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1 HISTÓRIA DA SEXUALIDADE Belo Horizonte 2 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SEXUAL http://acervo.novaescola.org.br/educacao-sexual/ Para entendermos a função da escola no contexto atual em relação a postura do adolescente na sociedade, torna-se necessário abordar a história da educação no Brasil, desde o tempo do homem grego, antes de Cristo até o renascimento. Constata-se que segundo alguns historiadores, na antiguidade foram ignoradas as características próprias da infância e do adolescente. Eles eram considerados como pequenos “adultos”, enfrentando trabalhos e preocupações como os membros da sociedade em que pertenciam. A partir do século XVII, com os movimentos de revalorização cultural e religiosa, passou a ser exaltada a pureza infantil, por não ter seus órgãos genitais amadurecidos e a ausência da atividade sexual eram tidos como isentos do pecado. Entende-se que a educação na antiguidade privava-se para evitar assuntos proibidos, valendo-se da desinformação e da repressão. Sabese que esse traço cultural tão antigo, dá uma conotação da dificuldade de comunicação sobre temas que até o século XIX persistia entre as gerações. Só com as mudanças ocorridas no século XX, em que se ampliou gradualmente a liberdade 3 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 de expressão e a preocupar-se com os aspectos da formação do aluno é que a escola passa a incorporar posturas voltadas para o desenvolvimento pessoal e social. Todos sabem que a formação do ser humano não é tarefa exclusiva da escola. Entretanto, devido às mudanças culturais, religiosas, políticas e econômicas ocorridas ao longo dos séculos é que contribuíram para as exigências atuais: a existência de uma escola participativa cada vez mais comprometida na educação das novas gerações como diz Dewey: “as recentes mudanças na conjuntura mundial, com a globalização da economia e a informatização dos meios de comunicação, têm trazido uma série de reflexões sobre o papel da escola dentro do novo modelo da sociedade, desenhado nesse final de século”. Tendo como referência também, nessa pesquisa compreender-se que a sala de aula e os demais espaços educacionais apesar da evolução tecnológica e os mais variados meios de informação, ainda é o espaço onde crianças e adolescentes recebem orientação significativa sobre os valores sexualmente transmissíveis, gravidez precoce e refletem sobre os valores atitudinais e comportamentais. Influenciando segundo “eles” de forma positiva para mudanças de comportamento. Pois a maioria dos estudantes consideram que um adolescente bem esclarecido sexualmente pode evitar a gravidez precoce e a prostituição. Reforçando ainda mais cedo, a investigação e a pesquisa de temas sobre a educação sexual. ADOLESCÊNCIA COMO UM PERÍODO DE (RE) OU DESOBERTA DA SEXUALIDADE 4 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Segundo Marilandes Ribeiro Braga, especialista em sexualidade humana em sua dissertação de mestrado, coloca que “o adolescente vivência emocionalmente diversos lutos. Ele perde a noção do seu próprio corpo que se modifica, não sendo um corpo infantil. Sua relação com seus pais se torna diferente, já que ele não é mais criança, e sua identidade infantil também se dissipa, fazendo-o buscar uma nova noção de si mesmo”. Há também uma transformação na convivência social. O adolescente começa a se relacionar com as turmas. Medo e o desejo, causados pelas mudanças impostas, são constantes na vida de um adolescente. A sexualidade do adolescente também sofre intensas mudanças: “pode-se dizer que a adolescência é um momento de (re) descoberta da sexualidade”. (A conduta sexual humana, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1976). http://pedagogia-gravideznaadolescencia.blogspot.com.br/ 5 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 A sexualidade não surge na adolescência de repente, com a maturação dos órgãos genitais. Ela faz parte do ser humano desde seu nascimento, passando por processo de desenvolvimento, como as demais funções humanas e sendo elementos importantes nesse desenvolvimento. A descoberta e o conhecimento do corpo são fundamentais no processo de desenvolvimento do ser humano; porém, desde a época da infância, é vista como processo natural desde que não toque nos genitais. Mexer nessa parte do corpo “perturba” os adultos que, na maioria das vezes, estimulam a descoberta de pés, pernas, mãos, cabelos, mas permitem e inibem a descoberta da genitália como se fosse a “região do pecado”, área em que “pessoas honestas e bem comportadas” não têm acesso. Simplesmente sobre a região genital. A iniciação sexual no período da adolescência não é um fato novo. Para os meninos isso sempre foi estimulado. Preocupados com a masculinidade de seus filhos, era comum os pais levarem os meninos em prostíbulos para iniciarem sua vida sexual. Para as meninas, há décadas, o fato estava associado ao casamento. Hoje, as relações sexuais para ambos os sexos se dão, muitas vezes, antes do casamento, não havendo, efetivamente, intenção em constituir família. Na medida em que o adulto compreender todo o processo de mudança pelo qual passa o adolescente poderá aplacar suas angústias e com carinho e compreensão estar junto ao jovem ajudando-o e apoiando-o no reconhecimento e na caminhada para o seu novo papel e no desabrochar de um novo ser. O adolescente precisa aprender a tomar decisões de forma responsável a respeito da sua sexualidade, pois afetam a si mesmo e aos outros. Ele deve aprender a negociar comportamentos e limites sexuais. E lembrar que seus atos poderão ter efeitos de grande magnitude com consequências para toda a sua vida, como a gravidez, as doenças sexualmente 6 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 transmissíveis, dificuldades sexuais e afetivas futuras, e isso precisa ser considerado. COMO RECEBEMOS NOSSA EDUCAÇÃO SEXUAL http://www.ebah.com.br/content/ABAAABYx8AH/minicurso-apresentacao-01-gravidez-na-adolescencia-aborto Nascemos de um acontecimento sexual e foi por meio dele que ganhamos no momento da concepção, um organismo também sexuado. Sexo é, pois, acontecimento do mundo orgânico, natural. É um conceito biológico que se relaciona com as características genitais e extragenitais que diferenciam entre si macho e fêmea, com a cópula ou ato sexual e com os mecanismos de procriação. Como fato biológico, o sexo não é prerrogativa da espécie humana. Entretanto, somos diferentes dos demais seres vivos porque vivemos o sexo no âmbito da cultura. No ser humano, o sexo não é vivido como instinto, isto é, como comportamento fixo característico da espécie, mas como sexualidade. Simbolizamos e codificamos as atividades sexuais, atribuímos-lhes valores, empregamos essas atividades de desejos e fantasias. Mais que isso: damos valor erótico a objetos, signos e acontecimentos que aparentemente nada têm em comum com a atividade genital. 7 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 A sexualidade é, portanto, uma dimensão simbólica dos seres humanos que integra, simultaneamente, aspectos biológicos, psicológicos e culturais relacionados com conduta sexual. Não se pode, como ocorre geralmente, identificar sexualidade e genitalidade. A genitalidade é a capacidade de concentrar a excitação sexual nos órgãos genitais. A sexualidade é a manifestação mais ampla. Envolve não somente os órgãos genitais, mas todas as zonas erógenas dos corpos,assim como vontades, desejos e fantasias associadas ao sexo. Ela deve ser compreendida como uma expressão afetiva, comprometendo opções sociológicas, éticas, religiosas e fisiológicas, derivadas do eixo biológico do sexo e vinculada ao gênero. A expressão sexual, no ser humano, é algo a ser aprendido desde o seu nascimento. Se faltar este aprendizado – que dá à sexualidade uma dimensão maior – ela fica reduzida ao simples uso físico, que neste caso, não precisa de maiores aprendizagens. O ideal seria que todos nós recebêssemos, desde criança, uma educação sexual mais livre de preconceitos, mais verdadeira, e que nos ajudasse a vivenciar a sexualidade de modo que nosso ser experimentasse bem-estar e alegria, que os nossos relacionamentos fossem mais abertos e comunicativos, que a vida adquirisse mais gosto e sentido. Mas a realidade não é bem assim. 8 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 http://blogs.oglobo.globo.com/lauro-jardim/post/livro-sobre-educacao-sexual-que-irritou-bolsonaro-foi-comprado-pelominc- em-2010.html Através das gerações passadas nos chegou uma ideia muito perturbada sobre a questão sexual, devido a uma ideologia repressiva do sexo que é a maior responsável pelas ignorâncias e pelos tabus a este respeito. Isto fez com que o sexo, até hoje, fosse encarado como indecência, como uma coisa que os homens fazem com as mulheres, etc. Neste caso, as pessoas, principalmente em família, sentem-se muito pouco à vontade para tratarem das questões do sexo com mais naturalidade. Não tocando no assunto, muitos pais esperam evitar que os filhos se envolvam com qualquer tipo de experiências que “cheirem” a sexo, e pelo visto, os fatos mostram que acontece, como boa parte desses filhos, justamente o que esses pais menos esperam. A falta de uma orientação sexual mais competente, deixa a cabeça do jovem vazia e cheia de dúvidas. Logo ele começa a enchê-la de malícias e fantasias deturpadas, pois vai aprendendo sobre o sexo, de um jeito ou de outro, fora de casa. Cada pessoa lhe fala de um modo diferente. O clima é pesado e cheio de mistérios! Aí começam os mexericos e as fofocas entre os colegas. 9 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Cada um mais desenformado e despreparado que o outro, falando sobre coisas que não entendem e de que não têm certeza. Mas todos procurando se inteirar dos segredos do sexo que os adultos – escondendo o seu despreparo e a sua ignorância a este respeito – não lhes contam. Outro aspecto agravante na educação sexual de qualquer pessoa, além da falta de um diálogo aberto, é a falta de uma afetividade verdadeira e espontânea nas relações familiares. Além de receber pouco afeto, o jovem não percebe manifestações de carinho entre seus pais, perdendo assim uma excelente oportunidade de aprender o valor da afetividade nas relações entre um homem e uma mulher. Futuramente, se nada o influenciar de outra forma, estará mais propenso a fazer das suas intimidades sexuais apenas uma busca (muitas vezes impessoal) do prazer imediato, na tentativa de suprir suas carências afetivas. Estará também mais inclinado a experimentar diferentes solicitações no campo sexual e sair “machucado”, pois lhe faltam referências adequadas para poder selecionar o que lhe convém ou não. Muitos dos pais e educadores que receberam esta educação sexual desvirtuada e preconceituosa tomaram outra atitude. Vivendo e aprendendo, perceberam que uma nova mentalidade e uma nova maneira de viver a própria sexualidade eram necessárias. Daí iniciaram consigo próprios um processo de libertação das muitas amarras de uma educação repressiva e procuraram transmitir aos seus filhos uma mensagem diferente daquela recebida, mostrando a questão sexual como algo naturalmente bom e agradável. A começar das experiências de filhos, os sentimentos de afeto e carinho que existem entre os dois enquanto marido e mulher. À medida que a curiosidade natural a respeito do sexo e da procriação resultam em perguntas por parte dos filhos, essas foram respondidas com sinceridade e de maneira adequada à sua idade. Espera-se que a prática sexual destes jovens evolua no sentido de representar muito mais do que um encontro físico, pois eles estão mais sensibilizados para se expressarem sexualmente, 10 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 buscando gestos mais ricos em conteúdo afetivo. Isto é, uma intimidade física sintonizada, ao máximo, com a sua aprendizagem amorosa. Esses referenciais lhes serão de grande ajuda para que eles façam escolhas construtivas, quando se depararem com as diversas solicitações que a sociedade lhes oferecer. A EDUCAÇÃO MACHISTA http://psicologojulio.blogspot.com.br/2010/04/contingencias-aversivas-da-sexualidade.html A sociedade geralmente se utiliza de um duplo padrão moral para tratar do comportamento sexual. Isto é, rapazes e moças são educados de modos diferentes, usando-se dois pesos e duas medidas. Para rapazes, um padrão de valores, para moças outro. Os rapazes, desde muito cedo, têm que provar que “são machos”, e, para isso, precisam mostrar algum desempenho na área sexual. Há sempre a competição de quem mais beijou, de quem mais namorou de quem mais transou. Quem foge a essa regra é rotulado como bicha, fraco, criança, etc. O que interessa é a quantidade com que se usa o sexo (quantos beijos, quantas namoradas), no entanto, a qualidade (o tratamento do outro com 11 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 respeito e consideração, e, não como um objeto que se usa para se tirar vantagens) é deixada de lado. Ainda imaturos, influenciáveis, os rapazes vão aprendendo a buscar no sexo apenas um modo de auto afirmarem, sem se preocupar com a outra pessoa, nem buscar uma verdadeira parceria. A responsabilidade do que se pode ou não fazer no sexo é sempre da moça. Dele não se espera responsabilidade alguma. Ela que pense no que faz, pois se fraquejar e deixar, ele se sente no direito de tirar o proveito. Afinal, ele é homem! As pressões para o uso do sexo – quantidade -, exercidas sobre o rapaz, são tão fortes que muitos não têm a liberdade de escolha e se comportam mais em função do que os outros cobram deles. E, para provar aos colegas que é macho, se vê na obrigação de dizer sim as oportunidades sexuais que lhe aparecem a frente. Isto porque se ele disser não, logo começam a desconfiar de sua masculinidade. Muitas vezes se vê forçado ou se acha no direito de fazer com as irmãs dos outros o que não gostaria que fizessem com a sua. Tudo isso em nome do machismo e de uma permissão que a sociedade confere ao homem. Permissão para tratar o sexo como se fosse um ato puramente físico, genital, satisfazendo uma dita necessidade sexual, que talvez não passe de uma necessidade de se auto afirmar, a nosso ver, negativamente. Para a maioria das moças, a pressão existe no sentido de que ela evite se expressar sexualmente (a não ser no casamento). Será mais aceita socialmente, como uma moça madura e responsável, quanto mais ela disser não às oportunidades sexuais com as quais se defrontar. De um modo geral, a virtude do exercício da sexualidade está em os rapazes dizerem mais sim e as moças mais não. Temos evoluído na busca de uma condição de maior liberdade, de maior maturidade para ambos os sexos, ou continuamos cada vez mais presos às pressões machistas e aos preconceitos sociais? É mais do que comprovada a importância da experiência grupal na adolescência tanto para os rapazes como para as moças. O que, aliás, deve ser 12 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 estimulada.No grupo, o adolescente aprenderá a lidar com as mais diversas formas de pressões e de exigências. Ele não só quer, como precisa parecer, se auto afirmar diante dos colegas. Isto é saudável, do ponto de vista de seu amadurecimento psicológico e social. Certos tipos de fluências e de padrões de comportamentos grupais que atentam contra o respeito e a individualidade das pessoas. Aquelas experiências grupais, onde os que têm um comportamento novo e desrespeitador são os mais elogiados e exercem fortes lideranças, enquanto aqueles que pensam e agem de um modo mais benéfico são ridicularizados. Tradicionalmente, as pressões para o uso do sexo sempre foram mais no sentido de impelir os rapazes a serem soltos e agressivos, enquanto as moças já começam a tomar outras feições. http://www.catracaseletiva.com.br/2016/02/machismo-x-feminismo.html Apesar da nova mentalidade que tem surgido num sentido mais igualitário para se educar rapazes e moças, hoje em dia vê-se um número bem significativo de moças caírem no estremo oposto. Essas passaram a só dizer sim, cobrando uma das outras o mesmo desempenho quantitativo que é cobrado entre os rapazes. 13 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Uma espécie de machismo pelo avesso. Para as moças a responsabilidade sexual é muito pesada, pois é dupla: elas têm de pensar para elas e para eles. Não ficam à vontade para se expressarem eroticamente, seja por um sentimento de dupla culpa seja porque qualquer deslize pesa somente sobre os seus ombros, ficando neste caso, mal faladas. Esta responsabilidade é acrescida quando na hora de se pensar na contracepção (evitar a gravidez), a carga pesa mais uma vez sobre os ombros da mulher. Na ideia machista, presume-se que o rapaz deva se utilizar das mais diversas técnicas manipulativas, no sentido de obter os favores sexuais das mulheres. Mas não consta dessa ideologia que ele deva assumir qualquer responsabilidade pelas consequências das suas ações, sobretudo se a moça for do tipo leviana. - “ Afinal ele é homem! Quem mandou ela ser ingênua e ter deixado as coisas acontecerem?” Se as mulheres são as vítimas na vida sexual, então que sejam também as vítimas das consequências (muitas vezes, uma gravidez). É a face contraditória de uma sociedade, a qual só existem as prostitutas e nada de prostitutos, onde ela é a mãe, e o pai solteiro está absolvido. Outra contradição que o duplo padrão apresenta não é menos desvantajosa para a mulher se é esperado que os rapazes tenham muitas e variadas experiências sexuais antes do casamento, enquanto que as moças não, com quem então elas irão adquirir esta experiência? A solução para este impasse está na separação das moças não casadas em dois grupos: para respeitar e proteger; para casar; moças de programa; para usar. Esta distinção até hoje ainda existe, apesar de menos rígida, pois nem toda moça com experiência sexual anterior ao matrimônio se torna automaticamente de programa ou leviana. Isto vai depender muito da sua postura, das condições e do sentido com que são feitas estas experiências. Até quando ainda permanecerá estas mentalidades de se esperar dos rapazes que eles retirem o máximo de proveito de qualquer oportunidade sexual, enquanto 14 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 que, para uma moça de respeito, as intimidades sexuais devem ser muito discretas, comedidas e dentro do socialmente pré- estabelecido (nos namoros firmes e com certo compromisso)? Por que o sexo não pode representar um bem e um instrumento de prazer para rapazes e moças com dignidade e respeito, nem demais para eles, nem de menos para elas? O desafio é de se repensar o comportamento sexual, não só da mulher, mas de ambos os sexos. Do jeito que as coisas sempre estiveram, nenhum dos dois está para servir de modelo um para o outro. Mas lastimável é constatar que este velho duplo padrão não fornece as melhores condições para um relacionamento homem - mulher harmonioso e de crescimento mútuo. POR QUE O SEXO SE TORNOU UM PROBLEMA? https://lista10.org/adulto/10-fatos-sobre-o-sexo-no-mundo-antigo-que-vao-te-impressionar/ 15 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Durante muitos séculos, o sexo foi considerado como uma ação de segunda categoria, coisa mundana e vergonhosa. Sob a influência das ideias de Platão, na Grécia antiga, via-se o ser humano como alguém dividido: a razão e o espírito eram bons, enquanto o corpo e o sexo eram considerados maus, considerados uma prisão que afastava o ser humano de sua condição racional. A moral judaico-cristã, contaminada também por este dualismo – corpo e alma – tratou o sexo como algo aceitável apenas quando colocado a serviço da procriação, no matrimônio. Qualquer outra forma de expressão que fugisse a esta finalidade natural era considerada imoral e pecaminosa. A partir da Idade Média, o catolicismo valorizou a virgindade como a melhor forma de se viver a sexualidade sem se afastar dos preceitos divinos. Os casados eram considerados como cristãos de Segunda classe e quando havia a relação sexual entre eles, eram muitas vezes recomendado que não comungassem naquela semana. Este era ainda o pensamento dominante na igreja, que possuía uma enorme influência sobre o povo, até umas três décadas atrás. Atualmente, já se percebem mudanças significativas nessa mentalidade. Hoje se constata que, a repressão do prazer e da liberdade para se expressar sexualmente, sempre esteve aliada aos sistemas de poder vigentes. Com base nos princípios da moral ditadas pela religião e pelas correntes racionalistas, os “donos do poder” se utilizam da repressão sexual como excelente instrumento gerador de culpas e de inseguranças. Associado a este sentido de culpa e de insegurança, encontrava-se o paternalismo moral, que ditava para as pessoas o que era certo ou errado, o que era ou não pecado. Como resultado desta simbiose culpa- paternalismo moral veio o controle da vida das pessoas. Conclui-se daí que as pessoas são mais facilmente controladas e submissas, numa sociedade onde a repressão das formas de prazer, inclusive a sexual, é um instrumento da ideologia dominante. 16 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 http://historiaeumbarato.blogspot.com.br/2012/04/iniciacao-sexual-na-grecia-antiga.html Alguns elementos podem ser observados como consequência dessa repressão: • a dessexualização do indivíduo, destruíndo-lhe a ideia do prazer (mau) e impondo-lhes a ideia do dever (bom); • a sublimação, que é uma forma positiva de socialização do impulso sexual, tornando-se excessivamente valorizada. O que passa a ser virtude não é o bom exercício da sexualidade, mas sim o desvio constante desta energia para outros objetivos que não sejam os sexuais; • um aumento do consumismo, com forte da ideologia capitalista, privilegiando os bens materiais como forma de compensação traz frustrações. Tal busca de emoções descartáveis tenta preencher o vazio deixado pela carência de prazeres mais anteriores, mais duradouros, entre os quais se inclui o livre exercício da sexualidade. Hoje, o automóvel, a TV, o cigarro, etc, tornaram-se para a sociedade reprimida e frustrada, um substituto bastante satisfatório da sexualidade. Assim, 17 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 os prazeres genuínos e gratuitos das relações interpessoais são substituídos pelos prazeres ilusórios do consumismo. É oportuno mencionar que a repressão não é só um dado do passado, ligado ao proibido, ao pecado, ao predomínio da razão. Quando muitos pensam que vivemem estado de liberdade sexual (onde o predomínio da emoção comanda o “oba – oba” do vale tudo, do naturalismo zoológico) na verdade estão experimentando o outro extremo da repressão – a pessimividade. Para nós, esta é tão repressora quanto à própria repressão. Muitos avanços foram feitos no sentido de esclarecer a verdade sobre o ser humano, tanto na religião como nas civilizações humanas e biológicas em geral. O dualismo –corpo mau, alma boa – já não tem mais cabimento, e quem ainda insiste em defendê-los não encontrará tantos adeptos. Quando hoje entendemos o ser humano como um ser unificado, integrado em suas diversas dimensões, não queremos dizer que estas dimensões devem deixar de existir para fundirem-se numa unidade descaracterizada. O corpo e a emoção, o espírito e a razão, são faculdades distintas no ser humano e devem conservar-se assim, com as suas especificidades e características próprias. Mas a brutal diferença do nosso pensamento para o pensamento dualista, é que, para nós, corpo e alma são equivalentes, isto é, colaboram em igual peso e valor para a realização de cada pessoa. Perder esta equivalência é caminhar para a confusão e para a mutilação vigentes do passado. 18 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 http://lounge.obviousmag.org/outras_palavras/2014/12/a-luta-do-bem-contra-o-mal-no-fantastico-mundo-real.html Mas outro dualismo está por ser superado: o duplo padrão moral, entendemos que o padrão de moralidade, inclusive no campo sexual, deve caminhar para uma unificação. Isto significa dizer que se algo é bom, é bom para o homem e para a mulher, ou então não é para nenhum dos dois. Não queremos dizer com isto que o homem e a mulher devam deixar as suas especificidades de ser masculino e feminino – em suas dimensões físicas, psicológicas, sociológicas, etc. – para se tornarem neutros em termos de identidade e de papéis sexuais. Viver numa sociedade onde tanto faz ser homem ou mulher, considerando-se apenas as diferenças biológicas inatas, não devem ser muito diferentes de se viver como num formigueiro. Do mesmo modo que hoje constatamos o entrave à felicidade humana gerada pelo dualismo corpo- alma durante mais de dois milênios, certamente no futuro, as pessoas serão igualmente capazes de julgar o dualismo moral ainda vigente e a sua repercussão negativa na caminhada da sociedade para dias melhores. 19 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 EM TEMPO DE TRANSIÇÃO, A RELAÇÃO FAMÍLIA, MÍDIA E ESCOLA http://direcionalescolas.com.br/2014/01/09/a-escola-a-familia-e-a-sociedade/ É que todas as sociedades se utilizam de normas e de padrões que influenciam na conduta sexual de seus indivíduos. Também não se encontrou nenhuma sociedade humana onde existiam papéis de homem e papéis de mulher (às vezes completamente opostos, conforme o meio social). Isto faz parte de qualquer agrupamento humano. Sem um mínimo de regras e de leis, inclusive para o comportamento sexual dos indivíduos, a sociedade caminharia para o caos e a desintegração, mas quando essas normas e papéis sexuais resultam em fracassos e insatisfações na convivência sexual, em medo e desajustes quanto à utilização do sexo, em vantagens e desvantagens de um sexo em relação ao outro, estas normas e papéis precisam ser revistos e reelaborados. Se está havendo uma mudança nos costumes e na mentalidade da sociedade, isto se deve a uma pequena desacomodação masculina e a uma forte e significativa reestruturação do papel feminino. Dois aspectos parecem ter contribuído, sobremaneira, para esta desestabilização dos antigos papéis: • A 20 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 entrada forçosa da mulher no mercado de trabalho a partir da revolução industrial, iniciada no século passado, que teve a sua falência aumentada após a segunda guerra mundial. Este fato começou a alterar profundamente as relações de poder e independência econômica, antes apenas nas mãos do homem. • O avanço tecnológico que proporcionou, entre outras coisas, o aparecimento de métodos anticoncepcionais mais seguros, liberando, portanto, a sexualidade feminina da obrigatoriedade reprodutora. Para que o homem e a mulher encontrem a sua verdadeira liberdade sexual, antes de mais nada, deverá ser acompanhada por uma autêntica liberdade humana. Para isto a emancipação da mulher e a revisão dos padrões machistas são condições indispensáveis e inadiáveis. Fora de uma condição de igualdade e de liberdade para ambos os sexos, tido o que for alterado levará a novas formas de repressão. Não acreditamos numa autêntica igualdade homem – mulher, se o processo de mudança não acontecer também igualmente. Isto não significa que o homem fique onde está, bastando dar a mulher a liberdade que ele supostamente já tenha. Esta liberdade sexual masculina não serve para elas e tampouco para eles. No entanto o homem, educado na ideologia machista, não é livre para se expressar sexualmente. 21 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 https://sjmachado.wordpress.com/saude-na-escola/ A renovação moral, a partir das próximas gerações, requer atitudes mais profundas e corajosas, uma conversação de mentalidades. Não adiantam medidas ou mudanças paliativas. Não haverá uma verdadeira emancipação feminina, uma liberação da sexualidade humana se, paralelamente, não acontecer a emancipação do homem, escravizado pelos rígidos e sufocantes padrões machistas. De fato toda família realiza a educação sexual em suas crianças e jovens, mesmo aqueles que nunca falam abertamente sobre o assunto, tem sua contribuição significativa em seu comportamento mesmo que seja com uma frase tipo “cuidado”, mostrando aí a grande responsabilidade dos pais em relação a educação dos filhos. No entanto a mídia com seu grande poder de alcance, incluindo TV, revista feminina, revista masculina, livros e amigos tem contribuído com a maior parte da informação sobre a sexualidade aos adolescentes. Tendo estar um relevante papel, ajudando a moldar visões e comportamento. Ela veicula imagens eróticas que estimulam crianças e adolescentes, incrementando a ansiedade e alimentando fantasias sexuais. 22 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 A sexualidade deste público invade a escola por meio de atitudes, em sala de aula ou no comportamento social entre eles. A escola recebe, esse público e precisa, urgente, aprender lidar com o problema pois a criança e o jovem, jamais irá deixar a sua sexualidade fora da escola. Ora, a escola é por excelência, uma instituição onde além de informações, transitam livremente os valores sociais e é certo que a sexualidade tem nela seu espaço, não fosse assim, a escola não falaria tanto de sexualidade, quer através de uma política de repressão, onde a sexualidade é relegada a piadas, pichações em banheiros e coisas deste gênero. O certo é que a escola, passou a falar incessantemente do sexo, mais ainda no contato com os jovens, que exalam sexualidade vinte e quatro horas por dia. Sob influência destes acontecimentos, a escola passa a dar cada vez mais informações sobre reprodução, funcionamento hormonal, ciclo menstrual, caracteres sexuais secundários, AIDS, contracepção, muitas vezes deixando de lado a subjetividade, seja da criança ou do adolescente. O que é certo é que, de um modo ou de outro, a escola procurou domar este cavalo bravo chamado sexualidade, mas isto não foi suficiente, não assegura a eficácia no meio escolar. Não afirmado enfaticamente que a escola serve de instrumento passivo a correntes ideológicas,reprimindo a sexualidade de todas as formas sem qualquer reflexão crítica, vemos que esse tema tem se difundido largamente no sistema escolar e a questão da sexualidade, seja dentro ou fora da escola, tem sido muito discutida – o que é apontado é que há uma visão distorcida da sexualidade que permeia a escola e que muitas vezes funciona como um mecanismo muito mais que regulador da sexualidade das crianças e dos adolescentes que como um catalisador de discussões e de reflexões críticas sobre essa realidade. E esse mecanismo permeia toda a sociedade englobando o universo de relações sociais e afetivas da criança e do adolescente. 23 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 NEM SÓ DE ERÓTICO VIVE O SEXO http://historianovest.blogspot.com.br/ A sexualidade confere um toque todo especial aos relacionamentos humanos. O erótico é um modo bastante agradável de as pessoas se relacionarem. Mas, apenas o aspecto erótico não é o suficiente para que o sexo humano adquira o seu verdadeiro status e cumpra a sua maior finalidade: instrumento de atração prazerosa, com vistas a promover uma unidade entre indivíduos, estabelecendo entre eles – que se dão livremente, por inteiro, corpo e alma, razão e emoção – um vínculo amoroso (menos ou mais profundo). Este vínculo pode gerar em diversos níveis; emocional, psicológico, social, biológico. Para que o lado erótico do sexo seja humanizante, isto é, mais que um simples encontro de dois corpos, seja um encontro entre duas pessoas, é indispensável que estas tenham desenvolvido entre si uma afetividade. Diríamos que a sexualidade possui dois elementos distintos, mas conciliáveis o erótico e o afetivo. O erótico é a expressão sexual com vistas a despertar excitação, desejo e prazer. Praticamente, todas as formas de comunicação humana podem ou não estar revestidas de uma conotação erótica. O ato de se olhar nos olhos de 24 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 outrem, se tiver uma conotação erótica é chamada de flerte, caso contrário será uma simples espiada, sem maiores intenções. Alguns comportamentos, na nossa cultura brasileira, normalmente só são realizados com intenção erótica. Por exemplo, o beijo na boca, a troca de carícias em partes íntimas do corpo e a penetração genital. O afetivo é a manifestação sensível (que se pode perceber) do amor. Não deve ser confundido com uma mera gentileza de um para com outro. Possui sentimentos de bem – querer, de preocupação com o outro, de aceitação da individualidade do outro, de respeito pelo o outro e pelo que ele pensa. Este amor, incapaz de ser percebido fisicamente, é que faz com que um ajude o outro a ser o melhor ele, na certeza de que o outro o ajudará a ser o melhor você. É mais satisfatório que as pessoas se envolvam eroticamente, quando existe entre elas um mínimo de afetividade. Usar o elemento erótico do sexo, sem a afetividade, seria deixar o “status” da sexualidade humana (encontro de pessoas) e ficar no da genitalidade animal, pura e simples (união despersonalizada de corpos). O afeto está na base da sexualidade humana, isto é, vem sendo construído desde a nossa infância. É como o alicerce o primeiro a ser feito na construção. O erótico, quando unido ao afeto, dá mais prazer (sabor) à relação. Só assim a expressão erótica pode ser considerada uma intimidade rica. É preciso salientar que para o elemento afetivo da sexualidade existir não precisa do envolvido erótico. E que somente a afetividade já dá às pessoas envolvidas uma sensação de prazer, de união, de sentir-se amada. Que nos dificulta aceitar e compreender essa vista mais ampla da sexualidade humana, é a excessiva erotização da nossa sociedade. Tudo o que se fala ou vê de sexo, remete ao erótico. Muitas pessoas fazem confusão entre um contato terno e afetuoso e o destinado a provocar estímulos eróticos (carícias). Sendo assim, mesmo em família ou nas amizades sinceras, as pessoas têm receios do abraço de corpo inteiro e do afago 25 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 carinhoso. Limitam-se a meros e formais apertos de mãos e tapinhas nas costas, que mais lembram estar fazendo um bebê arrotar. Muito pai não abraça ternamente seus filhos com receio deles virem a se tornar afeminados, e também suas filhas, temendo que elas se tornem muito namoradeiras. Eles ignoram o que é justamente a falta desta afetividade que torna as pessoas mais propensas a certos desajustes no comportamento sexual. Vínculos Eróticos http://psicologiananet.blogs.sapo.pt/tag/perguntas+e+respostas O erotismo distingue-se do enamoramento porque, uma vez satisfeito o desejo pela pessoa que nos atrai, diminui ou desaparece a necessidade de estar junto. O prazer erótico resulta do fundir-se dos corpos, da perda momentânea da consciência de si. No enamoramento, quanto mais as pessoas ficam juntas, mais desejam ficar. 26 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Quando o erotismo se combina com enamoramento, o corpo da pessoa amada se sacraliza, passa a inspirar reverência e adoração. Na essência da relação erótica está a busca do novo, do diferente. O que se procura não é a pessoa, mas suas qualidades eróticas, a experiência de prazer. Na amizade e no amor, as pessoas se encontram sem saber o que querem, é no próprio encontro que se revelam seus fins. Muitos enamoramento são apenas relações eróticas enriquecidas pelo romantismo. Erotismo e Pornografia http://www.recantodasletras.com.br/artigos/2754865 Costuma-se distinguir o pornográfico do erótico. A pornografia é identificada com a representação de atividades sexuais, em linguagem dura, vulgar, com objetivo de excitar o desejo sexual e, muitas vezes, de agredir as pessoas e os costumes de determinado grupo social. As imagens pornográficas 27 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 centram-se nos genitais e não é raro que mostrem órgãos masculinos e femininos caricaturalmente aumentados em forma e volume. O erotismo é identificado com a representação mais suave e cuidada da sexualidade. As representações eróticas sexuais, como a sensualidade, a experiência estética e a relação intersubjetiva. Apesar dessas distinções, na prática, é muito difícil estabelecer limites entre o erótico e o pornográfico, uma vez que essas manifestações ganham sentido e valor no contexto cultural em que são produzidas. De fato, em todas as épocas e culturas, podem ser identificados gestos e danças, formas de vestir, perfumes e objetos, imagens e textos, cuja finalidade é estimular a vivência erótica e a excitação sexual. A arte erótica é tão antiga quanto a humanidade e em muitas culturas, aparece associada a rituais mágicos e religiosos. Símbolos sexuais, como o pênis, eram pintados ou esculpidos pelo homem pré-histórico para evocar a fertilidade ou os prazeres do sexo. Nos templos Hindus, aprecem representações de relações sexuais ornando paredes e portais; em vasos de origem grega e romana, órgãos sexuais e representações de atividades sexuais. No mundo grego antigo, rituais dionisíacos de celebração da vida podiam culminar com a prática livre do sexo entre os participantes. Meneios de quadris simulando movimentos sexuais são particularmente comuns em certos ritos da Grécia Antiga, em danças de origem africana, nas cerimônias místicas dos hindus, na dança do ventre e, entre nós, em várias danças populares. A pornografia exibe, de forma explícita, uma face do humano que teimamos em ignorar. É preciso compreendê-la como expressão externa de fantasias que são próprias dos sereshumanos. Ao mesmo tempo, é preciso refletir sobre a compulsão ao consumo de pornografia. A vivência do sexo como algo externo e desligado de outras dimensões humanas e o uso de um ser humano por outro como objeto, traduzem o 28 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 empobrecimento da dimensão afetiva. É nela que a educação tem de investir se quer fortalecer os adolescentes e torná-los capazes de fazerem os relacionamentos sexuais reais mais prazerosos. Além disso, é preciso dar a eles consciência de que, ao redor da pornografia, existe hoje uma lucrativa indústria, que manipula pessoas sem nenhuma preocupação quanto à sua dignidade e integridade. O SEXO E A SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA https://www.abcdasaude.com.br/sexologia/sexo-na-adolescencia A palavra sexo tem a mesma origem que seccionar, separar. Assim, como ocorre em outras espécies animais, diferenças anatômicas e fisiológicas separam, dentro da espécie humana, os machos e as fêmeas, tendo cada um desses grupos uma participação específica na procriação. No ato sexual, machos e fêmeas se encontram, de forma a permitir a união de um gameta masculino (espermatozoide) e um gameta feminino (óvulo), que produzam a célula ovo, capaz de dar origem a um novo ser. Nascemos de um acontecimento sexual e foi por meio dele que ganhamos, no momento da 29 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 concepção, um organismo também sexuado. Sexo é, pois, acontecimento de um mundo orgânico, natural. É um conceito biológico que se relaciona com as características genitais e extragenitais que diferenciam entre si macho e fêmea, com a cópula ou ato sexual e com os mecanismos de procriação. Como o fato biológico, o sexo não é prerrogativa da espécie humana. Entretanto, somos diferentes dos demais seres vivos porque vivemos o sexo no âmbito da cultura. No ser humano, o sexo não é vivido como instinto, isto é, como comportamento fixo característico da espécie, mas como sexualidade. Simbolizamos e codificamos as atividades sexuais, atribuímo-nos valores, impregnamos essas atividades de desejos e fantasias. Mais que isso: damos valor erótico a objetos, signos e acontecimentos que aparentemente nada têm em comum com a atividade genital. A sexualidade não se confunde com instinto, nem com um objeto (parceiro),nem com um objetivo (união dos órgãos genitais no coito). Ela é polimorfa, polivalente, ultrapassa a necessidade filosófica e tem a ver com a simbolização do desejo. Não se reduz aos órgãos genitais (ainda que estes possam ser privilegiados na sexualidade adulta) porque qualquer região do corpo é suscetível de prazer sexual, desde que tenha sido investida de erotismo na vida de alguém, e porque a satisfação sexual pode ser alcançada sem a união genital. (Marilena Chauí, Repressão Sexual: essa nossa (des) conhecida, p. 14- 15). A sexualidade é, portanto, uma dimensão simbólica dos seres humanos que integra, simultaneamente, aspectos biológicos, psicológicos e culturais relacionados com a conduta sexual. Não se pode, como ocorre geralmente, identificar a sexualidade e genitalidade. A genitalidade é a “capacidade de concentrar a excitação sexual nos órgãos genitais. A sexualidade é a manifestação mais ampla. Envolve não somente os órgãos genitais”, mas todas a zonas erógenas do corpo, assim como 30 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 vontades, desejos e fantasias associadas ao sexo. Ela deve ser compreendida como uma expressão afetiva, comprometendo opções sociológicas, éticas, religiosas e filosóficas, derivadas do eixo biológico do sexo e vinculadas ao gênero. PUBERDADE A puberdade é um período de transição do desenvolvimento humano, correspondente à passagem da fase da infância para a adolescência, circunstanciada por transformações biológicas de âmbito comportamental e corpóreo, conferindo pelo surgimento dos caracteres sexuais secundários diferenciados de acordo com o gênero. http://www.vvale.com.br/saude/mutacoes-geneticas-causam-puberdade-precoce/attachment/grafico-puberdade/ No organismo masculino tais variações da maturação geralmente ocorrem entre a faixa etária dos 12 aos 14 anos de idade, e para o biótipo feminino esse 31 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 marco caracteriza-se a partir da primeira menstruação, também denominada de menarca, conferindo maturidade por volta dos 10 aos 13 anos de idade. Tais mudanças são coordenas a partir da ação endócrina mediante a atuação de hormônios hipotalâmicos, desencadeando a síntese de hormônios hipofisários, que irão estimular as glândulas sexuais a produzirem respectivamente: testosterona nos testículos (gônada masculina), e estrógeno nos ovários (gônada feminina). Contudo, em condições normais os hormônios não são totalmente exclusivos de cada sexo, as glândulas sexuais bem como as suprarrenais de ambos os sexos produzem estrógeno e testosterona em níveis de concentração tolerantes e adequados ao desenvolvimento masculino e feminino. Os principais caracteres sexuais secundários individuais induzidos à estrutura corpórea humana são: Masculino - surgimento de pelos nas regiões axilares (axila), inguinais (pubianos) e torácicos (peito); - aumento em volume dos testículos e tamanho do pênis; - crescimento de pelos faciais (barba); - oscilação com posterior entonação da voz; - alargamento da omoplata (escápula /ombros); - desenvolvimento da massa muscular; - aumento de peso e estatura; - início da produção de espermatozoides. 32 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Feminino - expansão óssea da cintura pélvica (bacia); - princípio do ciclo menstrual; - surgimento de pelos nas regiões axilares (axila) e inguinais (pubianos); - depósito de gordura nas nádegas, nos quadris e nas coxas; - desenvolvimento das mamas. CONTEXTO GERAL SOBRE A HISTORIA DA SEXUALIDADE SEGUNDO FOUCAULT O filósofo francês Michel Foucault, em sua narração histórica não-linear, relata como ponto de partida para entendermos uma importante parte da genealogia do sujeito: a sexualidade. Foucault inicia a argumentação nos trazendo a imagem da moral vitoriana, com uma sexualidade contida, muda, hipócrita, na qual a família conjugal incita o silêncio ao sexo. Há a existência de um puritanismo moderno, com sua interdição, inexistência e mutismo 33 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 http://andromedalive.blogspot.com.br/2012/09/fusao-o-significado-espiritual-da.html As crianças, por exemplo, sabe-se muito bem que não têm sexo: boa razão para interditá-lo, razão para proibi-las de falarem dele, razão para fechar os olhos e tapar os ouvidos onde quer que venham a manifestá-lo, razão para impor um silêncio geral e aplicado. Isso seria próprio da repressão e é o que a distingue das interdições mantidas pela simples Lei penal: a repressão funciona, decerto, como condenação ao desaparecimento, mas também como injunção ao silêncio, afirmação da inexistência e, consequentemente, constatação de que, em tudo isso, não há nada para dizer, nem para ver, nem para saber. Assim marcharia, com sua lógica capenga, a hipocrisia de nossas sociedades burguesas. (p.10) Foucault, neste momento, chama a atenção para uma possível lógica da interdição, mas alerta: é necessário ir além do discurso científico para melhor articular poder, saber e sexualidade, uma vez que não se estava apenas constatando a repressão, mas afirmando-a com vigor. A sua quebra estaria numafelicidade futura que se projeta, logo, é algo que é incitado. Assim, o autor questiona: por que nos culpamos pelo sexo? Que dívida é essa? Note que sua 34 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 crítica a esse modelo de repressão já começa a ganhar forma, na chamada HIPÓTESE REPRESSIVA. De repente, então, o autor contesta as afirmações feitas no prelúdio. Logo, contesta a hipótese repressiva nas seguintes indagações: Seria ela historicamente tão evidente? A mecânica do poder seria realmente repressiva? O discurso crítico visa cruzar o mecanismo de poder ou faria parte da mesma rede histórica do que denuncia? “Existira mesmo uma ruptura histórica entre a Idade da repressão e a análise crítica da repressão?” (p.17) Foucault, então, traça seu OBJETIVO: “Em suma, trata-se de determinar, em seu funcionamento e em suas razões de ser, o regime de poder-saber-prazer que sustenta, entre nós, o discurso sobre a sexualidade humana”. (p.18) O autor chama a atenção para o sexo posto em discurso, para as técnicas polimorfas de poder, enfim, questiona quais os canais e através de quais discursos a sexualidade regula o indivíduo, principalmente: NEGA A INTERDIÇÃO, pois para Foucault, o silêncio, a negação, a censura é uma produção discursiva. Foucault, então, estuda a tal hipótese repressiva, em que, por exemplo, temos a Igreja, a literatura e as novas técnicas racionais regulando o sujeito, cujos discursos intensificam a sexualidade, não o interditam: a) Igreja: aumento das confissões da carne (não permite obscurecer o sexo, já que até nos sonhos e pensamentos devem ser revelados); b) Literatura: sexo em detalhes. Ex: Sade. c) Medicina, psiquiatria, justiça penal: o estudo das perversões no sentido médico e jurídico d) Racionalidade: tornar o sexo útil, criando uma polícia do sexo, com “necessidade de regular o sexo por meio de discursos úteis e públicos e não pelo rigor de uma proibição” (p.31) 35 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Neste último exemplo temos uma série de dispositivos: demografia; controle de natalidade; economia política da população; interdição do sexo das crianças; sexo entre adolescentes como problema público. Nota-se: a interdição é apenas uma espécie dentro de tal dispositivo, e não sua forma geral. “O que é próprio das sociedades modernas não é o terem condenado, o sexo, a permanecer na obscuridade, mas sim o terem-se devotado a falar dele sempre, valorizando-o como o segredo”. (p.42) Assim, há uma mudança qualitativa no discurso, emergindo sexualidades úteis e conservadoras. A monogamia heterossexual, como norma, tem direito a discrição (não contraria uma suposta Lei jurídica e natural), logo, o discurso foca nos dissidentes: “A homossexualidade apareceu como uma das figuras da sexualidade quando foi transferida, da prática da sodomia, para uma espécie de androgenia interior, um hermafroditismo da alma. O sodomita era um reincidente, agora o homossexual é uma espécie.” (p.51) Cria-se uma série de nomes e sujeitos (exibicionistas, fetichistas, automonossexualistas, mixoscopófilos, ginecomastos, presbiófilos, invertidos sexoestéticos, mulheres disparêunicas, etc), os quais, embora já existissem, não eram postos à tona no discurso: A mecânica do poder que ardorosamente persegue todo esse despropósito só pretende suprimi-lo atribuindo-lhe uma realidade analítica, visível e permanente: encrava-o nos corpos, introdu-lo nas condutas, torna-o princípio de classificação e de inteligibilidade e o constitui em razão de ser e ordem natural da desordem. Exclusão dessas milhares de sexualidades aberrantes? Não, especificação, distribuição regional de cada uma delas. Trata- se, através de sua disseminação, de semeá-las no real e de incorporá-las ao indivíduo. (p.51) 36 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 O controle funciona como mecanismo de dupla intenção: prazer e poder. Há a proliferação de prazeres específicos e a multiplicação de sexualidades disparatadas. É o que Foucault denomina de scientia sexualis, uma produção de verdade sobre a sexualidade. Muito diferente do que seria uma Ars Erotica, arte de iniciação, não prevalecente no ocidente. O que prevalece em nosso contexto social é a confissão. O indivíduo, durante muito tempo, foi autenticado pela referência dos outros e pela manifestação de seu vínculo com outrem (família, lealdade, proteção); posteriormente passou a ser autenticado pelo discurso de verdade que era capaz de (ou obrigado) ter sobre si mesmo. A confissão da verdade se inscreveu no cerne dos procedimentos de individualização pelo poder. (p.67) A interdição aqui, portanto, funciona não como elemento central, mas como parte de um dispositivo muito mais abrangente. Se por um lado há a obrigação (interdição) de esconder o sexo, há o dever de confessá-lo, e como ritual, um interlocutor e uma instância que requer a confissão. A seguir os meios e princípios elencados pelo autor para se extorquir a confissão: 1) Codificação clínica do “fazer falar”; 2) Postulado de uma causalidade geral e difusa; 3) Princípio de uma latência intrínseca à sexualidade; 4) Método de interpretação; 5) Medicalização dos efeitos da confissão. Em princípio, o sexo se esconderia do sujeito, cabendo a um exame clínico resgatá-lo (inconsciente). O interlocutor, hermeneuticamente, decifra o sexo do outro. Cria-se um poder-saber sobre o sujeito: “Nós dizemos a sua verdade, decifrando o que dela ele nos diz, e ele nos diz a nossa, liberando o que estamos oculto” (p.79) 37 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Assim é criado o dispositivo da sexualidade, não sobre a repressão dos instintos (externo), mas fundamentalmente sobre leis que regem o desejo (constitutivas do próprio desejo, logo, interno) e criando o próprio sujeito e as identidades tal qual a conhecemos hoje. Foucault diz que esta vontade de verdade atua até mesmo no sexonatureza (nível biológico), o que foi alvo dos ataques de Judith Butler em “Problemas de Gênero” (2008), para a qual o próprio sexo é, também, uma construção social. Porém, Foucault apenas queria chamar a atenção para deslocar os dispositivos de poder da sua lógica negativa, da interdição, da censura. Foucault almejava positivar o poder, e é bem provável que acatasse as ideias de Butler, uma vez a autora em questão desmantela e positiva o poder, inclusive, a nível biológico, e não apenas como atuando sobre ele. Este poder é esboçado pelo próprio direito, logo, “é preciso construir uma analítica de poder que não tome mais o direito como modelo e código” (p.100), ou seja, “pensar ao mesmo tempo, o sexo sem a Lei e o poder sem o rei” (p.101). Foucault assim entende o poder: Multiplicidade de correlações de força imanentes ao domínio onde se exercem e constitutivas de sua organização; o jogo que, através de lutas e afrontamentos incessantes as transforma, reforça, inverte, os apoios que tais correlações de força encontram umas nas outras, formando cadeias ou sistemas ou ao contrário, as defasagens e contradições que as isolam entre si; enfim, as estratégias em que se originam e cujo esforço geral ou cristalização institucional toma corpo nos aparelhos estatais, na formulação de Leis, nas hegemonias sociais (p.102-103). O poder é entendido na sua forma complexa, como potência e relação, e não como estrutura ou instituição. Esquematicamente: 1) O poder se exerce em inúmeros pontos; 2) O poder não é exterior a outros sistemas (é imanente); 3) O poder vem de baixo; 38 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 4) As relações de podersão intencionais (objetivas); 5) O poder cria a resistência (logo, esta não lhe é externa). 6) As “quatro” regras: - regra de imanência (sexo como objeto possível); - regra das variações contínuas (as matrizes não se repartem, por exemplo, ao focar a sexualidade da criança, médicos reformulam a dos adultos); - regra do duplo condicionamento (os dispositivos não são hierarquizados – família e Estado – mas se entrelaçam e se sobrepõem); - regra da polivalência tática do discurso (este é descontínuo, por exemplo, nomear a sexualidade a liberou para falar por si). Pode-se dizer que esta descrição sobre o poder é o que há de mais abstrato na obra. Contudo, Foucault equilibra esta impressão ao, em seguida, ir direto à construção histórica dos conjuntos estratégicos ligados à sexualidade: a histerização do corpo da mulher; pedagogização do sexo da criança; socialização das condutas de procriação e psiquiatrização do poder perverso. São esses exemplos que reforçam sua tese da produção da sexualidade, e não da interdição: A sexualidade está ligada a dispositivos recentes de poder, esteve em expansão crescente a partir do século XVII; a articulação que a tem sustentado, desde então, não se ordena em função da reprodução; esta articulação, desde a origem, vinculou-se a uma intensificação do corpo, à sua valorização como objeto de saber e como elemento nas relações de poder. (p.118) 39 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 http://www.critical-theory.com/foucault-obscurantism-they-it/ É importante destacar: Foucault põe lado a lado o chamado dispositivo da aliança e o da sexualidade. O primeiro é ligado ao direito (lícito/ilícito) e à reprodução, ainda persistindo através de formas tradicionais, especialmente na família. A interdição, por exemplo, é típica deste dispositivo; como regra, há o incesto ou mesmo segregação. Mas o dispositivo da sexualidade ao qual Foucault se refere segue uma nova lógica, muito ligada ao sexo como negócio do Estado e para a vigilância (não interdição): - autonomização do sexo em relação ao corpo: cria-se a medicina das perversões e os programas de eugenia; - não se reduz a utilização do prazer para engendrar a força de trabalho, uma vez que também se aplica às classes privilegiadas, embora esteja ligado a certa hegemonia burguesa (o corpo se valoriza, bem como o modelo de família e um modelo de sexualidade própria). Como se percebe, é preciso o leitor estar atento às digressões do autor, pois suas ideias são conectadas de modo dialético: a cultura do corpo positiva certa sexualidade (cria), por isso, não pode ser vista como castração, embora possa apresentar limites, por exemplo, em relação às classes (como também foi o caso do nazismo/racismo). A Sociedade vive, desde o séc. XVIII, uma fase de repressão sexual. Nessa fase, o sexo se reduz à sua função reprodutora e o casal passa a ser o 40 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 “modelo”. O que sobra torna-se “amor mal” – é expulso, negado e reduzido ao silêncio. Mas a sociedade burguesa se vê forçada a permitir algumas coisas. Ela restringe as sexualidades ilegítimas a lugares onde possam dar lucros – que, numa época em que o trabalho é muito explorado, as energias não podem ser dispensadas nos prazeres. Para Foucault, essa repressão é chamada por ele de hipótese repressiva, mas ele destrói esse pensamento e formula uma nova hipótese, mostrando que certas explicações funcionem, elas não podem ser encaradas como as únicas verdadeiras. A hipótese repressiva não pode ser contestada, já que serve para a sociedade atual. Para nós é gratificante formular, em termos de repressão, as relações de sexo e poder por muitos motivos. Primeiro porque, se o sexo é reprimido, o simples fato da repressão e falar do sexo ultrapassam todos os limites; afinal, aceitando a hipótese repressiva, se pode vincular revolução e prazer, se pode falar num período em que tudo vai ser bom: o da liberação sexual. Sexo, revelação da verdade, inversão da lei do mundo, são hoje coisas ligadas entre si. Mas insiste-se na hipótese repressiva pois, dessa forma, tudo o que se diz sobre sexo ganha valor mercantil. Certos psicólogos, por exemplo, são pagos para “ouvirem falar da vida sexual dos outros”. Essa “hipótese repressiva” vem acompanhada de uma forma de pregação: a afirmação de uma sexualidade reprimida é acompanhada de um discurso destinado a dizer a verdade sobre o sexo. Foucault, no livro, interroga a hipocrisia da sociedade. A questão é contra nós mesmos, que somos reprimidos. A partir daí, ele propõe uma série de questões: a repressão sexual é mesmo uma evidência histórica, como se afirma? Serão os meios que se utiliza e o poder repressivo o mesmo? Será que são formas discretas de poder? Não é que ele diga que o sexo não vem sendo reprimido; ele afirma que essa interdição não é o elemento fundamental a partir do qual se pode escrever a historia do sexo, a partir da idade moderna. Ele coloca a hipótese repressiva 41 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 numa economia geral a partir do séc. XVII. Mostra que todos os elementos negativos ligados ao sexo (proibição, repressão, etc.), têm função numa técnica de poder e numa vontade de saber. A hipótese de Foucault é que há, a partir do séc. XVIII, uma proliferação de discursos sobre sexo. Ele diz que foi o próprio poder que incitou essa proliferação de discursos, através da igreja, da escola, da família, do consultório médico. Essas instituições não visavam proibir ou reduzir a pratica sexual; visavam o controle do individuo e da população. É suposto que deve-se falar de sexo, mas não apenas como uma coisa que a ser tolerada, mas a ser gerida e inserida para o bem de todos, fazê-lo funcionar. “O sexo não se julga apenas, mas administra-se”. Regula-se o sexo, mas não pela proibição, e sim por meio de discursos úteis, visando fortalecer e aumentar a potência do Estado como um todo. Um exemplo prático dos motivos para se regular o sexo foi o surgimento da população como problema econômico e político, sendo necessário analisar a taxa de natalidade, a idade do casamento, a precocidade e a frequência das relações sexuais, a maneira de torná-las fecundas ou estéreis e assim por diante. Pela primeira vez, o dinheiro e o futuro da sociedade eram ligados à maneira como cada pessoa usava o seu sexo. O aumento dos discursos sobre sexo pode, então, ter visado produzir uma sexualidade economicamente útil. Também passou a despertar as atenções de pedagogos e psiquiatras. Na pedagogia, há a elaboração de um discurso sobre o sexo das crianças; na psiquiatria, são estabelecidas as perversões sexuais. Ao assinalar os perigos, despertam-se as atenções em torno do sexo como um “perigo incessante” – o que incita cada vez mais o “falar sobre sexo”. O exame médico, a investigação psiquiátrica, o relatório pedagógico, o controle familiar – que aparentemente visam apenas vigiar e reprimir essas sexualidades – funcionam, na verdade, como mecanismos de incitação: prazer 42 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 e poder. “Prazer em exercer um poder que questiona, fiscaliza, espia, investiga, revela; prazer de escapar desse poder. Poder que se deixa invadir pelo prazer a que persegue. Poder que se afirma no prazer de mostrar-se, de escandalizar, de resistir”. Prazer e poder reforçam-se. “Dizendo poder, não quero significar “o poder”, como um conjunto de instituições e aparelhos que garantem a sujeição dos cidadãos num determinado estado. Também não entendo poder como um modo de sujeição que, por oposição à violência, tenha a forma de regra. Enfim, nãoentendo o poder como um sistema geral de dominação exercida por um elemento ou grupo sobre o outro e cujos efeitos, por derivações sucessivas, atravessem o corpo social inteiro. A análise em termos de poder não deve postular, como dados iniciais, a soberania do Estado, a forma de lei ou a unidade global de uma dominação; estas são apenas e, antes de mais nada, suas formas terminais. Parece-me que se deve compreender o poder, primeiro, como a multiplicidade de correlações de forças imanentes ao domínio onde se exercem e constitutivas da sua organização; o jogo que, através de lutas e afrontamentos incessantes as transforma, reforça, inverte; os apoios que tais correlações de força encontram umas nas outras, formando cadeias ou sistemas ou ao contrário, as defasagens e contradições que as isolam entre si; enfim, as estratégias em que se originam e cujo esboço geral ou cristalização institucional toma corpo nos aparelhos estatais, na formulação da lei, nas hegemonias sociais”. (FOUCAULT, 1993 pág. 88-89). Pode-se afirmar, então, que um novo prazer surgiu: o de contar e o de ouvir. Foucault constrói uma nova hipótese sobre a sexualidade humana. As sexualidades são socialmente construídas. Assim como a hipótese repressiva, é uma explicação que funciona. Cada um que aceite a verdade que lhe convém. Enfim, Foucault apresenta um conceito para sexualidade: “é o conjunto de efeitos produzidos nos corpos, nos comportamentos, nas relações sociais, por um certo dispositivo pertencente a uma tecnologia política complexa” (p.139). 43 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Ocorre, portanto, a difusão de tal dispositivo, e o elemento repressor é que vai compensar a difusão, separando em classes. Foucault utiliza a palavra “sexo” como se fosse a própria relação sexual, algo parecido ao coito. E termina sua obra com uma previsão perturbadora: “Não acreditar que dizendo-se sim ao sexo se está dizendo não ao poder; ao contrário, se está seguindo a linha do dispositivo geral da sexualidade” (p.171). Ou seja, as relações e o desejo são fruto da própria construção social. Note que não há essencialismos, identidades naturais ou algo do tipo. O próprio sexo estaria inscrito em tal dispositivo. A Sexualidade é algo amplo, que envolve fatores sociais e emocionais. A mesma se estabelece por meio das relações com o ambiente e com o outro, transformando-se em algo particular e único em cada indivíduo. Ao compreender que as relações sociais influenciam direta e indiretamente nas ações estabelecidas pelo sujeito, é interessante visualizar a Sexualidade dentro dos diversos contextos históricos, pelo qual perpassou a sociedade, a fim de compreender as influências deixadas para a sua constituição atual. Ao pensar em tais aspectos estabelecemos com questionamentos, como a Sexualidade foi percebida em cada período histórico, pelo qual a sociedade perpassou? Há fatores que marcam determinada época? Ainda existem vestígios das épocas passadas na visão atual de Sexualidade? Devido aos pontos observados anteriormente, o presente artigo estabelece como objetivo levantar aspectos históricos da Sexualidade, a fim de perceber as mudanças e permanências que envolvem tal fenômeno. Para tanto, foi empregada como metodologia uma pesquisa bibliográfica em autores que discutem a temática, dentre eles Figueiró(2006); Nunes (1987); Spitzner (2005), dentre outros. A sexualidade, dentro da história da humanidade, é marcada por intensas mudanças influenciadas pelas percepções e pensamentos que norteiam 44 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 diferentes concepções que vão surgindo a partir dos diversos contextos culturais, econômicos, políticos e religiosos. Devido a tais pontos, é necessário perceber a sexualidade em sua totalidade histórica e social de forma que venha a desconstruir qualquer visão fragmenta ou descontextualizada que possam surgir sobre o assunto. Por isso buscamos compreender a constituição da sexualidade, dentro do contexto social, de uma forma ampla, verificando as raízes de tais visões e como a mesma modificou-se ao longo do tempo, para posteriormente entender os aspectos da sexualidade que se fazem presentes na sociedade atual. https://ensaiosdegenero.wordpress.com/tag/foucault/ Temos atualmente diferentes perspectivas de análise da sexualidade humana, cada qual possui maneiras diversas de observar tal fenômeno, o que implica em diferentes posições a respeito da sexualidade, entendendo que este é um tema complexo e que envolve diversas estruturas sociais. Os primeiros vestígios da sexualidade humana aprecem, inicialmente, no período Paleolítico. As formas de manifestação são diversas, desde pinturas e gravuras nas cavernas até esculturas contemplando o corpo feminino, 45 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 principalmente as partes íntimas da mulher. Tais aspectos indicam exaltação à fertilidade, como ressalta Nunes (1987, p.52) “A representação simbólica desses cultos manifestava-se pela veneração das partes sexuais femininas, mais especificamente a vagina, representada por um triângulo”. Percebe-se que neste período, a sexualidade é marcada por um caráter mítico, onde há cultos em relação à fertilidade feminina. Verifica-se que as comunidades eram comandadas pelas mulheres, ou seja, eram elas as encarregadas de executarem as atividades, que garantiam a sobrevivência dos membros, por isso este período é denominado de matriarcalismo. Neste período, como mostra Spitzner (2005) a sexualidade e o ato sexual são percebidos com naturalidade pelos indivíduos pertencentes a clã. O ato sexual é entendido, tanto para a mulher quanto para o homem, para que haja apenas a satisfação física (SPITZNER, 2005, p.18), verifica-se então, a semelhança com os animais, nos quais executam o ato sexual para que haja a satisfação e a procriação. Percebe- se, a partir de tal afirmação, que neste período não é dado um valor substancial, aos elementos emocionais e pessoais envolvidos na relação sexual. Ao final do período paleolítico, devido a percepção do conforto e segurança provocadas pela vida na caverna, outro aspecto é percebido, como aponta Spitzner (2005, p.19) A segurança e a estabilidade provocadas pela vida em cavernas influenciaram a estrutura interna da tribo. As condições de frio eram adequadas às caças maiores, sendo necessário um empreendimento em cooperação, surgindo daí as negociações entre as tribos. Esse contato intertribal colocou um ponto final em todos os relacionamentos incestuosos, pois a união sempre dentro de um grupo social tornava inevitável a consanguinidade, onde o incesto surgia como o primeiro tabu da humanidade. Este ponto é bastante significativo, quando tratamos do tema sexualidade, uma vez que ao perceber a origem da união conjugal, podemos verificar o início do grupo social. Além disso, compreende-se o motivo pelo qual o incesto é mal 46 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 visto dentro da sociedade, uma vez que atinge, ou melhor, fere os preceitos da base social, entendida como a família. Posteriormente, percebe-se que esta forma de poder matriarcal se modifica no período Neolítico, pois segundo Nunes (1987, p.60), a função do homem passa a ser de pai ou chefe, devido ao domínio dos meios de produção. Com este poder centralizado na figura masculina, ocorre a formação de exércitos para defender as propriedades de terra, recentemente delimitadas, após a sedentarização dos indivíduos, além disso, formam-se o poder real e a religião. Segundo Spitzner (2005, p. 20) a mulher neste período é entendida como propriedade do homem, semelhante aosanimais que o mesmo possuía. Pelo fato da estrutura social ser monógama a taxa de natalidade aumentou substancialmente, o que favorecia a mão de obra na lavoura. No final deste período a população atingiu uma qualidade de vida considerável. O último ponto destacado na citação mostra que, para os Hebreus, a linhagem familiar era muito importante, o que garantia a existência do povo. Devido a tais valores, o filho homem era vangloriado e as mulheres sofriam discriminação, pois os mesmos acreditavam que elas, ofereciam a seus pais apenas prejuízos, devido aos altos dotes que os pais deveriam pagar, quando suas filhas casassem. Devido às diversas transformações em relação ao processo civilizador, a forma de compreender a sexualidade se modifica. A alternância de papéis leva a sociedade a produzir uma visão acerca da sexualidade, como forma de controlar e submeter a população as normas e aos costumes edificados. Podemos perceber mudanças significativas com o decorrer do tempo, uma vez, que inicialmente a sexualidade, dentro do Paleolítico, era percebida como algo mítico, onde havia exaltação a mulher, e cultos a fertilidade feminina, porém na cultura grega, onde o patriarcalismo predomina, a mulher é desvalorizada, e a sexualidade volta-se num caráter religioso. Porém não há repressões em relação à expressão da sexualidade masculina. Há liberdade para 47 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 os homens dentro ou fora do casamento, podendo eles manter relações com outras mulheres e homens. Verifica-se que neste período a mulher é entendida como propriedade do senhor, semelhante a qualquer outro bem que o mesmo possuía. É interessante destacar que a mulher, neste período não possuía voz nem vez, era totalmente submissa a vontade do marido, ou de seu pai. Com o decorrer do tempo e a transformação da humanidade, a visão sobre a sexualidade também é modificada. Percebemos que na Idade Média o pensamento da Igreja predominava, ditando regras a serem cumpridas, por isso toda a sociedade é levada a observar a sexualidade por meio da ideologia transmitida pela Igreja, esta entendia a sexualidade como pecado, ou seja, havia uma visão negativa da mesma, carregada por um moralismo religioso, como afirma Nunes (1987, p.83). Outro aspecto apresentado, que mostra tal caráter repressor, é a forma com que pessoas que expressavam a sua sexualidade eram punidas. Nunes (1987, p.87) esclarece que determinadas indivíduos pegos em pecado tinham suas partes íntimas queimadas ou eram enforcados. Podemos perceber esta afirmação, observando os escritos de alguns pensadores da igreja católica nesta época, no qual estabelece alguns aspectos que confirmam a rigidez exercida durante a idade média, em relação à sexualidade. De acordo com Nunes (1987, p.82). Nos ensinamentos dos Santos Padres da Igreja começa a tomar corpo uma moral sexual rígida e profundamente negativa, com características de exaltação da continência do celibato e repulsão de todo sexo, submissão da mulher e do corpo. Santo Agostinho também disserta a respeito do sexo, entendido como algo que possui um único fim - a procriação. Segundo Nunes (1987, p.84) “Santo Agostinho era totalmente contra qualquer tipo de expressão sexual, o sexo deveria ser voltado apenas para a procriação, condenava qualquer forma de anticoncepção, até mesmo quando exercida dentro do matrimônio”. 48 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Verifica-se que a Idade Média é um período no qual a sexualidade sofre grande repressão, vinda principalmente dos ideais propostos pela Igreja. É preciso, entretanto, nos atentarmos à época vivida pela humanidade, pois não podemos julgar os valores desencadeados, pois há relativas diferenças existentes entre o pensamento atual e o período descrito, entendendo que a cultura e os valores sociais são modificados em cada período. Sobre esta análise Nunes (1987,p.82) afirma que “é difícil interpretar o rigor da moral sexual cristã primitiva. Possivelmente tal rigorismo seja a forma de identidade cristã ante a extrema liberdade sexual dos povos pagãos da época, que pouco a pouco “convertiam-se”, ou eram enquadrados, à moral cristã”. Os movimentos de Reforma e Contra Reforma, representam significativas mudanças em relação ao pensamento estabelecido no período medieval. A tentativa de superação do poder exercido pela Igreja católica provoca a desestruturação do feudalismo ao mesmo tempo em que forma-se uma nova classe social: a burguesia. Com tais movimentos inicia-se a idade moderna que busca a desconstrução dos argumentos propostos pela Igreja. “O mundo moderno que surge é um mundo profano, crítico, liberal, que elege a razão como nova forma de compreensão do mundo rejeitando a fé e os dogmas medievais” (NUNES, 1987, p.91). Apesar da Reforma protestante, proposta por Lutero, o pensamento a respeito da sexualidade não é modificado, ou seja, a base no pensamento Agostiniano ainda permanece com ênfase bastante intensa. Agora com a intencionalidade de regular o capitalismo e fazer com a mão-de-obra poupe força e faça o capital ampliar-se. “O sexo é o grande inimigo do trabalho, agora a nova forma de compreender o homem” (NUNES, 1987, p.92). No início da modernidade, a repressão sexual existente aumentou, propondo diferentes formas de controle da população, no nível moral, a masturbação e a expressão sexual são condenadas e consideradas como 49 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 anomalias que deveriam ser combatidas. O autor referenciado explicita muito bem o pensamento moderno. De acordo com ele, O sexo é reduzido ao privado e com fim procriativo. À concepção de racionalidade e eficiência burguesa soma- se a produtividade. O sexo subjetivo, humano, prazeroso desaparece. O corpo é negado no trabalho e na repressão sexual. O “eu” corporal não existe; existem, sim, a civilidade e a máscara social. Sobre o sexo nasce a cultura da vergonha e do pecado em níveis tão profundos que nem mesmo a Idade Média tinha conseguido (NUNES, 1987,p.93). A citação sintetiza a consciência sexual presente no início do mundo moderno. Enfatiza a forte repressão sofrida, com níveis mais altos do que os percebidos durante o período medieval, este dado é bastante interessante, pois o capitalismo apropria-se de um controle estabelecido anteriormente pela Igreja, para dominar os indivíduos a fim de garanti-los como mão-de-obra barata nas indústrias. Todo este contexto começa a sofrer modificações com a intervenção de dois meios, de um lado, a medicina, que por meio de estudos científicos reconfigura o pensamento sexual da época, e do outro, os movimentos de libertação sexual. Nunes afirma que “de diversas formas explodem os movimentos de contestação [...] em todos esses movimentos estava presente a libertação sexual, que era símbolo e matriz de outras liberdades exigidas”. (NUNES, 1987, p.98). Os movimentos sociais desencadeados no início do século XX, como a luta da mulher pelo direito ao voto, a reivindicação feminina pelo acesso à Universidade e a vida profissional, a 1ª Guerra Mundial, dentre outros, trouxeram uma nova configuração social. Todos estes processos determinados principalmente pelo progresso tecnológico motivou o alto índice de consumo das massas, disseminando a ideia de que ao homem cabia o ter e não o ser (SPITZNER, 2005, p.72). Nunes (1987, p.98) afirma que [...] o capitalismo 50 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 apreendeu a sexualidade como o grande grito e incorporou-a à sua máquina de consumo[...]. Percebemos a partir da citação que mais uma vez o capitalismo consegue apropriar-se de uma ideia
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