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FUNÇÃO RENAL Funções do Néfron e Urina Cada rim humano contém cerca de 800.000 a 1 milhão de néfrons, cada um dos quais é capaz de formar urina. O rim não pode regenerar novos néfrons. Portanto, com a lesão renal, doença ou envelhecimento, o número de néfrons reduz-se gradualmente. Um exemplo disso: Após os 40 anos de idade, o número de néfrons funcionais geralmente diminui por cerca de 10% a cada 10 anos; dessa forma, com 80 anos, muitas pessoas têm 40% a menos de néfrons funcionais em comparação à idade de 40 anos. Essa perda não põe risco à vida, porque alterações adaptativas nos néfrons remanescentes os permitem excretar a quantidade apropriada de água, eletrólitos e produtos residuais. Cada néfron contém: Grupo de capilares glomerulares chamado glomérulo, pelo qual grandes quantidades de líquido são filtradas do sangue; Longo túbulo, no qual o líquido filtrado é convertido em urina, no trajeto para a pelve renal Os capilares glomerulares são recobertos por células epiteliais, e todo o glomérulo é envolvido pela cápsula de Bowman. Líquido filtrado pelo glomérulo Interior da cápsula de Bowman Interior do túbulo proximal que se situa na zona cortical renal Interior da alça de Henle Obs: no final do ramo ascendente espesso da alça de Henle, temos a mácula densa, que é uma placa de células epiteliais, cuja existência auxilia na função do néfron. Como? - A mácula densa capta alterações na concentração de sódio, sendo que uma maior concentração de sódio no filtrado é entendida como uma elevada TFG. Embora cada néfron tenha todos os componentes descritos anteriormente, existem algumas diferenças, dependendo de quão profundos os néfrons se situam no interior do parênquima renal. Eles se dividem em dois: Néfrons corticais: eles têm alças de Henle curtas, que penetram apenas em pequena extensão no interior da medula; Néfrons justaglomerulares: esses néfrons têm longas alças de Henle que mergulham profundamente no interior da medula, em direção às papilas renais. As estruturas vasculares que suprem os néfrons justamedulares também diferem das que suprem os néfrons corticais. Para os néfrons corticais, todo o sistema tubular é envolvido por extensa malha de capilares peritubulares. Para os néfrons justamedulares, longas arteríolas eferentes se estendem dos glomérulos para a região externa da medula e, então, se dividem em capilares peritubulares especializados, denominados vasa recta que se estendem para o interior da medula, acompanhando, paralelamente, as alças de Henle. Assim como a alça de Henle, os vasa recta retornam para a zona cortical e se esvaziam nas veias corticais. Essa rede especializada de capilares na medula tem papel importante na formação de urina concentrada. EXCESSO DE ÁGUA X FALTA DE ÁGUA 1. Excesso: Quando ocorre grande excesso de água no corpo, o rim é capaz de excretar o equivalente a 20 L/dia de urina diluída, com concentração tão baixa quanto 50 mOsm/L. O rim executa essa função pela manutenção da reabsorção de solutos, ao mesmo tempo que deixa de reabsorver a maior parte da água do líquido tubular nas partes distais do néfron, incluindo o túbulo distal final e os ductos coletores. Portanto, após a ingestão de água em excesso, o rim elimina do corpo esse excesso, porém sem aumentar a excreção de solutos. 2. Escassez A capacidade do rim, de formar urina mais concentrada que o plasma, é essencial para a sobrevivência dos mamíferos terrestres, inclusive dos seres humanos. A água é continuamente perdida do corpo por várias vias, incluindo os pulmões, por evaporação para o ar expirado, o trato gastrointestinal, pelas fezes, a pele, por evaporação e sudorese, e os rins, pela eliminação de urina. Consumo de líquido é necessário para compensar essa perda, mas a capacidade dos rins em produzir pequeno volume de urina concentrada minimiza a ingestão de líquido necessária para manter a homeostasia, função especialmente importante quando ocorre escassez de água. Quando ocorre déficit hídrico no corpo, os rins geram urina concentrada por continuar a excretar solutos, ao mesmo tempo em que aumenta a reabsorção de água, diminuindo o volume de urina formado. Simplificando: Quanto maior a osmolaridade, mais necessidade de ingestão de líquido Osmolaridade Concentração Quando a osmolaridade está baixa vai haver um meio mais concentrado. Essa osmolaridade é determinada pelos osmorreceptores que são regulados pelo hipotálamo. Para haver essa alta concentração na urina, é importante que hajam duas coisas: Um alto nível de ADH, pois ele aumenta a permeabilidade dos túbulos distais e ductos coletores à água, aumentando a reabsorção de água. Uma alta osmolaridade do líquido intersticial medular renal que produz o gradiente osmótico necessário para a reabsorção de água em presença de altos níveis de ADH. Assim, a capacidade de concentração urinária é limitada pelo nível de ADH e pelo grau de hiperosmolaridade da medula renal. Lógica do esteroide aldosterona 1. Alto nível de aldosterona 2. Aldosterona aumenta a reabsorção do sódio 3. Maior captação de sódio 4. Sódio retém/puxa água 5. Maior concentração da urina Eis a questão, está correto? Sim, pelo mecanismo da renina-ang-aldos O processo pelo qual o líquido intersticial da medula renal se torna hiperosmótico envolve a atuação do mecanismo multiplicador de contracorrente. Contracorrente ocorre principalmente no túbulo contorcido proximal O mecanismo multiplicador de contracorrente depende da: Disposição anatômica peculiar das alças de Henle e dos vasa recta, dos capilares peritubulares especializados da medula renal. No ser humano, cerca de 25% dos néfrons correspondem a néfrons justaglomerulares, com alças de Henle e vasa recta que mergulham profundamente na medula renal antes de retornarem ao córtex. Algumas das alças de Henle ocupam todo o trajeto até as extremidades das papilas renais que se projetam da medula até a pelve renal. Paralelamente às longas alças de Henle, estão os vasa recta que também descem sob forma de alças rumo à medula, antes de retornarem ao córtex renal. E finalmente os ductos coletores, que conduzem a urina pela medula renal hiperosmótica antes de sua excreção, desempenham papel crítico no mecanismo de contracorrente. A osmolaridade do líquido intersticial, em quase todas as partes do corpo, é de cerca de 300 mOsm/L, o que representa valor similar à osmolaridade do plasma. A osmolaridade do líquido intersticial medular renal é muito mais alta e pode aumentar, progressivamente, para 1.200 a 1.400 mOsm/L no limite pélvico da medula. Isso significa que o interstício medular renal tem acumulado solutos em excesso da água. Assim, logo que a alta concentração de solutos for atingida na medula, ela será mantida pelo equilíbrio entre a entrada e a saída de solutos e água na medula. Os principais fatores que contribuem para o aumento da concentração de solutos na medula renal são os seguintes: 1. Transporte ativo de íons sódio e cotransporte de íons potássio, cloreto e outros íons, do ramo ascendente espesso da alça de Henle para o interstício medular. 2. Transporte ativo de íons dos ductos coletores para o interstício medular. 3. Difusão facilitada de grande quantidade de ureia, dos ductos coletores medulares internos para o interstício medular. 4. Difusão de apenas pequena quantidade de água dos túbulos medulares para o interstício medular, em proporção bastante inferior à reabsorção de solutos para o interstício medular. OBS: Mesmo diante de níveis mais elevados de ADH, a capacidade de concentração urinária é reduzida quando o fluxo sanguíneo, para a medula renal, aumenta o suficiente aponto de diminuir a hiperosmolaridade nessa região do rim. Quando ocorre alta concentração de ADH, o túbulo coletor cortical fica muito permeável à água; desse modo, grande quantidade de água passa a ser reabsorvida do túbulo para o interstício cortical, local de onde é removida pelos capilares peritubulares com fluxo rápido. ”””O fato de essa grande quantidade de água ser absorvida no córtex e, não na medula renal, auxilia na conservação da alta osmolaridade do líquido intersticial medular. A água reabsorvida vai para onde? A água reabsorvida é conduzida pelos vasa recta para o sangue venoso. Em presença de altos níveis de ADH, os ductos coletores ficam permeáveis à água, de modo que o líquido no final desses ductos tenha basicamente a mesma osmolaridade do líquido intersticial da medula renal. Assim, por meio da reabsorção da maior quantidade possível de água, os rins formam urina muito concentrada, excretando quantidades normais de solutos na urina, enquanto devolvem a água de volta ao líquido extracelular, compensando os déficits hídricos do corpo. Urina Diluída x Urina Concentrada: Antes de aprofundar sobre a formação da urina diluída ou concentrada, é importante saber alguns conceitos. Os rins mantêm a homeostase corporal através da diluição ou concentração urinária, ou seja, controlam a quantidade de água, solutos e, consequentemente, a sua osmolaridade. Diante disso, deve-se entender o significado de cada uma delas: Urina diluída: denominada urina hiposmótica, sua osmolaridade é menor que a osmolaridade sanguínea. Urina concentrada: denominada urina hiperosmótica, na qual a osmolaridade da urina é maior que a osmolaridade sanguínea. Interstício medular hiperosmótico O que contribui para essa hiperosmolaridade? Além da contribuição do cloreto de sódio para a hiperosmolaridade do interstício medular renal, temos também a ureia. A ureia contribui com cerca de 40% a 50% da osmolaridade do interstício da medula renal, quando o rim está formando urina maximamente concentrada. Ao contrário do cloreto de sódio, a ureia é reabsorvida passivamente pelo túbulo. Quando ocorre déficit de água e a concentração de ADH é alta, grande quantidade de ureia é passivamente reabsorvida dos ductos coletores medulares internos para o interstício. Na presença de altas concentrações de ADH, a água é rapidamente reabsorvida pelo túbulo coletor cortical e a concentração de ureia aumenta rapidamente. Essa concentração elevada da ureia faz com que esse metabólito se difunda para fora do túbulo para o líquido intersticial renal. Essa difusão é bastante facilitada por transportadores específicos de ureia, UT- A1 e UT-A3. Esses transportadores de ureia são ativados pelo ADH, aumentando o transporte de ureia para fora do ducto coletor medular interno, mesmo quando os níveis de ADH se encontram elevados. O papel fundamental da ureia, em contribuir para concentração da urina, é evidenciado pelo fato de que indivíduos com dieta rica em proteína, com subsequente produção de grande quantidade de ureia, como “resíduo” nitrogenado, se mostram capazes de concentrar sua urina de forma muito mais satisfatória, em comparação a indivíduos com dieta pobre em proteína e, portanto, com baixa produção de ureia. Vasa recta mito também ajuda na hiperosmolaridade!!! Sem sistema de fluxo sanguíneo medular especial, os solutos, bombeados na medula renal pelo sistema multiplicador de contracorrente, seriam rapidamente dissipados. Existem duas características peculiares do fluxo sanguíneo medular renal que contribuem para a preservação das altas concentrações de soluto: 1. O fluxo sanguíneo medular é baixo, demandando menos que 5% do fluxo sanguíneo renal total. Esse lento fluxo sanguíneo é suficiente para suprir as necessidades metabólicas dos tecidos e auxilia na minimização da perda de soluto do interstício medular. 2. Os vasa recta servem como trocadores por contracorrente, minimizando a retirada de solutos do interstício medular. Ok, mas como ela colabora que eu não entendi? - Os vasa recta não geram a hiperosmolaridade medular, ELES EVITAM a sua dissipação. Então eles agem como uma equipe de manutenção mesmo. Passo a passo do sistema de feedback osmorreceptor e ADH 1. O aumento da osmolaridade do líquido extracelular (que, em termos práticos, indica elevação na concentração plasmática de sódio) provoca o murchamento de neurônios específicos, referidos como células osmorreceptoras, localizadas no hipotálamo anterior, próximo aos núcleos supraópticos. 2. O murchamento estimula as células osmorreceptoras fazendo-as enviar sinais a outros neurônios situados nos núcleos supraópticos; estes, por sua vez, retransmitem esses sinais pelo pedículo da glândula hipófise para a hipófise posterior. 3. Esses potenciais de ação, conduzidos até a hipófise posterior, estimulam a liberação de ADH, armazenado em grânulos secretórios (ou vesículas secretórias), nas terminações nervosas. 4. O ADH entra na corrente sanguínea e é transportado até os rins, onde promove o aumento da permeabilidade da porção final dos túbulos distais, dos túbulos coletores corticais e dos ductos coletores medulares à água. 5. A permeabilidade elevada à água, nos segmentos distais do néfron, leva ao aumento da reabsorção de água e à excreção de pequeno volume de urina concentrada. Dessa forma, a água é conservada no corpo, enquanto o sódio e outros solutos continuam a ser excretados na urina (CASO DE DÉFICIT DE ÁGUA). Filtração Renal Antes de adentrar na filtração renal, cabe salientar as múltiplas funções dos rins: • Excreção de produtos indesejáveis do metabolismo e de substâncias químicas estranhas. • Regulação do equilíbrio de água e dos eletrólitos. • Regulação da osmolalidade dos líquidos corporais e da concentração de eletrólitos. • Regulação da pressão arterial. • Regulação do equilíbrio ácido-base. • Regulação da produção de hemácias. • Secreção, metabolismo e excreção de hormônios. • Gliconeogênese (equivalente ao fígado). Pronto, após essa básica introdução a fisiologia renal, vamos para a filtração propriamente dita! O primeiro passo na formação de urina é a filtração de grandes quantidades de líquidos através dos capilares glomerulares para dentro da cápsula de Bowman — quase 180 L ao dia. A maior parte desse filtrado é reabsorvida, deixando apenas cerca de 1 L de líquido para excreção diária, embora a taxa de excreção renal de líquidos possa ser muito variável, dependendo da ingestão. A elevada taxa de filtração glomerular depende da alta taxa de fluxo sanguíneo renal, bem como de propriedades especiais das membranas nos capilares glomerulares. A FG é determinada pelo: (1) Balanço das forças hidrostáticas e coloidosmóticas, atuando através da membrana capilar; (2) O coeficiente de filtração capilar (Kf), o produto da permeabilidade e da área de superfície de filtração dos capilares. Expressa matematicamente, a FG é igual ao produto de Kf pela pressão líquida de filtração: FG = Kf × Pressão líquida de filtração A membrana glomerular (barreira de filtração) é composta por: Endotélio: é perfurado por milhares de pequenos orifícios chamados fenestrações, embora as fenestrações sejam relativamente grandes, as proteínas das células endoteliais são ricamente dotadas de cargas fixas negativas que impedem a passagem das proteínas plasmáticas. Membrana basal: consiste em uma trama de colágeno e fibrilas proteoglicanas com grandes espaços, pelos quais grande quantidade de água e de pequenos solutos pode ser filtrada. A membrana basal evita de modo eficiente a filtração das proteínas plasmáticas, em parte devido às fortes cargas elétricas negativas associadas aos proteoglicanos. Camada celular (podócitos): são separados por lacunas, chamadasfendas de filtração, pelas quais o filtrado glomerular se desloca. As células epiteliais, que também contêm cargas negativas, criam restrições adicionais para a filtração das proteínas plasmáticas. Assim, todas as camadas da parede capilar glomerular representam barreiras à filtração das proteínas do plasma. Obs: A Filtrabilidade dos Solutos é Inversamente Relacionada ao seu Tamanho. Grandes Moléculas, com Carga Negativa, São Filtradas Menos Facilmente que Moléculas com Carga Positiva com Igual Dimensão Molecular. Fluxo sanguíneo renal A parte externa do rim, o córtex renal, recebe a maior parte do fluxo sanguíneo renal. O fluxo sanguíneo para a medula renal corresponde a apenas 1 a 2% do fluxo sanguíneo renal total. O fluxo para a medula renal é suprido por parte especializada do sistema capilar peritubular, denominada vasa recta. Esses vasos entram na medula paralelamente ao ramo descendente das alças de Henle, formam várias alças em diferentes níveis da medula e retornam ao córtex, também paralelo, às alças de Henle, antes de se escoarem para o sistema venoso. Quem controla o fluxo sanguíneo renal? Sistema nervoso simpático Inerva as arteríolas aferente e eferente, produzindo vasoconstrição Angiotensina ll Potente vasoconstritor das arteríolas aferentes e eferentes Prostaglandinas Produzidas no rim, vasodilatadoras das arteríolas aferentes e eferentes Obs: se a aferente é dilatada e a eferente constrita aumenta-se a concentração glomerular. Se a aferente é constrita e a eferente dilatada diminui-se a concentração glomerular. A INTENSA ATIVAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO DIMINUI A FG Hormônios Efeito na FG Norepinefrina Diminui Epinefrina Diminui Endotelina Diminui Angiotensina ll Previne diminuição Óxido nítrico derivado do endotélio Aumenta Prostaglandinas Aumenta Autacoide = hormônio parácrino Norepinefrina, Epinefrina e Endotelina Provocam Constrição dos Vasos Sanguíneos Renais e Diminuem a FG. Momento curiosidade sobre a endotelina Outro vasoconstritor, a endotelina, é peptídeo que pode ser liberado por células endoteliais vasculares lesionadas dos rins, assim como por outros tecidos. O papel fisiológico desse autacoide não está completamente esclarecido. Entretanto, a endotelina pode contribuir para a hemostasia (minimizando a perda sanguínea) quando um vaso sanguíneo é cortado, o que lesiona o endotélio e libera este poderoso vasoconstritor. Os níveis de endotelina plasmática também estão aumentados em várias doenças associadas à lesão vascular, tais como toxemia da gravidez, insuficiência renal aguda e uremia crônica, e podem contribuir para a vasoconstrição renal e diminuição da FG, em algumas dessas condições fisiopatológicas. As arteríolas aferentes, aparentam estar relativamente protegidos da constrição mediada pela angiotensina II, na maioria das condições fisiológicas, associadas à ativação do sistema renina-angiotensina, tais como dieta pobre em sódio duradoura ou pressão de perfusão renal reduzida devido à estenose da artéria renal. Essa proteção se deve à liberação de vasodilatadores, especialmente óxido nítrico e prostaglandinas, que neutralizam o efeito vasoconstritor da angiotensina II nesses vasos sanguíneos. As arteríolas eferentes, entretanto, são muito sensíveis à angiotensina II. Como a angiotensina II preferencialmente ocasiona constrição das arteríolas eferentes, o aumento dos níveis de angiotensina II eleva a pressão hidrostática glomerular, enquanto reduz o fluxo sanguíneo renal. Ao mesmo tempo, a constrição das arteríolas eferentes, induzida pela angiotensina II, eleva a reabsorção tubular de sódio e de água, o que ajuda a restaurar o volume e a pressão sanguínea. Esse efeito da angiotensina II em auxiliar na “autorregulação”. Importância da autorregulação da FG Normalmente, a FG é de cerca de 180 L/dia e a reabsorção tubular é de 178,5 L/dia, deixando 1,5 L/dia de líquido para ser excretado pela urina. Na ausência de autorregulação, aumento relativamente pequeno na pressão sanguínea (de 100 a 125 mmHg) poderia causar aumento semelhante de 25% na FG (de aproximadamente 180 a 225 L/dia). Caso a reabsorção tubular permanecesse constante em 178,5 L/dia, o fluxo de urina aumentaria para 46,5 L/dia (a diferença entre a FG e a reabsorção tubular) — aumento total na urina de mais de 30 vezes. Como o volume plasmático total é de apenas cerca de 3 litros, tal alteração depletaria rapidamente o volume sanguíneo. Na realidade, as variações da pressão arterial costumam exercer muito menos efeito sobre o volume de urina por dois motivos: (1) a autorregulação renal evita grandes alterações da FG; (2) existem mecanismos adaptativos adicionais nos túbulos renais que os permitem aumentar a intensidade da reabsorção, quando a FG se eleva, fenômeno conhecido como balanço glomerulotubular. Até mesmo com esses mecanismos especiais de controle, variações da pressão arterial ainda têm efeitos significativos na excreção renal de água e sódio; isto é conhecido como diurese pressórica ou natriurese pressórica e é crucial para a regulação do volume dos líquidos corporais e da pressão arterial. FEEDBACK TUBULOGLOMERULAR E AUTORREGULAÇÃO DA FG Os rins têm um mecanismo especial de feedback que relaciona as mudanças na concentração de cloreto de sódio na mácula densa com o controle da resistência arteriolar renal e a autorregulação da FG. O mecanismo de feedback tubuloglomerular tem dois componentes que agem em conjunto para controlar a FG: (1) mecanismo de feedback arteriolar aferente; (2) mecanismo de feedback arteriolar eferente. Esses mecanismos de feedback dependem da disposição anatômica especial do complexo justaglomerular. A Diminuição da Concentração de Cloreto de Sódio na Mácula Densa Causa Dilatação das Arteríolas Aferentes e Aumento da Liberação de Renina. FG diminuída torne mais lento o fluxo na alça de Henle, causando reabsorção aumentada da porcentagem de íons sódio e cloreto fornecidos no ramo ascendente, reduzindo por meio disso a concentração de cloreto de sódio nas células da mácula densa. Essa queda da concentração de cloreto de sódio na mácula densa desencadeia um sinal que tem dois efeitos: (1) reduz a resistência ao fluxo sanguíneo nas arteríolas aferentes, o que eleva a pressão hidrostática glomerular e ajuda a retornar a FG ao normal; (2) aumenta a liberação de renina, pelas células justaglomerulares das arteríolas aferentes e eferentes que são os locais de maior estocagem da renina. A renina liberada por essas células funciona como enzima que aumenta a formação de angiotensina I, que é convertida em angiotensina II. Por fim, a angiotensina II contrai as arteríolas eferentes, o que eleva a pressão hidrostática glomerular e auxilia no retorno da FG ao normal. Esses dois componentes do mecanismo de feedback tubuloglomerular operam em conjunto, por meio da estrutura anatômica especial do aparelho justaglomerular, fornecendo sinais de feedback às arteríolas aferentes e eferentes para a autorregulação eficiente da FG durante as variações da pressão arterial. Proteinuria Os adultos excretam, em média, 100mg/dia de proteína por via urinária. Taxas de excreção repetidamente maiores do que 200mg/dia são associadas com piora de desfechos renais e, em geral, têm indicação de avaliação formal. Pacientes com excreção de proteínas superior a 200mg/24h estão sujeitos a um aumento da permeabilidade renal a macromoléculas como a albumina, sugerindo que pode estar presente uma patologia glomerular. Os agentes vasopressores, como a angiotensina e a norepinefrina, tendem a aumentar a proteinúria. A albumina é a proteína dominante filtrada pelo glomérulo e, portanto, é o mais consistentemarcador de patologia glomerular. Principais formas de proteinúria Proteinúria glomerular Ocorre por aumento de filtração de macromolecular como a albumina pelo glomérulo Proteinúria tubular Ocorre por alteração da reabsorção tubular; ocorre perda de proteínas de baixo peso glomerular como a ß-2- microglobulina. Proteinúria por hiperfluxo Ocorre por hiperprodução de alguma proteína, como imunoglobulinas no mieloma múltiplo, ou mioglobina em pacientes com rabdomiólise. O mecanismo ainda é incerto; ocorre após Proteinúria pós renal processos inflamatórios urinários com aumento de proteínas urinárias como imunoglobulinas e outras proteínas não albuminas. O tipo de proteinúria do problema provavelmente é a proteinúria glomerular, pois havia uma redução da taxa de filtração glomerular em 75% (isso tinha no texto). Relação da albumina com o edema: Pelo fato da albumina ser uma proteína circulante, ela mantém os líquidos circulando. Quando a albumina está diminuída, abaixo de 2,5g% no sangue, não consegue mais manter a água dentro dos vasos e esta se difunde pelos tecidos. Na doença renal, o edema é devido a retenção de água e sal que não são eliminados convenientemente. Hipertensão, pré-eclâmpsia e eclampsia Hipertensão primária: Múltiplos fatores provavelmente estão envolvidos na manutenção da PA elevada (teoria do mosaico-fluidez da membrana). Nas arteríolas sistêmicas aferentes, a disfunção das bombas iônicas nos sarcolemas (membrana celular) das células musculares lisas pode conduzir à elevação crônica do tônus vascular. A hereditariedade é um fator predisponente, mas o mecanismo exato não está esclarecido. Fatores ambientais (p. ex., sódio na dieta, obesidade, estresse) parecem afetar somente pessoas geneticamente suscetíveis em idades mais jovens; no entanto, em pacientes > 65, é mais provável que alta ingestão de sódio precipite hipertensão. Hipertensão secundária Causas comuns incluem: - Aldosteronismo primário - Doenças do parênquima renal (p. ex., glomerulonefrite ou pielonefrite crônica, doença renal policística, doenças do tecido conjuntivo e uropatia obstrutiva) - Doença renovascular - Apneia do sono Outras causas mais raras incluem feocromocitoma, síndrome de Cushing, hiperplasia adrenal congênita, hipertireoidismo, hipotireoidismo (mixedema), hiperparatireoidismo primário, acromegalia, coarctação da aorta e síndromes de excesso de mineralocorticoides além do aldosteronismo primário. A ingestão excessiva de álcool e o uso de contraceptivos orais são causas comuns de hipertensão curável. O uso de simpaticomiméticos, AINEs, corticoides, cocaína ou alcaçuz geralmente contribui para piorar o controle da pressão arterial. Diferença entre a primária e secundária A hipertensão primária não tem uma causa específica conhecida e é a que atinge o maior número de pacientes, correspondendo a 90% dos casos. O outro tipo é a hipertensão secundária, provocado secundariamente por uma causa identificável. Pré-eclâmpsia Pré-eclâmpsia é o surgimento da hipertensão e proteinúria após 20 semanas de gestação. Pré-eclâmpsia afeta 3 a 7% das gestantes. Pré-eclâmpsia não tratada permanece latente por tempo variável e, então, repentinamente, caminha para eclampsia Eclâmpsia Eclâmpsia é a ocorrência de convulsões generalizadas e inexplicadas em mulheres com pré-eclâmpsia. O diagnóstico é clínico e pela mensuração de proteínas urinárias. O tratamento normalmente é com sulfato de magnésio IV e parto a termo. A pré-eclâmpsia e a eclâmpsia se desenvolvem após 20 semanas de gestação; até 25% dos casos se desenvolvem pós-parto, com mais frequência nos 4 primeiros dias, mas, em alguns casos, em até 6 semanas após o parto Fisiopatologia A fisiopatologia da pré-eclâmpsia e eclâmpsia é parcialmente compreendida. Os fatores podem ser o desenvolvimento insuficiente das arteríolas espiraladas uteroplacentárias (que diminuem o fluxo sanguíneo uteroplacentário em gestação tardia), uma anormalidade genética no cromossomo 13, anormalidades imunológicas e isquemia ou infartos placentários. Como a pressão arterial é igual ao débito cardíaco (DC) x resistência vascular periférica (RVP) total, mecanismos patogênicos devem envolver DC aumentado; RVP aumentada; Ambos. Na maioria dos pacientes, o DC é normal ou levemente aumentado e a RVP está elevada. Esse padrão é típico de hipertensão primária e de hipertensão decorrente de aldosteronismo primário, feocromocitoma, doença renovascular e doença do parênquima renal. Em outros pacientes, o DC está aumentado (possivelmente em virtude de venoconstrição de grandes veias) e a RVPT está inadequadamente normal para o nível de DC. Patologias e insuficiência renal A insuficiência renal ocorre quando os rins não são capazes de filtrar devidamente os resíduos metabólicos do sangue. Ela pode ser aguda ou crônica. Algumas levam a uma rápida diminuição da função renal (lesão renal aguda, também chamada insuficiência renal aguda). Outras levam a um declínio gradual da função renal (doença renal crônica, também chamada insuficiência renal crônica). Crônica A doença renal crônica é uma diminuição lenta e progressiva (durante meses ou anos) da capacidade dos rins de filtrar os resíduos metabólicos do sangue. As causas principais são diabetes e pressão arterial alta. O sangue se torna mais ácido, anemia se desenvolve, os nervos são prejudicados, o tecido ósseo se deteriora e o risco de aterosclerose aumenta. OBS: qualquer distúrbio que possa provocar a lesão renal aguda pode causar doença renal crônica, caso não haja tratamento. A insuficiência se dá pela lesão dos vasos renais. Hemodiálise e seus tipos Diálise é o nome genérico que se dá a qualquer procedimento que promova a remoção das substâncias tóxicas que ficam retidas quando os rins deixam de funcionar adequadamente. De uma maneira muito simplificada seria a filtragem do sangue. Hemodiálise - Uso de um equipamento específico que filtra o sangue diretamente e o devolve ao corpo do paciente com menos impurezas. A hemodiálise é realizada em serviços de nefrologia especializados e tem duração média de três a quatro horas, três vezes por semana. Hemodiálise - representação Obs: Na hemodiálise total no hospital podem ser necessárias muitas horas durante o dia, o que tem impacto na vida profissional, familiar e em outros compromissos. Muitas pessoas a fazer hemodiálise também têm restrições na dieta e toma de líquidos. Por isso, existem outras opções de hemodiálise. Estas incluem a hemodiálise em autocuidado, hemodiálise domiciliária e hemodiálise nocturna. Estas opções têm como finalidade aumentar a flexibilidade, permitir uma dieta normal sem demasiadas restrições e promover a qualidade de vida de um doente a fazer diálise. Diálise peritoneal - Uso de equipamento específico que infunde e drena uma solução especial diretamente no abdômen do paciente, sem contato direto com o sangue. No caso da diálise peritoneal, há alguns tipos distintos, mas a mais difundida chama-se DPA, e é realizada no próprio domicílio do paciente com o auxílio de um equipamento portátil. A DPA tem duração média de nove horas e pode ser realizada enquanto o paciente dorme todas as noites (sete vezes por semana). Diálise peritoneal - representação A diálise peritoneal proporciona flexibilidade e pode ser adaptada a compromissos profissionais, familiares e sociais. Toxina da carambola: perigo renal Doentes renais crónicos devem evitar de todas as formas o consumo de carambola pois esta fruta possui uma toxina que provoca altrerações neurológicas diversas desde confusão mental, agitação, insônia, fraqueza muscular, alteração da sensibilidade dos membros,convulsões, coma e até morte. A carambola possui uma neurotoxina capaz de provocar alterações neurológicas em pacientes com doença renal crônica (DRC), envolvendo alterações como soluços e confusão mental, até quadros graves como convulsões e morte. Essa neurotoxina parece apresentar inibição sobre o sistema GABAérgico, que é o principal sistema inibitório do Sistema Nervoso Central (SNC), formado por neurônios que contém ácido gama- aminobutírico (GABA). As membranas celulares da maioria dos neurônios e astrócitos do SNC expressam receptores de GABA, que diminuem a excitabilidade neuronal através de vários tipos de mecanismos. Em virtude de sua distribuição disseminada, os receptores de GABA influenciam muitos circuitos e funções neurais. Nos pacientes com DRC, a neurotoxina não é devidamente excretada, ocorrendo elevação de seus níveis séricos, o que permitiria sua passagem pela barreira hematoencefálica e consequente ação sobre o SNC. A neurotoxicidade da fruta é decorrente da ação do oxalato e de uma toxina chamada caramboxina que apresenta um poder excitatório, convulsivante e neurodegenerativo. Pressão hidrostática – afrerente e eferente Pressão coloidosmótica – proteína Alguns conceitos importantes na fisiologia renal: Pressão intracapsular – capsula de bowman Tubulo renal – absorver concentração da urina se o paciente ta com oliguria, vc subentende q a lesão está no túbulo. Contracorrente principalmente no túbulo contorcido proximal O rim é mais eficaz na regulação do ph do q o pulmão (pq excreta), o pulmão é mais rápido. Falta de transportadores no diabetes gera glicosuria. Essa glicosuria pode gerar infecções e também aumenta o volume urinário.
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