Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Da 50ª Vara Do Trabalho Da Comarca De João Pessoa/PB Processo n°: XXXXXX Floricultura Flores Belas LTDA, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por meio de sua advogada Jéssica Santos (procuração em anexo), com fundamento no art. 847, parágrafo único, da CLT c/c art. 335 e Art. 343, ambos do CPC/15 apresentar: CONTESTAÇÃO C/C RECONVENÇÃO Na reclamação trabalhista movida por ESTELA, já qualificada na exordial, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. I – DOS FATOS: A Reclamante laborou na empresa dentro o período de 25.10.2012 até 29.12.2017, exercendo a função de floricultora e perfazendo a jornada de segunda a sexta-feira, das 10h às 20h, com 2h de intervalo, e aos sábados, das 16h às 20h, recebendo mensalmente o valor correspondente a dois salários mínimos, sendo dispensada sem justa causa. II – PRELIMINARMENTE A) DA INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DA JUSTIÇA DO TRABALHO A reclamante requer a aplicação da penalidade cominada no Art. 49 da CLT contra os sócios da ré. Aduz que foi obrigada a assinar um documento autorizando a subtração mensal, contra a sua vontade, para aderir ao desconto para plano de saúde. Ocorre que, nos termos do Art. 114, IX, da CF/88, compete à Justiça do Trabalho processar e julgar controvérsias decorrentes da relação de trabalho, não abrangendo penalidade criminal, sendo esta incompetente para tal. Ademais, segundo o Art. 337, II, do CPC/15, cabe ao réu, antes de discutir o mérito alegar a incompetência absoluta e relativa. Posto isto, o pedido de aplicação de penalidade criminal contra os sócios da ré não pode ser pleiteado, em razão da incompetência absoluta da Justiça do Trabalho. III – PREJUDICIAL DE MÉRITO A) Da prescrição Quinquenal A reclamante laborou de 25.10.2012 à 29.12.2017 na reclamada e ajuizou a reclamação trabalhista em 27.02.2018. Preceitua o Art. 7º, XXIX, da CF/88 e Art. 11, da CLT que a pretensão quanto a créditos trabalhistas prescreve em cinco anos após a extinção do contrato de trabalho e a Súmula 308, I, do TST dispõe que respeitado o biênio subsequente à cessação contratual, a prescrição quinquenal conta-se da data do ajuizamento da reclamação trabalhista. Sendo assim, suscita-se a prescrição em relação às pretensões anteriores a 27.02.2013, tendo em vista que o ajuizamento da ação se deu em 27.02.2018. IV – DO MÉRITO A) Do Plano de Saúde A Reclamante afirma que foi obrigada a aderir ao desconto para o plano de saúde, tendo assinado na admissão, contra a sua vontade, um documento autorizando a subtração mensal. Ocorre que, no ato da admissão, a Reclamante assinou o documento autorizando o desconto de plano de saúde (doc. Anexo). Sustenta a OJ 160 da SBDI-1 que é inválida a presunção de vício de consentimento resultante do fato de ter o empregado anuído expressamente com descontos salariais na oportunidade da admissão. Vale ressaltar que é de se exigir demonstração concreta do vício de vontade. Nesse diapasão, a Súmula 342 do TST dispõe que são válidos os descontos salariais efetuados pelo empregador, com a autorização prévia e por escrito do empregado, para ser integrado em planos de assistência médico-hospitalar, o que não afronta o disposto no Art. 462 da CLT, salvo se ficar demonstrada a existência de coação ou de outro defeito que vicie o ato jurídico, não sendo este o caso. Ademais, o Art. 818, I da CLT e o Art. 373, I, do CPC/15 estabelecem que o ônus da prova incumbe ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito. Sendo assim, o desconto a título de plano de saúde ocorreu dentro da legalidade, sem qualquer vício de vontade em relação à assinatura, já que é válida a autorização de desconto feita no momento da admissão, cabendo a Reclamante o ônus de provar qualquer ilegalidade nesse sentido, não devendo prosperar a sua alegação. B) Do adicional de Penosidade A Reclamante pleiteia o recebimento de adicional de penosidade, na razão de 30% sobre o salário-base, porque, no exercício da sua atividade, era constantemente furada pelos espinhos das flores que manuseava. Embora previsto no Art. 7º, XXIII, da CF/88 o adicional de remuneração para as atividades penosas, o mesmo não foi regulamentado. Sendo assim, o pedido de pagamento de adicional de penosidade na proporção de 30% sobre o salário-base não deve prosperar, uma vez que não consta previsão na CLT e não foi regulamentado em lei especial. C) Da Hora-Extra A Reclamante alega que faz jus ao recebimento de horas extras com adição de 50%, em razão da jornada de trabalho, laborava de segunda a sexta-feira, das 10h às 20h, com intervalo de 2 horas para refeição, e aos sábados, das 16h às 20h, sem intervalo, totalizando 44h semanais. O Art. 58 da CLT dispõe que a duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8h diárias e o Art. 7º, XIII da CF/88 assenta que a duração do trabalho normal não será superior às 8h diárias e 44h semanais. Vale destacar que o Art. 71, § 2º da CLT alinha que os intervalos não serão computados na duração do trabalho. Sendo assim, a Reclamante não faz jus ao recebimento das horas extras pleiteadas, pois o módulo constitucional de 8h diárias e 44h semanais não foi ultrapassado. D) Da Multa do art. 477, § 8º da CLT A Reclamante verbera que o pagamento das verbas resilitórias extrapolou o prazo legal, que somente foi creditada na sua conta 20 dias após a comunicação do aviso prévio. Conforme estabelece o Art. 477, § 6º da CLT, o pagamento dos valores constantes do instrumento de rescisão ou recebido de quitação deverá ser efetuado até dez dias contados a partir do término do contrato de trabalho. Sendo assim, é infundado o pedido de pagamento da multa prevista no Art. 477, § 8, da CLT, vez que o pagamento das verbas devidas foi dentro do prazo legal. V – DA RECONVENÇÃO Conforme disposição expressa do Art. 343 do CPC/15, na contestação, é lícito ao Réu propor reconvenção, para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa, o que faz pelas razões de fato e de direito a seguir. A Reclamante ao ser cientificada do aviso prévio teve uma reação violenta, gritando e dizendo-se injustiçada, sendo necessário que a segurança a contivesse e acompanhasse até a porta de saída. Quando deixava o prédio, a Reclamante correu e pegou uma pedra que arremessou violentamente contra o prédio da Reclamada, vindo a quebrar uma das vidraças. A empresa gastou R$ 300,00 na recolocação do vidro danificado, conforme nota fiscal (doc. Anexo). Conforme disposto no Art. 186 do CC/02, aquele que por ação, violar o direito e causar dano a outrem, comete ato ilícito, já o Art. 927 do mesmo diploma legal, assegura que, aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Sendo assim, requer o valor de R$ 300,00, relativo ao vidro quebrado pela Reclamante. VI - DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS Conforme disciplinado no Art. 791-A, da CLT, ao advogado serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% e o máximo de 15% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. Outrossim, a teor do § 5º, do Art. 791-A da CLT, são devidos honorários de sucumbência na reconvenção. Desse modo, requer honorários de sucumbência na ação principal e na reconvenção, nos termos supra. VII - CONCLUSÃO De acordo com os fatos e fundamentos acima apresentados, em sede de Contestação, requer a Vossa Excelência: 1) O acolhimento da preliminar de incompetência absoluta da Justiça do Trabalho para apreciação e condenação criminal, conforme o Art. 337, II, do CPC/15 c/c Art. 114, IX, da CF/88; 2) O acolhimentoda prejudicial de mérito, quanto à prescrição quinquenal das pretensões anteriores a 27.02.2013, data do ajuizamento da ação, nos termos da Súmula 308, I, do TST; 3) Por hipótese absurda, ultrapassada as preliminares avençadas, no mérito, requer que as pretensões apresentadas na exordial sejam julgadas totalmente improcedentes, com a consequente condenação da Reclamante em custas processuais e demais cominações legais; Em sede de RECONVENÇÃO, requer: 4) O recebimento das razões da reconvenção com seu devido processamento, de acordo com o Art. 343, do CPC/15, e a procedência da reconvenção para receber o valor de R$ 300,00, relativo ao vidro quebrado pela Autora, nos termos do Art. 186 e Art. 927, ambos do CC/02; a) A intimação da Reclamante para apresentar resposta, nos termos do Art. 341, § 1º, do CPC/15; b) Honorários de sucumbência na ação principal e na reconvenção, nos termos do Art. 791-A, § 5º da CLT; 5) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direitos admitidos, em especial, a testemunhal, documental e depoimento da reclamada, e o que mais for necessário à elucidação dos fatos; VIII - DO VALOR DA CAUSA Dá-se à causa, na Reconvenção, o valor de R$ 300,00 (trezentos reais) Nestes termos, Pede deferimento. João Pessoa/PB, 30/02/2018 Advogada Jéssica Maria dos Santos, OAB/MG nº xx.xxx
Compartilhar