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ANÁLISE JURÍDICA DA TRAGÉDIA DE MARIANO

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TRABALHO DA DISCIPLINA [AVA 2] – DIREITO AMBIENTAL
Universidade Veiga de Almeida
Disciplina: Direito Ambiental
Professora: Camila Rabelo de Matos Silva Arruda
Aluno: William Gabriel de Oliveira Alves
Matrícula: 20192102934
Rio de Janeiro, 2020.
ANÁLISE JURÍDICA DA TRAGÉDIA DE MARIANA/MG
Autor: William Gabriel de Oliveiras Alves
O desastre ambiental ocorrido em Mariana/MG trouxe diversos danos ao meio ambiente, desde o assoreamento de rios à infertilidade do solo. Ao analisar o evento dentro da esfera jurídica, podemos destacar uma série irresponsabilidades por parte da administração da Mineradora Samarco, irresponsabilidades essas que englobam os âmbitos civil, administrativo ambiental, bem como o âmbito penal ambiental.
A Constituição Federal traz elencados em seu texto princípios do Direito Ambiental com a finalidade básica de proteger a vida, independentemente da forma em que ela se apresente, além de garantir um padrão de existência digno para os seres humanos desta e das próximas gerações. 
O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito fundamental, reconhecido pelo art. 225 da Constituição. Como se sabe, no Estado Brasileiro, os direitos fundamentais estão intimamente relacionados ao próprio fundamento e objetivo da República Brasileira de assegurar a todos uma vida digna, sendo possível reconhecer a partir de preceitos constitucionais uma dimensão ecológica do princípio da dignidade da pessoa humana. Dito isso, entre os princípios descritos no texto da constituição pode-se destacar os da prevenção, da precaução e o da dignidade da pessoa humana, os quais foram duramente violados com o desmoronamento da barragem de Mariana (MG).
O princípio da dignidade humana é o centro da ordem jurídica democrática, do qual decorrem os demais subprincípios constitucionais e fundamentam o próprio direito. O termo “dignidade da pessoa humana” inclui o direito à liberdade, à saúde e o direito do homem de viver em um ambiente não poluído. O princípio da prevenção tem como objetivo impedir que ocorram danos ao meio ambiente, concretizando-se, portanto, pela adoção de cautelas, antes da efetiva execução de atividade potencialmente poluidores e utilizadoras de recursos naturais. Certamente essas medidas não foram tomadas pelos responsáveis pela tragédia. Muitas vezes confunde-se o princípio da prevenção com princípio da precaução. Embora tenham o mesmo objetivo, que é antecipar-se à ocorrência das agressões ambientais, o princípio da prevenção impõe medidas cautelares para aquelas atividades cujos riscos são conhecidos e previsíveis, já o da precaução age nas hipóteses em que os riscos são desconhecidos e imprevisíveis, impondo um comportamento muito mais restritivo quanto às atribuições de fiscalização e de licenciamento das atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos naturais.
Cabe à Agência Nacional de Mineração (ANM), subordinada ao Ministério de Minas e Energia, planejar e fiscalizar todas as atividades de exploração mineral. Para isso, deve-se fazer auditorias próprias em barragens e analisar laudos de estabilidade apresentados pelas mineradoras. Uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) apontou falhas e omissões do órgão, antes denominado Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), na fiscalização de barragens no país. Segundo o relatório, a falta de atuação do órgão teria contribuído para a tragédia que ocorreu em novembro do ano passado no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG). 
O caso nos coloca diante de uma situação geradora de tríplice responsabilidade, as quais estabelecem o controle público-social, e podem impor ao infrator uma tripla punição concomitante, são elas: Responsabilidade Administrativa Ambiental, Responsabilidade Civil Ambiental e Responsabilidade Penal Ambiental. 
Diante disso, à luz da Responsabilidade Administrativa Ambiental, analisemos o Art. 70 da Lei de Crimes Ambientais - Lei 9605/98, no qual “Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.” O poder público aplica penalidades administrativas, fazendo valer o Poder de Polícia Administrativa. Além disso, podendo suspender  ou cancelar registro, licença ou autorização, perda de financiamento público, ou, proibição de contratar com a Administração Pública. Ademais, encontra-se respaldo legislativo sobre a responsabilidade administrativa ambiental no Decreto nº 6.51430, o qual elenca em seu artigo terceiro, as sanções para as infrações administrativas ambientais. No caso retratado, da barragem em Mariana(MG), entende-se que o Estado foi omisso quanto ao rompimento da barragem, posto que liberou o licenciamento da barragem sem os dados completos do funcionamento desta, e também por ter permitido o livre funcionamento da barragem, quando detinha o dever de constatar as irregularidades e o poder de agir a fim de evitar tal desastre. Portanto, é relevante apresentar as sanções administrativas aplicadas, as quais foram totalizadas em milhões, referente a Samarco. Uma das motivações dos autos de infração, grande maioria refere-se a “deixar de atender a exigências legais ou regulamentares quando devidamente notificado pela autoridade ambiental competente”, demonstrando grande negligencia quanto a situação.
Já a Responsabilidade Civil Ambiental, no caso do rompimento da barragem em Mariana(MG), tem a finalidade de assumir o risco ocorrido, de acordo com o Artigo 70 da Lei 90605/98: “Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente”. E, uma vez incidindo em infração civil, gerando dano, aplica-se a punição mesmo sem culpa, impondo-se o dever de reparação e indenização e se fundamenta na Teoria do Risco Integral, conforme entendimento do STJ. Portanto, é relevante, na esfera civil, o instrumento jurídico da ação civil pública, com o intuito de buscar ressarcimento coletivo para os danos sofridos. Além disso, os danos individuais também podem ser exigidos através de ações individuais, uma vez que as ações coletivas não excluem aquelas.
Terceira e relevante, a Responsabilidade Penal Ambiental, é subjetiva, tem que ter culpa ou dolo para incidir penalidade, como podemos ver no artigo segundo da lei 6938/81: “Quem, de qualquer forma, concorre para prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida de sua culpabilidade”. 
A legislação brasileira prevê ainda que pessoas jurídicas também podem ser processadas criminalmente por crimes ambientais, que são aqueles previstos na Lei 9.605/98, porém, a doutrina diverge em três correntes em relação ao cometimento de crime por pessoa jurídica, são elas: 1) A primeira entende ser impossível que a pessoa jurídica pratique crime e que seja responsabilizada penalmente, pois isto equivaleria à responsabilidade penal objetiva, repudiada pelo ordenamento jurídico pátrio ; 2) Um segundo entendimento é no sentido de que a pessoa jurídica pratica crime ambiental, por previsão constitucional e legal (Lei 9605/98), logo pode ser responsabilizada penalmente. A CF/88 pode excepcionar-se a si mesma; 3) Terceiro entendimento, adotado pelo STJ, é o de que a pessoa jurídica não pode praticar crime, mas pode ser penalmente responsabilizada nas infrações contra o meio ambiente, pois em verdade há responsabilidade penal social. Cabendo observar o princípio da dupla imputação, ou seja, jamais a pessoa jurídica pode aparecer na ação penal de forma isolada. Sempre deve estar junto com a pessoa física responsável pelo ato criminoso.
	No que diz respeito	 à reparação, os danos ambientais, poderão ser compensados por meio de Termos de Ajustamento de Conduta ou por meio de Ação Civil. Estas indenizações não se revestem de forma individual para as vítimas. Se materializam em forma de atos a serem praticados pela própria Samarco, como restauração de patrimônio histórico, de mananciais e políticasambientais que objetivem a recuperação de rios e afluentes. As vítimas poderão requere indenização individual através de ações de reparação. 
REFERÊNCIAS:
https://www.verdeghaia.com.br/blog/principios-do-direito-ambiental/
https://domtotal.com/noticia/1334180/2019/02/tragedia-de-brumadinho-responsabilidades-e-repercussoes-juridicas/
https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2019/11/05/vale-omitiu-problemas-na-barragem-de-brumadinho-antes-do-rompimento-diz-relatorio-da-anm.ghtml
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-09/tcu-aponta-falhas-do-dnpm-que-contribuiram-para-tragedia-em-mariana
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-10/sai-acordo-de-indenizacao-vitimas-da-tragedia-de-mariana
https://drwanderbarbosa.jusbrasil.com.br/artigos/295316431/vitimas-da-samarco-podem-requerer-indenizacoes-individualmente

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