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CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I PROF. ROBERTO CARLOS LOURENÇO 2 BLOCO 3. DERIVADAS – PARTE I Neste bloco, estudaremos a derivada de uma função, apresentando de forma geométrica e algébrica. A derivada é uma importante ferramenta da Matemática que pode colaborar com diversas áreas da nossa sociedade, sendo, na verdade, uma ferramenta que mede a taxa de variação de uma função. Com o objetivo de explicar da melhor forma esse conteúdo fundamental de Cálculo, estudaremos a derivada como taxa de variação, a definição da derivada de uma função, seguindo em inclinação de uma curva, e também conheceremos as derivadas de algumas funções elementares e as propriedades operatórias das derivadas. 3.1 Derivada como taxa de variação Com o gráfico de y = f(x), podemos identificar algumas propriedades dessa função, como: Crescimento; Decrescimento; Valores máximos; Valores mínimos. Em alguns casos, a construção do gráfico não é fácil!!! Então, podemos utilizar a DERIVADA de uma função. Taxa de variação Observando o gráfico da função afim y = 2 x + 3, temos: Nesse caso, a taxa de variação referente a cada unidade do x é 2. Observando a tabela de uma função y = - 3 x + 5, temos: 3 3 Nesse caso, a taxa de variação referente a cada unidade do x é -3. De um modo geral, dada uma função afim f(x) = ax + b, consideremos dois pontos quaisquer x1 e x2, sendo x1 < x2. Quando x varia de x1 até x2, f(x) varia de y1 = f(x1) = a x1 + b até y2 = f(x2) = a x2 + b, ou seja, para uma variação de x igual a x2 – x1, temos: f(x2) – f(x1) = (a x2+ b) – (a x1 + b) = a . (x2 – x1) Calculando: ar xx xxar xx xfxfr =⇔ − − =⇔ − − = 12 12 12 12 ).()()( Então, a é a taxa de variação de f(x) entre x1 e x2. Para uma função afim, o estudo do crescimento ou do decrescimento resume-se à determinação de sua taxa de variação: 12 12 )()( xx xfxfa − − = que é constante em qualquer intervalo [x1, x2]. Essa taxa também é chamada DERIVADA de f(x) = ax + b. Exemplo: A temperatura θ de um forno, ao ser desligado, varia com o tempo de acordo com a expressão θ = 300 – 12 t (θ em °C e t em minutos) até que se atinja a temperatura ambiente que é 16°C. Qual a derivada de θ em relação a t? 4 Portanto, a derivada de θ em relação a t é -12°C. 3.2 Derivada de uma função De modo geral, se uma função y = f(x) não é do 1o. grau, então a taxa de variação em relação a x não é um valor constante, dependendo do ponto que se observa. Dessa forma, vamos estudar a taxa de variação média entre x1 e x2, generalizando o conceito de DERIVADA para as demais funções. Observando o gráfico da função quadrática y = x² - 4, temos: Nesse caso, a taxa de variação referente a cada unidade não é constante. Observando a tabela de uma função y = - x³ + 10, temos: 5 Nesse caso, a taxa de variação referente cada unidade não é constante. A taxa de variação 12 12 )()( xx xfxfr − − = depende do intervalo considerado, sendo r taxa de variação média entre x1 e x2. Para determinar a taxa de variação de f(x) em um determinado ponto x0, recorremos à noção de limite. 0 0 0 )()( lim)´( 0 xx xfxf xf xx − − = → Quando os limites indicados não existem ou não são finitos, então dizemos que a função f(x) não tem derivada no ponto considerado. Exemplo: Seja f(x) = x², procure a derivada dessa função no ponto onde x = 3, ou seja, f´(3). Portanto, a derivada dessa função para x = 3 é 6, ou seja, f´(3) = 6. 6 3.3 Inclinação de uma curva A partir do gráfico de uma função, podemos obter uma importante interpretação da noção de derivada. Estudando as retas secante e tangente ao gráfico da função, é possível identificar a inclinação de uma curva. Na figura a seguir, a reta r é secante ao gráfico da função f, pois passa pelos dois pontos A e B. Na figura a seguir a reta t é tangente ao gráfico da função f, pois passa por pelo P. 3.3.1 Reta secante A taxa média de variação de f no intervalo [a, b] é o coeficiente angular da reta r que passa pelos pontos P e Q. 7 ab afbf x y − − = ∆ ∆ )()( Exemplo: Determine a taxa média de variação da função f(x) = 2x² - 5 no intervalo [0, 3]. Portanto, a taxa média de variação de f no intervalo [0, 3] é 6. 3.3.2 Reta tangente Reta tangente é a aproximação linear de um gráfico em um ponto, onde o problema da determinação da inclinação de um gráfico reduz ao se achar o coeficiente angular da tangente naquele ponto. Dessa forma, define-se a inclinação de um gráfico. 8 x xfxxfm x ∆ −∆+ = →∆ )()(lim 0 Onde m é a inclinação de um gráfico f no ponto (x, f(x0)) Equação da reta tangente ao gráfico da função no ponto (x0, f(x0)): y – y0 = m . (x – x0) ou f(x) – f(x0) = m . (x – x0) Onde m é o coeficiente angular. 0 0 )()(lim 0 xx xfxfm xx − − = → Exemplo: Determine a equação da reta tangente ao gráfico da função f no ponto em que x = 1. 3)( xxf = Resolução: Equação da reta tangente tem esse formato: y – y0 = m . (x – x0) 9 Portanto, a equação da reta tangente é: ( ) 0 3 2 3 11. 3 11 =+−⇔−=− yxxy 3.4 Derivada de funções elementares 3.4.1 Derivada da função constante Explicação: Seja f(x) = c, c Є R. A derivada de f(x) pela definição é: x xfxxfxf x ∆ −∆+ = →∆ )()(lim)´( 0 Temos: 00lim0limlim)´( 000 == ∆ = ∆ − = →∆→∆→∆ xxx xx ccxf Portanto, a derivada de uma função constante é sempre zero. Exemplos: Apresente a derivada de cada função: 10 0)('15)() 0)(')() 0)('7)() =⇒−= =⇒= =⇒= xfxfc xfxfb xfxfa π 3.4.2 Derivada da função potência Explicação: Seja *,)( Znondexxf n ∈= . A derivada de f(x) pela definição é: x xfxxfxf x ∆ −∆+ = →∆ )()(lim)´( 0 Temos: x xxxxf nn x ∆ −∆+ = →∆ )(lim)´( 0 Aplicando o desenvolvimento binomial, temos: 1 1 2 1 0 1 2 1 0 2 2 1 0 2 2 1 0 .)(' )(...).( 2 )1(lim)´( )(...).( 2 )1( lim)´( )(...).( 2 )1( lim)´( )(...).( 2 )1( lim)´( − − − − →∆ − − − →∆ − − →∆ − − →∆ =⇔ ∆++∆ − +=⇔ ∆ ∆++∆ − +∆ =⇔ ∆ ∆++∆ − +∆ =⇔ ∆ −∆++∆ − +∆+ = n n n x x n n x x n n x x nn n xn x xnxf xxxnnnxxf x xxxnnnxx xf x xxxnnxnx xf x xxxxnnxnxx xf Exemplos: Apresente a derivada de cada função: 11 76 45 ).6()(')() .5)(')() −− −=⇒= =⇒= xxfxxfb xxfxxfa Portanto, a derivada da função potência é *,)( Znondexxf n ∈= é ..)(' 1−= nxnxf 3.4.3 Derivada da função múltiplo constante Explicação: Para h(x)=C . f(x), onde C é um número real e f(x) uma função, temos: h(x)=C . f(x) => h’(x) = C . f’(x) Portanto, a derivada de uma função (h) onde existe um número real (C) multiplicando com uma outra função (f), basta multiplicar a constante (C) com a derivada da função (f’). Exemplos: Apresente a derivada de cada função: 776 445 .12)(').6.(2)('.2)() .35)('.5.7)('.7)() −−− −=⇔−=⇒= =⇔=⇒= xxfxxfxxfb xxfxxfxxfa 3.4.4 Derivada da função exponencial Explicação: )ln(.)(')10(,)( aaxfentãoaeaaxfSe xx =≠>= Portanto, a derivada da função exponencial é: )ln(.)(')10(,)( aaxfaeaaxf xx =⇒≠>= 12 Exemplo: Apresente a derivada de cada função: xxx xx exfeexfexfb xfxfa =⇔=⇒= =⇒= )('ln.)(')() 5ln5)('5)() Sendo e o número de Euler, temos esse caso particular. 3.4.5 Derivada da função logarítmica Explicação: ax xfentãoaeaxxfSe a ln. 1)(')10(),(log)( =≠>= Portanto, a derivada da função logarítmica é: ax xfaeaxxf a ln. 1)(')10(),(log)( =⇒≠>= Exemplo: Apresente a derivada de cada função: x xf ex xfxxfb x xfxxfa e 1)(' ln. 1)(')(log)() 7ln. 1)(')(log)() 7 =⇔=⇒= =⇒= Sendo e o número de Euler, temos esse caso particular. 3.4.6 Derivada das funções trigonométricasExplicação: Função seno A derivada da função seno é a função cosseno. f(x) = sen x => f’(x) = cos x 13 Função cosseno A derivada da função cosseno é o oposto da função seno. f(x) = cos x => f’(x) = - sen x Função tangente )²(sec)(')( xxftgxxf =⇒= Função cotangente )²(cos)('cot)( xecxfgxxf −=⇒= Função secante )().sec()('sec)( xtgxxfxxf =⇒= Função cossecante )(cot).(cos)('cos)( xgxecxfecxxf −=⇒= 3.5 Propriedades operatórias das derivadas 3.5.1 Soma Explicação: A derivada da soma é a soma das derivadas. Se f e g são funções diferenciáveis de x, então: [ ] )(')(')()()(')()()( xgxfxgxf dx dxhxgxfxh +=+=⇒+= Exemplos: Apresente a derivada de cada função: a) f(x) = 13 x³ + 2x² + x => f’(x) = 13. 3. x² + 2. 2. x + 1 = 39 x² + 4x + 1 b) f(x) = x³ + sen(x) + 7 => f’(x) = 3.x² + cos(x) + 0 = 3x² + cos(x) 14 3.5.2 Diferença Explicação: A derivada da diferença é a diferença das derivadas. Se f e g são funções diferenciáveis de x, então: [ ] )(')(')()()(')()()( xgxfxgxf dx dxhxgxfxh −=−=⇒−= Exemplos: Apresente a derivada de cada função: a) f(x) = 5 x³ - 2x² => f’(x) = 5. 3. x² - 2. 2. x = 15 x² - 4x b) f(x) = x³ - cos(x) - 7 => f’(x) = 3.x² - [-sen(x)] - 0 = 3x² + sen(x) 3.5.3 Produto Explicação: A derivada do produto de duas funções é igual ao produto da derivada da primeira função pela segunda função mais o produto da primeira função pela derivada da segunda função. Se f e g são funções diferenciáveis de x, então: [ ] )(').()().(')().()(')().()( xgxfxgxfxgxf dx dxhxgxfxh +==⇒= Exemplos: Apresente a derivada de cada função: a) f(x) = 5 x³ . sen(x) => f’(x) = 5. 3. x² . sen(x) + 5x³ . cos(x) = 15 x².sen(x) + 5x³.cos(x) b) f(x) = x² . tg(x) => f’(x) = 2.x . tg(x) + x² . sec²(x) 3.5.4 Quociente Explicação: A derivada do quociente de duas funções é igual o produto do denominador pela derivada do numerador menos o produto do numerador pela derivada do denominador, tudo dividido pelo quadrado do denominador. 15 Se f e g são funções diferenciáveis de x, então: )²( )(').()().(' )( )()('0)(, )( )()( xg xgxfxgxf xg xf dx dxhxgcom xg xfxh −= =⇒≠= Exemplo: Apresente a derivada da função: )²(sec )²(cos 1 )²(cos )²()²(cos)(' )²(cos )]().[()cos().cos()(' )cos( )()( x xx xsenxxf x xsenxsenxxxf x xsenxf == + =⇔ −− =⇒= Conclusão Neste bloco, estudamos a derivada como taxa de variação comparando gráficos e tabelas da função, definindo a derivada de uma função, analisando a inclinação de uma curva. Conhecemos também as retas secante e tangente em relação ao gráfico da função, as derivadas de algumas funções elementares e as propriedades operatórias das derivadas para ser possível realizar os cálculos necessários. Referências BOULOS, P. Cálculo diferencial e integral. São Paulo: Makron Books, 1999. v. 1. IEZZI, G.; DOLCE, O.; TEIXEIRA, J. C.; MACHADO, N. J.; GOULART, M. C.; CASTRO, L. R. S.; MACHADO, A. S. Matemática. São Paulo: Atual, 1995. LEITHOLD, L. O cálculo com geometria analítica. Tradução de Cyro de Carvalho Patarra. 3. ed. São Paulo: Harbra, 1994
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