhecimento chegar nesse público, os hábitos não são adotados por questões financeiras. Esta dificuldade financeira se confirma quando se é observado que, conforme a idade aumenta, o rendimento diminui, especialmente da população feminina que começa a declinar mais cedo (IPEA, 1998).

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