Prévia do material em texto
2 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP CURSO DE PEDAGOGIA PATRICIA EMILIA DE LIMA SAMPAIO PA: PROJETOS E PRÁTICAS DE AÇÃO PEDAGÓGICA: real eficácia de suas intervenções para o desenvolvimento dos Espaços Educacionais Belém – Pará 2022 PATRICIA EMILIA DE LIMA SAMPAIO PA: PROJETOS E PRÁTICAS DE AÇÃO PEDAGÓGICA: real eficácia de suas intervenções para o desenvolvimento dos Espaços Educacionais Trabalho academico apresentado a Universidade Paulista (UNIP) como requisito parcial para a obtenção da avaliação da disciplina Projetos e Práticas Pedagógicas. Belém – Pará 2022 RESUMO O trabalho evidencia a questão do Projeto Pedagógico através da participação de todos os envolvidos no processo educacional. O objetivo deste trabalho busca descrever de forma linear o desenvolvimento do projeto pedagógico, desde sua idealização até tempos contemporâneos, perpassando por diversos conceitos vinculados a eles, como desafios práticos e a importância na formação do aluno como cidadão. Analisa-se uma questão crucial: o Projeto Pedagógico, seus conceitos e significados como um dos princípios básicos do trabalho que se desenvolve na escola. A metodologia utilizada foi uma revisão integrativa de literatura, ao qual buscou-se compilar e desenvolver os principais conceitos a partir de um aporte literário relevante, além de evidenciar conceitos desenvolvidos na prática. A partir do exposto no decorrer do trabalho, busca-se levar a reflexão sobre desafios na esperança de contribuir para mudanças que promovam uma educação de qualidade. Essa educação de qualidade, por sua vez, interfere na formação do professor, que produz novas habilidades e competências em cada um. Palavras-chave: Aluno; Educação; Escola; Projeto pedagógico. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 4 2 CONCEITOS ANTIGOS E MODERNOS DE PROJETO PEDAGÓGICO 5 3 OS DIFERENTES TIPOS DE PROJETOS PEDAGÓGICOS 7 4 A ESTRUTURA MACRO DOS PROJETOS PEDAGÓGICOS 13 5 OS PROJETOS PEDAGÓGICOS E SUAS RESPONSABILIDADES ENQUANTO MEIO DE FORMAÇÃO CIDADÃ 14 6 NOVOS ESPAÇOS EDUCACIONAIS E SEUS DESAFIOS PRÁTICOS 15 7 REGISTRO DE CONCEITOS IDENTIFICADOS A PARTIR DE ATIVIDADES PRÁTICAS 16 8 CONCLUSÃO 17 REFERÊNCIAS 18 1 INTRODUÇÃO Os projetos de caráter pedagógico possuem sua origem de uma extensa jornada de estudos educacionais que tem como sua finalidade proporcionar a melhoria nas metodologias de ensino. O modo antigo e cansativo ao qual eram base das aulas tanto do ensino infantil quanto dos ensinos fundamental e médio não traziam grandes resultados em caráter macro, sendo assim, como tinham a atenção voltada somente para o ensino, transmitindo de modo direto, os resultados eram apenas números frios, ou seja, fatores psicossociais era quase que totalmente excluídos das metodologias de ensino (PRADO, 2019). O projeto pedagógico, sendo um instrumento que reflete a proposta educacional da instituição de ensino, é um documento que deve ser produzido por todas as escolas, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Assim, o documento tem sua funcionalidade como sendo um mapa para que a instituição atinja seu potencial máximo, adequando-se ao contexto no qual está inserida e contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento de seus alunos (ALVAREZ MENDEZ, 2002). Este trabalho tem como objetivo geral descrever de forma linear o desenvolvimento do projeto pedagógico, desde sua idealização até tempos contemporâneos, perpassando por diversos conceitos vinculados a eles, como desafios práticos e a importância na formação do aluno como cidadão. 2 CONCEITOS ANTIGOS E MODERNOS DE PROJETO PEDAGÓGICO Considera-se os projetos como uma prática educativa que teve reconhecimento em diferentes períodos do século XX. Esta termologia emergiu pela primeira vez na literatura educacional em 1904 em um artigo do educador C. Richards que orientava futuros professores de trabalhos manuais e considerava útil que eles desenvolvessem projetos suscitados, por problemas e tarefas práticas. Contudo, foi por intermédio do pensamento de Jhon Dewey (1859-1952) e outros representantes da chamada “Pedagogia Ativa”, que surgiram as referências inicias ao trabalho com projetos como meio pedagógico (KOEHLER, 2012). Jhon Dewey, filósofo, psicólogo e pedagogo liberal norte – americano, exerceu forte influência sobre toda a pedagogia contemporânea. Ele foi o defensor da “Escola Ativa” que propunha a aprendizagem do aluno através da atividade pessoal. A escola nova destaca o princípio da aprendizagem por descobertas e estabelece que atitude de aprendizagem parte do interesse dos alunos, que por sua vez, aprendem fundamentalmente pela experiência, pelo que descobrem por si mesmas. O professor é visto, então como facilitador no processo de busca no conhecimento que deve partir do aluno. Cabe a ele organizar e coordenar as situações de aprendizagem, adaptando suas ações às características individuais dos alunos para desenvolver suas capacidades e habilidades (KOEHLER, 2012). Um professor de Educação da Universidade de Columbia em Nova York, chamado Willian H. Kilpatrick (1871-1965), deu início a uma reflexão sobre o trabalho de projeto enquanto método educativo e levou, em 1919, para a sala de aula, juntamente com algumas concepções de Dewey. Este método de ensino objetivou trabalhar com os alunos as possibilidades de desenvolver a vontade se pesquisar, envolvendo a interdisciplinaridade. Trata-se de um método ativo, que permitiria a contextualização e a significação do mesmo (SILVA et al., 2014). Para Jean Piaget (1969), psicólogo francês, a Escola Ativa tinha o mérito de envolver, no processo de ensino aprendizagem, o interesse do aluno, sua ação e reflexão, sem excluir o esforço do mesmo. Os projetos aparecem então como denominação de um conceito que procura unificar vários aspectos importantes relativos ao processo de aprendizagem: a ação, e de preferência a ação realizada com empenho pessoal, a intencionalidade desta ação, isto é, a existência de um objetivo, e sua inserção num contexto social (SILVA et al., 2014). D’antola (1976) afirma que sua proposta de que os projetos ocupam um lugar central nas práticas escolares, tem a ver com a perspectiva de que basear a educação em projetos e identificara educação coma própria vida. No Brasil, o “Método de Projetos” tornou-se conhecido a partir da divulgação da “Escola Nova”, que, se colocava contra os princípios e métodos da escola tradicional. As idéias de educadores como Kilpatrick, Decroly, Freinet, entre outros foram disseminados no Brasil por Anísio Teixeira e Lourenço Filho (SILVA et al., 2014). Este meio de atuação foi construído e sistematizado, tendo como preocupação central a complexidade do aprender, a importância de se integrar o ser humano no momento da aprendizagem e na importância do significado nesse processo. É uma forma de atuação que se iniciou coma intenção de unidade, do todo, que pressupõe uma forma de pensar interacionista e construtivista (KOEHLER, 2012). “Os projetos de trabalho supõem, um enfoque do ensino que trata de ressuscitar a concepção e as práticas educativas na Escola, para dar respostas (não “a resposta”) às mudanças sociais que se produzem nos meninos, meninas e adolescentes e na função da educação e não simplesmente readaptar uma proposta do passado e atualiza-la” (HOFFMANN, 2004). O trabalho com projetos tem como função principal tornar a aprendizagem real e atrativa para o educando, inserindo a educação em um plano de trabalho agradável, sem impor os conteúdos programáticos de forma autoritária. 3 OS DIFERENTES TIPOS DE PROJETOS PEDAGÓGICOS Sendo realidade nas escolas brasileiras tanto particulares como nas públicas, o trabalho com projeto pedagógico é bem visto por conta de sua grande e essencial contribuição no processo de ensino-aprendizagem; onde normalmente as escolas escolhem para trabalhar alguns temas específicos com uma metodologia personalizada e interdisciplinar,utilizando o lúdico de modo em que a aprendizagem possa ser de qualidade. Sendo que estes projetos escolares possibilitam para os estudantes, não importando qual o nível de ensino em que os mesmos estão matriculados, vivenciarem de maneira revolucionaria vários aspectos do meio em que está inserido, sendo também uma forma de beneficia, além da interdisciplinaridade, a contextualização, fator de estrema importância na formação escolar do estudante, comprovando que as diversas áreas do conhecimento se complementam e dialogam entre si sobre os mais diversos temas (HOFFMANN, 2009). Dedicar as aulas com projetos pedagógicos é uma maneira de melhorar a qualidade de aprendizagem, principalmente na área da Matemática, a qual se trata de um projeto próprio, uma vez que o professor leciona o assunto de geometria, porcentagem ou números, entre os vastos conteúdos em que os estudantes apresentam dificuldade de aprendizagem, pelo fato de muitas vezes o professor de Matemática somente utilizar como material didático para o ensino o livro, o quadro e o pincel (D’ANTOLA, 1976). Quando se tem um projeto, bem produzido e desempenhado, deve ser voltado para uma metodologia que seja diferente, inovadora para trabalhar um determinado assunto, para que sejam estimulados nos estudantes a vontade e o prazer de aprender, tendo assim uma aprendizagem considerável. A produção do projeto pedagógico possui sua origem nos estudos de Dewey, onde o mesmo definiu cinco etapas necessários a criação de um projeto de trabalho, o qual a prática foi realizada no ano de 1978 pelo teórico Kilpatrick. Tendo como a primeira etapa a identificação do problema ou uma necessidade apresentada, sendo assim, é a tomada de consciência de uma dificuldade ou problema (D’ANTOLA, 1976). A segunda etapa é a criação de hipótese ou alternativas para que seja resolvido os problemas encontrados, desse modo, é quando se constroem várias sugestões para as possíveis soluções do problema. Após, vem a terceira etapa, a qual se dá pela caracterização e classificação do problema ou análise da dificuldade, sendo a terceira etapa voltada para o exame e análise da situação e dos seus vários elementos para definir o fator de maior importância e saber delimitar o problema (D’ANTOLA, 1976). Por sua vez, a quarta etapa é a escolha do plano de ação ou a experimentação, ou seja, são os resultados de cada solução proposta e quando são desempenhadas as soluções que mais se enquadram e submetidas à ação. E, por fim, o quinto passo que se dá pela ação das hipóteses. O quinto estágio é a última confirmação para a solução proposta, e essa solução pode ser a correta ou não. Em que deve ser verificada de modo científico caso a solução não seja a correta, busca nas outras hipóteses soluções para o problema (D’ANTOLA, 1976). Sendo que ao realizar o trabalho educativo com projetos, é possível em algumas situações que o tema a ser selecionado seja criado a partir do interesse da turma, do professor ou da vivência na instituição de ensino, entretanto, que seja desenvolvido acentuando os conhecimentos científicos relacionados aos vivenciados pelos estudantes, que tenha um processo de ensino-aprendizagem que garantam os saberes escolares (HOFFMANN, 2009). O projeto pedagógico integra-se a uma tradição escolar que possibilita a pesquisa da realidade e o trabalho ativo dos estudantes, desse modo, passa a ser facilmente confundido com outras modalidades de ensino, como unidade didática, centro de interesse ou estudo ambiental. Há algumas particularidades dos projetos pedagógicos que podem ser identificadas em comum com outras modalidades de ensino, consistem em transpassam os limites do currículo, das áreas do conhecimento e dos conteúdos (HOFFMANN, 2009) E ainda conforme Hoffmann (2009), para executar atividades práticas é preciso que os temas sejam escolhidos conforme os interesses e o desenvolvimento conceitual dos alunos; são praticadas atividades diferenciadas, como experiências, visitas e outros; realizar algum tipo de pesquisa; trabalhar com diferentes fontes de pesquisas; atividades individuais e em grupos de acordo com os diferentes conteúdos e habilidades a serem aprendidos. É evidenciado por Hoffmann (2004) alguns pontos que possibilitam a representação da estrutura de um projeto pedagógico. Segundo as noções de conhecimento, processos de ensino-aprendizagem orientam o caminho que será produzido conforme cada contexto da turma. Assim, possui indicações que encaminham para a elaboração de um projeto de trabalho, sendo elas, a necessidade de a trajetória ser percorrida com a turma seja fundamentada em um tema-problema, evidenciando a análise, a interpretação e o desenvolvimento da crítica. Há também, ainda de acordo com Luckesi (2006) a possibilidade de desenvolvimento do comportamento de colaboração, o qual o professor também se coloca como aprendiz e não um profissional que responderá a todas as dúvidas; cada caminho ou finalidade de pesquisa apresenta particularidade, necessitando de distintas fontes de informações; o professor ensina os alunos a ouvir o que os colegas dizem, que pode ser também, formas de aprender; Nos diferentes formatos de se conhecer nos alunos o que se quer ensinar; a aproximação entre as disciplinas e os saberes da atualidade, uma possibilidade em que todos os alunos tem a chance de aprender, desde que achem o caminho das informações; a aprendizagem do fazer também se constitui como um dos tipos de aprendizagem necessários para o desenvolvimento dos conhecimentos (HOFFMANN, 2009). É possível que o trabalho educativo fundamentado em projetos pedagógicos seja empregado em todos os níveis de ensino, sendo eles fundamental, médio, superior, voltado também para a Educação Infantil, onde neste caso é adaptado. O conhecimento de projeto de trabalho reflete-se na rede de comunicações que conectam o indivíduo com ele mesmo e de modo interpessoal, analisando suas dúvidas, hipóteses e conhecimentos para depois serem compartilhados, juntamente com a relação que opera ao mesmo tempo com o meio social, que pode ser a sala de aula, estabelecendo uma interação que gera mudanças conceituais sobre os assuntos (PINHEIRO, 1999). Não são representados os projetos de trabalho como método ou pedagogia sistematizada, mas sim como um ponto de vista de educação e escola que, segundo Luckesi (2006), é necessário que seja considerado a valorização de conhecimentos e problemas existentes fora do âmbito escolar; também, a influência da relação com a informação atualizada, que conduz e se produz de modo diferente de outras épocas; Ainda afirma que o professor na incumbência de problematizador, de intermediário das relações dos estudantes com o conhecimento, método em que o professor atua também como aprendiz; a prática da escuta, em que todos ouvem o que cada um comenta de acordo com seus entendimentos e experiências; a relevância das anotações sobre as conversas que acontecem na sala de aula e em outros contextos, como modo de agrupar maior valor à construção dos conhecimentos; A organização do currículo não por disciplinas e conteúdo como algo fixo, mas a partir de um currículo integrado, baseado em objetivos do processo que conduzirá os estudantes para o final da escolaridade básica; proporcionar a autodireção do estudante a partir das atividades, do plano individual, planejamento semanal ou quinzenal dos fatos que acontecem na sala de aula; a avaliação deve considerar as experiências substantivas de aprendizagem, permitindo que os estudantes reconstruam seu processo e transfiram os conhecimentos e estratégias para outras circunstâncias e problemas cotidianos (PINHEIRO, 1999). De acordo com Lima (1994) os projetos conceituados desse modo, direcionam um outro modo de determinar o conhecimento escolar fundamentado na aprendizagem da interpretação da realidade, voltada para a organização de associações entre a vida dos alunos e professores e o conhecimento das disciplinas e outros saberes não disciplinares vão sendo construído. A associação entre os conhecimentos habituais no diaa dia e os conhecimentos escolares contribuem para o desenvolvimento de estratégias que instigam a problematização, interpretação e apresentação do processo sistêmico. Ajuda no estudo de um tema ou problema, que na dificuldade de informações beneficiam o desenvolvimento do conhecimento dos alunos e professores de si mesmos e da realidade que vivem (PRADO, 2019). Para Moreira e Massini (2001), a escola objetiva estimular o estudante para aprender a a pensar, juntamente com as relações estabelecidas com os demais, pautadas na solidariedade, na interpessoalidade, na possibilidade de se colocar no lugar do próximo e desenvolvendo outras competencias. Alvarez Mendez (2002) elenca algumas etapas para a realização dos projetos pedagógicos, que podem ser flexíveis dependendo das características do que se pretende investigar, onde a primeira é o objetivo o qual consiste no fundamento, o epicentro, dando ênfase a produção conjunta, com clareza para todos os envolvidos. O segundo representa as perguntas, onde é realizado perguntas que o projeto procura responder, sendo necessário que seja citado curiosidades. Ao final, verificar se as perguntas foram respondidas ou não. A terceira são as fontes, a qual procura a base para a análise e assegurar que sejam extensas e de várias fontes e meios, como entrevistas, meios de comunicação, vídeos, textos. Já a quarta etapa são as fases, que consiste em estabelecer o começo, meio e final. Considerando a preparação, apresentação e avaliação, com as fases de elaboração, pesquisa, apresentação e conclusão. A quinta etapa representa o cronograma, onde é preciso que os objetivos estejam submetidos ao tempo e ao desenvolvimento das fases do projeto. A sexta são as ideias principais, sendo a investigação com os alunos no decorrer dos projetos. Já a sétima são as linguagens, sendo esta, etapa em que todas as diversas formas de expressão e participação são suscitadas para a elaboração do projeto (PRADO, 2019). A oitava é a contextualização, onde é direcionado o projeto para o contexto dos alunos, valorizando os depoimentos, a vivência e as aprendizagens dos participantes. A nona representa a linha do tempo, sendo a projeção de todos os passos de forma escrita e exposta na sala. E, por fim, a decima que é a avaliação, sendo esta a observação da aprendizagem, considerando o movimento da prática do "aprender a aprender" (PINHEIRO, 1999). Para tanto, ao pensar de forma simplificada em como desenvolver um projeto pedagógico, deve-se ater a três momentos distintos, segundo Kilpatrick (1978): Problematização: configura o ponto de partida, o momento propulsor do projeto. Nessa etapa inicial, os alunos irão expressar suas ideias, crenças, conhecimentos sobre o problema em questão, no inventário das hipóteses de que a intervenção pedagógica precisa partir, pois, dependendo do nível de compreensão inicial dos alunos, o processo tomará caminhos diferenciados. Na fase da problematização, o professor detecta os conhecimentos que os alunos possuem, e os que precisam ser desenvolvidos. A partir das questões levantadas, nesta etapa, o projeto é organizado pelo grupo (GOMES et al., 2010). Desenvolvimento: momento em que se criam as estratégias para buscar respostas às questões e hipóteses levantadas na problematização. A ação dos estudantes é de fundamental importância, por isso, a necessidade de vivenciarem situações que os obriguem a confrontar pontos de vista, rever suas hipóteses, pontuar novas questões, conhecer novos elementos da Ciência. Para isso, é preciso que se criem propostas de trabalho que exijam a saída do espaço, a organização em pequenos grupos, o uso da biblioteca, a vinda de pessoas convidadas à escola, entre outras ações. Nesse processo, as crianças têm que utilizar todo o conhecimento que têm sobre o tema e se defrontar com conflitos, inquietações que as levarão ao desequilíbrio de suas hipóteses iniciais (PINHEIRO, 1999). Para a síntese no desenvolvimento do processo, as convicções iniciais vão sendo superadas e outras mais complexas vão sendo substituídas. As novas aprendizagens passam a fazer parte dos esquemas de conhecimento dos alunos e servirão de conhecimento prévio para outras situações de aprendizagem. Os projetos de trabalho consistem numa metodologia diferenciada, que não deve ser confundida com mais um tipo de técnica de ensino. Ao contrário, eles trazem premissas fundamentadas nos estudos de Dewey, ampliados por Kilpatrick e atualmente disseminados por Hernández e Varela. A construção de um projeto pedagógico parte da concepção construtivista, sustentada na participação ativa dos estudantes no processo de ensino-aprendizagem dos saberes escolares (GOMES et a., 2010). Para sua efetiva aplicação, se faz necessária a coragem do professor de ousar a libertação do paradigma conceitual da escola tradicional para um ambiente interativo de aprendizagem, na relação entre professor e estudante como pessoas em construção, abertas para o aprimoramento e desenvolvimento dos conhecimentos, na contemporaneidade, aproveitando as contribuições das tecnologias presentes nas escolas para a prática educativa (PINHEIRO, 1999) 4 A ESTRUTURA MACRO DOS PROJETOS PEDAGÓGICOS A estrutura básica do Projeto Político-Pedagógico apontada por Luckesi (2006) apresenta os seguintes elementos: histórico e justificativa, objetivos gerais e específicos; meta, desenvolvimento metodológico, recursos, cronograma, avaliação e conclusão. É importante que os elementos estejam articulados entre si e harmoniosamente ligados ao contexto da escola, para que representem aquilo que realmente os sujeitos da escola desejaram. De acordo com Pinheiro (1999) para uma melhor compreensão, sintetizamos em um quadro cada um desses elementos e seus desmembramentos, dando seu significado e função na construção do Projeto Político-Pedagógico para que este possa traduzir as ações almejadas pela escola de forma organizada, sistematizada que facilite sua compreensão. Ao se construir o PPP, é fundamental que se tenha em mente a realidade que circunda a escola, realidade que se expressa no contexto macro da sociedade econômica, política e social. Nesse contexto, as etapas apresentadas devem ser consideradas e priorizadas de acordo com as necessidades da escola (PINHEIRO, 1999). A organização metodológica permite identificar mais claramente os objetivos, orientações, ações e estratégias de aprendizagem de instituição. Em seu processo de construção é necessário que as escolas se reconheçam, realizem autocríticas e busquem novas formas de organização do trabalho pedagógico que reduza os efeitos da divisão do trabalho, da fragmentação e do controle hierárquico (LIMA, 1999). 5 OS PROJETOS PEDAGÓGICOS E SUAS RESPONSABILIDADES ENQUANTO MEIO DE FORMAÇÃO CIDADÃ A dimensão pedagógica é aqui entendida enquanto trabalho pedagógico que engloba os elementos constituintes da ação educativa como um todo, e do fazer docente, que se concretizam no espaço escolar, especialmente, na sala de aula (GOMES et al., 2010). A ação educativa significa que a função da escola não é só a instrução, é também a educação, de forma a aumentar a capacidade do indivíduo de ser sujeito, enquanto sujeito de direitos e de deveres para com a sociedade em que está inserido. Assim, além dos conteúdos básicos considerados universais, é papel da escola trabalhar o conhecimento que permita ao indivíduo situar-se na condição de sujeito social, o que requer, também, trabalhar valores, hábitos, atitudes e comportamentos que possibilitem o pleno exercício da cidadania. Nessa compreensão, a escola deve: “contribuir para desenvolver a tolerância em relação às minorias (...); proporcionar abertura às outras culturas, a igualdade dos homens e das mulheres, a participação democrática na vida política, a solidariedade para os menos favorecidos, a integração dos deficientes, o respeito pelo meio ambiente, a defesa dos direitos humanos, a rejeição das discriminações de todo gênero” (Lan 2000, c’est demanin, p.p.9-10. In: Philipe Perrenoud, 1994, p.21).Ao focalizarmos a prática docente, procuramos compreender como o processo de ensino-aprendizagem é produzido no espaço escolar, quais os seus elementos constituintes na ótica de uma proposta de escola que busca formar sujeitos cidadãos. O grande desafio colocado às instituições que visam contribuir para a formação de cidadãos conscientes, possibilitando a estes o exercício da cidadania ativa, é o de romper com a cultura escravocrata, clientelista e patrimonialista que embasa a formação do povo brasileiro, e que permeia as diferentes relações no conjunto das instituições sociais. A escola não está isenta dessas influências (PERRENOUD, 1994) 6 NOVOS ESPAÇOS EDUCACIONAIS E SEUS DESAFIOS PRÁTICOS Os novos espaços educacionais emergem a partir da evolução tecnológica aplicada a educação. Conceitos inovadores sobre a prática pedagógica e novos equipamentos e tecnologias foram emergindo e a sua utilização na arte de ensinar foi um caminho normal e natural de absorção intersetorial (HOFFMANN, 2009). Deve haver a inserção destes espaços na sociedade e toda sua ampla diversidade cultural, social e física. As instalações precisam ser constantemente avaliadas após determinado tempo de uso. Essa avaliação funciona como fonte de retroalimentação para futuros projetos semelhantes (INÁCIO, 2007). O perfil destes espaços tem como base a filosofia pedagógica adotada, ambientes pedagógicos, funções, fluxos, pré-dimensionamento, mobiliário específico, instalações e equipamentos básicos, informações sobre o terreno, levantamento topográfico e as especificações Educacionais (HOFFMANN, 2004) Em relação aos parâmetros funcionais e estéticos, tem-se a organização espacial e dimensionamento dos conjuntos funcionais, acessos, percursos, segurança e adequação do mobiliário. A diversidade de cores, texturas e padrões das superfícies, o padrão construtivo, as formas, as proporções, os símbolos, os princípios compositivos, enfim, os elementos visuais da edificação que podem ser trabalhados para despertar os sentidos, a curiosidade e a capacidade de descoberta da criança e que, de certa forma, excitem o imaginário individual e coletivo são cada vez mais buscados, em algumas instituições já se obtém esses parâmetros como padrão (HOFFMANN, 2009) O favorecimento das relações intra e interpessoais ocorre quando o espaço permite a divisão de por setores dos subconjuntos funcionais, como socio pedagógico, assistencial, técnico e serviços, isso estabelece uma melhor compreensão da localização dos ambientes, o que facilita a apropriação dos mesmos pelos usuários (HOFFMANN, 2004) À engenharia cabe a tarefa de desenvolvimento, projeção e construção de prédios escolares dentro de uma concepção moderna de ensino. Aos Sistemas de Ensino cabe a missão da absorção de novas práticas pedagógicas, as novas tecnologias da educação e as tecnologias aplicáveis à educação, providenciando a devida capacitação dos corpos docentes e o aparelhamento das Unidades Escolares para o devido desenvolvimento coordenado dos recursos materiais e humanos para uma boa prática pedagógica (PINHEIRO, 1999). 7 REGISTRO DE CONCEITOS IDENTIFICADOS A PARTIR DE ATIVIDADES PRÁTICAS Atividades corriqueiras como planejamento de aulas, correção de provas e preenchimento de diário de classe, são essenciais para a manutenção da organização de um professor. Contudo, deve-se estar atento a projetos e atividades para serem realizados tanto dentro, quanto fora da sala de aula. No entanto, mais do que uma tarefa burocrática, o registro de práticas pedagógicas é um instrumento valioso que permite acompanhar o desenvolvimento dos estudantes e ainda refletir sobre o próprio trabalho. Em um cenário no qual o professor precisa dividir sua atenção entre muitos estudantes e muitas vezes não é possível tomar notas diárias sobre todos, ela diz que é possível apostar em múltiplos formatos de registro, que incluem não apenas anotações em texto, mas também áudios, vídeos e fotografias. Essa metodologia permite uma analise mais abrangente do cotidiano e especificidade de cada aluno na busca de extrair o melhor de cada um. Em minhas práticas busquei captar o máximo de materiais de áudio e vídeo possíveis do professor titular para que pudesse me embasar em posteriores práticas, atividades lúdicas fora de sala de aula, como em área de recreação, quadra poliesportiva e áreas fora do ambiente escolar foram as principais fontes que geraram subsídios interessantes para registro. Além disso, colaborei com as aulas buscando utilizar metodologias aplicadas ao cotidiano para a preservação do meio ambiente (fauna e flora), alimentação saudável e corpo humano. Cada uma delas utilizando elementos lúdicos, estimulando a prática dentro e fora da escola de bons hábitos alimentares para prevenção de obesidades e comorbidades relacionadas, o conhecimento do corpo humano utilizando vídeo aulas e jogo didático, além de mostrar os malefícios da poluição do meio ambiente e suas consequências para animais e plantas. 8 CONCLUSÃO O Projeto Pedagógico é um documento que possui uma grande importância no contexto educacional. Norteador das práticas e metodologias escolares, o mesmo deve ser elaborado de maneira colaborativa, com a participação de todos os membros da comunidade escolar. Importante ressaltar que a finalização do documento não significa o fim desse processo. O Projeto Pedagógico deve ser revisto periodicamente, pelo menos uma vez por ano. Essa revisão possibilita que os membros das equipes pedagógica e gestora ajustem os objetivos e os prazos de acordo com os resultados alcançados pelos alunos. As atividades práticas são de suma importância para a construção de conceitos para o educador, viabilizando metodologias lúdicas que facilitam o processo de ensino-aprendizagem, aproximando o aluno da temática em vigência, gerando resultados positivos tanto a longo quanto a curto prazo. REFERÊNCIAS ÁLVAREZ MENDEZ, J.M. Avaliar para conhecer, examinar para excluir. Porto Alegre: Artmed, 2002. D’ANTOLA, A. R. M. A observação na avaliação escolar. São Paulo, Ed. Loyola,1976. GOMES, A. P.; ARCURI, M. B.; CRISTEL, E. C.; RIBEIRO, R. M.; SOUZA, L. B. M.; SIQUEIRABATISTA, R. Avaliação no Ensino Médico: o papel do portfólio nos currículos baseados em metodologias ativas. Revista Brasileira de Educação Médica (Impresso), v. 34, p. 390-396, 2010. HOFFMANN, J.M.L. Avaliação: mito e desafio: uma perspectiva construtivista. Porto Alegre: Mediação, 2004, 32º ed. Revista. 104 p. HOFFMANN, J.M.L. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. 29 ed. Porto Alegre: Mediação, 2009. INÁCIO, M. O processo de aprendizagem. Desenvolvimento de Recursos Didácticos para a Formação de Tutores em Contexto de Trabalho. Lisboa: Delta Consultores e Perfil, 2007. KOEHLER, S. Inovação Didática – Projeto de Reflexão e Aplicação de Metodologias Ativas de Aprendizagem no Ensino Superior: Uma Experiência com “Peer Instruction”. Janus, América do Norte, 912p, v. 12, 2012. LUCKESI, C.S. Avaliação da aprendizagem. São Paulo: Cortez, 2006. LIMA, A.O. Avaliação escolar: julgamento ou construção?.Petrópolis , RJ: Vozes, 1994. MOREIRA, M. A.; MASINI, E. Aprendizagem Significativa: A Teoria de David Ausubel. São Paulo: Ed Centauro, 2001. PERRENOUD, P; THURLER, M.G. A Escola e a Mudança. Lisboa, Escolar Editora, 1994. PINHEIRO, M.E. A ação coletiva como referencial para a organização do trabalho pedagógico. Brasília: UNB, 1999. PRADO, G.F. METODOLOGIAS ATIVAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS: um estudo das relações sociais e psicológicas que influenciam a aprendizagem. Tese (Doutorado)– Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências, Bauru, 2019. SILVA, L S; COTTA, R. M. M.; COSTA, G. D.; CAMPOS, A. A. O.; COTTA, R. M.; SARAIVA, L. S.; COTTA, F. M. Formação de profissionais críticos-reflexivos: o potencial das metodologias ativas de ensino-aprendizagem e avaliação na aprendizagem significativa. In: Congrés Internacional de Docència Universitària i Innovació (CIDUI) Tarragona, 2014.