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DOENÇA DE PARKINSON As doenças neurodegenerativas chamam a atenção devido ao envelhecimento da população já que o próprio envelhecimento em si representa um fator de risco para as doenças neurodegenerativas. No Brasil, temos uma expectativa de vida de 75 anos, sendo as principais doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson sofrem elevada incidência a partir dos 50 anos de idade. Além do envelhecimento, outras causas ainda desconhecidas podem causar essas doenças, como AVC, traumatismos crânio-encefálico, jogadores de futebol americano e lutadores de boxe é um grupo de risco também. Apresentam intervenções pouco eficazes ainda, a qualidade de vida é péssima e o custo socioeconômico é muito alto. 1. MECANISMOS DE NEURODEGENERAÇÃO Existem dois tipos de mecanismos que podem influenciar na depleção dos neurônios. A. EXCITOTOXICIDADE DO GLUTAMATO O glutamato é um transmissor derivado de aminoácido e o principal neurotransmissor excitatório do SNC, difuso por todo o encéfalo. Apresenta receptores metabotrópicos, mas também receptores ionotrópicos principalmente, o NMDA e o AMPA que permitem a passagem de ions. Especificamente os receptores NMDA são ativados com elevada concentração de glutamato chega aos sítios ortostéricos e o magnésio é removido já que estava impedindo a abertura do canal NMDA. O NMDA permite a abertura dos canais e entrada de sódio e principalmente de cálcio, no caso de doenças neurodegenerativas, em especial o Parkinson, ocorre o excesso de glutamato e a entrada excessiva de cálcio na célula. O cálcio em excesso é potencialmente letal para a célula já que ativas enzimas proteolíticas intracelulares como fosfolipases, endonucleases, entre outras promovendo danos ao DNA, citoesqueleto, mitocôndrias e outras organelas. Além disso, ativa o oxido nítrico que em baixas quantidades é um neurotransmissor atípico, e em elevadas quantidades é extremamente toxico, contribuindo para a desestabilização da membrana plasmática e destruição neuronal. B. AGREGAÇÃO PROTEICA Outro mecanismo que pode ser letal para os neurônios e causa de inúmeras doenças neurodegenerativas é a agregação proteica mal formada. O dobramento das proteínas pode ocorrer de maneira errada, para isso existem mecanismos de correção importantes que irão reverter esse quadro de dobramento errado. As chaperonas são uma delas, auxiliando nesse processo de correção, enquanto o mecanismo de eliminação de proteínas também ajuda a não obter proteínas erroneamente dobradas. Quando ambos mecanismos apresentam falhas e as proteínas são dobradas de maneira errada, elas tendem a expor filamentos lipofílicos no interior da célula, sendo não solúvel, logo, tendem a se acumular no interior como agregados proteicos. Esses agregados proteicos acumulados são tóxicos para a célula e induzem um processo inflamatório nas próprias células, causando depleção dos neurônios e doenças neurodegenerativas. 2. DOENÇA DE PARKINSON É um distúrbio motor progressivo de progressão lenta causando alguns sintomas clássicos como rigidez muscular, tremores e bradicinesia. Podem apresentar sintomas paralelos como depressão, ansiedade, agressividade, entre outros. Piorando muito depois dos 60 anos e constituindo a segunda maior doença neurodegenerativas no Brasil. O Parkinson não apresenta ainda uma causa bem estabelecida, dividindo entre duas vertentes de hipóteses, uma vertente genética e outra vertente ambiental. É uma doença idiopática, ou seja, sem causa real definida. Hipóteses de ser uma doença genética ou familiar, mas também uma hipótese ambiental relacionada ao consumo de determinados agrotóxicos através de um efeito cumulativo. HIPÓTESE DA “DP ESPORÁDICA” Em condições ambientes com a entrada de MPTP é convertida em MPP+ uma monoamina oxidase (MAO) responsável pela degradação de monoaminas como Noradrenalina, Dopamina e Serotonina. Essa MPP+ entra em neurônios por transportadores de dopamina (por isso o nome de tropismo dopaminérgico) e afeta as membranas mitocondriais causando disfunção. Ou seja, a MPP+ só entra em neurônios dopaminérgicos que são aqueles que possuem transportadores de dopamina. Os neurônios dopaminérgicos são originados na substancia negra e na área tegmentar ventral do SNC. Levando a morte neuronal seletiva apenas em neurônios dopaminérgicos com transportadores de dopamina a partir de um estresse oxidativo gerado na mitocôndria. HIPÓTESE GENÉTICA No caso genético, ocorrem alterações em um determinado gene denominado de ALFA- SINUCLEÍNA uma proteína envolvida com a exocitose de neurotransmissores presentes em neurônios pré-sinápticos de todo tipo. O maior problema da dopamina é que é uma monoamina muito oxidativa, logo, a liberação constate dessa catecolamina já aumenta e muito o estresse oxidativo nos neurônios por isso seria mais suscetível a ocorrer o estresse oxidativo e lesões nos neurônios. A dopamina é predominantemente transportada por neurônios denominados de dopaminérgicos, aqueles que apresentam transportadores de dopamina. Esses neurônios possuem em especial dois locais de origem no SNC evidentes, o primeiro deles é a área tegmentar ventral e o segundo é a substância negra. Na doença de Parkinson ocorre degeneração dos neurônios, por isso o nome de doenças neurodegenerativas. Os neurônios dopaminérgicos possuem maior suscetibilidade a essa degradação devido ao elevado grau oxidativo da dopamina produzindo uma serie de reações ruins para os neurônios. A substancia negra é a parte mais atingida do SNC por possuir a origem de muitos neurônios dopaminérgicos e em especial por essa área ser responsável pelo controle motor, enquanto a área tegmentar ventral é responsável pelo controle emocional (aferem- se que essa área também seja afetada levando aos problemas de ansiedade, agressividade e depressão característicos da doença). Portanto pode-se dizer que a causa fisiológica do Parkinson é a degeneração seletiva dos neurônios dopaminérgicos e consequente queda na produção de dopamina na via nigroestriatal responsável pelo controle motor voluntário seja pela via direta (receptores D1) ou pela via indireta (receptores D2). Existem dois tipos de receptores dopaminérgicos metabotrópicos associados a proteína G: o receptor D1, associado a proteína Gs excitatório localizado no estriado e os receptores Gi inibitórios localizados no estriado e na substancia negra. VIAS DOPAMINÉRGICAS CENTRAIS Além da principal via de modulação dopaminérgica associada aos movimentos motores voluntários, a via NIGROESTRIATAL, em que os neurônios dopaminérgicos saem da substancia negra e vão em direção ao estriado cerebral responsável pelos movimentos. Existem outras vias dopaminérgicas importantes que dependem da concentração de dopamina, e o tratamento de Parkinson pode levar a alterações nessas vias e o aparecimento de outros tipos de alterações. 1. VIA MESOCORTICAL: responsável pelo controle da cognição e atenção relacionado ao córtex. A queda da dopamina pode comprometer a atenção provocando déficit. 2. VIA MESOLÍMBIA: controle emocional e recompensa. O aumento da dopamina pode ocasionar esquizofrenia, pode-se dizer que é o oposto do Parkinson. 3. VIA TUBEROINFUNDIBULAR: controle endócrino, por exemplo, na produção de prolactina. Após perda de 60% dos neurônios e perda de 80% na produção de dopamina, surgem os sintomas motores como rigidez muscular, tremores e mascaramento facial. 3. TERAPIA FARMACOLÓGICA DA DP Existem vários problemas no Parkinson em relação ao tratamento da doença já que não existe cura para essa doença, ocorrem muitos efeitos indesejados, principalmente porserem administrados em idosos. Os fármacos apresentam efeitos paliativos e pouco eficientes. Como o Parkinson é caracterizado pela deficiência de dopamina no organismos causado pela degeneração dos neurônios dopaminérgicos na substancia negra do SNC responsável pelo controle dos movimentos voluntários, o racional terapêutico baseia-se em elevar os níveis de dopamina no organismo, são os fármacos denominados de ANTIPARKINSONIANOS. 1. PRECURSORES DA SINTESE DE DA Análogos do DOPA (levodopa ou L-DOPA) são fornecidos exogenamente já que o dopa é percursor na síntese de dopamina. Logo, aumentando o DOPA, aumenta a síntese de dopamina. No entanto, esses fármacos podem perder a eficácia ao longo do tempo já que todos os neurônios dopaminérgicos morrem, não existe mais nem as enzimas necessárias para conversão desse percussor DOPA em dopamina, sendo necessário aumentar gradativamente a dose. Só trata sintomas motores. Além disso, a dopamina apresenta relação com esquizofrenia e sintomas psicóticos caso apresente em altas quantidades. Podem provocar vômitos e náuseas, além de alterações cardiovasculares como a dopamina é percursos de noradrenalina. Discinesia tardia é causada pelo excesso de dopamina em que o paciente perde o controle total dos movimentos, causando espasmos bastante severos. Podem-se utilizar também inibidores da DOPA descarboxilase periférica, aumentando a síntese de LEVODOPA nas regiões centrais, assim como de dopamina consequentemente. Sempre associar a L-DOPA para evitar a falta de DOPA na periferia ao mesmo tempo em que concentra mais descarboxilase nas regiões centrais. Em resumo, ocorre a otimização das doses de dopamina. 2. INIBIDORES DA ENZIMA DE DEGRADAÇÃO Outra forma de manter a dopamina elevada no sangue, além de aumentar os percursores de dopamina é aumentar a degradação das enzimas responsáveis por degradar a dopamina (mesmo caso da miastenia gravis) – MAO. Para se obter mais sucesso ainda, pode-se utilizar esses fármacos juntamente com a LEVODOPA, aumentando os percursores de dopamina e também diminuindo as enzimas que a degradam. Pode provocar insônia e toxicidade hepática, sem contar os efeitos relacionados a esquizofrenia e alterações psicóticas. 3. AGONISTAS DE RECEPTORES DE DA Existem dois tipos de receptores de dopamina mais importantes associados a proteína G: o D1 estimulador associado a Gs e o D2 inibitório associado a Gi. Os principais agonistas referem-se ao D2 inibitório já que são mais seletivos do que aqueles agonistas do D1. São alternativas a LEVODOPA principalmente quando o paciente já esta em estágios avançados da doença, quando não possui neurônios suficientes para produção de dopamina e nem enzimas que convertem a LEVODOPA em dopamina. Os efeitos indesejados são vários, o tempo de meia vida é menor, efeitos psicóticos elevados, vômitos, náuseas e discernia tardia. São usados em pacientes que não possuem mais condições de utilizarem LEVODOPA em estágios muito avançados da doença. 4. ADJUVANTES Não são fármacos dopaminérgicos, mas que podem ser usados em sinergismo com os dopaminérgicos. É utilizado em casos iniciais da doença e quase sempre associado à LEVODOPA. Os sintomas indesejados são vários como o cansaço indesejado, sono, fadiga, inchaço das extremidades e manchas na pele. Outra forma de ação é a utilização dos ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS encontrados no corpo estriado. Logo, o neurônio colinérgico (liberam acetilcolina na fenda sináptica) de associação continua a transmissão mesmo na ausência de dopamina. Apresentam grandes benefícios principalmente por não aumentarem o nível de dopamina no organismo, evitando os efeitos psicóticos causados pelo aumento. Podem ser associados ao LEVODOPA. Provoca boca seca e visão borrada, constipação e retenção urinaria, problemas de memoria e sedação.
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