Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ciclo Gravídico e Puerperal Mayra Cleres de Souza, UFR PLANEJAMENTO FAMILIAR INTRODUÇÃO A população de mínimas oportunidades (nível socioeconômico precário, baixa escolaridade), cresce à custa de gravidezes não planejadas. Dessa forma, quando bem programados e intencionados, os investimentos oficiais e os auxílios internacionais devem prover melhorias nas áreas social e educacional, que são certamente a melhor forma para a mudança do estado atual de não planejamento familiar. Observando-se, em perspectiva, a evolução do comportamento demográfico nos últimos anos, estima-se que a taxa de crescimento populacional decline e que, em 2050, atinja apenas níveis de reposição de perdas de vidas. Fatores socioeconômicos, religiosos e políticos exercem fortes influências no controle da natalidade. Várias falhas verificadas nos serviços de saúde no mundo subdesenvolvido explicam, o montante de gestações indesejadas e, subsequentemente, a quantidade irracional de abortamentos voluntários efetuados. No Brasil, as tecnologias anticoncepcionais e a crescente incidência de esterilização eram o foco principal das discussões. Embora o uso de anticoncepcionais hormonais orais (ACHO) ganhasse força descomunal, a esterilização cirúrgica passou a ser praticada de forma ostensiva e abusiva a partir da década de 1970. O papel do profissional de saúde na iniciação do planejamento familiar parece ser fundamental na escolha e aderência ao método adotado pelas mulheres. DIREITOS REPRODUTIVOS DA MULHER E ANTICONCEPÇÃO RECOMENDAÇÕES DA FIGO Princípios fundamentais: ➢ As mulheres tendem a ser vulneráveis por circunstâncias sociais, culturais e econômicas; ➢ O princípio da autonomia enfatiza o importante papel que a mulher deve adotar na tomada de decisões, com respeito aos cuidados de sua saúde; ➢ Quando for solicitada decisão relativa a cuidados médicos, as mulheres deverão receber informações completas sobre as várias opções terapêuticas disponíveis, incluindo seus riscos e benefícios; ➢ Quando um médico não for capaz ou não desejar praticar um ato por razões extramédicas, ou contrárias aos ditames de sua consciência, deverá fazer todo o possível para oferecer adequado encaminhamento; ➢ Existe a necessidade de se proteger a confidencialidade da paciente; ➢ Os profissionais têm a responsabilidade de considerar o bem-estar da mulher e sua satisfação psicológica; ➢ O princípio de justiça requer que todas sejam tratadas com igual consideração a despeito de sua situação socioeconômica. ORIENTAÇÃO EM ANTICONCEPÇÃO A anticoncepção feminina é efetuada em diferentes fases da vida reprodutiva da mulher, contemplando diversas etapas de suas atividades, da menarca à menopausa. Para o planejamento familiar referente à programação do número de filhos, não se prescinde do auxílio de métodos anticoncepcionais, prescritos com contornos peculiares. Em virtude desse arrazoado, a orientação em anticoncepção deve contemplar a mulher em toda a menacme, protegendo seus direitos reprodutivos, e oferecer oportunidades de desempenhar, na plenitude, sua autonomia para gestar de forma programada. ➢ Comunicação em duas vias; ➢ Ajuda às usuárias para tomar decisões voluntárias, informadas e bem pensadas acerca de sua feminilidade e anticoncepção; ➢ Ajuda à cliente para usar o método corretamente; ➢ Resposta às necessidades e valores individuais de cada usuária. Os passos a serem obedecidos incluem a explanação do mecanismo de ação de cada método proposto, seu modo de uso, sua eficácia e os efeitos colaterais. PROCEDIMENTOS PRELIMINARES Para facilitar a compreensão, esses procedimentos são classificados em quatro categorias: Ciclo Gravídico e Puerperal Mayra Cleres de Souza, UFR ➢ Categoria A: estão nessa categoria as orientações sobre eficácia, efeitos colaterais, uso correto do método, sinais e sintomas por conta dos quais deve procurar o serviço de saúde, proteção contra DST e mudanças no padrão menstrual. ➢ Categoria B: pertencem a essa categoria, medida da pressão arterial e exame das mamas. ➢ Categoria C: figuram nessa categoria, exame pélvico (especular e toque bimanual), triagem para DST por testes de laboratório para pacientes assintomáticas e triagem para câncer de colo uterino. ➢ Categoria D: testes laboratoriais rotineiros (colesterol, glicose, enzimas hepáticas). CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE MÉDICA ➢ Categoria 1: o método pode ser usado sem restrições; ➢ Categoria 2: o método pode ser usado. As vantagens geralmente superam riscos possíveis ou comprovados. Se a mulher escolher esta categoria, um acompanhamento mais rigoroso pode ser necessário. ➢ Categoria 3: o método não deve ser usado. Os riscos possíveis e comprovados superam os benefícios. Deve ser o método de última escolha. ➢ Categoria 4: o método apresenta risco inaceitável. Nas consultas de acompanhamento, posteriores à instituição do método escolhido, o grau de satisfação e a tolerância/adaptação da paciente devem ser cuidadosamente inquiridos. As dúvidas e outros eventuais problemas devem ser solucionados. MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS HORMONAIS TIPOS ➢ Combinados: monofásicos, bifásicos e trifásicos; ➢ Progestogênicos. VIA DE ADMINISTRAÇÃO Oral, intramuscular; vaginal, transdérmica (adesivos), implantes subdérmicos e sistemas intrauterinos. MECANISMO DE AÇÃO ➢ Inibição da ovulação (principal mecanismo); ➢ Muco cervical: pela ação progestogênica predominante, torna-se espesso e hostil aos espermatozoides. EFICÁCIA O motivo mais frequente da falha é o esquecimento nas tomadas, mesmo que seja de apenas uma pílula. DESCONTINUIDADE ANTICONCEPCIONAIS HORMONAIS ORAIS São esteroides utilizados isoladamente ou em assoaciação, com a finalidade precípua de impedir a ovulação. São prescritos também para outras finalidades, por exemplo, nas mulheres com alterações do perfil androgênico, para diminuição dos efeitos estéticos indesejáveis, como ocorre na Síndrome dos ovários policísticos (SOP). INÍCIO DO MÉTODO ➢ Mulheres com ciclos menstruais: inicia-se o procedimento nos primeiros 7 dias do ciclo. Para obter melhor eficácia, as pílulas de baixa dosagem devem ser utilizadas no primeiro dia da menstruação. ➢ Após o parto: se a mulher estiver amamentando, deve-se aguardar 6 meses. Se isso não estiver ocorrendo, aguarda-se período de 6 semanas após o parto. ➢ Após abortamento espontâneo ou provocado: preferencialmente nos primeiros dias. INDICAÇÕES Podem ser utilizadas pela maioria das mulheres, tenham elas filhos ou não, sejam ou não fumantes até 35 anos. ➢ Cólica menstrual; ➢ Anemia ferropriva; ➢ Irregularidades menstruais; ➢ Doenças mamárias benignas; ➢ Diabetes mellitus sem doença vascular, renal, ocular ou neurológica; ➢ Cefaleia leve; ➢ Varizes; ➢ Malária; ➢ Esquistossomose; ➢ Doenças tireoidianas; ➢ Doença inflamatória pélvica; ➢ Endometriose; ➢ Tumores ovarianos benignos; Ciclo Gravídico e Puerperal Mayra Cleres de Souza, UFR ➢ Antecedentes de doença inflamatória pélvica; ➢ Tuberculose; ➢ DST; ➢ Alto risco para infecção pelo HIV; ➢ Sorologia positiva para HIV; ➢ Síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids); ➢ Uso de antibióticos, exceto rifampicina. CONTRAINDICAÇÕES ➢ Na hipertensão arterial, a anticoncepção hormonal pode ser realizada desde que a pressão arterial não atinja nem ultrapasse 160x100mmHg; ➢ Fumantes após 35 anos, deve-se prescrever outro método, sem estrógeno; ➢ Doença vascular, doença cardíaca isquêmica pregressa ou atual, emboliapulmonar, trombose venosa profunda ou cirurgia de grande porte com imobilização prolongada; ➢ Mutações trombogênicas conhecidas; ➢ Doença cardíaca valvar complicada por hipertensão pulmonar, risco de fibrilação atrial ou antecedente de endocardite bacteriana subaguda; ➢ Câncer de mama; ➢ Diabetes com nefropatia, retinopatia ou neuropatia; ➢ Hepatites ativas, cirrose hepática descompensada e tumores de fígado benignos e malignos; ➢ Uso de rifampicina e anticonvulsivantes; Puerpério e aleitamento ➢ Outros métodos, que não os hormonais combinados devem ser utilizados; ➢ Se houver necessidade do método, deve-se cessar o aleitamento ou instituir o método após 6 meses de puerpério; ➢ Para as mulheres que não amamentam, a anticoncepção hormonal com progestógeno isolado deve ser prescrita 21 dias após o parto e a anticoncepção combinada, após 6 semanas; ➢ Após abortamentos e gravidez ectópica, complicados ou não, a anticoncepção pode ser imediatamente aplicada. EFEITOS ADVERSOS DOS ANTICONCEPCIONAIS HORMONAIS ORAIS Os problemas mais comuns não indicam a suspensão da administração: ➢ Spotting ou sangramento irregular; ➢ Vômitos até 1 hora após a tomada da pílula: tomar outra; ➢ Diarreia ou vômitos durante um período superior a 24 horas: associar condom ou espermicidas, ou suspender atividade sexual até 1 semana após o término do quadro. Ganho de peso Candidíase vaginal A anticoncepção hormonal, simultaneamente ao uso de antibióticos, da gravidez e do diabetes mellitus, figura como fator predisponente. Infarto do miocárdio Ocorrência rara de relato de casos e está relacionado ao hábito de fumar. SINAIS DE ALERTA Dor intensa e persistente no abdome, no tórax ou nos membros; cefaleia intensa, que começa ou piora após uso de ACHO; perda breve da visão; fosfenas ou linhas em ziguezague e icterícia. TIPOS DE ANTICONCEPCIONAIS HORMONAIS ORAIS Pílulas combinadas Apresentam em sua composição estrógeno e progestógeno. Monofásicas Todas as pílulas (21, 22 ou 24 em cada cartela) apresentam a mesma composição e dose. Algumas cartelas contêm 28 comprimidos, e as últimas quatro ou sete são placebos. Bifásicas Contêm dois diferentes tipos de pílulas no que se refere às dosagens de seus componentes. Trifásicas Contêm três tipos de comprimidos com composição posológica dos dois hormônios. Sequenciais Esse tipo de anticoncepcional não é mais utilizado e seu uso está reservado apenas para terapia de reposição hormonal. Contém dois tipos de comprimidos: os primeiros onze contém estrógeno, Ciclo Gravídico e Puerperal Mayra Cleres de Souza, UFR apenas, e os dez restantes, com estrógeno e progestógeno. ADMINISTRAÇÃO DO ANTICONCEPCIONAL HORMONAL ORAL Uso intermitente e contínuo São preconizados intervalos de 4 a 7 dias entre as cartelas. Algumas marcas substituem as pausas com comprimidos placebos, com o intuito de diminuir a frequência de falhas por esquecimento. ANTICONCEPCIONAIS INJETÁVEIS COMBINADOS Componentes (estrógeno natural + progestógeno sintético): ➢ Cipionato de estradiol, 5mg + acetato de medroxiprogesterona, 25mg; ➢ Valerato de estradiol, 5mg + enantato de noretisterona, 50mg. A administração é mensal. São mais comuns: alterações do ciclo menstrual, spotting, sangramento prolongado, amenorreia, ganho de peso, cefaleia e vertigem. Recomenda-se para mulheres próximas a menopausa (perfil lipídico e densidade mineral óssea). ADESIVO TRANSDÉRMICO Composição: etinilestradiol + norelgestromina. ANEL VAGINAL Composição: etinilestradiol + etonogestrel liberados de um polímero de acetato de etilenovinil de 54mm. Sua aplicação vaginal não provoca mudanças na microbiota local. A interrupção foi motivada pelo desconforto ou pela expulsão durante o intercurso sexual. ANTICONCEPCIONAL HORMONAL ORAL DE PROGESTÓGENOS Seu mecanismo de ação consiste no espessamento do muco cervical impedindo a ascensão dos espermatozoides, na inibição da ovulação em 50% dos casos e na promoção de alterações endometriais. Não provocam malefícios a gestações em curso. São muito eficazes para a lactante. Apresentam alta taxa de descontinuidade em razão dos seus efeitos secundários, como sangramentos vaginais irregulares. As mulheres nutrizes toleram melhor o progestógeno oral. Constituem sinais de alerta para usuárias do método: sangramento excessivo, cefaleia intensa que começou ou piorou após uso da minipílula, icterícia e possibilidade de gravidez. ANTICONCEPCIONAL HORMONAL INJETÁVEL TRIMESTRAL ➢ Composição: acetato de medroxiprogesterona 150mg em suspensão microcristalina (de depósito); ➢ Administração: intramuscular, trimestral; ➢ Mecanismo de ação: inibição da ovulação e espessamento do muco cervical; ➢ Elevada eficácia; ➢ Efeitos secundários: alterações dos ciclos menstruais, aumento do peso, cefaleia, sensibilidade mamária, desconforto abdominal, alterações do humor, náusea, queda de cabelos, diminuição da libido e acne; ➢ Riscos: redução da densidade mineral óssea e alteração do metabolismo lipídico; ➢ Contraindicado para menores de 16 anos; ➢ Benefícios: pode ser usado após 6 semanas de puerpério e diminui a incidência de gravidez ectópica, câncer de endométrio, doença inflamatória pélvica e mioma uterino. IMPLANTE SUBDÉRMICO Composição: etonogestrel cristalino (68 mg). MECANISMO DE AÇÃO ➢ Inibição da ovulação nos dois primeiros anos de uso; ➢ Muco cervical: ocorre aumento da viscosidade, o que dificulta a penetração dos espermatozoides no canal cervical e no meio intrauterino; ➢ Diminuição da espessura do endométrio (<4mm). DURAÇÃO 3 anos. EFICÁCIA É um dos mais eficazes métodos anticoncepcionais, apresentando taxa zero de falhas em grandes estatísticas. Os principais motivos para a remoção do implante foram: desejo reprodutivo e distúrbios hemorrágicos, embora os sangramentos tendessem a diminuir com o passar dos anos. Além disso, cloasma e cefaleia foram outros motivos para a interrupção do método. Ciclo Gravídico e Puerperal Mayra Cleres de Souza, UFR EFEITOS COLATERAIS ➢ Sangramento (11%); ➢ Amenorreia (21%); ➢ Outros efeitos: acne, mastalgia, cefaleia, aumento de peso, diminuição da libido, tonturas, dor no local da injeção e labilidade emocional. APLICAÇÃO NO PÓS-PARTO E PÓS ABORTAMENTO Idealmente entre 21 e 28 dias ou após abortamentos tardios. DISPOSITIVO INTRAUTERINO (DIU) Trata-se de método largamente utilizado em todo o mundo. Não aumenta os riscos de infecções pélvicas e de infertilidade subsequente. Além disso, existem evidências de que há diminuição nos riscos absolutos de gravidez ectópica. MODELOS ➢ DIU com cobre: feito com material plástico no modelo T (A) de cobre e no modelo Multiload (C); ➢ DIU com progestógeno: modelo de plástico envolvido por cápsula que libera continuamente pequenas quantidades de levonorgestrel. ➢ DIU não medicado: o exemplo mais típico é a alça de Lippes de plástico (B). Atualmente, não está disponível no mercado. MECANISMO DE AÇÃO Age impedindo a fecundação por meio de mecanismo que inibe a progressão dos espermatozoides na cavidade uterina. Admite-se também a hipótese do impedimento da implantação do ovo na cavidade uterina. DISPOSITIVO INTRAUTERINO COM COBRE NOS MODELOS T E MULTILOAD EFICÁCIA O DIU T de cobre é o mais seguro entre os modelos que contêm cobre. CONTINUIDADE NO USO As causas de descontinuidade são o sangramento excessivo e a dor. EFEITOS COLATERAIS Alterações no ciclo menstrual, sangramento menstrual prolongado e volumoso, spotting e dores pélvicasem cólicas menstruais e intermenstruais. RISCOS ➢ Perfuração uterina à inserção: mais comum após partos; ➢ Doença inflamatória pélvica; ➢ Lipotimias durante a inserção (efeito vagal); ➢ Expulsão inadvertida e não percebida (raro). BENEFÍCIOS Longa duração, desnecessidade de substituição de DIU inerte, alta eficácia, ausência de interferência no desempenho sexual, reversibilidade imediata e ausência de interação com medicamentos. MODO DE USO Em quadros de tabagismo; uso de medicamentos; incluindo as drogas anticonvulsivantes; antecedente pessoal de hipertensão arterial; câncer de mama e doença cardíaca em que se contraindica a anticoncepção hormonal; história de doença vascular (por exemplo, AVC); obesidade; lactação. CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE MOMENTO PARA A INSERÇÃO ➢ Mulher com ciclos menstruais: em qualquer momento, desde que afastada a hipótese de gestação em curso. Durante a menstruação a intensidade da dor é menor. Possíveis desvantagens da inserção durante a menstruação vinculam-se à impossibilidade de se excluir infecção pélvica. ➢ Após o parto: logo após a dequitação ou depois de um período que varia de 4 a 6 semanas. ➢ Após abortamento: imediatamente, caso não se constate infecção. Ciclo Gravídico e Puerperal Mayra Cleres de Souza, UFR CONTROLE ➢ Posicionamento na cavidade uterina: ultrassonografia; ➢ Comprimento dos fios: recomenda-se deixar de 2 a 3cm. Pelo autoexame (toque vaginal), a mulher pode verificar o comprimento dos fios. REMOÇÃO Dentre as causas pode haver: programação de gravidez efeitos colaterais como dor e sangramento, falha (risco de infecção grave na gravidez com DIU), doença inflamatória pélvica, perfuração do útero, deslocamento do dispositivo, prazo expirado e menopausa. Os sinais de alerta são: ausência de menstruação, fios com deslocamento, dores pélvicas não habituais e febre. DISPOSITIVO INTRAUTERINO COM PROGESTÓGENO (LEVONORGESTREL) Usado como anticoncepcional no tratamento de ciclos hipermenorrágicos, na terapia hormonal, na endometriose e na miomatose uterina. CARACTERÍSTICAS Dispositivo tem forma de T, com 32mm de comprimento, com haste revestida com cilindro de polidimetilsiloxano de 19mm de extensão, contendo 52mg de levonogestrel. É radiopaco. MECANISMO ANTICONCEPCIONAL ➢ Efeitos do muco cervical: aumenta a viscosidade e diminui a quantidade, dificultando a migração espermática; ➢ Efeitos endometriais: atrofia o endométrio 1 mês após a inserção e provoca intensa reação decidual. O endométrio torna-se insensível à ação estrogênica (diminuição dos receptores estrogênicos); ➢ Inibição da ovulação; ➢ Outros efeitos: efeitos uterovasculares, inibição da motilidade espermática e reação de corpo estranho. EFICÁCIA EFEITOS SECUNDÁRIOS ➢ Spottings ou manchas nos 2 a 3 meses iniciais; ➢ Amenorreia: 20% em 1 ano e 50% em 5 anos; ➢ Efeitos hormonais: mastodínia e acne; ➢ Outros efeitos: dor abdominal, dor lombar, cefaleia, depressão, náuseas e edema. DESEMPENHO CLÍNICO Pode ser utilizado em várias situações em que há contraindicações ao uso de anticoncepcionais hormonais. CRITÉRIO DE ELEGIBILIDADE MOMENTO DE INSERÇÃO NO PÓS-PARTO E PÓS ABORTAMENTO ➢ Logo após a dequitação durante o aleitamento; ➢ 6 a 8 semanas após o parto; ➢ Imediatamente após abortamento, se não houver infecção. DURAÇÃO/SUBSTITUIÇÃO 5 anos, período após o qual deverá ser substituído ou retirado. MÉTODOS DE BARREIRA CONDOM OU PRESERVATIVO Método anticoncepcional de larga aceitação mundial. Grande vantagem sobre outros métodos é a proteção contra DST: HIV. Para esse fim, é usado como método complementar de quaisquer outros métodos. CARACTERÍSTICAS Condom masculino Denominado também camisinha ou preservativo, é uma capa membranosa fina de látex ou de plástico que se ajusta ao pênis ereto, constituindo uma barreira física que isola a vagina do material ejaculado. A maioria é lubrificada com silicone líquido ou com lubrificantes aquosos. Condom feminino É uma bolsa membranosa fina de plástico, de forma cilíndrica, que se adapta à vagina e serve de proteção do colo uterino, da vagina e da genitália externa. É constituído pela bolsa com dois anéis nas extremidades: um menor (fechado) que deve ser ajustado ao colo uterino e outro maior que se adapta a genitália externa. É lubrificado e, como o condom masculino, tem a função Ciclo Gravídico e Puerperal Mayra Cleres de Souza, UFR protetora, isolando o trato genital inferior feminino do contato com o sêmen. MECANISMO DE AÇÃO Como método de barreira, além da proteção contra a ocorrência de gravidez, serve também para a proteção contra as DST’s e o HIV. EFICÁCIA RISCOS Além das falhas, a rotura e o deslocamento do condom ocorrem em cerca de 5%. BENEFÍCIOS Diminuição das doenças inflamatórias pélvicas. Previnem a gestação ectópica e oferecem a oportunidade de anticoncepção ocasional, sem a necessidade de continuidade do método. CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE É o que oferece mínima restrição ao seu uso, como alergia grave ao látex. ORIENTAÇÃO DO CASAL Discorrer sobre a eficácia, orientar sobre o uso correto do método, orientar a conduta quando há a rotura do condom e comentar sobre a proteção contra as DST. CONDUTA NA ROTURA DO CONDOM ➢ Introduzir espermicida intravaginal, se disponível; ➢ Lavar o pênis e a vagina com água e sabão, para a proteção contra DST/HIV; ➢ Anticoncepção de emergência. DIAFRAGMA É um método de barreira de uso vaginal. Tem a forma de um capuz côncavo que deve ser adaptado ao colo do útero. Usa-se conjuntamente com geleia espermicida. TIPOS De acordo com o círculo metálico de sustentação, podem ser de três tipos: ➢ Borda plana: de látex, fina e elástica. Disponível nos tamanhos de 55 a 95mm. ➢ Borda enrolada: de látex, firme e pouco elástica. Disponível nos tamanhos de 50 a 105mm. ➢ Borda em arco: a borda é muito mais firme, com pouca elasticidade. Disponível nos tamanhos de 55 a 95mm. EFICÁCIA EFEITOS COLATERAIS ➢ Infecções do trato urinário; ➢ Dor pélvica e retenção urinária; ➢ Irritação genital provocada pelo espermicida. DIFICULDADES NO MANEJO ➢ A introdução do diafragma implica a introdução de dedos na vagina, procedimento que muitas vezes é constrangedor para as mulheres; ➢ Pode interromper o coito quando não for inserido previamente ao início do ato sexual; ➢ Requer o uso de geleia espermicida; ➢ Pode haver dificuldades na retirada; ➢ Necessidade de mudança no tamanho, geralmente após partos. RISCOS E BENEFÍCIOS Maior risco de infecção do trato urinário e alergia ao látex ou ao espermicida. Não há contraindicações prévias, contribui para a proteção contra DST; pode ser utilizado durante o aleitamento e o seu uso pode ser interrompido a qualquer momento. CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE ORIENTAÇÃO PARA O USO São essenciais e obrigatórios o exame pélvico e a orientação sobre a eficácia, o uso correto do método, o que fazer quando houver desconforto e sobre a proteção contra as DST. INTRODUÇÃO DO DIAFRAGMA Deve-se colocar 15 mL de geleia espermicida na parte côncava do dispositivo. Com a parte convexa voltada para baixo, pressionando-se as bordas do círculo, introduz-se o diafragma na vagina, o mais profundo possível. O colo pode ser percebido através de toque digital na parte convexa do diafragma, conferindo o bom posicionamento do dispositivo. REMOÇÃO Deve ser feita após um mínimo de 6 horas do coito. Não deve permanecer por mais de 24 horas no interior da vagina. Após a remoção, o diafragma deve ser lavado com água e sabão.Para Ciclo Gravídico e Puerperal Mayra Cleres de Souza, UFR maior durabilidade, depois de secá-lo é necessário acondicioná-lo em ambiente limpo, seco e escuro. ESPERMICIDA Como componentes, apresenta o espermicida químico e uma base inerte que promove a aderência do espermicida junto ao colo uterino. CARACTERÍSTICAS ➢ Espermicidas: nonoxinol-9 (o mais comum), menfegol e cloreto de benzalcônio; ➢ Base inerte: creme, geleia, espuma, supositório, comprimido ou filme. MECANISMO DE AÇÃO Provocam a morte dos espermatozoides ou dificultam a migração destes até as tubas uterinas. EFICÁCIA EFEITOS INDESEJÁVEIS ➢ O espermicida pode causar úlceras, erosões genitais, prurido e queimaduras; ➢ Reação alérgica ao produto; ➢ Lubrificação excessiva pode causar desconforto; ➢ Comprimidos efervescentes também causam desconforto pela sensação térmica (aumento de temperatura). RISCOS E BENEFÍCIOS Efeitos colaterais, como alergia ao produto e irritações locais por uso muito frequente. Facilidade de uso, raras contraindicações, proteção de algumas DST e ausência de efeitos sistêmicos; CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE PROCEDIMENTOS PARA A INDICAÇÃO DO MÉTODO Orientação sobre eficácia, uso correto do método e conduta quando apresentar desconforto e proteção contra as DST’s. MÉTODOS COMPORTAMENTAIS Para a aplicação do método, é preciso que a mulher tenha dados corretos sobre o seu período fértil (início e final) e de abstinência. A participação, evidentemente, deve ser de ambos os cônjuges. TIPOS ➢ Calendário ou tabela (método de Ogino- Knaus): considera-se a data provável da ovulação 14 dias antes do início da menstruação seguinte. O período fértil é estimado acrescentando-se 3 dias antes e após a data estimada da ovulação; ➢ Muco cervical (método de Billings): baseado no conceito de que o muco se toma de máxima afiladura no dia da ovulação, quando ocorre pico na produção de estrógeno; ➢ Temperatura corporal basal: a ação da progesterona provoca aumento da temperatura corporal; ➢ Sintotérmico: consiste no uso dos três métodos anteriormente descritos. EFICÁCIA MODO DE USO Embora seja pouco usado, em situações especiais pode se ajustar melhor ao casal, por exemplo: hipertensão arterial, trombose venosa profunda, cefaleia grave, miomatose uterina, hepatite viral e malária com lesão hepática. CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE O critério mais importante é a disposição que o casal apresenta para adesão. USO DO MÉTODO NO PÓS-PARTO E PÓS- ABORTAMENTO A dificuldade consiste na impossibilidade de se conhecer o período fértil, especialmente durante o aleitamento. PROCEDIMENTOS PARA O INÍCIO DO MÉTODO As instruções a respeito de cada método são essenciais e obrigatórias, por exemplo: dos sinais e sintomas da fertilidade, da importância da colaboração e aderência do parceiro, da proteção contra as DST’s (inexistente nesse método) e da eficácia. MÉTODO DE LACTAÇÃO OU AMENORREIA Tem como princípio a amenorreia e a anovulação acarretadas pelo aleitamento e é indicado para os primeiros 6 meses após o parto. MECANISMO DE AÇÃO Consiste na anovulação e amenorreia por inibição hipotalâmica da produção de gonadotrofinas pelos altos níveis de prolactina. A produção de esteroides sexuais torna-se muito baixa em vigência de aleitamento exclusivo. EFICÁCIA Ciclo Gravídico e Puerperal Mayra Cleres de Souza, UFR CONTINUIDADE NO USO O método é de baixa credibilidade. RISCOS E BENEFÍCIOS Não existem riscos. Os benefícios estão relacionados àqueles do aleitamento per se, além da anticoncepção conferida. CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE As orientações se aplicam à duração do método e à sua eficácia. Assim, 6 meses após o parto e com o retorno das menstruações, essas contraindicações podem ser consideradas os principais fatores limitantes ao uso do método. ANTICONCEPÇÃO NA ADOLESCÊNCIA Investimentos na educação sexual, incluindo orientação quanto aos hábitos saudáveis, a anticoncepção e a profilaxia de DST, são extremamente importantes. ESCOLHA DO MÉTODO ANTICONCEPCIONAL Deve ser levado em conta a eficácia, acessibilidade, efeitos colaterais, facilidade no uso e taxas de aderência ao método (continuidade). Entre todos os métodos, os ACHO parecem ser de melhor aplicabilidade para esse grupo de mulheres. A associação do uso do método de barreira (condom) é necessária para a prevenção das DST’s. A educação sexual recebida, o grau de conhecimento sobre o HIV e sua transmissão e o uso do condom na iniciação sexual estão intimamente vinculados ao uso consistente de preservativos. ANTICONCEPÇÃO EMERGENCIAL É a terapia utilizada para a prevenção de gestações não planejadas após intercurso sexual não protegido. O método não apresenta contraindicações, exceto se existir uma gestação em curso, embora não haja descrições de danos tanto matemos quanto fetais com o uso dos métodos preconizados. MÉTODO LEVONORGESTREL Esse método é utilizado isoladamente, em duas tomadas com intervalo de 12 horas. Preconiza-se que o medicamento seja utilizado até 72 horas após o intercurso sexual não protegido. MÉTODO DE YUZPE (ETINILESTRADIOL 100UG + LEVONORGESTREL 0,5MG) Nesse método, são administrados dois comprimidos com intervalo de 12 horas. Sua desvantagem é a ocorrência de náuseas e vômitos, que podem ser reduzidos com o uso de antieméticos. IMPLANTE DE ETONOGESTREL OU DE LEVONORGESTREL Tal método, evidentemente, pode ser preconizado para as mulheres que optarem por esse tipo de anticoncepção de longo prazo. ANEL VAGINAL Ao interferir no processo de crescimento folicular observado com seu uso o anel vaginal contendo etinilestradiol (15 µg) e etonogestrel (150 µg) é sugerido como forma de anticoncepção emergencial, com a vantagem da continuidade da ação anticoncepcional em períodos subsequentes. MECANISMO DE AÇÃO Tanto o progestógeno isolado quanto o combinado inibem ou retardam a ovulação. Alguns estudos demonstraram a hostilidade endometrial à implantação do ovo após a administração dos hormônios. PÍLULA ABORTIVA MIFEPRISTONA (RU-486) AUTONOMIA DE FARMACÉUTICOS NA PRESCRIÇÃO DE ANTICONCEPÇÃO EMERGENCIAL MÉTODOS CIRÚRGICOS LAQUEADURA TUBÁRIA É o método mais prevalente no mundo. Idade, paridade, crença religiosa e educação são fatores que exercem fortes influências sobre os métodos cirúrgicos de anticoncepção. EFICÁCIA E FALHAS As falhas são excepcionais e estão relacionadas com a técnica cirúrgica. 1/3 desses casos é de gestação ectópica. A obtenção de um termo de consentimento livre e esclarecido é um dos passos muito importantes. EFEITOS SECUNDÁRIOS Ciclo Gravídico e Puerperal Mayra Cleres de Souza, UFR Distúrbios menstruais após esterilização tubária são possibilidades hipotéticas e raras; diminuição no risco de câncer de ovário. ARREPENDIMENTO Ocorre com frequência maior em mulheres operadas antes dos 30 anos, solteiras ou em união conjugal recente, com história de perda de um filho após a laqueadura, com acesso limitado a outros métodos ou quando o procedimento é realizado durante ou logo após o parto. PROLE IDEAL E LAQUEADURA O número ideal de filhos a partir do qual a laqueadura poderia ser efetuada com pequeno risco de arrependimento é variável segundo muitos parâmetros socioculturais e econômicos. REVERSIBILIDADE TÉCNICA DE REALIZAÇÃO DA LAQUEADURA TUBÁRIA Quanto às vias de acesso, as técnicas mais utilizadas são: laparotomia (utilizada com maior frequência), minilaparotomia, laparoscopia e culdotomia (colpoceliotomia).A técnica de acesso às tubas por via minilaparotômica é indicada tanto para a laqueadura de intervalo quanto para a puerperal. No puerpério imediato, após parto vaginal, com complementação da anestesia realizada para o parto, a incisão deve ser periumbilical, a qual atende aos critérios estéticos, além de prover maior conforto à paciente. Na laqueadura de intervalo, a incisão pode ser transversa e suprapúbica, efetuada sob anestesia de condução. Sendo a via laparoscópica preferida. A culdotomia apresenta indicação de exceção, considerando-se as dificuldades técnicas, e também por ser uma via de acesso aos órgãos abdominais de uso raríssimo. QUANTO AO PERÍODO ➢ Gravídico-puerperal: quando a laqueadura é realizada no ciclo gravídico-puerperal, incluindo o pós-abortamento. ➢ De intervalo. QUANTO AO TIPO DE INTERVENÇÃO SOBRE AS TUBAS UTERINAS “LAQUEADURA” QUÍMICA A injeção transcervical de hidroclorito de quinacrina na dosagem de 216mg em forma de 6 pellets, na primeira fase do ciclo menstrual, é complementada por uma segunda dose administrada após 4 semanas. Considera se o método válido após 3 meses da segunda dose. OBSTRUÇÃO TUBÁRIA POR MICRO-HASTES (ESSURE) A oclusão tubária pode ser realizada em ambulatório, por via histeroscópica, com utilização de um microdispositivo inserido diretamente nas tubas, sem incisões ou necessidade de anestesia. SALPINGECTOMIA PARCIAL Consiste na exérese parcial ou na inutilização segmentar das tubas. ➢ A técnica de salpingectomia parcial mais popular é a de Pomeroy. ➢ A técnica de Madlener é mais simples e consiste na apreensão da tuba e ligadura com fio não absorvível. Não se secciona a alça formada sobre o local da ligadura. Ciclo Gravídico e Puerperal Mayra Cleres de Souza, UFR ➢ Na técnica de Irving, faz-se dupla ligadura com secção de um segmento de tuba, resultando em duas extremidades. ➢ A técnica de Ushida é muito trabalhosa e consiste na dissecção da tuba. na região ístmica, com injeção de soro fisiológico entre os folhetos da mesossalpinge. ANÉIS E GRAMPOS ELETROFULGURAÇÃO ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS O planejamento familiar é definido como um conjunto de ações de regulação da fecundidade centrado na garantia dos direitos a todos, na livre constituição da prole pelo casal ou pela mulher ou homem isoladamente. É dever do Estado assegurar o livre exercido do planejamento familiar. REFERÊNCIAS Zugaib, Obstetrícia; 3º edição, 2016, capítulo 28.
Compartilhar