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DIREITOS HUMANOS

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DIREITOS HUMANOS 
 
1 | P á g i n a 
 
SUMÁRIO 
Aula 1 – A Condição Humana e Abordagens Histórico-Culturais dos Direitos Humanos .......... 3 
1. A Dignidade da Pessoa Humana ......................................................................................... 3 
2. Como Surgiu a Ideia dos Direitos Humanos? ..................................................................... 4 
3. O que é Cidadania? ............................................................................................................. 5 
4. O Policial Militar como Sujeito de Direitos Humanos ......................................................... 6 
5. Conclusão ............................................................................................................................ 7 
Exercícios ................................................................................................................................... 8 
Aula 2 – Normas Internacionais e Leis Internas ........................................................................ 9 
1. Conceituações e Diferenças ................................................................................................ 9 
2. Estudos dos Principais Tratados e Demais Instrumentos Globais Referentes aos Direitos 
Humanos ................................................................................................................................. 11 
3. Conclusão .......................................................................................................................... 13 
1. Conduta Ética e Legal na Aplicação da Lei ........................................................................ 15 
1. Praticidade Fundamentada na Normativa Internacional de Direitos Humanos e nas Leis 
Internas, no que Concerne ao Exercício da Função Policial Militar. ....................................... 23 
Aula 5 – Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e Armas de Fogo pelos Responsáveis 
pela Aplicação da Lei (PBUFAF). Princípios 15 ao 24 e Reuniões, Manifestações e Protestos 30 
1. Praticidade Fundamentada na Normativa Internacional de Direitos Humanos e nas Leis 
Internas, no que Concerne ao Exercício da Função Policial Militar. ....................................... 30 
2. Reunião, Manifestação Popular e Protesto. ..................................................................... 32 
Exercícios ................................................................................................................................. 42 
Aula 6 – A Convenção Contra Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou 
Degradantes - Tratados Internacionais e demais Instrumentos. .......................................... 43 
1. A Convenção Contra Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou 
Degradantes. ........................................................................................................................... 43 
2. Breve Histórico .................................................................................................................. 45 
3. Conclusão .......................................................................................................................... 46 
Aula 7 – Discriminação e Violência a Grupos Minoritários em Situação de Risco Pessoal e 
Vulnerabilidade. ................................................................................................................ 48 
1. O Que é Grupo de Minoria e Grupo Vulnerável? ............................................................. 48 
4. Conclusão .......................................................................................................................... 58 
Aula 8 – Discriminação e Violência a Grupos Minoritários em Situação de Risco Pessoal e 
Vulnerabilidade/ Gênero, Pessoas Com Deficiências Físicas e Sofrimento Mental, População 
em Situação de Rua e Orientação Sexual. ........................................................................... 60 
file:///C:/Users/divens05/Desktop/Candido%20-%20Leis%20especiais/DIREITOS%20HUMANOS%20revisado.doc%23_Toc485721933
DIREITOS HUMANOS 
 
2 | P á g i n a 
 
5 - Generalização ..................................................................................................................... 69 
6. Conclusão .......................................................................................................................... 70 
Exercícios ................................................................................................................................. 71 
Aula 9 – Fundamentos para uma Abordagem e Busca Pessoal. Princípios Relacionados à 
Captura, Detenção e Prisão. ............................................................................................... 73 
1. Fundamentos para uma Abordagem e Busca Pessoal. ..................................................... 73 
2. Captura, Detenção e Prisão .............................................................................................. 74 
3. O Cárcere no Brasil - Uma Grande Dívida para com a Sociedade ..................................... 76 
4. Conclusão .......................................................................................................................... 77 
Aula 10 – O Cárcere - Significado Sociológico do Cárcere. .................................................... 78 
1. Como Entender o Cárcere? ............................................................................................... 78 
REFERÊNCIAS........................................................................................................................83 
BALESTRERI,Ricardo Brisola. Direitos Humanos: Coisa de Polícia – Passo Fundo-RS, CAPEC, 
Paster Editora, 1998. ......................................................................................................... 83 
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.36. Ed., rev. E atual. São 
Paulo: Malheiros, 2013. .................................................................................................... 83 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
file:///C:/Users/divens05/Desktop/Candido%20-%20Leis%20especiais/DIREITOS%20HUMANOS%20revisado.doc%23_Toc485721944
DIREITOS HUMANOS 
 
3 | P á g i n a 
 
 
Aula 1 – A Condição Humana e Abordagens Histórico-Culturais dos 
Direitos Humanos 
 
 Ampliar a sua sensibilidade para a questão da dignidade da pessoa humana, 
como fundamentos do Estado Democrático de Direito em que se constitui a 
República Federativa do Brasil; 
 Reconhecer a responsabilidade pelo outro como base para uma sociedade 
verdadeiramente humana; 
 Informar-se sobre a origem e o desenvolvimento histórico do Direito 
Internacional dos Direitos Humanos, as vertentes da proteção internacional da 
dignidade da pessoa humana, suas características e seus instrumentos de 
proteção em nível nacional e internacional; 
 Relacionar tais conceitos e princípios com a atividade do profissional de 
segurança pública; 
 
1. A Dignidade da Pessoa Humana 
 
O conceito de dignidade da pessoa humana é central para a problemática dos 
direitos humanos. Falar dessa questão é inseparável de uma reflexão sobre o alcance e o 
sentido da ideia de pessoa. Trata-se de pensar o conceito de pessoa a partir de duas 
contribuições importantes: a de Boécio (480 – 524) e a de Boaventura de Bagnoregio 
(1217 – 1274). 
Enquanto na definição de Boécio – talvez a mais conhecida e privilegiada – o 
homem se caracteriza como substância racional, em Boaventura essa ênfase é para a 
dimensão relacional da criatura humana. Dizer pessoa humana é falar de um ser de 
relação, que ganha sentido quando estabelece e vive em constante relação com outros 
homens; é, portanto, falar de uma criatura que somente alcança a sua plenitude numa 
vida de relação com o outro. O fato de ser pessoa (desde sempre relação com o outro) 
expressa, segundo Boaventura, a própria noção de dignidade.―A dignidade é atributo intrínseco, da essência, da pessoa 
humana, único ser que compreende um valor interno, superior a 
qualquer preço, que não admite substituição equivalente. Assim 
a dignidade entranha e se confunde com a própria natureza do 
ser humano‖. (SILVA, 1998, pág. 91) 
 
AO FINAL DESTA AULA, VOCÊ DEVERÁ: 
DIREITOS HUMANOS 
 
4 | P á g i n a 
 
Nesse sentido, toda violência pode ser entendida como uma forma de violação da 
dignidade humana, porque redutora do outro a si mesmo. 
2. Como Surgiu a Ideia dos Direitos Humanos? 
Alguns pesquisadores afirmam que tal origem, filosoficamente, está sustentada 
pelo direito natural, ou seja, aquele que ―nasce de Deus‖. 
Por questões religiosas, argumentam que Direitos Humanos existem, desde o 
início do mundo, desde a criação do homem. 
O ―Cilindro de Ciro‖, atribuído ao rei CIRO II, Persa, 539 AC, também figura 
como dos mais remotos, descoberto em 1879 e traduzido pela ONU em 1971. 
Configura-se num documento firmado após a conquista da Babilônia em que consagra a 
liberdade de religião e a abolição da escravatura, tido como a primeira declaração de 
Direitos Humanos, onde a população de escravos, à época, era constituída de 
prisioneiros de guerra. 
A evolução histórica da proteção dos direitos fundamentais da pessoa humana é 
uma conquista que busca limitar e controlar os abusos cometidos pelo Estado e de suas 
autoridades constituídas em favor da pessoa humana. São ideais que com o passar dos 
tempos foram se legitimando a partir de tratados e instrumentos internacionais e 
também a legislação nacional. 
O direito internacional é constituído pelas normas jurídicas internacionais que 
regulam as leis dos Estados, o funcionamento de instituições ou organizações 
internacionais e a relação entre elas, e a relação delas com o Estado e os indivíduos. Os 
acordos e tratados internacionais, as convenções, as emendas e os protocolos fazem 
parte deste ramo do direito e regula muitos aspectos das relações internacionais e inclui 
regras sobre os direitos territoriais dos Estados (relativas à: terra, mar e espaço aéreo), 
proteção do meio ambiente, comércio internacional, uso da força pelos Estados, o 
Direito Internacional dos Direitos Humanos (DIDH) e o Direito Internacional 
Humanitário (DIH). 
 O Direito Internacional Humanitário (DIH) e o Direito Internacional dos Direitos 
Humanos (DIDH) são dois conjuntos de normas distintos que, no entanto se 
complementam. Ambos se ocupam da proteção da vida, da saúde e da dignidade das 
pessoas. O DIH se aplica a situações de conflito armado, enquanto o DIDH está vigente 
em todo momento, tanto em tempo de paz como de guerra. 
DIREITOS HUMANOS 
 
5 | P á g i n a 
 
O Direito Internacional Humanitário (DIH) está contido nas Convenções de 
Genebra e de Haia, os Protocolos Adicionais, um conjunto de tratados que 
regulamentam os métodos e meios de guerra – por exemplo, tratados que proíbem o 
emprego de armas químicas, biológicas, laser cegantes e minas terrestres, além do 
Direito Consuetudinário. 
O Direito Internacional dos Direitos Humanos é mais amplo e, ao contrário do 
DIH, é composto também por tratados regionais, além de tratados internacionais 
relativos aos direitos humanos como, o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, 
o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, e os tratados que se 
referem à prevenção e à punição da tortura e outras práticas cruéis, desumanas ou 
degradantes, à eliminação da discriminação racial e da discriminação contra as 
mulheres, e aos direitos da criança. 
O surgimento do Direito Internacional dos Direitos Humanos (DIDH) tem seu 
fundamento marcado a partir da Segunda Guerra Mundial, onde as atrocidades 
cometidas durante o nazismo foi o fato histórico impulsionador decisivo da 
consolidação do Direito Internacional dos Direitos Humanos. 
A internacionalização dos direitos humanos constitui, assim, um movimento 
extremamente recente na história, que configura o esforço de reconstrução dos direitos 
humanos, como paradigma e referencial ético a orientar a ordem internacional 
contemporânea, é um ramo do direito internacional público, criado para proteger a vida, 
a saúde, e a dignidade dos indivíduos. O DIDH está fundamentado na DUDH - 
Declaração Universal dos Direitos Humanos - 1948, normativa internacional por nós a 
ser estudada no decorrer deste curso, bem como compreender qual sua relação com a 
atividade policial. 
3. O que é Cidadania? 
Podemos entender cidadania como o verdadeiro alicerce para a concretização dos 
direitos humanos, ou seja: 
O amplo conjunto de direitos e obrigações da pessoa, sob a vigência do 
Estado Democrático de Direito. 
Para concretização da cidadania, no Brasil, o poder público deverá promover para 
todas as pessoas os Direitos: 
a) Civis: onde os princípios de liberdade, opinião, expressão e de pensamento são 
definidos pelo Estado como imprescindíveis; 
DIREITOS HUMANOS 
 
6 | P á g i n a 
 
b) Políticos: onde o cidadão tem o direito de votar e ser votado; 
c) Sociais: onde o bem estar econômico e social, contemplados pela segurança e 
demais políticas sociais básicas, apresenta qualidade de vida saudável. 
3.1 Cidadania e Direitos Humanos 
Cidadania 
-Assim, entendemos que cidadania é adoção humana de valores políticos, sociais 
e civis na formatação interna e soberana de uma Nação. 
Por exemplo, a cidadania no Brasil pode ser diferenciada da cidadania Argentina, 
que pode estar diferenciada da cidadania no Chile e assim adiante. 
Direitos Humanos 
- É a adoção valorativa humanística na formatação Internacional com 
consistência contratual entre grupo ou conjunto de Nações, através de tratados, 
declarações, acordos, convenções e outros instrumentos normativos. 
Como definir Polícia no atual contexto sociopolítico? 
Ousamos definir como: 
Um instituto técnico do Estado Democrático de Direito, com ideias e ações 
educativas, preventivas e correcionais na construção e consolidação de uma sociedade 
cidadã, livre, pacífica, justa e solidária. 
4. O Policial Militar como Sujeito de Direitos Humanos 
Ricardo Balestreri apresenta no texto: ―Direitos Humanos: Coisa de Polícia‖ que o 
policial é antes de tudo um cidadão, e na cidadania deve nutrir sua razão de ser. Imana-
se, assim, a todos os membros da comunidade em direitos e deveres. Não existe 
dualidade ou antagonismo entre uma ―sociedade civil‖ e outra ―sociedade policial‖. 
Nesse sentido o policial possui sem distinção a garantia de todos os direitos civis, 
políticos e sociais. A sua condição de funcionário do Estado responsável por cumprir a 
lei não elimina sua condição de cidadão. 
Balestreri conceitua o agente de Segurança Pública como um cidadão qualificado 
que representa o Estado, em seu contato mais imediato com a população, o qual porta a 
singular permissão para o uso da força e das armas, no âmbito da lei. Dessa forma, a fim 
de não incorrer em nenhuma violação de direitos junto à sociedade, torna-se 
imprescindível agir em consonância as leis, normas e tratados internacionais dos 
direitos humanos. 
DIREITOS HUMANOS 
 
7 | P á g i n a 
 
O Policial, no exercício de sua cidadania, tem o direito de ser bem assistido pelo 
Estado, estar bem equipado, preparado e ter boas condições de trabalho refletindo, 
assim, a imagem da Instituição e de seu País. O Policial Militar, inequivocamente, é 
sujeito de Direitos Humanos; respeitar e conceber sua cidadania são fundamentos 
imprescindíveis para o crescimento de todos. 
Ainda, pela normativa internacional de Direitos Humanos, o Estado tem 
obrigações fundamentais para a formação continuada do Policial Militar, onde 
observaremos mais adiante quando trataremos dos Princípios Básicos sobre a Utilização 
da Força e de Armas de Fogo pelos funcionários responsáveis pela aplicação da lei 
(PBUFAF). 
No estudo da normativa internacional fica claramente evidenciadoque o Policial 
Militar é sujeito de Direitos Humanos, cabendo ao Estado promover sua execução nos 
parâmetros internacionais contratados, preservando individualidades e fortalecendo, 
profissionalmente, capacidades física, psicológica, intelectual e social. 
5. Conclusão 
 O princípio da dignidade da pessoa humana implica na compreensão do valor 
singular do homem, enquanto membro da família humana, como um ser capaz de dirigir 
seus atos de acordo com a sua razão e aberto a viver em comunidade uma vida de 
relação com os demais homens. 
 A filosofia dos Direitos humanos não surgiu de qualquer pretensão para se 
defender pessoas ou grupos envolvidos com o crime. 
 A prática de Direitos Humanos deve contemplar todas as pessoas, 
independentemente de religião, nacionalidade, raça, profissão, sexo, opinião, idade, etc. 
 O País que não prima pelos Direitos Humanos de todos perde credibilidade 
frente à comunidade internacional, principalmente nas relações comerciais. 
 O Poder Público, quando não prima pelos Direitos Humanos, perde o respeito da 
sociedade nacional e internacional; 
 Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei que desrespeitam os Direitos 
Humanos são responsabilizados legalmente e contribuem para o enfraquecimento da 
imagem de toda a Corporação. 
DIREITOS HUMANOS 
 
8 | P á g i n a 
 
Exercícios 
Para a Unidade posterior, dias antes da aula, o aluno deverá ler a Declaração 
Universal Dos Direitos Humanos, como forma de preparo para melhor entendimento 
dos valores inseridos na mencionada normativa internacional. 
A DUDH consta no anexo da apostila. 
SAIBA MAIS... 
 
Para exercitar. 
Assista e, posteriormente, debata sobre o conteúdo do documentário ―Nós que 
aqui estamos por vós esperamos‖, de Marcelo Masagão (72 min., 1999). 
Trata-se de uma breve história do século XX em imagens, som e silêncio. A 
música é de Win Mertens. Inspira-se na obra ―A era dos extremos‖, de Eric 
Hobsbawm e no texto ―O mal-estar da civilização‖, de Sigmund Freud. O 
documentário recebeu vários prêmios no Brasil e no mundo, entre eles o do festival 
de cinema de Gramado (2000). 
DIREITOS HUMANOS 
 
9 | P á g i n a 
 
 
Aula 2 – Normas Internacionais e Leis Internas 
 
Ao final desta aula você será capaz de: 
 Conceituar normas internacionais e leis internas, suas diferenças e importância 
nas relações multinacionais; 
 Conhecer os principais tratados e demais instrumentos globais referentes aos 
Direitos Humanos; 
 Analisar, de modo crítico e construtivo, a relação protetiva dos Direitos 
Humanos e a prática profissional do Policial Militar; 
 Refletir sobre a ―prevalência dos Direitos Humanos‖, valores e violações citados 
no bojo da Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
1. Conceituações e Diferenças 
 
1.1 Normas Internacionais e Leis Internas - Desmistificação dos Direitos Humanos 
como Dimensão Exclusiva da Área Jurídico-Legalista. 
A Normativa Internacional contempla um conjunto de acordos na ONU, entre 
Países envolvidos, assumindo, assim, diversas nomenclaturas. 
As denominações mais usuais são: tratados, acordos, convenções, princípios, 
protocolos, regras mínimas e outros. 
Tratado: 
É a formalização escrita de interesses comuns entre dois ou mais sujeitos de 
direito internacional, visando produzir efeitos contratuais juridicamente garantidos. 
Constitui o exercício por onde os Países contratados firmam direitos e obrigações 
entre os membros participantes. 
A norma internacional deve apresentar formalidade, teor definido, regido pelo 
Direito Internacional e as partes contratantes devem ser, necessariamente, pessoas 
jurídicas de Direito Internacional Público. 
Em termos estritamente jurídicos, pode-se argumentar que somente os tratados 
ratificados ou que foram aderidos pelos Estados-membros têm caráter jurídico 
obrigatório. 
Entretanto, de acordo com as Nações Unidas (1997, p. 26), não se deve 
menosprezar o valor das diversas declarações, diretrizes e regras mínimas. 
AO FINAL DESTA AULA, VOCÊ DEVERÁ: 
DIREITOS HUMANOS 
 
10 | P á g i n a 
 
O Tratado, inserido na normativa internacional, gera compromisso jurídico 
perante o Direito Internacional e o Direito Interno. Ou seja: se não se cumprir o tratado, 
há a possibilidade de serem aplicadas sanções internacionais e de consequências de 
acordo com o direito do próprio país. 
Ainda, Tratados Internacionais são instrumentos formais ou escritos que 
organizações internacionais e/ou países elaboram com a finalidade de buscar 
convencimento na ordem jurídica internacional para as questões abordadas. 
Quando o Brasil celebra um tratado com outros Países, efetivamente, faz acordo 
que gera a obrigatoriedade na adoção, no direito, e no valor moral de se assumir um 
compromisso no direito internacional. 
O Brasil, fazendo parte da ONU, adquire respeito internacional e, ao incorporar os 
tratados no âmbito do Direito Interno, firma compromisso com a comunidade mundial 
na preservação da espécie humana. 
A Normativa Internacional tem poder moral nas relações internacionais. 
1.2 Leis Internas 
As Leis Internas têm poder coercitivo (a lei impõe e caso não seja cumprida, 
poderá haver penalidade corpórea). 
As leis são dotadas de imperatividade, ou seja, emitem um comando, 
prescrevendo como os indivíduos devem se conduzir na vida comunitária e, em caso de 
violação, comina pena aos infratores. 
Quando um cidadão, qualquer que seja sua nacionalidade, raça, sexo, crença, 
idade ou profissão, sofre atentado ou violação em sua vida, liberdade, integridade física, 
psicológica e outros, a lei comina pena aos seus autores. 
1.3 O Interesse do Brasil no Direito Internacional 
O Brasil, como qualquer outro País, não é autossuficiente em seus recursos 
econômicos ou independente em sua relação de cooperação com os demais Países. 
O crescimento sócio-político-financeiro dos brasileiros depende diretamente de 
sua credibilidade internacional. 
A imagem do País está diretamente ligada à “prevalência dos Direitos 
Humanos”. Negá-la é, sobretudo, concorrer para dificultar a complexa relação 
internacional. 
DIREITOS HUMANOS 
 
11 | P á g i n a 
 
2. Estudos dos Principais Tratados e Demais Instrumentos Globais Referentes aos 
Direitos Humanos 
Durante o estudo da disciplina DIREITOS HUMANOS, possibilitaremos a 
discussão dos principais valores inseridos nos Instrumentos Internacionais de Direitos 
Humanos relacionados à atividade policial, a saber: 
a. Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH); 
b. Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei 
(CCEAL); 
c. Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos 
Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei; 
d. Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou 
Degradantes; 
e. Conjunto de Princípios para a Proteção de Todas as Pessoas sujeitas a qualquer 
forma de Detenção ou Prisão. 
Na presente unidade, abordaremos a Declaração Universal Dos Direitos 
Humanos e, nas seguintes, os demais documentos internacionais. 
2.1 Declaração Universal dos Direitos Humanos 
• Proclamada e adotada pela ONU, Assembleia Geral, em 10 de dezembro de 1948, 
através da resolução 217 A (III), em Paris. 
A DUDH não é um Tratado Internacional, por sua própria nomenclatura, 
trata-se de DECLARAÇÃO. 
• Constitui-se de norma declaratória dos direitos de preservação da espécie humana, 
universalmente reconhecida. 
• É um verdadeiro marco na filosofia humanística de orientação e interpretação dos 
princípios consagrados na Carta da ONU. 
A DUDH passou a ser entendida como instrumento altamente importante para a 
defesa da civilidade de todos, com evidência clara no respeito à vida, liberdade e afins. 
A normativa internacional considera que, à época, “estaria havendo total 
desrespeito e até desprezo pelos direitos do homem” com progressão para atos de 
barbárie e ultraje da dignidadehumana. 
DIREITOS HUMANOS 
 
12 | P á g i n a 
 
Assim, a Declaração nascia como forma essencial de ruptura nas costumeiras 
versões aplicadas de tirania e opressão como escravagista fonte de domínio do homem 
pelo homem. 
Os comentários da civilizatória Declaração chama a atenção de que ―... algo 
determinante para mudanças haveria de ser feito para que o homem, mais tarde, não 
contemplasse a rebelião como única solução para livrar-se do terror”. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos dispõe que ―[...] os direitos do 
homem sejam protegidos pelo império da lei‖ [...] e suas aplicações veiculadas pela 
multidisciplinaridade. Partindo destes princípios, podemos destacar alguns artigos, com 
maior pertinência para a Segurança Pública, de forma sucinta: 
• Art. 1º - Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidades e em direitos. 
São dotadas de razão e de consciência e devem agir em relação umas às outras com 
espírito de fraternidade. 
• Art. 2º - [...] capacidade para exercer direitos e liberdades sem distinção de 
qualquer espécie [...]; 
• Art. 3º - [...] direito à vida, liberdade e segurança pessoal; 
• Art. 4º - [...] proibição, em todas as suas formas, da Escravidão e tráfico de 
escravos; 
• Art. 5º. – [...] proibição da tortura e de tratamento cruel desumano ou 
degradante; 
• Art. 6º. - O homem reconhecido como pessoa, legalmente; 
• Art. 7º. – Todos são iguais perante a lei [...] (Princípio da igualdade ou da 
isonomia); 
• Art. 8º. – Direito aos Tribunais competentes, com isenção. 
• Art. 9º. - proibição da prisão arbitrária; 
• Art.10º. - Direito a um julgamento imparcial; 
• Art.11º. - Presunção de inocência (O Estado garantirá a inocência até que se 
prove a culpa); 
• Art.12º. – Direito a não receber ataques a sua honra ou reputação; 
• Art.13º. – Direito de liberdade de locomoção; 
• Art.17º. – Direito de propriedade; 
• Art. 18º. – Direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; 
• Art. 19º. - Direito à liberdade de opinião e expressão; 
DIREITOS HUMANOS 
 
13 | P á g i n a 
 
• Art. 20º. – Direito à liberdade de reunião e associação pacíficas; 
• Art. 22º. – Direito à segurança social, econômica e cultural indispensáveis ao 
seu desenvolvimento e dignidade; 
a) Valores 
Valores como igualdade, fraternidade, presunção da inocência, propriedade, 
privacidade, liberdade de pensamento, opinião, consciência e religião, segurança social, 
esforço nacional pela cooperação internacional, direitos econômicos, sociais e culturais 
indispensáveis à dignidade humana e ao livre desenvolvimento de sua personalidade, 
são elementos constitutivos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
Nota-se que o Brasil, na Constituição de 05 Out. 1988, incluiu em seu bojo os 
valores acima estudados, principalmente no Art. 5º, como Direitos e Garantias 
Fundamentais. 
Assim, passou a resgatar credibilidade internacional como membro da ONU. 
b) Violações 
Ações como escravagismo, tortura e prisão ilegal são tratadas como violações da 
dignidade humana. As leis brasileiras passaram a tratar esses atos de forma específica, 
cominando penas aos transgressores, todavia acreditamos que, apenas o conhecimento 
da lei e punições não constituam motivações determinantes para que tais violações não 
ocorram. 
3. Conclusão 
 O Brasil, perante a comunidade internacional, a partir de 1988, ao promulgar a Carta 
Constitucional, deixou claro que adoção e apoio aos tratados significariam bem mais 
que agregar ―letras mortas‖. 
 A fluidez da civilidade clama por andarmos com os próprios pés, com realidade, 
independência e soberania, sobretudo comprometidas no resgate de valores e correções 
de violações, que ainda nos assolam. 
 Hoje, tratados internacionais e leis internas completam-se, em favor da preservação 
da espécie humana perante o Estado Democrático de Direito; contudo, no plano fático o 
caminho é pedregoso, porém transponível. 
 Normativa Internacional e Leis Internas são imperiosas para a introjeção de seus 
valores através da Educação de nosso povo. 
DIREITOS HUMANOS 
 
14 | P á g i n a 
 
 A Carta magna é sábia em manter acesas as discussões sobre seus princípios em 
nossas escolas. A Constituição Federal, em seu art. 5º, passou a adotar vários princípios 
contemplados na Normativa Internacional e, assim, resgatou credibilidade e 
possibilidades de avançarmos como País civilizado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS... 
 
A íntegra da ―Declaração Universal dos Direitos Humanos‖ consta desta 
Apostila, nos Anexos. 
Ainda, no site www.dhnet.gov.br e outros poderão encontrar informações 
sobre a Comissão interamericana e a Corte internacional de Direitos Humanos. 
 
http://www.dhnet.gov.br/
DIREITOS HUMANOS 
 
15 | P á g i n a 
 
 
Aula 3 – Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela 
Aplicação da Lei; Conduta Ética e Legal na Aplicação da Lei. 
 
Ao final desta aula você será capaz de: 
 Demonstrar a relação entre a cidadania do profissional da área de segurança 
pública e o fortalecimento da sua identidade social, profissional e institucional; 
 Reconhecer a inserção dos Direitos Humanos como Política Pública no Brasil e 
a inclusão na Política Nacional de Segurança Pública; 
 Reconhecer e debater os princípios constitucionais e as normas de Direitos 
Humanos que regem a atividade do profissional da área de segurança pública; 
 Correlacionar os instrumentos normativos dos Direitos Humanos com a 
atividade policial. 
1. Conduta Ética e Legal na Aplicação da Lei 
A conduta do Policial Militar deverá estar pautada no Estado Democrático de 
Direito, com enfoque moral e ético centrado nos valores da cidadania, na promoção e 
defesa dos Direitos Humanos. 
Esses valores éticos, legais, morais e emocionais devem estar presentes em toda 
sua vida profissional e pessoal. Como representante do Estado, ao Policial Militar cabe 
o exercício exemplar em todas as suas ações, diante da sociedade em que é partícipe. 
ÉTICA – (Ethikos) Palavra de origem grega, cujo significado pertence ao (ethos), 
ou seja, "bom costume", ―com caráter‖, ―bons hábitos‖ etc. 
LEGAL – Estado Democrático de Direitos, ou seja, em conformidade com as leis 
vigentes, aprovadas no Congresso e sancionadas pelo chefe do poder Executivo, todos 
escolhidos pelo povo. 
Estudiosos assinalam que Ética e moral podem ser diferenciados. 
Moral tem fundamentos em valores na obediência a costumes e hábitos criados. 
Ética fundamenta as ações morais especificamente pela razão, ou seja, pela 
racionalidade humana. 
No que tange ao Emocional, o Policial Militar tem o Direito de estar equipado 
apropriadamente e possuir um treinamento condizente com as suas atividades de forma 
eficaz e contínua, possuir condições dignas de trabalho e ter a preocupação institucional 
pelo seu bem estar físico, psicológico e social, para que possa desempenhar de maneira 
equilibrada, consciente e coerente as suas atividades policiais. 
AO FINAL DESTA AULA, VOCÊ DEVERÁ: 
DIREITOS HUMANOS 
 
16 | P á g i n a 
 
No conjunto de matérias elencadas para a formação do Policial Militar 
encontramos o ―Controle de estresse‖ e ―Ética‖, onde serão ministrados assuntos 
valorosos por profissionais competentes. 
1.1 Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei 
(CCEAL) e Conduta Ética e Legal na Aplicação da Lei 
Abaixo, na íntegra, o ―Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis 
pela Aplicação da Lei (CCEAL); Conduta Ética e Legal na Aplicação da Lei”. 
Resolução 34/169 da Assembleia Geral das Nações Unidas em 17 de dezembro de 
1979. 
Artigo 1 - Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem cumprir, a 
todo o momento, o dever que a lei lhes impõe, servindo a comunidade e protegendo 
todas as pessoas contra atos ilegais, em conformidade com o elevado grau de 
responsabilidade que a sua profissão requer. 
Comentário:A. A expressão «funcionários responsáveis pela aplicação da lei» inclui todos os 
agentes da lei, quer nomeados, quer eleitos, que exerçam poderes de polícia, 
especialmente poderes de prisão ou detenção. 
B. Nos países onde os poderes policiais são exercidos por autoridades militares, quer em 
uniforme, quer não, ou por forças de segurança do Estado, a definição dos funcionários 
responsáveis pela aplicação da lei incluirá os funcionários de tais serviços. 
C. O serviço à comunidade deve incluir, em particular, a prestação de serviços de 
assistência aos membros da comunidade que, por razões de ordem pessoal, econômica, 
social e outras emergências, necessitam de ajuda imediata. 
D. A presente disposição visa, não só todos os atos violentos, destruidores e 
prejudiciais, mas também a totalidade dos atos proibidos pela legislação penal. É 
igualmente aplicável à conduta de pessoas não susceptíveis de incorrerem em 
responsabilidade criminal. 
Artigo 2. - No cumprimento do seu dever, os funcionários responsáveis pela 
aplicação da lei devem respeitar e proteger a dignidade humana, manter e apoiar os 
direitos fundamentais de todas as pessoas. 
Comentário: 
A. Os direitos do homem em questão são identificados e protegidos pelo direito 
nacional e internacional. De entre os instrumentos internacionais relevantes contam-se a 
DIREITOS HUMANOS 
 
17 | P á g i n a 
 
Declaração Universal dos Direitos Humano, o Pacto Internacional sobre os Direitos 
Civis e Políticos, a Declaração sobre a Proteção de Todas as Pessoas contra a Tortura e 
Outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, a Declaração das 
Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, a 
Convenção Internacional sobre a Supressão e Punição do Crime de Apartheid, a 
Convenção sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio, as Regras Mínimas 
para o Tratamento de Reclusos, e a Convenção de Viena sobre Relações Consulares. 
B. Os comentários nacionais a esta cláusula devem indicar as provisões regionais ou 
nacionais que definem e protegem estes direitos. 
Artigo 3 - Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei só podem empregar 
a força quando tal se afigure estritamente necessário e na medida exigida para o 
cumprimento do seu dever. 
Comentário: 
A. Esta disposição salienta que o emprego da força por parte dos funcionários 
responsáveis pela aplicação da lei deve ser excepcional. Embora admita que estes 
funcionários possam estar autorizados a utilizar a força na medida em que tal seja 
razoavelmente considerado como necessário, tendo em conta as circunstâncias, para a 
prevenção de um crime ou para deter ou ajudar à detenção legal de delinquentes ou de 
suspeitos, qualquer uso da força fora deste contexto não é permitido. 
B. A lei nacional restringe normalmente o emprego da força pelos funcionários 
responsáveis pela aplicação da lei, de acordo com o princípio da proporcionalidade. 
Deve-se entender que tais princípios nacionais de proporcionalidade devem ser 
respeitados na interpretação desta disposição. A presente disposição não deve ser em 
nenhum caso, interpretada no sentido da autorização do emprego da força em 
desproporção com o legítimo objetivo a atingir. 
C. O emprego de armas de fogo é considerado uma medida extrema. Devem fazer-se 
todos os esforços no sentido de excluir a utilização de armas de fogo, especialmente 
contra as crianças. 
Em geral, não deverão utilizar-se armas de fogo, exceto quando um suspeito 
ofereça resistência armada, ou quando, de qualquer forma coloque em perigo vidas 
alheias e não haja suficientes medidas menos extremas para dominá-lo ou deter. Cada 
vez que uma arma de fogo for disparada, deverá informar-se prontamente às autoridades 
competentes. 
DIREITOS HUMANOS 
 
18 | P á g i n a 
 
Artigo 4 - As informações de natureza confidencial em poder dos funcionários 
responsáveis pela aplicação da lei devem ser mantidas em segredo, a não ser que o 
cumprimento do dever ou as necessidades da justiça estritamente exijam outro 
comportamento. 
Comentário: 
A. Devido à natureza dos seus deveres, os funcionários responsáveis pela aplicação da 
lei obtêm informações que podem relacionar-se com a vida particular de outras pessoas 
ou ser potencialmente prejudiciais aos seus interesses e especialmente à sua reputação. 
Deve-se ter a máxima cautela na salvaguarda e utilização dessas informações as quais 
só devem ser divulgadas no desempenho do dever ou no interesse. Qualquer divulgação 
dessas informações para outros fins é totalmente abusiva. 
Artigo 5 - Nenhum funcionário responsável pela aplicação da lei pode infligir, 
instigar ou tolerar qualquer ato de tortura ou qualquer outra pena ou tratamento cruel, 
desumano ou degradante, nem invocar ordens superiores ou circunstanciais 
excepcionais, tais como o estado de guerra ou uma ameaça à segurança nacional, 
instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública como justificação 
para torturas ou outras penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. 
 
Comentário: 
A. Esta proibição decorre da Declaração sobre a Proteção de Todas as Pessoas contra a 
Tortura e outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, adotada 
pela Assembleia Geral, de acordo com a qual: «tal ato é uma ofensa contra a dignidade 
humana e será condenado como uma negação aos propósitos da Carta das Nações 
Unidas e como uma violação aos direitos e liberdades fundamentais afirmados na 
Declaração Universal dos Direitos do Homem (e noutros instrumentos internacionais 
sobre os direitos do homem)». 
B. A Declaração define tortura da seguinte forma: Tortura significa qualquer ato pelo 
qual uma dor violenta ou sofrimento físico ou mental é imposto intencionalmente a uma 
pessoa por um funcionário público, ou por sua instigação, com objetivos tais como 
obter dela ou de uma terceira pessoa informação ou confissão, puni-la por um ato que 
tenha cometido ou se supõe tenha cometido, ou intimidá-la a ela ou a outras pessoas. 
“Não se considera tortura a dor ou sofrimento apenas resultante, inerente ou 
consequência de sanções legítimas, na medida em que sejam compatíveis com as 
Regras Mínimas para o Tratamento de Reclusos”. 
DIREITOS HUMANOS 
 
19 | P á g i n a 
 
C. A expressão «penas ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes» não foi 
definida pela Assembleia Geral, mas deve ser interpretada de forma a abranger uma 
proteção tão ampla quanto possível contra abusos, quer físico quer mental. 
Artigo 6 - Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem assegurar a 
proteção da saúde das pessoas à sua guarda e, em especial, devem tomar medidas 
imediatas para assegurar a prestação de cuidados médicos sempre que tal seja 
necessário. 
Comentário: 
A. «Cuidados Médicos», significando serviços prestados por qualquer pessoal médico, 
incluindo médicos diplomados e paramédicos, devem ser assegurados quando 
necessários ou solicitados. 
B. Embora o pessoal médico esteja geralmente adstrito aos serviços de aplicação da lei, 
os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem tomar em consideração a 
opinião de tal pessoal, quando este recomendar que deva proporcionar-se à pessoa 
detida tratamento adequado, através ou em colaboração com pessoal médico não 
adstrito aos serviços de aplicação da lei. 
C. Subentende-se que os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem 
assegurar também cuidados médicos às vítimas de violação da lei ou de acidentes que 
dela decorram. 
Artigo 7 - Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem cometer 
qualquer ato de corrupção. Devem, igualmente, opor se rigorosamente e combater todos 
os atos desta índole. 
Comentários: 
A. Qualquer ato de corrupção, tal como qualquer outro abuso de autoridade, é 
incompatível com a profissão de funcionário responsável pela aplicação da lei. A lei 
deve ser aplicada na íntegra em relaçãoa qualquer funcionário que cometa um ato de 
corrupção, dado que os Governos não podem esperar aplicar a lei aos cidadãos se não a 
puderem ou quiserem aplicar aos seus próprios agentes e dentro dos seus próprios 
organismos. 
B. Embora a definição de corrupção incumba a sujeição à legislação nacional, devem 
entender-se como incluindo tanto a execução ou a omissão de um ato, praticado pelo 
responsável, no desempenho das suas funções ou com estes relacionados, em virtude de 
DIREITOS HUMANOS 
 
20 | P á g i n a 
 
ofertas, promessas ou vantagens, pedidas ou aceitos, como a aceitação ilícita destas, 
uma vez a ação cometida ou omitida. 
C. A expressão «ato de corrupção», anteriormente referida, deve ser entendida no 
sentido de abranger tentativas de corrupção. 
Artigo 8 - Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem respeitar a lei 
e o presente Código. Devem, também, na medida das suas possibilidades, evitar e opor-
se vigorosamente a quaisquer violações da lei ou do Código. 
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei que tiverem motivos para 
acreditar que se produziu ou irá produzir uma violação deste Código, devem comunicar 
o fato aos seus superiores e, se necessário, a outras autoridades com poderes de controle 
ou de reparação competentes. 
Comentários: 
A. Este Código será observado sempre que tenha sido incorporado na legislação ou na 
prática nacionais. Se a legislação ou a prática contiverem disposições mais limitativas 
do que as do atual Código, devem observar-se essas disposições mais limitativas. 
B. O presente artigo procura preservar o equilíbrio entre a necessidade de disciplina 
interna do organismo do qual, em larga escala, depende a segurança pública, por um 
lado, e a necessidade de, por outro lado, tomar medidas em caso de violações dos 
direitos humanos básicos. Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem 
informar das violações os seus superiores hierárquicos e tomar medidas legítimas sem 
respeitar a via hierárquica somente quando não houver outros meios disponíveis ou 
eficazes. Subentende-se que os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não 
devem sofrer sanções administrativas ou de outra natureza pelo fato de terem 
comunicado que se produziu ou que está prestes a produzir-se uma violação deste 
Código. 
C. A expressão «autoridade com poderes de controle e de reparação competentes» 
refere-se a qualquer autoridade ou organismo existente ao abrigo da legislação nacional, 
quer esteja integrado nos organismos de aplicação da lei quer seja independente destes, 
com poderes estatutários, consuetudinários ou outros para examinarem reclamações e 
queixas resultantes de violações deste Código. 
D. Nalguns países pode considerar-se que os meios de comunicação social («mass 
media») desempenham funções de controle, análogas às descritas na alínea anterior. 
Consequentemente, os funcionários responsáveis pela aplicação da lei poderão como 
DIREITOS HUMANOS 
 
21 | P á g i n a 
 
último recurso e com respeito pelas leis e costumes do seu país e pelo disposto no artigo 
4 do presente Código, levar as violações à atenção da opinião pública através dos meios 
de comunicação social. 
E. Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei que cumpram as disposições deste 
Código merecem o respeito, o total apoio e a colaboração da comunidade em que 
exercem as suas funções, do organismo de aplicação da lei no qual servem e dos demais 
funcionários responsáveis pela aplicação da lei. 
ACONTECEU... 
 
GLOBO.COM 
04/12/2014 07h19 – Policial Militar pode ser expulso após tirar fotos com cinco jovens nuas em 
viatura. 
Identidades do policial e das jovens ainda são desconhecidas. 
Policial pode responder a processo administrativo exoneratório, diz Polícia Militar. 
Policial pode ser expulso após tirar fotos com jovens nuas em viatura (Foto: Reprodução) 
Fotos que mostram um grupo de mulheres posando nuas e seminuas ao lado de um policial e 
sobre uma viatura da Polícia Militar Ambiental começaram a circular pelas redes sociais na noite 
desta quarta-feira (3). De acordo com informações da polícia, apesar de o veículo estar parcialmente 
coberto, ele foi identificado e faz parte de uma região que compreende o litoral e a Grande São 
Paulo. Segundo a polícia, as identidades do policial e das jovens ainda são desconhecidas, assim 
como a localização exata do veículo. 
Nas imagens, é possível ver cinco jovens nuas fazendo diversas poses em cima de um pick-up 
e acompanhadas de um policial militar fardado. A placa da viatura está coberta com um pano, assim 
como outros detalhes, mas os artifícios não são suficientes para descaracterizar o veículo oficial. O 
G1 entrou em contato com o setor de comunicação da Polícia Militar e enviou as fotos para a 
corporação, que ainda não tem conhecimento de onde exatamente as imagens foram registradas. 
Por meio de nota, a Polícia Militar afirma que tomou ciência dos fatos e que irá apurá-los 
com o máximo rigor. O policial militar, sendo identificado, irá responder a um processo 
administrativo exoneratório, que poderá acarretar em sua expulsão da instituição. 
Observe que: Ao que parece, a conduta ética e moral do possível policial 
militar, ainda não identificado, será objeto de apuração pela Corregedoria de Polícia 
Militar de São Paulo, o que poderá concorrer para sua expulsão. Ao envolver 
identidade, viatura e uniforme, publicamente, em situação vexatória, desmoralizante 
e vulgar, o autor deixou claro o completo despreparo para o exercício da profissão, 
ferindo o pundonor Policial Militar. 
 
 
DIREITOS HUMANOS 
 
22 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS... 
 
No anexo desta Apostila, estamos deixando a íntegra do CCEAL, com: 
- Princípios Orientadores para a aplicação Efetiva do Código de Conduta para os 
Funcionários Responsáveis Pela Aplicação da Lei, adotados pelo Conselho 
Econômico e Social das Nações Unidas na sua resolução 1989/61, de 24 de Maio de 
1989. 
I. Aplicação do Código 
II. Implementação do Código 
 - NÍVEL NACIONAL 
 - NÍVEL INTERNACIONAL 
 
DIREITOS HUMANOS 
 
23 | P á g i n a 
 
 
Aula 4 – Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e Armas de 
Fogo pelos Responsáveis pela Aplicação da Lei (PBUFAF). 
 
Ao final desta aula você será capaz de: 
 Refletir sobre o servir e proteger em se tratando da Defesa Social para a 
orientação de suas atividades policiais; 
 Demonstrar a relação entre a cidadania do profissional da área de Segurança 
Pública e o fortalecimento da sua identidade social, profissional e institucional; 
 Reconhecer a inserção dos Direitos Humanos como Política Pública no Brasil e 
a inclusão na Política Nacional de Segurança Pública; 
 Reconhecer e debater os princípios constitucionais e as normas dos Direitos 
Humanos que regem a atividade do profissional da área de Segurança Pública; 
 Conhecer parâmetros legais sobre o uso da força e de armas na operacionalidade 
do Policial Militar. 
1. Praticidade Fundamentada na Normativa Internacional de Direitos Humanos e 
nas Leis Internas, no que Concerne ao Exercício da Função Policial Militar. 
O exercício profissional responsável pela aplicação da lei constitui altíssima 
relevância para a Segurança Pública e, em decorrência, para o crescimento de pessoas e 
instituições. 
Não há sociedade evolutiva sem segurança, e sua oferta inadequada interfere na 
qualidade de vida da população, em todos os níveis. 
O apuro técnico na formação continuada e a constante revisão nas condições de 
trabalho dos Policiais Militares devem ser temas constantes na agenda dos chefes, 
diretores e comandantes. 
A Normativa internacional da ONU (Organização das Nações Unidas), em que o 
Brasil é membro, prevê, ainda, a responsabilidade dos Governantes para com a Vida e a 
Liberdade de todos. 
A ameaça contra a vida e à Segurança dosPoliciais é considerada ―[...] uma 
ameaça à estabilidade da sociedade no seu todo‖. 
Policial ameaçado, agredido, violado em seus direitos configura Crime contra os 
Estados Democráticos de Direito e a inarredável DEMOCRACIA. 
O ―Papel do Policial Militar‖, na sociedade, por relevância social e empenho na 
manutenção da ordem e segurança pública de todos, requer das autoridades constituídas, 
viabilidade e imposição nas qualificações, formação e conduta dos mesmos. 
AO FINAL DESTA AULA, VOCÊ DEVERÁ: 
DIREITOS HUMANOS 
 
24 | P á g i n a 
 
Em situação de conflito, com evidente ameaça de integridade física, própria ou de 
outrem, o Policial terá a obrigação funcional de atuar. 
Neste mister, o uso da força e arma de fogo, se houver necessidade, deverão 
ocorrer dentro dos chamados ―meios necessários‖ para conter a agressão, ou seja, ―[...] 
funcionários só podem utilizar a força quando for estritamente necessário e somente na 
medida exigida para o desempenho das suas funções‖. 
O uso da força e de armas de fogo por Policiais Militares é restrito ao respeito aos 
―Direitos do Homem‖, já que a vida constitui o mais elementar e inalienável bem, 
defendido pela normativa Internacional da ONU, em que somos membros e devemos 
―atenção particular‖, bem como às leis internas do País. 
Consta na Normativa Internacional, ainda que ―Os Governos devem ter em conta 
os Princípios Básicos a seguir enunciados, que foram formulados tendo em vista 
auxiliar os Estados membros a garantirem e a promoverem o verdadeiro papel dos 
funcionários responsáveis pela aplicação da lei, a observá-los no quadro das respectivas 
legislação e prática nacionais e a submetê-los à atenção dos funcionários responsáveis 
pela aplicação da lei, bem como de outras pessoas como os juízes, os magistrados do 
Ministério Público, os advogados, os representantes do poder executivo e do poder 
legislativo e o público em geral‖. 
1.1 Princípios Básicos Sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos 
Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
PRINCÍPIO 1 
Os Governos e os organismos de aplicação da lei devem adotar e aplicar regras 
sobre a utilização da força e de armas de fogo contra as pessoas, por parte dos 
funcionários responsáveis pela aplicação da lei. 
Ao elaborarem essas regras, os Governos e os organismos de aplicação da lei 
devem manter, sob permanente avaliação as questões éticas ligadas à utilização da força 
e de armas de fogo. 
PRINCÍPIO 2 
Os Governos e os organismos de aplicação da lei devem desenvolver um leque de 
meios tão amplos quanto possível e habilitar os funcionários responsáveis pela 
aplicação da lei com diversos tipos de armas e de munições, que permitam uma 
DIREITOS HUMANOS 
 
25 | P á g i n a 
 
utilização diferenciada da força e das armas de fogo. Para o efeito, deveriam ser 
desenvolvidas armas neutralizadoras não letais, para uso nas situações apropriadas, 
tendo em vista limitar de modo crescente o recurso a meios que possam causar a morte 
ou lesões corporais. 
Para o mesmo efeito, deveria também ser possível dotar os funcionários 
responsáveis pela aplicação da lei de equipamentos defensivos, tais como escudos, 
viseiras, coletes antibalas e veículos blindados, a fim de se reduzir a necessidade de 
utilização de qualquer tipo de armas. 
PRINCÍPIO 3 
O desenvolvimento e utilização de armas neutralizadoras não letais deveria ser 
objeto de uma avaliação cuidadosa, a fim de reduzir ao mínimo os riscos com relação a 
terceiros, e a utilização dessas armas deveria ser submetida a um controlo estrito. 
PRINCÍPIO 4 
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei, no exercício das suas funções, 
devem, na medida do possível, recorrer a meios não violentos antes de utilizarem a 
força ou armas de fogo. Só poderão recorrer à força ou a armas de fogo se outros meios 
se mostrarem ineficazes ou não permitirem alcançar o resultado desejado. 
PRINCÍPIO 5 
Sempre que o uso legítimo da força ou de armas de fogo seja indispensável, os 
funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem: 
A. Utilizá-las com moderação e a sua ação deve ser proporcional à gravidade da 
infração e ao objetivo legítimo a alcançar; 
B. Esforçar-se por reduzirem ao mínimo os danos e lesões e respeitarem e preservarem 
a vida humana;·. 
C. Assegurar a prestação de assistência e socorros médicos às pessoas feridas ou 
afetadas, tão rapidamente quanto possível; 
D. Assegurar a comunicação da ocorrência à família ou pessoas próximas da pessoa 
ferida ou afetada, tão rapidamente quanto possível. 
PRINCÍPIO 6 
Sempre que da utilização da força ou de armas de fogo pelos funcionários 
responsáveis pela aplicação da lei resultem lesões ou a morte, os responsáveis farão um 
relatório da ocorrência aos seus superiores, de acordo com o princípio 22. 
DIREITOS HUMANOS 
 
26 | P á g i n a 
 
PRINCÍPIO 7 
Os Governos devem garantir que a utilização arbitrária ou abusiva da força ou de 
armas de fogo pelos funcionários responsáveis pela aplicação da lei seja punida como 
infracção penal, nos termos da legislação nacional. 
PRINCÍPIO 8 
Nenhuma circunstância excepcional, tal como a instabilidade política interna ou o 
estado de emergência, pode ser invocada para justificar uma derrogação dos presentes 
Princípios Básicos. 
PRINCÍPIO 9 
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem fazer uso de armas 
de fogo contra pessoas, salvo em caso de legítima defesa, defesa de terceiros contra 
perigo iminente de morte ou lesão grave, para prevenir um crime particularmente grave, 
que ameace vidas humanas, para proceder à detenção de pessoa que represente essa 
ameaça e que resista à autoridade, ou impedir a sua fuga, e somente quando medidas 
menos extremas se mostrem insuficientes para alcançarem aqueles objetivos. Em 
qualquer caso, só devem recorrer intencionalmente à utilização letal de armas de fogo 
quando isso seja estritamente indispensável para proteger vidas humanas. 
PRINCÍPIO 10 
Nas circunstâncias referidas no princípio 9, os funcionários responsáveis pela 
aplicação da lei devem identificar-se como tal e fazer uma advertência clara da sua 
intenção de utilizarem armas de fogo, deixando um prazo suficiente para que o aviso 
possa ser respeitado, exceto se esse modo de proceder colocar indevidamente em risco a 
segurança daqueles responsáveis implicar um perigo de morte ou lesão grave para 
outras pessoas ou se mostrar manifestamente inadequado ou inútil, tendo em conta as 
circunstâncias do caso. 
PRINCÍPIO 11 
As normas e regulamentações relativas à utilização de armas de fogo pelos 
funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem incluir diretrizes que: 
A. Especifiquem as circunstâncias nas quais os funcionários responsáveis pela 
aplicação da lei sejam autorizados a transportar armas de fogo e prescrevam os tipos de 
armas de fogo e munições autorizados; 
B. Garantam que as armas de fogo sejam utilizadas apenas nas circunstâncias 
adequadas e de modo a reduzir ao mínimo o risco de danos inúteis; 
DIREITOS HUMANOS 
 
27 | P á g i n a 
 
C. Proíbam a utilização de armas de fogo e de munições que provoquem lesões 
desnecessárias ou representem um risco injustificado; 
D. Regulamentem o controle, armazenamento e distribuição de armas de fogo e 
prevejam nomeadamente procedimentos de acordo com os quais os funcionários 
responsáveis pela aplicação da lei devam prestar contas de todas as armas e munições 
que lhes sejam distribuídas; 
E. Prevejam as advertências a efetuar, sendo caso disso, se houver utilização de 
armas de fogo; 
F. Prevejam um sistema de relatórios de ocorrência, sempre que os funcionários 
responsáveis pela aplicação da lei utilizem armas de fogo no exercício das suas funções. 
MANUTENÇÃO DA ORDEM EM CASO DE REUNIÕES ILEGAIS 
PRINCÍPIO 12 
Dado que a todos é garantido o direito de participação em reuniões lícitas e 
pacíficas, de acordocom os princípios enunciados na Declaração Universal dos Direitos 
do Homem e no Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, os Governos e 
os serviços e funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem reconhecer que a 
força e as armas de fogo só podem ser utilizadas de acordo com os princípios 13 e 14. 
PRINCÍPIO 13 
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem esforçar-se por 
dispersar as reuniões ilegais, mas não violentas sem recurso à força e, quando isso não 
for possível, limitar a utilização da força ao estritamente necessário. 
PRINCÍPIO 14 
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei só podem utilizar armas de 
fogo para dispersarem reuniões violentas se não for possível recorrer a meios menos 
perigosos, e somente nos limites do estritamente necessário. Os funcionários 
responsáveis pela aplicação da lei não devem utilizar armas de fogo nesses casos, salvo 
nas condições estipuladas no princípio 9. 
DIREITOS HUMANOS 
 
28 | P á g i n a 
 
ACONTECEU... 
 
O GLOBO/COM Agências Internacionais - Procurador geral, Eric Holder, apresentou plano 
de reformas no treinamento na força policial da cidade. 
Eric Holder. Procurador geral anunciou plano de reformas no treinamento da polícia de 
Cleveland - MARK WILSON / AFP 
 
CLEVELAND, Ohio — Policiais de Cleveland usam força excessiva e desnecessária com 
frequência, são mal treinados em técnicas de abordagem e uso de armas de fogo, e colocam a 
população e seus companheiros de trabalho em perigo com atitudes inconsequentes, afirmou o 
departamento americano de Justiça em um relatório apresentado nesta quinta-feira pelo 
procurador geral Eric Holder. O departamento e o prefeito de Cleveland, Frank 
Jackson, assinaram um acordo nesta quinta se comprometendo a trabalhar juntos e 
buscar um monitor indicado por um tribunal para supervisionar as reformas no 
sistema policial da cidade. 
O departamento concluiu que um padrão de uso da força inconsequente e excessivo tem sido 
repetido pelos policiais, e expressaram preocupações com as práticas de busca e apreensão da polícia 
local. O relatório afirma ainda que os frequentes abusos de direitos civis são decorrentes de 
táticas mal assimiladas, treinamento inadequado e pouca supervisão e prestação de contas. 
―Vimos muitos incidentes em que policiais balearam alguém acidentalmente, seja por que 
dispararam suas armas por acidente ou porque alvejaram as pessoas erradas‖, diz o relatório, que 
afirma que o uso excessivo da força gerou uma aura de desconfiança sobre a polícia de 
Cleveland, especialmente entre as comunidades negras. 
As investigações foram motivadas por casos de bastante destaque, como a morte de dois 
suspeitos desarmados que foram depois que policiais dispararam 137 tiros contra um 
carro durante uma perseguição, em novembro de 2012. Na semana passada, 
centenas de pessoas fecharam uma autoestrada em protesto à morte de um 
menino negro de 12 anos, morto por um policial branco quando brincava em 
um parque com uma arma de brinquedo. 
 
 
SAIBA MAIS... 
 
Em anexo, o aluno poderá encontrar a Portaria Interministerial No- 4.226, de 31 de 
dezembro de 2010, a qual mantém disciplinada a forma adequada de uso da força e de armas de 
fogo com devido controle pelo Estado. 
 
DIREITOS HUMANOS 
 
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ACONTECEU... 
 
A Prefeitura e o Departamento de Justiça irão negociar um acordo que será enviado a um juiz 
federal detalhando as reformas, que incluirão a nomeação de um monitor independente. Um 
comunicado assinado por Jackson, pela Vice Procuradora geral, Vanita Gupta, e pelo procurador do 
Norte de Ohio, Steven Dettelbach afirma que o prefeito, o diretor de segurança da cidade e o 
chefe da polícia local “manterão autoridade absoluta” para conduzir a força policial de 
Cleveland. O relatório foi anunciado num momento em que os Estados Unidos vivem um clima de 
tensão em várias cidades, após casos de vítimas negras desarmadas mortas por policiais brancos, 
principalmente em Nova York e Ferguson, no Missouri. 
 
Observe que: O mundo moderno não suporta mais conviver com a barbárie no uso da força e armas 
de fogo. Pressões e tomadas de posição pela sociedade organizada para treinamento adequado de 
policiais ocorrem em todo mundo. A matéria acima é vasta em tal comprovação. No Brasil, a Senasp 
publicou a Portaria Interministerial No- 4.226, de 31 de dezembro de 2010, para treinamento e 
controle no uso da força e armas de fogo. Recentemente, um Oficial da PMERJ foi condenado e 
excluído da corporação por atirar num veículo particular em fuga e baleado uma Oficial do quadro 
de saúde das Forças Armadas que, em decorrência, veio a óbito. 
 
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Aula 5 – Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e Armas de 
Fogo pelos Responsáveis pela Aplicação da Lei (PBUFAF). Princípios 
15 ao 24 e Reuniões, Manifestações e Protestos 
 
 
Ao final desta aula você será capaz de: 
 Reconhecer e debater os princípios constitucionais e as normas dos Direitos 
Humanos que regem a atividade do profissional da área de Segurança Pública; 
 Conhecer parâmetros legais sobre uso da força e de armas de fogo na 
operacionalidade do Policial Militar e por ocasião de reuniões, manifestações e 
protestos. 
 
1. Praticidade Fundamentada na Normativa Internacional de Direitos Humanos e 
nas Leis Internas, no que Concerne ao Exercício da Função Policial Militar. 
 
MANUTENÇÃO DA ORDEM ENTRE PESSOAS DETIDAS OU PRESAS 
PRINCÍPIO 15 
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem utilizar a força na 
relação com pessoas detidas ou presas, exceto se isso for indispensável para a 
manutenção da segurança e da ordem nos Estabelecimentos penitenciários, ou quando a 
segurança das pessoas esteja ameaçada. 
PRINCÍPIO 16 
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei não devem utilizar armas de 
fogo na relação com pessoas detidas ou presas, exceto em caso de legítima defesa ou 
para defesa de terceiros contra perigo iminente de morte ou lesão grave, ou quando essa 
utilização for indispensável para impedir a evasão de pessoa detida ou presa 
representando o risco referido no princípio 9. 
PRINCÍPIO 17 
Os princípios precedentes entendem-se sem prejuízo dos direitos, deveres e 
responsabilidades dos funcionários dos estabelecimentos penitenciários, tal como são 
enunciados nas Regras Mínimas para o Tratamento de Presos, em particular as regras 
33, 34 e 54. 
HABILITAÇÕES, FORMAÇÃO E ACONSELHAMENTO. 
 
AO FINAL DESTA AULA, VOCÊ DEVERÁ: 
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PRINCÍPIO 18 
Os Governos e os organismos de aplicação da lei devem garantir que todos os 
funcionários responsáveis pela aplicação da lei sejam selecionados de acordo com 
procedimentos adequados, possuam as qualidades morais e aptidões psicológicas e 
físicas exigidas para o bom desempenho das suas funções e recebam uma formação 
profissional contínua e completa. Deve ser submetida à reapreciação periódica a sua 
capacidade para continuarem a desempenhar essas funções. 
PRINCÍPIO 19 
Os Governos e os organismos de aplicação da lei devem garantir que todos os 
funcionários responsáveis pela aplicação da lei recebam formação e sejam submetidos a 
testes de acordo com normas de avaliação adequadas sobre a utilização da força. Os 
funcionários responsáveis pela aplicação da lei que devam transportar armas de fogo 
deveriam ser apenas autorizados a fazê-lo após recebimento de formação especial para a 
sua utilização. 
PRINCÍPIO 20 
Na formação dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei, os Governos e 
os organismos de aplicação da lei devem conceder uma atenção particular às questões 
de ética policial e de direitos do homem, em particular no âmbito da investigação, aos 
meios de evitar a utilização da força ou de armas de fogo, incluindo a resoluçãopacífica 
de conflitos, ao conhecimento do comportamento de multidões e aos métodos de 
persuasão, de negociação e mediação, bem como aos meios técnicos, tendo em vista 
limitar a utilização da força ou de armas de fogo. Os organismos de aplicação da lei 
deveriam rever o seu programa de formação e procedimentos operacionais, em função 
de incidentes concretos. 
PRINCÍPIO 21 
Os Governos e os organismos de aplicação da lei devem garantir aconselhamento 
psicológico aos funcionários responsáveis pela aplicação da lei envolvidos em situações 
em que sejam utilizadas a força e armas de fogo. 
PROCEDIMENTOS DE COMUNICAÇÃO HIERÁRQUICA E DE INQUÉRITO 
PRINCÍPIO 22 
Os Governos e os organismos de aplicação da lei devem estabelecer 
procedimentos adequados de comunicação hierárquica e de inquérito para os incidentes 
referidos nos princípios 6 e 11. Para os incidentes que sejam objetos de relatório por 
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força dos presentes Princípios, os Governos e os organismos de aplicação da lei devem 
garantir a possibilidade de um efetivo procedimento de controle e que Autoridades 
independentes (administrativas ou do Ministério Público), possam exercer a sua 
jurisdição nas condições adequadas. Em caso de morte, lesão grave, ou outra 
consequência grave, deve ser enviado de imediato um relatório detalhado às autoridades 
competentes encarregadas do inquérito administrativo ou do controle judiciário. 
PRINCÍPIO 23 
As pessoas contra as quais sejam utilizadas a força ou armas de fogo ou os seus 
representantes autorizados devem ter acesso a um processo independente, em particular 
um processo judicial. Em caso de morte dessas pessoas, a presente disposição aplica-se 
às pessoas a seu cargo. 
PRINCÍPIO 24 
Os Governos e organismos de aplicação da lei devem garantir que os funcionários 
superiores sejam responsabilizados se, sabendo ou devendo saber que os funcionários 
sob as suas ordens utilizam ou utilizaram ilicitamente a força ou armas de fogo, não 
tomaram as medidas ao seu alcance para impedirem, fazerem cessar ou comunicarem 
este abuso. 
PRINCÍPIO 25 
Os Governos e organismos responsáveis pela aplicação da lei devem garantir que 
nenhuma sanção penal ou disciplinar seja tomada contra funcionários responsáveis pela 
aplicação da lei que, de acordo como o Código de Conduta para os Funcionários 
Responsáveis pela Aplicação da Lei e com os presentes Princípios Básicos, recusem 
cumprir uma ordem de utilização da força ou armas de fogo ou denunciem essa 
utilização por outros funcionários. 
PRINCÍPIO 26 
A obediência a ordens superiores não pode ser invocada como meio de defesa se 
os responsáveis pela aplicação da lei sabiam que a ordem de utilização da força ou de 
armas de fogo de que resultaram a morte ou lesões graves era manifestamente ilegal e se 
tinham uma possibilidade razoável de recusar cumpri-la. Em qualquer caso, também 
existe responsabilidade da parte do superior que proferiu a ordem ilegal. 
2. Reunião, Manifestação Popular e Protesto. 
 
2.1 - Conceituação: 
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É a mobilização ativista de um grupo de pessoas com a finalidade de obter do 
poder público ou privado competente, ações efetivas para conquista das 
reivindicações manifestas por seus representantes, de formas pacífica e legal. 
2.2 – Considerações Gerais: 
Reuniões, Manifestações ou Protestos, normalmente, são articulados na forma de 
concentração em locais predeterminados ou passeatas, com carros de som, cânticos de 
ordem, panfletos, cartazes e exaltação de palavras de ordem evidenciando interesses 
comuns dirigidos aos Poderes Público e/ou Privado. 
Tais manifestações procuram, ainda, chamar a atenção dos setores de imprensa e 
da opinião pública em geral para tornarem sensibilizantes as causas reivindicatórias que 
defendem. 
2.3 - A Legalidade das Reuniões, Manifestações e Protestos. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (10 dez 1948), em seu artigo 20, 
acentua que “Todo homem tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas”. 
 A Constituição da República Federativa do Brasil em seu Título II, Dos Direitos 
e Garantias Fundamentais, Capítulo I dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, 
art. 5º, inciso XVI: 
Prevê: 
 "Artigo 5º, inciso XVI - todos podem reunir-se pacificamente, 
sem armas, em locais abertos ao público, independentemente 
de autorização, desde que não frustrem outra reunião 
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas 
exigido prévio aviso à autoridade competente". 
 Assim: 
1- Reuniões pacíficas, protestos ou manifestações fazem parte do Estado Democrático 
de Direito Brasileiro, com reforço da normativa internacional. 
2- Reuniões pacíficas, protestos ou manifestações estão embasados no conceito 
filosófico constitucional, Direitos e Garantias Fundamentais, ―liberdade de opinião e de 
expressão‖ onde clarifica que, “É livre a manifestação popular”. 
As Polícias Militares brasileiras têm a responsabilidade de proteger manifestações 
legais e pacíficas e, consequentemente, proteger seus cidadãos participantes; 
exercendo o ―poder de polícia‖ (Emana do Estado) com fundamentos nos pressupostos 
dos direitos fundamentais consagrados na Constituição Federal. 
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Nesse contexto, é um direito legal a liberdade de articulação, reunião e 
manifestação política para expor publicamente suas reivindicações, desde que ocorra de 
forma pacífica, 
Assim, qualquer prisão, por motivo de reunião, protesto ou manifestação, 
configura: 
1- Prisão Ilegal: 
Art. 5º LXI, CRFB: "Ninguém será preso, senão em flagrante 
delito, ou ordem escrita e fundamentada da autoridade 
judiciária competente". 
 
2- Abuso de Autoridade: Lei nº 4.898, De 9 de Dezembro de 1965. 
 
Art. 3º. Constitui Abuso de Autoridade Qualquer Atentado: 
a) À liberdade de locomoção; 
b) À liberdade de associação; 
c) Ao direito de reunião; 
d) À incolumidade física do indivíduo. 
 
2.4 - Conclusão: 
Pela Legislação brasileira e a normativa internacional, as manifestações Públicas 
constituem o exercício da Cidadania e os Direitos Humanos de todos, 
respectivamente. 
O ato de reunir, protestar e manifestar não tem especificidade criminosa pelas 
leis Brasileiras, a qual está apoiada na normativa internacional da Organização das 
Nações Unidas, em que o Brasil é membro. 
 
2.5- A Ilegalidade nas Manifestações. 
A manifestação pública é parte de todo sistema democrático, todavia quando 
grupos ou pessoas, armadas ou desarmadas, adotam práticas criminosas, passam a 
ser alvo de abordagem policial de forma Preventiva e Correcional. 
Abusos e crimes devem ser evitados e corrigidos pelo Estado para garantia 
da própria Democracia. 
A manifestação toma conotação ilegal e abusiva, quando ocorrem: 
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a) Piquete 
- Impedimento da ―Liberdade de ir e vir‖, de forma violenta ou ameaçadora contra 
trabalhadores que não querem aderir a uma manifestação grevista da forma ilegal 
pretendida. 
b) Desobediência 
 - Interrupção de via pública desorganizando o tráfego com incêndio de pneus e 
outros objetos ou, ainda, colocação de material em via pública que impeçam a passagem 
de outrem. 
c) Atentado ao pudor Público 
 Desfile ou passeata de pessoas nuas ou com exposição de partes íntimas ao 
Público. 
d) Crime de Dano 
 Provocar incêndio, danificar com prejuízo ao patrimônio Público ou Privado. 
e) Crime contra pessoa 
- Agressão, tentativa e homicídio de pessoas com posse ou uso de quaisquer armas 
(de fogo, brancas, pedras, bastões, tacos e similares), ou explosivo cuja potencialidade 
possa causar ferimentos ou morte. 
f) Conflito de Direitos. 
Falta de aviso prévio à autoridade policial, 48 horas de antecedência, gerando 
conflito com o direito constitucional de outra reunião anteriormente convocada eavisada à autoridade policial. 
 
2.6 - Preparo Técnico do Policial Militar, Responsabilidades do Estado e Ativismo 
Cidadão. 
 
 O Policial Militar: 
O policial deverá manter-se sereno, em grupo, e enfrentar as dificuldades com 
resiliência, firmeza e profissionalismo, comandado por graduado ou Oficial, dentro das 
normas técnicas de controle fundamentadas no Estado Democrático de Direito. 
 Estado: 
- O vandalismo provoca acirramento e estresse, por tal o Estado tem a obrigação 
de bem treinar, preparar e dotar o Policial de material adequado como, 
armamento não letal, escudos, viseiras, máscaras contra gases, coletes e outros, 
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conforme a normativa Internacional de Direitos Humanos (PBUFAF) em defesa do 
Policial e da Sociedade a qual todos fazemos parte. 
Diante de atividades ilegais, após agir de forma PREVENTIVA, o Policial deverá 
agir de forma CORRECIONAL, ou seja: 
a) Prender os AUTORES; 
b) Recolher todos os indícios de AUTORIA e MATERIALIDADE e; 
c) Encaminhar a ocorrência à Autoridade Policial, desde logo. 
Observação: Em se tratando de “Local de Crime”, cabe ao Policial Militar 
responsável pela ocorrência preservá-lo para que o mesmo não seja violado e, por 
conseguinte venha dificultar o trabalho pericial. E dessa forma, não ocorra a 
imputação de responsabilidade ao policial militar por não cumprimento do dever 
legal. 
 Os Movimentos Ativistas: 
Aos movimentos reivindicatórios, é fundamental que façam impor clarificada a 
forma democrática a qual estão adstritos e que os casos que envolvam cometimentos de 
barbáries sejam repudiados por seus participantes, em nome de nossa consolidada 
democracia. 
 Articulação Interativa: 
 Se houver articulação prévia, interativa, concreta e bem formulada por parte dos 
envolvidos, Estado, Manifestantes e Setores da Imprensa, fica evidente que: 
1- O número de vandalismo estará reduzido com tendência ao desaparecimento de 
espaço para ações criminosas que agridem a sociedade como um todo. 
2- Numa perfeita articulação, preserva-se a individualidade e os interesses de cada parte 
envolvida, todavia todos procuram, dentro de suas identidades, interagir e trabalhar para 
extinguir os espaços para VANDALISMOS E BARBÁRIES praticados por detratores 
da irretocável DEMOCRACIA. 
A democracia brasileira é conquista da sociedade a qual todos fazemos parte da 
história. 
2.7 - Questões Polêmicas 
O porte e uso de VINAGRE 
Porte e uso de tal substância não apresenta qualquer especificidade criminosa 
na legislação brasileira e, normalmente, é utilizada na tentativa de minorar os efeitos 
de gases lançados para dispersão de manifestações ilegais. 
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A composição química do vinagre não produz combustão. 
Por outro lado, estudiosos no assunto asseguram que o vinagre não possui 
qualquer ação neutralizante sobre os gases lacrimogêneos (lacrima=lágrima, em 
latim). (vide site infoescola.com>curiosidades). 
Ou seja, não há qualquer comprovação científica de que o vinagre possa minorar 
tais efeitos. 
Ainda assim, o propósito de possível defesa da integridade física não apresenta 
especificidade criminosa e não é cabível qualquer ação de Correção Policial, ou 
seja, Prisão. 
 
O uso de máscara, capuzes e outros. 
Em se tratando de manter-se anônimo, irreconhecível, com rosto encoberto para 
prática de crimes, o Estado como garantista da Segurança Pública de todos afasta-se da 
polêmica e deixa claro que dispositivos legais passam a vigorar, objetivando a 
manutenção pacífica nas manifestações, a saber: 
a) - CRFB- artigo 5º - ―IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o 
anonimato‖; 
b) - Lei 6528 -11 SET 2013 (Regulamenta o Artigo 23 da Constituição do Estado). 
“O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO”. 
Faço saber que a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro decreta e eu 
sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1º O direito constitucional à reunião pública para manifestação de pensamento 
será protegido pelo Estado nos termos desta Lei. 
Art. 2º É especialmente proibido o uso de máscara ou qualquer outra forma de ocultar 
o rosto do cidadão com o propósito de impedir-lhe a identificação. 
Parágrafo único. É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. 
Art. 3º O direito constitucional à reunião pública para manifestação de pensamento 
será exercido: 
I - pacificamente; 
II - sem o porte ou uso de quaisquer armas; 
III - em locais abertos; 
IV - sem o uso de máscaras nem de quaisquer peças que cubram o rosto do cidadão ou 
dificultem sua identificação; 
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V - mediante prévio aviso à autoridade policial. 
§ 1º - Incluem-se entre as armas mencionadas no inciso II do caput as de fogo, brancas, 
pedras, bastões, tacos e similares. 
§ 2º - Para os fins do inciso V do caput, a comunicação deverá ser feita à delegacia em 
cuja circunscrição se realize ou, pelo menos, inicie a reunião pública para 
manifestação de pensamento. 
§ 3º - A vedação de que trata o inciso IV do caput deste artigo não se aplica às 
manifestações culturais estabelecidas no calendário oficial do Estado. 
§ 4º - Para os fins do Inciso V do caput deste artigo a comunicação deverá ser feita ao 
batalhão em cuja circunscrição se realize ou, pelo menos, inicie a reunião pública para 
a manifestação de pensamento; 
§ 5º - Considera-se comunicada a autoridade policial quando a convocação para a 
manifestação de pensamento ocorrer através da internet e com antecedência igual ou 
superior a quarenta e oito horas. 
Art. 4º As Polícias só intervirão em reuniões públicas para manifestação de 
pensamento a fim de garantir o cumprimento de todos os requisitos do art. 3º ou para a 
defesa: 
I - do direito constitucional a outra reunião anteriormente convocada e avisada à 
autoridade policial; 
II - das pessoas humanas; 
III - do patrimônio público; 
IV - do patrimônio privado. 
Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
“Rio de Janeiro, em 11 de setembro de 2013”. 
Comentários: 
As polêmicas acima citadas, para o Estado Democrático de Direito, consta 
encerrada no que tange ao uso de máscaras ou quaisquer peças que cubram o rosto do 
cidadão ou dificultem sua identificação, já que legislação Estadual consagra-se em 
vigor. 
Alguns setores e críticos têm questionado a legitimidade da norma sobre sua 
constitucionalidade, todavia, enquanto Ação Direta De Inconstitucionalidade dirigida 
ao Douto Supremo Tribunal Federal não se porte assim entendida e declinada pela 
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maior Casa da Justiça de nosso País, a Lei Estadual 6528 – de 11 SET. 2013 deverá 
ser respeitada por todos. 
No contexto uso de máscaras contra gases, jornalistas devidamente 
identificados por crachás não ferem o dispositivo legal, por não estarem no 
anonimato e, desta feita, cumprem a norma legal. 
O exercício de profissionais de imprensa é salutar ao sistema democrático e assim 
devem ser entendidos e respeitados. 
Ainda, fica esclarecida a questão do uso de máscaras em manifestações 
culturais, ou seja, nos festejos carnavalescos, teatros e outros estabelecidos no 
calendário oficial do Estado. 
De bom alvitre, em manifestações culturais tal uso não se atrela ao anonimato, 
deixando clara a finalidade de artistas, foliões e outros para com o entretenimento e a 
ludicidade. 
2.8 O Preparo Técnico do Policial no Uso da Força e Armas 
O uso da força e de armas de fogo pelos responsáveis pela aplicação da lei, já foi 
objeto de estudos, em Unidades anteriores, em que foram abordados valores do 
CCEAL, PBUFAF, DUDH e Convenção Contra Tortura. 
A Portaria Interministerial no. 4.226, de 31 de dezembro de 2010 estabelece 
Diretrizes sobre o Uso da Força pelos agentes de Segurança Pública, levando em 
consideração o disposto na normativa internacional acima informada.

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