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Semiologia Maria Fernanda de Assis INTRODUÇÃO ERROS COMUMS “Eu quero ser veterinário. Eu gosto de animais e não quero lidar com pessoas.” “Eu não tenho o dom (ou paciência) de conversar com proprietários.” “Como ele pôde deixar o animal chegar nessa situação? Vou cobrar caro para ele aprender!” SEMIOLOGIA → Parte da medicina que estuda os métodos de exame clínico, pesquisa os sintomas e os interpreta, reunindo, dessa forma os elementos necessários para construir o diagnóstico e presumir a evolução da enfermidade. “semeion = sinal + lógus = estudo” SEMIOTÉCNICA Examinar o paciente usando todos os recursos possíveis → “arte de examinar o paciente” FÍSICA: utiliza recursos físicos (inspeção utiliza a visão para examinar o paciente) FUNCIONAL: determina alterações por meio de registro em gráficos (eletrocardiograma) EXPERIMENTAL: provoca alterações para comprovar o diagnóstico (testes de alergia, tuberculose) CLÍNICA PROPEDÊUTICA: reúne e interpreta os dados obtidos pelo exame do paciente (raciocínio e análise) para estabelecer o diagnóstico SEMIOGÊNESE: Busca explicar o mecanismo pelo qual os sintomas aparecem e se desenvolvem (ex: tosse) POR QUE DIAGNOSTICAR? • Estabelecer o diagnóstico correto • Auxiliar na melhor forma de resolução • Presumir evolução CONHECIMENTO, PRÁTICA E EXPERIÊNCIA SEM SEMIOLOGIA = SEM DIAGNÓSTICO CONCEITOS GERAIS Sintoma X Sinal Na medicina veterinária o sintoma é todo fenômeno anormal, orgânico funcional, Semiologia Maria Fernanda de Assis pelo qual as doenças se manifestam no animal O que o animal “sente” = queixa do proprietário → sintoma O sinal é a conclusão que o clínico retira dos sintomas avaliados com a semiotécnica, identificando uma manifestação compatível com uma condição clínica (ex: sinal de Godet positivo). **sinal clínico é mais preferível** SINTOMAS→ CLASSIFICAÇÃO LOCAIS: claudicação, hiperemia conjuntival GERAIS: Febre, anorexia, depressão PRINCIPAIS: dispneia, disúria, êmese PATOGNOMÔNICOS: pertencem ou representam uma enfermidade, são extremamente ratos em medicina veterinária SINTOMAS → EVOLUÇÃO INICIAIS: primeiros sintomas observados, os que revelam a doença TARDIOS: aparecem no período de plena estabilização ou declínio da doença RESIDUAIS: sequelas, animais já recuperados SINTOMAS →MECANISMOS DE PRODUÇÃO ANATÔMICOS: alteração de órgão ou tecido (espleno/hepato) FUNCIONAIS: alteração na função do órgão (ex: claudicação) REFLEXOS: originados longe da área em que o principal sintoma aparece (icterícia, sudorese em casos de cólica) SÍNDROME Conjunto de sinais clínicos, de múltiplas causas que afetam vários sistemas. Podem ser específicas (abdômen agudo) ou inespecífica (febre). Quando são adequadamente reconhecidos e considerados em conjuntos, podem caracterizar determinada enfermidade ou lesão. NEM SEMPRE REVELA A CAUSA! FEBRE Mais antiga síndrome Semiologia Maria Fernanda de Assis • Ressecamento da boca • Aumento da FR e FR • Perda parcial/total do apetite • Oligúria • Hipertermia DIAGNÓSTICO NASOLÓGICO OU CLÍNICO Quando o clínico chega a uma conclusão através da integração da anamnese, exame clínico e físico e/ou exames complementares. TERAPÊUTICO Quando realiza um procedimento medicamentoso e há resposta favorável, leva em conta o diagnóstico clínico. ANATÔMICO Doenças que produzem modificações anatômicas que podem ser encontradas no exame macroscópico do órgão. ETIOLÓGICO Conclusão do clínico sobre o fator determinante da doença HISTOPATOLÓGICO Análise de tecido do qual se suspeita uma doença PROVÁVEL, PROVISÓRIO OU PRESUNTIVO Quando não se estabelece de imediato um diagnóstico, aguarda a evolução do caso para realizar o diagnóstico de exclusão PRINCIPAIS CAUSAS DE ERROS • Anamnese incompleta ou preenchida erroneamente • Exame físico superficial ou feito às pressas • Avaliação precipitada ou falsa dos achados clínicos • Conhecimento ou domínio insuficiente dos métodos de exame físico disponível • Impulso precipitado em tratar o paciente antes mesmo do diagnóstico DIAGNÓSTICO ➢ Elaboração de hipóteses ➢ Avaliação das hipóteses obtidas ➢ Para um clínico, não existe enfermidade, e sim enfermos ➢ Avaliação individual! ➢ Não tenha pressa ➢ Pensar nas hipóteses mais simples ➢ Não tome um rótulo por diagnóstico ➢ Não seja tão seguro de si Semiologia Maria Fernanda de Assis ➢ Não hesite em rever seu diagnóstico, de tempos em tempos, nos casos crônicos Diagnóstico → Anamnese 50%; Exame físico 35%; Exames complementares 15% PROGNÓSTICO • Perspectiva de salvar a vida • Perspectiva de recuperar a saúde ou curar o paciente • Perspectiva de manter a capacidade funcional dos órgãos acometidos • Favorável x Desfavorável • Reservado (curso imprevisível) • Idade, raça, espécie, valor econômico TRATAMENTO CAUSAL: opta por um meio que combata a doença ou trata com o que falta ao animal (ex: administração de Ca em casos de hipocalcemia) SINTOMÁTICO OU DE SUPORTE: quando combate apenas os sintomas (ex: febre = dipirona) PATOGÊNICO: procura modificar o mecanismo de desenvolvimento da doença (ex: soro antitetânico) VITAL: faz-se para evitar o aparecimento de complicações que possam fazer o animal sofrer grave risco de morte (ex: transfusão sanguínea) CURATIVO: quando há cura da doença (ex: cirurgia de hiperplasia de tireoide MÉTODOS GERAIS DA EXPLORAÇÃO FÍSICA Aporte sensorial adquirido Saber o que é o normal para saber quando ver o alterado EXAME CLÍNICO Reúne todas informações necessárias para o estabelecimento do diagnóstico. Constituído por: Identificação do animal (resenha) e anamnese Resenha: espécie, raça, sexo, idade, peso Anamnese: próxima aula EXAME FÍSICO Coleta de sintomas e sinais clínicos por métodos físicos de exame, sendo composto por: 1. Visão: Inspeção 2. Tato: Palpação Semiologia Maria Fernanda de Assis 3. Audição: Auscultação 4. Percussão 5. Olfação INSPEÇÃO Exame à distância! “Comete-se mais erros por não olhar do que por não saber”. • Local iluminado • Postura • Comportamento • Locomoção • Condição corpórea Visualiza toda a conformação do animal (informações sobre o estado de saúde do paciente) PANORÂMICA: animal é visualizado como um todo LOCALIZADA: alterações em uma determinada região do corpo DIRETA: visão é o principal meio utilizado (pelos, mucosas, movimentos respiratórios, secreção, aumento de volume) INDIRETA: feita com o auxilio de aparelhos (otoscópio, raio-x, microscópio) PALPAÇÃO • Com a mão espalmada, usando as polpas digitais e a parte ventral dos dedos • Palpação em pinça: com o polegar e o indicador (pouco utilizada → tireoide) • Profunda: estruturas internas, sensibilidade dolorosa (bexiga, intestino) • Superficial: textura, espessura, consistência, volume (mama) • Dígitopressão: realizada com a polpa do polegar ou indicador, compressão da área (Godet positivo – não muito usado) CONSISTÊNCIA MOLE: macia e flexível FIRME: oferece resistência, mas volta ao normal ao final da pressão DURA: não cede à pressão PASTOSA: cede facilmente à pressão e permanece a impressão do objeto que pressionava, mesmo quando cessada (Godet) FLUTUANTE: acúmulo de líquidos que resulta em movimento ondulante CREPITANTE: presença de ar ou gás, enfisema subcutâneo Semiologia Maria Fernanda de Assis AUSCULTAÇÃO Utilizado para exame dos pulmões (ruídos respiratórios normais e patológicos); coração (bulhas cardíacas) e cavidade abdominal AÉREOS: movimentaçãode massas gasosas (passagem de ar por vias aéreas) HIDROAÉREOS: movimentação de massas gasosas em meio líquido (borborigmo intestinal) LÍQUIDOS: massas líquidas em uma estrutura (sopro anêmico) SÓLIDOS: atrito de duas superfícies sólidas rugosas – esfregar de duas folhas de papel (roce pericárdico, pericardite) Estetoscópio • Aparelho de boa qualidade • Ambiente tranquilo • Atenção ao ruido que está ouvindo • Adequada contenção (evitando acidentes) PERCUSSÃO É um método de exame físico em que, através de pequenos golpes ou batidas aplicados a determinada parte do corpo, torna-se possível obter informações sobre a condição dos tecidos adjacentes e de porções mais profundas • Posição de órgãos (topografia) • Diferença na densidade dos tecidos • Direta: Digital • Indireta: Dígito-digital; Martelo-plessimétrica TIPOS DE SOM CLARO: Órgão percutido tem ar que possa movimentar, som média intensidade, duração e ressonância (pulmão sadio) MACIÇO: regiões compactas e desprovidas de ar, som pouca ressonância, curta duração e fraca intensidade (musculatura da coxa, região hepática e cardíaca) TIMPÂNICO: em órgãos ocos, com cavidade repleta de ar ou gás. Som maior intensidade e ressonância (abdômen) HIPERSONORO: entre o claro e timpânico (pneumotórax, timpanismo gasoso) SUBMACIÇO: entre claro e maciço (porção do fígado onde o rebordo pulmonar repousa”). Semiologia Maria Fernanda de Assis OLFAÇÃO • Grande auxilio no diagnostico • Vacas com acetonemia • Hálito com odor urêmico • Fezes de cães com gastroenterite hemorrágica • Hipertrofia da glândula ad anal MÉTODOS DE CONTENÇÃO FÍSICA GATOS: Devem ser mantidos com o proprietário até o momento da consulta. Fechar portas e janelas para evitar evasão e acidentes. Evitar contenções severas, botas de esparadrapos. Pode-se usar contenções pela pele que reveste a região cervical e orelhas (não muito indicadas). Roupas de contenção e focinheiras. CÃES: imobilização em posição quadrupedal ou decúbito lateral. Colocação de mordaça, focinheira, contenção com cambão (cães agressivos) EQUINOS: cabresto, colocação de cachimbo. Animais mais mansos podem ser contidos com as mãos pelas orelhas, lábios, crina, cauda e/ou pele do pescoço, retirando o apoio de algum membro (mão/pé de amigo), tronco de contenção BOVINOS: métodos de derrubamento, peia, formiga e tronco de contenção EXAMES COMPLEMENTARES • Complementam a avaliação já feita • Consciência de quais exames solicitar • Não depender exclusivamente dos mesmos
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