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MIOCARDIOPATIAS INTRODUÇÃO · Define-se miocardiopatia como doença do músculo cardíaco. Estima-se que seja responsável por 5 a 10% dos 5 a 6 milhões de pacientes já diagnosticados com insuficiência cardíaca nos EUA. · A cardiomiopatia dilatada (CMD) idiopática caracteriza-se pela dilatação do ventrículo esquerdo associado com disfunção sistólica nos casos em que não foi possível encontrar uma etiologia conhecida. · Com esse termo pretende-se excluir a disfunção cardíaca resultante de outras cardiopatias estruturais, como doença arterial coronariana, doença primária valvar ou hipertensão arterial grave. · Uma das causas mais comuns de insuficiência cardíaca (quando o coração não consegue mais bombear sangue suficiente para o resto do corpo) é a miocardiopatia, doença que causa alterações no músculo cardíaco e impede o coração, parcial ou totalmente, de funcionar corretamente. · O tratamento será direcionado no controle da insuficiência cardíaca, prevenção da progressão da doença e tentativa de evitar a ocorrência de fenômenos tromboembólicos e morte súbita · As miocardiopatias podem se desenvolver devido a patologias cardíacas (causas primárias) ou por outras outras causas subjacentes: · Causas primárias de miocardiopatias: · Genéticas: miocardiopatia hipertrófica, displasia do ventrículo esquerdo, miocárdio não compactado, depósito de glicogênio; · Adquiridas: síndrome de Takotsubo, miocardite, periparto; · Mistas: miocardiopatias dilatada e restritiva. · Causas secundárias de miocardiopatias: · Autoimunes: lúpus, dermatomiosite, artrite reumatoide, esclerodermia e poliarterite nodosa; · Endócrina: diabetes, hipertireoidismo, hipotireoidismo, feocromocitoma e acromegalia; · Neuromuscular: distrofia muscular de Duchenne, neurofibromatose e esclerose tuberosa. MIOCARDIOPATIAS DILATADAS · A miocardiopatia dilatada caracteriza-se por aumento do ventrículo esquerdo com déficit da função sistólica definido por meio da medição da fração de ejeção do ventrículo esquerdo. · A insuficiência sistólica é mais evidente do que a disfunção diastólica que frequentemente a acompanha, embora possa ser fun- cionalmente grave em um cenário de sobrecarga volumétrica acentuada. · O remodelamento dinâmico da estrutura intersticial afeta a função diastólica e o grau de dilatação ventricular. É frequente a evolução com regurgitação mitral à medida que o aparelho valvar sofre distorção em função da dilatação ventricular, algumas vezes agravada por lesão focal ao miocárdio subjacente.PARA QUE O CORAÇÃO ESTEJA EM UM TAMANHO FISIOLÓGICO, SEU TAMANHO (ÁPICE À BASE) DEVE SER MENOR QUE METADE DO HEMITÓRAX · No Brasil, a miocardiopatia dilatada principal é a Doença de Chagas; · O quadro clínico envolve o mesmo de uma insuficiência caríaca: · Turgência jugular; · Dispneia; · Ortopneia; · Presença de 3ª bulha; · Sopro de regurgitação mitral ou tricúspide; · Estertores pulmonares. · Fisiopatologia da miocardiopatia dilatada: · A disfunção do miocárdio ocorre na ausência de outras doenças que causam sua dilatação, como a doença coronariana oclusiva grave ou as doenças que representam sobrecarga de pressão ou volume nos ventrículos; · Geralmente, inicia com miocardite aguda (como a viral), seguida de fases latente e com necrose difusa dos miócitos (decorrente de reação autoimune aos miócitos alterados pelo vírus) e fibrose crônica. · Independentemente da causa, o miocárdio dilata, fica mais fino e apresenta hipertrofia como compensação, levando à regurgitação mitral ou à regurgitação tricúspide funcional e à dilatação atrial. · Pode haver formação de trombos murais quando a dilatação da câmara é significativa, especialmente durante a fase de miocardite aguda. · Taquiarritmias cardíacas complicam as fases de miocardites aguda e dilatada crônica tardia, da mesma forma que o bloqueio AV. À medida que o átrio se dilata, ocorre fibrilação atrial. · MIOCARDIOPATIA ALCOÓLICA · A cardiomiopatia alcoólica (CMA) tem sido relacionada como um tipo de cardiomiopatia dilatada do tipo não isquêmica, e como o próprio nome diz, a etiologia desta cardiomiopatia se dá pelo consumo de álcool (etanol) excessivo; · Apenas uma parte dos pacientes que tem uma ingestão pesada de álcool como a definida anteriormente, irá desenvolver CMA. · A doença apresenta uma fase inicial assintomática, que é identificada por disfunção ventricular esquerda comprovada pelo ecocardiograma, sem sintomas de insuficiência cardíaca e com a manutenção da ingestão de álcool, a doença pode se tornar sintomática e com a persistência do consumo e álcool pode conduzir a morte em quatro anos, 50% dos pacientes.73 Diferentemente da CMD cuja deterio-ração clínica é progressiva, na CMA a suspensão do consu-mo de álcool precocemente pode bloquear a progressão, ou até reverter a disfunção ventricular presente. · É um diagnóstico de exclusão; · Está ligada de forma genética; · É reversível, com bom prognóstico; · Efeito direto do etanol e dos seus metabólitos, como o acetato e o acetaldeído; · Deficiências secundárias à tiamina, ao selênio, ao magnésio, ao fósforo e ao potássio; · Altera as funções do sarcolema, da mitocôndria, do reticulo sarcoplasmático e das proteínas contráteis. · MIOCARDIOPATIA PERIPARTO · É um diagnóstico de exclusão, idêntico ao das cardiomiopatias idiopáticas, mas com uma característica peculiar que é seu aparecimento relacionado ao período específico da gestação e pós-parto; · Ocorre entre o primeiro pré-parto e o quinto mês pós-parto; · Fração de ejeção < 40% e fração de enchimento < 35%; · Dimensão diastólica final: 2,7 cm/m2. · Sintomas:· Sinais: · Presença de 3ª bulha; · Aumento da FC e FR; · Sopros de regurgitação mitral ou tricúspide; · Deslocamento do ictus cordis; · Crepitações; · Hepatomegalia; · Ascite. · Dispneia; · Ortopneia; · Fadiga; · Redução da tolerância ao exercício; · Anorexia; · Dor torácica; · Palpitações; · Tosse persistente; · Edema nos MMII. · É um diagnóstico de exclusão, cuja etiologia está relacionada à produção da prolactina. · Critérios diagnósticos: · Quatro critérios foram estabelecidos para se firmar o diagnóstico: · Aparecimento de insuficiência cardíaca entre o último mês de gestação até o quinto mês pós-parto. · Ausência de causa identificada pra a insuficiência cardíaca. · Ausência de doença cardíaca reconhecível antes do último mês de gravidez. · Disfunção sistólica ventricular esquerda demonstrada por critérios clássicos de ecocardiografia · Tratamento da miocardiopatia dilatada: · Diuréticos; · Beta-bloqueadores; · IECA/BRA’s; · Digoxina; · Bromocriptina (inibidora da prolactina). · DOENÇA DE CHAGAS · Agente etiológico: Trypanossoma cruzi · Transmissão: · Domiciliar (140 espécies); · Casas de taipa; · Más condições de higiene; · Transfusional; · Oral (principalmente AM); · Transplante de órgãos; · Acidental. · Incidência caiu bastante desde o século XX; · Expectativa de vida: 40 a 50 anos em 2000 / em 2020, 60 anos; · Quadro clínico: · Agudo: febre, mialgia, dor no corpo, mialgia, altralgia dura de 6 a 8 semanas. · Geralmente inflamação periocular; · Em torno de 5-10% dos pacientes sintomáticos morrem; · Crônico ou indetermidada: · Sorologia positiva; · Praticamente 30-40% dos pacientes evoluem com cardiomegalia; · Pode haver morte súbita. · Formas cardíacas: · Com disfunção ventricular: dispneia, hemoptise, linfedema, dor torácica, aneurisma de ponta ou apical (sugestivo). · Sem disfunção ventricular: arritmias e distúrbios de condução atrioventriculares com FEVE normal, podendo haver morte súbita. · Diagnóstico: · Testes sorológicos: ELISA, IFI e HAI. Deve-se avaliar 2 ou mais para que seja verídico. · Eletrocardiograma: bloqueio de ramo direito e bloqueio divisional anterossuperior · Tratamento: · Betabloqueador; · IECA’s · Benzodidazol e Nifurtimox fase aguda, fase crônica em crianças e contaminação acidental. MIOCARDIOPATIAS RESTRITIVAS · Síndrome de Takosubo · Descrita inicialmente por japoneses – Takotsubo · Epidemiologia: · Mulheres; · 60-75 anos; · Geralmenteela acontece secundariamente a um estresse; · Quadro clínico muito semelhante à clínica de Síndrome Coronariana Aguda; · Ecocardiograma: · Hipocinesia, acinesia ou discinesia médio e/ou apical diminuição das batidas do coração na base; · Hipercinesia compensatória basal contração forte dos átrios. · Cateterismo NORMAL. · Diagnóstico diferencial: · SCA; · Vasoespasmo; · Uso de cocaína; · Miocardites; · Tratamento: · Betabloqueadores; · Suporte emocional; · IECA’s. MIOCARDIOPATIA HIPERTRÓFICA · A cardiomiopatia hipertrófica (CMH) é uma doença primária do músculo cardíaco definida pela presença de hipertrofia da parede ventricular geralmente assimétrica que ocorre na ausência de outras doenças cardíaca, sistêmica, metabólica ou sindrômica que justifiquem o desenvolvimento ou magnitude dessa alteração muscular. · A CMH é a mais prevalente das cardiopatias de origem genética, apresenta expressão fenotípica extremamente heterogênea quanto aos sintomas, evolução clínica e prognóstico; · A CMH é transmitida de forma genética autossômica dominante na qual ocorrem mutações em genes que codificam as proteínas dos componentes contráteis dos sarcômeros, do disco Z ou do transporte de cálcio. · Sua principal complicação é a morte súbita cardíaca (MSC), que pode ocorrer de forma imprevisível, sendo a principal causa de morte em jovens e atletas. · A prevalência situa-se em torno de 1/500 na população geral e outros estudos em genótipos positivos concluíram 1/200. · A CMH é caracterizada macroscopicamente pela presença de hipertrofia ventricular esquerda, a qual pode ser simétrica ou, na maioria das vezes, assimétrica e localizada no septo interventricular (90% dos casos). · A hipertrofia pode ser observada em outras regiões: forma concêntrica, parede livre, região médio apical ou apical do ventrículo esquerdo (VE). · O tamanho da cavidade do VE é normal ou diminuído, o átrio esquerdo dilatado e observam-se alterações anatômicas em valva mitral como espessamento, alongamento das cúspides e inserção anômala dos músculos papilares. · Artérias coronárias apresentam lúmen reduzido secundário à hiperplasia de células musculares lisas e aumento do colágeno da camada média. A presença de trajeto intramiocárdio (“ponte miocárdica”) é vista em até 30% dos pacientes. · É no septo interventricular que se encontra a maior parte da hipertrofia do ventrículo, ocluindo parte do sangue. · A disfunção é do tipo diastólica diminuição da complacência ventricular, ocasionando fibrose, desarranjo celular, assincronismo do relaxamento e alterações na geometria. · Obstrução das vias de saída sanguínea o septo interventricular. · Isquemia miocárdica massa excessiva, doença microvascular, ponte miocárdica, espessamento da parede das coronárias. · Pode haver desmaio, síncope isquemias transitórias. · Preditores de morte súbita: · Critérios maiores: · Morte súbita abortada; · Taquicardia ventricular; · História familiar de morte súbita; · Síncope inexplicada; · Septo interventricular > 30mm; · Pressão arterial anormal ao exercício. · Critérios menores: · Fibrilação atrial; · Isquemia miocárdica; · Obstrução VSVE; · Mutação de alto risco. · Diagnóstico: · Clínico; · Eletrocardiograma; · Ressonância Magnética. · Tratamento: · Betabloqueador; · Cardiomiectomia; · Tratamento percutâneo de redução septal.
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