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CONTESTAÇÃO - PATRÍCIA ALVES DA SILVA

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 50ª VARA DO
TRABALHO DE JOÃO PESSOA – PB
Processo nº _______
FLORICULTURA FLORES BELAS LTDA, sociedade empresária de direito
privado, inscrita no CNPJ _____, com sede na Rua ____, nº ____, bairro ____, na
cidade de ____, CEP ____, endereço eletrônico ____, por intermédio de seu
advogado, procuração anexa, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência,
com fundamento no art. 847, parágrafo único, da CLT c/c art. 335 e Art. 343, ambos
do CPC/15 apresentar
CONTESTAÇÃO C/C RECONVENÇÃO
Na reclamação trabalhista que lhe move ESTELA, já qualificada na exordial,
pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.
DOS FATOS
A Reclamante laborou na empresa Reclamada no período de 25.10.2012 à
29.12.2017, exercia a função de floricultora e perfazia a jornada de segunda a sexta-
feira, das 10h às 20h, com 2h de intervalo, e aos sábados, das 16h às 20h e
ganhava mensalmente o valor correspondente a dois salários mínimos, foi
dispensada sem justa causa.
PRELIMINAR DE MÉRITO
a) DA INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DA JUSTIÇA DO TRABALHO
A reclamante requer a aplicação da penalidade cominada no Art. 49 da CLT
contra os sócios da ré. Aduz que foi obrigada a assinar um documento autorizando a
subtração mensal, contra a sua vontade, para aderir ao desconto para plano de
saúde.
Ocorre que, nos termos do Art. 114, IX, da CF/88, compete à Justiça do
Trabalho processar e julgar controvérsias decorrentes da relação de trabalho, não
abrangendo penalidade criminal, sendo esta incompetente para tal. Ademais,
segundo o Art. 337, II, do CPC/15, cabe ao réu, antes de discutir o mérito alegar a
incompetência absoluta e relativa.
Posto isto, o pedido de aplicação de penalidade criminal contra os sócios da
ré não pode ser pleiteado, em razão da incompetência absoluta da Justiça do
Trabalho.
PREJUDICIAL DE MÉRITO
a) DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL
A reclamante laborou de 25.10.2012 à 29.12.2017 na reclamada e ajuizou a
reclamação trabalhista em 27.02.2018.
Preceitua o Art. 7º, XXIX, da CF/88 e Art. 11, da CLT que a pretensão quanto
a créditos trabalhistas prescreve em cinco anos após a extinção do contrato de
trabalho e a Súmula 308, I, do TST dispõe que respeitado o biênio subsequente à
cessação contratual, a prescrição quinquenal conta-se da data do ajuizamento da
reclamação trabalhista.
Sendo assim, suscita-se a prescrição em relação às pretensões anteriores a
27.02.2013, tendo em vista que o ajuizamento da ação deu-se em 27.02.2018.
MÉRITO
a) DO PLANO DE SAÚDE
A Reclamante afirma que foi obrigada a aderir ao desconto para o plano de
saúde, tendo assinado na admissão, contra a sua vontade, um documento
autorizando a subtração mensal.
Ocorre que, no ato da admissão, a Reclamante assinou o documento
autorizando o desconto de plano de saúde (doc. Anexo).
Sustenta a OJ 160 da SBDI-1 que é inválida a presunção de vício de
consentimento resultante do fato de ter o empregado anuído expressamente com
descontos salariais na oportunidade da admissão. Vale ressaltar que é de se exigir
demonstração concreta do vício de vontade.
Nesse diapasão, a Súmula 342 do TST dispõe que são válidos os descontos
salariais efetuados pelo empregador, com a autorização prévia e por escrito do
empregado, para ser integrado em planos de assistência médico-hospitalar, o que
não afronta o disposto no Art. 462 da CLT, salvo se ficar demonstrada a existência
de coação ou de outro defeito que vicie o ato jurídico, não sendo este o caso.
Ademais, o Art. 818, I da CLT e o Art. 373, I, do CPC/15 estabelecem que o
ônus da prova incumbe ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito.
Sendo assim, o desconto a título de plano de saúde ocorreu dentro da
legalidade, sem qualquer vício de vontade em relação à assinatura, já que é válida a
autorização de desconto feita no momento da admissão, cabendo a Reclamante o
ônus de provar qualquer ilegalidade nesse sentido, não devendo prosperar a sua
alegação.
 b) DO ADICIONAL DE PENOSIDADE
A Reclamante pleiteia o recebimento de adicional de penosidade, na razão de
30% sobre o salário-base, porque, no exercício da sua atividade, era
constantemente furada pelos espinhos das flores que manuseava.
Embora previsto no Art. 7º, XXIII, da CF/88 o adicional de remuneração para
as atividades penosas, o mesmo não foi regulamentado.
Sendo assim, o pedido de pagamento de adicional de penosidade na
proporção de 30% sobre o salário-base não deve prosperar, uma vez que não
consta previsão na CLT e não foi regulamentado em lei especial.
c) DAS HORAS EXTRAS
A Reclamante alega que faz jus ao recebimento de horas extras com adição
de 50%, em razão da jornada de trabalho, laborava de segunda a sexta-feira, das
10h às 20h, com intervalo de 2 horas para refeição, e aos sábados, das 16h às 20h,
sem intervalo, totalizando 44h semanais.
O Art. 58 da CLT dispõe que a duração normal do trabalho, para os
empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8h diárias e o Art. 7º,
XIII da CF/88 assenta que a duração do trabalho normal não será superior às 8h
diárias e 44h semanais. Vale destacar que o Art. 71, § 2º da CLT alinha que os
intervalos não serão computados na duração do trabalho.
Sendo assim, a Reclamante não faz jus ao recebimento das horas extras
pleiteadas, pois o módulo constitucional de 8h diárias e 44h semanais não foi
ultrapassado.
d) DA MULTA DO ART. 477, § 8º da CLT
A Reclamante verbera que o pagamento das verbas resilitórias extrapolou o
prazo legal, que somente foi creditada na sua conta 20 dias após a comunicação do
aviso prévio.
Conforme estabelece o Art. 477, § 6º da CLT, o pagamento dos valores
constantes do instrumento de rescisão ou recebido de quitação deverá ser efetuado
até dez dias contados a partir do término do contrato de trabalho.
Sendo assim, é infundado o pedido de pagamento da multa prevista no Art.
477, § 8, da CLT, vez que o pagamento das verbas devidas foi dentro do prazo legal.
DA RECONVENÇÃO
Conforme disposição expressa do Art. 343 do CPC/15, na contestação, é lícito
ao Réu propor reconvenção, para manifestar pretensão própria, conexa com a ação
principal ou com o fundamento da defesa, o que faz pelas razões de fato e de direito
a seguir.
A Reclamante ao ser cientificada do aviso prévio teve uma reação violenta,
gritando e dizendo-se injustiçada, sendo necessário que a segurança a contivesse e
acompanhasse até a porta de saída. Quando deixava o prédio, a Reclamante correu
e pegou uma pedra que arremessou violentamente contra o prédio da Reclamada,
vindo a quebrar uma das vidraças. A empresa gastou R$ 300,00 na recolocação do
vidro danificado, conforme nota fiscal (doc. Anexo).
Conforme disposto no Art. 186 do CC/02, aquele que por ação, violar o direito
e causar dano a outrem, comete ato ilícito, já o Art. 927 do mesmo diploma legal,
assegura que, aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.
Sendo assim, requer o valor de R$ 300,00, relativo ao vidro quebrado pela
Reclamante.
a) DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Conforme disciplinado no Art. 791-A, da CLT, ao advogado serão devidos
honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% e o máximo de 15%
sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido
ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. Outrossim, a
teor do § 5º, do Art. 791-A da CLT, são devidos honorários de sucumbência na
reconvenção.
Desse modo, requer honorários de sucumbência na ação principal e na
reconvenção, nos termos supra.
CONCLUSÃO
De acordo com os fatos e fundamentos acima apresentados, em sede de
Contestação, requer a Vossa Excelência:
1) O acolhimento da preliminarde incompetência absoluta da Justiça do
Trabalho para apreciação e condenação criminal, conforme o Art. 337, II, do CPC/15
c/c Art. 114, IX, da CF/88;
2) O acolhimento da prejudicial de mérito, quanto à prescrição quinquenal das
pretensões anteriores a 27.02.2013, data do ajuizamento da ação, nos termos da
Súmula 308, I, do TST;
3) Por hipótese absurda, ultrapassada as preliminares avençadas, no mérito,
requer que as pretensões apresentados na exordial sejam julgadas totalmente
improcedentes, com a consequente condenação da Reclamante em custas
processuais e demais cominações legais;
Em sede de RECONVENÇÃO, requer:
4) O recebimento das razões da reconvenção com seu devido
processamento, de acordo com o Art. 343, do CPC/15, e a procedência da
reconvenção para receber o valor de R$ 300,00, relativo ao vidro quebrado pela
Autora, nos termos do Art. 186 e Art. 927, ambos do CC/02;
a) A intimação da Reclamante para apresentar resposta, nos termos do Art.
341, § 1º, do CPC/15;
b) Honorários de sucumbência na ação principal e na reconvenção, nos
termos do Art. 791-A, § 5º da CLT;
5) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direitos
admitidos, em especial, a testemunhal, documental e depoimento da reclamada, e o
que mais for necessário à elucidação dos fatos;
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa, na Reconvenção, o valor de R$ 300,00 (trezentos reais).
Termos em que pede deferimento.
Cidade, ____ de __________ de ____.
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OAB – sob nº ____

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