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HISTORIA DA SEXUALIDADE

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1 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA DA SEXUALIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
 
 
 
 
2 
Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com 
(31) 3270 4500 
 
A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SEXUAL 
 
 
http://acervo.novaescola.org.br/educacao-sexual/ 
 
Para entendermos a função da escola no contexto atual em relação a 
postura do adolescente na sociedade, torna-se necessário abordar a história da 
educação no Brasil, desde o tempo do homem grego, antes de Cristo até o 
renascimento. Constata-se que segundo alguns historiadores, na antiguidade 
foram ignoradas as características próprias da infância e do adolescente. Eles 
eram considerados como pequenos “adultos”, enfrentando trabalhos e 
preocupações como os membros da sociedade em que pertenciam. 
A partir do século XVII, com os movimentos de revalorização cultural e 
religiosa, passou a ser exaltada a pureza infantil, por não ter seus órgãos genitais 
amadurecidos e a ausência da atividade sexual eram tidos como isentos do 
pecado. Entende-se que a educação na antiguidade privava-se para evitar 
assuntos proibidos, valendo-se da desinformação e da repressão. Sabese que 
esse traço cultural tão antigo, dá uma conotação da dificuldade de comunicação 
sobre temas que até o século XIX persistia entre as gerações. Só com as 
mudanças ocorridas no século XX, em que se ampliou gradualmente a liberdade 
 
 
 
 
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Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com 
(31) 3270 4500 
 
de expressão e a preocupar-se com os aspectos da formação do aluno é que a 
escola passa a incorporar posturas voltadas para o desenvolvimento pessoal e 
social. 
Todos sabem que a formação do ser humano não é tarefa exclusiva da 
escola. Entretanto, devido às mudanças culturais, religiosas, políticas e 
econômicas ocorridas ao longo dos séculos é que contribuíram para as 
exigências atuais: a existência de uma escola participativa cada vez mais 
comprometida na educação das novas gerações como diz Dewey: “as recentes 
mudanças na conjuntura mundial, com a globalização da economia e a 
informatização dos meios de comunicação, têm trazido uma série de reflexões 
sobre o papel da escola dentro do novo modelo da sociedade, desenhado nesse 
final de século”. 
Tendo como referência também, nessa pesquisa compreender-se que a 
sala de aula e os demais espaços educacionais apesar da evolução tecnológica 
e os mais variados meios de informação, ainda é o espaço onde crianças e 
adolescentes recebem orientação significativa sobre os valores sexualmente 
transmissíveis, gravidez precoce e refletem sobre os valores atitudinais e 
comportamentais. Influenciando segundo “eles” de forma positiva para 
mudanças de comportamento. 
Pois a maioria dos estudantes consideram que um adolescente bem 
esclarecido sexualmente pode evitar a gravidez precoce e a prostituição. 
Reforçando ainda mais cedo, a investigação e a pesquisa de temas sobre a 
educação sexual. 
 
 
ADOLESCÊNCIA COMO UM PERÍODO DE (RE) OU DESOBERTA DA 
SEXUALIDADE 
 
 
 
 
 
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Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com 
(31) 3270 4500 
 
Segundo Marilandes Ribeiro Braga, especialista em sexualidade humana 
em sua dissertação de mestrado, coloca que “o adolescente vivência 
emocionalmente diversos lutos. Ele perde a noção do seu próprio corpo que se 
modifica, não sendo um corpo infantil. Sua relação com seus pais se torna 
diferente, já que ele não é mais criança, e sua identidade infantil também se 
dissipa, fazendo-o buscar uma nova noção de si mesmo”. Há também uma 
transformação na convivência social. O adolescente começa a se relacionar com 
as turmas. 
Medo e o desejo, causados pelas mudanças impostas, são constantes na 
vida de um adolescente. A sexualidade do adolescente também sofre intensas 
mudanças: “pode-se dizer que a adolescência é um momento de (re) descoberta 
da sexualidade”. (A conduta sexual humana, Rio de Janeiro, Civilização 
Brasileira, 1976). 
 
 
http://pedagogia-gravideznaadolescencia.blogspot.com.br/ 
 
 
 
 
 
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(31) 3270 4500 
 
A sexualidade não surge na adolescência de repente, com a maturação 
dos órgãos genitais. Ela faz parte do ser humano desde seu nascimento, 
passando por processo de desenvolvimento, como as demais funções humanas 
e sendo elementos importantes nesse desenvolvimento. A descoberta e o 
conhecimento do corpo são fundamentais no processo de desenvolvimento do 
ser humano; porém, desde a época da infância, é vista como processo natural 
desde que não toque nos genitais. Mexer nessa parte do corpo “perturba” os 
adultos que, na maioria das vezes, estimulam a descoberta de pés, pernas, 
mãos, cabelos, mas permitem e inibem a descoberta da genitália como se fosse 
a “região do pecado”, área em que 
“pessoas honestas e bem comportadas” não têm acesso. Simplesmente sobre a 
região genital. 
A iniciação sexual no período da adolescência não é um fato novo. Para 
os meninos isso sempre foi estimulado. Preocupados com a masculinidade de 
seus filhos, era comum os pais levarem os meninos em prostíbulos para iniciarem 
sua vida sexual. Para as meninas, há décadas, o fato estava associado ao 
casamento. Hoje, as relações sexuais para ambos os sexos se dão, muitas 
vezes, antes do casamento, não havendo, efetivamente, intenção em constituir 
família. 
Na medida em que o adulto compreender todo o processo de mudança 
pelo qual passa o adolescente poderá aplacar suas angústias e com carinho e 
compreensão estar junto ao jovem ajudando-o e apoiando-o no reconhecimento 
e na caminhada para o seu novo papel e no desabrochar de um novo ser. O 
adolescente precisa aprender a tomar decisões de forma responsável a respeito 
da sua sexualidade, pois afetam a si mesmo e aos outros. 
Ele deve aprender a negociar comportamentos e limites sexuais. E 
lembrar que seus atos poderão ter efeitos de grande magnitude com 
consequências para toda a sua vida, como a gravidez, as doenças sexualmente 
 
 
 
 
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transmissíveis, dificuldades sexuais e afetivas futuras, e isso precisa ser 
considerado. 
 
 
COMO RECEBEMOS NOSSA EDUCAÇÃO SEXUAL 
 
 
http://www.ebah.com.br/content/ABAAABYx8AH/minicurso-apresentacao-01-gravidez-na-adolescencia-aborto 
 
Nascemos de um acontecimento sexual e foi por meio dele que ganhamos 
no momento da concepção, um organismo também sexuado. Sexo é, pois, 
acontecimento do mundo orgânico, natural. É um conceito biológico que se 
relaciona com as características genitais e extragenitais que diferenciam entre si 
macho e fêmea, com a cópula ou ato sexual e com os mecanismos de procriação. 
Como fato biológico, o sexo não é prerrogativa da espécie humana. 
Entretanto, somos diferentes dos demais seres vivos porque vivemos o sexo no 
âmbito da cultura. No ser humano, o sexo não é vivido como instinto, isto é, como 
comportamento fixo característico da espécie, mas como sexualidade. 
Simbolizamos e codificamos as atividades sexuais, atribuímos-lhes valores, 
empregamos essas atividades de desejos e fantasias. Mais que isso: damos 
valor erótico a objetos, signos e acontecimentos que aparentemente nada têm 
em comum com a atividade genital. 
 
 
 
 
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A sexualidade é, portanto, uma dimensão simbólica dos seres humanos 
que integra, simultaneamente, aspectos biológicos, psicológicos e culturais 
relacionados com conduta sexual. Não se pode, como ocorre geralmente, 
identificar sexualidade e genitalidade. A genitalidade é a capacidade de 
concentrar a excitação sexual nos órgãos genitais. 
A sexualidade é a manifestação mais ampla. Envolve não somente os 
órgãos genitais, mas todas as zonas erógenas dos corpos,assim como 
vontades, desejos e fantasias associadas ao sexo. Ela deve ser compreendida 
como uma expressão afetiva, comprometendo opções sociológicas, éticas, 
religiosas e fisiológicas, derivadas do eixo biológico do sexo e vinculada ao 
gênero. 
A expressão sexual, no ser humano, é algo a ser aprendido desde o seu 
nascimento. Se faltar este aprendizado – que dá à sexualidade uma dimensão 
maior – ela fica reduzida ao simples uso físico, que neste caso, não precisa de 
maiores aprendizagens. O ideal seria que todos nós recebêssemos, desde 
criança, uma educação sexual mais livre de preconceitos, mais verdadeira, e que 
nos ajudasse a vivenciar a sexualidade de modo que nosso ser experimentasse 
bem-estar e alegria, que os nossos relacionamentos fossem mais abertos e 
comunicativos, que a vida adquirisse mais gosto e sentido. Mas a realidade não 
é bem assim. 
 
 
 
 
 
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http://blogs.oglobo.globo.com/lauro-jardim/post/livro-sobre-educacao-sexual-que-irritou-bolsonaro-foi-comprado-pelominc-
em-2010.html 
 
Através das gerações passadas nos chegou uma ideia muito perturbada 
sobre a questão sexual, devido a uma ideologia repressiva do sexo que é a maior 
responsável pelas ignorâncias e pelos tabus a este respeito. Isto fez com que o 
sexo, até hoje, fosse encarado como indecência, como uma coisa que os 
homens fazem com as mulheres, etc. Neste caso, as pessoas, principalmente 
em família, sentem-se muito pouco à vontade para tratarem das questões do 
sexo com mais naturalidade. Não tocando no assunto, muitos pais esperam 
evitar que os filhos se envolvam com qualquer tipo de experiências que 
“cheirem” a sexo, e pelo visto, os fatos mostram que acontece, como boa parte 
desses filhos, justamente o que esses pais menos esperam. 
A falta de uma orientação sexual mais competente, deixa a cabeça do 
jovem vazia e cheia de dúvidas. Logo ele começa a enchê-la de malícias e 
fantasias deturpadas, pois vai aprendendo sobre o sexo, de um jeito ou de outro, 
fora de casa. Cada pessoa lhe fala de um modo diferente. O clima é pesado e 
cheio de mistérios! Aí começam os mexericos e as fofocas entre os colegas. 
 
 
 
 
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Cada um mais desenformado e despreparado que o outro, falando sobre coisas 
que não entendem e de que não têm certeza. Mas todos procurando se inteirar 
dos segredos do sexo que os adultos – escondendo o seu despreparo e a sua 
ignorância a este respeito – não lhes contam. 
Outro aspecto agravante na educação sexual de qualquer pessoa, além 
da falta de um diálogo aberto, é a falta de uma afetividade verdadeira e 
espontânea nas relações familiares. Além de receber pouco afeto, o jovem não 
percebe manifestações de carinho entre seus pais, perdendo assim uma 
excelente oportunidade de aprender o valor da afetividade nas relações entre um 
homem e uma mulher. Futuramente, se nada o influenciar de outra forma, estará 
mais propenso a fazer das suas intimidades sexuais apenas uma busca (muitas 
vezes impessoal) do prazer imediato, na tentativa de suprir suas carências 
afetivas. 
Estará também mais inclinado a experimentar diferentes solicitações no 
campo sexual e sair “machucado”, pois lhe faltam referências adequadas para 
poder selecionar o que lhe convém ou não. Muitos dos pais e educadores que 
receberam esta educação sexual desvirtuada e preconceituosa tomaram outra 
atitude. Vivendo e aprendendo, perceberam que uma nova mentalidade e uma 
nova maneira de viver a própria sexualidade eram necessárias. Daí iniciaram 
consigo próprios um processo de libertação das muitas amarras de uma 
educação repressiva e procuraram transmitir aos seus filhos uma mensagem 
diferente daquela recebida, mostrando a questão sexual como algo naturalmente 
bom e agradável. A começar das experiências de filhos, os sentimentos de afeto 
e carinho que existem entre os dois enquanto marido e mulher. 
À medida que a curiosidade natural a respeito do sexo e da procriação 
resultam em perguntas por parte dos filhos, essas foram respondidas com 
sinceridade e de maneira adequada à sua idade. Espera-se que a prática sexual 
destes jovens evolua no sentido de representar muito mais do que um encontro 
físico, pois eles estão mais sensibilizados para se expressarem sexualmente, 
 
 
 
 
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buscando gestos mais ricos em conteúdo afetivo. Isto é, uma intimidade física 
sintonizada, ao máximo, com a sua aprendizagem amorosa. 
Esses referenciais lhes serão de grande ajuda para que eles façam 
escolhas construtivas, quando se depararem com as diversas solicitações que a 
sociedade lhes oferecer. 
 
 
A EDUCAÇÃO MACHISTA 
 
 
http://psicologojulio.blogspot.com.br/2010/04/contingencias-aversivas-da-sexualidade.html 
 
A sociedade geralmente se utiliza de um duplo padrão moral para tratar 
do comportamento sexual. Isto é, rapazes e moças são educados de modos 
diferentes, usando-se dois pesos e duas medidas. Para rapazes, um padrão de 
valores, para moças outro. Os rapazes, desde muito cedo, têm que provar que 
“são machos”, e, para isso, precisam mostrar algum desempenho na área sexual. 
Há sempre a competição de quem mais beijou, de quem mais namorou de quem 
mais transou. Quem foge a essa regra é rotulado como bicha, fraco, criança, etc. 
O que interessa é a quantidade com que se usa o sexo (quantos beijos, 
quantas namoradas), no entanto, a qualidade (o tratamento do outro com 
 
 
 
 
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respeito e consideração, e, não como um objeto que se usa para se tirar 
vantagens) é deixada de lado. Ainda imaturos, influenciáveis, os rapazes vão 
aprendendo a buscar no sexo apenas um modo de auto afirmarem, sem se 
preocupar com a outra pessoa, nem buscar uma verdadeira parceria. 
A responsabilidade do que se pode ou não fazer no sexo é sempre da 
moça. Dele não se espera responsabilidade alguma. Ela que pense no que faz, 
pois se fraquejar e deixar, ele se sente no direito de tirar o proveito. Afinal, ele é 
homem! As pressões para o uso do sexo – quantidade -, exercidas sobre o rapaz, 
são tão fortes que muitos não têm a liberdade de escolha e se comportam mais 
em função do que os outros cobram deles. E, para provar aos colegas que é 
macho, se vê na obrigação de dizer sim as oportunidades sexuais que lhe 
aparecem a frente. Isto porque se ele disser não, logo começam a desconfiar de 
sua masculinidade. 
Muitas vezes se vê forçado ou se acha no direito de fazer com as irmãs 
dos outros o que não gostaria que fizessem com a sua. Tudo isso em nome do 
machismo e de uma permissão que a sociedade confere ao homem. Permissão 
para tratar o sexo como se fosse um ato puramente físico, genital, satisfazendo 
uma dita necessidade sexual, que talvez não passe de uma necessidade de se 
auto afirmar, a nosso ver, negativamente. 
Para a maioria das moças, a pressão existe no sentido de que ela evite se 
expressar sexualmente (a não ser no casamento). Será mais aceita socialmente, 
como uma moça madura e responsável, quanto mais ela disser não às 
oportunidades sexuais com as quais se defrontar. De um modo geral, a virtude 
do exercício da sexualidade está em os rapazes dizerem mais sim e as moças 
mais não. Temos evoluído na busca de uma condição de maior liberdade, de 
maior maturidade para ambos os sexos, ou continuamos cada vez mais presos 
às pressões machistas e aos preconceitos sociais? 
É mais do que comprovada a importância da experiência grupal na 
adolescência tanto para os rapazes como para as moças. O que, aliás, deve ser 
 
 
 
 
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estimulada.No grupo, o adolescente aprenderá a lidar com as mais diversas 
formas de pressões e de exigências. Ele não só quer, como precisa parecer, se 
auto afirmar diante dos colegas. Isto é saudável, do ponto de vista de seu 
amadurecimento psicológico e social. 
Certos tipos de fluências e de padrões de comportamentos grupais que 
atentam contra o respeito e a individualidade das pessoas. Aquelas experiências 
grupais, onde os que têm um comportamento novo e desrespeitador são os mais 
elogiados e exercem fortes lideranças, enquanto aqueles que pensam e agem 
de um modo mais benéfico são ridicularizados. Tradicionalmente, as pressões 
para o uso do sexo sempre foram mais no sentido de impelir os rapazes a serem 
soltos e agressivos, enquanto as moças já começam a tomar outras feições. 
 
 
http://www.catracaseletiva.com.br/2016/02/machismo-x-feminismo.html 
 
Apesar da nova mentalidade que tem surgido num sentido mais igualitário 
para se educar rapazes e moças, hoje em dia vê-se um número bem significativo 
de moças caírem no estremo oposto. Essas passaram a só dizer sim, cobrando 
uma das outras o mesmo desempenho quantitativo que é cobrado entre os 
rapazes. 
 
 
 
 
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Uma espécie de machismo pelo avesso. Para as moças a 
responsabilidade sexual é muito pesada, pois é dupla: elas têm de pensar para 
elas e para eles. Não ficam à vontade para se expressarem eroticamente, seja 
por um sentimento de dupla culpa seja porque qualquer deslize pesa somente 
sobre os seus ombros, ficando neste caso, mal faladas. Esta responsabilidade é 
acrescida quando na hora de se pensar na contracepção (evitar a gravidez), a 
carga pesa mais uma vez sobre os ombros da mulher. 
Na ideia machista, presume-se que o rapaz deva se utilizar das mais 
diversas técnicas manipulativas, no sentido de obter os favores sexuais das 
mulheres. Mas não consta dessa ideologia que ele deva assumir qualquer 
responsabilidade pelas consequências das suas ações, sobretudo se a moça for 
do tipo leviana. - “ Afinal ele é homem! Quem mandou ela ser ingênua e ter 
deixado as coisas acontecerem?” Se as mulheres são as vítimas na vida sexual, 
então que sejam também as vítimas das consequências (muitas vezes, uma 
gravidez). 
É a face contraditória de uma sociedade, a qual só existem as prostitutas 
e nada de prostitutos, onde ela é a mãe, e o pai solteiro está absolvido. Outra 
contradição que o duplo padrão apresenta não é menos desvantajosa para a 
mulher se é esperado que os rapazes tenham muitas e variadas experiências 
sexuais antes do casamento, enquanto que as moças não, com quem então elas 
irão adquirir esta experiência? A solução para este impasse está na separação 
das moças não casadas em dois grupos: para respeitar e proteger; para casar; 
moças de programa; para usar. 
Esta distinção até hoje ainda existe, apesar de menos rígida, pois nem 
toda moça com experiência sexual anterior ao matrimônio se torna 
automaticamente de programa ou leviana. Isto vai depender muito da sua 
postura, das condições e do sentido com que são feitas estas experiências. Até 
quando ainda permanecerá estas mentalidades de se esperar dos rapazes que 
eles retirem o máximo de proveito de qualquer oportunidade sexual, enquanto 
 
 
 
 
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que, para uma moça de respeito, as intimidades sexuais devem ser muito 
discretas, comedidas e dentro do socialmente pré- estabelecido (nos namoros 
firmes e com certo compromisso)? 
Por que o sexo não pode representar um bem e um instrumento de prazer 
para rapazes e moças com dignidade e respeito, nem demais para eles, nem de 
menos para elas? O desafio é de se repensar o comportamento sexual, não só 
da mulher, mas de ambos os sexos. Do jeito que as coisas sempre estiveram, 
nenhum dos dois está para servir de modelo um para o outro. Mas lastimável é 
constatar que este velho duplo padrão não fornece as melhores condições para 
um relacionamento homem - mulher harmonioso e de crescimento mútuo. 
 
 
 
POR QUE O SEXO SE TORNOU UM 
PROBLEMA? 
 
 
https://lista10.org/adulto/10-fatos-sobre-o-sexo-no-mundo-antigo-que-vao-te-impressionar/ 
 
 
 
 
 
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Durante muitos séculos, o sexo foi considerado como uma ação de 
segunda categoria, coisa mundana e vergonhosa. Sob a influência das ideias de 
Platão, na Grécia antiga, via-se o ser humano como alguém dividido: a razão e 
o espírito eram bons, enquanto o corpo e o sexo eram considerados maus, 
considerados uma prisão que afastava o ser humano de sua condição racional. 
A moral judaico-cristã, contaminada também por este dualismo – corpo e 
alma – tratou o sexo como algo aceitável apenas quando colocado a serviço da 
procriação, no matrimônio. Qualquer outra forma de expressão que fugisse a 
esta finalidade natural era considerada imoral e pecaminosa. 
A partir da Idade Média, o catolicismo valorizou a virgindade como a 
melhor forma de se viver a sexualidade sem se afastar dos preceitos divinos. Os 
casados eram considerados como cristãos de Segunda classe e quando havia a 
relação sexual entre eles, eram muitas vezes recomendado que não 
comungassem naquela semana. Este era ainda o pensamento dominante na 
igreja, que possuía uma enorme influência sobre o povo, até umas três décadas 
atrás. 
Atualmente, já se percebem mudanças significativas nessa mentalidade. 
Hoje se constata que, a repressão do prazer e da liberdade para se expressar 
sexualmente, sempre esteve aliada aos sistemas de poder vigentes. Com base 
nos princípios da moral ditadas pela religião e pelas correntes racionalistas, os 
“donos do poder” se utilizam da repressão sexual como excelente instrumento 
gerador de culpas e de inseguranças. 
Associado a este sentido de culpa e de insegurança, encontrava-se o 
paternalismo moral, que ditava para as pessoas o que era certo ou errado, o que 
era ou não pecado. Como resultado desta simbiose culpa- paternalismo moral 
veio o controle da vida das pessoas. Conclui-se daí que as pessoas são mais 
facilmente controladas e submissas, numa sociedade onde a repressão das 
formas de prazer, inclusive a sexual, é um instrumento da ideologia dominante. 
 
 
 
 
 
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http://historiaeumbarato.blogspot.com.br/2012/04/iniciacao-sexual-na-grecia-antiga.html 
 
Alguns elementos podem ser observados como consequência dessa 
repressão: 
• a dessexualização do indivíduo, destruíndo-lhe a ideia do prazer 
(mau) e impondo-lhes a ideia do dever (bom); 
• a sublimação, que é uma forma positiva de socialização do impulso 
sexual, tornando-se excessivamente valorizada. O que passa a ser virtude não 
é o bom exercício da sexualidade, mas sim o desvio constante desta energia 
para outros objetivos que não sejam os sexuais; 
• um aumento do consumismo, com forte da ideologia capitalista, 
privilegiando os bens materiais como forma de compensação traz frustrações. 
 
Tal busca de emoções descartáveis tenta preencher o vazio deixado pela 
carência de prazeres mais anteriores, mais duradouros, entre os quais se inclui 
o livre exercício da sexualidade. 
Hoje, o automóvel, a TV, o cigarro, etc, tornaram-se para a sociedade 
reprimida e frustrada, um substituto bastante satisfatório da sexualidade. Assim, 
 
 
 
 
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os prazeres genuínos e gratuitos das relações interpessoais são substituídos 
pelos prazeres ilusórios do consumismo. É oportuno mencionar que a repressão 
não é só um dado do passado, ligado ao proibido, ao pecado, ao predomínio da 
razão. 
Quando muitos pensam que vivemem estado de liberdade sexual (onde 
o predomínio da emoção comanda o “oba – oba” do vale tudo, do naturalismo 
zoológico) na verdade estão experimentando o outro extremo da repressão – a 
pessimividade. Para nós, esta é tão repressora quanto à própria repressão. 
Muitos avanços foram feitos no sentido de esclarecer a verdade sobre o ser 
humano, tanto na religião como nas civilizações humanas e biológicas em geral. 
O dualismo –corpo mau, alma boa – já não tem mais cabimento, e quem 
ainda insiste em defendê-los não encontrará tantos adeptos. Quando hoje 
entendemos o ser humano como um ser unificado, integrado em suas diversas 
dimensões, não queremos dizer que estas dimensões devem deixar de existir 
para fundirem-se numa unidade descaracterizada. 
O corpo e a emoção, o espírito e a razão, são faculdades distintas no ser 
humano e devem conservar-se assim, com as suas especificidades e 
características próprias. Mas a brutal diferença do nosso pensamento para o 
pensamento dualista, é que, para nós, corpo e alma são equivalentes, isto é, 
colaboram em igual peso e valor para a realização de cada pessoa. Perder esta 
equivalência é caminhar para a confusão e para a mutilação vigentes do 
passado. 
 
 
 
 
 
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http://lounge.obviousmag.org/outras_palavras/2014/12/a-luta-do-bem-contra-o-mal-no-fantastico-mundo-real.html 
 
Mas outro dualismo está por ser superado: o duplo padrão moral, 
entendemos que o padrão de moralidade, inclusive no campo sexual, deve 
caminhar para uma unificação. Isto significa dizer que se algo é bom, é bom para 
o homem e para a mulher, ou então não é para nenhum dos dois. 
Não queremos dizer com isto que o homem e a mulher devam deixar as 
suas especificidades de ser masculino e feminino – em suas dimensões físicas, 
psicológicas, sociológicas, etc. – para se tornarem neutros em termos de 
identidade e de papéis sexuais. Viver numa sociedade onde tanto faz ser homem 
ou mulher, considerando-se apenas as diferenças biológicas inatas, não devem 
ser muito diferentes de se viver como num formigueiro. 
Do mesmo modo que hoje constatamos o entrave à felicidade humana 
gerada pelo dualismo corpo- alma durante mais de dois milênios, certamente no 
futuro, as pessoas serão igualmente capazes de julgar o dualismo moral ainda 
vigente e a sua repercussão negativa na caminhada da sociedade para dias 
melhores. 
 
 
 
 
 
 
 
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EM TEMPO DE TRANSIÇÃO, A RELAÇÃO 
FAMÍLIA, MÍDIA E ESCOLA 
 
 
http://direcionalescolas.com.br/2014/01/09/a-escola-a-familia-e-a-sociedade/ 
 
É que todas as sociedades se utilizam de normas e de padrões que 
influenciam na conduta sexual de seus indivíduos. Também não se encontrou 
nenhuma sociedade humana onde existiam papéis de homem e papéis de 
mulher (às vezes completamente opostos, conforme o meio social). Isto faz parte 
de qualquer agrupamento humano. 
Sem um mínimo de regras e de leis, inclusive para o comportamento 
sexual dos indivíduos, a sociedade caminharia para o caos e a desintegração, 
mas quando essas normas e papéis sexuais resultam em fracassos e 
insatisfações na convivência sexual, em medo e desajustes quanto à utilização 
do sexo, em vantagens e desvantagens de um sexo em relação ao outro, estas 
normas e papéis precisam ser revistos e reelaborados. 
Se está havendo uma mudança nos costumes e na mentalidade da 
sociedade, isto se deve a uma pequena desacomodação masculina e a uma forte 
e significativa reestruturação do papel feminino. Dois aspectos parecem ter 
contribuído, sobremaneira, para esta desestabilização dos antigos papéis: • A 
 
 
 
 
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entrada forçosa da mulher no mercado de trabalho a partir da revolução 
industrial, iniciada no século passado, que teve a sua falência aumentada após 
a segunda guerra mundial. 
Este fato começou a alterar profundamente as relações de poder e 
independência econômica, antes apenas nas mãos do homem. 
• O avanço tecnológico que proporcionou, entre outras coisas, o 
aparecimento de métodos anticoncepcionais mais seguros, liberando, portanto, 
a sexualidade feminina da obrigatoriedade reprodutora. 
 
Para que o homem e a mulher encontrem a sua verdadeira liberdade 
sexual, antes de mais nada, deverá ser acompanhada por uma autêntica 
liberdade humana. Para isto a emancipação da mulher e a revisão dos padrões 
machistas são condições indispensáveis e inadiáveis. Fora de uma condição de 
igualdade e de liberdade para ambos os sexos, tido o que for alterado levará a 
novas formas de repressão. 
Não acreditamos numa autêntica igualdade homem – mulher, se o 
processo de mudança não acontecer também igualmente. Isto não significa que 
o homem fique onde está, bastando dar a mulher a liberdade que ele 
supostamente já tenha. Esta liberdade sexual masculina não serve para elas e 
tampouco para eles. No entanto o homem, educado na ideologia machista, não 
é livre para se expressar sexualmente. 
 
 
 
 
 
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https://sjmachado.wordpress.com/saude-na-escola/ 
 
A renovação moral, a partir das próximas gerações, requer atitudes mais 
profundas e corajosas, uma conversação de mentalidades. Não adiantam 
medidas ou mudanças paliativas. Não haverá uma verdadeira emancipação 
feminina, uma liberação da sexualidade humana se, paralelamente, não 
acontecer a emancipação do homem, escravizado pelos rígidos e sufocantes 
padrões machistas. 
De fato toda família realiza a educação sexual em suas crianças e jovens, 
mesmo aqueles que nunca falam abertamente sobre o assunto, tem sua 
contribuição significativa em seu comportamento mesmo que seja com uma frase 
tipo “cuidado”, mostrando aí a grande responsabilidade dos pais em relação a 
educação dos filhos. 
No entanto a mídia com seu grande poder de alcance, incluindo TV, revista 
feminina, revista masculina, livros e amigos tem contribuído com a maior parte 
da informação sobre a sexualidade aos adolescentes. Tendo estar um relevante 
papel, ajudando a moldar visões e comportamento. Ela veicula imagens eróticas 
que estimulam crianças e adolescentes, incrementando a ansiedade e 
alimentando fantasias sexuais. 
 
 
 
 
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A sexualidade deste público invade a escola por meio de atitudes, em sala 
de aula ou no comportamento social entre eles. A escola recebe, esse público e 
precisa, urgente, aprender lidar com o problema pois a criança e o jovem, jamais 
irá deixar a sua sexualidade fora da escola. 
Ora, a escola é por excelência, uma instituição onde além de informações, 
transitam livremente os valores sociais e é certo que a sexualidade tem nela seu 
espaço, não fosse assim, a escola não falaria tanto de sexualidade, quer através 
de uma política de repressão, onde a sexualidade é relegada a piadas, pichações 
em banheiros e coisas deste gênero. 
O certo é que a escola, passou a falar incessantemente do sexo, mais 
ainda no contato com os jovens, que exalam sexualidade vinte e quatro horas 
por dia. Sob influência destes acontecimentos, a escola passa a dar cada vez 
mais informações sobre reprodução, funcionamento hormonal, ciclo menstrual, 
caracteres sexuais secundários, AIDS, contracepção, muitas vezes deixando de 
lado a subjetividade, seja da criança ou do adolescente. 
O que é certo é que, de um modo ou de outro, a escola procurou domar 
este cavalo bravo chamado sexualidade, mas isto não foi suficiente, não 
assegura a eficácia no meio escolar. Não afirmado enfaticamente que a escola 
serve de instrumento passivo a correntes ideológicas,reprimindo a sexualidade 
de todas as formas sem qualquer reflexão crítica, vemos que esse tema tem se 
difundido largamente no sistema escolar e a questão da sexualidade, seja dentro 
ou fora da escola, tem sido muito discutida – o que é apontado é que há uma 
visão distorcida da sexualidade que permeia a escola e que muitas vezes 
funciona como um mecanismo muito mais que regulador da sexualidade das 
crianças e dos adolescentes que como um catalisador de discussões e de 
reflexões críticas sobre essa realidade. E esse mecanismo permeia toda a 
sociedade englobando o universo de relações sociais e afetivas da criança e do 
adolescente. 
 
 
 
 
 
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NEM SÓ DE ERÓTICO VIVE O SEXO 
 
 
http://historianovest.blogspot.com.br/ 
 
A sexualidade confere um toque todo especial aos relacionamentos 
humanos. O erótico é um modo bastante agradável de as pessoas se 
relacionarem. Mas, apenas o aspecto erótico não é o suficiente para que o sexo 
humano adquira o seu verdadeiro status e cumpra a sua maior finalidade: 
instrumento de atração prazerosa, com vistas a promover uma unidade entre 
indivíduos, estabelecendo entre eles – que se dão livremente, por inteiro, corpo 
e alma, razão e emoção – um vínculo amoroso (menos ou mais profundo). 
Este vínculo pode gerar em diversos níveis; emocional, psicológico, social, 
biológico. Para que o lado erótico do sexo seja humanizante, isto é, mais que um 
simples encontro de dois corpos, seja um encontro entre duas pessoas, é 
indispensável que estas tenham desenvolvido entre si uma afetividade. Diríamos 
que a sexualidade possui dois elementos distintos, mas conciliáveis o erótico e 
o afetivo. 
O erótico é a expressão sexual com vistas a despertar excitação, desejo 
e prazer. Praticamente, todas as formas de comunicação humana podem ou não 
estar revestidas de uma conotação erótica. O ato de se olhar nos olhos de 
 
 
 
 
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outrem, se tiver uma conotação erótica é chamada de flerte, caso contrário será 
uma simples espiada, sem maiores intenções. Alguns comportamentos, na 
nossa cultura brasileira, normalmente só são realizados com intenção erótica. 
Por exemplo, o beijo na boca, a troca de carícias em partes íntimas do 
corpo e a penetração genital. O afetivo é a manifestação sensível (que se pode 
perceber) do amor. Não deve ser confundido com uma mera gentileza de um 
para com outro. Possui sentimentos de bem – querer, de preocupação com o 
outro, de aceitação da individualidade do outro, de respeito pelo o outro e pelo 
que ele pensa. 
Este amor, incapaz de ser percebido fisicamente, é que faz com que um 
ajude o outro a ser o melhor ele, na certeza de que o outro o ajudará a ser o 
melhor você. É mais satisfatório que as pessoas se envolvam eroticamente, 
quando existe entre elas um mínimo de afetividade. Usar o elemento erótico do 
sexo, sem a afetividade, seria deixar o “status” da sexualidade humana (encontro 
de pessoas) e ficar no da genitalidade animal, pura e simples (união 
despersonalizada de corpos). 
O afeto está na base da sexualidade humana, isto é, vem sendo 
construído desde a nossa infância. É como o alicerce o primeiro a ser feito na 
construção. O erótico, quando unido ao afeto, dá mais prazer (sabor) à relação. 
Só assim a expressão erótica pode ser considerada uma intimidade rica. É 
preciso salientar que para o elemento afetivo da sexualidade existir não precisa 
do envolvido erótico. E que somente a afetividade já dá às pessoas envolvidas 
uma sensação de prazer, de união, de sentir-se amada. Que nos dificulta aceitar 
e compreender essa vista mais ampla da sexualidade humana, é a excessiva 
erotização da nossa sociedade. 
Tudo o que se fala ou vê de sexo, remete ao erótico. Muitas pessoas 
fazem confusão entre um contato terno e afetuoso e o destinado a provocar 
estímulos eróticos (carícias). Sendo assim, mesmo em família ou nas amizades 
sinceras, as pessoas têm receios do abraço de corpo inteiro e do afago 
 
 
 
 
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carinhoso. Limitam-se a meros e formais apertos de mãos e tapinhas nas costas, 
que mais lembram estar fazendo um bebê arrotar. 
Muito pai não abraça ternamente seus filhos com receio deles virem a se 
tornar afeminados, e também suas filhas, temendo que elas se tornem muito 
namoradeiras. Eles ignoram o que é justamente a falta desta afetividade que 
torna as pessoas mais propensas a certos desajustes no comportamento sexual. 
 
 
Vínculos Eróticos 
 
 
http://psicologiananet.blogs.sapo.pt/tag/perguntas+e+respostas 
 
O erotismo distingue-se do enamoramento porque, uma vez satisfeito o 
desejo pela pessoa que nos atrai, diminui ou desaparece a necessidade de estar 
junto. O prazer erótico resulta do fundir-se dos corpos, da perda momentânea da 
consciência de si. No enamoramento, quanto mais as pessoas ficam juntas, mais 
desejam ficar. 
 
 
 
 
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Quando o erotismo se combina com enamoramento, o corpo da pessoa 
amada se sacraliza, passa a inspirar reverência e adoração. Na essência da 
relação erótica está a busca do novo, do diferente. O que se procura não é a 
pessoa, mas suas qualidades eróticas, a experiência de prazer. Na amizade e 
no amor, as pessoas se encontram sem saber o que querem, é no próprio 
encontro que se revelam seus fins. Muitos enamoramento são apenas relações 
eróticas enriquecidas pelo romantismo. 
 
 
Erotismo e Pornografia 
 
 
http://www.recantodasletras.com.br/artigos/2754865 
 
Costuma-se distinguir o pornográfico do erótico. A pornografia é 
identificada com a representação de atividades sexuais, em linguagem dura, 
vulgar, com objetivo de excitar o desejo sexual e, muitas vezes, de agredir as 
pessoas e os costumes de determinado grupo social. As imagens pornográficas 
 
 
 
 
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centram-se nos genitais e não é raro que mostrem órgãos masculinos e 
femininos caricaturalmente aumentados em forma e volume. 
O erotismo é identificado com a representação mais suave e cuidada da 
sexualidade. As representações eróticas sexuais, como a sensualidade, a 
experiência estética e a relação intersubjetiva. Apesar dessas distinções, na 
prática, é muito difícil estabelecer limites entre o erótico e o pornográfico, uma 
vez que essas manifestações ganham sentido e valor no contexto cultural em 
que são produzidas. 
De fato, em todas as épocas e culturas, podem ser identificados gestos e 
danças, formas de vestir, perfumes e objetos, imagens e textos, cuja finalidade 
é estimular a vivência erótica e a excitação sexual. 
A arte erótica é tão antiga quanto a humanidade e em muitas culturas, 
aparece associada a rituais mágicos e religiosos. 
Símbolos sexuais, como o pênis, eram pintados ou esculpidos pelo 
homem pré-histórico para evocar a fertilidade ou os prazeres do sexo. Nos 
templos Hindus, aprecem representações de relações sexuais ornando paredes 
e portais; em vasos de origem grega e romana, órgãos sexuais e representações 
de atividades sexuais. 
No mundo grego antigo, rituais dionisíacos de celebração da vida podiam 
culminar com a prática livre do sexo entre os participantes. Meneios de quadris 
simulando movimentos sexuais são particularmente comuns em certos ritos da 
Grécia Antiga, em danças de origem africana, nas cerimônias místicas dos 
hindus, na dança do ventre e, entre nós, em várias danças populares. 
A pornografia exibe, de forma explícita, uma face do humano que 
teimamos em ignorar. É preciso compreendê-la como expressão externa de 
fantasias que são próprias dos sereshumanos. Ao mesmo tempo, é preciso 
refletir sobre a compulsão ao consumo de pornografia. 
A vivência do sexo como algo externo e desligado de outras dimensões 
humanas e o uso de um ser humano por outro como objeto, traduzem o 
 
 
 
 
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empobrecimento da dimensão afetiva. É nela que a educação tem de investir se 
quer fortalecer os adolescentes e torná-los capazes de fazerem os 
relacionamentos sexuais reais mais prazerosos. 
Além disso, é preciso dar a eles consciência de que, ao redor da 
pornografia, existe hoje uma lucrativa indústria, que manipula pessoas sem 
nenhuma preocupação quanto à sua dignidade e integridade. 
 
 
O SEXO E A SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA 
 
 
https://www.abcdasaude.com.br/sexologia/sexo-na-adolescencia 
 
A palavra sexo tem a mesma origem que seccionar, separar. Assim, como 
ocorre em outras espécies animais, diferenças anatômicas e fisiológicas 
separam, dentro da espécie humana, os machos e as fêmeas, tendo cada um 
desses grupos uma participação específica na procriação. 
No ato sexual, machos e fêmeas se encontram, de forma a permitir a união 
de um gameta masculino (espermatozoide) e um gameta feminino (óvulo), que 
produzam a célula ovo, capaz de dar origem a um novo ser. Nascemos de um 
acontecimento sexual e foi por meio dele que ganhamos, no momento da 
 
 
 
 
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concepção, um organismo também sexuado. Sexo é, pois, acontecimento de um 
mundo orgânico, natural. 
É um conceito biológico que se relaciona com as características genitais 
e extragenitais que diferenciam entre si macho e fêmea, com a cópula ou ato 
sexual e com os mecanismos de procriação. Como o fato biológico, o sexo não 
é prerrogativa da espécie humana. Entretanto, somos diferentes dos demais 
seres vivos porque vivemos o sexo no âmbito da cultura. 
No ser humano, o sexo não é vivido como instinto, isto é, como 
comportamento fixo característico da espécie, mas como sexualidade. 
Simbolizamos e codificamos as atividades sexuais, atribuímo-nos valores, 
impregnamos essas atividades de desejos e fantasias. Mais que isso: damos 
valor erótico a objetos, signos e acontecimentos que aparentemente nada têm 
em comum com a atividade genital. 
A sexualidade não se confunde com instinto, nem com um objeto 
(parceiro),nem com um objetivo (união dos órgãos genitais no coito). Ela é 
polimorfa, polivalente, ultrapassa a necessidade filosófica e tem a ver com a 
simbolização do desejo. Não se reduz aos órgãos genitais (ainda que estes 
possam ser privilegiados na sexualidade adulta) porque qualquer região do corpo 
é suscetível de prazer sexual, desde que tenha sido investida de erotismo na 
vida de alguém, e porque a satisfação sexual pode ser alcançada sem a união 
genital. (Marilena Chauí, Repressão Sexual: essa nossa (des) conhecida, p. 14-
15). 
A sexualidade é, portanto, uma dimensão simbólica dos seres humanos 
que integra, simultaneamente, aspectos biológicos, psicológicos e culturais 
relacionados com a conduta sexual. Não se pode, como ocorre geralmente, 
identificar a sexualidade e genitalidade. 
A genitalidade é a “capacidade de concentrar a excitação sexual nos 
órgãos genitais. A sexualidade é a manifestação mais ampla. Envolve não 
somente os órgãos genitais”, mas todas a zonas erógenas do corpo, assim como 
 
 
 
 
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vontades, desejos e fantasias associadas ao sexo. Ela deve ser compreendida 
como uma expressão afetiva, comprometendo opções sociológicas, éticas, 
religiosas e filosóficas, derivadas do eixo biológico do sexo e vinculadas ao 
gênero. 
 
 
PUBERDADE 
 
A puberdade é um período de transição do desenvolvimento humano, 
correspondente à passagem da fase da infância para a adolescência, 
circunstanciada por transformações biológicas de âmbito comportamental e 
corpóreo, conferindo pelo surgimento dos caracteres sexuais secundários 
diferenciados de acordo com o gênero. 
 
 
http://www.vvale.com.br/saude/mutacoes-geneticas-causam-puberdade-precoce/attachment/grafico-puberdade/ 
 
No organismo masculino tais variações da maturação geralmente ocorrem 
entre a faixa etária dos 12 aos 14 anos de idade, e para o biótipo feminino esse 
 
 
 
 
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marco caracteriza-se a partir da primeira menstruação, também denominada de 
menarca, conferindo maturidade por volta dos 10 aos 13 anos de idade. 
Tais mudanças são coordenas a partir da ação endócrina mediante a 
atuação de hormônios hipotalâmicos, desencadeando a síntese de hormônios 
hipofisários, que irão estimular as glândulas sexuais a produzirem 
respectivamente: testosterona nos testículos (gônada masculina), e estrógeno 
nos ovários (gônada feminina). 
Contudo, em condições normais os hormônios não são totalmente 
exclusivos de cada sexo, as glândulas sexuais bem como as suprarrenais de 
ambos os sexos produzem estrógeno e testosterona em níveis de concentração 
tolerantes e adequados ao desenvolvimento masculino e feminino. 
 
 
Os principais caracteres sexuais secundários individuais induzidos à 
estrutura corpórea humana são: 
 
Masculino 
 
- surgimento de pelos nas regiões axilares (axila), inguinais (pubianos) e 
torácicos (peito); 
- aumento em volume dos testículos e tamanho do pênis; 
- crescimento de pelos faciais (barba); 
- oscilação com posterior entonação da voz; 
- alargamento da omoplata (escápula /ombros); 
- desenvolvimento da massa muscular; 
- aumento de peso e estatura; 
- início da produção de espermatozoides. 
 
 
 
 
 
 
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Feminino 
 
- expansão óssea da cintura pélvica (bacia); 
- princípio do ciclo menstrual; 
- surgimento de pelos nas regiões axilares (axila) e inguinais (pubianos); 
- depósito de gordura nas nádegas, nos quadris e nas coxas; - 
desenvolvimento das mamas. 
 
 
CONTEXTO GERAL SOBRE A HISTORIA DA 
SEXUALIDADE SEGUNDO FOUCAULT 
 
O filósofo francês Michel Foucault, em sua narração histórica não-linear, 
relata como ponto de partida para entendermos uma importante parte da 
genealogia do sujeito: a sexualidade. 
Foucault inicia a argumentação nos trazendo a imagem da moral vitoriana, 
com uma sexualidade contida, muda, hipócrita, na qual a família conjugal incita 
o silêncio ao sexo. Há a existência de um puritanismo moderno, com sua 
interdição, inexistência e mutismo 
 
 
 
 
 
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http://andromedalive.blogspot.com.br/2012/09/fusao-o-significado-espiritual-da.html 
 
As crianças, por exemplo, sabe-se muito bem que não têm sexo: boa 
razão para interditá-lo, razão para proibi-las de falarem dele, razão para fechar 
os olhos e tapar os ouvidos onde quer que venham a manifestá-lo, razão para 
impor um silêncio geral e aplicado. Isso seria próprio da repressão e é o que a 
distingue das interdições mantidas pela simples Lei penal: a repressão funciona, 
decerto, como condenação ao desaparecimento, mas também como injunção ao 
silêncio, afirmação da inexistência e, consequentemente, constatação de que, 
em tudo isso, não há nada para dizer, nem para ver, nem para saber. Assim 
marcharia, com sua lógica capenga, a hipocrisia de nossas sociedades 
burguesas. (p.10) 
Foucault, neste momento, chama a atenção para uma possível lógica da 
interdição, mas alerta: é necessário ir além do discurso científico para melhor 
articular poder, saber e sexualidade, uma vez que não se estava apenas 
constatando a repressão, mas afirmando-a com vigor. A sua quebra estaria numafelicidade futura que se projeta, logo, é algo que é incitado. Assim, o autor 
questiona: por que nos culpamos pelo sexo? Que dívida é essa? Note que sua 
 
 
 
 
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crítica a esse modelo de repressão já começa a ganhar forma, na chamada 
HIPÓTESE REPRESSIVA. 
De repente, então, o autor contesta as afirmações feitas no prelúdio. Logo, 
contesta a hipótese repressiva nas seguintes indagações: Seria ela 
historicamente tão evidente? A mecânica do poder seria realmente repressiva? 
O discurso crítico visa cruzar o mecanismo de poder ou faria parte da mesma 
rede histórica do que denuncia? 
“Existira mesmo uma ruptura histórica entre a Idade da repressão e a 
análise crítica da repressão?” (p.17) 
Foucault, então, traça seu OBJETIVO: “Em suma, trata-se de determinar, 
em seu funcionamento e em suas razões de ser, o regime de poder-saber-prazer 
que sustenta, entre nós, o discurso sobre a sexualidade humana”. (p.18) 
O autor chama a atenção para o sexo posto em discurso, para as técnicas 
polimorfas de poder, enfim, questiona quais os canais e através de quais 
discursos a sexualidade regula o indivíduo, principalmente: NEGA A 
INTERDIÇÃO, pois para Foucault, o silêncio, a negação, a censura é uma 
produção discursiva. 
Foucault, então, estuda a tal hipótese repressiva, em que, por exemplo, 
temos a Igreja, a literatura e as novas técnicas racionais regulando o sujeito, 
cujos discursos intensificam a sexualidade, não o interditam: 
a) Igreja: aumento das confissões da carne (não permite obscurecer 
o sexo, já que até nos sonhos e pensamentos devem ser revelados); 
b) Literatura: sexo em detalhes. Ex: Sade. 
c) Medicina, psiquiatria, justiça penal: o estudo das perversões no 
sentido médico e jurídico 
d) Racionalidade: tornar o sexo útil, criando uma polícia do sexo, com 
“necessidade de regular o sexo por meio de discursos úteis e públicos e não pelo 
rigor de uma proibição” (p.31) 
 
 
 
 
 
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Neste último exemplo temos uma série de dispositivos: demografia; 
controle de natalidade; economia política da população; interdição do sexo das 
crianças; sexo entre adolescentes como problema público. Nota-se: a interdição 
é apenas uma espécie dentro de tal dispositivo, e não sua forma geral. 
“O que é próprio das sociedades modernas não é o terem condenado, o 
sexo, a permanecer na obscuridade, mas sim o terem-se devotado a falar dele 
sempre, valorizando-o como o segredo”. (p.42) 
Assim, há uma mudança qualitativa no discurso, emergindo sexualidades 
úteis e conservadoras. A monogamia heterossexual, como norma, tem direito a 
discrição (não contraria uma suposta Lei jurídica e natural), logo, o discurso foca 
nos dissidentes: 
“A homossexualidade apareceu como uma das figuras da sexualidade 
quando foi transferida, da prática da sodomia, para uma espécie de androgenia 
interior, um hermafroditismo da alma. O sodomita era um reincidente, agora o 
homossexual é uma espécie.” (p.51) 
Cria-se uma série de nomes e sujeitos (exibicionistas, fetichistas, 
automonossexualistas, mixoscopófilos, ginecomastos, presbiófilos, invertidos 
sexoestéticos, mulheres disparêunicas, etc), os quais, embora já existissem, não 
eram postos à tona no discurso: 
A mecânica do poder que ardorosamente persegue todo esse 
despropósito só pretende suprimi-lo atribuindo-lhe uma realidade analítica, 
visível e permanente: encrava-o nos corpos, introdu-lo nas condutas, torna-o 
princípio de classificação e de inteligibilidade e o constitui em razão de ser e 
ordem natural da desordem. Exclusão dessas milhares de sexualidades 
aberrantes? Não, especificação, distribuição regional de cada uma delas. Trata-
se, através de sua disseminação, de semeá-las no real e de incorporá-las ao 
indivíduo. (p.51) 
 
 
 
 
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O controle funciona como mecanismo de dupla intenção: prazer e poder. 
Há a proliferação de prazeres específicos e a multiplicação de sexualidades 
disparatadas. 
É o que Foucault denomina de scientia sexualis, uma produção de 
verdade sobre a sexualidade. Muito diferente do que seria uma Ars Erotica, arte 
de iniciação, não prevalecente no ocidente. O que prevalece em nosso contexto 
social é a confissão. 
O indivíduo, durante muito tempo, foi autenticado pela referência dos 
outros e pela manifestação de seu vínculo com outrem (família, lealdade, 
proteção); posteriormente passou a ser autenticado pelo discurso de verdade 
que era capaz de (ou obrigado) ter sobre si mesmo. A confissão da verdade se 
inscreveu no cerne dos procedimentos de individualização pelo poder. (p.67) 
A interdição aqui, portanto, funciona não como elemento central, mas 
como parte de um dispositivo muito mais abrangente. Se por um lado há a 
obrigação (interdição) de esconder o sexo, há o dever de confessá-lo, e como 
ritual, um interlocutor e uma instância que requer a confissão. A seguir os meios 
e princípios elencados pelo autor para se extorquir a confissão: 
1) Codificação clínica do “fazer falar”; 
2) Postulado de uma causalidade geral e difusa; 
3) Princípio de uma latência intrínseca à sexualidade; 
4) Método de interpretação; 
5) Medicalização dos efeitos da confissão. 
 
Em princípio, o sexo se esconderia do sujeito, cabendo a um exame clínico 
resgatá-lo (inconsciente). O interlocutor, hermeneuticamente, decifra o sexo do 
outro. Cria-se um poder-saber sobre o sujeito: “Nós dizemos a sua verdade, 
decifrando o que dela ele nos diz, e ele nos diz a nossa, liberando o que estamos 
oculto” (p.79) 
 
 
 
 
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Assim é criado o dispositivo da sexualidade, não sobre a repressão dos 
instintos (externo), mas fundamentalmente sobre leis que regem o desejo 
(constitutivas do próprio desejo, logo, interno) e criando o próprio sujeito e as 
identidades tal qual a conhecemos hoje. 
Foucault diz que esta vontade de verdade atua até mesmo no 
sexonatureza (nível biológico), o que foi alvo dos ataques de Judith Butler em 
“Problemas de Gênero” (2008), para a qual o próprio sexo é, também, uma 
construção social. Porém, Foucault apenas queria chamar a atenção para 
deslocar os dispositivos de poder da sua lógica negativa, da interdição, da 
censura. Foucault almejava positivar o poder, e é bem provável que acatasse as 
ideias de Butler, uma vez a autora em questão desmantela e positiva o poder, 
inclusive, a nível biológico, e não apenas como atuando sobre ele. 
Este poder é esboçado pelo próprio direito, logo, “é preciso construir uma 
analítica de poder que não tome mais o direito como modelo e código” (p.100), 
ou seja, “pensar ao mesmo tempo, o sexo sem a Lei e o poder sem o rei” (p.101). 
Foucault assim entende o poder: 
Multiplicidade de correlações de força imanentes ao domínio onde se 
exercem e constitutivas de sua organização; o jogo que, através de lutas e 
afrontamentos incessantes as transforma, reforça, inverte, os apoios que tais 
correlações de força encontram umas nas outras, formando cadeias ou sistemas 
ou ao contrário, as defasagens e contradições que as isolam entre si; enfim, as 
estratégias em que se originam e cujo esforço geral ou cristalização institucional 
toma corpo nos aparelhos estatais, na formulação de Leis, nas hegemonias 
sociais (p.102-103). 
O poder é entendido na sua forma complexa, como potência e relação, e 
não como estrutura ou instituição. Esquematicamente: 
1) O poder se exerce em inúmeros pontos; 
2) O poder não é exterior a outros sistemas (é imanente); 
3) O poder vem de baixo; 
 
 
 
 
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4) As relações de podersão intencionais (objetivas); 
5) O poder cria a resistência (logo, esta não lhe é externa). 
6) As “quatro” regras: 
- regra de imanência (sexo como objeto possível); 
- regra das variações contínuas (as matrizes não se repartem, por 
exemplo, ao focar a sexualidade da criança, médicos reformulam a dos 
adultos); 
- regra do duplo condicionamento (os dispositivos não são 
hierarquizados – família e Estado – mas se entrelaçam e se sobrepõem); 
- regra da polivalência tática do discurso (este é descontínuo, por 
exemplo, nomear a sexualidade a liberou para falar por si). 
 
Pode-se dizer que esta descrição sobre o poder é o que há de mais 
abstrato na obra. Contudo, Foucault equilibra esta impressão ao, em seguida, ir 
direto à construção histórica dos conjuntos estratégicos ligados à sexualidade: a 
histerização do corpo da mulher; pedagogização do sexo da criança; 
socialização das condutas de procriação e psiquiatrização do poder perverso. 
São esses exemplos que reforçam sua tese da produção da sexualidade, 
e não da interdição: 
A sexualidade está ligada a dispositivos recentes de poder, esteve em 
expansão crescente a partir do século XVII; a articulação que a tem sustentado, 
desde então, não se ordena em função da reprodução; esta articulação, desde a 
origem, vinculou-se a uma intensificação do corpo, à sua valorização como 
objeto de saber e como elemento nas relações de poder. (p.118) 
 
 
 
 
 
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http://www.critical-theory.com/foucault-obscurantism-they-it/ 
 
É importante destacar: Foucault põe lado a lado o chamado dispositivo da 
aliança e o da sexualidade. O primeiro é ligado ao direito (lícito/ilícito) e à 
reprodução, ainda persistindo através de formas tradicionais, especialmente na 
família. A interdição, por exemplo, é típica deste dispositivo; como regra, há o 
incesto ou mesmo segregação. Mas o dispositivo da sexualidade ao qual 
Foucault se refere segue uma nova lógica, muito ligada ao sexo como negócio 
do Estado e para a vigilância (não interdição): 
- autonomização do sexo em relação ao corpo: cria-se a medicina 
das perversões e os programas de eugenia; 
- não se reduz a utilização do prazer para engendrar a força de 
trabalho, uma vez que também se aplica às classes privilegiadas, embora esteja 
ligado a certa hegemonia burguesa (o corpo se valoriza, bem como o modelo de 
família e um modelo de sexualidade própria). 
Como se percebe, é preciso o leitor estar atento às digressões do autor, 
pois suas ideias são conectadas de modo dialético: a cultura do corpo positiva 
certa sexualidade (cria), por isso, não pode ser vista como castração, embora 
possa apresentar limites, por exemplo, em relação às classes (como também foi 
o caso do nazismo/racismo). 
A Sociedade vive, desde o séc. XVIII, uma fase de repressão sexual. 
Nessa fase, o sexo se reduz à sua função reprodutora e o casal passa a ser o 
 
 
 
 
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“modelo”. O que sobra torna-se “amor mal” – é expulso, negado e reduzido ao 
silêncio. Mas a sociedade burguesa se vê forçada a permitir algumas coisas. Ela 
restringe as sexualidades ilegítimas a lugares onde possam dar lucros – que, 
numa época em que o trabalho é muito explorado, as energias não podem ser 
dispensadas nos prazeres. 
Para Foucault, essa repressão é chamada por ele de hipótese repressiva, 
mas ele destrói esse pensamento e formula uma nova hipótese, mostrando que 
certas explicações funcionem, elas não podem ser encaradas como as únicas 
verdadeiras. 
A hipótese repressiva não pode ser contestada, já que serve para a 
sociedade atual. Para nós é gratificante formular, em termos de repressão, as 
relações de sexo e poder por muitos motivos. Primeiro porque, se o sexo é 
reprimido, o simples fato da repressão e falar do sexo ultrapassam todos os 
limites; afinal, aceitando a hipótese repressiva, se pode vincular revolução e 
prazer, se pode falar num período em que tudo vai ser bom: o da liberação 
sexual. Sexo, revelação da verdade, inversão da lei do mundo, são hoje coisas 
ligadas entre si. Mas insiste-se na hipótese repressiva pois, dessa forma, tudo o 
que se diz sobre sexo ganha valor mercantil. Certos psicólogos, por exemplo, 
são pagos para “ouvirem falar da vida sexual dos outros”. 
Essa “hipótese repressiva” vem acompanhada de uma forma de pregação: 
a afirmação de uma sexualidade reprimida é acompanhada de um discurso 
destinado a dizer a verdade sobre o sexo. Foucault, no livro, interroga a hipocrisia 
da sociedade. A questão é contra nós mesmos, que somos reprimidos. A partir 
daí, ele propõe uma série de questões: a repressão sexual é mesmo uma 
evidência histórica, como se afirma? Serão os meios que se utiliza e o poder 
repressivo o mesmo? Será que são formas discretas de poder? 
Não é que ele diga que o sexo não vem sendo reprimido; ele afirma que 
essa interdição não é o elemento fundamental a partir do qual se pode escrever 
a historia do sexo, a partir da idade moderna. Ele coloca a hipótese repressiva 
 
 
 
 
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numa economia geral a partir do séc. XVII. Mostra que todos os elementos 
negativos ligados ao sexo (proibição, repressão, etc.), têm função numa técnica 
de poder e numa vontade de saber. 
A hipótese de Foucault é que há, a partir do séc. XVIII, uma proliferação 
de discursos sobre sexo. 
Ele diz que foi o próprio poder que incitou essa proliferação de discursos, 
através da igreja, da escola, da família, do consultório médico. Essas instituições 
não visavam proibir ou reduzir a pratica sexual; visavam o controle do individuo 
e da população. 
É suposto que deve-se falar de sexo, mas não apenas como uma coisa 
que a ser tolerada, mas a ser gerida e inserida para o bem de todos, fazê-lo 
funcionar. “O sexo não se julga apenas, mas administra-se”. Regula-se o sexo, 
mas não pela proibição, e sim por meio de discursos úteis, visando fortalecer e 
aumentar a potência do Estado como um todo. 
Um exemplo prático dos motivos para se regular o sexo foi o surgimento 
da população como problema econômico e político, sendo necessário analisar a 
taxa de natalidade, a idade do casamento, a precocidade e a frequência das 
relações sexuais, a maneira de torná-las fecundas ou estéreis e assim por diante. 
Pela primeira vez, o dinheiro e o futuro da sociedade eram ligados à 
maneira como cada pessoa usava o seu sexo. O aumento dos discursos sobre 
sexo pode, então, ter visado produzir uma sexualidade economicamente útil. 
Também passou a despertar as atenções de pedagogos e psiquiatras. Na 
pedagogia, há a elaboração de um discurso sobre o sexo das crianças; na 
psiquiatria, são estabelecidas as perversões sexuais. Ao assinalar os perigos, 
despertam-se as atenções em torno do sexo como um “perigo incessante” – o 
que incita cada vez mais o “falar sobre sexo”. 
O exame médico, a investigação psiquiátrica, o relatório pedagógico, o 
controle familiar – que aparentemente visam apenas vigiar e reprimir essas 
sexualidades – funcionam, na verdade, como mecanismos de incitação: prazer 
 
 
 
 
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e poder. “Prazer em exercer um poder que questiona, fiscaliza, espia, investiga, 
revela; prazer de escapar desse poder. Poder que se deixa invadir pelo prazer a 
que persegue. Poder que se afirma no prazer de mostrar-se, de escandalizar, de 
resistir”. Prazer e poder reforçam-se. 
“Dizendo poder, não quero significar “o poder”, como um conjunto de 
instituições e aparelhos que garantem a sujeição dos cidadãos num determinado 
estado. Também não entendo poder como um modo de sujeição que, por 
oposição à violência, tenha a forma de regra. Enfim, nãoentendo o poder como 
um sistema geral de dominação exercida por um elemento ou grupo sobre o outro 
e cujos efeitos, por derivações sucessivas, atravessem o corpo social inteiro. A 
análise em termos de poder não deve postular, como dados iniciais, a soberania 
do Estado, a forma de lei ou a unidade global de uma dominação; estas são 
apenas e, antes de mais nada, suas formas terminais. Parece-me que se deve 
compreender o poder, primeiro, como a multiplicidade de correlações de forças 
imanentes ao domínio onde se exercem e constitutivas da sua organização; o 
jogo que, através de lutas e afrontamentos incessantes as transforma, reforça, 
inverte; os apoios que tais correlações de força encontram umas nas outras, 
formando cadeias ou sistemas ou ao contrário, as defasagens e contradições 
que as isolam entre si; enfim, as estratégias em que se originam e cujo esboço 
geral ou cristalização institucional toma corpo nos aparelhos estatais, na 
formulação da lei, nas hegemonias sociais”. (FOUCAULT, 1993 pág. 88-89). 
Pode-se afirmar, então, que um novo prazer surgiu: o de contar e o de 
ouvir. 
Foucault constrói uma nova hipótese sobre a sexualidade humana. As 
sexualidades são socialmente construídas. Assim como a hipótese repressiva, é 
uma explicação que funciona. Cada um que aceite a verdade que lhe convém. 
Enfim, Foucault apresenta um conceito para sexualidade: “é o conjunto de 
efeitos produzidos nos corpos, nos comportamentos, nas relações sociais, por 
um certo dispositivo pertencente a uma tecnologia política complexa” (p.139). 
 
 
 
 
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Ocorre, portanto, a difusão de tal dispositivo, e o elemento repressor é que vai 
compensar a difusão, separando em classes. 
Foucault utiliza a palavra “sexo” como se fosse a própria relação sexual, 
algo parecido ao coito. E termina sua obra com uma previsão perturbadora: “Não 
acreditar que dizendo-se sim ao sexo se está dizendo não ao poder; ao contrário, 
se está seguindo a linha do dispositivo geral da sexualidade” (p.171). 
Ou seja, as relações e o desejo são fruto da própria construção social. 
Note que não há essencialismos, identidades naturais ou algo do tipo. O próprio 
sexo estaria inscrito em tal dispositivo. 
A Sexualidade é algo amplo, que envolve fatores sociais e emocionais. A 
mesma se estabelece por meio das relações com o ambiente e com o outro, 
transformando-se em algo particular e único em cada indivíduo. Ao compreender 
que as relações sociais influenciam direta e indiretamente nas ações 
estabelecidas pelo sujeito, é interessante visualizar a Sexualidade dentro dos 
diversos contextos históricos, pelo qual perpassou a sociedade, a fim de 
compreender as influências deixadas para a sua constituição atual. 
Ao pensar em tais aspectos estabelecemos com questionamentos, como 
a Sexualidade foi percebida em cada período histórico, pelo qual a sociedade 
perpassou? Há fatores que marcam determinada época? Ainda existem vestígios 
das épocas passadas na visão atual de Sexualidade? 
Devido aos pontos observados anteriormente, o presente artigo 
estabelece como objetivo levantar aspectos históricos da Sexualidade, a fim de 
perceber as mudanças e permanências que envolvem tal fenômeno. Para tanto, 
foi empregada como metodologia uma pesquisa bibliográfica em autores que 
discutem a temática, dentre eles Figueiró(2006); Nunes (1987); Spitzner (2005), 
dentre outros. 
A sexualidade, dentro da história da humanidade, é marcada por intensas 
mudanças influenciadas pelas percepções e pensamentos que norteiam 
 
 
 
 
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diferentes concepções que vão surgindo a partir dos diversos contextos culturais, 
econômicos, políticos e religiosos. 
Devido a tais pontos, é necessário perceber a sexualidade em sua 
totalidade histórica e social de forma que venha a desconstruir qualquer visão 
fragmenta ou descontextualizada que possam surgir sobre o assunto. 
Por isso buscamos compreender a constituição da sexualidade, dentro do 
contexto social, de uma forma ampla, verificando as raízes de tais visões e como 
a mesma modificou-se ao longo do tempo, para posteriormente entender os 
aspectos da sexualidade que se fazem presentes na sociedade atual. 
 
 
https://ensaiosdegenero.wordpress.com/tag/foucault/ 
 
Temos atualmente diferentes perspectivas de análise da sexualidade 
humana, cada qual possui maneiras diversas de observar tal fenômeno, o que 
implica em diferentes posições a respeito da sexualidade, entendendo que este 
é um tema complexo e que envolve diversas estruturas sociais. 
Os primeiros vestígios da sexualidade humana aprecem, inicialmente, no 
período Paleolítico. As formas de manifestação são diversas, desde pinturas e 
gravuras nas cavernas até esculturas contemplando o corpo feminino, 
 
 
 
 
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principalmente as partes íntimas da mulher. Tais aspectos indicam exaltação à 
fertilidade, como ressalta Nunes (1987, p.52) “A representação simbólica desses 
cultos manifestava-se pela veneração das partes sexuais femininas, mais 
especificamente a vagina, representada por um triângulo”. 
Percebe-se que neste período, a sexualidade é marcada por um caráter 
mítico, onde há cultos em relação à fertilidade feminina. Verifica-se que as 
comunidades eram comandadas pelas mulheres, ou seja, eram elas as 
encarregadas de executarem as atividades, que garantiam a sobrevivência dos 
membros, por isso este período é denominado de matriarcalismo. Neste período, 
como mostra Spitzner (2005) a sexualidade e o ato sexual são percebidos com 
naturalidade pelos indivíduos pertencentes a clã. O ato sexual é entendido, tanto 
para a mulher quanto para o homem, para que haja apenas a satisfação física 
(SPITZNER, 2005, p.18), verifica-se então, a semelhança com os animais, nos 
quais executam o ato sexual para que haja a satisfação e a procriação. Percebe-
se, a partir de tal afirmação, que neste período não é dado um valor substancial, 
aos elementos emocionais e pessoais envolvidos na relação sexual. 
Ao final do período paleolítico, devido a percepção do conforto e 
segurança provocadas pela vida na caverna, outro aspecto é percebido, como 
aponta Spitzner (2005, p.19) 
A segurança e a estabilidade provocadas pela vida em cavernas 
influenciaram a estrutura interna da tribo. As condições de frio eram adequadas 
às caças maiores, sendo necessário um empreendimento em cooperação, 
surgindo daí as negociações entre as tribos. Esse contato intertribal colocou um 
ponto final em todos os relacionamentos incestuosos, pois a união sempre dentro 
de um grupo social tornava inevitável a consanguinidade, onde o incesto surgia 
como o primeiro tabu da humanidade. 
Este ponto é bastante significativo, quando tratamos do tema sexualidade, 
uma vez que ao perceber a origem da união conjugal, podemos verificar o início 
do grupo social. Além disso, compreende-se o motivo pelo qual o incesto é mal 
 
 
 
 
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visto dentro da sociedade, uma vez que atinge, ou melhor, fere os preceitos da 
base social, entendida como a família. 
Posteriormente, percebe-se que esta forma de poder matriarcal se 
modifica no período Neolítico, pois segundo Nunes (1987, p.60), a função do 
homem passa a ser de pai ou chefe, devido ao domínio dos meios de produção. 
Com este poder centralizado na figura masculina, ocorre a formação de exércitos 
para defender as propriedades de terra, recentemente delimitadas, após a 
sedentarização dos indivíduos, além disso, formam-se o poder real e a religião. 
Segundo Spitzner (2005, p. 20) a mulher neste período é entendida como 
propriedade do homem, semelhante aosanimais que o mesmo possuía. Pelo 
fato da estrutura social ser monógama a taxa de natalidade aumentou 
substancialmente, o que favorecia a mão de obra na lavoura. No final deste 
período a população atingiu uma qualidade de vida considerável. 
O último ponto destacado na citação mostra que, para os Hebreus, a 
linhagem familiar era muito importante, o que garantia a existência do povo. 
Devido a tais valores, o filho homem era vangloriado e as mulheres sofriam 
discriminação, pois os mesmos acreditavam que elas, ofereciam a seus pais 
apenas prejuízos, devido aos altos dotes que os pais deveriam pagar, quando 
suas filhas casassem. 
Devido às diversas transformações em relação ao processo civilizador, a 
forma de compreender a sexualidade se modifica. A alternância de papéis leva 
a sociedade a produzir uma visão acerca da sexualidade, como forma de 
controlar e submeter a população as normas e aos costumes edificados. 
Podemos perceber mudanças significativas com o decorrer do tempo, 
uma vez, que inicialmente a sexualidade, dentro do Paleolítico, era percebida 
como algo mítico, onde havia exaltação a mulher, e cultos a fertilidade feminina, 
porém na cultura grega, onde o patriarcalismo predomina, a mulher é 
desvalorizada, e a sexualidade volta-se num caráter religioso. Porém não há 
repressões em relação à expressão da sexualidade masculina. Há liberdade para 
 
 
 
 
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os homens dentro ou fora do casamento, podendo eles manter relações com 
outras mulheres e homens. 
Verifica-se que neste período a mulher é entendida como propriedade do 
senhor, semelhante a qualquer outro bem que o mesmo possuía. É interessante 
destacar que a mulher, neste período não possuía voz nem vez, era totalmente 
submissa a vontade do marido, ou de seu pai. 
Com o decorrer do tempo e a transformação da humanidade, a visão sobre 
a sexualidade também é modificada. Percebemos que na Idade Média o 
pensamento da Igreja predominava, ditando regras a serem cumpridas, por isso 
toda a sociedade é levada a observar a sexualidade por meio da ideologia 
transmitida pela Igreja, esta entendia a sexualidade como pecado, ou seja, havia 
uma visão negativa da mesma, carregada por um moralismo religioso, como 
afirma Nunes (1987, p.83). 
Outro aspecto apresentado, que mostra tal caráter repressor, é a forma 
com que pessoas que expressavam a sua sexualidade eram punidas. Nunes 
(1987, p.87) esclarece que determinadas indivíduos pegos em pecado tinham 
suas partes íntimas queimadas ou eram enforcados. 
Podemos perceber esta afirmação, observando os escritos de alguns 
pensadores da igreja católica nesta época, no qual estabelece alguns aspectos 
que confirmam a rigidez exercida durante a idade média, em relação à 
sexualidade. De acordo com Nunes (1987, p.82). Nos ensinamentos dos Santos 
Padres da Igreja começa a tomar corpo uma moral sexual rígida e profundamente 
negativa, com características de exaltação da continência do celibato e repulsão 
de todo sexo, submissão da mulher e do corpo. 
Santo Agostinho também disserta a respeito do sexo, entendido como algo 
que possui um único fim - a procriação. Segundo Nunes (1987, p.84) 
“Santo Agostinho era totalmente contra qualquer tipo de expressão sexual, o 
sexo deveria ser voltado apenas para a procriação, condenava qualquer forma 
de anticoncepção, até mesmo quando exercida dentro do matrimônio”. 
 
 
 
 
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Verifica-se que a Idade Média é um período no qual a sexualidade sofre 
grande repressão, vinda principalmente dos ideais propostos pela Igreja. É 
preciso, entretanto, nos atentarmos à época vivida pela humanidade, pois não 
podemos julgar os valores desencadeados, pois há relativas diferenças 
existentes entre o pensamento atual e o período descrito, entendendo que a 
cultura e os valores sociais são modificados em cada período. 
Sobre esta análise Nunes (1987,p.82) afirma que “é difícil interpretar o 
rigor da moral sexual cristã primitiva. Possivelmente tal rigorismo seja a forma de 
identidade cristã ante a extrema liberdade sexual dos povos pagãos da época, 
que pouco a pouco “convertiam-se”, ou eram enquadrados, à moral cristã”. 
Os movimentos de Reforma e Contra Reforma, representam significativas 
mudanças em relação ao pensamento estabelecido no período medieval. A 
tentativa de superação do poder exercido pela Igreja católica provoca a 
desestruturação do feudalismo ao mesmo tempo em que forma-se uma nova 
classe social: a burguesia. 
Com tais movimentos inicia-se a idade moderna que busca a 
desconstrução dos argumentos propostos pela Igreja. “O mundo moderno que 
surge é um mundo profano, crítico, liberal, que elege a razão como nova forma 
de compreensão do mundo rejeitando a fé e os dogmas medievais” (NUNES, 
1987, p.91). 
Apesar da Reforma protestante, proposta por Lutero, o pensamento a 
respeito da sexualidade não é modificado, ou seja, a base no pensamento 
Agostiniano ainda permanece com ênfase bastante intensa. Agora com a 
intencionalidade de regular o capitalismo e fazer com a mão-de-obra poupe força 
e faça o capital ampliar-se. “O sexo é o grande inimigo do trabalho, agora a nova 
forma de compreender o homem” (NUNES, 1987, p.92). 
No início da modernidade, a repressão sexual existente aumentou, 
propondo diferentes formas de controle da população, no nível moral, a 
masturbação e a expressão sexual são condenadas e consideradas como 
 
 
 
 
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anomalias que deveriam ser combatidas. O autor referenciado explicita muito 
bem o pensamento moderno. De acordo com ele, O sexo é reduzido ao privado 
e com fim procriativo. À concepção de racionalidade e eficiência burguesa soma-
se a produtividade. O sexo subjetivo, humano, prazeroso desaparece. O corpo é 
negado no trabalho e na repressão sexual. O “eu” corporal não existe; existem, 
sim, a civilidade e a máscara social. Sobre o sexo nasce a cultura da vergonha 
e do pecado em níveis tão profundos que nem mesmo a Idade Média tinha 
conseguido (NUNES, 1987,p.93). 
A citação sintetiza a consciência sexual presente no início do mundo 
moderno. Enfatiza a forte repressão sofrida, com níveis mais altos do que os 
percebidos durante o período medieval, este dado é bastante interessante, pois 
o capitalismo apropria-se de um controle estabelecido anteriormente pela Igreja, 
para dominar os indivíduos a fim de garanti-los como mão-de-obra barata nas 
indústrias. 
Todo este contexto começa a sofrer modificações com a intervenção de 
dois meios, de um lado, a medicina, que por meio de estudos científicos 
reconfigura o pensamento sexual da época, e do outro, os movimentos de 
libertação sexual. 
Nunes afirma que “de diversas formas explodem os movimentos de 
contestação [...] em todos esses movimentos estava presente a libertação 
sexual, que era símbolo e matriz de outras liberdades exigidas”. (NUNES, 1987, 
p.98). 
Os movimentos sociais desencadeados no início do século XX, como a 
luta da mulher pelo direito ao voto, a reivindicação feminina pelo acesso à 
Universidade e a vida profissional, a 1ª Guerra Mundial, dentre outros, trouxeram 
uma nova configuração social. Todos estes processos determinados 
principalmente pelo progresso tecnológico motivou o alto índice de consumo das 
massas, disseminando a ideia de que ao homem cabia o ter e não o ser 
(SPITZNER, 2005, p.72). Nunes (1987, p.98) afirma que [...] o capitalismo 
 
 
 
 
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apreendeu a sexualidade como o grande grito e incorporou-a à sua máquina de 
consumo[...]. 
Percebemos a partir da citação que mais uma vez o capitalismo consegue 
apropriar-se de uma ideia

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