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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO DAIANA SILVA DOS SANTOS JÉSSICA DA SILVA OLIVEIRA NATÁLIA XAVIER DO NASCIMENTO CRESPO THAYLA CRISTINA DA SILVA SANTOS TRANSTORNO DE COMPULSÃO ALIMENTAR PERÍODICA E OBESIDADE NOVA IGUAÇU 2021 DAIANA SILVA DOS SANTOS JÉSSICA DA SILVA OLIVEIRA NATÁLIA XAVIER DO NASCIMENTO CRESPO THAYLA CRISTINA DA SILVA SANTOS TRANSTORNO DE COMPULSÃO ALIMENTAR PERIÓDICA E OBESIDADE Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso junto ao curso de Nutrição da Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para o título de bacharel na graduação em Nutrição. Orientador: Prof. Msc. Priscila Cristina Pereira de Oliveira Co. Orientador: Raquel Bernardo Nana de Castro NOVA IGUAÇU 2021 COMISSÃO AVALIADORA Data da Defesa: 17 de Junho de 2021. Campus: Nova Iguaçu Sala: TEAMS Parecer: ( ) APTO ( ) NÃO APTO Justificativa: _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Prof. Msc. Priscila Cristina Pereira de Oliveira – Orientadora _____________________________________________________________________ Prof. Raquel Bernardo Nana de Castro - Co. Orientador _____________________________________________________________________ Prof. Dr. Paula Paraguassú Brandão - 1o Avaliador _____________________________________________________________________ Prof. Dr. Marina Maria Leite Antunes - 2º Avaliador _____________________________________________________________________ Daiana Silva dos Santos _____________________________________________________________________ Jéssica da Silva Oliveira _____________________________________________________________________ Natália Xavier do Nascimento Crespo _____________________________________________________________________ Thayla Cristina da Silva Santos _____________________________________________________________________ AGRADECIMENTOS Aos nossos familiares por todo apoio e ajuda, que muito contribuíram durante toda nossa trajetória no curso. Aos professores, pelas correções e ensinamentos que nos permitiram apresentar um melhor desempenho no processo de formação profissional durante a graduação, especialmente nossa Coorientadora Raquel Bernardo Nana de Castro pelo incentivo e pela dedicação do seu tempo ao nosso projeto de pesquisa. À Universidade Estácio de Sá, essencial no processo de formação profissional e qualidade do ensino oferecido. A Coordernadora do curso de Nutrição Nathália Rodrigues que sempre nos tratou com respeito e igualdade, profissional extraordinária e que é inspiração para todas nós. “O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis”. (José de Alencar) RESUMO O transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP) é uma doença psiquiátrica caracterizada pela presença de alterações no comportamento alimentar que causam grande impacto na vida e na saúde do indivíduo. A obesidade é uma epidemia mundial e associa-se a importante morbimortalidade. Estudos associam a obesidade com o TCAP. Há indícios de que, em indivíduos obesos, comportamentos de compulsão alimentar ou restrição são mais comuns e, responsáveis pelos fracassos observados no tratamento da obesidade. As restrições e autoimposições das pessoas que fazem dieta parecem ter um efeito rebote, transformando em compulsão alimentar, a qual pode levar a consequências psicológicas, como a perda da autoestima e mudanças de humor. Através de revisões bibliográficas na literatura, serão selecionados artigos originais escritos em português, inglês ou espanhol que foram publicados nos últimos 5 anos, especificamente, no período de 01 de janeiro de 2016 a 01 de maio de 2021. O objetivo geral da pesquisa é investigar as causas do TCAP e sua relação com a obesidade. A partir das informações obtidas será realizada uma reflexão sobre o TCAP e a obesidade afim de disponibilizar informações necessárias para a melhor qualidade de vida através da Nutrição Comportamental. Palavras-chave: Compulsão Alimentar Periódica; Comer Compulsivo; Obesidade; Mindful Eating; Nutrição Comportamental. ABSTRACT Binge eating disorder (BED) is a psychiatric illness characterized by the presence of changes in eating behavior that have a great impact on the individual's life and health. Obesity is a worldwide epidemic and is associated with significant morbidity and mortality. Studies associate obesity with BED. There is evidence that, in obese individuals, binge eating or restriction behaviors are more common and responsible for the failures observed in the treatment of obesity. The restrictions and self-impositions of dieters seem to have a rebound effect, turning into binge eating, which can lead to psychological consequences, such as loss of self-esteem and mood swings. Through bibliographical reviews in the literature, original articles written in Portuguese, English or Spanish that were published in the last 5 years, specifically in the period from January 1, 2016 to May 1, 2021, will be selected. the causes of BED and its relationship with obesity. From the information obtained, a reflection on BED and obesity will be carried out in order to provide the necessary information for a better quality of life through Behavioral Nutrition. Keywords: Periodic Eating Binge; Compulsive Eating; Obesity; Mindful Eating; Behavioral Nutrition. LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ABESO – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica; BVS - Biblioteca Virtual de Saúde; CI - Comer Intuitivo; DCNT - Doenças Crônicas não Transmissíveis; DSM-IV - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fourth Edition ECA – Episódio de Compulsão Alimentar; EM - Entrevista Motivacional FTLA - Força-Tarefa Latino-Americana; IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; IMC – Índice de Massa Corporal; OMS – Organização Mundial da Saúde; PNS – Pesquisa Nacional de Saúde; SUS – Sistema Único de Saúde; TA – Transtorno Alimentar; TASOE - Transtorno Alimentar sem outra Especificação; TCAP – Transtorno de Compulsão Alimentar Períodico; TCC - Terapia Cognitivo-Comportamental; TN – Terapia Nutricional; VIGITEL - Vigilância de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico; SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO……………………………………………………………………….10 2. METODOLOGIA…………………………………………………….........................Err o! Marcador não definido.3 3. REFERENCIAL CONCEITUAL ……………………………………………………Erro! Marcador não definido.4 3.1. Transtorno de compulsão alimentar periódica ............................. ……………………………………..Erro! Marcador não definido.4 3.2. Obesidade ………………………………………………………………………….Erro! Marcador não definido.5 3.2.1. Diagnóstico da Obesidade……………………………………………..........16 3.2.2. Tratamento…………………………………………………………………..16 3.2.3. Fatores de risco e consequências a saúde……………...................................17 3.3. Relação entre obesidade e Transtorno de compulsão alimentar periódica………...18 3.3.1. Diagnóstico e Tratamento médico do TCAP……………..............................19 3.4. Estratégias nutricionais e comportamentais para prevenção e tratamento da TCAP em indivíduos obesos ……………………......................................................................20 3.5. Técnicas de Terapia Comportamental………………………..................................22 3.5.1. Entrevista Motivacional………………………………………….................22 3.5.2. Comer Intuitivo…………………………………………..............................233.5.3. Comer com atenção plena (mindful eating)…………………………………24 3.5.4. Terapia Cognitivo Comportamental………………………………...............24 4. RESULTADOS/ANÁLISE…………………………………………………………...26 5. CONCLUSÃO…………………………………………………………………………26 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS………………………………………………27 7. ANEXOS 27………………………………………………………………………………31 11 1. INTRODUÇÃO O tema da pesquisa escolhido foi o transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP) e a obesidade. Os transtornos alimentares (TA) são doenças psiquiátricas caracterizadas pela presença de alterações no comportamento alimentar que causam grande impacto na vida e na saúde do indivíduo (MANCINI et al., 2015). Observa-se que a maior frequência de transtorno alimentar está presente entre mulheres jovens, afetando 3,2% daquelas entre 18 e 30 anos. Mesmo indivíduos com transtornos alimentares não especificados – considerados menos graves – têm risco de morte elevado e sabe-se que os transtornos alimentares têm alto custo para o sistema de saúde (CROW ET. AL, 2009). O transtorno da compulsão alimentar periódica é um transtorno alimentar que se caracteriza por ingestão de grande quantidade de alimento, em um período de tempo limitado, com episódios que ocorrem pelo menos 2 dias por semana durante 6 meses e são associados a perda de controle sobre a qualidade e a quantidade de comida ingerida, com sentimentos de angústia subjetiva, nojo, vergonha e culpa por não ter o autocontrole sobre o alimento, acrescido de conflito de convivência social e isolamento, não acompanhado de comportamentos compensatórios dirigidos para a perda de peso (MANCINI et al., 2015). A obesidade é uma epidemia mundial e associa-se a importante morbimortalidade. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estimou que 2,3 bilhões de pessoas no mundo estão com sobrepeso ou obesidade. (OMS, 2019) O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou os dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS, 2019) que realiza em parceria com o Ministério da Saúde (MS) informando que seis em cada dez brasileiros apresentam excesso de peso, ou seja, cerca de 96 milhões de pessoas estão acima do peso no país, indicando que o resultado do IMC está na faixa de sobrepeso ou de obesidade. A obesidade é definida como doença crônica associada ao excesso de gordura corporal, de causa multifatorial, sendo uma doença complexa que altera o estilo de vida, fatores emocionais e genes (MANCINI et al., 2015). 12 A motivação da escolha do tema deve-se ao interesse do grupo na relação entre a TCAP e a obesidade ou sobrepeso e, entender como o comer com atenção plena pode ajudar nesse processo. Há indícios de que, em indivíduos obesos, comportamentos de compulsão alimentar ou restrição são mais comuns e, responsáveis pelos fracassos observados no tratamento da obesidade. As restrições e autoimposições das pessoas que fazem dieta parecem ter um efeito rebote, transformando em compulsão alimentar, a qual pode levar a consequências psicológicas, como a perda da autoestima e mudanças de humor (BERNARDI et al., 2005). A compulsão alimentar pode existir em diversos quadros de transtornos alimentares, mas é necessário compreender se também ocorre isoladamente, em episódios pontuais que caracterizam uma manifestação clínica, mas não preencham, necessariamente, todos os critérios diagnósticos para um transtorno alimentar. Os episódios de exagero ou excesso alimentar não são incomuns em uma sociedade obesogênica, podendo ocorrer em eventos nos quais a comida assume protagonismo, e o consumo de uma grande quantidade e variedade de alimentos é estimulado em inúmeros eventos sociais, como festas, churrascarias, rodízio ou buffet liberado, que fazem da comensalidade um importante aspecto das sociabilidades. (LIMA et al., 2015). A questão norteadora da pesquisa é: Qual a relação entre obesidade, compulsão alimentar e TCAP? É importante reconhecer os sintomas da TCAP e os fatores envolvidos, pois trata-se de um distúrbio cerebral com causas diversas. O objeto do estudo é o comportamento alimentar do obeso e sua relação com o TCAP. O objetivo geral da pesquisa é investigar as causas da TCAP e sua relação com a obesidade. Os objetivos específicos são: Identificar as causas da TCAP; Entender a relação entre a TCAP e a obesidade; 13 Avaliar o mindful eating para tratamento da compulsão alimentar em indivíduos obesos. Justifica-se a relevância social deste trabalho em termos acadêmicos porque a obesidade e sobrepeso são problemas recorrentes na sociedade, com causas e repercussões complexas que exigem atenção e estudos permanentes e devido ao impacto que o transtorno de compulsão alimentar periódico tem na vida das pessoas vitimizadas ou aquelas solidárias a elas. O tema é de grande importância para o nutricionista que deseja atuar na área de nutrição e comportamento. Diversos estudos têm sido realizados na tentativa de verificar fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares e, embora alguns deles – sexo feminino, problemas alimentares na infância, abuso sexual e morbidade psiquiátrica em geral – já tenham sido associados, os dados disponíveis de pesquisas são inconclusivos quanto aos mecanismos implícitos ao desencadeamento do transtorno (JACOBI et. al, 2004). Como relevância acadêmica é de extrema importância entender o tema e saber que irá auxiliar na conduta nutricional e no tratamento dos transtornos. Estima-se que mundialmente, 604 milhões de adultos e 108 milhões de crianças apresentam diagnóstico de obesidade. Os últimos dados publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), apontam que entre os adultos a obesidade atinge cerca de 96 milhões de pessoas, ou seja 60,3% apresentam excesso de peso e 26,8% obesidade com maior prevalência entre as mulheres. Ao longo de 17 anos a prevalência de obesidade mais que dobrou entre a população adulta brasileira, passando de 9,6% para 22,8% entre os homens e de 14,5% para 30,2% nas mulheres (IBGE, 2020). 14 2. METODOLOGIA Este trabalho será realizado a partir de uma revisão bibliográfica na literatura de natureza básica. Segundo Almeida (2011), a pesquisa bibliográfica busca relações entre conceitos, características e ideias, muitas vezes unindo dois ou mais temas. Para a busca bibliográfica serão empregados os seguintes descritores: “compulsão alimentar periódica”, “comer compulsivo”, “obesidade” e “mindful eating”. A busca será realizada em 4 bases de dados – Google Acadêmico, SciELO, BVS (Biblioteca Virtual de Saúde) e PubMed, no período de agosto a setembro de 2021. A busca será realizada duas vezes com cada palavra-chave por pesquisadores diferentes. Os critérios de inclusão incluirão os seguintes critérios: artigos originais completos escritos em português, inglês ou espanhol que foram publicados nos últimos 5 anos, especificamente, no período de 01 de janeiro de 2016 a 01 de junho de 2021. Os critérios de exclusão dos artigos serão os seguintes: os artigos fora do tema serão excluídos após a leitura do título, após a leitura do resumo e após a leitura do artigo na íntegra. Serão descartados também artigos de revisão e referências duplicadas. 15 3. REFERENCIAL CONCEITUAL 3.1-Transtorno de compulsão alimentar periódica A primeira descrição compatível com o diagnóstico do TCAP ocorreu em 1959 por Stunkard, que observou episódios de descontrole alimentar em pacientes obesos, sugerindo a existência de um subgrupo de pacientes distintos dos obesos sem compulsão e dos pacientes com bulimia nervosa (BN). Somente em 1991 Spitzer propôs que esse quadro alimentar fosse incluído no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 4a edição (DSM-IV), como uma nova categoria entre os TA. Esforços na padronização das característicasclínicas e adequações nos critérios diagnósticos do TCAP têm sido foco de especialistas durante a última década. Também conhecido como comer compulsivo ou binge eating disorder, o TCAP foi formalmente definido pela primeira vez em 1994, no DSM-IV pela Associação Psiquiátrica Americana, com critérios provisórios, e foi classificado na categoria de transtorno alimentar sem outra especificação (TASOE) (MANCINI et al., 2015). Para melhor compreensão do TCAP, é necessário definir o que são episódios de compulsão alimentar (ECA). Um ECA é caracterizado pela ingestão de uma quantidade de alimentos definitivamente maior que a maioria das pessoas consumiria no mesmo período em circunstâncias similares, com uma velocidade mais rápida que a habitual, seguido da sensação de perda de controle durante o episódio – por exemplo, um sentimento de que não é possível parar de comer – e sentimentos de tristeza, vergonha e culpa, além de acentuada angústia (MANCINI ET AL., 2015). A perda de controle é a característica principal do episódio de compulsão alimentar em função de outros aspectos como a quantidade de alimento consumido, a velocidade e o tempo. Estes são critérios um tanto inconsistentes, dado que não existem informações sobre os valores ideais para a velocidade e a quantidade de alimentos ingeridos. (PEREIRA & CHEHTER, 2011) Por definição, a falta de controle sobre um ato está relacionada à impulsividade, tanto que há a proposta de um novo termo: “Transtorno do comer impulsivo” (BORGES & JORGE, 2000). Cinquenta por cento dos obesos que procuram tratamento para emagrecimento apresenta compulsão alimentar de maior ou menor gravidade (COUTINHO, 1998). 16 O comportamento alimentar no TCAP é definido pela ingestão de grande quantidade de alimentos em um período determinado (até duas horas), seguido da sensação de perda de controle sobre o que ou o quanto se come. Para definir o diagnóstico, esses episódios devem acontecer pelo menos dois dias por semana nos últimos seis meses, relacionados a algumas características de perda de controle e não acompanhados de comportamentos compensatórios dirigidos para a perda de peso. (AZEVEDO, SANTOS & FONSECA, 2004) 3.2-Obesidade A obesidade é um problema diretamente relacionado com a saúde, já que o número de indivíduos obesos tem aumentado nas últimas décadas. O transtorno de compulsão alimentar periódica é o transtorno mais visto na obesidade. O Brasil também apresenta um aumento significativo de casos de obesidade (CORTEZ, ARAÚJO & RIBEIRO, 2011). Segundo dados da Vigilância de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL, 2019), o levantamento do perfil da população brasileira revelou que em relação as doenças crônicas mais comuns, o maior aumento é o da obesidade, que de 11,8% aumentou para 20,3% em 2019. Ao considerar o excesso de peso, 55,4% dos brasileiros estão nessa situação. De acordo com a faixa etária, o excesso de peso tende a aumentar, sendo 30,4% para os jovens de 18 a 24 anos e 59,8% entre adultos com 65 anos ou mais. A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que a obesidade é um dos mais graves problemas de saúde que temos para enfrentar. Em 2025, a estimativa é de que 2,3 bilhões de adultos ao redor do mundo estejam acima do peso, sendo 700 milhões de indivíduos com obesidade, isto é, com um índice de massa corporal (IMC) acima de 30, segundo fonte da ABESO. A obesidade é caracterizada pelo excesso de peso proveniente do acúmulo de gordura corporal, caracterizada por um índice de massa corporal ou IMC igual ou acima de 30. Trata- se de uma doença crônica. (ABESO, 2019). Cercatto et al. (2004) definem a obesidade como “o excesso de gordura corporal em comparação com a massa magra”. Inúmeras causas podem estar associadas à obesidade e ainda que o elevado peso corporal seja a soma do desequilíbrio entre oferta e demanda energética, a sua determinação tem se mostrado complexo e variável em diversos pontos, 17 incluindo fatores demográficos, socioeconômicos, genéticos, psicológicos, ambientais e individuais. (CORTEZ, ARAÚJO & RIBEIRO, 2011). 3.2.1- Diagnóstico da Obesidade Para o diagnóstico de sobrepeso ou obesidade é realizado o cálculo de IMC do paciente, que é a razão da massa corporal pela estatura ao quadrado. Depois, classifica-se a gravidade da obesidade. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a gravidade da obesidade é definida em: grau I (moderado excesso de peso) quando o IMC se situa entre 30 e 34,9 kg/m2; a obesidade grau II (obesidade leve ou moderada) com IMC entre 35 e 39,9 kg/m2 e obesidade grau III (obesidade mórbida) na qual IMC excede 40 kg/m2. Esse método já não é uma ferramenta eficaz, pois o IMC não mede a composição corporal de uma doença que se caracteriza pelo acúmulo de gordura. (TAVARES et al., 2010). A obesidade é um distúrbio do metabolismo energético em que ocorre um armazenamento excessivo de triglicerídeos no tecido adiposo. Isso acontece devido ao consumo elevado de calorias associado à falta de exercícios. Mas, pode apresentar como causas as síndromes genéticas, tumores ou distúrbios endócrinos (ESCRIVÃO, 2000; DOS SANTOS et al., 2019). 3.2.2- Tratamento A obesidade é uma doença crônica, complexa e de difícil tratamento, por isso, o ínicio precoce do tratamento é indicado, pois alterações decorrentes do excesso de peso são frequentes ainda na fase infanto-juvenil (CASTILHO et al., 2021). Segundo Tello (2018), médicos e especialistas em obesidade podem orientar os tratamentos que incluem mudanças de estilo de vida, como dieta, exercícios físicos e abordar os fatores emocionais que contribuem para a obesidade. A cirurgia para perda de peso poderá ser uma necessidade em alguns casos. O levantamento da Força-Tarefa Latino-Americana (FTLA) de Obesidade, demosntrou que o governo brasileiro gasta, anualmente, cerca de R$ 1 bilhão para pagar as consultas médicas, internações e medicamentos para combater o sobrepeso, a obesidade e as doenças causadas por ambos os problemas. São destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS) 18 cerca de R$ 600 milhões para o custeio das internações causadas pela obesidade, valor corresponde a, aproximadamente, 12% do que o governo brasileiro gasta por ano com todas as demais doenças. Ser magro significa tanto buscar um meio de ficar mais saudável quanto de atender a um padrão de beleza inalcançável. Diversas pessoas seguem as mais diferentes dietas, exercícios e usam uma variedade de medicamentos, influenciados pelos meios de comunicação de massa, estimulando a venda desses produtos/serviços e fortalecendo a indústria da magreza. O apelo midiático induz o alcance do corpo perfeito, sem se preocupar com os males que podem trazer às pessoas (VENDRUSCOLO et al., 2014). Os anorexígenos são medicamentos que provocam a redução de peso, atuando na diminuição do apetite, sendo por este motivo denominados inibidores/moderadores do apetite ou sacietógenos. Estes fármacos atuam modulando neurotransmissões catecolaminérgicas e/ou serotoninérgicas (OLIVEIRA, 2009). A anfepramona, o femproporex, o mazindol e a sibutramina são medicamentos sujeitos a controle especial, ou seja, são vendidos com prescrição médica e retenção de receita. Entretanto, o alto consumo no Brasil evidencia que as indicações clínicas e o acesso não estão de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde e dos órgãos sanitários, o que pode acarretar o seu uso irracional (BRASIL, 2011). No Brasil, esses medicamentos foram proibidos em outubro de 2011 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2011) sob a argumentação de que o consumo pode causar problemas cardíacos nos pacientes. Segundo a ANVISA (2011), o crescente número de indivíduos com sobrepeso e obesidade, bem como a busca por um emagrecimento rápido por questões de saúde e/ou finalidades estéticas, háum uso descontrolado e irracional dos inibidores de apetite como anfepramona, femproporex e mazindol, assim como do sacietógeno sibutramina. É importante salientar que esses fármacos produzem emagrecimento, mas também podem causar efeitos adversos graves, como hipertensão arterial, mudança brusca de humor, taquicardia, insônia e dependências psíquica e física. 3.2.3 - Fatores de risco e consequências a saúde 19 Considerada um problema de saúde pública mundial, a obesidade é associada a uma alta taxa de morbidade e mortalidade. Dessa forma, estudos epidemiológicos vêm demonstrando um crescimento da incidência de doenças crônicas decorrentes da obesidade, como hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2, dislipidemia, doenças cardiovasculares, lesões ortopédicas, síndrome da apneia obstrutiva do sono, transtornos psicossociais e diversos tipos de câncer (OLIVEIRA et al., 2004). A obesidade está coorelacionada ao aumento da incidência de comorbidades como o diabetes mellitus tipo 2, a hipertensão arterial e dislipidemias que conjuntamente recebem o nome de síndrome metabólica, elevando o risco de acidente vascular encefálico, de infarto agudo do miocárdio e de morte precoce do paciente (BRASIL, 2016). Para Dias (2017), nos últimos quatro anos, a obesidade passou a ser conhecida como um “problema de saúde pública” em consequência do aumento da prevalência, porém, somente nos últimos 15 anos, tornou-se prioridade nas políticas públicas devido à sua gravidade, principalmente se associada às doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), especialmente as cardiovasculares. 3.3-Relação entre obesidade e Transtorno de compulsão alimentar periódico Nos dias atuais, há uma necessidade das pessoas se encaixarem em um padrão de beleza imposto pela sociedade mídias sociais, que geralmente costuma ser magro, musculoso etc. Com essa supervalorização da imagem, as pessoas começam a apresentar uma mudança de comportamento alimentar que muitas vezes vem associado a distúrbios de imagem corporal (NUNES et al., 2017). O transtorno de compulsão alimentar periódica é o transtorno mais observado na obesidade. Segundo Freitas et al., (2007), a compulsão alimentar de relaciona com “episódios recorrentes de ataques de comer, associados à falta de controle e sem a presença de mecanismos compensatórios”. Os obesos compulsivos diferem significativamente dos obesos sem compulsão alimentar, apresentando níveis elevados de comorbidades psiquiátricas, com início precoce da doença e maior gravidade da obesidade. É fundamental levar em consideração as 20 características compulsivas na análise e tratamento desses pacientes (AZEVEDO; SANTOS; FONSECA, 2004). A descrição do TCAP surgiu devido à necessidade de se diferenciar indivíduos obesos que possuem compulsão alimentar dos indivíduos bulímicos. Há critérios bem definidos que possibilitam o diagnóstico de TCAP. Para este é necessário que os episódios de compulsão alimentar ocorram pelo menos dois dias por semana nos últimos seis meses, que sejam associados a algumas características típicas da perda de controle da ingestão de alimentos e que tal comportamento não seja acompanhado de comportamentos compensatórios dirigidos para evitar o ganho de peso (FREITAS et al., 2007). Diferente do TCAP, no transtorno conhecido como Bulimia Nervosa, o indivíduo apresenta episódios de compulsão alimentar, que são seguidos de comportamentos compensatórios e inadequados visando o controle de peso. Dentre esses comportamentos, os mais comuns são: vômitos autoinduzidos, observados em mais de 90% dos casos; uso de medicamentos (diuréticos, laxantes e inibidores de apetite); dietas inadequadas e longos períodos de jejum; exercícios físicos intensos, abuso de cafeína ou uso de drogas tais como a cocaína (ESPINDOLA E BLAY, 2006) 3.3.1 - Diagnóstico e Tratamento médico do TCAP Appolinario (2003) define: “O diagnóstico de TCAP se aplica aos indivíduos que apresentam episódios recorrentes, incontroláveis e perturbadores de compulsão alimentar, porém, sem comportamentos compensatórios. Muito embora não se encontre limitado aos indivíduos obesos, é um diagnóstico freqüentemente observado neste grupo, especialmente naqueles que procuram tratamento para perder peso.” (APPOLINÁRIO, 2003). Enquanto a prevalência estimada de TCAP na população geral pode variar de 1,5 a 5%, em amostras clínicas de pacientes obesos encontra-se em torno de 7,5 a 30%. Além do mais, pacientes com TCAP usualmente evidenciam uma elevação maior do que a esperada em relação às taxas de psicopatologia alimentar (perturbações da imagem corporal) e psicopatologia geral (depressão, ansiedade e impulsividade) (APPOLINARIO, 2003). 21 Segundo o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fourth Edition (DSM-IV), os limites discretos entre o TCAP e as altas taxas de remissão observadas em amostras da população geral são alguns dos argumentos contra a validade do TCAP como um diagnóstico independente. Por outro lado, a sua associação distintiva com uma psicopatologia alimentar nuclear, a convergência de condições clínicas e psiquiátricas e o comprometimento do funcionamento psicossocial reforçam a idéia do TCAP como um transtorno alimentar com gravidade clínica. Develin et al., (2003) abordaram o estado atual da nosologia do TCAP resumindo exaustivamente as evidências que pudessem apoiar ou refutar quatro formas de conceituá-lo. No primeiro modelo conceitual, o TCAP é considerado um subtipo distinto de transtorno alimentar; no segundo, um subtipo da BN; no terceiro, é visto como um subtipo comportamental de obesidade; e, no último modelo hipotético, o TCAP é considerado uma condição clínica que ocorre quando dois transtornos primários coexistem (a obesidade e a depressão, ou a obesidade e a impulsividade). A farmacoterapia do TCAP é uma área que tem experimentado um desenvolvimento promissor nos últimos anos. Alguns ensaios clínicos randomizados, placebo-controlados, com diversos agentes, têm sido recentemente publicados (KENCELL, 2003). De uma maneira geral, três classes de medicamentos têm sido estudadas em ensaios controlados com placebo em pacientes com TCAP (APPOLINARIO, 2004). Os antidepressivos – e de forma particular os inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRS) – permanecem como a classe farmacológica mais estudada nesta condição. Os ISRS (fluoxetina, fluvoxamina, sertralina e o citalopram) têm sido descritos como capazes de reduzir significativamente o comportamento de compulsão alimentar e o peso. Mais recentemente, a sibutramina,4 um agente antiobesidade, e o topiramato, um agente neuroterapêutico, demonstraram sua eficácia no TCAP (VERSIANI, 2000) 3.4 Estratégias nutricionais e comportamentais para prevenção e tratamento da TCAP em indivíduos obesos A obesidade está intimamente ligada ao comportamento alimentar pelas mais diversas variáveis. O meio impõe uma forma de corpo perfeito que gera um grande fator de risco para 22 a saúde fisiológica e psíquica. Para esses objetivos, muitos perdem o controle e leva à compulsão alimentar e outros transtornos alimentares muitas vezes (NUNES, 2012). O comportamento relacionado à comida liga-se diretamente a autopercepção dos sentidos e a identidade social do ser humano. A nutrição comportamental surge e aborda diversos aspectos relacionados ao comportamento alimentar por meio de várias estratégias (SILVA; MARTINS, 2017). Sob o olhar de Alvarenga M. (2016), a nutrição comportamental não é de fato uma especialidade, ela se justifica como uma abordagem inovadora, que inclui aspectos sociológicos, sociais, culturais e emocionais da alimentação, abrindo espaço para a atuação do nutricionista, que viu a necessidade de algo a mais para tratar pacientes que apresentavam transtornos alimentares e dificuldades em seguir dietaspadronizadas ou orientações nutricionais tradicionais. Dessa forma, é esperado que a mudança de comportamento ocorra e esses pacientes se sintam incentivados a dar continuidade ao tratamento e assim alcançar seus objetivos. De acordo com Schomer e Kachani (2010), “o comportamento alimentar vai além do ato de comer”. As sensações que sentimos no ato de comer, a memória afetiva, o local onde são realizadas as refeições, as circunstâncias externas, o porquê comemos, e até mesmo o pensamento quando estamos comendo, influência nesse comportamento. Segundo Silva (2008) “Sem aceitar os sentimentos e os fatos é impossível planejar e executar mudanças”.O mesmo autor ainda relata que para acontecer a mudança é necessário a realização de técnicas, sendo sua eficácia sempre avaliada, para que haja interrupções e alterações, se necessário. O nutricionista que trabalha com essa abordagem é chamado de terapeuta nutricional (TN). Esse profissional, além de auxiliar uma pessoa em relação à estrutura e o que ele deve consumir, também ajuda no entendimento de como as emoções influenciam no comportamento e atitudes alimentares. Esse profissional utiliza técnicas como “Entrevista Motivacional”, “Comer Intuitivo”, “Comer com Atenção Plena”, “Terapia Cognitivo Comportamental”, sendo essas as que mais se destacam e que serão abordadas aqui. (ALVARENGA et al., 2019). 23 Para que isso aconteça de forma mais concreta, são estabelecidas estratégias que ajudam nesse processo, entre elas estão: determinar o objetivo do tratamento, ter um plano alimentar mais flexível, estabelecer metas detalhadas, elaborar práticas educativas, entre outros (ALVARENGA et al., 2016). O principal papel da nutrição comportamental é a comunicação responsável e científica, transmitindo mensagens consistentes, considerando que esses transtornos têm diversas causas como, por exemplo, psicológicas, biológicas e socioculturais, e devem ser tratados respeitando as crenças e valores do paciente (ALVARENGA M., 2016). 3.5 Técnicas de Terapia Comportamental 3.5.1 Entrevista Motivacional De acordo com Alvarenga et al. (2019), a Entrevista Motivacional (EM) é uma técnica utilizada na Nutrição Comportamental, em que o objetivo principal é descobrir as reais motivações do indivíduo para que ocorra a mudança, através de uma comunicação colaborativa do TN. A EM se aplica em situações em que envolvem mudanças de comportamento, como por exemplo, adesão à dieta, prática de atividade física, tratamento de transtornos alimentares, enfim, tudo que está diretamente relacionada à saúde e bem-estar. Para que a EM seja bem-sucedida, se faz necessário criar um ambiente onde o indivíduo se sinta acolhido, confortável e seguro, pois geralmente, todo processo de mudança de comportamento causa desconforto e ansiedade. A primeira etapa consiste em “envolver”, ou seja, criar vínculo, escutar e entender a história do paciente, fazendo com que ele se sinta aceito, respeitado, confortável e disponível para a mudança. A segunda etapa consiste em “focar”, onde além de manter o paciente envolvido, o TN e o indivíduo focam nas questões relacionadas à alimentação, questionando quais mudanças ele está interessado em fazer. Além disso, a terceira etapa é “focar” nas questões relacionadas à alimentação. Outra parte da conversa consiste em “evocar”, na qual a comunicação é colocada em prática, o paciente é guiado para identificar seus reais interesses, sua motivação intrínseca, e assim realizar a mudança. Perguntas abertas podem ajudar e transformar o ambiente da consulta, deixando o paciente confortável, pois caso ocorra o contrário, o que iria ser consertado, pode gerar uma resistência. Por fim, vem a etapa de “planejar”, que ocorre quando o paciente está pronto para que a mudança ocorra, e ele mesmo 24 encontra sua solução. Nesse momento, o TN pode fazer uso de instrumentos como o plano de ação e o planejamento de metas para direcioná-lo (ALVARENGA et al., 2019). Corroborando com os autores já citados, Figlies e Guimarães (2014) dizem que a EM propõe ajudar as pessoas em sua ambivalência/conflito, agregando uma visão humanista e construtivista nas modificações de comportamentos de risco, levando o paciente a tomar uma decisão que almeje sua mudança. Utilizado no processo de mudança de comportamento alimentar, o modelo transteórico, também denominado modelo de estágios de mudança de comportamento, é uma abordagem onde essa mudança em relação à saúde ocorre através de cinco estágios distintos, são eles: pré-contemplação, contemplação, decisão, ação e manutenção, onde cada estágio mostra o momento da mudança e o grau de motivação para realizá-la. Na pré-comtemplação, o indivíduo ainda não tem intenção de mudança; na contemplação, o indivíduo começa a considerar a mudança mas ainda não tem um prazo para começar; já o estágio denominado decisão ou preparação, prevê uma mudança de comportamento para um futuro próximo; a ação corresponde à mudança de comportamento, exigindo dedicação por parte do indivíduo para evitar recaídas; no estágio manutenção, o indivíduo mudou o comportamento e conseguiu manter por mais de seis meses (TORAL;SLATER, 2007). 3.5.2 Comer Intuitivo Para Almeida e Furtado (2017), o Comer Intuitivo (CI), ou Intuitive Eating é uma abordagem que se baseia em evidências ensinando as pessoas a terem uma boa relação com a comida, conhecendo seu próprio corpo. Tem como objetivo, fazer com que o indivíduo possua uma verdadeira sintonia com a comida, mente e corpo. Essa capacidade fornece ao indivíduo uma poderosa ferramenta para identificar suas necessidades, por exemplo: sonolência, bexiga cheia, fome, ou seja, o corpo envia mensagens de acordo com as necessidades físicas e psicológicas. Então, quando há regras, como fazer uma dieta, há uma confusão entre a mente e o corpo. Estudos mostram que dieta e restrição alimentar para fins de perda de peso leva a mais ganho de peso (TRIBOLE et al., 2017). Alvarenga et. al., (2019) relata que o comer intuitivo é uma abordagem baseada em evidências, a qual ajudam pessoas a seguir seus sinais internos de fome e comer o que escolhe, sem sentir culpa, sem julgamentos e sem viver um problema ético e é composta por 25 dez princípios. O foco é “não dieta” e deve ser visto como um programa no qual a ordem em que são trabalhados os dez princípios não é fixa, devendo ser adaptada para cada indivíduo. 3.5.3 Comer com atenção plena (mindful eating) O ato de comer envolve outras razões além das necessidades biológicas. A comida desperta sensações e prazer, e este comportamento relacionado a comida está diretamente ligado a identidade social do indivíduo. Nesse contexto, o comportamento alimentar reflete todos os aspectos relacionados ao indivíduo, sejam eles psicológicos, fisiológicos ou fatores externos (SILVA; MARTINS, 2017). Quando se fala de mudança de comportamento alimentar, algumas técnicas são utilizadas, como por exemplo, o Mindfullness, expressão inglesa utilizada para descrever “atenção plena”, “observação vigilante”, “mente alerta” e “consciência plena” dentre outras (HIRAYAMA, 2014). Como mais uma proposta de intervenção para tratamento de transtornos alimentares e de obesidade, a técnica de Comer em Atenção Plena é uma prática dirigida à percepção e ampliação da consciência dos processos internos, onde o foco são as sensações internas, explica Almeida e Assumpção (2018). O mindful eating está inserido dentro do Mindfullness. Nessa técnica, o indivíduo deve estar totalmente atento ao ato de comer, sentir sabor, odor e textura dos alimentos, sem distrações, e assim, saber reconhecer seu corpo e saber quando estiver satisfeito, sem utilizar a fome emocional (SILVA; MARTINS, 2017). De acordo com Almeida e Assumpção (2018), estudos mostram que o Mindful Eating é uma boa estratégia para redução da escolha impulsivade alimentos, podendo auxiliar na perda de peso. 3.5.4 Terapia Cognitivo Comportamental Criada por Aaron Beck em 1956, a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) passou a ser estudada e utilizada no mundo inteiro em inúmeros transtornos e problemas psicológicos, auxiliando o indivíduo nas mais diversas adversidades como ansiedade, transtornos alimentares, obesidade, entre outros. Os resultados obtidos através do tratamento com esse tipo de terapia, não proporciona somente uma remissão temporária dos sintomas, 26 mas a manutenção em longo prazo da melhora alcançada. Isso ocorre porque o paciente consegue mudar seus pensamentos e consequentemente seus comportamentos disfuncionais, conseguindo êxito nas suas metas (NEUFELD; MOREIRA; XAVIER, 2012). De acordo com Duchesne e Almeida (2002): A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma intervenção semiestruturada, objetiva e orientada para metas, que aborda fatores cognitivos, emocionais e comportamentais no tratamento dos transtornos psiquiátricos. Na TCC algumas estratégias são empregadas para tratar os diferentes tipos de transtornos alimentares. Duchesne e Almeida (2002) relatam essas estratégias empregadas na TCAP. São elas: Modificação de hábitos alimentares Para ter êxito na mudança de hábitos alimentares em pacientes com TCAP, este é incentivado a se manter distante de alimentos que devem ser consumidos em pequenas quantidades, lembrando que dietas restritivas são contraindicadas nesses casos. A melhor estratégia é o controle de estímulos e a mudança gradual dos hábitos alimentares. Aumento da atividade física São utilizadas estratégias para adesão da atividade física, podendo esta ser flexível e dinâmica, podendo até envolver outras pessoas, auxiliando assim no processo. Abordagem da autoestima Quem sofre com esse tipo de transtorno, dá atenção excessiva à imagem corporal, associado a padrões corporais impostos pela sociedade. O terapeuta auxilia o paciente a buscar um equilíbrio entre a autoaceitação e a mudança. Avaliação de eficácia Geralmente se obtém resultados a curtos prazos, mas ainda há dificuldades quanto a manutenção a longo prazo. Medicamentos associados a terapia parecem surtir um efeito melhor. 27 4. RESULTADOS / ANÁLISE “Em andamento” 5. CONCLUSÃO “Em andamento” 28 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVARENGA, M. et. al. Nutrição Comportamental. 1ª ed. digital. São Paulo. Ed. Manole, 2016. ALVARENGA M. et. al. Nutrição Comportamental. 2ª ed. Barueri – SP. Editora Manole, 2019. APPOLINARIO JC, MC ELROY SL. Pharmacological approaches for the treatment of binge-eating disorder. Curr Drug Targets 2004;5(3):301-7. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbp/a/YjLy7yy5wPmrsSn4mCTm68q/?lang=en. Acesso em: 8 abr. 2021. BORGES, M. B. & JORGE, M. R. 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Acesso em: 5 jun. 2021. 32 ANEXOS Anexo 1 – cronograma do trabalho Meses Fev Mar Abr Mai Jun Ago Set Out Nov Dez Escolha do tema x Delimitação do problema de pesquisa x Escolha de objetivos, método e abordagem x Coleta de dados x x x x x x Defesa do Projeto x Defesa do trabalho final x
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