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Metodologia e Prática do Ensino de História no Ensino Fundamental II e EJA - Unidade Nº 4 - Elaboração de Projetos Metodologia e Prática do Ensino de História no Ensino Fundamental II e EJA Unidade Nº 4 - Elaboração de Projetos Gabriela Salvador da Silva Metodologia e Prática do Ensino de História no Ensino Fundamental II e EJA - Unidade Nº 4 - Elaboração de Projetos Introdução Nesta unidade 4 da disciplina de Metodologia e Prática do Ensino de História no Ensino Fundamental II e EJA, analisaremos a elaboração dos projetos educacionais, assim como suas finalidades. Para isso, é importante entendermos os passos a serem seguidos e para quais finalidades seus resultados são utilizados, de acordo com cada docente. É importante termos em mente que, assim como os currículos, os projetos educacionais pensados e elaborados pelos professores apresentam ideologias como base. Essas ideologias permeiam a elaboração e prática dos projetos com o objetivo de se chegar a um objetivo desejado que também é pautado naquilo que o docente identifica como importante ou não. Entretanto, incentiva-se cada vez mais a elaboração de projetos em conjunto com os alunos, de forma que os alunos não sejam apenas instigados a refletir as escolhas de conteúdos e metodologias, mas, também, desperte nos alunos a curiosidade de pesquisar e implementar projetos que defendam os interesses deles dentro do ambiente escolar. Além disso, estudaremos nesta unidade as novas perspectivas metodológicas que levam em consideração a utilização de recursos tecnológicos como ferramentas pedagógicas essenciais no mundo globalizado em que estamos inseridos. Apresentando-se como uma ruptura com alguns preceitos da educação tradicional, em benefício de um modelo educacional em que o aluno é o centro do processo educativo. Estas inovações metodológicas levam em consideração, também, o meio social no qual estão inseridos os alunos e a comunidade escolar como um todo. Vamos começar? Bons estudos! 1. Metodologia de Elaboração de Projetos As metodologias de elaboração de projetos são fundamentais para que as instituições escolares possam sistematizar seus objetivos e estratégias a fim de concretizá-los da melhor forma e obter melhores resultados. Por isso, é de extrema importância, por exemplo, que o Estado faça utilização das novas provas nacionais Metodologia e Prática do Ensino de História no Ensino Fundamental II e EJA - Unidade Nº 4 - Elaboração de Projetos afim de apurar a partir delas seus resultados positivos e negativos. Com base nisso, apresentar novos projetos para melhoria da educação no Brasil através da implantação de políticas públicas viáveis. Se pensarmos em uma esfera menor, a elaboração de projetos continua a ter a mesma função. A diferença é que, no âmbito escolar, por exemplo, os projetos serão destinados a apresentar novas técnicas avaliativas, de organização de eventos escolares e de atuação no sentido de corrigir as defasagens de ensino e comportamento dentro da própria escola. Com isso, identificamos que a elaboração de projetos traz consigo ações bastante positivas como desenvolver os potenciais curriculares , capacitar a equipe de professores e coordenadores, gerar melhorias nos resultados e conscientizar profissionais não só das defasagens como, também, das propostas de intervenção que atuarão na correção das negatividades. É importante lembrarmos que a atividade de se fazer projetos é simbólica, intencional e natural do ser humano. Por meio deles, o homem está sempre em busca de solução de problemas e construção de conhecimentos. Ao pensarmos na proposição de um projeto de ensino, devemos pensar na sua finalidade, na sua estrutura e na sua metodologia - ou seja, nos objetivos e problemas a serem resolvidos, no design e forma de apresentação ao público alvo e nas estratégias a serem desenvolvidas. Quando falamos projetos de ensino, nos referimos às diretrizes apresentadas pelas instituições escolares com o objetivo de cumprir suas propostas pedagógicas e adequá-las aos projetos individuais do corpo docente. Isso significa que os professores e a escola deverão apresentar os critérios a serem seguidos para a escolha dos temas e questões que integrarão os projetos. Mas a pergunta fundamental é: por que a escolha dessas temáticas e questões é importante e quais indicadores temos que utilizar para medir sua necessidade? No ambiente escolar, predomina ainda a aplicação de modelos pedagógicos tradicionais os quais conferem total autoridade e protagonismo aos professores. Estes se apresentam como os únicos detentores de conhecimento verdadeiros que é, apenas, assimilado pelos alunos. Ou seja, não há espaço para que o aluno faça qualquer escolha, esperando-se que os estudantes estejam totalmente submetidos às regras impostas pelo sistema. Metodologia e Prática do Ensino de História no Ensino Fundamental II e EJA - Unidade Nº 4 - Elaboração de Projetos É urgente que comecemos a assumir estes erros, pois, ao considerarmos que os professores são os detentores de todo e qualquer conhecimento, menospreza-se o conhecimento prévio e o potencial de aprendizado do aluno, perpetuando uma conjuntura de resultados negativos nas relações de ensino e aprendizado. Mais do que isso, ao aceitar essas premissas, desconsidera-se que o desenvolvimento não corresponde somente ao acúmulo de conhecimentos escolares, mas, também, às interações dos indivíduos com o meio, com outros sujeitos e com os objetos de conhecimento dos quais ele quer se apropriar. Dessa forma, o “ensino por projetos” diferencia-se da “aprendizagem por projetos” na medida em que a segunda refere-se à formulação de questões pelo autor do projeto ou pelo indivíduo que vai construir o conhecimento – partindo, assim, da ideia de que o estudante não é uma tábua rasa desprovida de conhecimentos e interesses. Ou seja, quando pensamos, por exemplo, no ensino de jovens e adultos, o docente deve ter em mente que este indivíduo possui especificidades que variam de acordo com seu ambiente social. Por isso, é importante levar em consideração as vivências dos alunos para, então, criar projetos em conjunto com esses indivíduos, que venham a facilitar a construção de seu conhecimento. Dessa forma, portanto, o docente não despreza a realidade dos alunos, mas, sim, a traz para o jogo para servir de base à criação de projetos voltados para os alunos naquelas circunstâncias específicas. É, portanto, através de seu conhecimento prévio de mundo, que o indivíduo vai interagir com o desconhecido e com novas situações para se apropriar de conhecimentos escolares específicos. Neste tipo de aprendizagem por projetos, é o aluno que deverá propor as questões que vão gerar os projetos e são eles quem deverão ser os interessados em buscar respostas em seu ambiente escolar e na vida. É, contudo, fundamental que os estudantes proponham questões a serem pesquisadas de acordo com suas curiosidades, indagações e que elas não sejam impostas pelo professor. 1.1. Etapas do Desenvolvimento Nas escolas, trabalhamos com um calendário escolar por vezes bastante rigoroso e, por isso, temos que planejar o projeto e orientar a ação dos alunos de acordo com as limitações impostas por este cronograma. A primeira etapa de desenvolvimento é a identificação do tema. Ou seja, o professor e seus alunos identificarão a situação-problema que será trabalhada e Metodologia e Prática do Ensino de História no Ensino Fundamental II e EJA - Unidade Nº 4 - Elaboração de Projetos corresponderá ao tema do projeto. Esta fase pode ser chamada de problematização, pois é o momento em que o impasse será analisado e discutido a fim de dar a ele uma caracterização suficiente para orientar os trabalhos. O que é necessário que se leve em consideração ao buscar a identificaçãodo problema? Deverão ser levados em consideração os conhecimentos prévios dos alunos, os objetivos do grupo como um todo e suas expectativas. Tudo para que o projeto possa ser melhor organizado e adequado ao desenvolvimento do grupo. A segunda fase diz respeito ao desenvolvimento do projeto em si. A partir dela, são estabelecidas quais serão as estratégias para que o grupo de alunos e professores atinja seus objetivos e, com base nessas estratégias, seja possível iniciar a investigação e produção pautada em pesquisas bibliográficas e pesquisas de campo. A terceira fase consiste na síntese. Aqui, os conceitos, valores e procedimentos construídos começam a ser trabalhados de forma a torná-los reais, tomando forma material. Ou seja, este é o momento em que se iniciam as apresentações em sala, maquetes, exposições, entre outras atividades. Esta última fase é crucial, pois a partir dela é comum que surjam novas problemáticas a serem solucionadas, dando origem a novas aprendizagens e projetos. Um ponto importante é que, ao longo de todo o desenvolvimento dos projetos, o professor deve empreender uma rigorosa avaliação das etapas para que, a longo prazo, tenha-se um material final. Além disso, os próprios alunos tomam conhecimento de suas limitações e dificuldades e percebem como estas se refletem no material produzido ao fim do projeto. 2. Projetos de Ensino integrando recursos tecnológicos É importante termos em mente que, hoje em dia, com o mundo globalizado, a circulação de informações está cada vez eficiente e mais instantânea. Com isso, surge a necessidade de se aperfeiçoar mais e mais os avanços tecnológicos para que comportem esse fluxo enorme de informações. Metodologia e Prática do Ensino de História no Ensino Fundamental II e EJA - Unidade Nº 4 - Elaboração de Projetos Figura 1 - Projetos de Ensino integrando recursos tecnológicos. Fonte: Geekie. No que se refere à educação como um todo, já vimos que é importante que as escolas e os professores adotem o uso de tecnologias a fim de aprimorar suas aulas e potencializar a obtenção de conhecimento por parte dos alunos. É importante que os docentes saibam que a aquisição desses recursos pode ajudar muito na construção do conhecimento em sala de aula. A partir do momento em que há incorporações dos sistemas de comunicação mediadas por dispositivos tecnológicos nos ambientes educacionais, observamos um processo de mudança contínua em curto espaço de tempo. O que faz surgir novas reflexões nas práticas educacionais docentes e na elaboração de projetos de ensino que buscam integrar recursos e conteúdos. Com isso, vamos analisar uma metodologia que auxilie o professor a elaborar projetos de ensino totalmente centrados no aluno e, a partir disso, garantir uma conjuntura adequada aos estudos com a incorporação de tecnologias para estudos e associar as tecnologias digitais educativas. Carl Rogers, que serve de base a esse redesenho de metodologias, já defendia, em 1928, uma nova forma de ensino que tornava o aluno o centro do processo educativo, mediando um estilo de aula atrativo e estimulante. Este pensamento tem como princípio básico a utilização das experiências em sala de aula não apenas como estimativa do alcance do conhecimento do aluno, mas como método de apuração da maneira através da qual ele adquiriu esse conhecimento. Ou seja, essa técnica de ensino está a serviço de uma atitude de confiança perante o aluno. Dessa forma, o processo de ajuda deve estar centrado no aluno e é tarefa do docente e da direção da escola facilitar o processo de ensino-aprendizagem a fim de criar mecanismos favoráveis que liberem a capacidade de aprendizagem do corpo discente. É certo que o uso de inovações tecnológicas no ambiente escolar resulta em estímulo à curiosidade e ao trabalho colaborativo, o que faz aumentar a concentração Metodologia e Prática do Ensino de História no Ensino Fundamental II e EJA - Unidade Nº 4 - Elaboração de Projetos e autoestima do aluno. Outro fator importante é que a adoção das tecnologias digitais rompe com as paredes da sala de aula e garantem uma integração bem-sucedida com o mundo exterior. Figura 2 - Crianças participando da aula com recursos tecnológicos. Fonte: Moodle Livre. Ao adotar uma metodologia que inclui o uso de tecnologias, é fundamental que o professor priorize a utilização do ambiente conceitual da internet para que os alunos possam coletar informações em vários formatos e, assim, organizar, visualizar, interagir e descobrir relações entre os fatos e eventos. Lembrando que é de extrema importância que o professor educa o aluno no que se refere às fontes a serem utilizadas. A internet é um lugar em que temos uma disponibilidade enorme de informações e nem todas são confiáveis, então é imprescindível que o docente oriente seus alunos sobre a veracidade das fontes. 3. Novas Perspectivas O estudo da História apresenta como pressuposto a reflexão, a interpretação e o registro dos acontecimentos do passado. Esta é uma disciplina que possui como qualidade a possibilidade de renovação constante, uma vez que diariamente elaboram-se novas teorias, técnicas de ensino e metodologias – lembrando que isto é resultado sempre do momento histórico no qual vivemos que ocasiona uma nova dinâmica no campo intelectual. Dentre as novas proposições que buscam a melhoria do ensino baseado em novas metodologias, destaca-se o trabalho Ensinar História no Século XXI de Marcos Silva e Selva Guimarães, de 2007, através da qual percebemos que a sociedade brasileira é localizada no contexto de mundialização do capital e nas contradições geográficas, culturais, sociais. Nesta obra, os autores ressaltam a importância das lutas e conquistas de grupos como mulheres, negros e LGBTs. Metodologia e Prática do Ensino de História no Ensino Fundamental II e EJA - Unidade Nº 4 - Elaboração de Projetos Temos, portanto, a proposição de um multiculturalismo crítico e revolucionário visto como sendo mais do que um conteúdo escolar, mas como forma de ver o mundo. Pensar nessa proposta multicultural curricular, é pensar em um construto que deve ir além dos limites de políticas de reformulação das diretrizes educacionais. Mas de políticas de formação docente e discente, da reflexão cotidiana de professores de História da atual sociedade brasileira. Tanto Silva, quanto Fonseca, defendem a utilização de uma base material para a construção da pesquisa histórica de modo que essa cultura possa dar condições de concretizar o passado de forma que os alunos possam visualizá-lo. Em contrapartida, é essencial que os processos históricos e culturais sejam compreendidos como marcas da cultura e história, não só como objetos delas: No caso do ensino de História, tantas décadas de debate permitiram um alargamento infinito de temas e materiais para sua realização, em consonância com a pesquisa histórica num passeio pelas ruas, numa visita a um terreiro de candomblé ou numa partida de futebol, para não falar em museus, arquivos, cinemas, teatros e similares. Agora, precisamos garantir que sujeitos e recursos clássicos de seus estudos estejam aliados a essa liberdade: professores, salas de aula e de leitura, bibliotecas. “ (SILVA; FONSECA, 2007, p.130). Com base nisso, percebemos que a busca por novas metodologias para o ensino de História, atualmente, é imprescindível e, no geral, tendem a adequar-se à contextos particulares, referentes ao cotidiano e a locais específicos. Ambos autores também defendem a importância de se adotar novas tecnologias em sala de aula como a informática que transforma a comunicação entre as pessoas a facilita o armazenamento de informações, auxiliando a pesquisa histórica. É importante pensarmos que durante muito tempo e até a atualidade, o modelo nas escolas é o de “prestar atenção para passar de ano”. A partirdas novas perspectivas de ensino, temos a proposição da utilização, por exemplo, do pátio da escola, de atividades lúdicas, da utilização de mídias e até mesmo da realização de trabalhos de campo de acordo com os assuntos a serem trabalhados. Nesta perspectiva, é crucial entender as especificidades e histórias pessoais de cada aluno para que os docentes os auxiliem na mudança da situação crítica dos ambientes escolares e transformem a relação entre a escola e o aluno. É notória a necessidade de não apenas valorizar, mas intervir na escola. Ao realizar uma pesquisa direcionada à compreensão das especificidades inerentes aos ambientes escolares, é possível produzir conhecimento e realizar ações que garantam a efetivação de intervenções de ensino. Metodologia e Prática do Ensino de História no Ensino Fundamental II e EJA - Unidade Nº 4 - Elaboração de Projetos O objetivo não é ensinar as coisas, dar conta de uma grande lista de conteúdos estabelecida por alguém em algum momento no passado. O objetivo maior é formar a capacidade de pensar historicamente e, portanto, de usar as ferramentas de que a história dispõe na vida prática, desde as pequenas até as grandes ações individuais e coletivas (CERRI: p.81-82). Quando pensamos nos estudos realizados por Dominique Julia, em 2001, vemos que a autora defendia que pensássemos o contexto escolar sempre em consonância àquilo estipulado pelos documentos normativos do sistema educacional que encampam inovações. Mesmo assim, vemos que muitas escolas e colégios ainda, majoritariamente, seguem os preceitos mais tradicionais possíveis: Para ser breve, poder-se-ia descrever a cultura escolar como um conjunto de normas que definem conhecimentos a ensinar e condutas a inculcar, e um conjunto de práticas que permitem a transmissão desses conhecimentos e a incorporação desses comportamentos; normas e práticas coordenadas a finalidades que podem variar segundo as épocas (finalidades religiosas, sociopolíticas ou simplesmente de socialização). Normas e práticas não podem ser analisadas sem se levar em conta o corpo profissional dos agentes que são chamados a obedecer a essas ordens e, portanto, a utilizar dispositivos pedagógicos encarregados de facilitar sua aplicação, a saber, os professores primários e os demais professores. Mas, para além dos limites da escola, pode-se buscar identificar, em um sentido mais amplo, modos de pensar e de agir largamente difundidos no interior de nossas sociedades, modos que não concebem a aquisição de conhecimentos e de habilidades senão por intermédio de processos formais de escolarização: aqui se encontra a escalada dos dispositivos propostos pela schooled society que seria preciso analisar (JULIA, 2001. p.3) De acordo com o trecho, observamos que o ambiente social é fundamental para o conhecimento histórico. Vale salientar que ao se pensar ensino de História e história local - aquela História elaborada em contexto micro - ,, por exemplo, devemos priorizar a pesquisa. Ou seja, o aluno não deve acreditar que o conhecimento transmitido pelos professores é único e incontestável. Dessa forma, o professor assume papel de mediador e deve garantir que o aluno construa sua pesquisa para obtenção de novos conhecimentos. Esse processo traz como benefício o fato de que o aluno não adquira o conhecimento exclusivamente através da memorização, mas que o perceba como parte de sua vida, de suas vivências, da história de sua família, etc. Quando falamos no ensino de História no Ensino Médio regular e EJA, falamos em um ensino totalmente baseado em uma forma conteudista. O que isso significa? Significa que todo o conteúdo e a forma como ele é transmitido é direcionado ao sucesso dos alunos nos vestibulares e no ENEM. Isso faz com que o ensino se torne Metodologia e Prática do Ensino de História no Ensino Fundamental II e EJA - Unidade Nº 4 - Elaboração de Projetos meramente um estudo preparatório para exames. Entretanto, é urgente, que para melhorarmos a qualidade do nosso ensino e das práticas educacionais, nos desvinculemos dessa preocupação em ministrarmos apenas conteúdos programáticos destinados ao aprimoramento de índices de desempenho. Neste sentido, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, a função social da disciplina de História é: (...) ensino de História possui objetivos específicos, sendo um dos mais relevantes o que se relaciona à constituição da noção de identidade. Assim, é primordial que o ensino de História estabeleça relações entre identidades individuais, sociais e coletivas, entre as quais as que se constituem como nacionais (Parâmetros Curriculares Nacionais, 1997:p21). Além desta visão, temos aquela que considera que o Ensino Médio das escolas públicas visa o ENEM: O Enem vem trazer para os jovens possibilidades de conseguir alguma vaga em faculdades/universidades que desejam (excepcionalmente serve como Certificação do Ensino Médio). Para isso considera a pontuação no exame, como critério que poderá ou não permitir o ingresso na instituição de ensino superior. Esse sistema avaliativo adotado já há alguns anos, desde o governo Fernando Henrique Cardoso, mesmo com algumas deficiências reforça o conceito de que é preciso haver um acompanhamento do rendimento escolar, um monitoramento de como os estudantes estão se saindo na capacidade de absorção do conhecimento recebido. E isso de uma certa forma pode servir para estimular os melhores alunos a se esforçarem mais, para obterem não apenas boas notas, mas a garantia de que irão prosseguir seus estudos, na universidade. (BOLAN, Valmor. 2013,P.01) Como docentes, devemos sempre enfrentar estes dramas, pois estamos convencidos de que é necessário aliar a reflexão à intervenção direta a fim de criar alternativas e propor ações para conquista de objetivos e metas. Ou, ao menos, tomá- los como horizonte de compreensão do papel do professor no ensino de História. 4. Projetos de Ensino no EJA Quando tratamos da educação de jovens e adultos, devemos levar em consideração que esses indivíduos inseridos no contexto da sala de aula precisam se mobilizar para a construção efetiva do conhecimento e, para isso, devem contar com a ajuda de seus colegas e professores de postura acolhedora e dedicada ao ensino. Por isso, é sempre importante pensarmos nas aulas não só como um mero instrumento conteudista, mas trazer a ela um enfoque lúdico – uma vez que a ludicidade está atrelada ao sentido e relevância do conhecimento na vida desses alunos. Metodologia e Prática do Ensino de História no Ensino Fundamental II e EJA - Unidade Nº 4 - Elaboração de Projetos Entretanto, há algumas questões a serem pensadas. A primeira diz respeito à disparidade inerente ao repertório de conhecimento da turma. Ou seja, se utilizarmos a leitura como exemplo, devemos levar em consideração todo conhecimento prévio dos integrantes da turma sobre os gêneros do discurso e quais fizeram parte de sua história de letramento. A partir disso, torna-se mais interessante planejar novas propostas vinculadas a diferentes temas, embasando-se nas particularidades para enriquecer a experiência da sua turma em específico. A segunda questão a ser pensada é justamente um planejamento visando estipular quais eixos e propostas temáticas contemplarão o trabalho com um corpo específico de discentes, correspondendo ainda aos pressupostos curriculares colocados. É importante, qualquer que seja esse planejamento, que vise favorecer um amplo passeio por autores, bens culturais e diversas modalidades de produção humana conhecidas (literatura, teatro, folclore, dança, música etc). Ou seja, apresentá- los a um repertório cultural diversificado e de amplo potencial didático. Uma terceira questão a ser levada em consideração é, sem dúvidas, a avaliação. Assim como já vimos, é importante que ela seja feita a cada etapa do trabalho,pois assim os alunos irão conseguir sistematizar o conhecimento – o que fará com que busquem se apropriar de cada conteúdo em discussão. Agora, vamos pensar sobre isso na prática? Vamos imaginar que seus alunos conheçam de forma mais ampla os gêneros canção, como funk ou rap, contos de fadas e notícias que envolvem a internet. Diante disso, você como professor deverá organizar uma votação para que seja eleito um ou dois gêneros para o projeto e, dessa forma, a partir do resultado você poderá vinculá- lo à proposta. Até aqui, tudo certo? Agora, é de extrema importância que haja uma postura de desenvolvimento desta temática fazendo um passeio por obras de referências dos gêneros escolhidos. A partir disso, você, com a ajuda deles, divididos em grupos, deverá realizar um trabalho de pesquisa bastante diversificado – envolvendo textos desses dois gêneros – em função de um tema, como, por exemplo, a violência nas cidades ou a violência contra a mulher. O que as músicas e as mídias falam a respeito disso? De que forma estes assuntos são tratados em cada um dos gêneros escolhidos? Ou ainda, porque são tratados dessa maneira? Metodologia e Prática do Ensino de História no Ensino Fundamental II e EJA - Unidade Nº 4 - Elaboração de Projetos Lembre-se sempre que, nessa etapa, o docente deve apostar que seus alunos são competentes para selecionar as letras das canções, as notícias e os contos que, ao serem analisados, trarão em efervescência discussões e aprendizados para a turma, de maneira potencializada ainda por terem eles realizado esta seleção a partir de seus interesses e afetos. O que garante um envolvimento maior do que métodos tradicionais, em que é o docente que faz tal seleção. É necessário que se acredite em seu potencial como agentes sociais. Você, como professor, pode auxiliá-los nas análises, indicando pontos de destaques na organização geral e na linguagem, promovendo discussões acerca da temática escolhida. Ao final, os alunos poderão, por exemplo, criar canções, paródias e até mesmo um noticiário oral ou escrito. Ou ainda criar plataformas para divulgação do conteúdo cultural que selecionaram e acreditam que valha a pena ser compartilhado com a comunidade local. 4.1. Metodologias para o EJA O Ensino de Jovens e Adultos no Brasil passa por inúmeros problemas que são consequência da educação no país. As políticas educacionais criadas pelo governo a fim de diminuir as diferenças socioeconômicas são resultados diretos do processo de formação do Brasil – ou seja, de um processo onde uma minoria dita as regras sobre uma maioria excluída. Umas das principais problemáticas encontradas pelos docentes no EJA é, justamente, uma deficiência na formação acadêmica, teórica e metodológica, dos professores. É importante ter em mente que os aluno do EJA, ao entrar em sala de aula, trazem, por muitas vezes, as marcas de um subsequente fracasso do sistema escolar e social que provocaram suas respectivas desistências e evasões. O emprego de novas tecnologias e por melhores conjunturas de aprendizado se fundamenta em uma luta incessante em favor de uma formação que contemple as aflições e carências do sistema de educação do país. Para o docente, é imprescindível dominar a teoria, já que a informação escolar é ímpar tanto para se construir um senso crítico como para capacitação em relação aos desafios postos pelo mercado de trabalho. No caso, então, do estudante do EJA, devemos levar em consideração que este é um aluno dotado de um conhecimento de mundo, que tem família constituída, que trabalha e que adquiriu discernimento sobre a necessidade de voltar para a escola. Além disso, este aluno é dotado de outros conhecimentos que vivencia e constrói em seu cotidiano e história de vida. Por isso é Metodologia e Prática do Ensino de História no Ensino Fundamental II e EJA - Unidade Nº 4 - Elaboração de Projetos central que estes conhecimentos sejam potencializados através dos fundamentos teóricos estudados na escola e que não se constituam em uma uma conflitualidade entre ambas as fontes de aprendizagem e formação. Desta forma, na educação de jovens e adultos, o que nos importa é trabalhar a realidade através das palavras geradoras ou temas geradores fazendo com que se torne um conteúdo de reflexão como ponto de partida para o diálogo. Por isso, cabe aos docentes articular o aprendizado dos saberes com a leitura crítica do mundo. Figura 3 - Educação de Jovens e Adultos. Fonte: SESC-PE Sobre isso, Paulo Freire (1997) defende uma visão específica de ser humano e de mundo e é nesse contexto que se dão os processos de humanização, pois: “ao perceber o ontem, o hoje e o amanhã”, o ser humano percebe a consequência da sua ação sobre o mundo e torna-se sujeito da sua história e responsável por ela. Para ele, portanto, a natureza da educação é política e que, sabendo disso, podemos constituí-la como um ato de domesticação ou emancipação.(FREIRE, 1997) Como consequência, Freire indica caminhos para se desenvolver um trabalho diversificado, levando em consideração as experiências que os alunos trazem. Como vimos, é de extrema importância que valorizemos esses conhecimentos e estabeleçamos uma relação de amizade e confiança que cresça a cada dia entre educadores e educandos. Sendo assim, podemos concluir que a transformação do mundo ocorrerá também através de uma educação feita a partir da sua realidade cultural - ou seja, da história do sujeito que, muitas vezes, aguardou por muito tempo uma oportunidade Metodologia e Prática do Ensino de História no Ensino Fundamental II e EJA - Unidade Nº 4 - Elaboração de Projetos de se reintegrar à educação formal. Para isso, é necessário despertar o interesse desses jovens e adultos, garantindo uma maior facilidade de acesso à escola e ao mundo do trabalho. Síntese Nesta unidade 4 da disciplina Metodologia e Prática do Ensino de História no Ensino Fundamental II e EJA, pudemos observar como se dá a elaboração dos projetos e para quê eles servem. É importante lembrarmos que os projetos são mecanismos através dos quais os docentes montam um panorama geral de ensino envolvendo os alunos na estipulação do que deverá ser seguido por todos ao longo do ano letivo a fim de se conseguir os resultados pretendidos. Deve-se creditar a devida importância ao emprego de tecnologias e da informática, ao considerarmos a realidade do mundo atual globalizado para melhoria das experiências escolares, tantos dos alunos quanto dos professores. Isso porque, através de tecnologias, conseguimos facilitar o acesso a informações e abrir a possibilidade para que, ao entrar em contato com elas, os alunos possam fazer uma análise crítica daquelas que lhes cabem. Ademais, as novas perspectivas de ensino de História prevem uma quebra do paradigma pré-estabelecido por uma educação tradicional que tinha como enfoque em um ensino conteudista da disciplina. De acordo com as novas perspectivas, é importante que os professores incentivem a construção de conhecimento dos alunos e os identifiquem como seres únicos, dotados de vivências específicas e com diferentes origens sociais. Por isso, as novas teorias indicam a extrema importância do estudo da História local, para que se entenda o ambiente em que a escola e a comunidade escolar como um todo estão inseridos e, também, para que se compreenda as problemáticas e situações cotidianas enfrentadas pelos alunos regularmente. Nesta unidade, identificamos: ● Novas práticas de trabalho em sala de aula ● Materiais didáticos e sua produção ● Práticas éticas, cidadãs e inovadoras no Ensino de História ● Elaboração de Projetos para o Ensino de Jovens e Adultos ● Metodologias de ensino para o EJA Metodologia e Prática do Ensino de História no Ensino Fundamental II e EJA - Unidade Nº 4 - Elaboração de Projetos Metodologiae Prática do Ensino de História no Ensino Fundamental II e EJA - Unidade Nº 4 - Elaboração de Projetos Bibliografia BARCA, Isabel. Educação Histórica: uma nova área de investigação. Revista da Faculdade de Letras, Porto, Portugal, III Série, Vol 2, 2001, p. 03-21. CERRI, Luis Fernando. Ensino de história e consciência histórica. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2011. FONSECA, Selva Guimarães. Didática e Prática de Ensino de História: experiências, reflexões e aprendizados. Campinas/SP: Papirus, 2012. FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da liberdade. 11ªEd. São Paulo: Paz e Terra, 1997. SILVA, Marcos.; FONSECA, Selva G. Ensino de História hoje: errâncias, conquistas e perdas. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 31, n. 60, p. 13-33, 2010. versão Online ISSN 1806-9347. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0102- 018820100002&lng=pt&nrm=iso>. Acesso: 05 jul 2019. ______. Ensinar história no século XXI: Em busca do tempo entendido. Campinas, SP:Papirus, 2007. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico). Referências imagéticas: Figura 1 - GEEKIE. Tecnologia em sala de aula. Disponível em: <https://www.geekie.com.br/blog/integracao-tecnologia-sala-aula/>. Acesso em: 17 jul. 2019. Figura 2 - MOODLELIVRE. Tecnologia em sala de aula. Disponível em: <https://www.moodlelivre.com.br/noticias/2547-serie-debate-a-tecnologia-em-sala- de-aula-e-no-combate-ao-bullying>. Figura 3 - SESC-PE. Educação de Jovens e Adultos. Disponível em: <https://www.sescpe.org.br/2018/01/08/pre-enem-educacao-jovens-adultos- destaque-sesc-arcoverde/>. Acesso em: 17 jul. 2019. https://www.geekie.com.br/blog/integracao-tecnologia-sala-aula/ https://www.moodlelivre.com.br/noticias/2547-serie-debate-a-tecnologia-em-sala-de-aula-e-no-combate-ao-bullying https://www.moodlelivre.com.br/noticias/2547-serie-debate-a-tecnologia-em-sala-de-aula-e-no-combate-ao-bullying https://www.sescpe.org.br/2018/01/08/pre-enem-educacao-jovens-adultos-destaque-sesc-arcoverde/ https://www.sescpe.org.br/2018/01/08/pre-enem-educacao-jovens-adultos-destaque-sesc-arcoverde/
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