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1 SUMÁRIO O ENVELHECIMENTO ............................................................................... 2 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO........................................................ 7 ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO ENVELHECIMENTO ........................... 9 As Potencialidades do apoio Psicológico ........................................... 11 ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO ........................... 14 O envelhecimento causa déficits sobre o sistema mantenedor do equilíbrio humano .................................................................................................. 15 Síndrome do Desequilíbrio no Idoso .................................................. 17 DOENÇAS RELACIONADAS À TERCEIRA IDADE E A PARTICIPAÇÃO DO EXERCÍCIO ........................................................................................................ 21 Benefícios da Atividade Física em Idosos .......................................... 24 A Escolha da Atividade Física Adequada ........................................... 25 Envelhecimento populacional no Brasil .................................................... 26 TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA ............................................................. 30 MORTALIDADE ........................................................................................ 32 MORBIDADE E USO DE SERVIÇOS DE SAÚDE ................................... 33 Precauções ............................................................................................ 35 – Como Evitar Quedas em Idosos .................................................. 35 Como Ajudar na Comunicação ....................................................... 38 os direitos dos idosos no Brasil ............................................................. 41 Como fazer valer os direitos dos idosos?........................................ 44 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................ 46 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 55 2 1 O ENVELHECIMENTO Fonte:lamenteesmaravillosa.com O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial, tanto no que se refere aos países desenvolvidos como aos países em desenvolvimento. Este crescimento da população idosa é reflexo do aumento gradual da longevidade, conjuntamente com as diminuições das taxas de natalidade e mortalidade. Estimativas para a população idosa brasileira apontam que até 2020, o país terá 32 milhões de pessoas com idade superior a 60 anos. O aumento no número de idosos instiga o desenvolvimento de estratégias que possam minimizar os efeitos negativos do avanço da idade cronológica no organismo. Estas estratégias visam à manutenção da capacidade funcional e da autonomia para que as pessoas possam ter uma vida mais longa e com melhor qualidade. 3 O processo de envelhecimento em idades avançadas está associado a alterações físicas, fisiológicas, psicológicas e sociais, bem como ao surgimento de doenças crônico-degenerativas advindas de hábitos de vida inadequados (tabagismo, ingestão alimentar incorreta, tipo de atividade laboral, ausência de atividade física regular), que se refletem na redução da capacidade para realização das atividades da vida diária. O declínio nos níveis de atividade física habitual para idoso contribui para a redução da aptidão funcional e a manifestação de diversas doenças, como consequência a perda da capacidade funcional. Neste sentido, tem sido enfatizada a prática de exercícios como estratégia de prevenir as perdas nos componentes da aptidão funcional. A diminuição da tolerância ao esforço físico faz com que um grande número de pessoas idosas vivam abaixo do limiar da sua capacidade física, necessitando somente de uma mínima intercorrência na saúde para tornarem-se completamente dependentes. A atividade física regular tem sido descrita como um excelente meio de atenuar a degeneração provocada pelo envelhecimento dentro dos vários domínios físico, psicológico e social. O corpo humano tem um ritmo de envelhecimento muito próprio e, com o passar dos anos, é natural que existam mudanças significativas na forma física de cada um. A maneira como o corpo humano envelhece depende, em parte, dos laços genéticos que o ligam à família, mas não resulta exclusivamente deles. O estilo de vida, o exercício e os hábitos alimentares têm um impacto muito forte na forma como o corpo envelhece. Um estilo de vida saudável pode diminuir muitos dos efeitos do envelhecimento e essa é uma opção que se revela nas escolhas que cada um faz. Os Indicadores De Envelhecimento Existem vários sinais que mostram que o corpo humano está a envelhecer e, como tal, é indispensável que saiba observá-los e que os transforme a seu favor. Dos indicadores de envelhecimento mais importantes e que mais se evidenciam no corpo humano, deve ter em atenção os seguintes: https://cuidamos.com/artigos/como-incentivar-idoso-fazer-exercicio-fisico https://cuidamos.com/artigos/9-formas-fazer-com-que-idoso-se-alimente-corretamente 4 A Pele Com o avançar da idade, a pele fica menos elástica e é natural que surjam mais linhas e rugas à sua superfície. As glândulas da pele vão produzindo cada vez menos óleo, o que faz com que a própria pele fique mais seca e estragada. Para que isso não aconteça e para retardar o envelhecimento da pele, deve utilizar cremes hidratantes e um protetor solar para proteger a sua pele dos raios ultravioletas. É também aconselhável a utilização de um chapéu ou um boné para estar mais protegido dos malefícios do sol. O Cabelo O cabelo ou a ausência dele é um dos indicadores principais do envelhecimento humano. Os problemas capilares podem ser provocados pelas mais variadas razões, desde o stress do dia-a-dia, aos maus hábitos alimentares, depressões, até ao excesso de gordura no cabelo e é por isso que é normal que o cabelo vá perdendo a sua cor original e vá ficando cada vez mais fino. Atualmente, existem vários tratamentos capilares que impedem o aparecimento da calvície. A Altura Quando um indivíduo atinge os 80 anos de idade, é comum que tenha perdido cerca de 2 centímetros da sua altura total. Essa alteração deve-se às mudanças existentes na postura normal e na compressão das articulações principais, como os ossos da coluna e os discos da coluna vertebral. A Audição A audição é um dos sentidos mais afetados pelo envelhecimento. As dificuldades auditivas iniciam-se a partir dos 40 anos de idade e aumentam exponencialmente a partir dos 60. Os sons de alta frequência são mais difíceis de serem ouvidos e as mudanças no tom e no discurso passam a ser menos claras e perceptíveis. Uma das melhores soluções passa pela utilização de um aparelho auditivo. https://cuidamos.com/artigos/como-lavar-cabelo-acamado https://cuidamos.com/artigos/8-causas-possiveis-para-ma-alimentacao-idoso 5 A Visão A maioria das pessoas que tem mais de 40 anos de idade desenvolve a necessidade de utilizar óculos para ver melhor. Com o passar do tempo, é normal que a visão vá ficando cada vez mais cansada e desgastada e isso pode conduzir à perda da visão noturna e da respetiva acuidade visual. Para não perder a eficácia da sua visão, é necessário utilizar óculos que tenham a graduação mais adequada para os seus olhos. Os Ossos Durante a vida adulta, os ossos perdem gradualmente o seu conteúdo mineral e ficam com menos força, resistência e densidade. Quando as mulheres atingem a menopausa, os riscos da perda da densidade óssea são maiores e isso aumenta as hipóteses de sofrerem de osteoporose. Para que isso não se suceda, é fundamental realizar exercício físico com regularidade, ingerir cálcio e vitamina D diariamente e, acima de tudo, evitar fumar ou beber café. O Metabolismoe a Composição Corporal Quando começa a envelhecer, o corpo humano precisa de mais energia para desempenhar as suas funções habituais e o seu metabolismo vai diminuindo. As alterações hormonais que acontecem no organismo resultam num aumento da gordura corporal e na diminuição da massa muscular. Nesse sentido, a melhor maneira de gerir estas mudanças é ingerir menos calorias e manter ou aumentar a sua atividade física. Quando a massa muscular é fortalecida, o metabolismo fica mais rápido e funcional. O Cérebro e o Sistema Nervoso As alterações da memória são uma parte vulgar do processo de envelhecimento e é normal que determinados episódios não sejam recordados. No entanto, isso pode ser melhorado e trabalhado. Basta exercitar o cérebro com a realização de palavras cruzadas e jogos mentais, assim como a realização de exercícios físicos que aumentam o fluxo sanguíneo e o oxigénio para o cérebro. https://cuidamos.com/artigos/15-cuidados-que-idosos-devem-ter-pratica-exercicio-fisico https://cuidamos.com/artigos/8-beneficios-exercicio-fisico-para-idosos https://cuidamos.com/artigos/10-dicas-para-lidar-com-idoso-com-perda-memoria 6 O Coração e a Circulação Sanguínea O coração torna-se menos eficiente à medida que o corpo envelhece, pois é obrigado a trabalhar mais para fazer exatamente as mesmas atividades que fazia. Por conseguinte, a energia e a resistência humana vão diminuindo quando o coração necessita de trabalhar mais. Os Pulmões Com a ausência de atividade física, os pulmões fornecem menos oxigénio para o corpo desempenhar as suas funções mais básicas e isso é muito prejudicial para a saúde humana. Para manter os seus pulmões fortes, é necessário que mantenha uma atividade física regular. Os Rins Os rins tendem a diminuir o seu tamanho e as suas funções quando o corpo começa a envelhecer. Eles não purificam tão rapidamente os resíduos e os medicamentos que se encontram no organismo e não ajudam o corpo a lidar de forma tão eficaz com a desidratação. Nesse sentido, é fundamental que beba muita água e que elimine a ingestão de qualquer tipo de toxina alcoólica e medicamentos desnecessários. A Função Sexual A partir dos 50 anos de idade, os homens e as mulheres produzem níveis mais baixos de hormônios. Os homens produzem menos espermatozoides e o seu tempo de resposta sexual diminui, apesar do seu impulso sexual ser exatamente igual. As mulheres param de ovular e enfrentam uma série de mudanças durante a menopausa, uma vez que esta está ligada à menor produção de estrogênio. https://cuidamos.com/artigos/actividades-para-idosos-vida-comeca-60 https://cuidamos.com/artigos/como-gerir-medicamentos-idoso http://vivermenopausa.com/ 7 2 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO Fonte: static.vix.com Segundo Vandervoort (2000, p. 67) “[...] o aspecto biológico normalmente leva à diminuição das reservas funcionais do organismo. Essas alterações podem ser observadas no organismo do ser humano idoso: muscular, ósseo, nervoso, circulatório, pulmonar, endócrino e imunológico. ”. De acordo com autor supracitado, essas possíveis alterações levam a um declínio que variam entre os diversos tecidos e funções, como ainda variam também de um indivíduo para outro. Segundo Guccione (1993), quando alguém é solicitado a imaginar a postura de um idoso, com muita frequência a imagem que surge é a de uma pessoa curvada ou inclinada para frente, que na maioria das vezes, é do sexo feminino e apresenta um alto risco de queda. Para Amâncio (1975), o envelhecimento representa uma etapa do desenvolvimento individual, sendo que a característica principal é acentuada pela perda da capacidade de adaptação, e menor expectativa de vida, isto significa excessiva vulnerabilidade e reduzida viabilidade diante das forças normais de mortalidade. Pickles et al (1998), considera a população da terceira idade para homens acima de 65 anos e mulheres acima de 60 anos, de acordo com as idades a partir das quais homens e mulheres começam a fazer jus a aposentadoria oficial. 8 Segundo a Lei n° 8.842/94 art. 1 e 2, a política nacional do idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade; ainda se considera idoso, para os efeitos desta lei, a pessoa maior de sessenta anos de idade. Segundo Pickles et al (1998), biologicamente somos seres que percorrem o ciclo da vida, interrompido ou não, mas inevitável, que vai do nascimento até a morte; passando pelas seguintes etapas: concepção, desenvolvimento intrauterino, nascimento, infância, adolescência, maturidade, velhice e morte. De acordo Petroianu e Pimenta (1999), a velhice não é apenas a deterioração orgânica, mas o que ocorre são perdas físicas, anunciando ou atestando o surgimento de doenças degenerativas, diminuição de força e vitalidades orgânicas. Perdas psíquicas, representadas pelo declínio da memória, diminuição ou anulação da vida afetiva, desinteresse em adquirir novos conhecimentos. O envelhecimento é um processo universal, é um termo geral que segundo a forma em que aparece, pode se referir a um fenômeno fisiológico, de um comportamento social, ou ainda cronológico, isto é, de idade. É um processo em que ocorre mudança nas células, nos tecidos e no funcionamento de diversos órgãos. (RODRIGUES; DIOGO, 2000, p. 12). Segundo Petroianu e Pimenta (1999), o crescimento da população idosa deve- se ainda a evolução da medicina. Para Leme (2000), a população vem aumentando rapidamente e por consequência o progressivo aumento da população idosa, este aumento deve-se as melhores condições de vida, a maior expectativa de vida. O aumento acentuado do número de idosos trouxe consequências para a sociedade e, obviamente para indivíduos que compõem esse segmento etário. Era necessário buscar os determinantes das condições de saúde e de vida dos idosos e conhecer as múltiplas facetas da velhice e do processo de envelhecimento. Ver esses fenômenos simplesmente pelo prisma biofisiológico é desconhecer a importância dos problemas ambientais, psicológicos, sociais, culturais e econômicos que pesam sobre eles. Ao contrário, é relevante ter uma visão global do envelhecimento como processo e do idoso como ser humano. Hoje felizmente, toda a área do saber sobre a velhice encontra-se em grande evolução. (PICKLES et al, 1998, p. 78). A perda de algumas funções fisiológicas é inevitável na pessoa que envelhece, por melhores que sejam seus hábitos de vida. 9 3 ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO ENVELHECIMENTO Fonte: opsicologoonline.com.br Segundo Guccione (1993), múltiplos problemas poderiam afetar a postura. Três dos fenômenos mais comumente observados na prática da fisioterapia são a depressão, o delirium (estado confusional agudo) e a demência. De acordo com o autor supracitado (1993), a depressão é o problema mais comum de saúde mental que acontece no idoso. A depressão altera tanto a postura quanto o afeto geral. Pickles et al (1998), relata que no envelhecimento ocorrem diversas alterações, trazendo ao ser humano, mudanças psicológicas. O estado emocional de um idoso implica contextualização de sua história de vida, suas reações emocionais provavelmente estão diretamente relacionadas com a vivencia que acumulou no transcorrer de sua existência. De acordo com Zimermann (2000), essas mudanças psicológicas podem resultar em dificuldades de se adaptar a novos papéis, falta de motivação e dificuldades de planejar o futuro, depressão, hipocondria, somatização, paranoia, suicídio, baixa alta imagem e autoestima, necessidade de trabalhar as perdas orgânicas afetivas e sociais. 10 Zimermann (2000), ainda afirma que: assim como as características físicas do envelhecimento, o caráter psicológico também está relacionado com hereditariedade, a históriae com atitude de cada indivíduo. Sendo assim indivíduos mais saudáveis e otimistas tem mais condições de adaptarem-se as transformações trazidas pelo envelhecimento. São mais propensas a verem a velhice como um tempo de experiência acumulada, liberdade para assumir novas ocupações. Segundo Gonong (2000), o envelhecimento é uma etapa normal do desenvolvimento e continuidade da vida de um indivíduo, fazendo com que o ser humano aceite com tranquilidade a sua velhice, e procurar alguma maneira para continuar a ser útil à sociedade, aos familiares e amigos. De acordo com Brouwer (1981), a medida em que as pessoas vivem mais, mudanças acontecem, as distâncias aumentam, a vida fica mais agitada, o tempo sempre mais curto e as condições econômicas mais difíceis, a sociedade se modifica. Isso exige maneiras diferentes de viver uma grande flexibilidade e capacidade de adaptação que nem sempre os velhos têm. “A velhice é um processo contínuo de perdas, em que os indivíduos ficariam relegados a uma situação de abandono, desprezo, de ausência de papeis sociais, e estes fatores levam a construção de uma série de estereótipos negativos em relação aos velhos.” (SILVA, 1999, p. 68). O envelhecimento constitui uma fase do ciclo de vida caracterizada por transformações consideráveis em diversos níveis – físico, psicológico e social, tendo repercussões nos comportamentos e experiências da pessoa idosa. O processo de envelhecimento apresenta variações mais ou menos consideráveis de pessoa para pessoa, podendo ser gradual para uns e mais acelerado para outros. Essas variações dependem da interação entre diversos fatores, nomeadamente fatores genéticos, ambientais, sociais, económicos, bem como o estilo de vida adoptado e a existência de doenças crônicas. Desta forma, entende-se que a abordagem do processo de envelhecimento cruza-se obrigatoriamente com uma reflexão multidimensional e cultural. Múltiplas são as visões e leituras construídas em torno do processo de envelhecimento. De acordo com uma perspectiva mais otimista, o envelhecimento representa o alcance da sabedoria, do bom senso e da serenidade. Contudo, os efeitos prejudiciais do envelhecimento não podem ser descurados. De fato, o 11 envelhecimento representa um processo de diminuição de capacidades da vida diária, aliado a uma crescente vulnerabilidade e dependência de outrem, principalmente dos familiares. Esta fase do ciclo de vida torna então propícia a emergência de distúrbios psicológicos, principalmente a diminuição da capacidade de aceitação e adaptação a mudanças e perdas, bem como a redução do funcionamento cognitivo. Neste domínio realça-se a perda de produção e rendimento intelectual, incluindo as capacidades de percepção, atenção, memória, raciocínio, tomada de decisão, resolução de problemas e formação de estruturas complexas do conhecimento. Tais transformações constituem a grande dificuldade do processo de envelhecimento que, quando aliado à perda de capacidades a nível visual, auditivo e memória – sobretudo ao nível da recuperação de informação – favorece o desenvolvimento do sentimento de solidão, isolamento, inutilidade, bem como amplia a fragilidade do estado psicológico do indivíduo. 3.1 As Potencialidades do apoio Psicológico Frequentemente, mais do que ao envelhecimento per si, a perda de capacidades cognitivas deve-se à falta de uso das mesmas, à fatores comportamentais, nomeadamente a adopção de um estilo de vida não saudável (uso de álcool, medicamentos…), à fatores sociais, como a solidão e o isolamento e à existência de perturbações ou fragilidades de foro psicológico, designadamente no caso da depressão, ou ainda perante a falta de motivação, confiança e auto estima do indivíduo. Realça-se que a preservação da integridade física e psicológica, bem como a sua adequação tem grande relevância para o idoso, e uma boa autoestima é fundamental para o indivíduo desfrutar de um envelhecimento bem-sucedido. O apoio psicológico deverá então incidir sobre os fatores acima enunciados, reforçando sempre que possível, os aspectos positivos do envelhecimento. O apoio psicológico tem grande relevância junto do idoso, nomeadamente quando este último se confronta com mudanças de papéis sociais e do seu estilo de vida, muitas vezes diminuído. Além disso, as perdas são diversas e múltiplas durante esta fase do ciclo de vida, pelo que é fundamental o idoso ter apoio para promover a sua aceitação e adaptação. 12 Numa fase inicial, o psicodiagnóstico é fundamental, nomeadamente para a detecção de determinados sintomas indicadores de fragilidades ou perturbações psicológicas, destacando-se sintomas de depressão, isolamento, sentimento de inutilidade, irritabilidade, desmotivação, baixa autoestima ou ainda uma autoimagem negativa. É fulcral a intervenção psicológica incidir sobre os diversos contextos de vida e papéis sociais desempenhados pelo idoso, constituindo a família um domínio a privilegiar. De fato, o idoso encontra-se muitas vezes a residir junto de familiares, sendo a participação deste fulcral na evolução do acompanhamento psicológico. É de grande relevância os familiares serem informados e sensibilizados para determinados problemas emocionais cuja ocorrência se torna favorável à medida que a idade avança, permitindo capacitar a rede familiar para a detecção dos sinais de alerta. Realça-se ainda que intervir na rede familiar do idoso permite ainda avaliar as relações e dinâmicas familiares existentes, bem como as suas potencialidades ou debilidades. Salienta-se que o apoio psicológico favorece a detecção de situações de risco, nomeadamente situações características de violência, maus tratos, exclusão e solidão, bem como uma intervenção adequada! A intervenção psicológica: um trabalho de prevenção, promoção da saúde e intervenção na doença. Em suma, os objetivos gerais do acompanhamento psicológico ao idoso constituem na abordagem da história pessoal e contextos de vida do idosos, na avaliação das suas capacidades psicossociais; na compreensão das suas necessidades específicas e na satisfação das mesmas e na promoção da sua saúde. No que concerne aos objetivos específicos da intervenção com o idoso, refere-se a compreensão e apaziguamento das angústias do idoso em confrontar-se com a fase final do ciclo de vida, evitando o isolamento social, desânimo e depressão; a promoção da sua autonomia e auto estima; a promoção da aceitação e adaptação do idoso às suas condições de vida; o fomento de comportamentos de saúde na idade avançada; o desenvolvimento de competências; a redução ou prevenção da acentuação de fatores de risco; a intervenção nas perturbações cognitivas; a minimização dos efeitos das doenças físicas. Face aos desafios que o envelhecimento impõe ao indivíduo, o apoio psicológico pode ajudá-lo a desfrutar de um envelhecimento bem-sucedido, com saúde e bem-estar emocional! 13 Teorias do Envelhecimento Psicossocial Teoria da atividade: Existe um consenso sobre a relação entre as atividades sociais e a satisfação vivida. A velhice deve ser bem organizada e bem-sucedida, pressupondo a descoberta de novos papéis de modo a manter a auto estima para obter maior satisfação pela vida. Um idoso deve manter-se ativo a fim de: obter, na vida, a maior satisfação possível; manter a sua autoestima e conservar a sua saúde. A velhice bem-sucedida implica a descoberta de novos papéis, na vida. Tudo isso leva a hipótese de que a sociedade deve conservar a saúde valorizando o avançar da idade. Teoria da desinserção: O envelhecimento é acompanhado de um desmembrar recíproco da sociedade e do indivíduo. Quando a desinserção é geral, o indivíduo modifica seu sistema de valores. A perda do papel que desempenha na sociedade, a perda de relações impessoais e sociais acabam por se tornar situações normais e rotineiras.Verifica-se que a diminuição da satisfação da vida é proporcional à diminuição das atividades diárias. Teoria da continuidade: O idoso mantém a continuidade nos seus hábitos de vida, nas suas preferências, fazendo estes, parte da sua personalidade. A teoria da continuidade afirma que o envelhecimento é uma parte integrante e funcional do ciclo de vida. O indivíduo idoso tem a possibilidade de manter todos os seus hábitos de vida, preferências, experiências e compromissos construídos durante toda a sua vida. As pressões exercidas pelos acontecimentos dos últimos anos de vida vão levando a adoção de novos comportamentos que deem continuidade à vida. 14 4 ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO Fonte:giseliramos.com.br Todo o organismo multicelular possui um tempo limitado de vida e sofre mudanças fisiológicas com o passar do tempo. A vida de um organismo multicelular costuma ser dívida em três fases: a fase de crescimento e desenvolvimento, a fase reprodutiva e a senescência, ou envelhecimento. Durante a primeira fase, ocorre o desenvolvimento e crescimento dos órgãos especializados, o organismo cresce e adquire habilidades funcionais que o tornam aptos a se reproduzir. A fase seguinte é caracterizada pela capacidade de reprodução do indivíduo, que garante a sobrevivência, perpetuação e evolução da própria espécie. A terceira fase, a senescência, é caracterizada pelo declínio da capacidade funcional do organismo. (IDADE ATIVA, 2004). De acordo com Idade ativa (2004), “o envelhecimento é causado por alterações moleculares e celulares, que resultam em perdas funcionais progressivas dos órgãos e do organismo como um todo. ” 15 O envelhecimento é um processo comum a todos os seres vivos, sendo assim, o conhecimento de seus aspectos anatômicos e sua fisiologia. Rebelatto e Morelli, (2004), explicam que: Uma vez que envelhecemos, apresentamos perda em estrutura. Essa perda de ordem de 1cm por década aproximadamente começa a acontecer por volta dos 40 anos de idade. Essa perda se deve, principalmente, à diminuição dos arcos do pé, ao aumento das curvaturas da coluna e também a uma diminuição no tamanho da coluna vertebral, devido à perda de água dos discos intervertebrais decorrentes dos esforços de compressão a que eles são submetidos. De acordo com Rebelatto e Morelli (2004), o idoso também apresenta algumas alterações características e que podem dar a ideia de sua formação típica. São o aumento dos diâmetros da caixa torácica e do crânio, a continuidade do crescimento do nariz e do pavilhão auditivo. Ocorre também aumento do tecido adiposo, principalmente em regiões características como a região abdominal. O teor de água corporal diminui, pela perda hídrica intracelular, há perda de potássio. Esses fatos levam o idoso a perder massa corporal, afetando vários órgãos, como os rins e o fígado, mas os músculos são os que mais sofrem com essa perda de massa com o passar do tempo. A pele fica menos elástica por causa da alteração da elastina e ocorre diminuição da espessura de pele e do tecido subcutâneo, levando ao aparecimento das rugas, ocorrendo também alterações nos melanócitos, que são células que dão a cor à pele, que levam a formação de manchas, hiperpigmentadas, marrons e lisa, principalmente na face e dorso da mão. 4.1 O envelhecimento causa déficits sobre o sistema mantenedor do equilíbrio humano O córtex cerebral é uma complexa região formada por bilhões de células nervosas agrupadas em giros específicos. Estas células estão relacionadas a funções complexas como motricidade, sensibilidade e todos os mecanismos cognitivos correlatos – memórias incidental, imediata e tardia, linguagem, aprendizagem, consciência, entre outros. Como consequência, o córtex consiste em uma das regiões mais importantes do Sistema Nervoso Central (SNC), por transmitir inputs sensoriais 16 vindos da “periferia”, associando-os aos mecanismos comportamentais específicos e às respostas motoras. Por serem complexas, as funções corticais superiores não se concentram em uma única área específica. A integração de diferentes regiões funcionais (primárias, secundárias e terciárias), bem como a ação dos diversos mediadores neuroquímicos, promovem a ativação de sinapses nos lobos cerebrais de ambos hemisférios, agindo sobre o equilíbrio do sujeito. Assim como o SNC, o Sistema Nervoso Periférico (SNP) também desempenha uma importante função sensório-motora sobre o sistema mantenedor do equilíbrio. Sua ação refere-se ao ato de interligar os comandos proprioceptivos periféricos (conscientes e inconscientes) ao encéfalo. Os impulsos sensitivos são conduzidos por meio de neurônios pseudo-unipolares à medula, e ao tálamo, por meio dos fascículos grácil e cuneiforme, e das vias espinocerebelares posteriores. A resposta motora ocorre devido à ação de moto neurônios presentes no corno anterolateral medular. A motricidade humana como resposta aos distúrbios de equilíbrio no envelhecimento depende de três categorias básicas de movimento: 1) a ação de reflexos; 2) os movimentos rítmicos automatizados; e 3) os movimentos voluntários. Embora todos eles dependam da integridade dos pilares do circuito motor, o padrão fundamental de ação – contração e relaxamento – é afetado com o envelhecimento, principalmente no que se refere as associações musculares agonistassinergistas-antagonistas. As constituições histológicas, anatômicas e morfofuncionais do SNC e SNP diferem de forma significativa. Porém, tais estruturas compartilham um processo fisiológico comum: o envelhecimento neuronal. E, por se tratar de um processo trivial, deve ter suas bases anatomofisiológicas melhor conhecidas. No entanto acredita-se que, com o avançar da idade, o indivíduo passe a apresentar deficiências no controle genético da produção de proteínas estruturais, de enzimas e dos fatores neurotróficos. Esse déficit, por sua vez, repercute de maneira negativa na função das células nervosas e das neuróglias, tornando mais difícil a neurogênese, a plasticidade, a 17 condução e transmissão dos impulsos nervosos. Com isso, déficits consideráveis no equilíbrio estático e dinâmico são gerados. De um modo geral, dois eventos marcam o “envelhecimento” no sistema nervoso: a diminuição do peso total do encéfalo; e a redução na camada cortical, que leva a um concomitante aumento das cavidades ventriculares e dos sulcos. A redução do peso pode ser da ordem de 80% ao final da sétima década de vida. A redução em volume dos giros ocorre, sobretudo devido à atrofia cortical consequente a apoptose neuronal. Alterações de cunho histológico também ocorrem, promovendo modificações importantes dos neurônios. Entre estas, podem ser citadas a formação de depósitos amilóides nos vasos e células (“placas senis”), consideradas proteínas anômalas resultantes de quebra de moléculas precursoras normais em sítios específicos; e a quantidade aumentada de pigmentos de lipofucsina (lipocromo ou pigmento de desgaste). Estas alterações podem ser explicadas pela deficiência de proteínas vitais, além da presença e depósito de substâncias anômalas, responsáveis por acumular fragmentos de organelas nos novelos intracelulares de neurofibrilas16. Outras alterações morfofuncionais deletérias e presentes ao envelhecimento são: redução do número de neurônios nos giros pré-centrais, temporais e no cerebelo; retração do corpo celular dos grandes neurônios de centro metabólito; atrofia neuronal com redução do RNA citoplasmático; acúmulo de pigmento de desgaste; e alterações na condução elétrica devido à degeneração da bainha de mielina. Concluindo, é possível constatar que o envelhecimento de fato causa déficits sobre o sistema mantenedor do equilíbrio humano. Isso se deve porque as estruturas afetadas pelo processo de envelhecimento cerebral desempenhamimportante função na dinâmica corporal. É necessário o conhecimento da sua funcionalidade perante a arquitetura dos movimentos corporais para que seja possível conhecer a repercussão da senilidade nestas atividades. Para tal, a presente revisão versará agora sobre um problema funcional comum em idosos: a síndrome do desequilíbrio. 4.2 Síndrome do Desequilíbrio no Idoso Estudos recentes sobre distúrbios de equilíbrio na população idosa refletem a heterogeneidade da prevalência de etiologias específicas que afetam o sistema mantenedor do equilíbrio humano. Diversos autores propõem que tal fato seja 18 considerado uma síndrome geriátrica, caracterizada por alterações multissensoriais sob controle neurológico, por doenças em diversos sistemas ou por órgãos e reações adversas a medicamentos. As manifestações da síndrome do desequilíbrio têm grande impacto para os idosos, podendo levá-los à perda de sua autonomia, por comumente afetar a realização das atividades de vida diária e predispor o indivíduo a quedas e fraturas. As quedas são ocorrências relativamente comuns nos idosos e constituem uma importante causa de morbidade e mortalidade em sujeitos com mais de 65 anos de idade. A morbimortalidade gerada pelas quedas geralmente associa-se comumente a fraturas femorais e a lesões graves de tecidos moles que requerem imobilização e internação. Doenças cardiovasculares, musculoesqueléticas, diabetes e lesões neurológicas focais também se manifestam como distúrbios de equilíbrio e causas da instabilidade. O maior consumo de medicamentos devido à ocorrência de inúmeras doenças comuns ao idoso aumenta a possibilidade de interações potenciais e efeitos colaterais dos fármacos. Psicóticos, sedativos, antidepressivos, anti-hipertensivos e ansiolíticos são as principais drogas utilizadas e que são associadas à vertigem, ao desequilíbrio e às quedas. A síndrome do desequilíbrio no idoso compromete a habilidade do sistema nervoso em realizar o processamento dos sinais vestibulares, visuais e proprioceptivos responsáveis pela manutenção da estabilidade corporal, bem como diminui a capacidade de modificações dos reflexos adaptativos. Esses processos degenerativos são responsáveis pela ocorrência de presbivertigem e de presbiataxia na população geriátrica. Abaixo encontram-se descritos os principais agentes causais da síndrome do desequilíbrio no idoso. Sistema Vestibular O estímulo vestibular é utilizado para gerar os movimentos oculares compensatórios e as respostas posturais durante os movimentos da cabeça e ajuda a resolver as informações conflitantes oriundas das imagens e do movimento real. As informações advindas de receptores sensoriais no aparelho vestibular interagem com 19 as informações visuais e somatossensoriais para produzir o alinhamento corporal e o controle da postura adequada. A importância das cotribuições vestibulares para a postura e para o equilíbrio é resolver conflitos quando um ou mais sistemas enviam informações equivocadas. O sistema vestibular sofre um processo de degeneração com o envelhecimento, havendo importante redução no número das cristas vestibulares; o número de fibras que inervam as células ciliadas também se encontra acentuadamente reduzido. A degeneração do sistema vestibular ocorre principalmente no SNP. Há também uma perda significativa de sensores das células vestibulares, um decréscimo dos neurônios vestibulares primários, uma diminuição da densidade das células corticais e um decréscimo das células de Purkinje do cerebelo. Todas estas alterações resultam em déficits na transmissão de informação, perda da plasticidade, acentuando a síndrome do desequilíbrio no idoso. Sistema Visual O sistema visual tem a função de orientar o corpo no espaço ao referenciar os eixos verticais e horizontais dos objetos ao seu redor. Na posição ortostática, a visão ajuda a detectar discretos deslocamentos posturais ao fornecer informações para o SNC sobre a posição e os movimentos de partes do corpo em relação às outras partes e ao ambiente externo. Com o avançar da idade, ocorrem alterações oculares, como catarata e glaucoma, responsáveis por levar a um decréscimo da acuidade visual e que acabam por contribuir, por consequência, na instabilidade estática e dinâmica do corpo. A visão tende a “operar” lentamente e o reflexo visual não reage adequadamente, favorecendo a queda do sujeito. O idoso, diante disso, tende a precisar de mais contraste dos cones e bastonetes para detectar as diferenças espaciais. Sistema Auditivo A perda auditiva, bem como a presença de zumbido e vertigens, encontrados comumente em idosos, são resultados da alta sensibilidade dos sistemas auditivo e 20 vestibular a problemas clínicos comuns aos processos de deterioração funcional destes sistemas com o envelhecimento. Alterações posturais O tônus muscular consiste na reação que mantém a posição ereta agindo contra a força da gravidade. Deste modo, a postura ereta é conseguida de modo complexo, no qual já participam os sistemas nervoso e osteo-mio-articular. Estes por sua vez, sofrem os efeitos do processo de envelhecimento, determinando o declínio da força, atrofias e fibrose, especialmente por desuso ou devido às condições patológicas ou não, como cifose, artropatias, degeneração nervosa, distúrbios endócrinos, metabólicos ou nutricionais, determinando a instabilidade da postura e insegurança no andar. O processo de envelhecimento afeta todos os componentes do controle postural – sensorial (visual, somatossensorial e vestibular), efetor (força, amplitude de movimento, alinhamento biomecênico, flexibilidade) e central. A integração dos vários sistemas corporais sob o comando central é fundamental para o controle do equilíbrio corporal. Reabilitação Como as consequências do desequilíbrio são potencialmente sérias, a estratégia mais importante e fundamental é impedir que aconteçam, adotando atitudes, condutas e políticas que levem à sua prevenção. Nesse contexto, a fisioterapia exerce um papel fundamental no treino do equilíbrio em idosos com instabilidade no sistema mantenedor do equilíbrio. A reabilitação atua realizando fortalecimento muscular, treino de marcha – em terrenos estáveis e instáveis, além de promover melhora da postura e da resposta adaptativa proprioceptiva. Quando associado a outros quadros patológicos, é essencial que a intervenção esteja voltada para a readequação cognitivo-motora-sensorial do paciente. Outras estratégias importantes envolvem a melhora da flexibilidade e a prevenção de deformidades osteo-mio-articulares. 21 É fato que não se pode impedir que, com o avançar da idade, ocorram alterações físicas e psíquicas triviais ao envelhecimento. Porém, sabemos que muitas destas alterações podem ser evitadas/minimizadas por meio de atitudes e hábitos realizados ao longo da vida. Mesmo assim, a Fisioterapia deve intervir sobre as alterações fisiológicas ao envelhecimento, promovendo saúde e qualidade de vida à população. 5 DOENÇAS RELACIONADAS À TERCEIRA IDADE E A PARTICIPAÇÃO DO EXERCÍCIO Fonte:revistabicicleta.com.br Doenças comuns à toda população são evidenciadas na terceira idade e outras são mais frequentes principalmente nessa fase do ser humano. A obesidade, por exemplo, pode ocorrer em várias idades, porém, no idoso, devido às várias mudanças fisiológicas, isso pode ser percebido quando se fala de maior depósito de células adiposas no lugar de células musculares, devido a sarcopenia decorrente à idade. A sarcopenia é a perda da massa muscular e 22 consequentemente da força e qualidade do músculo esquelético. Isso pode ocasionar problemas na mobilidade e realização de atividades da vida diária aumentando também a incidência de doenças crônicas como diabetes e osteoporose (MATSUDO, 2001).O diabetes mellitus tipo II pode ser evitado combinando exercícios e dieta adequada e o controle da glicemia pode ser melhorado. A sensibilidade a insulina melhora no tecido muscular e em outros tecidos também, uma possível explicação é devida ao aumento de transportadores de glicose da membrana celular (GALLO et. al., 1999). Por ser uma doença autoimune se caracterizada pela destruição das células beta, produtoras de insulina, e acontece por engano porque o organismo as identifica como corpos estranhos, com isso sua ação é uma resposta autoimune. As suas causas se concentram na hereditariedade, obesidade e o sedentarismo. Assim, a prática da atividade física se faz necessária, pois aumenta a sensibilidade à insulina, colabora na perda de peso e colabora para o controle do metabolismo corporal. O momento de máxima produção óssea no ser humano é durante a terceira década de vida, depois a produção cai ao longo dos anos e na velhice acelera ainda mais essa queda. A doença que se relaciona bem com essa perda óssea é a osteoporose. Ela ocorre especialmente em pessoas que fizeram uso crônico de esteroides, tabaco e álcool, em homens com hipogonadismo e em mulheres após a menopausa devido a diminuição do hormônio estrógeno, um dos responsáveis pela manutenção óssea (GALLO et. al., 1999). Além da idade, essa perda óssea também está relacionada à genética, estado nutricional, níveis hormonais e o nível de prática de exercícios dos indivíduos (MATSUDO, 2001). A atividade física se faz necessária em seu combate com caminhadas, musculação, danças, corrida, ou seja, mais atividades com impacto, pois este leva a renovação celular dos ossos concedendo- lhes mais força e diminuindo o risco de fraturas. A hipertensão sistólica é bastante comum aos idosos. O percentual de pacientes com hipertensão grave cresce ao longo dos anos dos idosos. A parede das artérias dos idosos é menos flexível comparada a de pessoas mais jovens e isso justifica a maior pressão sistólica. Essa diminuição da flexibilidade das artérias acontece pela perda de elasticidade do tecido conjuntivo e aumento de aterosclerose. Dessa forma novamente os exercícios tem papel fundamento na forma de tratamento não medicamentoso ou auxiliando este, onde a atividade aeróbia moderada pode 23 trazer benefícios relevantes a esse idoso, exceto casos de contraindicação (GALLO et. al., 1999). Assim, quando se trata da Terceira Idade muitas vezes nos vem à cabeça doenças, debilidade e incapacidade funcional. Sem dúvida muitas dessas doenças causam o que chamamos de senilidade, que é um processo de envelhecimento patológico, ou seja, acometido de várias doenças, o que degrada mais o organismo do idoso e lhe ocasiona diversos fatores negativos em sua velhice. Inversamente a senilidade, temos a senescência que o envelhecimento normal, onde ocorre um processo natural de envelhecimento, assim, a doença não envelhece a pessoa e sim um processo natural do organismo. Em virtude disso, quando nos deparamos com a situação de senilidade, um educador físico especializado poderá utilizar da atividade física para o combate ou tratamento de algumas das doenças que são comuns aos idosos. As doenças cardiovasculares são muito comuns nessa fase, marcadas por infartos, anginas e insuficiência cardíaca. São doenças que causam grandes problemas e causam preocupação por ser tratar da parte do organismo vital, ou seja, debilitando-se o coração condena-se de certa forma o restante do corpo. As prováveis causas conhecidas dessas doenças são a falta de atividade física, as altas taxas de gordura no sangue, o cigarro, a obesidade e também a diabetes, com isso são inúmeros os fatores que podem colaborar para tais problemas no idoso. Embasados nisso, temos que fazer a aplicação da atividade física buscando acabar com o sedentarismo do idoso, promover a baixa da gordura corporal e diminuindo seu peso, assim criam-se hábitos de vida saudáveis e se evita em boa parte os problemas cardiovasculares. O derrame é outra doença que prejudica ao idoso, pois pode lhe levar a incapacidade funcional total. O derrame envolve a perda das funções cerebrais pela falta de sangue no cérebro. Um dos fatores que levam a esse quadro é a pressão alta, alto colesterol e também a obesidade. Assim, por meio da atividade física podemos tratar este fator antes que se desenvolva, levando o idoso a mexer-se nas práticas físicas adequadas a sua idade, fazendo controle de pressão sanguínea adequada durante a atividade e buscando meios de diminuir seu colesterol e peso. Assim, fica claro que se pode colaborar na prevenção e também retardo dos grandes problemas que acometem os idosos que passam pela senilidade nessa fase 24 da vida, com isso além do médico o profissional de educação física é grande aliado no combate de doenças na terceira idade, pois cria um ambiente saudável que colabora para que não só os idosos, mas todos possuam na sua velhice a plena forma. 5.1 Benefícios da Atividade Física em Idosos A prática regular de exercícios físicos é reconhecida como a forma de se prevenir e combater os males associados com o envelhecimento. Desta forma devemos destacar que a atividade física bem aplicada na adolescência pode induzir um adulto à prática permanente, tornando-se, no futuro, um idoso saudável. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), “o envelhecimento é reconhecido como uma das mais importantes modificações na estrutura da população mundial”. Esta modificação é uma verdade em todos os países do mundo, porém entre os dotados de menos recursos econômicos e sociais como o Brasil, a questão cerca- se de uma gama muito maior de problemas. Segundo a World Health Statistics, em 1950 ocupávamos o 16º lugar em população com idade igual ou superior a 60 anos, com 2,1 milhões de idosos. Em 2025, estima-se que este contingente se elevará a 31,8 milhões, o que nos elevará à 6ª posição. Atualmente no Brasil, a população idosa atinge 9,9 milhões de pessoas, com uma taxa de crescimento anual de 3,7% ao ano, mais do que o dobro da taxa de crescimento da população total, que é de 1,4% ao ano, (JACOB, CHIBA e ANDRADE, 2000). A Organização Mundial da Saúde (OMS) manifesta sua preocupação com o aumento da expectativa de vida, e diminuição da qualidade de vida, principalmente considerando a incapacidade e a dependência. Nesse aspecto, se destaca a influência positiva da atividade física, pois essa constitui um excelente instrumento de promoção à saúde em qualquer faixa etária, em especial no idoso, induzindo várias adaptações fisiológicas e psicológicas. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2002). Essas adaptações abrangem uma série de modificações nos sistemas corporais do idoso, trazendo benefícios como a melhora da circulação periférica, 25 melhora do equilíbrio e da marcha, menor dependência para realização de atividades domésticas e melhora da auto-estima e da autoconfiança, (NOBREGA et al, 1999). Para McArdle, Kacth e Kacth (2003), apesar das reduções da capacidade funcional e do desempenho nos exercícios, até mesmo entre os indivíduos ativos, o exercício regular consegue contrabalançar os efeitos típicos do envelhecimento. A Qualidade de Vida tem sido uma preocupação constante do ser humano, desde o início de sua existência e, atualmente, constitui um compromisso pessoal à busca continua de uma vida saudável. A OMS propõe o termo de envelhecimento ativo, que é definido como sendo o processo de aperfeiçoar oportunidades para a saúde, a participação e a segurança de modo a melhorar a qualidade de vida no processo de envelhecimento de cada pessoa. 5.2 A Escolha da Atividade Física Adequada A escolha é feita individualmente, levando-se em conta os seguintes fatores: Preferência pessoal: O benefício da atividade só é conseguido com a prática regular da mesma, e a continuidade dependedo prazer que a pessoa sente em realizá-la. Aptidão necessária: Algumas atividades dependem de habilidades específicas. Para conseguir realizar atividades mais exigentes, a pessoa deve seguir um programa de condicionamento gradual, começando de atividades mais leves. Risco associado à atividade: Alguns tipos de exercícios podem associar-se a alguns tipos de lesão. É essencial que os exercícios sejam realizados com orientação profissional para evitar efeitos indesejados ou prejuízos à saúde do praticante. 26 6 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL NO BRASIL Fonte:capelapuc.org.br Envelhecimento populacional é definido como a mudança na estrutura etária da população, o que produz um aumento relativo das pessoas acima de determinada idade, considerada como definidora do início da velhice. No Brasil, é definida como idosa a pessoa que tem 60 anos ou mais de idade. O envelhecimento populacional é um fenômeno natural, irreversível e mundial. A população idosa brasileira tem crescido de forma rápida e em termos proporcionais. Dentro desse grupo, os denominados “mais idosos, muito idosos ou idosos em velhice avançada” (acima de 80 anos), também vêm aumentando proporcionalmente e de maneira mais acelerada, constituindo o segmento populacional que mais cresce nos últimos tempos, sendo hoje mais de 12% da população idosa. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente existem no Brasil, aproximadamente, 20 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, o que representa pelo menos 10% da população brasileira. 27 Segundo projeções estatísticas da Organização Mundial de Saúde – OMS, no período de 1950 a 2025, o grupo de idosos no país deverá ter aumentado em quinze vezes, enquanto a população total em cinco. Assim, o Brasil ocupará o sexto lugar quanto ao contingente de idosos, alcançando, em 2025, cerca de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade. É importante destacar, no entanto, as diferenças existentes em relação ao processo de envelhecimento entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento. Enquanto nos primeiros o envelhecimento ocorreu de forma lenta e associado à melhoria nas condições gerais de vida, no segundo, esse processo vem ocorrendo de forma rápida, sem que haja tempo de uma reorganização social e de saúde adequadas para atender às novas demandas emergentes. É função das políticas de saúde contribuir para que mais pessoas alcancem idades avançadas com o melhor estado de saúde possível, sendo o envelhecimento ativo e saudável, o principal objetivo. Se considerarmos saúde de forma ampliada, torna-se necessária alguma mudança no contexto atual em direção à produção de um ambiente social e cultural mais favorável para população idosa. Fonte:2.camara.leg.br 6.1 Demografia Do Envelhecimento Populacional No Brasil O efeito combinado da redução dos níveis da fecundidade e da mortalidade no Brasil tem produzido transformações no padrão etário da população, sobretudo a partir 28 de meados dos anos de 1980. O formato tipicamente triangular da pirâmide populacional, com uma base alargada, está cedendo lugar a uma pirâmide populacional com base mais estreita e vértice mais largo característico de uma sociedade em acelerado processo de envelhecimento, como demonstram os gráficos a seguir. Esse quadro caracteriza-se pela redução da participação relativa de crianças e jovens, acompanhada do aumento do peso proporcional dos adultos e, particularmente, dos idosos. Em 2008, enquanto as crianças de 0 a 14 anos de idade correspondiam a 26,47% da população total, o contingente com 65 anos ou mais de idade representava 6,53%. Em 2050, o primeiro grupo representará 13,15%, ao passo que a população idosa ultrapassará os 22,71% da população total. Importante indicador que mostra o processo de envelhecimento da população brasileira é o índice de envelhecimento. Em 2008, para cada grupo de 100 crianças de 0 a 14 anos, havia 24,7 idosos de 65 anos ou mais de idade. Neste período, a proporção de idosos cresceu mais de 170% enquanto a redução da proporção de crianças até 14 anos foi de 42%, conforme se mostra no Gráfico 2, a seguir. 29 Entre 2035 e 2040, haverá mais população idosa numa proporção de 18% superior à de crianças e, em 2050, essa relação poderá ser de 100 para 172,7. (Gráfico 3). 30 O Brasil caminha velozmente rumo a um perfil demográfico cada vez mais envelhecido; fenômeno que, sem sombra de dúvidas, implicará na necessidade de adequações das políticas sociais, particularmente daquelas voltadas para atender às crescentes demandas nas áreas da saúde, previdência e assistência social. Os ganhos sobre a mortalidade e, como consequência, o aumento da expectativa de vida, associam-se à relativa melhoria no acesso da população aos serviços de saúde, às campanhas nacionais de vacinação, aos avanços tecnológicos da medicina, ao aumento do número de atendimentos pré-natais, bem como ao acompanhamento clínico do recém-nascido e ao incentivo ao aleitamento materno, ao aumento do nível de escolaridade da população, aos investimentos na infraestrutura de saneamento básico e à percepção dos indivíduos com relação às enfermidades. O aumento da esperança de vida ao nascer em combinação com a queda do nível geral da fecundidade resulta no aumento absoluto e relativo da população idosa. 7 TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA Fonte:onconews.com.br Brasil não é exceção à tendência observada na maioria dos países. Desde a década de 60, observam-se os processos de transição demográfica, epidemiológica 31 e nutricional no país, que resultam em alterações nos padrões de ocorrência das enfermidades. A transição epidemiológica caracteriza-se pela mudança do perfil de morbidade e de mortalidade de uma população, com diminuição progressiva das mortes por doenças infectocontagiosas e elevação das mortes por doenças crônicas. Além disso, apresenta diversidades regionais quanto às características socioeconômicas e de acesso aos serviços de saúde. A figura a seguir (gráfico 5), apresenta as rápidas mudanças ocorridas no Brasil nas últimas décadas, nas quais a mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias caiu de 46% (em 1930) para 5,3% (em 2005), enquanto as mortes por doenças e agravos não transmissíveis chegaram, em 2005, a representar dois terços da totalidade das causas conhecidas. Nos países desenvolvidos, a transição epidemiológica transcorreu em um período longo, enquanto nos países em desenvolvimento ocorre de maneira rápida, acarretando profundas necessidades de adaptação dos serviços de saúde às novas realidades. 32 8 MORTALIDADE Fonte: i0.wp.com Os agravos decorrentes das doenças crônicas não transmissíveis têm sido as principais causas de óbito na população idosa, seguindo uma tendência mundial. Quando são analisadas as causas específicas, a doença cerebrovascular ocupa o primeiro lugar em mortalidade no país, tanto em idosos quanto na população geral, e as doenças cardiovasculares, o segundo lugar. Nos países de alta renda e no mundo de uma forma geral, observa-se o inverso quanto a essas duas causas, ou seja, doenças cardiovasculares, em primeiro, e doença cerebrovascular, em segundo. Vários motivos estão implicados nessa discrepância em relação ao restante do mundo, provavelmente um dos mais importantes seja a alta prevalência de hipertensão arterial na população brasileira e o não tratamento ou o tratamento inadequado dessa doença, tendo em vista que a hipertensão arterial é o principal fator modificável da doença cerebrovascular. Estes aspectos podem ser apreciados no quadro abaixo (tabela 1). 33 9 MORBIDADE E USO DE SERVIÇOS DE SAÚDE Fonte:atlasdasaude.pt Considerando o conjunto das principais causas de internaçãohospitalar, observa-se, também para a morbidade, um predomínio de doenças crônicas não 34 transmissíveis. Todavia, a pneumonia, causa específica que ocupa o segundo lugar, não se enquadra nesse grupo. Quando se trata de internação hospitalar pelo SUS, várias considerações precisam ser feitas: o número de internações é condicionado à oferta do serviço, não obstante guarda alguma relação com a ocorrência da enfermidade na população; podem haver distorções quanto à notificação da morbidade, tendo em vista que o sistema que notifica é o mesmo que remunera o prestador do serviço; nem todos os idosos brasileiros são usuários exclusivos do SUS, em média 70% dos idosos brasileiros o são, porém há variações regionais consideráveis, com uma tendência de diminuição desses percentuais de Norte para o Sul do país. Quando se trata de morbidade em idosos, aspectos da condição de saúde e uso dos serviços de saúde na comunidade são extremamente importantes. Ver a tabela 2, abaixo. 35 10 PRECAUÇÕES 10.1 – Como Evitar Quedas em Idosos Fonte:destaquesp.com Acidentes sempre acontecem com várias pessoas todos os dias e é por isso que sempre devemos ser cuidadosos conosco e também com as pessoas que estão a nossa volta, principalmente com os idosos que sempre estão sujeitos a quedas que podem ocasionar lesões e acidentes graves aos mesmos. As quedas são as principais causas de acidentes em pessoas idosas segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, e é por isso que devemos sempre ficar atentos com os idosos para evitar essas quedas e também para que elas não se tornem um acidente grave que acabe levando o idoso ao hospital. Quem convive com pessoas idosas sabe que o cuidado deve ser extremo para que não ocorra nenhum acidente envolvendo uma queda dentro ou fora de casa. Esse cuidado extremo é essencial para que o idoso possa viver tranquilamente sem se machucar, pois todos sabem que como os idosos tem um corpo mais frágil uma simples queda pode causar um sério problema. Como Evitar? 36 Todos nós um dia iremos conviver com uma ou mais pessoas idosas e consequentemente também seremos uma, por isso devemos sempre ter o máximo de cuidado possível com os idosos e também repassar esses cuidados para que outras pessoas possam fazer o mesmo. Deixe os caminhos livres, retirando móveis e entulhos; Retire tapetes soltos, cordões e fios (telefone, extensões) do assoalho; Não deixe animais soltos; Prenda tacos soltos e bordas soltas de carpetes; Não encere pisos; Coloque uma iluminação adequada para a noite, principalmente no caminho do banheiro; As escadas devem ter corrimãos, boa iluminação e faixa colorida e antiderrapante na borda dos degraus; Substitua ou conserte móveis instáveis; Evite cadeiras muito baixas e camas muito altas (deve ter a altura do joelho do idoso); Evite o uso de chinelos, salto alto e sapatos de sola lisa; Não deixe o idoso andar de meias; Guarde itens pessoais e objetos mais usados ao nível do olhar ou um pouco mais embaixo. Não troque os móveis de lugar, pois o idoso se acostuma com o ambiente a sua volta e se você o modificar ele poderá esbarrar em algum móvel ou objeto que até então não estava no lugar por onde ele costumava passar e ele acabará tropeçando e caindo. Coloque interruptores e luzes próximos a cama. Evite ter degraus dentro de casa de um cômodo para o outro. No banheiro Instale barras de apoio no chuveiro e no vaso sanitário; Instale um vaso sanitário mais alto; Mantenha um banquinho para lavagem dos pés; 37 Use capachos e tapetes antiderrapantes; Não use chaves na porta dos banheiros. Fora de casa Conserte calçadas e degraus quebrados; Remova soleiras altas das portas; Limpe caminhos e remova entulhos; Instale corrimão em escadas e rampas; Instale iluminação adequada em calçadas, portas e escadas. Com relação ao idoso • Evite que ele se levante rapidamente após acordar: esperar alguns minutos antes de sentar e de caminhar; • Atravesse a rua sempre nas faixas de segurança; • Dar medicamentos somente sob orientação médica; cuidado especial para os diuréticos, remédios para pressão e calmantes; • Estimule o idoso à prática de atividades de coordenação e concentração como dança, artesanato, palavras cruzadas e jogos. Fonte:cdn.blogcamp.com.br 38 10.2 Como Ajudar na Comunicação Fonte:institutovivabem.com.br Comunicar envolve, além das palavras que são expressas por meio da fala ou da escrita, todos os sinais transmitidos pelas expressões faciais, pela postura corporal e também pela proximidade ou distância que se mantém entre as pessoas; a capacidade e jeito de tocar, ou mesmo o silêncio em uma conversa. Algumas vezes a pessoa cuidada pode ficar irritada por não conseguir falar ou se expressar, embora entenda o que falam com ela. Para facilitar a comunicação, serão descritas a seguir algumas dicas: • Use frases curtas e objetivas. • No caso de pessoas idosas, evite tratá-las como crianças utilizando termos inapropriados como “vovô”, “querido” ou ainda utilizando termos diminutivos desnecessários como “bonitinho”, “lindinho”, a menos que a pessoa goste. • O cuidador deve repetir a fala, quando essa for erroneamente interpretada, utilizando palavras diferentes. • Fale de frente, sem cobrir a boca, não se vire ou se afaste enquanto fala e procure ambientes iluminados para que a pessoa além de ouvir veja o movimento dos lábios da pessoa que fala com ela, assim entenderá melhor. 39 • Aguarde a resposta da primeira pergunta antes de elaborar a segunda, pois a pessoa pode necessitar de um tempo maior para entender o que foi falado e responder. Não interrompa a pessoa no meio de sua fala, demonstrando pressa ou impaciência. É necessário permitir que ele conclua o seu próprio pensamento. • Caso o cuidador não entenda a fala da pessoa cuidada, peça que escreva o que quer dizer. Se a pessoa cuidada não puder escrever, faça perguntas que ela possa responder com gestos e combine com ela que gestos serão usados, por exemplo: fazer sim ou não com a cabeça, franzir a testa ou piscar os olhos, entre outros. • Diminua os ruídos no ambiente onde a pessoa cuidada permanece. • Sempre que a pessoa demonstrar não ter entendido o que foi falado , repita o que falou com calma evitando constranger a pessoa cuidada. • Procure falar de forma clara e pausada e aumente o tom de voz somente se isso realmente for necessário. • Verifique a necessidade e condições de próteses dentárias e/ou auditivas que possam estar dificultando a comunicação. • Converse e cante com a pessoa, pois essas atividades estimulam o uso da voz. • A música ajuda a pessoa cuidada a recordar pessoas, sentimentos e situações que ocorreram com ela, ajudando na sua comunicação. • O toque, o olhar, o beijo, o carinho são outras formas de comunicação que ajudam o cuidador a compreender a pessoa cuidada e ser compreendido por ela. Alterações que podem ser encontradas na comunicação Algumas mudanças na maneira da pessoa cuidada se comunicar que podem sugerir alguma alteração do seu estado de saúde. Observe alguns exemplos, para poder interpretar: • Dificuldade para expressar uma ideia e, no lugar, usar uma palavra ou frase relacionada com essa ideia, por exemplo: em vez de dizer caneta, diz: “aquela coisa de escrever”. • Não entender ou entender apenas parte do que falam com ela. • Fala sem nexo ou sem sentido. 40 • Dificuldade para escrever e para entender o que está escrito. • Não conseguir conversar, parar a conversa no meio, parece que não percebe as pessoas que estão perto dela, ou falar sozinha. • Dificuldade para expressar as emoções: pode sorrir quando sente dor ou demonstrar tristeza e chorar quando está satisfeita,se agitar ou ficar ansioso ao expressar carinho e afeto. • As dificuldades de comunicação são sinais frequentemente presentes na demência e outras doenças neurológicas. Caso o cuidador observe uma ou mais dessas alterações deve procurar a Unidade de Saúde. É comum as pessoas idosas e também as pessoas com demência, doença de Alzheimer, esquecer de situações vividas, do nome de pessoas e coisas, trocar palavras. Essas situações provocam embaraços e angústia tanto à pessoa cuidada como aos familiares. É importante que o cuidador ao se referir a alguém conhecido, explique à pessoa cuidada de quem está falando: “Maria, sua filha”; “João, seu vizinho”, assim a pessoa vai se situando melhor na conversa e vai relembrando pessoas e fatos que havia esquecido. É preciso falar com simplicidade e pedir que a pessoa toque objetos, retratos e quadros, isso ajuda a “puxar” a memória e a melhorar a conversa. 41 11 OS DIREITOS DOS IDOSOS NO BRASIL Fonte:i0.wp.com "No estudo Síntese de Indicadores Sociais, divulgado em 2016, o órgão conclui que o processo de envelhecimento da população vai exigir novas prioridades na área de políticas públicas, envolvendo, principalmente, os setores de saúde e a previdência social – tanto é que um dos principais pontos da reforma da Previdência diz respeito à ampliação da idade mínima para aposentadorias. Mas, atualmente, que direitos amparam os idosos? " "No Brasil, é a Lei 10.741/2003, conhecida como Estatuto do Idoso, que regula as principais prerrogativas dos integrantes da chamada “terceira idade”, bem como dispõe sobre quais são os deveres da sociedade, da família e do Poder Público para com essas pessoas. Outros dispositivos legais também apontam tais direitos, como o Código Civil, a Lei 9.029/1995 – que proíbe práticas discriminatórias para a admissão ou permanência de funcionário no emprego – e a própria Constituição Federal. " Violência e abandono Somente no primeiro semestre de 2017, o Paraná registrou 453 denúncias de violência contra pessoas idosas. O texto do estatuto prevê que “nenhum idoso será 42 objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei”. Segundo a lei, abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde ou estabelecimentos similares, ou não prover suas necessidades básicas, é atitude passível de detenção, que pode variar de seis meses a três anos, além de render multa. Também podem ficar presos por até um ano aqueles que colocarem a integridade física e a saúde da pessoa idosa em risco. A coação do idoso a doar, contratar, testar ou outorgar procuração é outra atitude que pode render reclusão, com pena que pode variar de dois a cinco anos. Mercado de trabalho O Estatuto do Idoso veda a discriminação e a fixação de limite máximo de idade na admissão de empregos, mesmo em concursos públicos – a não ser que a natureza do cargo exija. A regra também encontra embasamento na Constituição Federal (CF), que prevê que o bem comum deve ser promovido sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor e idade, e na Lei 9.029/1995, que proíbe a adoção de práticas discriminatórias para efeito de acesso ou manutenção da relação de trabalho. Recentemente, o TST condenou um banco do Espírito Santo a pagar indenização por danos morais a uma funcionária incentivada a aderir um plano antecipado de afastamento voluntário. Para a Corte, houve discriminação por idade na dispensa da bancária. Pensão alimentícia Ainda que o mais comum seja observar situações em que pais são obrigados a pagar pensão alimentícia aos filhos, o contrário também encontra previsão legal. O artigo 12 do Estatuto do Idoso dispõe que os idosos que não tiverem condições de se sustentar têm direito a receber pensão – e o genitor pode escolher de qual filho quer receber a obrigação. A Constituição Federal e o Código Civil também preveem essa possibilidade. Enquanto a Constituição traz que “os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar 43 os pais na velhice, carência ou enfermidade”, o Código Civil prevê que “o direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos”. Assistência à saúde O Poder Público deve fornecer gratuitamente medicamentos aos idosos, especialmente em relação àqueles de uso continuado, como próteses. Os idosos também têm atendimento preferencial no Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda que o Estatuto do Idoso vede a discriminação por parte dos planos de saúde, no tocante à cobrança de valores diferenciados em razão da idade, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) entende que o ajuste proporcional de preços à idade do segurado está ligado à expectativa de aumento na procura por serviços médicos e hospitalares por parte dos idosos. O que não se pode fazer, de acordo com a Corte, é tornar o valor da mensalidade tão elevado de modo a inviabilizar a aquisição do plano pelo idoso. Justiça Os idosos também têm prioridade na tramitação de processos judiciais nos quais figure como parte ou interveniente. Para conseguir o benefício, é preciso fazer prova da idade e requerê-lo junto à autoridade judiciária competente. Em caso de morte, a prioridade se estende ao cônjuge ou companheiro, também com mais de 60 anos. Transporte A Lei 10.048/2000, que trata da prioridade de atendimento em serviços, dispõe que nos veículos de transporte coletivo públicos urbanos e semiurbanos devem haver assentos reservados e identificados para idosos. Gestantes, lactantes, pessoas com deficiência e pessoas acompanhadas com crianças de colo também estão englobadas na norma. Segundo o Estatuto do Idoso, o número deve corresponder a 10% dos assentos disponíveis no veículo. A lei também traz que estacionamentos públicos e privados 44 devem separar 5% das vagas para idosos, que precisam ter identificação em seus veículos. Viagem interestadual Idosos com renda igual ou inferior a dois salários mínimos têm direito a viajar gratuitamente em ônibus interestaduais. De acordo com o Estatuto do Idoso, a cada viagem devem ser reservadas duas vagas gratuitas por veículo e, se houver mais procura, deve haver mais dois lugares com desconto de 50%. Lazer O artigo 23 do Estatuto do Idoso estabelece que maiores de 60 anos têm direito a meia-entrada (50% de desconto) em ingressos para eventos artísticos e culturais, de lazer e esportivos. Eles também têm acesso preferencial aos lugares onde são sediados tais encontros. Casamento e separação de bens Quem optar por casar após os 70 anos de idade deve aderir à separação obrigatória de bens, conforme prevê o Código Civil. Esse tipo de regime de bens exige que os cônjuges façam um pacto pré-nupcial em cartório, estabelecendo que os bens de ambos são incomunicáveis – ou seja, mesmo após o casamento continuam pertencendo apenas a quem já pertenciam antes da união. 11.1 Como fazer valer os direitos dos idosos? Caso exista alguma suspeita ou conformação de agressão ao idoso, os órgãos que devem ser comunicados são a autoridade policial, o Ministério Público, o Conselho Municipal do Idoso, o Conselho Estadual do Idoso e o Conselho Nacional do Idoso. 45 Qualquer órgão público citado acima tem o dever de zelar pelos direitos dos idosos de maneira justa. O idoso que não tiver condições de manter sua subsistência e que comprovar que nenhum membro de sua família pode auxiliá-lo financeiramente, tem direito a receber um salário mínimo. Caracterizará dependência financeira e legal quando o idoso for acolhido por adulto ou família. Entre os direitos garantidos pelo Estatuto do Idoso, está que 10% dos assentos do transporte coletivo são exclusivos para idosos. Os direitos dos idosos são aplicados com punição sempre queforem omitidos ou abusados por família, entidade, sociedade e/ou Estado. O Estatuto do Idoso assegura a essas pessoas direitos e respeito que deveriam fazer parte da sociedade. Os idosos já contribuíram muito para a construção financeira e de conhecimento. É direito do idoso ser amparado nesta fase de sua vida que inspira tantos cuidados e carinho. O Ministério Público e o Judiciário podem determinar que o idoso tenha tratamento de saúde domiciliar ou hospitalar. Como podemos ver, assento exclusivo em transporte público ou meia-entrada em cinemas e teatros não são os únicos benefícios que os idosos têm direito. O idoso, assim como qualquer cidadão, tem direito a políticas sociais, assistência social e amparo contra qualquer negligência cometida. Os direitos dessas pessoas devem ser preservados, respeitados e protegidos, assim como os direitos de qualquer pessoa que resida no território brasileiro. Agora que você já sabe um pouco mais sobre os direitos dos idosos, faça que sejam respeitados, procurando os órgãos públicos responsáveis sempre que os direitos forem omitidos ou agredidos. Não basta existirem leis se a sociedade não exigir que sejam cumpridas. Não é só dever dos órgãos públicos zelar pela integridade dos idosos, a sociedade tem o dever de denunciar. Por isso, denuncie qualquer tipo de agressão ligando para o disque 100 do governo. Nesse número, pode ser feito todo tipo de denúncia, desde apropriação ilegal de pensões até a violência física. 46 12 LEITURA COMPLEMENTAR Nome do autor: Wilson Jacob Filho Data de acesso: 28/07/2018 Disponível em: http://periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518- 18122009000200007&lng=en&nrm=iso&tlng=en FATORES DETERMINANTES DO ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL Antes de enumerar os procedimentos atualmente reconhecidos como eficazes para manutenção e/ou promoção do envelhecimento saudável cabe aqui fazer inicialmente uma identificação mais objetiva sobre os dois fundamentos desta intervenção: Envelhecimento: processo comum praticamente a todos os seres vivos que, no seu transcorrer, provoca modificações de ordem somática e psíquica que determinam alterações da relação do indivíduo com o meio que o cerca. Confort, em 1979, conceituou o processo de envelhecimento como "a redução dos mecanismos de manutenção da homeostasia em condição de sobrecarga funcional" (CONFORT, 1979). Em síntese, o envelhecimento pode ser entendido como um processo de redução da reserva funcional, sem comprometer, na quase totalidade dos mecanismos, a função necessária para as atividades do cotidiano. A existência de uma limitação funcional evidente, mesmo em um nonagenário, deve ser entendida, portanto, como o efeito de um processo fisiopatológico (senilidade ou envelhecimento secundário), portanto de uma doença mais do que uma evolução atribuível ao processo natural de envelhecimento (senescência ou envelhecimento primário). Saudável: atributo de quem tem saúde, termo ainda entendido como "ausência de doenças". Assim, fosse contando com as técnicas diagnósticas atuais e com o aumento da expectativa de vida do ser humano, seriamos todos "condenados" a não ter saúde, portanto seríamos considerados insanos já nas primeiras décadas de vida. http://periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-18122009000200007&lng=en&nrm=iso&tlng=en http://periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-18122009000200007&lng=en&nrm=iso&tlng=en 47 Fácil é perceber que, à medida em que envelhece, o homem vai acumulando doenças crônicas que farão parte, com grande frequência, do seu patrimônio pessoal durante toda a existência. Por outro, lado é absolutamente patente que as doenças crônicas causem suas principais consequências quando cursam de forma descontrolada ou descompensada. Há, portanto, nítida diferença entre o portador de hipertensão arterial sistêmica (HAS) devidamente tratada e aquele que mantém níveis pressóricos elevados. Assim, com o intuito fundamental de distinguir estas condições, a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1947, definiu que "saúde é um estado de pleno bem- estar físico, psíquico e social" (OMS, 1947). Resume, portanto, nesta frase, as condições adequadas de vida para um ser humano em qualquer idade, cultura ou perfil socioeconômico. No que diz respeito ao idoso, fica claro que este estado de saúde deve coexistir com a existência de uma ou mais doenças crônicas. Estudos realizados no município de São Paulo revelaram que 78% dos idosos tinha pelo menos uma doença crônica que necessitava de um tratamento medicamentoso. Estes dados são compatíveis com os do Instituto Nacional de Saúde americano (NIH,2000), de que 3/4 da população idosa americana tem pelo menos uma doença crônica e que destas, mais da metade (56%) tem duas ou mais doenças crônicas (Bodenheimer; Wagner; Grumbach, 2002). Torna-se necessário, portanto que haja a possibilidade de minimizar os efeitos deletérios da doença para que possa ocorrer para a maioria dos idosos uma perspectiva de experimentar um envelhecimento saudável. Se por um lado isto é um anseio de todo indivíduo que almeja possuir sua autonomia e independência durante toda a vida, este também é uma necessidade das Instituições de Saúde que entendem ser impossível para qualquer tipo de economia ou de desenvolvimento político social a manutenção da saúde de uma população exponencialmente crescente e com índices de comodidades muito elevados. Muitas são, portanto, as estratégicas recomendadas para a Promoção do Envelhecimento Saudável. Em 1992 a OMS, por intermédio da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) recomendou que a "Promoção da Saúde do Idoso seja realizada por ações interdisciplinares" e que "estas ações sejam dirigidas, 48 especificamente, para reduzir, nesta população, o risco de adoecer e de morrer" (OPAS, 1992). Estas recomendações corroboram o nosso conceito de atuação neste sentido identificando-o como Senecultura (termo proposto em 1985), que ao nosso ver é "o conjunto de ações interdisciplinares que contribuem efetivamente para Promoção de Saúde do Idoso" (Jacob-Filho, 1998). Fica evidente que não é possível realizar esta proposta sem a cooperação das diferentes áreas profissionais envolvidas com o envelhecimento. Neste mister, a gerontologia assume, muitas vezes o papel fundamental para a eficácia da intervenção. Ao nosso ver "seria impossível que um profissional reunisse o conhecimento e habilidade para atender adequadamente o idoso" e que torna a promoção do envelhecimento saudável um desafio interdisciplinar para os períodos presente e futuro (Jacob-Filho, 1984). Não temo afirmar que, se o século XX caracterizou-se pela grande revolução etária da população do mundo, o século XXI será caracterizado pela solução dos problemas que este fenômeno determinou. Para tal, muitas possibilidades de atuação em diferentes fases do desenvolvimento terão que ser rapidamente implementadas. No cenário atual, a população que apresenta maior crescimento relativo, seja nos países desenvolvidos, seja nos em desenvolvimento, são os "muito idosos" (pessoas com 80 ou mais anos). A título de exemplo, na década de 1991 a 2000, esta faixa etária apresentou, no Brasil (segundo o IBGE), um crescimento de 63% enquanto que a população nestes 19 anos cresceu apenas 3% (IBGE, 1999; 2000). Importante frisar que é exatamente nesta faixa etária que ocorrem as maiores complicações das doenças crônicas malcuidadas. Dados recentes da professora Lebrão (Projeto SABE, 2003) e da OMS revelaram que, dentre os muitos idosos, haver incapacidade para realizar todas as atividades de vida diária (AVD) superior a 75% e para as atividades instrumentais (AIVD) de mais de 80% (labrão; Duarte, 2003). Cabe ressaltar que estas limitações tornam inviável a permanência destes
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