Buscar

Cópia de Crimes em especie

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 75 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 75 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 75 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Direito penal – CRIMES EM ESPÉCIES 
O código Penal, em sua parte especial, é composto por 11 títulos que tratam a respeito dos crimes.
Homicídio Simples: trata-se do simples fato de matar alguém sem qualificadoras, ou seja, sem agravantes cruéis, ou sem domínio de violenta emoção (privilegiado). Pena de reclusão de 6 a 20 anos.
Homicídio Qualificado: trata-se do crime motivado por incentivo financeiro, por motivo fútil, com emprego, por discriminação racial, sexual ou religiosa, quando ocorre de maneira premeditada (envenenamento, asfixia, tortura ou qualquer outro meio cruel, por exemplo) ou por meio de emboscada que impeça a possibilidade de defesa da vítima. Pena de reclusão, de 12 a 30 anos.
Feminicídio: crimes contra a mulher por razões da condição de sexo feminino quando o crime envolve violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Pena de reclusão de 12 a 30 anos.
Homicídio Culposo: quando não há a intenção de matar ou que não tenha conscientemente assumido os riscos existentes que provocassem a morte de uma pessoa. Portanto é o tipo de crime em decorrência de imprudência, imperícia ou negligencia. Pena de detenção de 1 a 3 anos.
Quando trabalhamos com a questão da TENTATIVA
A tentativa está prevista em nosso Código Penal, no artigo 14 inciso II do CP. 
A tentativa de início é uma norma de extensão, ou seja, ela se estende da parte geral até a parte especial possibilitando que os crimes ali previstos, possam ser punidos quando eles não reúnem todos os elementos legais de sua definição.
Ex: o se alguém com intenção de matar, disfere vários tiros em uma pessoa e mesmo assim não a consegue matar, não há conduta típica. O artigo 121 em seu caput só diz matar alguém, se não houvesse o artigo 14 inciso II do CP não haveria punição para essa conduta hipotética, mas, ao se deparar com essa situação o magistrado deverá aplicar a pena do homicídio que é de 06 a 20 anos diminuída de 1/3 a 2/3, ficando a sua fundamentação na sentença (art. 121 c/c art. 14 inc. II).
Tício tentou matar Mévio – quando realizou atos executórios para matar alguém, mesmo que não tenha matado responderá pelo art. 121
ERRO SOBRE A PESSOA, e está no artigo 20, §3º Código Penal. Ele diz que “o erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime”.
Em outras palavras, o que a lei está dizendo é que se o criminoso queria praticar o crime contra Zezinho e acaba praticando o crime contra Huguinho porque confundiu as suas identidades, a lei o tratará como se ele houvesse praticado o crime contra Zezinho (a vítima desejada) e não Huguinho (a vítima de fato/errada).
· Tício matou o vizinho pensando que era seu próprio Pai, para ficar com a herança e Madrasta.
(erro sobre a pessoa) – responde pelo art. 121 c/c art. 20,3º CP
O erro sobre a pessoa está relacionado com a identidade, você pensa que é uma pessoa, mas no fim é outra. 
erro na execução (art. 73), ocorre quando o agente quer atingir um, mas atinge outro, é um erro no alvo. 
Importante dizer que ambos os casos não isentam a pena e aplicar-se-ão como se estivesse atingido o alvo pretendido.
· Tício matou o patrão por indução do Mévio. 
Tício responderá por homicídio, com base no art. 121 do CP.
Mévio (instigou) -art.121 c/c art 29
· Cilésio está dizendo para Tício e Mévio jogar Tiburcinha da ponte. “joga, joga, joga”, (instigação do Cilésio)
Tício e Mévio então joga. Nesse caso Tício e Mévio são coautores (concurso de pessoas) respondem art. 121
Cilésio ( participe) – não matou, mas instigou – reponde como se tivesse matado – art 121 c/c art. 29 ( do tipo extensor – norma de ligação)
A participação pode ser de maneira material ou moral.
Participação moral: induzimento e instigação.
Participação material se dá por fornecimento de meios. 
Não iremos usar o art. 29 para coautoria, e sim na participação.
· Tício instigou Mévio a matar o patrão. Mévio se dirigiu para localizar o patrão, mas sofre acidente e morre. Tício responderá por algum crime? 
Não, conforme o art. 31. Esses artigos são modalidades de participação. O crime sequer foi tentado, logo, aquele que foi instigador não responderá por nenhum crime, pois não houve execução.
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
Só haverá participação se houver autoria do crime. 
· O Tício está ao lado de um lago e Mévio está se afogando e vai morrer. Tício não presta socorro. Poderia evitar o resultado? Pode até ser, mas a questão é: deve evitar o resultado? Se ele não for um segurança, algo que ele tenha por obrigação de socorrer e não criou situação de risco, ele não responde por homicídio. Se ele foi contratado para salvar e deixa a pessoa morrer afogada, responde pelo art. 121 c/c art. 13, § 2°, b, do CP.
Nesse caso, apesar de não ter matado, ele responderá no termo do art. 121 porque o art. 13, § 2° funcionou como dispositivos extensores. Ele não causou a morte, mas a omissão é penalmente relevante. É uma norma de ligação, responde por não ter evitado a morte. 
Comissivos por Omissão
Quando tenho comissivo e responde por omissão, temos crimes comissivos por omissão (a mãe que deixa de alimentar o bebê e ele morre). A mãe que intencionalmente deixa de alimentar e ele morre, ela não matou, então é omissiva, com base no art. 13, § 2°, a. Comissão por omissão.
· Se não se enquadra nas letras a, b, c. do art.13,§ 2º - não responde – 
· Só responde os Comissivos por Omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
CAUSALIDADE – absolutamente independente
· Tício é cozinheiro e coloca veneno numa sopa para um determinado cliente que ele quer matar. Esse cliente tomou a sopa, mas antes que ela começasse a fazer efeito, a parte do prédio caiu em cima dele e morre. 
Para ver se a conduta é imputável, você aplica a hipótese de eliminação. Nesse caso, se o cozinheiro não tivesse dado a sopa envenenada para Mévio, ele teria morrido? Sim, teria. Ter envenenado a sopa não foi a causa da morte dele. Se não foi causa do resultado, ele não responderá pelo crime, mas poderá responder pelo evento tentado, crime tentado.
Art. 13, caput , causa absolutamente independente.
Se suprimir o fato anterior o resultado desaparece – é porque é causa 
Se suprimir o fato anterior o resultado permanece – não é causa (absoluta independência- aplica-se o art.13, caput)
Art. 100 – AÇÃO PENAL
Art. 100. A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. 
Atenção! Em regra, a ação penal é pública. A exceção ocorre nas situações em que a ação penal seja privada. 
• Qual é a justificativa para que a maioria dos casos seja de ação penal pública? 
Os interesses em conflito, normalmente, dizem respeito a interesses indisponíveis. Estes são interesses dos quais a sociedade não pode abrir mão a fim de garantir uma convivência harmoniosa e pacífica entre as pessoas; 
• Excepcionalmente existem interesses que dizem respeito em maior grau à própria vítima (o titular de um direito violado) do que à sociedade. Nesses casos, conforme o entendimento do legislador, a situação justa para garantir a convivência harmoniosa é que se confira ao próprio ofendido o direito de oferecer a ação penal movimentando a máquina judiciária;
 • É importante lembrar que a ação penal é a peça inaugural do processo crime, que tem o seu encerramento caracterizado pela prolação da sentença; 
• A ação penal, em regra, é realizada e oferecida por meio do Ministério Público, ou seja, é o Estado que movimenta a máquina judiciária estatal.Excepcionalmente é garantido o direito de iniciar a ação penal à própria vítima, nesses casos há a chamada ação penal privada; 
• Nesse sentido, a queixa crime é a ação penal privada, ou seja, a faculdade que o legislador confere à vítima de dar início ao processo criminal;
 • Na ação penal privada o que é conferido à vítima é somente o direito de ação e não o direito de punir. Esse mantém-se exclusivo do Estado em razão de sua soberania
AÇÃO PENAL PÚBLICA
I – Pública incondicionada: O Ministério Público age de ofício;
• Significa dizer que não se submete a verificação de qualquer condição quando os interesses em conflito são de toda a comunidade. 
Exemplo: crime de homicídio, furto, roubo, estelionato etc.
 II – Pública condicionada: O Ministério Público somente estará autorizado a agir a partir da representação do ofendido ou da requisição do Ministro da Justiça.
• Faz-se mediante à representação: evento futuro e incerto que condiciona a ação do Ministério Público. 
Atenção! Ação penal pública condicionada: Ministério Público → Representação (vítima). PREVISÃO LEGAL CP, Art. 100. § 1º A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.
Condições: 
1. Representação da vítima; 
2. Requisição do Ministro da Justiça. CPP, Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo
AÇÃO PENAL PRIVADA 
O Estado, excepcionalmente, confere à vítima o direito de ação, embora mantenha o direito de punir. 
• O legislador oferece ao ofendido o direito de ação penal quando o interesse privado da vítima é mais importante, em relação ao interesse social, de ver o autor do delito devidamente punido. 
Exemplo: crimes contra a honra (calúnia, difamação e injúria). 
• A honra é um atributo de natureza personalíssimo. Assim, a honra subjetiva da vítima é, em muitos casos, superior ao interesse da sociedade. 
CP, Art. 100. § 2º A ação de iniciativa privada é promovida mediante QUEIXA do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo.
Atenção! A queixa é um denominador de natureza técnica que faz referência exclusiva ao ajuizamento da ação penal privada. Já a denúncia é a ação penal pública que é oferecida pelo Ministério Público.
Como diferenciar cada ação no Código Penal?
O Código descreve as condutas e as penalidades. Se nada mais disser, tem-se a ação penal pública incondicionada.
Se contiver a expressão "somente se procede mediante representação" ou outra equivalente, a ação penal é pública condicionada a representação.
Por fim, se a expressão for "somente se procede mediante queixa", a ação penal será privada.
Art. 121 – Homicídio
Homicídio simples (artigo 121, caput):
Objeto material: O tipo penal prevê como crime de homicídio o ato de suprimir a vida humana, não definindo o modo empregado para tanto.
Assim, a norma admite criminosa qualquer conduta voltada ao término da vida da vítima: disparar arma de fogo, desferir golpes de faca, golpeá-la com pedras ou pedaços de pau, eletrocutá-la, provocar ou libertar animal para que a ataque etc. São incontáveis as maneiras que o autor do fato pode usar para matar alguém. Deve restar caracterizado, entretanto, o nexo causal entre a conduta e o resultado morte.
O crime também pode restar caracterizado pela omissão do autor, nas hipóteses de crime omissivo impróprio (também designado comissivo-omissivo ou comissivo por omissão), que ocorre quando a norma impõe ao autor obrigação de impedir a ocorrência crime (fala-se também em impedir o resultado), previstas no artigo 13, §2.º, do Código Penal.
A conduta também admite a colaboração de terceiros: a coautoria e/ou a participação. 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa pode praticar o crime de homicídio (ele é considerado um crime comum), sem exigir a lei alguma qualificação particular do autor.
Sujeito passivo: Qualquer um (ser humano) pode ser vítima de homicídio, basta ter sido concebido a partir do ventre materno (ter nascido de mulher) e ter vida.
Também são vítimas de homicídio o deformado, o moribundo, o paciente terminal etc., pois, mesmo quando severamente debilitados e acometidos de sofrimento imensurável, são titulares do bem jurídico tutelado (a vida humana).
A eutanásia desses não escapa do alcance do artigo 121, pois também configura homicídio. Contudo, ao menos em tese, ela pode autorizar o reconhecimento do homicídio privilegiado, impelido por relevante valor moral, em razão de um espírito de piedade, com o fim de encerrar o sofrimento da vítima.
Obs¹: A ortotanásia, por sua vez, não caracteriza homicídio, pois, resumindo-se apenas à aplicação de paliativos para a dor e o sofrimento, até a morte natural do doente terminal, disso não advirá nexo causal entre terapia ministrada e o resultado fatal. Tampouco se pode reconhecer na hipótese o crime comissivo por omissão, pois, não havendo cura para a doença, não haverá omissão médica, em razão da falta de tratamento à espécie.
Obs²: Na hipótese de nascituro, compreende a doutrina que dar causa à morte do feto antes do início do trabalho de parto caracteriza o crime de aborto. Após, haverá homicídio. Aliás, a mesma orientação segue o tipo penal do infanticídio, já que este só se caracterizará quando a conduta da mãe ocorrer “durante o parto ou logo após” (art. 123 do Código Penal). Antes disso, a contrario sensu, o crime será de aborto.
O argumento de que o neonato (recém-nascido) não sobreviveria, por sua vez, também não descaracteriza do crime, pois para o homicídio basta a vítima ter nascido com vida.
Obs³: O natimorto ou o cadáver não podem ser considerados vítimas de homicídio, justamente por não possuírem vida.
Elemento subjetivo: Constitui-se no animus necandi, no animus occidendi, que se traduzem a intenção de tirar a vida do ser humano. O que configura o dolo do homicida é o agir consciente na prática de ato cujo resultado será a morte de terceiro.
Também é possível o dolo eventual, em que o autor age admitindo o óbito, no máximo, como possível, sem pretendê-lo diretamente.
Consumação: O crime se consuma quando a conduta do autor resulta na morte da vítima, pois nesse caso o fato contém “... todos os elementos de sua definição legal.” (artigo 14, inciso I, do código Penal).
TENTATIVA- A tentativa ocorre quando, não obstante praticados os atos de execução para a ocorrência da morte, ela não advém “... por circunstâncias alheias à vontade do agente.” (artigo 14, inciso II, do Código Penal).
Um simples exemplo disso é o da vítima que sobrevive depois de alvejada por disparos de arma de fogo. O evento morte não ocorreu apesar do esforço do autor em tentar obtê-lo.
Quando a vítima sobreviver da tentativa e restar lesionada, contudo, não se pode reconhecer o enquadramento da conduta do autor como sendo crime de lesão corporal, justamente porque o dolo (o animus necandi) dele foi muito além da mera intenção de ofender a integridade física.  O elemento subjetivo, nessas hipóteses, será, então, o que difere o homicídio frustrado (tentado) de algum outro delito menos grave e (ao menos materialmente) consumado, como pode ser a lesão corporal.
Homicídio Privilegiado (§ 1.º do artigo 121):
A doutrina fraciona o estudo do homicídio privilegiado previsto no § 1.º do artigo 121 do Código Penal em razão dos motivos determinantes do crime.
Num primeiro momento, considera o relevante valor social ou moral.
O relevante valor social é aquele que alcança mais a defesa dos interesses da coletividade.
O relevante valor moral é aquele que toca o espírito de moralidade do autor (sua compaixão, piedade etc.), citando a doutrina como clássico exemplo a possibilidade da eutanásia, pela qual o autor encerra a vida da vítima em razão de um sofrimento interminável e incurável.
A seguir, considera privilegiado aquele homicídio impelido por violenta emoção, seguidada injusta provocação da vítima.
Esta privilegiadora compõe-se de três elementos: a emoção violenta, a injusta provocação da vítima e a reação imediata em razão da provocação.
A emoção violenta para fins deste parágrafo é aquela que domina o autor, provocando-lhe um choque emocional, já que a lei fala “... sob o domínio...”. 
Injustiça da provocação é a relação de contrariedade deste ato com a lei, a atitude legítima da vítima não configura o homicídio privilegiado.
A reação do autor também deve ser imediata, sem premetidações ou intervalos de tempo que permitam compreender cessado o violento estado emotivo que o dominou.
Obs¹: Se a violenta emoção já não dominar o autor no momento do crime, agindo ele apenas sob a influência dela e/ou a injusta provocação não é mais imediata, não se pode falar em homicídio privilegiado, configurando-se, no máximo, homicídio simples, no qual se pode considerar, em tese, a circunstância atenuante do artigo 65, inciso III, alínea “c” do Código Penal.
3. – Homicídio qualificado (§ 2.º do artigo 121) 
O crime qualificado é aquele que, tendo como delituosa conduta já prevista em lei, agregam-se a ela outros elementos que demonstram uma maior ofensividade ao bem jurídico, daí se justificando uma pena diversa (mais severa) daquela prevista para a forma simples do crime. 
O homicídio será qualificado quando verificadas no caso concreto as hipóteses do § 2.º do artigo 121 do Código Penal.
QUALIFICADO-PRIVILEGIADO
· Obs: A jurisprudência considera a possibilidade de haver crime qualificado-privilegiado, no qual se admite a coexistência dos motivos do § 1.º (circunstâncias subjetivas) e das circunstâncias do § 2.º (circunstâncias objetivas) do artigo 121, compreendendo, contudo, que nessas situações não é reconhecida a natureza hedionda do delito.
No inciso I restará qualificado o crime cometido mediante paga ou promessa de recompensa(homicídio mercenário),respondendo por ele o executor.
O mandante, que paga e/ou promete a recompensa também responde pela qualificadora, pois as condições de caráter pessoal previstas no tipo se comunicam – artigo 30 do Código Penal.
Pode haver concurso de pessoas em coautoria ou participação desde que os terceiros envolvidos saibam dessa condição.
O motivo torpe também provoca a hediondez do crime, que se constitui na motivação moralmente reprovável (ex: a rejeição, a inveja, etc.).
No inciso II aparece isolada a figura do motivo fútil, que é o insignificante, desarrazoado, desproporcional à própria conduta do homicídio. Evidencia-se ele quando se destaca a insignificância da motivação em relação ao crime praticado (ex: morte por dívida, por ofensa verbal etc.).
O ciúme é compreendido como motivo fútil pela desproporção entre tal sentimento e o ato de matar.
A doutrina debate se a ausência de motivação do homicida também não caracterizaria o motivo fútil, pois, ao menos em tese, a falta de razões para matar é mais desproporcional que o motivo insignificante.
O inciso III não contém dificuldades em sua redação, deixando claro que o emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura no ato de matar qualificam o delito.
Por sua vez, o meio insidioso é o desleal, o desconhecido pela vítima, e o cruel é o que impõe a ela um sofrimento maior do que o necessário para a prática do crime.
O meio que pode resultar em perigo comum pode ser a provocação de um desastre natural capaz de atingir terceiros, como inundação, contaminação de águas, envenenamento de alimentos etc.
No inciso IV, compreende-se que a traição é o ataque inesperado, que não foi pressentido pela vítima.
De outro lado, a emboscada é a tocaia, na qual o autor se oculta em determinado local à espera da vítima.
A parte final do inciso IV acaba mantendo aberto um espectro indefinido de meios (recursos) aptos a qualificarem o crime. E para incidirem, basta que o uso deles resulte na dificuldade ou impossibilidade de a vítima oferecer defesa contra a agressão.
No inciso V,( dolo especifico) admite-se qualificado o homicídio praticado com o fim de garantir a execução, ocultação, impunidade ou a vantagem de outro crime. Tal circunstância se configura quando também comprovada a prática do crime fim, aquele cuja execução, ocultação, impunidade ou proveito se quer garantir.
inciso VI – Feminicídio – A qualificação do homicídio que tem como vítima a mulher se trata de inovação recente, a partir da Lei nº 13.104 de 2015. (STJ,542. Ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência domestica contra a mulher é pública incondicionada)
Pela sumária leitura do inciso VI se poderia concluir que basta a condição biológica de gênero feminino da vítima para que o homicídio assim se torne qualificado. Contudo, o alcance da norma acaba contido pelo § 2º-A, que cuida de definir as hipóteses nas quais, efetivamente, a situação se configura autêntico feminicídio.
inciso VII - Passa a ser qualificado, também, o crime cuja vítima integra as Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica), tal como os integrantes dos órgãos de segurança pública constitucionalmente instituídos (artigos 142 e 144 CF), além dos servidores do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública.
Doutrinariamente, esta qualificadora se justifica porque o atentado a tais servidores resulta em maior lesividade à sociedade, ofendida justamente nos contingentes responsáveis pelo resguardo da soberania e da segurança da nação, acabando por alcançar, também, os familiares de ditos servidores, enquanto vítimas..
Quer parecer que a incidência da qualificadora do inciso VII pressupõe prévia ciência do autor do fato sobre a condição pessoal da vítima, enquanto integrante das instituições de defesa e segurança e seus parentes próximos.
§ 2º-A - Cuidou o legislador de atribuir ao § 2º-A do artigo 121 o efetivo alcance das situações do inciso VI do § 2º do artigo 121, expondo em seu inciso I as hipóteses de violência doméstica e familiar, normativamente elencadas nos incisos I a III do artigo 5º da Lei nº 11.340/06. Em resumo, a proximidade afetiva, familiar e domiciliar entre autor e vítima bastam para que o homicídio assuma viés de feminicídio.
Atos de menosprezo, desdém, desconsideração etc. ou discriminação e segregação, integrantes da conduta homicida, também são aptos a qualificarem o homicídio, independendo, neste caso, de alguma proximidade familiar, de hospitalidade ou afetiva entre autor e vítima.
Apesar de aparente imprecisão do legislador ao empregar o termo “discriminação”, quer parecer que neste caso ela deve ser depreciativa da vítima.
Homicídio culposo é o que advém do descumprimento de um dever de cuidado objetivo, resultado da imprudência, imperícia ou negligência do autor. E apesar de ser esperado o resultado, ele não é consentido. Por certo, os demais elementos do crime também devem estar presentes para que o delito se constitua (tipicidade, antijuridicidade, culpabilidade etc.). 
Obs¹: O homicídio culposo de trânsito encontra regulação especial no Código de Trânsito Brasileiro (artigo 302 da Lei n.º 9.503/97).
· A primeira parte do artigo 70 do Código Penal admite a hipótese de concurso formal para o homicídio culposo. Se houver concurso de homicídios, ele será homogêneo, se o crime de homicídio concorrer com outra espécie delitiva o concurso será heterogêneo.
§ 4.º - A primeira parte do § 4.º do artigo 121 do Código Penal prevê que será aumentada a pena do homicídio culposo quando o autor viola regra técnica de profissão, arte ou ofício. Noutros termos, se, além da imprudência, imperícia ou negligência, a conduta do autor denotar violação de norma técnica relativa profissão, arte ou ofício, incidirá o aumento de 1/3 (um terço) da pena.
Contudo, deve se compreender a regra técnica violada como particularmente oponível ao autor (ex: sendo engenheiro de segurança, orientar empregados de empresa a fim de que laborem sem utilização do equipamento de proteção individual exigido).
A negativa de socorro à vítima ou a fuga do local para evitar a prisão em flagrante tambémautorizam o aumento da pena. Mas quando justificadas a omissão do socorro ou a fuga, o aumento por tais fundamentos não deve incidir. A fuga, por seu turno deve ter o fim especial de evitar a prisão em flagrante.
- A segunda parte do § 4.º do artigo 121 do Código Penal é criticada pela doutrina em razão da posição em que colocada dentro da norma, já que deslocada da apreciação do homicídio doloso.
Seu objetivo, contudo, é o de impor maior proteção o menor de 14 anos e ao maior de 60, que, pelas reduzidas aptidões físicas, presume-se não conseguirem opor resistência às agressões que lhes são dirigidas.
§ 5.º - Perdão Judicial – A disciplina do § 5.º do Código Penal contempla a hipótese de perdão judicial para o crime de homicídio culposo, pelo qual se confere ao Juiz a possibilidade de deixar de aplicar a pena, se as consequências do crime se revelarem tão severas que, por si só já implicam em punição.
· Um exemplo possível disso é o homicídio culposo em que o pai desastroso mata o próprio filho, por certo que sua a “culpa”, entendida aqui como a agrura de seu sofrimento emocional, já é punição suficientemente capaz de dispensá-lo da imposição de uma pena privativa de liberdade, pelo que a lei confere ao Juiz a faculdade de deixar de aplicar a pena. Também o acidente em que o próprio autor restou mutilado pode constituir hipótese a ensejar o perdão judicial.
6.º - Aumento de pena na hipótese da prática de crime por milícia privada ou grupo de extermínio – A causa especial de aumento do artigo 121 do código penal prevista aqui, recentemente acrescentada pela Lei n.º 12.720/12, autoriza o aumento da pena de 1/3 (um terço) até metade, se o homicídio foi promovido por milícia privada, que atuou motivada pela prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
A rigor, quando da atuação de milícia privada, extrai-se a exigência de um dolo específico para a incidência do aumento, que é justamente o homicídio quando da realização de serviço de segurança.
Quando a prática do crime decorrer da atuação de grupo de extermínio, contudo, não se exige essa motivação especial.
§ 7º - Estas causas especiais de aumento de pena incidem quando reconhecida a prática do crime contra gestante ou pós-gestante, no prazo máximo de três meses do parto, contra a menor de 14 anos ou maior de 60, assim como na presença de ascendente ou descendente da vítima.
Ação Penal – sempre pública incondicionada, em todas suas modalidades.
· É possível uma qualificadora coexistir com privilégio? – É admitido, mas para isso a qualificadora deve ser objetiva
Art. 122 - Induzimento, instigação ou auxílio à automutilação ou ao suicídio
Objeto material: 
A Lei nº 13.968/19 manteve os verbos nucleares da conduta (induzir, instigar ou auxiliar), inovando em estender o alcance da norma, contudo, para considerar outras agressões mais brandas que a morte e a lesão corporal de natureza grave, as únicas até então previstas. Também recalibrou as penas, estabeleceu novas majorantes e outras figuras qualificadas.
O induzimento assume o significado de sugestão de vontade, de fazer surgir na mente da vítima a ideia de suicídio ou de automutilação.
A instigação pode ser compreendida como o estímulo à ideia preexistente de autoagressão, já contida na psique da vítima.
O auxilio é a ajuda material no fornecimento do instrumento, podendo ser também a indicação do modo como proceder para obter a autolesão ou óbito, situação em que o auxílio será moral.
Como dito, além do resultado morte e da lesão corporal de natureza grave, passou-se a considerar relevante, para efeitos penais, a automutilação da vítima.
Pode se ter a automutilação a partir do rompimento dos tecidos orgânicos que a vítima provoca em seu próprio corpo, assim são o corte e a perfuração, a abarcar as lesões corporais leves com esta gravidade.
Seguem excluídas, em consequência, o induzimento à auto-provocação de escoriações, hematomas, luxações, porquanto mais brandas.
O dispositivo legal também passou a considerar mais figuras qualificadas.
As sanções dos §§ 1º e 2º se diferem das penas do caput em razão das consequências das lesões, sendo de 01 a 03 anos de reclusão se implicarem em lesões corporais de natureza grave ou gravíssima e de 02 a 06 anos de reclusão se resultarem morte.
Mantida a duplicação por razões egoísticas (antes previstas no extinto parágrafo único), não necessariamente pecuniárias (ex: herança, vantagem pessoal etc.) e pela menoridade da vítima ou da redução de sua capacidade de resistência, por qualquer causa (ex: alguma perturbação mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado).
.
O parágrafo 4º se estabelece como majorante, passível de aumentar a pena até a metade, quando o crime se der pela rede mundial de computadores, mídias sociais ou em tempo real (ao vivo).
Vê-se no § 5º uma causa especial de aumento, pela rigidez do comando de se aumentar em metade, sem margem discricionária ao julgador, a incidir sobre o organizador do grupo ou da rede virtual onde veiculado o crime.
Em qualquer situação, contudo, é indispensável a prova do nexo causal entre a ingerência do autor do fato e a conduta da vítima.
Mas apesar da inclusão de novas figuras qualificadoras, a realização da conduta por omissão segue controversa, havendo argumentos no sentido de não ser possível omissão no induzimento, na instigação ou no auxílio, por se tratarem de atos comissivos. De outro lado, argumenta-se que o crime admite a possibilidade de ser comissivo-impróprio quando o autor é incumbido do dever de impedir o resultado.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa pode induzir, instigar ou auxiliar o suicídio ou a automutilação. Trata-se de crime comum.
Sujeito passivo: É a pessoa física que pode ser induzida, instigada ou auxiliada a fim de que pratique a automutilação ou o suicídio.
Inclui-se também como sujeito passivo quem já não detém completa aptidão mental para formular validamente algum ideal suicida ou de autoflagelo, sem condições de responder por seus atos, como são os menores de 14 anos e os carentes de discernimento, na esteira do que os §§ 5º e 6º estabelecem.
Com efeito, tais disposições do artigo 122 superam o debate outrora latente, de que o mentalmente incapaz só poderia ser vítima de homicídio por autoria mediata. Por que não possuía consciência do que fazia, a vítima seria o instrumento da vontade de outro. Então, aquele que “induziu”, “instigou” ou “auxiliou” o incapaz seria o agressor de fato.
Conclui-se, portanto, que para se configurar as hipóteses mais brandas do tipo do artigo 122, a vítima deve possuir alguma compreensão das consequências do ato que pretende praticar, sob pena de incidir .
Elemento subjetivo: Compreende apenas o dolo, a vontade consciente de induzir, instigar ou auxiliar o suicídio ou a mutilação. Não há previsão à modalidade culposa.
Consumação – O crime se consuma com o induzimento, a instigação ou o auxílio, do qual sobrevém o suicídio ou a automutilação, sendo a realização destes dois últimos simples exaurimento.
Tentativa: 
A tentativa, contudo, não se afigura possível, pois, com a prática de uma das três condutas inicialmente descritas, a ação delitiva do autor já encerra todos os elementos da definição legal do crime. A norma penal não quer punir a conduta do suicida, mas apenas daquele que induziu, instigou ou auxiliou-o na própria autoagressão.
Obs¹: O suicídio, considerado em si mesmo, não é crime, não punindo a lei aquele que, por ato próprio, extermina a própria vida, ou ao menos tenta. Contudo, a norma penal responsabiliza o terceiro que manifesta importante apoio pessoal ao suicida, através das condutas previstas no artigo 122 do Código Penal.
Ação penal: pública incondicionada. (em regra)
Em relação ao Caput caberá aplicação da lei 9099/95, juizado especial Criminal se não enquadrar em causa de aumento de pena.
Se for caso de ação pública condicionada a representação do ofendido ou de ação privada, o juiz vai propor composição civil (indenização ) em audiência preliminar, havendo acordo, ojuiz homologa. Isto implica que o ofendido não poderá representar ou oferecer queixa, não haverá processo.
CASO não haja composição, poderá oferecer proposta de pena antecipada, e se não houver aceite, prosseguirá e o promotor oferecerá a denuncia. 
· Se a pena for inferior a um ano o MP poderá propor suspensão do processo. Sendo aceito pelo denunciante o processo ficará suspenso de 2 a 4 anos. 
Art. 123 – Infanticídio
Infanticídio
Objeto material: O tipo descreve o ato de matar, sem destacar alguma forma preestabelecida para tanto.
Exige-se, contudo que o delito ocorra durante ou logo após o parto, ainda estando autora sob a influência do estado puerperal.
Há, assim, um elemento temporal, pois o ato deve ser praticado durante o parto ou logo após. Se for praticado antes do parto, será aborto. Se for praticado muito após o parto, será homicídio. Sem ignorar, também, o estado puerperal.
Este, por seu turno, é considerado um desequilíbrio fisiopsíquico da mãe, não sendo suficiente para reconhecê-lo apenas alguma motivação moral para o crime.
Sujeito ativo: Considera-se crime próprio porque a lei impõe ao sujeito ativo uma qualidade especial. No caso, a mãe da vítima será a autora do crime de infanticídio (“Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho...”).
Obs¹: Apesar de se considerar crime próprio, reconhece-se no infanticídio a coautoria e a participação de terceiros, que também responderão por ele, mesmo que, sob o aspecto fisiopsíquico, não estejam sob influência do estado puerperal. Isso ocorre sob o argumento de que as condições de caráter pessoal, no caso, são elementares do tipo, assim, elas se comunicam a terceiros (artigo 30 do Código Penal).
Sujeito passivo é aquele que está nascendo ou o recém-nascido, quando possuírem vida.
Elemento subjetivo: É o dolo. Por não prever a norma penal modalidade de infanticídio culposo, a autora só responderá pela prática de homicídio culposo.
Consumação: O crime se consuma com a morte da vítima, admitindo-se a tentativa quando o óbito não sobrevém por circunstâncias alheias à vontade do autor.
Art. 124 - Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Objeto material: A norma pune inicialmente o autoaborto, ato de a gestante provocar em si mesma a interrupção da gravidez. Após, acaba coibindo o consentimento da gestante para que terceiro lhe provoque aborto.
Obs²: O terceiro que obteve o consentimento para o aborto responde como incurso no tipo penal previsto no artigo 126 do Código Penal, caso o provoque.
Sujeito ativo: É crime próprio, no qual só se considera autora do crime a gestante.
Admite-se, contudo, participação e coautoria daquele que presta auxílio a ela.
Sujeito passivo: Pode ser o zigoto ( a partir da Nidação), o embrião ou o feto, independentemente do estágio de desenvolvimento.
Elemento subjetivo: É o dolo de provocar o aborto ou consentir para que outra pessoa o faça. Pode haver dolo eventual, mas não há crime de aborto culposo.
Consumação: O delito se consuma com o êxito do aborto, a morte do nascituro. Admitindo-se a tentativa se tal resultado não advém, apesar das manobras abortivas empregadas.
O legislador criou uma regra especial que vai afastar a regra geral do art. 29. Aqui todos os agentes responderão pelo mesmo crime. 
Se a mulher consentir vai responder por art. 124, parte 2 e quem fez o aborto vai responder pelo art. 126. É uma exceção pluralista a teoria monista, nesse caso especificamente.
Doutrinariamente há 3 doutrinas: 
monista (todos respondem pelo mesmo crime); 
dualista (um responde por um crime e outro por outro crime); 
pluralista (se tiver 5 agentes, autores e participes, cada pessoa responde pelo próprio crime, então seria 5 crimes). 
A regra é o art. 29 do CP, teoria monista, mas nós temos exceções pluralistas (hipóteses dessa teoria, mas que é excepcionalmente), é exceção porque a regra geral é a teoria monista, mas tem situações em que temos um fato em que um agente responde por um crime e outro agente por outro crime. 
Nesse caso, se a mãe consentir o aborto, responde pelo art. 124, parte 2° e o outro pelo art. 126, então será uma exceção pluralista a teoria monista adotada pelo art. 29 do CP.
Temos aumento de causa de pena que estão no art. 127, que será aplicado a terceiro que provocar o aborto, não a mãe.
o crime de aborto praticado por terceiro com o consentimento da gestante: apesar de concorrerem para o mesmo evento (aborto), a gestante responde na forma do artigo 124 e o provocador de acordo com o artigo 126.
Lembremos
Art. 125 - Aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante.
Objeto material: O tipo penal quer reprimir o ato de provocar aborto sem o consentimento da gestante, não estabelecendo a forma como ele deve ser praticado. O meio empregado para abortar gestação pode ser qualquer um apto a alcançar tal resultado.
Impõe-se, para a incidência do artigo 125 do Código Penal, que tal prática não tenha anuência da gestante.
Se a conduta for praticada durante o parto ou logo após, haverá, então, homicídio.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa que provoque o aborto na gestante, sem o consentimento dela. A lei não exige uma qualificação especial do autor do crime.
Admite coautoria e participação.
Sujeito passivo: O ser em gestação e o Estado (que tem interesse na tutela do nascituro e da vida) podem ser considerados sujeitos passivos do crime, havendo divergência na doutrina quanto a este ponto.
Elemento subjetivo: O elemento volitivo do autor (dolo) consiste voluntário emprego de qualquer prática abortiva, efetuada sem o consentimento da gestante.
Não há previsão penal para o ato praticado culposamente.
Consumação: O delito se consuma com a morte do nascituro e a tentativa é possível quando, apesar da ação abortiva do autor, a gestação prossegue por circunstâncias alheias à sua vontade.
Art. 126 - Aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante.
Objeto material: Neste tipo penal há repreensão à conduta de provocar o aborto, que recebe menos rigor daquela prevista no artigo 125 porque aqui é consentida pela gestante.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa que provoque o aborto, mediante consentimento da gestante.
Sujeito passivo: O feto e também o Estado (defesa dos interesses do nascituro e da vida), sem desconsiderar a controvérsia da doutrina sobre quem é efetivamente o sujeito passivo do crime.
Elemento subjetivo: É apenas o dolo, a vontade consciente de provocar o aborto, mediante consentimento da gestante. 
· Não há previsão para o crime culposo nesta hipótese.
Consumação: O crime se consuma com a morte do feto e há espaço para a tentativa, quando o resultado não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do autor.
Consentimento viciado (Parágrafo único): Quando a gestante não é maior de 14 anos a lei não considera o seu consentimento, por presumir que ele é inválido, incapaz, assim, de aproveitar o terceiro que pratica o aborto. Este deve responder, nesta situação, pela modalidade mais grave, como se tivesse praticado o delito sem a anuência da gestante, na forma do artigo 125 do Código Penal.
A mesma regra incide quando demonstrada a alienação ou a debilidade mental da gestante, ou a obtenção do seu consentimento mediante fraude, grave ameaça ou violência.
Aborto do Anencéfalo (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 54)
No julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 54 (ADPF nº 54), compreendeu o pleno do Supremo Tribunal Federal pela atipicidade do crime de aborto quando da interrupção da gravidez do embrião anencéfalo, sem margem a ampliação do entendimento a outras doenças congênitas, sob o fundamento da inviabilidade do desenvolvimento do feto, assim como da vida extrauterina, dentre outras razões.
Aborto até o terceiro mês de gestação (Habeas Corpus nº 124.306-RJ – STF)
No julgamento do Habeas Corpus nº 124.306/RJ, admitiu-se a concessão da liberdade nos casos de crime de aborto, compreendendo-se pela atipicidadeda manobra abortiva até o terceiro mês de gravidez, independentemente da viabilidade da sobrevida do embrião, não se tratando, assim, de conduta criminosa.
Isso sob os fundamentos dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher, sua autonomia, integridade física e psíquica, tal como a própria igualdade em relação ao homem. Com destaque a estes fundamentos, entre outros de aspecto processual e formal, o Ministro Luís Roberto Barroso justificou seu voto pela concessão da ordem.
Tal decisão, contudo, trata-se apenas de um precedente jurisprudencial, sem efeito vinculante.
Art. 127 - Forma qualificada
Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência 
do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Formas qualificadas: Se do aborto ou do método empregado para realizá-lo resultar lesão corporal de natureza grave à autora, a pena deve ser aumentada em 1/3. Se resultar na morte da gestante, a pena deve ser duplicada.
Tanto a lesão corporal como a morte da gestante devem ser consideradas para o aumento da pena, na forma desse artigo, apenas ao terceiro que pratica as condutas do artigo 125 e 126 do Código Penal.
· Configura-se aqui uma hipótese de crime preterdoloso, em que a lesão corporal de natureza grave ou a morte sobrevêm a título de culpa.
Entretanto, se a lesão corporal ou a morte eram pretendidas pelo autor, a situação configura concurso de crimes (aborto e homicídio).
· ATENÇÃO
· TEM DOLO DE PROVOCAR O ABORTO E DOLO DE PROVOCAR LESÕES CORPORAIS?
Obs.1 - Uma mulher está grávida e escondeu a gravidez de seu marido, que por sua vez era estéril e tinha plena confiança em sua esposa. Em um determinado dia eles brigaram e o marido perdeu a cabeça e bateu na mulher, dessa agressão resultou o abortamento, mas como o marido não sabia que a esposa estava grávida e além disso ele estéreo, esse evento aborto não poderá ser atribuído a ele pela regra do art. 19, somente por lesão corporal sem qualificadora do evento aborto ( o mesmo não tinha dolo do abortamento).
Obs2. – O agente teve 5 filhos e ele sempre bateu na esposa e nunca ocorria o abortamento. Agora grávida do 6° filho, bateu e ocorreu o abortamento e ele sabia que ela estava grávida. Em decorrência disso houve lesão corporal de natureza grave. 
Pergunta-se :É caso de aplicação do art. 125 com 127? 
Não se aplica esses arts., mas sim o art. 129, § 2°, V, CP. Nesse caso temos uma lesão corporal dolosa e o evento aborto.
No art. 129, § 2°, V, o dolo é de lesionar e o evento aborto é culposo. Foi para agredir e resultou em aborto.
ATENÇÃO : No art. 125 c/c 127 o dolo é de abortar e a lesão corporal é culpa.
Obs3- vem uma mulher e diz para o médico que quer realizar o aborto. Nesse caso, o médico promove o aborto e impede que ela possa ficar grávida novamente e de forma dolosa. Qual enquadramento? 
Art. 70. Teve uma conduta e praticou dois crimes. Dolo de provocar o abortamento e dolo de provocar a lesão corporal.
Aqui temos o concurso formal. 
Ele tinha intenção de provocar aborto? Sim. De provocar a lesão corporal grave? Sim. 
Como ele tem dolo para cada um deles, podemos dizer que se chama concurso formal imperfeito e as penas serão aplicadas cumulativamente. 
Responde pelo art. 126 c/c art. 129, § 2°, III, CP.
Se tiver dolo de lesionar e dolo de abortar: concurso formal, aplica o art. 126 c/c art. 129, § 2°, III, observando o art. 70.
Art. 128 - Hipóteses de aborto legitimado (aborto legal)
Hipóteses de aborto legitimado (aborto legal)
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
desejado, violento. Não lhe impõe, assim, a obrigação de aceitar a concepção advinda da violência que sofreu.
Não há exigência de se reconhecer judicialmente a prática do crime de estupro. Contudo, alguma cautela se impõe antes de se admitir o aborto nessas circunstâncias.
O aborto necessário e o humanitário são considerados pela doutrina como excludentes da ilicitude, embora a redação da norma dê a entender que se trata de excludente da punibilidade, ao empregar no artigo 127 do Código penal a expressão “Não se pune...”.
1.3. – O Aborto eugênico não está previsto em lei, sendo, contudo, reconhecido como legítimo pela doutrina e jurisprudência, ocorrendo quando demonstrada a inviabilidade da vida do nascituro fora do útero, em razão de anomalias, malformações e/ou doenças:
HABEAS CORPUS INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ – FETO PORTADOR DE SÍNDROME DE EDWARDS – VIDA EXTRAUTERINA INVIÁVEL – RISCO EMINENTE À GESTANTE – MANUTENÇÃO DA GESTAÇÃO QUE PODE CAUSAR GRANDES TRANSTORNOS À SAÚDE FÍSICA E EMOCIONAL – ATENÇÃO AO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA HUMANA ORDEM CONCEDIDA. (TJSP, Habeas Corpus n.º0210254-34.2012.8.26.0000, 6.ª Câmara Criminal, Rel. Marco Antônio Marques da Silva, j. em 27/09/2012).
APELAÇÃO. PEDIDO DE INTERRUPÇÃO DE GESTAÇÃO. FETO ANENCÉFALO E COM MÚLTIPLAS MAL-FORMAÇÕES CONGÊNITAS. INVIABILIDADE DE VIDA EXTRA-UTERINA COMPROVADA POR EXAMES MÉDICOS. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. APLICAÇÃO DO ARTIGO 128, I, DO CÓDIGO PENAL, POR ANALOGIA IN BONAM PARTEM. Comprovadas por variados exames médicos a anencefalia e as múltiplas mal-formações congênitas do feto, de modo a tornar certa a inviabilidade de vida extra-uterina do nascituro, é possível a interrupção da gestação com base no Princípio constitucional da Dignidade da Pessoa Humana e, por analogia in bonam partem, no artigo 128, I, do Código Penal. (...). O aborto eugênico, embora não autorizado expressamente pelo Código Penal, pode ser judicialmente permitido nas hipóteses em que comprovada a inviabilidade da vida extra-uterina, independente de risco de morte da gestante, pois também a sua saúde psíquica é tutelada pelo ordenamento jurídico. A imposição de uma gestação comprovadamente inviável constitui tratamento desumano e cruel à gestante. 3. Parecer favorável do Ministério Público, nas duas instâncias. RECURSO PROVIDO. (TJRGS, Apelação Crime nº 70040663163, 3.ª Câmara Criminal, Relator: Nereu José Giacomolli, j. em 30/12/2010).
Aborto do Anencéfalo (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 54)
No julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 54 (ADPF nº 54), compreendeu o pleno do Supremo Tribunal Federal pela atipicidade do crime de aborto quando da interrupção da gravidez do embrião anencéfalo, sem margem a ampliação do entendimento a outras doenças congênitas, sob o fundamento da inviabilidade do desenvolvimento do feto, assim como da vida extrauterina, dentre outras razões.
Aborto até o terceiro mês de gestação (Habeas Corpus nº 124.306-RJ – STF)
No julgamento do Habeas Corpus nº 124.306/RJ, admitiu-se a concessão da liberdade nos casos de crime de aborto, compreendendo-se pela atipicidade da manobra abortiva até o terceiro mês de gravidez, independentemente da viabilidade da sobrevida do embrião, não se tratando, assim, de conduta criminosa.
Isso sob os fundamentos dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher, sua autonomia, integridade física e psíquica, tal como a própria igualdade em relação ao homem. Com destaque a estes fundamentos, entre outros de aspecto processual e formal, o Ministro Luís Roberto Barroso justificou seu voto pela concessão da ordem.
Tal decisão, contudo, trata-se apenas de um precedente jurisprudencial, sem efeito vinculante.
Art. 129 - Lesão corporal
Objeto material – O tipo do artigo 129 do Código Penal acaba por tutelar a integralidade corporal da pessoa, responsabilizando aquele que, por sua conduta, causa dano às funções biológicas, anatômicas, fisiológicas ou psíquicas de terceiro (da vítima).
Novamente o legislador deixa de estabeleceruma conduta determinada para que o crime se configure, bastando um nexo causal entre uma ação do autor (que não está predefinida pela lei) e a efetiva ofensa à integridade corporal da vítima.
Embora o verbo nuclear do tipo exija uma conduta positiva, uma ofensa à integridade corporal de outrem, compreende-se que o autor também pode responder quando deixa de fazer, quando se omite, nas hipóteses em que a lei lhe impõe o dever jurídico de garantir a integridade física da vítima, situação em que restará caracterizado o crime comissivo por omissão (omissivo-impróprio), na forma do artigo 12, § 2.º, do Código Penal.
Quando a conduta do autor se limitar apenas a causar dor na vítima, sem que disso resulte ofensa à integridade física dela, prevalece o entendimento jurisprudencial e doutrinário de que isso não configurará o crime de lesão corporal, por se considerar que a dor é apenas um fenômeno de índole subjetiva.
As intervenções cirúrgicas, mesmo que resultem em ofensa à integridade corporal do paciente, encontram respaldo no exercício regular de um direito, enquanto tratamentos curativos voltados à melhora das suas condições físicas. Portanto, considera-se excluída a ilicitude de tais atuações médicas.
Dentro do delito de lesão corporal, o enquadramento da conduta do autor deve ocorrer em razão da gravidade do resultado sobre a vítima.
É possível dizer, assim, que quando não demonstrada qualquer consequência, dentre aquelas previstas nos parágrafos 1.º a 3.º e 9.º do artigo 129, restará caracterizado o delito em sua forma simples, prevista no caput do dispositivo, o que se apura através de um raciocínio lógico de exclusão.
Assim, exemplificadamente, quando a lesão corporal resultar morte, incidirá a hipótese do § 3.º; quando resultar incapacidade permanente da vítima para o trabalho, enquadrar-se-á na prevista no § 2.º (inciso I); quando resultar em incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias, capitula-se a conduta tão somente pelo previsto no § 1.º (inciso I); e se nenhuma das hipóteses anteriores for a incidente no caso, restará caracterizada apenas a lesão corporal leve, contida no caput do artigo 129 do Código Penal.
Obs¹: O reconhecimento da insignificância da conduta, quanto à lesão muito branda, recebe resistência da jurisprudência, pois se compreende que a integridade física é bem jurídico superior que não comporta relativizações.
Sujeito ativo – O sujeito ativo do delito pode ser qualquer pessoa, já que a lei não exige alguma condição especial daquele que ofende a integridade corporal de outrem.
Considerando-se criminosa apenas a ofensa física provocada em outrem, conclui-se que a autolesão não é crime. Assim, a pessoa que ataca seu próprio corpo não responde pelo crime de lesão corporal. 
No entanto, se a autolesão tiver o intuito de permitir o recebimento de indenização ou valor de seguro, a conduta será criminosa, enquadrando-se, então, como estelionato, previsto no artigo 171, § 2.º, inciso V, do Código Penal.
Aquele que causa lesão em pessoa morta (em cadáver) não responde pelo crime do artigo 129 do Código Penal, mas sua conduta pode se enquadrar nos artigos 211 ou 212 da precitada lei, pela violação do respeito aos mortos.
Sujeito passivo - Qualquer pessoa física pode ser sujeito passivo do crime, excluindo-se, pelas razões já citadas, o autor que provoca lesões em si mesmo.
O cadáver também não pode ser considerado vítima do crime de lesões corporais, por já não ser sujeito de direito.
Elemento subjetivo – Constitui-se no animus nocendi, na vontade agredir fisicamente, que resta demonstrada quando o autor do fato pratica conduta que resultará na ofensa à integridade corporal de terceiro, atuando conscientemente nesse sentido.
Há espaço para o dolo eventual e a conduta culposa também é admitida, estando prevista no § 6.º do artigo 129 do Código Penal.
Obs¹: As lesões corporais graves, gravíssimas e as que resultam morte (§§1.º a 3.º do artigo 129 do Código Penal) podem ser consideradas preterdolosas ou preterintencionais. Elas exigem, portanto, que o resultado mais grave (a lesão corporal grave, gravíssima ou a morte da vítima) seja ao menos previsível ou evitável pelo autor do fato, ainda que não pretendido. 
Caso o autor sequer consiga prever o resultado de sua conduta, não se poderá responsabilizá-lo pelo ato. Do contrário, estaríamos admitindo autêntica responsabilidade objetiva na hipótese de lesão corporal, o que colide com a disciplina do artigo 19 do Código Penal.
Consumação:
O delito se consuma quando a agressão do autor resulta na efetiva ofensa à integridade física ou à saúde da vítima, comprovando-se a lesão pelo auto de exame de lesões corporais.
TENTATIVA:
Cogita-se possível a tentativa quando, apesar de não alcançado o resultado lesivo, o efetivo dano corporal, prevalecer na conduta do autor o elemento subjetivo de ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem.
Se a vítima não restar ofendida em sua integridade física ou em sua saúde, e também faltar elementos para demonstrar o intuito do autor nesse sentido, o seu dolo, a conduta pode caracterizar residualmente vias de fato, prevista no artigo 21 da Lei das Contravenções Penais.
Lesões corporais graves (§1.º): São as consideradas em razão do resultado da ação do agressor, repreendidas com mais rigor que as lesões leves quando a vítima restar lesionada na forma dos incisos do § 1.º do artigo 129 do Código Penal:
Inciso I – A incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias, não alcança apenas as atividades profissionais da vítima, mas também outras tarefas e rotinas de seu cotidiano, como o lazer, as ocupações domésticas etc.
Se a incapacidade para as ocupações habituais se der por período inferior a trinta dias, então a lesão corporal será leve, na forma do caput, do artigo aqui analisado.
Apesar de se exigir o prolongamento dos efeitos lesão por período superior a trinta dias, ela ainda deve ser temporária. Se for perene (permanente), pode ser enquadrada na hipótese do inciso III, por debilidade permanente de membro, sentido ou função, ou até mesmo como gravíssima, por possível incapacidade permanente para o trabalho, perda ou inutilização de membro, sentido ou função e/ou deformidade permanente (incisos I, III, ou IV do § 2.º do artigo 129 do Código Penal).
Inciso II – O perigo de vida previsto no inciso II deve ser concreto, demonstrável mediante realização de prova técnica na situação de fato (o auto de exame de lesões corporais), que seja conclusivo pela efetiva exposição da vida da vítima a perigo.
Inciso III – A debilidade contida no inciso III está relacionada à redução de uma capacidade atribuída aos membros, sentidos ou função da vítima, sendo que a permanência da debilidade, sua continuidade, estabelece-se em oposição às lesões curáveis.
Membros são os apêndices do corpo, dividem-se em membros superiores e inferiores.
Os sentidos são atributos, atividades desempenhadas pelo organismo em sua correlação com o meio ambiente, como são a audição, a visão, o tato, o paladar e o olfato.
As funções são as atividades fisiológicas desenvolvidas pelo organismo, como são as funções respiratória, circulatória, renal, neurológica, digestiva, cardíaca etc.
A redução de tais atributos fisiológicos, em razão da conduta do autor, caracteriza a lesão corporal grave. A perda deles, de outro lado, destaca a lesão corporal gravíssima.
Obs.: Nas hipóteses envolvendo perda de um dos órgãos duplos (rins, pulmões etc.) admite-se que a lesão provocou a redução das funções do organismo, não se cogitando perda delas, já que a função desempenhada por eles (renal, respiratória etc.) ainda se manterá. Nesses casos, então, a lesão não chega a ser gravíssima.
Inciso IV – A lesão corporal que resulta em aceleração de parto impõe o nascimento do feto com vida. Se por conta da lesão resultar natimorto, então a hipótese será de aborto, configurando-se lesão corporal gravíssima, na forma do inciso V do § 2.º deste artigo.
Lesão corporal gravíssima (§2.º): As consequências arroladasaqui afetam mais severamente a vítima, pelo que entendeu o legislador em cominar penas mais graves nestas hipóteses.
Inciso I – Trata da lesão corporal que resulta em incapacidade permanente para o trabalho, em que se considera a capaz de impedir o exercício de qualquer atividade profissional remunerada, não se limitando apenas àquela habitualmente exercida pela vítima.
Inciso II – A enfermidade incurável se caracteriza justamente pela inexistência de terapia consagrada pela medicina, apta a reestabelecer a saúde da vítima.
A existência de terapias experimentais não descaracteriza a hipótese do inciso II, já que a vítima não pode ser obrigada a se aventurar em tratamentos inconclusivos quanto aos riscos e eficácia.
Obs¹: A transmissão de doenças venéreas, por ato sexual, não caracteriza a hipótese do inciso II do artigo 129, ainda que alguma seja cediçamente incurável. No caso, a situação violará a norma do artigo 130 do Código Penal, já que neste a conduta do autor encontrará todos os elementos de sua definição legal.
Obs²: A transmissão pura e simples de doenças incuráveis, que não se enquadrar nas hipóteses dos artigos 130 e 131 do Código Penal, pode caracterizar lesão corporal gravíssima.
Inciso III – A hipótese deste inciso difere da prevista no inciso III do § 1.º por se tratar, aqui, da efetiva perda ou inutilização do membro, sentido ou função, aplicando-se, assim, sanções mais severas que as previstas para os casos de redução funcional da vítima.
Inciso IV – A deformidade permanente é a que causa alteração no aspecto físico da vítima, que pode lhe resultar em vexame ou desagrado. Sua constatação se dá por meio de exame pericial, seguido de confrontação entre imagens anteriores e posteriores à lesão.
Inciso V – A lesão corporal que resulta em aborto impõe que o autor do fato tenha conhecimento do estado de gravidez da vítima. Por se tratar de conduta preterintencional, em tendo consciência da gravidez da vítima, pode se considerar que assumiu risco de causar a morte do feto, mesmo que não tenha pretendido isso diretamente.
No entanto, se também houve dolo na provocação do aborto, deve se cogitar a incidência dos artigos 125 a 127 do Código Penal.
Obs¹: Para a caracterização do crime, impõe-se a prova do nexo causal entre a agressão e o aborto, mediante laudo pericial.
§ 3.º - Lesão corporal seguida de morte – A doutrina destaca que o § 3.º do artigo 129 do Código Penal contém uma hipótese de homicídio preterintencional (preterdoloso), em que a lesão corporal causada pelo autor resulta na morte da vítima. 
Neste caso, embora a morte não tenha sido pretendida (não se conclua pela existência de dolo na morte da vítima), a responsabilidade por ela é imputada ao autor na forma deste parágrafo, desde que previsível em face das circunstâncias.
Em todos os casos, o nexo causal entre a conduta do autor e a morte da vítima deve sempre estar presente.
§ 4.º - Lesão Corporal privilegiada - O § 4.º do artigo 129 repete, em seus fundamentos e no método de redução, as privilegiadoras contidas no § 1.º do artigo 121, ambos do Código Penal. As duas situações consideram que o crime motivado por relevante valor social ou moral, assim como aquele em que o agente atua mediante violenta emoção, quando seguida de injusta provocação da vítima, acomodam redução da pena, de um sexto (1/6) a um terço (1/3)
O relevante valor social é aquele que aproveita a coletividade.
O relevante valor moral é o que vem em defesa da conduta ética, em acordo com os costumes aceitos na comunidade.
A violenta emoção é o estado emotivo que domina o autor ao ponto de reduzir o juízo crítico de sua conduta, que se justifica na hipótese quando seguido de uma provocação injusta da vítima.
Recomenda-se uma leitura dos apontamentos a respeito do artigo 121, § 1.º, em que a matéria foi apreciada.
Substituição da pena - § 5.º - Há no delito de lesões corporais leves (no qual as lesões não são graves) uma hipótese especial de substituição da pena privativa de liberdade por pena de multa, ela incide quando a lesão corporal for privilegiada (§ 4.º do artigo 129 do Código Penal) e também quando as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa - § 6.º - Ocorre quando da imprudência, da negligência ou da imperícia do autor advém apenas ofensa à integridade corporal corporal da vítima. Independentemente da gravidade das lesões, por não terem sido pretendidas pelo autor do fato (já que ausente o dolo), a pena aplicável é apenas a privativa de liberdade de dois meses a dois anos.
Lesão corporal culposa qualificada ou decorrente da atuação de milícia de segurança ou grupo de extermínio - § 7.º - O parágrafo em questão amplia a incidência da lesão corporal às hipóteses previstas em dois dispositivos que sofreram significativas alterações recentes, os §§ 4.º e 6.º do artigo 121 do Código Penal, que já foram estudadas no artigo 121 do Código Penal.
Então, há previsão legal à lesão corporal culposa qualificada, assim como previsto ao delito de homicídio culposo qualificado, quando ela decorre de inobservância de norma técnica de profissão, arte ou ofício, se omite socorro à vítima ou foge para evitar a prisão em flagrante, em situações equivalentes às previstas no § 4.º do artigo 121 do Código Penal.
Além disso, a lesão corporal decorrente da atuação de milícia que presta serviço de segurança e a oriunda a atuação de grupo de extermínio também se tornaram qualificadas (§6.º do artigo 121 do Código Penal).
Perdão judicial na lesão corporal culposa - § 8.º - Previu aqui o legislador a hipótese de perdão judicial na lesão corporal culposa quando a ação culposa do autor resultar em tal sofrimento pessoal seu que, por si só, já implica em punição pela lesão causada a terceiro, em situações equivalentes àquelas previstas no § 5.º do artigo 121 do Código Penal.
Lesão corporal qualificada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem convivia ou tenha convivido, ou, ainda, na prevalência das relações domésticas, de habitação ou de hospitalidade - § 9.º - A hipótese de lesão corporal aqui qualificada foi incorporada ao diploma penal por força da Lei n.º 11.340/06, destacando-se das lesões corporais leves do caput porque considera as condições pessoais da vítima, notadamente a proximidade do vínculo familiar entre ela e o autor do fato (qualquer parente dele em linha reta – ascendentes ou descendentes, colaterais até o segundo grau – irmãos e cônjuge ou companheiro), bem como nos casos em que se prevalece o delinquente das relações domésticas, de habitação ou de hospitalidade mantidas com a vítima.
Causa de aumento de pena prevista no § 10 – Caso as lesões sejam qualificadas pelas hipóteses dos §§ 1.º a 3.º e as circunstâncias do § 9.º coexistirem no caso concreto, estas já não incidirão como qualificadoras, mas como causas de aumento, em 1/3 (um terço), na dosimetria da pena.
Causa de aumento de pena na lesão corporal qualificada do § 9.º - § 11 - O § 11 do artigo 129 do Código Penal reservou uma última causa de aumento da pena na hipótese de lesão corporal qualificada do § 9.º, quando a vítima for portadora de deficiência.
A reserva legal da lei impõe que a deficiência da vítima só incida como causa de aumento nas situações previstas no § 9.º do artigo 129 do Código Penal, excluindo-a em face das demais. Contudo, nada obsta, em outros casos, seja considerada no agravamento da pena, conforme artigo 61, alínea h, do Código Penal, quando reconhecida a deficiência como enfermidade.
Art. 130 - Perigo de contágio venéreo
1. Objeto material: No seu artigo 130 o Código Penal quer tutelar a incolumidade física da pessoa pelo resguardo da sua higidez sexual, assim como prevenir indiretamente o risco daa disseminação de doenças venéreas no meio social. Para tanto, busca a punição daquele que simplesmente expõe alguém a contágio delas, seja por relação sexual ou por ato libidinoso.
A mera ação de expor a contágio, sem a necessidade de que este efetivamente ocorra, é suficiente para configurar o delito do artigo 130 doCódigo Penal, circunstância esta que também faz concluir tratar-se de crime de perigo.
Não se cogita a prática do crime por omissão.
A exposição da vítima a contágio deve ser veiculada através da relação sexual (que é o coito normal) ou de ato libidinoso (aquele voltado à satisfação do prazer sexual do autor). Se outro for o meio adotado para o contágio, poderão restar caracterizadas as hipóteses dos artigos 131 ou 132 do Código Penal.
Sujeito Ativo: A lei não exige uma qualidade especial do autor, pelo que qualquer pessoa pode praticar o delito, desde que seja portadora de doença venérea.
Sujeito Passivo: Também não há exigência de uma qualidade especial para que alguém seja vítima do crime, razão pela qual o ofendido pode ser qualquer pessoa.
Elemento Subjetivo: Não se vê na redação do dispositivo uma precisão do legislador no que se refere ao elemento volitivo. Não obstante, é possível concluir que a vontade do autor deve ser condensada em três intensidades diversas (em três figuras distintas) para que o delito se configure.
· A mais branda destaca que o autor “... deve saber que está contaminado...”, impondo-se a ele a obrigação pessoal da ciência de seu próprio contágio quando da prática do ato.
Esta hipótese pode restar configurada quando o autor percebe sintomas físicos que o façam concluir estar portando doença venérea e, embora não tenha certeza sobre o seu efetivo contágio, pratica o ato sexual ou libidinoso mesmo assim. 
Obs.: Parte da doutrina compreende que neste ponto o perigo de contágio venéreo do artigo 130 do Código Penal contempla a culpa, já que o autor negligencia seu próprio estado de saúde quando pratica o ato.
No entanto, Celso Delmanto descarta do tipo em questão a modalidade culposa, entendendo que extensão da norma alcança o doloeventual. Conclui assim porque a existência culpa no tipo penal impõe expressa previsão nesse sentido, em razão do princípio da reserva legal (já que a modalidade culposa deveria ser expressamente contemplada na lei), e também porque a incidência da culpa na hipótese destoa do disposto no artigo 18, inciso II, do Código Penal.[1]
Admitir-se-ia, então, que o dolo eventual decorreria da indiferença do autor quanto aos sintomas de doença venérea que já apresenta, concluindo-se disso o potencial risco de contágio de outrem quando da prática do ato.
Obs.: Igualmente corrobora a tese de Delmanto o argumento de que se houvesse sanção à conduta culposa, ela deveria ser menor que a do delito cometido dolosamente, não se podendo compreender para as duas espécies de conduta previstas no caput (o dolo de quem sabe e a “culpa” de quem deve saber) a mesma pena.
· A segunda intensidade de dolo necessário para configurar o crime em questão dispensa o debate anterior, encampando de modo indiscutível a vontade do autor na prática do delito. Então, incide a sanção do artigo 130 do Código Penal quando o agente tem plena ciência de que está portando doença venérea e, mesmo assim, expõe alguém ao risco de contágio por ela.
O verbo “sabe”, contido no caput do artigo 130, destaca o efetivo conhecimento do autor do fato quanto ao seu estado de saúde e aos riscos de transmissão.
· A última modalidade, prevista no § 1.ºdo artigo 130 do Código Penal, acaba exigindo vontade mais intensa que as demais por não se contentar apenas com o intuito da exposição a perigo, já que exige um dolo específico de contaminar a vítima, daí se justificando a punição mais severa.
Ela se configura quando demonstrado que o autor pratica o ato com o firme propósito de contaminar o ofendido. Neste caso, contudo, o crime também se consuma caso o contágio não se realize. A sanção mais severa nesta hipótese se justifica apenas porque o dolo do autor mostrou-se mais lesivo.
Consumação e tentativa: O crime restará consumado quando o autor lograr expor a vítima a contágio de doença venérea, durante a relação sexual ou quando da prática de ato libidinoso, sendo irrelevante se não conseguiu contagiá-la.
E por apresentar um iter fracionável, é plausível admitir que a cadeia de atos contidos na prática do crime seja frustrada por circunstâncias alheias à vontade do agente, o que pode ocorrer pela resistência da vítima em praticar a relação sexual ou o ato libidinoso, assim como por algum outro evento que obste a consumação dele.
Se o ofendido restar contagiado poderá ocorrer a incidência de um crime mais grave, como a lesão corporal grave, gravíssima ou a seguida de morte, incidindo a norma do artigo 129, §§ 1.º a 3.º, do Código Penal, caso a intenção do agente extrapole a vontade do simples perigo de contágio.
Quanto à lesão corporal seguida de morte, impõe-se também a previsibilidade do resultado.
Na hipótese de haver intenção de contágio e animus necandi (dolo de matar), convém ponderar a hipótese de homicídio doloso.
Caso o dolo fique limitado apenas à exposição ao contágio, eventual transmissão poderá ensejar lesão corporal culposa ou homicídio culposo.
Crime Impossível: Admite-se a figura do crime impossível quando a vítima já se apresentava infectada pela doença venérea portada pelo autor.
Crime Putativo: Ocorre quando o autor não é portador da doença que intenta transmitir, embora acredite estar contaminado.
Ação Penal: Processa-se no Juizado Especial Criminal o delito previsto no caput, apenas, conforme artigo 61 da Lei n.º 9.099/95, em razão da pena máxima, que não supera 02 anos.
O crime do § 1.º do artigo 130 do Código Penal extrapola a competência do Juizado Especial pelo valor da pena máxima (que é de quatro anos) remanescendo, contudo, a proposta de suspensão condicional do processo, de acordo com o artigo 89 da Lei de Juizados Especiais, já que sua pena mínima é de 01 (um) ano.
Em ambos os casos a ação penal é pública condicionada à representação, conforme § 2.º do artigo 130 do Código Penal. 
Art. 131 – Perigo de contágio de moléstia grave
Objeto Jurídico: O artigo 131 quer tutelar a segurança à incolumidade física da pessoa, coibindo a pratica de ato com potencial ofensividade à saúde dela, bem como prevenir a voluntária disseminação de doenças graves na sociedade.
Diferentemente do previsto no artigo 130, a norma em questão não exige que o ato praticado tenha natureza sexual, libidinosa ou qualquer outra específica, por isso a doutrina diz que se trata de delito de ação livre.
Noutros termos, a incidência desta norma ultrapassa os limites que o artigo 130 do Código Penal impõe ao perigo de contágio venéreo. Assim, compreende-se que a exposição a contágio de doença venérea, por outro meio que não o ato sexual ou o libidinoso, amolda-se à regra do artigo 131 da norma penal.
E o mesmo também ocorre com o perigo de contágio de outras doenças por ato sexual ou libidinoso (que não sejam venéreas), sendo hipótese, então, do artigo 131 do Código Penal.
Em resumo, se na situação concreta a doença for grave, mas não for venérea e se der por ato sexual e/ou libidinoso, ou, em sendo venérea, não se der por ato sexual e/ou libidonoso, incidirá o artigo 131 do Código Penal, pois neste não se exige uma forma específica de se expor a vítima a perigo de contágio, sequer uma natureza específica da doença, contanto que seja enfermidade grave.
Obs.¹: A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA), mais conhecida como AIDS não se trata de doença venérea, embora uma das formas de contágio seja pelo ato sexual. Assim, a potencial exposição do ofendido ao contágio por ela caracteriza a hipótese do artigo 131 e não do artigo 130 do Código Penal.
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do delito em questão, desde que esteja contaminado com a doença grave a ser potencialmente transmitida.
Sujeito passivo: O ofendido, neste caso, será qualquer pessoa, desde que já não esteja adoecida pela enfermidade a cujo perigo de contágio foi exposta.
Elemento subjetivo: Além da ciência quanto ao seu estado de saúde e à potencialidade de transmissão da doença, a norma do artigo 131 do Código Penal exige o dolo específico de promover a transmissão da doença. Deve o autor pretendero contágio quanto praticar o ato capaz de transmitir a moléstia grave que possui.
· Obs.¹: O dolo exigido neste artigo tem a mesma intensidade daquele previsto no § 1.º do artigo 131 do Código Penal. Cumpre notar, aliás, que as penas para os dois delitos são idênticas.
A norma não pune o ato praticado culposamente, mediante imprudência, negligência ou imperícia.
Consumação e tentativa: O crime se realiza com a prática do ato capaz de induzir a vítima a contágio de doença grave, com a intensão da efetiva contaminação, ainda que seja prescindível a efetiva ocorrência desta.
Aliás, se o contágio ocorrer o crime deixará de ser de perigo e será de lesão corporal, amoldando-se, conforme a gravidade das consequências, às hipóteses dos §§ 1.º a 3.º do artigo 129 do Código Penal, pois já contendo estes o dolo da ofensa, logrando êxito o agente em realizá-la, então foram satisfeitas todas as elementares das lesões corporais dolosas.
Poderá responder, inclusive, por homicídio doloso se demonstrado o animus necandi, a vontade do autor de matar o ofendido.
Outrossim, caso a efetiva contaminação se dê por negligência, imprudência ou imperícia do autor, restará caracterizada a lesão corporal culposa ou o homicídio culposo, conforme a situação.
Ação Penal: Na hipótese do artigo 131 a ação penal é pública incondicionada, sendo possível, à luz do artigo 89 da Lei n.º 9099/95, suspensão condicional do processo, já que a pena mínima não é superior a 01 ano.
Art. 132 - Perigo para a vida ou saúde de outrem
Objeto jurídico: Tal é a preocupação do legislador em preservar a vida e a saúde da pessoa humana que a mera exposição de tais bens jurídicos a perigo já é considerado crime, concluindo-se daí que a lei não tolera sequer condutas dirigidas à exposição deles a risco.
A princípio a norma compreende criminosa a conduta positiva do autor de expor a vida ou a saúde do ofendido a perigo, uma ação propriamente dita (crime comissivo). Contudo, também é possível que ele seja praticado quando o autor deve evitar o resultado lesivo (quando o delito será omissivo impróprio ou comissivo por omissão), ao assumir a posição de garantidor da segurança dos precitados bens jurídicos.
O perigo deve ser concreto, apresentando-se direto e iminente, já que a norma assim dispõe, impondo-se a prova de comprovação de que houve efetiva exposição da vida ou da saúde a perigo.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa pode praticar o delito em questão.
Sujeito passivo: Qualquer pessoa pode ser ofendida, não se exigindo dela qualquer atributo especial.
Elemento subjetivo: Para a ocorrência do fato típico em questão é exigida a vontade de expor a vida de outrem a perigo, nisso se concentra o dolo do autor. E se pela intenção dele for alcançada a efetiva ofensa à vida ou à saúde do ofendido, já não incidirá o artigo 132, mas sim o dispositivo que pune a efetiva violação de tais bens jurídicos (ex: lesão corporal ou homicídio).
· Obs.: É compreensível que o delito do artigo 132 incida apenas de modo subsidiário, quando a conduta não resultar em violação de norma penal mais grave.
A contrario sensu, se não restar configurado outro delito mais grave que ele, então a incidência deste tipo será impositiva, por expressa previsão legal.
Condutas eivadas de imprudência, negligência ou imperícia, porquanto próprias do ato culposo, não são puníveis na forma do artigo 132 do Código Penal. Assim, a exposição a perigo decorrente de ato desastroso do autor não configura o crime, já que não há previsão para a punição do fato praticado culposamente.
Consumação e tentativa: O crime se consuma com a simples exposição da vítima a perigo, admitindo-se, também, a tentativa.
Causa de aumento pelo transporte irregular: A ocorrência do crime quando do transporte irregular de pessoas para a prestação de serviços é acréscimo decorrente da Lei n.º 9.777/98, adicionada ao ordenamento com o objetivo de punir com mais rigor o transporte irregular de trabalhadores angariados para a prestação de qualquer serviço.
Subsidiariedade típica: O próprio tipo penal deixa expresso o caráter subsidiário dessa infração penal, isso quer dizer, que em tese, fica subsumido por crime mais grave, especialmente quando concretizar crime de dano. Se a vítima vier a morrer em decorrência dessa ação, o crime será homicídio culposo (artigo 121, §3o )se chegar a sofrer lesão corporal culposa, o crime continuará sendo do art. 132, cuja pena é mais grave do que daquela, aplicando-se nesse caso o princípio da subsunção, pois que o preceito sancionador do citado artigo 132, contém cominação mais grave de pena, do que o art. 129,§ 6º necessário dolo de perigo (e não de dano)
Acão Penal: A ação é pública incondicionada e segue o rito do Juizado Especial Criminal, inclusive quando da incidência do parágrafo único do artigo 132 do Código Penal, pela ampliação da competência dos Juizados Especiais Criminais para crimes cuja pena máxima não superior a 02 anos
Art. 133 – Abandono de incapaz
Objeto Jurídico: O bem jurídico tutelado na hipótese é a segurança da saúde e da vida da pessoa que não pode, por suas próprias forças, defender-se das adversidades resultantes do abandono praticado pelo seu responsável.
Para coibir dito desamparo a lei descreve como criminoso o ato de abandonar, largar, soltar etc. a pessoa que se mostra incapaz de garantir a própria segurança, que deveria ser garantida pelo seu responsável.
A materialidade do crime também exige a demonstração de uma situação concreta de perigo, pois não há uma presunção legal de incapacidade de defesa na hipótese. Desse modo, é a apreciação do caso concreto que levará ao reconhecimento do efetivo abandono do incapaz.
A prática do delito pode se dar por uma ação do autor (quando o responsável leva a vítima a um determinado lugar e a abandona lá) como também por omissão (ao deixar a vítima em determinado local ausentando-se dali o autor do fato a fim de expô-la a perigo).
Não é apenas um deslocamento espacial/geográfico entre o autor e o ofendido que configura o crime, materializando-se ele também quando agente deixa de prestar o devido cuidado ao indefeso, mesmo mantendo-se próximo a ele.
· É um crime próprio pelas condições particulares do sujeito ativo e passivo.
Sujeito ativo: Sujeito ativo pode ser aquele que tem a vítima sob seus cuidados. 
Isso pode ocorrer em situações excepcionais, que, quando ausentes, não motivam para qualquer responsabilidade sobre o ofendido (p. ex. enfermeira com relação ao seu paciente, a esposa quanto aos cuidados com o marido adoentado ou situação inversa etc.).
O sujeito ativo será também o que mantém a vítima sob sua guarda, caracterizando-se esta por uma dependência contínua do ofendido com o autor do delito.
Inclui-se como sujeito ativo do delito o que mantém a vítima sob sua vigilância, a pessoa a quem foi incumbida a segurança pessoal da vítima.
Também poderá ser autor do delito o que tem a vítima sob sua autoridade, em decorrência de um vínculo familiar (p. ex. pai ou mãe com relação aos filhos submetidos ao poder familiar) ou funcional (p. ex. autoridade policial com relação ao prisioneiro sob sua custódia).
Sujeito passivo: Pode ser qualquer pessoa que se encontre sob os cuidados, a guarda, a vigilância ou a autoridade do autor do fato, e que se mostre indefesa, efetivamente incapaz de garantir sua vida ou segurança diante dos riscos do abandono. 
· Obs.: A norma penal não exige uma correlação desta incapacidade com aquela necessária para os atos da vida civil, prevista no Código Civil. Então, é comum enquadrar nesta situação os submetidos ao poder familiar, à tutela e à curatela, assim como os idosos, os doentes, os portadores de necessidades especiais etc. (mesmo quando civilmente capazes), cuja garantia da própria segurança é exigida de outrem.
Elemento subjetivo: Constitui-se na vontade consciente do autor de abandonar a pessoa posta sob sua responsabilidade, expondo-a a risco em face do qual ela não pode oferecer defesa.
Se o autor compreender, na situação concreta, que o ato praticado não implica

Continue navegando