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Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez Patologia da Nutrição e Dietoterapia II Nutrição e Câncer Epidemiologia Nos homens, o tipo mais prevalente é o de próstata, seguido de traqueia, brônquio e pulmão. Sendo que esses últimos apresentam uma aproximação muito grande com a etiologia do fumo e do uso do álcool. Além disso, cólon e reto e estômago. Nas mulheres, o primeiro lugar é o câncer de mama feminino, seguido dos tumores de cólon e reto, colo do útero e em quarto lugar os de traqueia, brônquio e pulmão. O câncer é uma designação dada às células neoplásicas malignas (não é a mesma coisa que tumor benigno) Existem cerca de 200 tipos diferentes de Câncer à muitos curáveis se detectados precocemente (exames de rastreamentos aconselhados pelos órgãos públicos – mamografia, USG mamária, toque retal, USG de próstata, preventivo anual ginecológico) E também é um dos males mais antigos da humanidade (Hipócrates 460- 370 A.C.), A palavra câncer significa caranguejo porque o aspecto macroscópico do tumor de mama lembrava o caranguejo pelo aspecto infiltrativo nos tecidos. Carcinogênese Conceitos básico dos genoma X Proliferação celular X Câncer 1. Ciclo celular; 2. Genes supressores tumorais e Oncogenes Para falar da carcinogênese, precisamos lembrar do ciclo celular e dos genes supressores tumorais e oncogenes, isso porque sempre que tivemos mutações nessas duas classes de genes citadas, o indivíduo se torna mais sujeito a desenvolver um câncer. O Câncer é uma doença genética: o fenótipo maligno resulta de alteração genética que é transmitida para as células filhas. Milhões de células se dividem no adulto/dia e cada divisão expõe à célula aos efeitos de carcinógenos ambientais. Ciclo Celular: A célula normalmente está na fase G0, onde não se divide. Ela entra no ciclo celular, passa para a fase G1, onde aumenta de volume, sintetiza as proteínas, já se preparando para uma divisão. A fase S é a fase de síntese, duplicação do DNA; Na fase G2 são sintetizadas mais proteínas e a célula, então, está apta para divisão e depois vem a fase de mitose, onde Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez a célula divide igualmente o seu material genético, dando origem à duas células filhas. Cabe ressaltar que cada fase dessa tem um ponto de restrição, um ponto de checagem. E o objetivo desses pontos de checagem é justamente evitar que passe anormalidades no material genético para as células filhas. É de extrema importância que esses pontos estejam ativos, eles são muito dependentes de estado nutricional e contribui para o funcionamento pleno desses pontos de checagem. Proto-oncogenes: Primeira classe de genes a ser abordada. Os proto-oncogenes são genes cujos os produtos controlam o crescimento celular. São responsáveis por controlar a proliferação celular. Esses genes, uma vez mutados, a célula perde o controle da proliferação celular (proliferação exacerbada é uma característica de uma célula maligna). Uma vez que haja uma mutação na classe dos proto-oncogenes essas células ficam sujeitas ao crescimento descontrolado e dividir perpetuamente e passa a não depender de fatores de crescimento, estando o tempo todo ativada/fosforilada e permanecendo sempre em estado de divisão celular. Os proto-oncogenes são proteínas normais que todas as células tem e sofre uma mutação devido a fatores ambientais ou alimentares, e se tornam células agora denominadas oncogenes que produzem proteínas anormais que levam ao processo de proliferação exacerbada gerando o tumor. * Genes dominantes no nível celular: é necessária apenas uma única cópia de um oncogene mutado para contribuir no processo multi etapas de progressão tumoral. Proto-oncogenes ativados resultam: 1) Receptor de fator de crescimento superexpressos ou mutados: Família do receptor EGF, com maior número de receptores na célula, ocasionando na passagem de sinal independente da ligação de um fator de crescimento. 2) Síntese de fatores de crescimento: A própria célula pode fazer síntese autócrina dos fatores de crescimento estimulando ela mesma a se proliferar (formando um circuito autócrino) 3) Codificação de proteína transdutora de sinal alterada, como a Proteína RAS. Observação: Transdução de sinais é o processo de ativação dos eventos intracelulares por estímulos externos. Genes Supressores Tumorais: Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez Segunda classe que é alvo dos oncogenes são os genes supressores tumorais. Os supressores tumorais são responsáveis por suprimir o crescimento do tumor, ou seja, uma vez que essa célula traga uma mutação no seu DNA, mas os GST não tiverem mutados a célula para a sua capacidade de proliferar, não levando essa mutação para as suas células filhas. Principais genes supressores tumorais: P53 – mais estudado O P53 é tão importante que é conhecido como "Guardião do Genoma". Ele está presente nos pontos de restrição de checagem e vai orquestrar o reparo celular, passando por todas as fases do ciclo de divisão celular. A proteína p53 tem como função detectar falhas eventuais existentes no DNA (mutações) de células prestes a se dividir impedindo que estas mutações se propaguem para as células filhas. Quando há lesão no DNA o nível de p53 aumenta na célula, promovendo PARADA DO CICLO CELULAR com o objetivo de observar se vai haver condições de reparo no DNA, porém existem casos em que a lesão é muito grande, afetando muitas bases e nesse caso a célula é induzida a apoptose, com a finalidade de não passar esse gene mutado para as células filhas. Como os genes supressores tumorais bloqueiam o ciclo celular? O p53 induz a transcrição do gene p21, que através das proteínas que ele produz ele verifica a integridade do DNA, ativa o reparo se o DNA estiver danificado e células que acumulam muitas mutações são indução de apoptose (através da inibição da proteína do gene BCL2 que é antiapoptótica, fazendo com que a célula naturalmente entre em apoptose); Outro gene supressor tumoral é o retinoblastoma (Rb), ele é um gene que está mutado em 40% dos tipos de câncer, enquanto do p53 é descrito que mais de 50% dos casos de câncer estão associados a mutação desse gene. Falhas nesses mecanismos induzem a célula a entrar na fase S carregando mutações genéticas. O esquema acima,, inicialmente mostra uma célula sadia com o seu DNa íntegro. A partir de um agente mutagênico acontecerá a mutação do DNA. Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez Se o P53, se o GST está normal, ativará o P21 e ociclo celular irá parar para reparo ou ativará o gene bax que irá levar à apoptose, inibindo o BCL2. Se o P53 está mutado (e muitos oncogenes tem predileção para mutação no P53), o DNA não é reparado, o ciclo celular não é interrompido e as células mutadas se expandem e sofrem mutações adicionais, gerando tumor. Os autores Varmus, Bishop e Knudson (ganharam prêmio nobel) colocam que o Câncer é uma ação coordenada entre oncogenes e genes supressores tumorais. Analogia: Proto-oncogene ativado é um “acelerador travado” do carro, que não permite que o carro pare de acelerar, no caso da célula faz com ela se divida perpetuamente. Nesse caso o papel dos genes supressores tumorais seria fornecer o freio para essas células, fazendo com que elas parem de dividir. Na célula cancerígena esses “freios” também foram desativados por mutações, não tendo como frear o carro. O resultado é a divisão celular constante; Resumindo, os genes supressores tumorais desativados e proto-oncogenes ativados (falta de freio + acelerador travado) são fatores contribuintes da oncogênese. Estágios da Carcinogênese Para um tumor ser detectado clinicamente, a célula passa por 3 estágios: Iniciação - Promoção - Progressão. Na fase de Iniciação e Promoção o tumor ainda não é clinicamente detectado. No humano a fase de iniciação e promoção é muito difícil de diferenciar. Sendo possível apenas detectar na fase de Progressão. Na imagem, é possível ver os agentes carcinogênicos (vírus oncogênicos -HPV, vírus da hepatite-, radiação, substâncias químicas...). A célula teve o seu material genético alterado, então carrega uma mutação inicial. Só que a mutação inicial, por exemplo, sendo na classe dos proto-oncogenes, fará com que ocorra uma expansão clonal, gerando células filhas que ainda terão mutações adicionais, já que o indivíduo não deixou de se expor à essas situações. A partir do momento em que o indivíduo cessa a sua exposição à um agente carcinogênico na fase de iniciação e promoção, o tumor não se desenvolve. Em média, da fase inicial e de Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez promoção até realmente se desenvolver um tumor demora de 15-20 anos. Na fase de promoção, a célula já carrega alguns fenótipos de uma célula neoplásica maligna (por exemplo, alterações fenotípicas, proliferação celular alterada, carrega anormalidades enzimáticas) e já considerada uma lesão pré-neoplásica. Na maior parte dos casos não é possível detectar essa lesão pré-neoplásica, mas existem alguns poucos casos que sim como pólipos intestinais, leucoplasia pilórica). O indivíduo continuando com esse estilo de vida terá alterações adicionais no seu material genético e, por fim, a célula consegue adquirir todas as características da célula maligna, começando a proliferar de maneira descontrolada, aparecendo o tumor clinicamente detectado, Fenótipos da célula maligna: São 8 características da célula maligna reconhecidas atualmente: 1) Desregulação energética: é uma célula que demanda muita energia já que está constantemente em processo de proliferação e ela utiliza a glicose pela via glicolítica, produzindo apenas 2 ATPs a cada glicose utilizada fazendo com que esse tumor consuma muita glicose. 2) Sinalização sustentada para proliferar: a célula teve mutações em todas as classes de genes responsáveis por proliferar. 3) Evade dos processos de supressores de crescimento: quando uma célula começa a se proliferar de forma exacerbada existem sinais externos do nosso organismo que sinalizam que ela pare o processo, porém a célula tumoral evade essa sinalização/ não responde à ela. 4) Escape tumoral: a célula evita a destruição pelo sistema imune do hospedeiro. 5) Capacidade replicativa de imortalidade: proliferam constantemente refazendo seu telômeros 6) Capacidade de metástase e invasão ativada: facilitando a infiltração em outros tecidos adquirindo grande capacidade de metástase 7) Induz a angiogênese: induz o crescimento dos vasos sanguíneos (angiogênese) com objetivo de levar sangue (nutrição e oxigênio) para dentro da massa tumoral, literalmente aumentando a capacidade do organismo de alimentar esse crescimento. 8) Resistência a morte celular: não responde à sinalização de apoptose devido às mutações nos genes supressores tumorais. A denominação do tumor é definido pelo seu tecido de origem: 1) Carcinomas 85% dos casos. Câncer que se origina de células que formam a epiderme ou revestem os órgãos internos; 2) Adenocarcinomas Originado de tecido glandular (ex.: mama) Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez 3) Sarcomas Originado de ossos (osteossarcomas) ou tecido muscular (miossarcomas); 4) Leucemias e Linfomas São chamados de cânceres não sólidos, porque originados das células formadoras do sangue e sistema Imunológico. Um tumor com 20 divisões de células ainda não é detectável (cerca de 1 mg), só começa a ser detectável a partir de 1g/1cm que é a partir de 30 divisões celulares. Quanto mais precoce for detectado o tumor, melhor o prognóstico, melhor o tratamento e menor a chance de metástase. Uma das características mais importantes das células malignas é a sua capacidade de invasão, ou seja, de promover metástase. Metástase: O tumor começa crescendo localmente (êmbolo tumoral), porém as células tumorais tem pouca adesão entre elas, por isso se desprendem muito facilmente uma das outras e ainda possuem um armazém de enzimas que propiciam muito facilmente realizar ruptura de endotélio (epiderme dos órgãos), permitindo que essa célula penetre em outros órgãos e comece a formar um novo tumor à distância. A angiogênese estimulada pelas células tumorais é um fator que facilita a ocorrência de metástase, porque aumenta os vasos sanguíneos que entram e saem do tumor. Carcinógenos Endógenos e Ambientais São os responsáveis por causar as mutações nos genes que iniciam a carcinogênese. ENDÓGENOS 1. Genéticos (5-10%): Da alta prevalência de câncer que temos no Brasil, apenas 5-10% tem origem genética, ou seja, que herdaram essas mutações. É muito importante lembrar que indivíduos com mutações herdadas não irão definitivamente ter câncer, porém, apresentam risco aumentado comparado a população normal. Por isso, esses genes são rastreados mais precocemente e com constância. Normalmente mutações herdadas ocorrem em genes na classe dos supressores tumorais. Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez 2. Hormonais: Janela estrogênica longa: Desde a menarca atéa menopausa a mulher é exposta ao estrogênio que envia sinais de proliferação ao ovário, endométrio e tecido mamário (que são altamente responsivos a esse hormônio), estimulando que haja a proliferação. Então, quanto maior a janela de exposição da mulher ao estrogênio cria um maior tempo de ambiente proliferativo que é altamente carcinogênico, aumentando o risco de desenvolver câncer nesses tecidos. Quando a mulher entra na menopausa o esperado é que cesse sua exposição ao estrogênio, porém muitas vezes mulheres fazem uma terapia de reposição hormonal o que aumenta muito o risco de câncer nesses tecidos, principalmente após o período de 5 anos de reposição. A terapia de reposição hormonal combinada aumenta o risco em 51% para desenvolvimento de tumor in situ e 67% para tumores invasivos. O risco só parece diminuir após 5 anos da descontinuação do uso. (Pardini, 2013 e ACS, 2015) 3. Estresse oxidativo: O excesso de radical livre vai lesionar o DNA podendo causar uma mutação genética. Por exemplo, pessoas que leva a vida muito estressadas por um longo período têm maior risco de desenvolver câncer, ou que tenha alguma doença/condição metabólica que aumente o estresse oxidativo. → importância do aumento de antioxidantes 4. Inflamação: A inflamação crônica leva à um aumento na produção de radicais livres, também aumenta a proliferação e angiogênese (edema). O ambiente inflamatório por muitos anos é um ambiente carcinogênico. Ex.: esôfago de Barrett e colite ulcerativa. EXTERNOS / AMBIENTAIS 1. Tabaco: Contém 80 carcinógenos mutagênicos e fonte de estresse oxidativo; Além disso, o fumante possui menor concentração sérica de antioxidantes. 2. Agentes Infecciosos: 3. Radiação: Seja raio-X, luz solar com frequência ou qualquer outra radiação causa dano ao DNA, pela quebra da fita e interage com água do meio intracelular formando Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez espécies reativas de oxigênio que aumentam a mutação. 4. Contaminantes ambientais: a) Poluentes orgânicos persistentes (POP): Ex.: • As dioxinas - São substâncias, ou mais propriamente uma classe especial de substâncias químicas cloradas, como o Policloreto de vinila (PVC): representado pelo símbolo utilizado amplamente em encanamentos, no encapamento de cabos elétricos, em frascos de água mineral (principalmente se exposta ao calor)l, e até mesmo em calçados. Está associado a tumores no fígado, nos pulmões e no sistema linfático. • Bisfenol A - substância química empregada na fabricação de policarbonato (plástico) e em resinas epóxi (usadas como revestimento em latas de alumínio, protegem a integridade e a segurança de alimentos). Entram em contato com o alimento através de potes de plásticos aquecidos e também em latas amassadas. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) proibiu o uso do Bisfenol-A na fabricação de mamadeiras e outros artigos para recém nascidos. • Bisfenila policlorado (PCB) – capacitores elétricos, resinas, adesivos, etc. Estes são despejados em rios e mares que contaminam peixes e podem sofrer, ao longo da cadeia alimentar, um processo de bioconcentração e biomagnificação, e o homem ocupa o topo da cadeia trófica. Por isso é muito importante saber a procedência do pescado que você consome e indica ao seu paciente. 5. Medicação: Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc) lista 23 medicamentos como carcinogênicos para humanos (antineoplásicos, imunossupressores e hormônios sintéticos). Alimentos e Câncer Sempre que a alimentação caminha na linha de cima da imagem, tem-se um ambiente pró-carcinogênico. Nesta imagem podemos ver a carne vermelha mostrando o excesso de gordura saturada, a batata-frita indicando o modo de preparo inadequado, a carne do hambúrguer que é rica em nitrito e nitrato. Já na linha de baixo, vemos alimentos mais antioxidantes. Então deve haver um equilíbrio entre o que você consome que previne e o que te expõe ao risco. Grãos, Raízes e Tubérculos Fibra dietética: Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez Acelera trânsito intestinal, aumenta peso das fezes. Carcinógenos são mais rapidamente eliminados nas fezes. Produto de Fermentação: AGCC (butirato), induz apoptose e parada do ciclo celular; As bactérias colônicas fermentam as fibras e as quebram em ácidos graxos de cadeia curta, que são importantes moduladores para as células do cólon. Aflatoxina: Vem do fungo que acomete cereais nos países tropicais (o amendoim é um dos mais atingidos). Quando o indivíduo consome a aflatoxina, no fígado é produzido um produto epóxido através da aflatoxina, que é genotóxico, trocando bases G:C por T:A. A predileção dessa substância é causa dano ao supressor tumoral p53. Infecção vírus hepatite + aflatoxina: Quando o indivíduo com hepatite B ou C (já é altamente suscetível ao câncer de fígado) se expõe à aflatoxina ocorre a indução do CYP1A2 que produz genotóxico da aflatoxina, isso porque o vírus aumenta ainda mais essa produção. Carnes Carnes processadas: defumação, salga, cura e embutidos (bacon, presunto, salame, salsicha) No grupo das carnes, temos como convincente que a carne vermelha, sim, aumenta o risco de tumores colorretais. E as carnes processadas também aumentam. E é provável que peixes e alimentos contendo vit. D reduzam o risco de tumores colorretais. Aditivos utilizados nas carnes processadas: 1 - Nitritos Presentes em alimentos como picles, salsichas e outros embutidos e em alguns enlatados; Têm o objetivo de conservar. E também é formado endogenamente a partir do nitrato (fontes: espinafre, beterraba, aipo, repolho), porém não há necessidade de deixar de consumir esses alimentos pela formação de nitrito proveniente do nitrato, já que esses últimos alimentos citados são ricos em fatores de proteção. Na imagem acima vemos a conversão de nitrato em nitrito, que em contato com o pH ácido do estômago, reage com as aminas (proteínas no alimentos), formando as nitrosaminas, que possuem um potencial carcinogênico importante para estômago e intestino. Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez 2 – Alimentos Preservados em Sal (envolvido com carnes): • Estudos de coorte realizados na Coreia associam maior consumo de sal a ocorrência de Câncer gástrico. Mecanismo: a) Dano direto na mucosa gástrica – aumenta expressão de citocinas inflamatórias, morte celular e erosão da mucosa, e como vimos sempre que tem uma ambiente inflamatório é um ambiente pró-carcinogênico. b) Além disso, esse ambiente inflamado favorece a colonização por H Pylori (carcinógeno) e habilidade dele em alterar a mucosa. 3– Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos: Substâncias altamente carcinogênico e genotóxica, que são formadas durante o preparo da carne. São substâncias amplamente distribuídas no ambiente, formadas em processos de combustão e pirólise de matérias orgânicas: carvão e petróleo. Fontes principais de HPAs: a) Fontes naturais: queimadas em florestas; b) Poluição ambiental – contaminação de solo e água; c) Processamentos de alimentos: Defumação, assado/ secagem direta com madeira / carvão e torrefação (café). 1. Churrasco: Gordura pirolisada pela chama e calor do carvão – HPA formados passam a compor a fumaça e se depositam na carne; 2. Torrefação: Em média 20-25% dos HPA presentes no pó passam para a bebida; Diferença no preparo do pó de café fervido com água para o coado: Existem duas formas de preparo de café, ferver a água e passar no coador com o pó no coador ou ferver a água já com pó de café e depois passar no coador. A segunda forma passa mais HPA para a bebida. O HPA é cancerígeno porque ele é metabolizado no fígado pelas enzimas hepáticas sendo ativado na forma de diol epóxido, que liga-se covalentemente ao DNA, podendo gerar mutações. 4 – Aminas Aromáticas Heterocíclicas: Produzidas durante a exposição de alimentos com alto conteúdo protéico a altas temperaturas: assar, fritar, grelhar por muito tempo, sendo que quanto mais bem passada a carne maior teor de AAH. A formação ocorre pela pirólise de certos aminoácidos (Trip, lis, ácido glutâmico e fenil) ou pela reação entre creatinina e produtos da reação de Maillard As AAH são metabolizadas no fígado pelo citocromo P-450 dos microssomos hepáticos em mutagênicos ativos, as N- hidroxilaminas. As N-hidroxilaminas são convertidas em compostos capazes de se unir à guanina – afetando replicação e transcrição de DNA. A guanina é a base mais afetada pelos agentes carcinogênicos da gestação. Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez Está mais relacionado com câncer de mama, bexiga, cólon e próstata. Isso mostra que não é só a questão de consumir a carne que tem efeitos carcinogênicos, mas também está muito relacionada com seu modo de preparo. Álcool O álcool também é um outro fator carcinogênico importante, e é convincente que ele aumenta o risco de câncer de cabeça e pescoço (boca, faringe e laringe) e é provável que aumento o risco do câncer de fígado. É interessante ressaltar que o chimarrão por ser uma bebida quente também está muito relacionado com câncer de cabeça e pescoço. O Álcool é classificado como carcinógeno classe 1, o acetaldeído, que é o subproduto da metabolização do álcool, é um potencial carcinogênico. E o álcool também funciona como solvente, aumentando a penetração de outros carcinógenos na mucosa dos órgãos. Além disso, o álcool gera EROs, que leva à lesão no DNA. O departamento de serviço de saúde dos EUA, sugere baixo risco no consumo máximo de 10g álcool/dia para homem e metade para mulher. Vegetais, frutas, leguminosas, sementes, nozes As evidências mostram que os vegetais, frutas e leguminosas protegem contra os cânceres, porém não temos isso como convincente porque ainda faltam alguns estudos com maior nível de evidência para entrar nesse documento. Mesmo assim, só a coluna de "redução de risco" está preenchida. Por que os vegetais protegem contra o câncer? Pela sua composição, os vegetais possuem uma gama de substâncias antioxidantes. Glucosinolatos e Câncer Os glucosinolatos são substâncias benéficas presentes nos vegetais da família das brássicas (mostarda, do Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez brócolis, da rúcula e de uma série de vegetais como agrião, repolho, rabanete, acelga, nabo, couve manteiga, couve-flor, couve-de-Bruxelas e wasabi). Existem fortes evidências para proteção de tumores do trato digestório e respiratório; Menores evidências para tumores de próstata, endométrio e ovário. Para a mirosinase hidrolisar os glicosinolatos é necessário a ruptura do tecido vegetal, que pode se dar por mastigação (importante orientar o paciente sobre a importância de mastigar bem o alimento) ou corte. Entretanto, antes do consumo, os vegetais são comumente cozidos, podendo acarretar em inativação da enzima e, conseqüentemente, no comprometimento da produção dos derivados de hidrólise. O cozimento sob vapor mostrou uma maior preservação do teor de glicosinolatos e um decréscimo nos níveis de sulforafano no brócolis, devido à inativação da enzima mirosinase e estabilização da glicorafanina durante a hidrólise. Se o cozimento a vapor ultrapassar o tempo de 45 minutos, pode haver lixiviação (retirada de nutrientes), porém, em menor grau do que na fervura em água. Compostos Organosulfúricos Compostos Sulfurados estão presentes no alho, cebola, alho-poró e cebolinha. Quando as células se rompem (cortar, esmagar) a alina sofre ação da enzima alinase e dá origem a alicina (responsável pelo odor); Obs.: Ajoeno – conjugação de 3 moléculas de alicina Potenciais efeitos anticâncer no alho ativam genes que evitam que vão evitar a resposta de proliferação exacerbada, que vão levar a célula à apoptose, que desativam a imortalidade replicativa, inibe a ativação de invasão, metástase, angiogênese e outros efeitos que auxilia na estabilidade genômica da célula e contra as mutações. Carotenóides e Câncer Mamíferos não são bioquimicamente capacitados para realizar a biossíntese de carotenóides – podem acumular ou converter. As principais fontes são beta-caroteno, alfa-caroteno, licopeno, várias xantofilas (luteína zeaxantina e -criptoxantina), bixina - urucum; • Família dos terpenóides 1.1 – Carotenóides e Ação Antioxidante São extremamente eficazes contra espécies reativas de oxigênio (ERO): ânion superóxido, peróxido de hidrogênio, radical hidroxila e radical peróxido. E a superprodução de ERO está relacionada a ativação de Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez carcinógenos na fase de iniciação e ao dano oxidativo do DNA, resultando em mutação genética. Sistema Imune X Câncer: O reconhecimento de antígenos e/ou células tumorais envolve receptores de macrófagos, e as Espécies Reativas de oxigênio (EROs) diminuem por dano oxidativo, o número de receptores de membranas de macrófagos, que são capazes de detectar tumores. E o β-caroteno e a cantaxantina parecem inibir a perda desses receptores após exposição as EROs. Sendo assim, propicia uma resposta imune melhor contra células cancerosas. Polifenóis e Câncer O termo polifenóis ou compostos fenólicos refere-se a uma amplo e numeroso grupo de moléculas encontradas em hortaliças, frutas, cereais, chás, café, cacau, vinho, suco de frutas e soja.Mecanismo da inibição da proliferação de células cancerosas por substâncias fenólicas e isotiocianatos: Substâncias fenólicas desempenham um papel importante na neutralização ou sequestro de radicais livres e quelação de metais de transição, agindo tanto na etapa de iniciação como na propagação do processo oxidativo. Obesidade e Câncer International Agency for research on cancer (IARC), 2007: Classificou as evidências da relação obesidade e câncer como “convincente”, principalmente para câncer de colón, mama (pós-menopausa), endométrio, rim (células renais) e esôfago (adenocarcinoma). Existem evidências da associação da obesidade com a leucemia, mieloma múltiplo, linfoma não-Hoddgkin's, pancreático e ovário. Mecanismos Biológicos Relacionados a Oncogênese na Obesidade O que acontece na obesidade que favorece a formação da carcinogênese? É o ambiente proliferativo que acontece nesse indivíduo ocasionado pelas alterações metabólicas que tornam o ambiente carcinogênico. Resistência à Insulina (RI) Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez O indivíduo obeso possui RI e hiperinsulinemia (concentrações suprafisiológicas de insulina) que tem um efeito proliferativo e mitogênico em tecidos. É um ambiente proliferativo que se instala no indivíduo pelas alterações metabólicas. E o primeiro ambiente proliferativo é a resistência à insulina. Fator de Crescimento Insulina Símile (IGF-1) e oncogênese na obesidade Hiperinsulinemia: Estimula a produção hepática do IGF-1 (também é proliferativo, age junto com a insulina e é anabólico). Além disso o aumento da insulina do sangue, além de fazer o fígado produzir mais IGF-1, também diminui a produção hepática da proteína ligadora de IGF-1 (IGFBP), e induz a Proteólise IGFBP, que aumenta a fração livre do IGF-1 no sangue, e é a fração livre de qualquer substância que vai se ligar no receptor de membrana que vai estimular a célula a se multiplicar. Estudos em cultura de célula mostram que o IGF-1 é carcinogênico em várias linhagens celulares. Também existe a questão de que indivíduos que fazem uma restrição calórica, um pouco abaixo do que precisam, são indivíduos que têm menos carcinogênese (estudo que vem de animais, mas observou-se em humanos). Isso está relacionado ao fato desses indivíduos terem menos insulina circulante e menor produção de IGF-1. Tumores hormônio dependente e a obesidade: Câncer de Mama Lembrando que a relação da obesidade com o câncer de mama não tem associação com os casos de história familiar (genéticos), aqueles associado com as mutações nos genes: BRCA1 e BRCA2. O Estrogênio possui um efeito fisiológico no crescimento da mama, útero, vagina, ovário – controle reprodutivo e gravidez. Além disso, o estrogênio é um precursor imediato do colesterol. Em mulheres que menstruam a maior parte do estrogênio circulante resulta da secreção ovariana. Porém, essa exposição deve ocorrer vinda do ovário (quantidade “controlada”) e apenas no período que ela menstrua. Tecido Adiposo X Menopausa X Câncer de Mama A mulher pode desenvolver câncer de mama no pós menopausa pois começa a ganhar tecido adiposo ao ficar mais velha. E existe uma forte relação do tecido adiposo com o câncer de mama. RELAÇÃO ENTRE TECIDO ADIPOSO (AROMATASES) E CÂNCER DE MAMA Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez O tecido adiposo possui enzimas chamadas "aromatases". Elas pegam o precursor do estrogênio (androstenediona) produzido nas glândulas adrenais/supra-renais, cai na circulação, passa no tecido adiposo e as aromatases convertem em estrona e estradiol, uma forma potente de estrogênio. E a mulher que deveria cessar a exposição do tecido da mama e do ovário ao estrogênio (ou pelo menos reduzir bem), continua expondo à esses hormônios, estimulando a proliferação celular. Câncer de Mama x Obesidade - Esteróides Sexuais O câncer de mama, então, tem uma relação direta com a obesidade. No esquema, é possível observar o tecido adiposo com a presença das aromatases que fazem a conversão da androstenediona. Mas, o indivíduo que tem obesidade, tem RI. Essa RI gera o aumento da insulina no sangue e o fígado é altamente sensível à essa concentração de insulina. Assim, diminui-se a síntese do fator de ligação do IGF e aumenta-se a produção de IGF, sendo um fator altamente proliferativo para esses indivíduos. Álcool x Câncer de Mama “ O álcool é, provavelmente, o fator dietético de risco mais bem estabelecido para o câncer de mama”. Consumo de 2 ou + doses* por dia aumenta o risco em 30% de câncer mama; *1 dose: ≈ 15 mL álcool etílico (83 mL vinho, 23 mL uísque, 250 mL cerveja). Provável mecanismo: O álcooc aumentar o nível circulante de estradiol, pré e pós-menopausa, e também é carcinógeno, como já vimos devido ao acetaldeído e a produção EROs. Avaliação do Estado Nutricional Câncer A partir do momento em que o paciente é internado, deve-se utilizar o instrumento de triagem, que tem o objetivo de avaliar risco nutricional. Deverá ser realizada até 48h após a internação. Alguns instrumentos de triagem: * Mini Nutritional Assessment (MNA) - Miniavaliação Nutricional (MAN) * Subjective Global Assessement - Avaliação Subjetiva Global (SGA) * Nutritional Risk Screening (NRS 2002) * Screening Tool Risk Nutritional Status and Growth (Strong kids) * Malnutrition Screening Tool (MST) - Instrumento de Triagem e desnutrição * Malnutrition Universal Screening Tool (MUST) - Instrumento de Triagem Universal de Desnutrição. Obs: Para o câncer, normalmente utilizamos o ASG-PPP (Avaliação Subjetiva Global), validado para pacientes oncológicos. Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez A resposta ao critério de risco nutricional deve ser resultante de algum instrumento de triagem e estado nutricional e condição clínica do paciente. Um grupo da ESPEN, da Sociedade Europeia de Câncer, separam o paciente que tem anorexia (uma ingestão limitada de alimentos), o paciente que está na pré caquexia e caquexia (apresentam uma situação inflamatória bastante presente) e o paciente com sarcopenia. Inflamação no Câncer A inflamação é resultante do tumor, mas também do tratamento antitumoral. O tumor reduz a ingestão, agrava a inflamação e leva à fadiga e menor capacidade de atividade física. Caquexia e Cuidado Nutricional A tabela da ESPEN de 2017, classifica o paciente com pré caquexia como aquele que perdeu peso menos do que 5%, tem anorexia e alterações metabólicas. Como tratar? Aconselhamento nutricional, alimentos fortificados, SNO (Suporte Nutricional Oral) - considerar ingredientes anti-inflamatórios (como ômega-3) Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez Como avaliar a sarcopenia? PS.:Considerar o ponto de corte de > 4 para triagem da sarcopenia (a força muscular e avaliação da massa magra). Critérios De Avaliação Empregados no Estágio de Clínica do HUCFF Anorexia no Câncer Por que o paciente com câncer pode ter anorexia? Pois tem ruptura de mecanismos importantes que regulam a ingestão, como a ruptura da regulação da leptina (a leptina apresenta uma ligação direta com a quantidade de tecido adiposo). RUPTURA DA REGULAÇÃO DA LEPTINA Mecanismo normal: A diminuição nos níveis de leptina em proporção à perda de gordura corporal atividade de sinais que estimula o hipotálamo e aumenta os sinal de fome, GE e aumenta a atividade de sinais anorexígenos, As citocinas pró-inflamatórias produzidas pelo ambiente tumoral (TNF-α, IL-1,e IL-6), podem estimular a expressão e/ou liberação da leptina, diminuindo a atividade de sinais que regulam a fome. RUPTURA DO MECANISMO DE REGULAÇÃO DO NEUROPEPTÍDIO Y NPY mais potente peptídeo estimulador da ingestão (relacionado ao apetite); E as citocinas inflamatórias (IL-1 β) mais uma vez parecem bloquear o sistema NPY hipotalâmico; e o paciente entra em anorexia, perde a fome. SISTEMA DE SINALIZAÇÃO ANOREXIGÊNICA DA MELANOCORTINA A Melanocortina ajuda a regular o apetite e temperatura corporal, dando satisfação após a refeição. Porém no paciente com câncer as citocinas bloqueiam esses sinais ativos. Ou seja, mesmo com a perda de peso que leva temos a inibição do sistema anorexigênico. Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez Na caquexia induzida pelo câncer o sistema continua ativo. Resultado: anorexia. DISFUNÇÃO DO APARELHO DIGESTÓRIO ● Alterações no Olfato e Paladar, muitas vezes relacionadas ao tratamento fitoterápico ● Disfagia e Odinofagia; ● Envolvimento direto dos órgãos digestivos – dificultando a digestão e absorção de nutrientes ● Efeito colateral do tratamento anticâncer, levando a vômito diarréia que gera também uma perda de peso. → Tudo isso faz com que o indivíduo coma menos. Alterações Metabólicas no Câncer e Caquexia Na maior parte dos pacientes, a caquexia é decorrente de anormalidades metabólicas causadas por fatores produzidos pelo tumor e pelas citocinas. 1 - HIPERMETABOLISMO Maioria apresenta aumento no gasto energético basal (GEB), pela situação inflamatória. 2 - ALTERAÇÕES NO METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS ● ↑ atividade do Ciclo de Cori; ● ↑ gliconeogênese; ● ↓ tolerância à glicose; ● Gera Resistência à insulina. 3 - ALTERAÇÕES NO METABOLISMO DOS LIPÍDIOS ● ↓ Atividade da LPL (capta a gordura da circulação para armazenamento no tecido adiposo); ● ↑ Lipólise; ● ↓ lipogênese; O que está envolvido nessa resposta são as citocinas e o próprio tumor que produz uma substância chamada de fator mobilizador de lipídios (LMF), que quebra o tecido adiposo produzindo ácidos graxos (beneficiando a célula tumoral). 4 - ALTERAÇÕES NO METABOLISMO DAS PROTEÍNAS ● ↓ Massa Muscular Esquelética; ● ↑ Síntese das Ptns de Fase Aguda associada à resposta inflamatória; Também está associado às citocinas, como também um fator produzido pelo tumor, Fator Indutor de Proteólise (PIF). O tumor libera na circulação, vai no tecido muscular, promove proteólise e libera na circulação aa (em especial, glutamina, alanina… AA gliconeogênicos) que irão parar no fígado, onde serão convertidos em glicose, favorecendo, novamente, a massa tumoral. Recomendações Nutricionais Calorias Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez BRASPEN, 2019: coloca que adulto e idoso em tratamento antineoplásico (fazendo quimio e radioterapia), o requerimento de energia é semelhante a um indivíduo saudável (25-30 kcal/kg/dia). Já um idoso com IMC < 18,5 kg/m2, a cota calórica já é aumentada (32-38 kcal/dia). O paciente em tratamento paliativo (fora de possibilidades terapêuticas), se não puder atingir a meta, pensar no conforto. Consenso de Nutrição Oncológica, 2015: • Pós-operatório ou na presença de sepse: de 20 a 25 Kcal/Kg/dia • Pré e pós-transplante de células tronco hematopoiéticas (TCTH): 30 a 35 Kcal/Kg/dia Proteína A estratégia nutricional no paciente oncológico com sarcopenia deve conter uma dieta hiperproteica e fracionada de forma a ofertar 20 a 30g de proteína por refeição. (BRASPEN, 2019) * TCTH - Transplante de Célula Tronco Hematopoiética (nome atual para transplante de medula óssea) A BRASPEN abordou o paciente oncológico crítico. Glicídios - 50-65% VET; - Poupar proteína tissular; - Resistência à insulina → recomendação ADA Lipídios * 20-35% VET * Adequado para completar o aporte energético e não desenvolver complicações (esteatose, hiperlipidemias); * Gordura saturada < 10% * Ácidos graxos Trans < 3% Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez Vitaminas e Minerais * Recomenda-se ingestão de acordo com a DRI → Estudos apontam para um possível prejuízo do uso de suplementação antioxidante durante tratamento RT e QT. → aconselhar não exceder 100% da DRI Muitos órgãos aconselham a não suplementar vitaminas porque muitos dos mecanismos de tratamento de radioterapia e quimioterapia envolve muito estresse oxidativo, podendo interferir na resposta do tratamento antineoplásico, protegendo a célula tumoral com antioxidantes. Terapia Nutricional PACIENTE EM TRATAMENTO CLÍNICO, PRÉ E PÓS OPERATÓRIO QUAL VIA UTILIZAR? TNO: ingestão oral < 70% nos últimos 3 dias, indicar suplementos nutricionais. TNE: quando há contraindicação da via oral, ou a ingestão alimentar pela via oral for < 60% das necessidades nutricionais nos últimos 3 dias. TNP: impossibilidade total ou parcial do TGI ou complemento da TNE (quando não for capaz de fornecer as necessidades nutricionais nos primeiros 3 dias). COMO PROGRAMAR O DESMAME? TNO: ingestão da alimentação convencional for maior que 70%, nos últimos 3 dias. TNE: ingestão superior a 60% por 3 dias; TNP: quando for possível a utilização parcial ou total do TGI. Qual o tempo de jejum pré-operatório? Qual a dieta e a quantidade indicada para abreviar o jejum de pacientes eletivos? Recomenda-se a abreviação do tempo de jejum para 2 a 3 horas com fórmula contendo maltodextrina a 12,5% com ou sem fonte nitrogenada (proteína pode aumentar a resposta metabólica) na quantidade de 200ml. (BRASPEN, 2019) Dieta Imunomoduladora em Pacientes Oncológicos Cirúrgicos Existe benefício do uso da dieta imunomoduladora enriquecida com arginina, nucleotídeos e ômega-3 em pacientes oncológicos a serem submetidos a cirurgia de grande porte? Sim! Isso porque reduz a incidência de infecções, intensidade da resposta inflamatória, tempo de internação e custo, melhora pré-albumina, proteína ligadora do retinol e transferrina. → Porém existe contra-indicação para pacientes críticos com sepse. Por Carolina Varela e Mylena Gonzalez Exemplo de algumas fórmulas comercializadas para suplementaçãonutricional de pacientes com câncer Existe alguma particularidade quanto a utilização de nutrientes específicos no paciente com câncer crítico? → Não existem dados suficientes para indicar o uso de glutamina. Em pacientes com falência orgânica múltipla, falência renal, falência hepática ou instabilidade hemodinâmica o uso de glutamina está contraindicado. → Não devem ser utilizadas megadoses de vitaminas e elementos traço de rotina. → Não existem dados suficientes que comprovem o efeito do ômega-3 para o paciente crítico com câncer. A terapia do paciente com câncer não é só “atacar” a doença, existem outros hábitos que fazem parte da terapia contra o câncer: uma vida saudável que inclui menos estresse, hidratação, atividade física e a alimentação saudável.
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