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UNIC/FAIESP
Curso: Direito - 9º Semestre – Noturno
Disciplina: Direito administrativo Administração Pública
Discente: Kamilla de Oliveira Silva RA: 1098687590 Turma: 59020161A
ATIVIDADE DISCURSIVA
1) Josiane é médica e professora e exerce as seguintes atividades remuneradas concomitantemente:
i) de servidora pública sujeita ao regime estatutário do Município de São Paulo no cargo de médica clínica geral na Unidade Básica de Saúde do Limão, onde foi aprovada em concurso público de provas e títulos;
ii) de plantonista no Hospital das Clínicas da Universidade do Estado de São Paulo, no Município de São Paulo/SP, onde foi contratada por processo seletivo publico simplificado de provas e títulos;
iii) professora universitária em uma faculdade de medicina particular no Município de São Paulo/SP, onde foi contratada pelo regime celetista.
Nesse contexto, Josiane pode acumular os cargos/funções descritas em "i", "ii" e "iii"? Justifique sua resposta.
A vedação de acúmulo de cargos públicos sempre esteve presente na história constitucional brasileira. No entanto, a partir da constituição de 1934, começaram a surgir as exceções ao permitir o exercício do cargo de magistério e técnico científico cumulativamente.	Essa regra foi mantida em todas as Constituições subsequentes, desde que observada a compatibilidade de horários e sem acarretar prejuízo à jornada de trabalho.
A Constituição de 1988, com algumas atualizações, manteve a tradição constitucional brasileiro ao estabelecer: 
Art. 37 [...]
[...]
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: 
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas; 
No que tange à acumulação de cargos técnicos ou científicos com cargos de professor, o Superior Tribunal de Justiça vem entendendo que os cargos técnicos ou científicos, para fins de acumulação, são aqueles de nível superior ou de nível técnico especializado, não bastando ter nomenclatura de técnico.
Ressalta-se que Magistrados e membros do Ministério Público podem acumular seus cargos com um cargo de professor, nos moldes do artigo 95, parágrafo único, I combinado com o artigo 128, § 5º, II, “d” da Carta Magna. Mesmo que não houvesse previsão expressa, a acumulação seria lícita em virtude da regra geral, por se tratarem de cargos científicos.
Para que, em qualquer das hipóteses, a acumulação seja lícita, deve haver compatibilidade de horários. Além disso, indispensável que a referida acumulação respeite o teto remuneratório de pagamento de servidores (art. 37, XI da CRFB/88). Cumpre destacar que, em 2017, o STF pacificou o entendimento que, para fins de respeito ao teto remuneratório, será considerado cada um dos cargos individualmente, não sendo necessária a soma de valores das remunerações de ambos os cargos.
No caso de acumulação ilegal, a Administração Pública, tendo conhecimento da situação, concederá o prazo de 10 dias para que o servidor faça a opção entre eles.
Diante do exposto, e respondendo objetivamente à questão proposta, Josiane pode acumular os cargos/funções descritas em "i", "ii" e "iii", visto que os cargos públicos descritos em "i", "ii" são acumuláveis, nos moldes do art. 37, XVI, “c” da Constituição Federal. 
Quando a Constituição Federal proíbe a acumulação de cargo ou emprego, abrange os servidores estatutários, os celetistas e também os temporários de qualquer ente da administração direta ou indireta da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. 
Portanto, o cargo/função descrito no item iii, por se tratar do cargo de professora em uma faculdade de medicina particular, não sofre a incidência da vedação de acúmulo de cargos públicos, estabelecida no art. 37, XVI da Constituição Federal.
Frisa-se, por fim, que mesmo nas hipóteses expressamente previstas no texto constitucional será lícita a acumulação, desde que haja compatibilidade de horários para desempenho dos cargos/funções acumulados. Até porque, o texto constitucional não estabelece um limite numérico para o somatório das horas semanais trabalhadas, mas tão somente a compatibilidade de horários.

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