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Material de Apoio 04 - Embargos de Terceiro

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Embargos de Terceiros 
Art. 674 a 681 do Código de Processo Civil 
1) Noções Gerais 
O processo, em linhas gerais, consiste em uma relação jurídica na qual estão vinculados 
por ele autor, réu e o Estado-juiz, não podendo produzir efeitos além das pessoas que o 
compõem. Nesse sentido, apenas as partes processuais estão sujeitas aos efeitos das 
decisões judiciais. 
Entretanto, em algumas situações, é possível que haja consequências em relação a 
terceiros que não participaram do feito e que aquela decisão atinja essas pessoas. Por isso, 
tem-se a permissão de que o terceiro possa ter um mecanismo de intervir no processo. 
Uma situação que permite a interposição dos embargos de terceiro, por exemplo, é quando 
alguém, na tentativa de garantir a satisfação de um crédito, acabe por atingir bens ou 
direitos de terceiros que são estranhos à execução, isto é, que não possuem qualquer 
responsabilidade patrimonial pelo cumprimento da obrigação, seja no próprio processo 
autônomo de execução ou durante o processo de conhecimento – numa execução 
provisória – por exemplo. 
Nesse processo de atingir o patrimônio de terceiro, a atividade jurisdicional extrapole seus 
limites legais e atinja bens de terceiros que não guardam nenhuma relação com o 
processo, com a lide ou com as partes envolvidas. Como não são partes ou terceiros 
interessados, não lhes é admitido que venham a manifestar-se naquele feito, uma vez que 
não tem legitimidade ad causam para atuar nos polos parciais do processo principal. 
Em razão disso, a lei lhes confere um instrumento próprio, habilitando-as a mover uma 
“ação contra o processo” de onde provém a decisão judicial que as atinge, a vim de verem 
protegidos os seus interesses e liberados os seus bens. Assim, torna-se os embargos de 
terceiro o remédio processual cabível para quem, não sendo parte no processo, sofra 
constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito 
incompatível com o ato constritivo. 
Perceba que o remédio processual é tanto para constrição efetivada, mas também serve 
para ameaça de constrição, isto é, tem caráter preventivo. Porém, não se admite qualquer 
tipo de perigo hipotético ou genérico para fundamentar os embargos de terceiro, na 
verdade, é necessário que o autor especifique de maneira pormenorizada o ato que 
entende potencialmente lesivo, além de indicar os bens ou direitos que pretenda que sejam 
tutelados. 
ATENÇÃO: O objeto dos embargos de terceiro será SEMPRE um ato judicial, seja ele 
de um processo cognitivo (conhecimento) ou de execução. 
EXEMPLO: Imagine que A é um terceiro e não seja responsável pelo cumprimento de 
uma obrigação. Ainda assim, A sofre efeitos da penhora. Nesse caso, A (terceiro) poderá 
valer-se dos embargos de terceiro, já que sofreu os efeitos do ato judicial. 
OBSERVAÇÃO¹: Perceba que a constrição, isto é, a ofensa ao domínio, à posse ou a 
direitos, decorrerá SEMPRE DE ATO JUDICIAL, por isso permite a interposição dos 
embargos de terceiro. CASO a ofensa à posse, por exemplo, fosse por ato particular, a 
ação adequada seria a possessória. 
OBSERVAÇÃO²: Os embargos de terceiro não têm como objetivo desconstituir ou 
invalidar sentença proferida em processo alheio, mas busca unicamente impedir que a 
eficácia daquela decisão atinja – seu – patrimônio, isto é, direitos e objetos que não podem 
ser usados/responsabilizados pelo débito. 
 
1.1) Natureza dos Embargos de Terceiro 
Os embargos de terceiro têm natureza de ação própria, porém, serão sempre processados 
em ação própria e em processo autônomo. Como dissemos, a finalidade dessa ação é a 
proteção possessória ou dominial do bem objeto da constrição, isto é, os embargos de 
terceiro destinam-se a atacar violações da posse causadas por decisões judiciais. 
 
2) Legitimidade para os Embargos de Terceiro 
2.1) Legitimidade Ativa 
A legitimidade ativa para os embargos de terceiro envolve aqueles que, não sendo parte 
no processo, sofrem constrição ou ameaça de constrição sobre os bens que possua ou 
sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo [art. 647 CPC]. 
IMPOTANTE: Terceiro não deve ser entendido apenas como aquele que não tenha 
participado do feito. Ao contrário, sua definição é mais ampla, indicando que terceiro é a 
pessoa titular de um direito que não tenha sido atingido pela decisão judicial. Assim, a 
mesma pessoa pode ser parte de um processo e terceiro em relação ao mesmo processo, 
se forem diferentes os títulos jurídicos a justificar tais papéis. 
Por isso que o art. 672, § 2º indica que considera terceiros, para fins do ajuizamento dos 
embargos: 
• Cônjuge ou companheiro, quando estiverem em defesa da posse de bens próprios 
ou de sua meação, ressalvados o disposto no art. 8431 
o Considera-se terceiro o cônjuge que pretende defender a posse de seus 
bens próprios ou de sua meação, incluindo idêntica legitimidade ao 
companheiro. 
o Observe que o artigo exclui a possibilidade de ajuizamento dos embargos 
pelo coproprietário, cônjuge ou companheiro não executado quando o bem 
constrito ou ameaçado de constrição não for divisível. 
 
1 Art. 843. Tratando-se de penhora de bem indivisível, o equivalente à quota-parte do coproprietário ou do 
cônjuge alheio à execução recairá sobre o produto da alienação do bem. 
 
- Justifica-se essa exclusão em razão da previsão legal do art. 843 do CPC, uma vez que 
no referido dispositivo legal a quota-parte recairá sobre o produto da alienação, por isso, 
não há necessidade de ajuizamento dos embargos. 
- Quando há penhora de bem imóvel ou direito real sobre imóvel, faz-se a intimação do 
cônjuge do executado. Nesse caso o cônjuge terá uma dupla legitimidade: 1º) poderá 
ajuizar embargos à execução, quando quiser impugnar o título, a dívida ou a regularidade 
do processo executivo; 2º) Opor embargos de terceiro, de forma a evitar que sua meação 
responda pelo débito exequendo, ou, ainda, para defender bem de família. 
- Nesse sentido, a procedência dos embargos ajuizados pelo cônjuge objetivando a defesa 
da meação dependerá, então, da comprovação de que a dívida assumida pelo outro 
consorte não aproveitou ao casal. 
ATENÇÃO: Em que pese essa dupla legitimidade, se porventura o cônjuge perder o 
prazo para interposição dos embargos à execução, não lhe será lícito discutir nos 
embargos de terceiro as matérias referentes ao débito, mas tão somente o ato que gerou a 
constrição. 
• O adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia 
da alienação realizada em fraude à execução 
o O inciso II alberga orientação do STJ no sentido de que, o terceiro 
adquirente de boa-fé pode-se valer dos embargos de terceiro para defender 
sua posse. 
• Quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da 
personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte 
o Seguindo entendimento do NCPC, se o sócio não tiver participar do 
incidente, poderá manejar embargos de terceiro para impugnar constrição 
judicial imposta sobre o seu patrimônio. 
o Via de regra, somente após a citação dos sócios é que a penhora dos bens, 
em razão das dívidas da sociedade, poderá ser efetivada. Porém, se houver 
penhora dos bens dos sócios sem a instauração do incidente ou, tendo sido 
instaurado, não citou o sócio cujo bem foi constrito, então, caberá 
embargos de terceiro para rediscussão da responsabilidade patrimonial. 
OBSERVAÇÃO: Se for inversa a desconsideração da personalidade jurídica, será a 
pessoa jurídica legítima ativa para propor os embargos na qualidade de prejudicada pelo 
ato constritivo. 
• O credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito 
real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos 
expropriatórios 
Observação: Rol meramente exemplificativo. 
2.2) Legitimidade ativa do promissário comprador 
Como se sabe, o contrato de promessa de compra e vendanada mais é que um pré-
contrato, pelo qual as partes se obrigam, em um momento futuro e sob determinadas 
condições, a celebrar contrato definitivo, transferindo a propriedade da coisa. 
A jurisprudência do STJ já era pacífica e unânime quanto ao reconhecimento do direito 
do promissário comprador utilizar-se dos embargos de terceiro, INDEPEDENTE do 
registro em cartório do contrato, conforme entendimento trazido pela Súmula nº. 84 do 
STJ2. 
ATENÇÃO: Caso o embargado não ofereça resistência, os ônus sucumbenciais dos 
embargos serão suportados pelo embargante, porquanto, ao não registrar a compra e 
venda no cartório imobiliário, a penhora do bem foi possibilitada3. 
2.3) Legitimidade passiva 
Legitimados passivos para ação de embargos de terceiro serão aqueles que deram causa 
ao ato de constrição judicial e têm interesse nos efeitos da medida impugnada. Em regra, 
será réu aquele que figura como demandante no processo e em favor de quem foi 
apreendida a coisa. 
Entretanto, será legitimado passivo o réu do processo originário quando o bem objeto da 
constrição foi por ele indicado [art. 829, § 2º][art. 677, §4º]. Assim, o polo passivo da 
ação de embargos de terceiro deverá ser integrado por aqueles a quem possa interessar a 
medida judicial atacada. 
OBSERVAÇÃO: Nada impede que a parte do processo principal, ainda que não integre 
os embargos de terceiro – por não estar na hipótese de litisconsórcio – intervenha no feito 
como assistente de uma das partes, isto é, como assistente do embargante ou do 
embargado. 
3) Competência 
Os embargos de terceiro têm um vínculo com o feito principal, assim, será competente 
para o procedimento dos embargos de terceiro o juízo que ordenou a constrição do bem. 
[art. 676], fazendo com que essa competência seja funcional e, portanto, absoluta. 
ATENÇÃO: Ainda que o feito tramite perante a Justiça Estadual, se porventura os 
embargos forem oferecidos pela União, autarquias ou empresas públicas federais, a 
competência será da Justiça Federal, em razão da competência – ratione personae – 
conforme previsão do art. 109, I da CR/884. 
OBSERVAÇÃO: Quando os autos estiverem em segundo grau – na pendência de recurso 
– e a constrição decorrer da execução provisória do julgado, os embargos de terceiro serão 
ajuizados perante o juízo de primeiro grau. 
- PORÉM, se o feito por de competência originária do tribunal, o órgão colegiado também 
será o competente para julgamento dos embargos de terceiro. 
 
2 É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do compromisso 
de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido de registro. 
3 [...] O Embargante, em sede de embargos de terceiro, ao não registrar a compra e venda no cartório 
imobiliário, deve suportar os ônus sucumbenciais, visto que sua conduta deu causa à realização da penhora 
do bem; no caso dos autos, tendo o embargado manifestado resistência, passou ele a ser responsável pelo 
prosseguimento do processo. [...] – AgRg no Ag 807.569/SP – 4º Turma STJ. 
4 Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica 
ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto 
as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho. 
IMPORTANTE: Nos atos de constrição realizados por intermédio da carta precatória, o 
artigo 676, parágrafo único traz interessante previsão para definir o juízo competente, ou 
seja, que os embargos serão oferecidos no juízo deprecado, salvo se indicado pelo juízo 
deprecante o bem constrito ou se já devolvida a carta5. 
- Nesse sentido, se o juiz deprecado agir apenas como executor do ato constritivo, ato este 
emanado o juízo deprecante, os embargos deverão ser oferecidos e julgados por este. 
- Igualmente, se os autos retornarem para o juízo deprecante com a diligência cumprida, 
sem que terceiro tenha se manifestado, caso os embargos venham a ser ajuizados, serão 
processados e julgados pelo juízo deprecante, vez que o juízo deprecado já esgotou o 
ofício jurisdicional que lhe competia. 
 
4) Prazo para interposição dos Embargos de Terceiro 
Art. 675. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não 
transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) 
dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da 
assinatura da respectiva carta. 
Parágrafo único. Caso identifique a existência de terceiro titular de interesse em embargar o ato, o juiz 
mandará intimá-lo pessoalmente. 
No caput do artigo temos o estabelecimento do momento indicado para interposição dos 
Embargos de Terceiro, indicando ser possível utilizar dos embargos a qualquer tempo no 
processo de conhecimento, desde que antes do trânsito em julgado ou, se estiver no 
processo de execução, até 5 dias após a arrematação, adjudicação ou remição, porém, 
sempre antes da assinatura da respectiva carta. 
Interessante notar que o parágrafo único traz a possibilidade do juiz agir de ofício para 
intimar terceiro titular de interesse. Essa regra tem por objetivo evitar a interposição de 
embargos após longo trâmite processual, já que vai antecipar eventuais discussões sobre 
o bem e evita a realização de diversos atos processuais que, posteriormente, poderiam não 
ter eficácia em virtude da decisão final nos embargos de terceiro. 
IMPORTANTE: O prazo de 5 dias trazido no caput do artigo deve ter seu início a partir 
da data inequívoca da ciência do terceiro sobre o ato de constrição judicial, ainda que não 
coincida com o dia da arrematação, adjudicação ou alienação particular. Este é um 
entendimento jurisprudencial consolidado, no sentido de que não tem como exigir do 
terceiro o cumprimento do respectivo prazo SE não foi parte no processo e não recebeu 
qualquer tipo de comunicação para que fosse a juízo defender interesse sobre 
bens/direitos objetos da constrição. 
 
5 Súmula nº. 33 do extinto Tribunal Federal de Recursos: “o juízo deprecado, na execução por carta, é o 
competente para julgar os embargos de terceiro, salvo se o bem apreendido foi indicado pelo juízo 
deprecante” 
- Deve-se aqui buscar preservar o direito de irrestrita defesa do proprietário ou possuidor 
de bem/direito que, não intimado, ajuíza embargos de terceiro logo após ciência da 
turbação do esbulho judicial. 
- Assim, a melhor doutrina e a jurisprudência interpretam que o prazo de 5 dias para 
interposição dos embargos de terceiro será contado a partir da INEQUÍVOCA 
CIÊNCIA DO ATO DE CONSTRIÇÃO. 
- Por fim, é importante destacar que a não interposição dos embargos no prazo legal 
acarretará apenas a perda do direito de utilizar o procedimento especial, isto é, a 
possiblidade de discutir o direito material existente não é prejudicada, podendo discutir o 
assunto em ação ordinária própria. 
Posição Doutrinária: Sérgio Arenhart, Daniel Mitidiero e Luiz Guilherme Marinoni, ao 
interpretarem o prazo, entendem também que o prazo de 05 dias começa a contar a partir 
da concreta ciência da constrição judicial, ainda que tenha sido a arrematação, 
adjudicação ou remição realizada em outra data. 
Além disso, eles trazem uma posição interessante da doutrina, indicando que os embargos 
de terceiro poderão ser opostos depois do prazo mencionado, sem, todavia, que possam 
nesse caso – oposição após transcurso do prazo – gerar a suspensão do processo principal. 
A partir desse entendimento, tem-se que o prazo não é necessariamente para ajuizamento 
da ação e/ou discussão da apreensão do bem, mas sim para que se possa discutir, através 
dos embargos de terceiro, com a paralisação da ação principal, cuja ação deu origem à 
apreensão gerada. 
Por isso, entendem que o mais razoável é concluir que, não ajuizada dentro dos prazosindicados pelo artigo 675 do CPC, perde-se o direito a postular a suspensão automática 
da ação principal, mas não a discutir a constrição tida como ilegítima. Isso quer dizer que, 
se os embargos de terceiro forem opostos fora dos prazos indicados pela legislação, a 
ação não tem condições de suspender automaticamente as medidas de constrição, porém, 
poderá a parte requer medida liminar provisória, desde que demonstrado os requisitos 
pertinentes para antecipação dos efeitos da tutela pretendida [nos termos do art. 294 e ss.] 
 
5) Aspectos Procedimentais 
5.1) Petição Inicial 
Os embargos serão opostos por petição cumprindo os requisitos dos artigos 319/320 do 
CPC. Além disso, o embargante deve instruir a petição com os documentos 
comprobatórios da posse ou domínio sobre o bem/direito que pretende ver tutelado, assim 
como da qualidade de terceiro, ofertando desde logo o rol de testemunhas. 
Se a prova documental não for suficiente para realizar essa comprovação, poderá ser 
designada audiência preliminar6. 
 
6 Art. 677. Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária de sua posse ou de seu domínio e da 
qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas. 
§1º - É facultada a prova da posse em audiência preliminar designada pelo juiz. 
OBSERVAÇÃO: O valor da causa deve corresponder ao benefício patrimonial almejado 
pelo embargante, ou seja, deve ter correspondência com o valor do bem alcançado pela 
constrição judicial. Entretanto, não pode o valor da causa exceder o valor do débito 
cobrado, haja vista que a vantagem a ser auferida nos embargos nunca será superior a 
este. 
Justifica-se essa observação em uma eventual alienação judicial do bem, por exemplo. 
Caso ela seja confirmada e ocorra, o embargante receberá o montante arrecadado com a 
venda, descontando-se a parte do credor/embargado. 
5.2) Concessão da Liminar 
Ao receber a petição inicial, será avaliada pelo juízo competente e, não sendo caso de 
emendar ou indeferimento, o juiz apreciará o pedido liminar. Nesse ponto teremos duas 
situações: 
1) julgando suficiente provado o direito, o juiz determinará a suspensão das 
medidas constritivas sobre os bens litigiosos objetos dos embargos. 
2) caso não seja demonstrado o direito logo na petição inicial, o juiz determinará 
a realização da audiência preliminar, a partir da qual poderá ou não conceder a 
medida liminar ora pretendida. 
ATENÇÃO: Eventualmente, ao determinar a suspensão das medidas constritivas, pode 
o magistrado também ordenar a manutenção ou reintegração provisória da posse em favor 
do embargante. Nesse caso, essa providência – manutenção ou reintegração – poderá ser 
condicionada à prestação de caução pelo Embargante7. 
5.3) Citação 
Privilegiando os princípios da celeridade e economia processual, o embargado será citado 
na pessoa do seu advogado, desde que constituído na ação principal. Em regra, a citação 
será mediante publicação do despacho de citação pelo órgão oficial, entretanto, caso não 
tenha advogado constituído nos autos, o embargado será citado pessoalmente8. 
 
5.4) Contestação 
O prazo para contestar será de 15 dias. Na contestação poderá o embargado deduzir 
qualquer matéria de defesa, exceto que a constrição recaiu sobre bem alienado ou onerado 
 
 
7 Art. 678. A decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio ou a posse determinará a 
suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção 
ou a reintegração provisória da posse, se o embargante a houver requerido. 
Parágrafo único. O juiz poderá condicionar a ordem de manutenção ou de reintegração provisória de posse 
à prestação de caução pelo requerente, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente 
hipossuficiente. 
 
8 Art. 677. § 3º A citação será pessoal, se o embargado não tiver procurador constituído nos autos da ação 
principal. 
em fraude contra credores, haja vista que esse argumento deve ser deduzido em ação 
própria – ação pauliana. 
IMPORTANTE: A discussão dos embargos de terceiro diz respeito apenas à 
LEGITIMIDADE ou NÃO da constrição judicial realizada. 
ATENÇÃO: Ao final da fase de resposta, isto é, após o(s) embargado(s) ter contestado, 
o procedimento será integralmente orientado pelo rito comum, conforme previsão do art. 
679. 
OBSERVAÇÃO: Caso o embargante seja credor com garantia real, as matérias que 
poderão ser utilizadas pelo embargo estão limitadas àquelas previstas no art. 6809. 
5.5) Sentença 
A tutela a ser concedida nos embargos não se restringe ao mero cancelamento da 
constrição judicial. Haverá reconhecimento, ou seja, declaração do domínio ou do direito 
que assegure ao embargante a manutenção ou reintegração na posse do bem ou direito 
objeto dos embargos [art. 681] 
Quanto aos ônus sucumbenciais, já trouxemos um julgado a respeito, serão suportados 
pelo embargante caso sejam julgados improcedentes. Entretanto, caso seja acolhida a 
pretensão do embargante, as verbas sucumbenciais serão suportadas por aquele que deu 
causa à constrição indevida10. 
6) Questões complementares 
6.1) Embargos de Terceiro e Fraudes 
Não é negado ao devedor o direito de dispor do que lhe pertence, valendo-se do direito 
que é atribuído ao proprietário, porém, não se pode ignorar que seu patrimônio constitui 
um meio de garantir obrigações por ele assumidas. 
Com isso, no intuito de fazer com que alienações ou onerações fraudulentas provoquem 
ou agravem a situação de insolvência do devedor, dificultando a satisfação de obrigações 
anteriormente assumidas, foram criados mecanismos de proteção aos credores. 
Basicamente são duas as figuras de alienações ou onerações fraudulentas: fraude contra 
credores e fraude à execução. 
A fraude contra credores está prevista no art. 158 e seguintes do CC/02 e consiste na 
diminuição patrimonial do devedor que configure situação de insolvência (eventos 
damni), exigindo-se, ainda, que haja intenção do devedor e do adquirente do bem de 
causar o dano por meio da fraude (consilium fraudis). Assim, para que se caracterize a 
 
9 Art. 680. Contra os embargos do credor com garantia real, o embargado somente poderá alegar que: 
I - o devedor comum é insolvente; 
II - o título é nulo ou não obriga a terceiro; 
III - outra é a coisa dada em garantia. 
 
10 Súmula nº. 303 STJ: Em embargos de terceiro, quem deu causa à constrição indevida deve arcar com 
os honorários advocatícios. 
fraude, além dos elementos é necessário outro elemento indispensável: a anterioridade do 
débito face à diminuição patrimonial. 
ATENÇÃO: Após essa rápida explicação, há que se destacar que a doutrina e a 
jurisprudência não entendem os embargos de terceiro como meio idôneo para o 
reconhecimento de eventual fraude contra credores, isto é, o embargado não pode tentar 
a anulação do negócio jurídico, que teria transmitido o bem de forma fraudulenta ao 
embargante, o que somente poderá ser feito/reconhecido através de ação própria, seja por 
ação pauliana ou revocatória. 
Assim, é que eventualmente fraude contra credores há de ser pleiteada em ação própria, 
conforme entendimento do STJ11. 
IMPORTANTE: Enquanto a fraude contra credores é caracterizada a partir dos artigos 
158 e seguintes do CC/02, a fraude à execução está prevista nas hipóteses do art. 792 do 
CPC/15 
Devemos entender a fraude à execução como um prejuízo não apenas ao credor, mas 
também ao Estado-juiz, tendo por consequência não a invalidade do negócio jurídico 
[alienação], mas sim a ineficácia em relação ao processo executivo. 
Nesse sentido, se um bem é alienado em fraude à execução, a lei considera válida a venda 
e o adquirente se tornam proprietário, mas a execução poderá incidir sobre esse bem, o 
que caracteriza ineficácia da alienação perante a execução. 
Assim, a fraude à execução constitui forma mais grave de fraude, na qual ocorre a 
violação da atividade jurisdicional já em curso, já quese dá em relação ao objeto cuja 
execução recairia. Por conta disso, é possível a discussão de fraude a execução, pelo 
embargado, durante e como matéria de defensa nos embargos de terceiro. 
 
11 Súmula nº. 195: Em embargos de terceiro não se anula ato jurídico, por fraude contra credores.

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