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REVISÃO – 3ª ANO O que é arte? Desde os tempos pré-históricos, o ser humano constrói no mundo suas próprias coisas, demonstrando maior ou menor habilidade para isso. Ao conjunto de coisas que se distinguem por revelar talento, perícia, habilidade e beleza costumamos associar o nome arte. Em algum momento de nossas vidas, já sentimos o efeito agradável de uma obra de arte: uma música, um romance, uma pintura, uma dança, um poema. Mas não é fácil explicar os motivos pelos quais milhões de seres humanos, ao longo da história, são atraídos pela arte. A arte pode ter várias definições. Entre elas encontra-se a de Susanne K. Langer (1895-1985), filósofa estado-unidense, para quem a arte pode ser compreendida como a prática de criar formas perceptíveis do sentimento humano. Analisemos, então, o conteúdo essencial dos termos dessa definição: · Prática de criar – a arte é produto do fazer humano. Deve combinar a habilidade desenvolvida no trabalho (prática) e a imaginação (criatividade); · Formas perceptíveis – a arte concretiza-se em formas capazes de ser percebidas por nossa mente. A palavra perceptível não se refere às formas captadas apenas pelos sentidos exteriores, mas também pela imaginação. · Expressão do sentimento humano – a arte é sempre a manifestação (expressão) dos sentimentos humanos. Embora a arte faça parte do mundo humano desde a Pré-história e tenha ocupado um lugar de grande importância em todas as civilizações, a palavra estética só foi introduzida no vocabulário filosófico em 1750, pelo filósofo alemão Alexandre Baumgarten. Refere-se à cognição por meio dos sentidos, ou seja, o conhecimento sensível. Mais tarde, passou a usar o termo como referência à percepção da beleza, especialmente na arte. Por isso, enquadramos a estética em um ramo da filosofia que estuda racionalmente os valores propostos pelas obras de arte e o sentimento que suscitam nos seres humanos. Arte e Indústria Cultural Um dos fatores mais importantes para a mudança no modo como se entende a arte no mundo contemporâneo foi o impacto da tecnologia. Até o século XVIII, a obra de arte tinha como característica o fato de ser única. Uma pintura podia ser copiada, mas era sempre possível distinguir o trabalho original de suas cópias, que não eram muitas. Em função desse caráter único da obra original ou da performance, podemos dizer que a obra de arte no passado possuía uma aura, ou seja, envolvia certa forma de ritual. Afinal, o ato de entrar em um museu e contemplar uma pintura envolve um estado de espírito diferente em relação a outras atividades do cotidiano, como ir à padaria tomar um café ou ao banco pagar uma conta. No entanto, com o desenvolvimento de técnicas de reprodução de sons e imagens, a aura original de uma obra de arte se perdeu. Não precisamos mais ir ao museu para ver a imagem de uma obra famosa, como Mona Lisa de Leonardo da Vinci (1452-1519), ou A persistência da memória, de Salvador Dali (1904-1989). Essas imagens estão disponíveis aos milhares em livros, panfletos, revistas e na internet. Essa perda da aura da obra de arte já havia sido notada na primeira metade do século XX pelo filósofo alemão Walter Benjamin. Benjamin era vinculado a uma escola de teoria social que ficou conhecida como Escola de Frankfurt. Segundo esse autor, por um lado, a perda da aura estava levando à liquidação do modo tradicional de conceber a obra de arte. Por outro lado, as técnicas de reprodução estariam ampliando o acesso das massas à produção artística, e esse seria um aspecto positivo de transformação das estruturas. O filósofo alemão Theodor Adorno (1906-1969), também ligado à Escola de Frankfurt, no mesmo período, criticava a visão otimista de Benjamin e afirmava que, na verdade, as técnicas de reprodução estavam levando a uma massificação da cultura. Embora a teoria estética de Adorno se coloque como crítica às formas de dominação no sistema capitalista, ele não condena a cultura de elite em favor da cultura popular. Pelo contrário, ele repudia a cultura de massa, que é formada e vendida em grande escala como produto de consumo. Adorno, porém, prefere a expressão indústria cultural à expressão cultura de massa, pois esta pode sugerir a ideia de uma cultura emergindo de baixo para cima, das massas populares, quando o que ocorre é justamente o oposto. Os bens culturais produzidos para o mercado, na visão de Adorno, são carregados de ideologia e servem aos propósitos da classe dominante. ÉTICA E MORAL Em nosso dia a dia, frequentemente nos deparamos com situações em que temos de fazer escolhas e tomar decisões. Muitas vezes elas dependem daquilo que consideramos bom, justo ou correto. Toda vez que isso ocorre, estamos diante de uma decisão que envolve um julgamento moral, a partir do qual vamos orientar nossa ação ou a ação de outras pessoas. Em outras apalavras, o ser humano é um ser moral: um ser capaz de avaliar sua conduta a partir de valores morais. O que é moral? E qual a diferença entre ética e moral? Embora os termos ética e moral por vezes sejam usados como sinônimos, é possível fazer uma distinção entre eles. A palavra moral vem do latim mos, mor-, “costumes”, e refere-se ao conjunto de normas que orientam o comportamento humano tendo como base os valores próprios a uma comunidade ou cultura. A palavra ética, por sua vez, vem do grego ethikos, “modo de ser”, “comportamento”. Portanto, etimologicamente, os dois termos querem dizer quase a mesma coisa. No entanto, ética designa mais especificamente a disciplina filosófica que investiga o que é a moral, como ela se fundamenta e se aplica. Ou seja, a ética – ou a filosofia moral – estuda os diversos sistemas morais elaborados pelos seres humanos, buscando compreender a fundamentação das normas e interdições (proibições) próprias a cada um e explicitar seus pressupostos, isto é, as concepções sobre o ser humano e a existência humana. Liberdade incondicional Afinal, somos livres ou determinados? Quando nos referimos ao conceito de liberdade, podemos fazê-lo com base em diversas perspectivas. Há os que descreem da possiblidade de escolha livre, enquanto para outros liberdade é poder pensar e agir por si próprio, sem nenhum constrangimento. Na maior parte da tradição filosófica, a liberdade humana é admitida como absoluta, ou seja, temos a escolha de agir de um modo ou de outro, independentemente de forças que nos constrange. A concepção de liberdade remonta s Sócrates que imprimiu uma orientação racionalista à ética. Para ele, a prática de virtudes como justiça, a fortaleza, a temperança e a prudência dependem do conhecimento que delas temos: agimos bem quando as conhecemos e mal quando as ignoramos. Desse modo, alguém é corajoso quando a razão o orienta a enfrentar os desafios e a não se acovardar. A posição intelectualista de Sócrates é criticada por ter desconsiderado a vontade humana como elemento capaz de contrariar a disposição racional para o bem. Na ética de Aristóteles, tanto a virtude como o vício dependem da vontade do indivíduo. Trata-se do conceito de liberdade incondicional, pela qual podemos agir de uma maneira ou de outra, independentemente das forças que nos constrangem. Sobre essas forças, ao examinar as paixões humanas, Aristóteles define-as como apetites (a cólera, o medo, a audácia, a inveja, a alegria, o desejo) e, por isso, não dependem de nossa escolha. Mas a virtude, contrariamente às paixões humanas, é uma disposição de caráter relacionada à escolha racional própria do homem dotado de sabedoria prática. É bem verdade que, na Grécia antiga, a liberdade era exercida no espaço da pólis, na qual os cidadãos construíam a política. Portanto, livre era o homem da praça pública, disponível para compartilhar entre iguais as ações e os discursos e liberado das obrigações cotidianas.
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