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Estudar_a_Distancia_-_A_construcao_da_Pe

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❶ A construção da pesquisa I
❷ A construção da pesquisa II
Fascículo ❷
Or
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Ministério da Educação
Secretaria de Educação a Distância
Universidade Aberta do Brasil
 Fernando Haddad Ministro da Educação
 Carlos Eduardo Bielschowsky Secretário SEED/MEC
 Celso Costa Diretor da UAB
 Maria Lúcia Cavalli Neder Reitora UFMT
 Francisco José Dutra Souto Vice-Reitor
 Valéria Calmon Cerisara Pró-Reitora Administrativa
 Elizabete Furtado de Mendonça Pró-Reitora de Planejamento
 Luis Fabrício Cirillo de Carvalho Pró-Reitor de Cultura, Extensão e Vivência
 Myrian Thereza de Moura Serra Pró-Reitora de Ensino e Graduação
 Leny Caselli Anzai Pró-Reitora de Pós-Graduação
 Adnauer Tarquínio Daltro Pró-Reitor de Pesquisa
 Carlos Rinaldi Coordenador UAB/UFMT
 Kátia Morosov Alonso Diretora do Instituto de Educação
Licenciatura em Pedagogia 
– Modalidade a Distância –
Oreste Preti
Estudar a distância: 
Uma aventura acadêmica
Licenciatura em Pedagogia 
– Modalidade a Distância –
Oreste Preti
Cuiabá, 2009
Estudar a distância: 
Uma aventura acadêmica
Preti, Oreste
Estudar a distância : uma aventura acadêmica : licenciatura 
em pedagogia / Oreste Preti. -- Cuiabá, MT : Central de Texto : 
EdUFMT, 2009.
Bibliografia.
ISBN 978-85-88696-72-3
1. Educação a distância 2. Pedagogia I. Título. II. Título: 
Licenciatura em pedagogia.
Índices para catálogo sistemático:
1. Educação a distância 371.3
09-11330 CDD-371.3
Conselho Editorial
Kátia Morosov Alonso
Maria Lúcia Cavalli Neder
Paulo Speller
Maria de Lourdes Bandeira De Lamonica Freire
Sandra Regina Geiss Lorensini
Rosiméry Celeste Petter
Silas Borges Monteiro
Lúcia Helena Vendrúsculo Possari
 Produção editorial Central de Texto
 Editora Maria Teresa Carrión Carracedo
	 Produção	gráfica Ricardo Miguel Carrión Carracedo
	 Projeto	gráfico Helton Bastos
 Paginação Maike Vanni
 Colorização de ilustrações Ronaldo Guarim
	 Revisão	para	publicação Henriette Marcey Zanini
 Ilustrações Cândida Bitencourt (parte 1)
 Marcelo Velasco (parte 2)
 Revisão do Nead Germano Aleixo Filho
Núcleo de Educação Aberta e a Distância
Av. Fernando Corrêa da Costa, s/ nº 
Campus Universitário – Cuiabá-MT
www.nead.ufmt.br – tel: (65) 3615-8438
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Dedico esse texto didático a meus pais, camponeses,
Preti Bortolo e Pari Cristina (in memoriam),
que apoiaram minha decisão de trocar a enxada pela caneta, a planície padana 
italiana pela imensidão da região mato-grossense, acompanhando (a distância), 
com afeto e incentivo, minha aventura docente aqui no Brasil.
NOS CAMINHOS DA AVENTURA: 
OS TRABALHOS ACADÊMICOS 11
1 – A PESQUISA 17
2 – NO INÍCIO, A PERGUNTA 25
3 – OS CAMINHOS 33
4 – O SEMINÁRIO TEMÁTICO 63
5 – REDIGINDO TRABALHOS ACADÊMICOS 77
ENFIM, à AVENTURA 103
BIBLIOGRAfIA 107
A CoNSTRUção 
DA PESqUiSA i1
1 – TIPOS DE PESQUISA 117
2 – PROJETOS DE PESQUISA 125
3 – INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 143
4 – ANÁLISE DE DADOS 163
5 – MEMORIAL 177
6 – NORMAS TÉCNICAS PARA APRESENTAÇÃO 
DE PUBLICAÇÕES E TRABALHOS CIENTÍFICOS 191
BIBLIOGRAfIA 225
APÊNDICES 231
A CoNSTRUção 
DA PESqUiSA ii2
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rte1
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os
Nos caminhos da aventura: 
os trabalhos acadêmicos12
Após a leitura deste Fascículo, você saberá:
 ㍟ identificar as etapas para elaboração de trabalho acadêmico;
 ㍟ escolher e delimitar o assunto a ser pesquisado;
 ㍟ esboçar plano provisório, antes de iniciar o trabalho;
 ㍟ lidar com o material bibliográfico;
 ㍟ escolher os procedimentos a seguir ao longo do trabalho;
 ㍟ utilizar as técnicas para redigir trabalho acadêmico.
Saberá, pois, efetuar um trabalho de pesquisa, segundo as regras do método 
científico. 
13
Nos caminhos da aventura: 
os trabalhos acadêmicos
fim de semestre: hora de entregar trabalhos e relatórios. Que desespero! Não tem 
feriado, sábado, domingo e nem novela(!). Avança-se madrugada adentro para dar 
conta do recado. Namorado(a), marido/esposa, sogro(a), filhos, casa, cachorro, etc. 
ficam “a ver navios”, “pagando o pato” por nosso sofrimento e angústia. Tudo por uma 
causa incompreendida: “o trabalho” a ser entregue até o fim do mês! O professor que 
“inventou mais esta exigência” e a respectiva disciplina são a todo instante lembrados 
com santas invocações, a que faz coro todo o ambiente familiar. Talvez, você não queira 
ser uma escritora de primeira e nem uma cientista famosa, mas também não vamos 
exagerar demais. 
O trabalho acadêmico e científico exige dedicação, certas renúncias, mas é apai-
xonante, envolvente e gratificante! Você duvida? Talvez sua dificuldade de realizar um 
trabalho científico seja mais em função de falta de orientação, de conhecimento da 
metodologia apropriada do que pelo conteúdo do trabalho em si. Ou é descrença?
O que você pensa sobre isso?
O sucesso no cumprimento deste trabalho está em saber gerir bem o pouco tempo 
disponível, pois ele irá exigir reflexão, numerosas revisões e uma lenta maturação.
Vamos, então, percorrer essa caminhada, ingressando no “mundo encantado” da 
atividade científica!
Nos caminhos da aventura: 
os trabalhos acadêmicos14
A primeira parte deste segundo Fascículo está dividido em cinco capítulos.
No primeiro, proponho-lhe reflexões sobre diferentes sentidos da palavra “pesqui-
sa” e busco levá-la a uma conceituação provisória do ato de pesquisar.
No segundo, proponho-me enfocar o momento mais crucial do trabalho investiga-
tivo: o levantamento da problemática a ser estudada. Aqui, será fundamental o desen-
volvimento de sua atitude, do questionamento diante dos fatos do seu cotidiano, e 
conhecer como formular uma pergunta qualificada.
O terceiro capítulo é um pouco mais longo. Nele apresento os “caminhos” da pesqui-
sa, isto é, como se dá um trabalho investigativo, passo por passo, oferecendo exemplos 
para que fique bastante claro o processo da pesquisa.
No quarto capítulo, vou tratar de uma atividade que você irá realizar ao longo de 
todo o curso: o Seminário Temático. Além de discorrer de que se trata, como ele está 
concebido em seu curso, inicio algumas análises sobre sua importância e significado em 
sua formação, embasado em estudos que realizei sobre Seminários Temáticos realiza-
dos no curso de Pedagogia para os Anos Iniciais, oferecido a distância pela Universidade 
federal de Mato Grosso, desde 1995.
finalmente, o último capítulo, também um pouco extenso, retomará a discussão, 
levando você a compreender os elementos a serem considerados na produção de 
um texto acadêmico, a construção lógica do trabalho científico e a relação entre ler-
escrever-pensar.
Para apoiá-la em suas atividades de pesquisa a serem realizadas ao longo do curso, 
compilamos textos para a parte dois deste Fascículo. Nela traremos breves considera-
ções e exemplificações sobre tipos de pesquisa, projetos de pesquisa, instrumentos de 
coleta de dados, análises de dados e o memorial.
Finalmente, apresentamos as normas técnicas para apresentação de publicações e 
trabalhos científicos, e listamos vasta bibliografia sobre o trabalho científico e a pes-
quisa em educação.
Não é nossa intenção propor aqui, neste segundo Fascículo, uma discussão sobre os 
aspectos políticos, sociais e éticos que envolvem o ato de pesquisar, nem fazer aborda-
gem teórica sobre o assunto. Tratei disso em outros textos, e você encontrará, ao final 
deste Fascículo, indicações de leitura. Mais que tudo porque sua formação em pesquisa 
não pode se limitar à leitura do Fascículo que trata da pesquisa.
Nosso propósito é fazer uma exposição sucinta dos caminhos que podem ser tri-
lhados na produção de trabalhos acadêmicos. Nesse sentido, o Fascículo foi pensado 
como material de apoio ao longo do curso, na elaboração de seus trabalhos acadêmi-cos, sobretudo os que irão exigir a atividade de pesquisa, como o Seminário Temático 
a ser realizado em cada área temática, e não como material didático a ser estudado no 
início do curso.
Você deve lembrar como, no Fascículo 1, ao me referir à leitura, acenei com a exis-
tência de uma diversidade de gêneros de textos. Pois bem, também há uma diversidade 
de trabalhos acadêmicos que poderão ser solicitados no decorrer de sua aventura de 
ser estudante, alguns de cunho reflexivo, outros descritivos, uns conclusivos de uma 
disciplina, enquanto outros ao final de uma área de conhecimento ou do curso.
15
Nos caminhos da aventura: 
os trabalhos acadêmicos
Não há ensino sem pesquisa 
e pesquisa sem ensino. 
Esses que-fazeres se encontram 
um no corpo do outro. 
Enquanto ensino, 
continuo buscando,
 procurando. Ensino porque 
busco, porque indaguei, 
porque indago e me indago. 
Pesquiso para constatar,
constatando intervenho, 
intervindo educo e me educo.
(Paulo Freire)
Vejamos, resumidamente, os mais comuns: ▼
 ㍟ Texto reflexivo (conclusivo de um curso ou de uma disciplina): pede-se que seja feita 
uma síntese do conteúdo exposto, nos fascículos, ou numa série de aulas expositivas 
a que assistiu e sejam postas algumas análises preliminares, algumas considerações 
tanto na esfera do teórico como embasadas em sua experiência profissional.
 ㍟ Revisão bibliográfica: com base num tema proposto ou escolhido, deverá realizar 
um levantamento da bibliografia existente e fazer uma síntese de cada obra, compa-
rando-as, confrontando-as.
 ㍟ Resenha crítica: trata-se não simplesmente de apanhar o pensamento do autor 
naquela obra e resumi-lo, como, sobretudo, posicionar-se criticamente diante dele, 
expor suas bases de sustentação, suas contradições.
 ㍟ Projeto de pesquisa: seguindo as normas técnicas e metodológicas usuais de deter-
minada área do conhecimento científico, você proporá um problema ou uma questão 
a ser investigada.
 ㍟ Relatório científico: apresentará os resultados de uma investigação científica rea-
lizada, evidenciando os objetivos, a teoria que deu sustentação à análise do problema 
proposto, a metodologia desenvolvida (instrumentos e percurso), os resultados obti-
dos, sua interpretação e um resumo da investigação.
 ㍟ Monografia: é um estudo científico sobre um tema, sobre uma questão bem deter-
minada e limitada, mas realizado com profundidade e de forma exaustiva, embora esta 
exigência seja menor na conclusão de cursos de graduação e pós-graduação lato sensu 
(especialização), e maior nos cursos de mestrado e doutorado.
 ㍟ Artigo científico: texto elaborado para publicação em revista científica sobre deter-
minado tema ou sobre os resultados de projeto de pesquisa. Possui estrutura formal 
exigida pela revista científica em que o artigo vai ser publicado.
Portanto, é bom que você tenha clareza sobre a peculiaridade de cada um e com-
preenda bem o que lhe será solicitado durante as atividades acadêmicas.
Neste Fascículo, focarei a discussão sobre Os Caminhos da Pesquisa, no que diz 
respeito ao Projeto de Pesquisa, à Revisão Bibliográfica e ao Trabalho Conclusivo de 
Área (Seminário Técnico) ou de Curso (TCC).
� Vamos, então, dar continuidadeà sua aventura?
1
Apes 
qui 
sa
A pesquisa
18
O objetivo deste capítulo é:
 ㍟ provocar sua reflexão sobre os diferentes sentidos do termo “pesquisa”;
 ㍟ levá-la a construir uma conceituação de pesquisa no campo educacional e 
em sua atividade profissional.
Escreva rapidamente, sem pensar muito, cinco palavras que você associa à pala-
vra pesquisa: ▼
1
2
3
4
5
Certamente, as “representações” sobre pesquisa que você evocou estão muito 
ligadas ao seu “imaginário”, ao que é divulgado pelos meios de comunicação, e nos 
livros didáticos, ou à sua formação acadêmica e percurso escolar, tais como buscar o 
conhecimento, estudo, livros, biblioteca.
� quando você ouve, numa palestra, num programa de televisão, numa 
conversa informal, durante um 
evento educativo (Encontro, Semi-
nário, Congresso), o termo “pesqui-
sa”, o que você pensa de imediato?
19
A pesquisa
A pesquisa é associada a invenções, a novos conhecimentos, a laboratórios e experi-
mentos, a pessoas que dedicam sua vida para descobrir “coisas” que venham beneficiar 
a sociedade, etc. O campo da pesquisa é percebido como um campo especializado, 
“enclausurado” e reservado a “comunidades” científicas, a instituições de pesquisa; 
não é percebido como algo socializado, um bem comum, ou como uma prática que faz 
parte, em seu sentido bem amplo, do nosso cotidiano.
Além das representações sobre pesquisa a que fizemos referência, nos livros didáti-
cos encontramos metáforas que buscam retratar a atividade científica.
Vejamos algumas delas: ▼
 ㍟ Compara-se o trabalho de pesquisa ao processo de fazer uma vitamina. Você tem os 
ingredientes (input), coloca-os no liquidificador (seguindo uma “receita”, o projeto) para 
serem misturados e batidos (processo) e depois você observa/experimenta o resultado 
(output) e o avalia (feedback).
 ㍟ Como um edifício que vai sendo erguido sobre bases sólidas, cada andar correspon-
dendo a uma etapa da construção, numa sequência ordenada, com base em projeto já 
desenhado e que deve ser seguido “à risca”, para não correr o risco de o edifício desabar.
 ㍟ Como a aventura de um explorador que, seguindo seus conhecimentos e palpites, 
vai à caça do novo, da descoberta de algo extraordinário, fazendo uso do mapa e de 
instrumentos apropriados.
 ㍟ A metáfora do labirinto que se propõe explicitar melhor a problemática do pesqui-
sador em busca do desconhecido, da solução do problema, do enigma. Representaria o 
risco da investigação, como espaço de insegurança e de dificuldades de pensar, e que, 
para superar isso, é necessário estar de posse de um fio condutor, de algo a que se deve 
agarrar para conseguir sair com sucesso do emaranhado de dados e informações, do 
labirinto da realidade.1
 ㍟ Thomas S. Khun, em sua obra A	Estrutura	das	Revoluções	Científicas (1962), fala 
da pesquisa como um jogo de quebra-cabeça: uma pessoa, se for suficientemente 
habilidosa, consegue resolver algo que ninguém tinha conseguido resolver ou resolver 
tão bem. A solução do quebra-cabeça não é garantida pelo simples fato de existir uma 
solução assegurada. Ela deve obedecer a “regras”, a “um ponto de vista estabelecido”, 
fazer parte de uma rede de compromissos ou adesões (conceituais, teóricas, metodo-
lógicas e instrumentais).2
 ㍟ Rubem Alves (1982) também se refere à pesquisa como a um jogo de xadrez, em 
que os jogadores têm mil possibilidades de jogadas, todas dentro de regras a serem 
seguidas.
1 O mito de Ariadne lembra 
um pouco isso. A filha do rei de 
Creta (Minos) deu a Teseu, filho 
do rei de Atenas, uma espada 
(para matar o Minotauro, que 
vivia no labirinto) e um novelo 
de linha que o ajudaria a 
encontrar o caminho de volta.
2 Lembro aqui o fato do pai 
que, para não ser perturbado 
pelo filho de seis anos, e para 
ocupá-lo, deu-lhe um difícil 
quebra-cabeça. Passados poucos 
minutos, o filho retorna com o 
quebra-cabeça resolvido. “Como 
fizeste, meu filho?”. Ao que ele 
respondeu: “Muito simples, meu 
pai. Percebi que atrás havia a 
figura de um homem. Ela me 
guiou na reconstrução do quebra-
cabeça”. Uma versão dessa 
história foi publicada por Dom 
Lucas Moreira Neves no Jornal 
do Brasil, em janeiro de 1997.
A pesquisa
20
Acrescente outra(s) metáfora(s) de seu conhecimento:
 
São metáforas que têm em comum a ideia de que existe uma ordem, uma lógica, 
uma organização, respostas já dadas na própria realidade, respostas que não são visí-
veis, mas que podem ser “descobertas”, apanhadas, seguindo o método científico, suas 
regras e seus passos.
 ㍟ Hoje, com a emergência de novos paradigmas de compreensão da realidade, recor-
re-se muito à metáfora da rede ou da teia, em que é impossível apontar o ponto de par-
tida e de chegada, o caminho da ida e da volta. A metáfora da rede “envolve aideia de 
vários nós e múltiplas relações na produção do conhecimento” (BENAKOUCHE, 1999, 
p. 53), pois é “mais flexível que a noção de sistema, mais histórica que a de estrutura, 
mais empírica que a de complexidade” (LATOUR apud BENAKOUCHE, 1999, p. 53). A 
realidade é percebida e analisada em suas conexões e relações das partes com o todo, 
do todo com as partes, das partes com as partes e do todo com o todo.
 ㍟ Eu gosto da metáfora socrática da parturição (maiêutica, em grego). Há uma fase 
inicial do jogo amoroso (namoro, atração, prazer e relação) em que o pesquisador busca 
definir seu objeto de estudo, situando-se diante dele sem perder sua subjetividade, dan-
do direção e “intencionalidade” a seu trabalho. O segundo momento é o da gestação: é 
o processo de “(des)construção”, da dúvida, do questionamento de verdades anteriores 
para a reconstrução de outra visão da realidade. Finalmente, o momento do nasci-
mento, da mudança de interlocutor para cidadão, de leitor da realidade para autor, da 
capacidade de pensar por si mesmo. Trata-se de processo pedagógico democratizador.
Escreva a metáfora que, em seu entender, melhor representa o ato de pesquisar e 
por quê:
Maiêutica – gerar uma ação 
para fora – o conhecimento 
não fechado em si ou para 
si, mas para o outro.
21
A pesquisa
Significados
Etimologicamente, pesquisar vem da palavra 
latina perquirere: buscar com cuidado, procurar 
por toda parte, informar-se, aprofundar, inquirir, 
perguntar, perscrutar, esquadrinhar, indagar, ir 
ao redor de. No dicionário de latim encontramos 
os seguintes sinônimos do verbo “perquirere”: 
pervestigare (seguir o rasto de, pesquisar cuida-
dosamente), perscrutari (procurar minuciosamente), exquirere (buscar com empenho), 
scrutari (perscrutar, sondar, explorar), inquirere (buscar, procurar, instruir um processo), 
indagare (seguir a pista, rastear) e, finalmente, rimari (fender, abrir, farejar, sondar). 
Em português, utilizamos como sinônimo de pesquisa a palavra investigação que 
provém de vestigium: vestígio, sinal, rasto, pegada; o que implica questionamento, 
indagação, busca, exploração e aventura.
Todas essas palavras, de riqueza semântica inesgotável, oferecem-nos significados 
bastante óbvios, mas, para Eliane M. T. Lopes (1992), o verbo rimari traz algo de inte-
ressante: a imagem do sacerdote que, no altar, abre as entranhas de um animal sacri-
ficado para examiná-lo e, após isso, interpreta o passado e perscruta o futuro, dando 
seu vaticínio. O pesquisador, como um sacerdote, ao examinar as vísceras, os resíduos, 
busca os indícios, os sinais que permitam decifrar a realidade.
Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil 
faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela 
resposta pobre ou terrível que lhe deres: trouxeste a chave?
(Carlos Drummond de Andrade)
O sentido da palavra pesquisa, se no campo semântico parece claro e simples (bus-
car sinais, ir atrás de), quando trazido para o campo da prática, nas diferentes ciências, 
apresenta entendimentos diversificados e complexos. Por quê?
☞ Lembra de nossa conversa no fascículo 1? As palavras encerram sen-tidos construídos pela humanidade em momentos históricos determi-
nados e situados, dando significado a uma situação concreta, a uma realidade 
específica, que é (res)significada ao longo das experiências particulares e cole-
tivas. Por isso, o termo pesquisa tem assumido práticas e significados os mais 
diferenciados, levando os pesquisadores a seguir caminhos diferentes, e não um 
único caminho. Daí faz sentido falar de “metodologias” da pesquisa.
Perquirere
 Perquisitum 
(part. passado) 
 pesquisar
A vida está cheia de palavras [...] 
cada uma que ainda formos 
dizendo tirará o lugar à outra 
mais merecedora, que o seria não 
tanto por si mesma, mas pelas 
consequências de tê-la dito.
(José Saramago. A Caverna)
A pesquisa
22
z O “método científico” não foi uma construção anterior à ciência. foi sendo construído, e identificado na modernidade como tal, depois que 
os primeiros cientistas apresentaram seus resultados de investigação. Olhando 
para trás, puderam descrever o caminho realizado e sugerir como fazê-lo para 
chegar ao conhecimento da “verdade”, com maior segurança. Por isso, é mais 
apropriado falarmos em “métodos científicos”, e não num único método!
� o que é pesquisar,então?
Pesquisar seria: ▼
 ㍟ a busca de respostas adequadas a determinada indagação ou a determinados pro-
blemas e questões, na tentativa de encontrar uma “ordem” na desordem ou no caos 
dos fatos?
 ㍟ o desvelar a subjacência, a intencionalidade dos fenômenos, tornando visível o que 
é oculto?
 ㍟ a atitude analítica do estudo de um fenômeno, isto é, decompondo o todo de um 
fenômeno em suas partes, em seus diferentes aspectos em que se apresenta, em se-
guida analisá-lo, tentando explicá-lo pela soma de suas partes?
 ㍟ a aplicação de determinadas técnicas para coleta de dados e, por meio deles, co-
nhecer uma realidade particular, comprovando hipóteses?
 ㍟ um processo de produção de conhecimento, de um pensamento estruturado que 
manifesta um conteúdo filosófico, lógico, epistemológico, teórico, metodológico e 
técnico?
 ㍟ ou ainda ....
Qual o “sentido” que tem a palavra “pesquisar” para você?
Interessante e divertida a leitura 
do livro de Leopoldo de Meis:
O	método	científico: como o 
saber mudou a vida do homem. 
Uma peça em 1 ato e 20 cenas.
Rio de Janeiro: Vieira & Lent, 2005.
23
A pesquisa
Acreditamos que uma “concepção” de pesquisa teria de ser capaz de captar o movi-
mento histórico e social do conhecimento. Por isso, a pesquisa não pode ser entendida 
simplesmente como “tarefa acadêmica”, como o cumprimento de exigências conclusivas 
de cursos para obtenção de títulos, como algo para especialistas, para os intelectuais da 
academia, como tentativa estritamente individual de explicação e compreensão dos 
fenômenos, etc.
Lembra quando eu falava do ato de estudar e do ato de ler? Sempre me referia a 
esses atos como prática social, como atividade educativa. Nesse sentido, numa concep-
ção ampla do termo, entendo pesquisa 
como uma atividade humana, uma forma de trabalho, no sentido 
de capacitar o homem a ser agente do próprio desenvolvimento 
e do desenvolvimento dos outros e que se propõe produzir 
conhecimento, um conhecimento historicamente determinado, 
produzido coletivamente pelo homem, tendo como função 
participar do processo de indagação, de desvelamento, de 
descoberta e reconstrução da realidade natural e social.
É	um	processo	libertador	e	criador, nos diz Paulo Freire.
Trata-se, pois, de atividade humana, de prática social e dinâmica que participa, 
fundamentalmente, na construção e elaboração do conhecimento, com base no olhar 
indagador e questionador do pesquisador e da organização metódica dos fatos obser-
vados. É uma prática social, à medida que participa da transformação e compreensão 
da realidade na qual se insere a humanidade. Mais ainda: realizada coletivamente, de 
forma interdisciplinar, assume seu pleno sentido.
Por isso, na sua formação de educador-pesquisador não tenho a preocupação em 
ensinar-lhe “respostas”, e sim que você descubra e construa seus caminhos para obter 
respostas. Torna-se, então, indispensável sólida formação teórico-metodológica, mais 
do que técnico-instrumental, para que você situe sua atividade no campo epistêmico, 
da relação do sujeito com o objeto, do observador com o objeto observado, isto é, no 
campo propriamente científico.
Para finalizarmos ▼
Apresentamos a pesquisa como atividade que faz parte do processo milenar de “ho-
minização” da humanidade, mas que, especialmente a partir da modernidade, passou a 
se constituir, isto é, a se organizar, de maneira mais formal, definindo espaços próprios 
de atuação, ganhando status social e compondo um estatuto de “regras e princípios” 
da atividade científica. Isso acabou distanciando a pesquisa científica da sociedade, do 
cotidiano das pessoas.
Episteme– do grego 
– conhecimento.
A pesquisa
24
Não confundir a investigação, como mecanismo cognitivo 
próprio de qualquer ser humano, com a investigação 
como prática social de uma comunidade científica. 
(PERRENOUD, 1993)
Hoje, porém, com a (re)visão que a ciência está fazendo de seus paradigmas e dos 
caminhos trilhados, busca-se recuperar a dimensão ontológica da pesquisa, isto é, 
como atividade própria do ser cidadão, à cata de sua autonomia, como caminho para 
a (auto)formação, como forma de superar a atitude passiva de consumidor dos frutos 
da ciência.
No campo das Ciências Humanas, esta atitude é quase natural, pois não é possível se-
parar o sujeito que pesquisa do seu objeto de pesquisa. No campo da Pedagogia, não 
há como separar professor-aluno na qualidade de objetos e sujeitos de aprendizagem, 
o ato de ensinar-aprender da atitude de pesquisar.
O que você acha, como fez no Fascículo 1, de continuar escrevendo nas suas ME-
MÓRIAS sua trajetória de “Eu, pesquisadora”, refletindo sobre alguns aspectos de sua 
trajetória.
 ㍟ Como aluna (desde a escola primária até a conclusão do ensino médio ou da gradu-
ação), passou por experiências de pesquisa (trabalhos que os professores solicitavam, 
feiras de ciências, etc.). Como foram? Que se entendia por pesquisa?
 ㍟ Como profissional: qual era seu entendimento e prática de pesquisa? Você pesqui-
sou para dar conta de seus desafios profissionais? Em que consistia essa atividade? 
Participou de grupos para elaboração de projetos pedagógicos? Em que consistiam 
esses projetos? Envolviam a pesquisa em seu percurso? Se você já foi professora, que 
atividades desenvolvia com os alunos?
 ㍟ Se você é professora, realiza atividades de pesquisa com os alunos? Em que consis-
tem? Como você as analisa?
Mais ou menos por aí.
☞ E continue escrevendo sobre sua formação em pesquisa ao longo do curso, relatando suas experiências no desenvolvimento dos Seminá-
rios Temáticos.
A pesquisa tem que ser compreendida, segundo a visão do sociólogo Pedro 
Demo, como atividade científica e educativa. Portanto, não como mera ativida-
de acadêmica do curso.
Ensinar não é transferir 
conhecimento, mas criar as 
possibilidades para sua produção 
ou sua construção, mediado 
essencialmente pela pesquisa.
(Paulo Freire)
No
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No início, a pergunta
26
� Você se lembra dos versos do poetaespanhol Antônio Machado?
CAMINHANTE, NÃO EXISTE CAMINHO. 
FAZ-SE O CAMINHO CAMINHANDO.
Assim é a pesquisa: não há um único caminho, uma 
única maneira de investigar determinado fato social, po-
lítico, educacional. Há diferentes “caminhos”. São vários 
e os mais diferentes, conforme o problema que você 
identifica para ser pesquisado, conforme a metodologia 
a ser desenvolvida para responder ao problema e o seu 
jeito de ser como pesquisadora. Todavia, nessa caminha-
da, podemos identificar alguns momentos ou aspectos 
comuns. É sobre eles que vamos agora conversar.
Por onde começar? 
Sou professor da disciplina Metodologia da Pesquisa. 
Quando, em cursos de especialização, inicio a discussão 
sobre a elaboração da monografia, de imediato muitos me dirigem perguntas seme-
lhantes a estas:
 ▶ “Professor, eu quero pesquisar sobre evasão”; “O meu assunto é: Problemas 
de aprendizagem”; “Professor, que título eu dou à minha monografia que vai tratar 
da relação professor-aluno?”; ou, ainda, “Eu quero fazer umas entrevistas aos pro-
fessores da minha escola para perguntar qual o método de alfabetização que eles 
utilizam.”; etc.
O objetivo deste capítulo é levá-la a:
 ㍟ compreender a importância da atitude do questionamento diante dos fatos 
do seu cotidiano;
 ㍟ identificar os aspectos fundamentais no processo de formulação das ques-
tões de pesquisa.
27
No início, a pergunta
A tentação da gente é sempre se antecipar, 
dizer o que vai fazer e como, sem ter, ainda, 
clareza de o quê realmente se pretende investi-
gar. Queremos dar o nome à criança sem saber, 
ainda, qual seu sexo. Em muitas obras que tra-
tam da pesquisa ou da elaboração de projetos e 
monografias, existe também este viés. Propõe-
se ao leitor que inicie pensando sobre o tema a 
pesquisar. 
Propomos outro caminho, um caminho 
mais lógico e, ousaria dizer, mais “natural”, que 
milenarmente a humanidade tem seguido em 
sua necessidade de compreender e explicar o mundo e a vida.
É só olhar para as crianças, assim que começam a elaborar as primeiras frases. O 
que ouvimos? São perguntas, questionamentos: “O que é isso? Por quê?”. Olham ao 
seu redor e se perguntam! E querem a resposta. Elas nos “importunam” e se tornam 
insistentes se não satisfizermos sua curiosidade, se não lhes oferecermos respostas. 
Elas mesmas vão à busca das respostas, fazendo suas experiências, muitas vezes do-
lorosas, mas necessárias.
faz parte do ser humano, ao olhar ao redor, ao observar a realidade, “indagar-se”, 
perguntar-se sobre a origem da vida, do universo, do homem, das diferenças de sexo, 
da existência de diferentes raças, de ricos e pobres, etc. 
Cada grupo ou sociedade deu sua resposta, com base na maneira como se or-
ganizava, como produzia sua vida material, suas condições de vida, sua capacidade 
para dar conta das perguntas que se propunha. Foi construindo maneiras de expressar 
essa sua compreensão, foi produzindo sua vida cultural e espiritual. Assim surgiram os 
mitos e as religiões. Na mitologia grega, como nas narrativas das sociedades indígenas 
do Brasil, você encontra essas explicações. Na Bíblia, ou em outros livros sagrados, vai 
encontrar outros tipos de explicação. Nas lendas e “crendices” populares encontrará 
outras. A ciência também propõe sua compreensão, dá suas explicações. 
O sábio não é o homem que fornece as verdadeiras respostas; 
é aquele que fornece as verdadeiras perguntas.
(Claude Lévi-Strauss, antropólogo, 1908)
No seu cotidiano, no trabalho, no curso que está realizando, sem se dar conta você 
faz indagações, propõe questionamentos. Seu senso comum, sua prática, a religião que 
professa dão conta e resolvem grande parte das situações problemáticas em que você 
se encontra, mas não são suficientes. Há sempre espaço para a dúvida, para a resposta 
provisória não satisfatória. Você busca, então, na literatura especializada, na conversa 
com colegas e professores, em seminários e cursos, respostas mais claras e coerentes.
Se o homem começa 
com certezas, terá 
um fim com dúvidas.
(Francis Bacon, 
filósofo, 1561-1626)
3 Toda pergunta é 
formulada quando as 
condições para elaborar sua 
resposta estão dadas.
4 A boa resposta depende 
da boa pergunta.
Existem respostas para 
todas as perguntas.
Perguntas3 Respostas4
Não disciplinadas
Disciplinadas
Conhecimento científico
mitos, 
autoridade do rei, da igreja 
"verdade" (doxa) 
senso comum 
conhecimento prático
(Filo) SOFIA
(Ciência) EPISTEME
Conjeturas, hipóteses, suposições, palpites Indagações, suspeitas, mistérios...
 Dúvida Metódica
(sobre a natureza, a humanidade, a sociedade, a escola...)
No início, a pergunta
28
observe atentamente o gráfico: ▼
Gráfico 1 – Indagando e buscando respostas
Escreva o que você compreendeu: ▼
Há uma relação entre o perguntar e o responder. A qualidade da resposta depende 
da qualidade da pergunta, e a qualidade da pergunta está relacionada com os conheci-
mentos que você tem sobre a situação que está sendo observada e pensada, sobretudo 
com suas experiências.
29
No início, a pergunta
É no campo das perguntas e respostas metódicas, disciplinadas, e não da fé ou do 
“achismo”, que se desenvolve a atividade científica, o trabalho do pesquisador. 
Quando apresentamos perguntas, é porque já temos condições de responder a 
elas, já existem os instrumentos teóricos e metodológicos para buscar suas soluções. 
Não são perguntas soltas, fora da nossa realidade, da nossa existência e da nossa 
possibilidade de compreendê-las e respondê-las. Já os antigos filósofos gregos diziam 
que o “caminho da ida é o mesmo da volta” (Talesde Mileto, 624-548 a. C.), e que “o 
processo de ascensão nos indica o caminho da descida” (Platão, 427-347 a. C.). Trata-se 
de processo dialético, pois na própria pergunta está a resposta.
Contudo, o que é um “problema”? Procure no dicionário uma definição e escreva-a 
abaixo:
A palavra “problema” é polissêmica, tem muitos significados. No nosso dia a dia, 
usamos e abusamos dela, pois problema é o que não falta em nossa vida! Muitas vezes, 
o estudante chega e afirma: 
 ▶ “Professor, o meu problema de pesquisa é que na minha escola o índice de 
evasão e repetência é alto”.
 ▶ Aí, eu lhe digo: “Este não é um problema, é um fato, uma situação, um dado. 
Sobre ele, ou com base nele, que problema você identifica e quer investigar?”
 ▶ Ou, então, outro diz: “Lá na escola, os alunos têm dificuldades de ler e escrever. 
O meu problema de pesquisa é qual o melhor método de alfabetização ou como 
ajudar o professor a alfabetizar?”
O problema de pesquisa não é, segundo Kerlinger (1980, p. 33), um problema de valor 
(o que é melhor ou pior, o que deve ou não ser feito), nem um problema de engenharia 
(como fazer isto ou aquilo, como resolver).
☞ Um problema científico é uma questão (prática ou teórica) não re-solvida, objeto de discussão, em qualquer campo do conhecimento e 
que se refere a fenômenos que possam ser observados e estudados de maneira 
metódica e disciplinada.
No início, a pergunta
30
Portanto, não adianta você dizer ao seu orientador: “Eu quero fazer um estudo 
sobre Educação Infantil”; ou “Eu quero estudar o funcionamento das creches no meu 
município”. fica muito vago e impreciso, não diz nada. Você está se referindo a um 
tema, a um assunto, a uma situação, mas não conseguiu apontar qual o problema que 
pretende investigar sobre aquele fenômeno. O que você quer estudar sobre Educação 
Infantil? Diferentes concepções e propostas? Quais os paradigmas dominantes hoje 
nesse campo? Realizar um estudo histórico, situando-a nos diferentes contextos so-
cioeconômicos em que a Educação Infantil vem se constituindo? Como uma política 
social e educacional?
A pergunta, ela deve ser “delimitada”, enfocada e, sobretudo, disciplinada. 
� que significa ser “disciplinada”?qualquer pergunta é disciplinada?
Significa, inicialmente, que é necessário seguir certas “regras”, as regras do “jogo” 
científico. Para tanto, é importante que você
 ▶ procure	sua	formulação	no	próprio	objeto, no contexto 
em que você se encontra, com base no que você está vi-
venciando, na sua formação, na sua trajetória de vida. Não 
precisa sair por aí à caça de problemas. Eles fazem parte do 
seu cotidiano. O difícil é saber ler os “códigos” dos fenô-
menos e captar os “sinais” que a realidade emite. Por isso,
 ▶ procure	nos	fenômenos	as	diferenças. Nenhum fenômeno é igual; observadores 
diferentes captam aspectos diferenciados em relação ao mesmo fato. Dê priorida-
de à sua “sensibilidade”, à sua observação “meticulosa”, 
como dizia Tales de Mileto, isto é, fique numa vigilância 
constante, sempre “de antenas ligadas” ao que acontece 
ao seu redor, na escola, nos debates, nos textos que está 
lendo, etc. Essa capacidade não é inata, ela é construída 
pelo pesquisador. Diante disso,
 ▶ a	necessidade	de	uma	teoria. Um problema depende de uma teoria que o coloque 
numa perspectiva de “ordem”, de “devendamento” da ordem das coisas. A teoria 
permite uma compreensão dos fatos que ultrapasse o senso comum, as fronteiras 
do mito e do dogma. Você tem de se afastar um pouco, subir o morro e de lá olhar 
os fatos, tendo visão	panorâmica	(daí a palavra grega, teoria). Essa atitude permite 
que você capte, no que é corriqueiro e cotidiano, 
algo singular e diferente, e faça perguntas qualifi-
cadas. Por isso, a pergunta revela o ponto de vista 
do pesquisador, a teoria que lhe permite um tipo 
de visão e de olhar para os fatos.
Pela pergunta 
nos revelamos.
Na formulação do problema 
fica clara a concepção 
teórica do pesquisador.
Quando perguntaram a Einstein 
qual havia sido o evento mais 
útil no desenvolvimento 
da Teoria da Relatividade, 
respondeu: “Descobrir como 
pensar sobre o problema”.
“Um problema bem 
formulado é um problema 
quase resolvido”.
31
No início, a pergunta
à luz da etimologia, teoria é a ação de examinar, de observar. 
Curiosamente, Deus, em grego, é Theós. Ao teorizar, de 
certa forma, subimos a montanha, nós nos elevamos – como 
se na posição de Deus estivéssemos – para contemplar, 
olhar as coisas com interesse quase que divino.
O que diferencia uma pesquisa “boa” de uma medíocre é o fato de o pesquisador ter 
conseguido propor uma pergunta	qualificada, isto é, clara, distinta, profunda, apoiada 
numa teoria, e que possa ser respondida.
No entanto, como formular o problema? Algumas simples sugestões: ▼
 ▶ seja sempre formulado como pergunta, na forma interrogativa;
 ▶ seja claro e preciso, utilizando palavras que não permitam outros sentidos ou 
interpretações, evitando a linguagem cotidiana;
 ▶ seja delimitado a um aspecto, a uma dimensão do contexto “problemático”;
 ▶ seja relacionado com a realidade, com fatos observáveis; 
 ▶ que possa ser resolvido.
� Você se perguntará:Como chegar a identificar pergunta(s) que vale(m) 
a pena investigar e dar uma resposta a ela(s)?
Desenvolva as habilidades de observar e de registrar suas observações. Faça do seu 
local de trabalho e do curso um “laboratório”. Vá observando e escrevendo, sem se 
preocupar com a gramática, a lógica. Registre o cotidiano, os fatos que chamam aten-
ção, as falas das crianças, o pensamento do autor lido, as indagações que surgem em 
sua mente, as conversas com colegas, as discussões após uma palestra, um programa, 
um filme.
Os orientadores e os especialistas de cada área irão ajudá-la nesse processo, no de-
senvolvimento dessas habilidades na realização do Seminário Temático, na construção 
da sua caminhada investigativa.
A ciência começa com um problema e não com a observação. 
O ponto de partida do conhecimento é a problematização da 
realidade, e não a subordinação aos dados da observação.
3
ca
mi
 
nh
os
os
Os caminhos
34
O objetivo deste capítulo é levá-la a:
 ㍟ compreender os caminhos que o pesquisador pode percorrer em seu traba-
lho investigativo;
 ㍟ identificar “procedimentos” a serem seguidos no desenvolvimento da ativi-
dade científica.
Talvez esteja ansiosa para saber o que vem depois desse “início”, após o “interrogar-
se” sobre determinado fenômeno, e queira me perguntar: “Mas, Oreste, ‘como’ fazer 
esta caminhada?”
Porém, antes de dar continuidade à nossa conversa sobre os caminhos da pesqui-
sa, quero convidá-la a uma leitura prazerosa. Você já leu o belíssimo conto O Alienista 
(1881-82), de Machado de Assis, um dos maiores nomes da nossa literatura?
(Re)leia e preste atenção como o Dr. Bacamarte desenvolve seus estudos sobre a 
“loucura” (daí o significado de “alienista”), como o cientista toma como Verdade os 
pressupostos da Ciência e os equívocos que comete. Você vai rir e adorar. Certamente, 
provocará você a pensar sobre sua concepção de Ciência e sobre as consequências de 
decisões tomadas no caminho da investigação!
35
Os caminhos
Por onde caminhar?
Veja o quadro na página seguinte, em que procuro esquematizar o percurso possível 
de sua caminhada na investigação.
São “etapas” que podem ajudá-la na construção da pesquisa e que você irá discutir 
com seu orientador. Portanto, não entenda a pesquisa como sequência linear e cronoló-
gica de etapas, de passos a serem seguidos e pronto! Trata-se de algo muito dinâmico, 
de idas e vindas, de estabelecimento de certezas e de dúvidas, de reconstrução de 
nossas análises, de trocas, de interações sujeito-objeto, sujeito-sujeito.
Isto bem expressa o poeta Fernando Pessoa:
Quando vou por um caminho, é por dois que eu vou: um é 
por onde me encaminho; o outro, a verdade onde estou.
Nessa caminhada, você carrega seus valores, sua formação, sua trajetória profissio-
nal, seus conhecimentos, suas “verdades”e se defronta com a “verdade” dos autores, 
da teoria que você irá acolher em sua caminhada, e com a “verdade” dos fatos, com a 
“fala” que emerge do material empírico, dos dados coletados. Nesse sentido, a pesquisa 
é lugar de encontros e desencontros.
Os caminhos
36
quadro 1 – As etapas da Pesquisa
1
Definição do assunto
2
Planejamento
3
Execução
Ponto de partida Elaboração do Projeto Buscando os fatos
Escolha
Delimitação
Explicitação dos objetivos
Formulação das questões
Pesquisa exploratória
Definir o tipo de pesquisa e a 
metodologia
Levantamento de fontes
Leitura e Fichamento
Redação do Projeto
Pesquisa empírica
Testagem dos instrumentos
Treinamento dos aplicadores
Contatos prévios
Visita ao local
Trabalho de campo
Diário de campo
Pesquisa bibliográfica
Localização das fontes
Leitura e Fichamento
4
Análise
5
Redação
6
Avaliação
Construindo a compreensão Exposição
É hora do balanço 
e da divulgação
Análise quantitativa e 
qualitativa
Organização dos dados
Tabelas 
Matriz de análise
Interpretação
Revisão do plano
Redigir a 1ª versão:
- Desenvolvimento 
- Conclusão 
- Introdução
Bibliografia 
Anexos 
Apêndices 
Sumário
Revisão do rascunho
2ª versão
Redação final
Discussão do relatório com 
bancas examinadoras e com a 
comunidade
Divulgação em eventos 
científicos: seminários, 
congressos...
Produção de artigos para 
revistas
Palestras
37
Os caminhos
ETAPA 1
Definição do assunto5: ponto de partida
A definição do assunto é o momento mais importante e mais crucial. Dela depende 
em grande parte o resultado do trabalho.
Essa etapa envolve diversos momentos:
1.1 | A ESCoLHA
Se o assunto estiver proposto no programa da discipli-
na ou do curso, pode-se dizer que este momento crucial já 
está superado. Terá então que entender bem a proposta, 
o que está sendo solicitado, a natureza do trabalho, que 
questões você pretenderá tratar, etc.
Caso a escolha dependa de você, terá que estar atenta 
ao seguinte:
 ㍟ Escolha um assunto de seu interesse, pelo qual sente 
paixão, entusiasmo e motivação, pois isso é fator decisivo 
no sucesso do trabalho! Não o escolha por achá-lo “fácil”, 
mas, sim, por despertar seu interesse.
 ㍟ Verifique a disponibilidade de tempo para dar conta do assunto no tempo previsto, 
segundo as exigências formais (tipo de trabalho, quantidade de páginas) e materiais 
(prazos, custos). Senão, será surpreendida!
 ㍟ Verifique suas condições intelectuais. Você deve propor um assunto que esteja ao 
alcance de sua capacidade e ao nível de seus conhecimentos. Não se aventure em águas 
“nunca dantes navegadas”. O perigo de naufrágio é grande! 
 ㍟ Verifique se você tem acesso à bibliografia referente ao assunto escolhido. Para 
tal, consulte obras de referências, catálogos bibliográficos ou a bibliografia indicada, 
sugerida pelos autores das obras, por professores, orientadores, etc. Caso não encontre 
bibliografia suficiente à sua mão, escolha outro assunto.
z Como pode perceber, não é fácil escolher um assunto. Evidentemente, não por falta de assunto, mas pela dificuldade que se tem em decidir-se 
por um deles.
5 Assunto e tema, embora com 
nuanças etimológicas (assunto: 
do latim “assumptu” – tomado; 
tema, do grego “thema” – 
proposição), serão aqui utilizados 
como sinônimos. Ver a esse 
respeito: GARCIA, 1997, p. 228.
Os caminhos
38
1.2 | DELiMiTAção
Escolhido ou imposto, você terá que pensar e planejar o assunto, considerando sua 
capacidade, seu interesse, a bibliografia acessível e o tempo disponível.
Escolhido o assunto, trata-se 
agora de delimitá-lo. Se for 
muito extenso, você correrá o 
risco de dar-lhe um tratamento 
superficial ou não concluí-lo 
no tempo estipulado, e, se for 
demasiadamente delimitado, 
encontrará dificuldades para 
desenvolvê-lo a contento.
Evite, pois, os extremos.
Como?
Não se pode delimitar algo antes de conhecê-lo em suas generalidades.
Portanto:
 ▶ a) faça uma leitura	exploratória, um sobrevoo na literatura que trata do assunto 
escolhido.
 ▶ b) determine a extensão do “sujeito” e do “objeto” a serem investigados.
Sujeito (do latim subjectus - posto de baixo, submetido) significa aqui a “coisa de que 
o verbo afirma algum predicado”. (Antenor Nascentes - Dicionário Ilustrado da Língua 
Portuguesa). Indica, pois, o universo ou o campo de referência, que pode ser: coisas, 
fatos ou pessoas, cuja finalidade é a realização de um estudo, com o objetivo de melhor 
conhecê-lo ou agir sobre ele.
Objeto (do latim objectus - lançado adiante) é aquilo que se quer saber relativamente 
ao sujeito. Não confundir, portanto, com objetivo (que visa ao objeto, meta, fim ou alvo 
que se quer atingir).
O “sujeito”, pois, é a realidade a respeito da qual se deseja saber alguma coisa, 
enquanto o “objeto” de um assunto é o que se quer saber ou o que se quer fazer a 
respeito do sujeito.
Objeto – aquilo que está 
diante do sujeito (coisas, 
bichos, plantas, pessoas...).
39
Os caminhos
Exemplo: ▼
“As condições de trabalho e a formação científica da profissional da Educação Infan-
til da escola pública em Mato Grosso”. Sujeito é “a profissional da Educação Infantil’”; 
objeto são “condições de trabalho” e “formação científica”.
Identificados o sujeito e o objeto, num segundo momento cabe especificar os limites 
da extensão do sujeito e do objeto, mediante adjetivos explicativos (formação científi-
ca) ou restritivos, complementos nominais de especificação (profissional da	Educação	
Infantil, em Mato Grosso), determinação das circunstâncias de tempo e espaço (no 
decênio	1980-90, na escola	pública).
Em outras palavras: ▼
A delimitação pode ser feita com base nos recortes do objeto, tais como:
 ㍟ temporal, isto é, determinando a época que será abrangida no estudo (Ex.: no perí-
odo do governo X, a partir da década de, durante a gestão de, etc.);
 ㍟ espacial, isto é, em que lugar será realizado o estudo (Ex.: na escola Y, na sala do 
professor de, no município de, no curso Z, etc.);
 ㍟ metodológico, isto é, como será realizado o estudo (Ex.: um estudo etnográfico, um 
estudo de caso, um estudo comparativo, etc.);
 ㍟ temático, isto é, em relação ao próprio tema ou à sua abordagem.
☞ Atenção! Esses diferentes tipos de recortes não são excludentes, poden-do aparecer juntos na delimitação.
 ▶ c) tente definir	e	especificar	cada	termo do assunto escolhido. 
No processo de comunicação, a função dos termos é de tornar manifestos os con-
ceitos, assim como a função dos conceitos é de substituir (“representar”) a realidade. 
O que dificulta a comunicação entre as pessoas é o fato de um mesmo termo poder 
representar diferentes conceitos e estes diferentes aspectos ou realidades. É preciso, 
pois, declarar à qual realidade ou a qual de seus aspectos nos referimos quando apre-
sentamos determinados conceitos ou empregamos determinado termo.
Os caminhos
40
Podemos distinguir dois tipos de definições:
 ㍟ definição	conceitual: fornece as notas ou propriedades abstratas dos termos, bus-
cando termos sinônimos ou propriedades que caracterizem e classifiquem as atividades 
essenciais. (Ex.: “Inteligência é a faculdade de conhecer, de compreender....”);
 ㍟ definição	operacional: aponta os indicadores concretos, específicos, observáveis e 
mensuráveis que permitem medir, quantitativa e qualitativamente, um conceito ou 
uma realidade. Tais indicadores podem ser fatos, qualidades, atividades ou ações. A 
formulação de definições operacionais é necessária, pois indica com exatidão o objeto 
de estudo e seu respectivo sujeito. (Ex.: “Inteligente é o aluno que obtém mais de 101 
pontos num teste de inteligência”; “Reprovado” é considerado o aluno que não atingir 
nota mínima 5,0 na média final das disciplinas).
Vamos supor que o assunto seja: "A formação do profissional da Educação Infantil". 
Como poderíamos delimitar este assunto?
Observe o quadro, a seguir, em que tentarei “destrinçar” o assunto.
Formação
 técnica
Qual? política
 científica
Realizada onde?
No magistério
Em cursosuperior
• Centros urbanos
• Zonas rurais
• Pedagogia / Licenciatura
• Especialização
Profissional
No país?
Em MT? MS? MG?
De onde? Em que município?
Na rede pública?
Na rede particular?
Quem é?
Qualificação
Estado civil
Idade
Sexo
Tempo de experiência
Situação funcional
• "Leiga"
• Magistério
• Licenciatura
• Casada (com ou sem filhos)
• Solteira ...
• Concursada
• Contratada
Onde?
Educação Infantil
Organizada como?
Quanto às profissionais
Quanto às crianças
• Individualmente
• Em equipes
• Creche, jardim, pré-escola
• Por idade, por atividade
41
Os caminhos
feito esse “destrinçamento”, fica mais fácil delimitar o assunto a ser investigado, 
pois terá uma gama de opções e de relações postas que permitirão já visualizar o per-
curso de seu estudo. Terá que fazer uma opção para não correr o risco de o assunto ficar 
muito extenso, isto é, muito aberto, com um leque de temáticas e de aspectos a serem 
percebidos, observados e analisados, tornando o trabalho volumoso ou superficial, pois 
terá que tratar um pouco de tudo.
z Portanto, supere a tentação de querer dar conta de tudo, de achar que tudo é importante e relacionado (e de fato o é). Para fins de pesquisa, 
você tem que definir e delimitar o campo, o objeto de seu trabalho.
1.3 | ExPLiCiTAção DoS oBjETiVoS
Os objetivos que se têm em vista definem, muitas vezes, a natureza do trabalho, o 
tipo de problema a ser selecionado, o material a ser coletado, etc.
Quanto à sua natureza, os objetivos podem ser extrínsecos (por exemplo, para 
cumprimento de um dever escolar, atender à solicitação de interessados, de um órgão, 
compor uma monografia, etc.) e intrínsecos (referem-se aos problemas que se quer 
compreender, explicar).
No campo das Ciências Humanas, o objetivo da atividade científica é compreender 
e explicar fatos e situações. Não queira resolver os problemas ou propor “receitas”!
A explicitação dos objetivos da pesquisa concorre para caracterizar seu alcance e, 
portanto, para nova forma de delimitar o tema.
Você poderá formular um Objetivo Geral e os Específicos e Operacionais, mas terão 
que ser redigidos de maneira afirmativa, com o verbo no infinitivo. Os mais utilizados 
para tal finalidade: descrever, analisar, verificar, fazer um levantamento, diagnosticar, ex-
plicar, coletar informações, identificar, comparar, avaliar, realizar um estudo teórico, etc.
Exemplo: ▼
 ▶ analisar o cotidiano da prática educativa nas instituições de Educação Infantil 
no Estado de ... (geral);
 ▶ verificar os tipos de atividades desenvolvidas pelos profissionais da Educação 
Infantil com as crianças nas creches do município de ..... (específico);
 ▶ registrar, nos momentos de entrada e de saída das crianças da creche “Seme-
ando Alegria”, os tipos de comportamentos em relação a seus pais (operacional).
Os caminhos
42
Tendo como tema de uma pesquisa “As políticas de atendimento às crianças meno-
res de seis anos no Brasil”, escreva:
Objetivo geral:
Objetivo específico:
Objetivo operacional:
1.4 | FoRMULAção Do PRoBLEMA
Um trabalho científico, de investigação, é uma resposta organizada a uma questão 
ou a um problema. Para isso, você deverá ter clareza do objetivo ou dos objetivos a 
serem perseguidos e alcançados pelo trabalho.
Por exemplo: que você quer saber sobre “A formação do Profissional da Educação 
Infantil”? Se o nível de formação tem que ver com sua eficiência no trabalho? Se a 
condição de ser mulher dá uma conotação diferente ao seu trabalho? Se a formação 
recebida em cursos de nível médio é suficiente para capacitá-la?
Um rápido contato com a Literatura existente sobre o assunto a ajudará a identificar 
melhor o problema. Muitas vezes, nas conclusões os autores apontam para questões, 
dificuldades e aspectos que mereceriam ser pesquisados, investigados.
Transforme o tema em problema, isto é, problematize-o, liste todas as perguntas 
que forem aparecendo, vá associando as questões principais com as secundárias.
Tente, pois, redigir o problema em forma de pergunta, estabelecendo relações entre 
duas ou mais variáveis, dois ou mais termos. Se você não conseguir, é porque ainda não 
tem clareza suficiente do que pretende investigar. Volte à literatura e ao diálogo com 
algum especialista do assunto!
Ao fazer a pergunta, você poderá já responder a ela. Terá, assim, a hipótese de seu 
trabalho, isto é a resposta que você apresentará, desenvolverá e tentará confirmar ao 
longo da investigação. 
Mas isso é assunto para mais tarde, pois, para poder formular uma hipótese, você 
precisa ter estudado profundamente a teoria que irá embasar seu estudo.
43
Os caminhos
1.5 | LEVANTAMENTo DAS iNFoRMAçõES E LEiTURA ExPLoRATóRiA
Geralmente, no processo de delimitação do assunto e para formulação do(s) 
problema(s), sentirá necessidade de buscar dados e/ou informações bibliográficas que 
venham auxiliar sua caminhada na construção do seu objeto de pesquisa. 
Onde encontrar essas informações e referências, e como selecioná-las?
Segundo o tipo de estudo a ser realizado, há diversidade de maneiras para levantar 
as informações pertinentes ao tema escolhido: enquete, questionário, entrevista, jor-
nais, revistas, livros, fotos, observações, experiências, visitas, etc. 
Porém, existe uma que é comum, que é o ponto de partida para todos: a revisão da 
literatura. É dela que especificamente iremos tratar aqui.
☞ A Revisão da Literatura é também conhecida como Revisão Bibliográ-fica ou Estado de Arte. Tem como objetivos: a) aumentar o seu acervo 
cultural-informativo; b) abrir os horizontes para que você possa melhor definir o 
objeto de sua investigação, os problemas e as hipóteses.
Assim, você poderá desenvolver seu estudo com maior segurança e base teórica. 
Partir para um trabalho sem conhecer o que já se produziu sobre o tema é correr o risco 
de perder tempo, repetir trabalhos ou ficar desatualizado.
Inicialmente, terá que localizar as fontes bibliográficas: em bibliotecas, livrarias 
especializadas, com amigos, professores e, por que não, na internet, caso tenha aces-
so a esse tipo de serviço. De posse do material colhido, fará uma leitura preliminar, 
percorrendo o índice, o resumo, a introdução e a conclusão para identificar se aquela 
obra, aquele texto, é pertinente ao seu assunto e lhe interessa. Assim, reterá somente 
as obras úteis. É sempre importante ler a bibliografia citada ou consultada pelo autor, 
pois poderá remeter a outras obras que talvez venham a ter serventia para seu trabalho.
Caso encontre uma quantidade significativa de referências e seu tempo seja escas-
so, faça uma segunda seleção, utilizando critérios mais específicos: a linha teórica, os 
“clássicos” da área temática, a época da publicação, etc.
Nesta “olhadela” às obras, será útil que faça anotações numa ficha dos itens e su-
bitens tratados em cada obra, com as respectivas páginas de localização, pois ajudará 
na elaboração do plano de trabalho da etapa seguinte. Lembra do Fascículo 1, Parte 
2 – Leitura de Trabalhos Acadêmicos?
z Vou lhe propor, agora, como forma de rever estes conteúdos, pequeno exercício para que você se avalie e decida continuar na leitura deste 
guia, quando não para retomar alguns pontos que não ficaram suficientemente 
esclarecidos.
Os caminhos
44
Suponhamos que o assunto proposto para o Seminário Temático da área de Funda-
mentos seja: “Diversidade de concepções e de práticas na Educação Infantil”.
Como você o delimitaria?
Faça aqui um esquema dos termos envolvidos na delimitação ▼
Que tipo de problemas levantaria?
Qual ou quais seriam os objetivos deste trabalho?
45
Os caminhos
O que você conhece sobre o assunto?
O que você já leu sobre essa temática?
☞ Discuta com o orientador o que você escreveu em suas anotações na área de Fundamentos. Retome essa sua atividade.
ETAPA 2
Planejamento: elaboração do projeto
Agora, você está em condições de fazer seu plano de trabalho de forma bem deta-
lhada e formular definitivamente a tese que conduzirá, como ideia central,a redação 
do texto e manterá, como espinha dorsal, toda a estrutura do trabalho.
Esse plano será o roteiro que a guiará durante essa apaixonante aventura de ser 
“autora”. É o seu projeto de pesquisa.
A finalidade, portanto, da elaboração de 
um plano é determinar a ação ordenada e 
eficiente na pesquisa a ser realizada.
O projeto constitui, porém, um plano provisório que poderá vir a ser adaptado, 
alterado posteriormente, conforme o andamento da pesquisa, modificando-o ou 
transformando-o em razão dos resultados. Trata-se de organizar sistematicamente as 
diversas partes que compõem o objeto de estudo, estabelecendo uma hierarquia lógica 
nas questões, ordenando sequencialmente os itens principais, os secundários, etc.
Os caminhos
46
Se achar que ainda não está segura, faça um esboço e discuta-o com colegas, orien-
tadores e especialistas no assunto. Retome algumas leituras que possam melhor ajudar 
nessa etapa crucial. Em seguida, defina o plano.
No projeto, você deverá decidir que caminho metodológico seguirá. Existem, na 
pesquisa, dois grandes caminhos: um se direcionando somente para o estudo teórico 
ou bibliográfico (pesquisa bibliográfica), ao passo que o outro, o caminho empírico, 
voltado para a coleta de dados em laboratório ou indo a campo (pesquisa empírica)6.
Vejamos esses dois caminhos.
2.1 | PESqUiSA EMPíRiCA
Aqui se incluem os trabalhos que utilizam a pesquisa bibliográfica como modalidade 
de investigação secundária, e, como principal, um tipo de pesquisa que exige a coleta 
e análise de dados primários, isto é, produzidos pelo pesquisador, em laboratório (pes-
quisa experimental) ou indo a campo (pesquisa	de	campo).
Veja os componentes de um Projeto de pesquisa empírica: ▼
1	 justificativa (contexto do problema - como surgiu o problema - sua relação com 
o contexto social, com o campo pedagógico, com estudos anteriores - delimi-
tação - motivos da escolha - viabilidade e importância da proposta de estudo 
- possíveis contribuições ou aspectos inovativos)
2	 Formulação do problema (quadro de questões e a questão-síntese)
3	 objetivos (geral e específicos)
4	 Revisão da literatura (obras, trabalhos que estudaram a temática)
5	 quadro teórico (perspectiva, abordagem pela qual será trabalhado o tema e 
hipóteses)
6	 Procedimentos metodológicos
 – tipo de pesquisa
 – população e amostra
 – instrumentos de coleta de dados
 – análise dos dados
 – etapas
7	 Cronograma (em forma de quadro)
8	 orçamento (recursos financeiros, materiais e humanos a serem alocados)
 Referências (obras, autores citados no projeto)
 Bibliografia (obras consultadas para a elaboração do projeto, mas não citadas 
no projeto, e/ou obras relacionadas com o tema e que, ainda, serão lidas).
z Você deve ter notado logo que os primeiros itens correspondem a tópi-cos abordados em outra ocasião.
6 Na Parte II, você encontrará uma 
apresentação sucinta sobre os 
diferentes tipos de pesquisa mais 
comuns nas áreas de Ciências 
Sociais e Humanas e indicação 
bibliográfica respectiva.
47
Os caminhos
Pois, na 1a etapa (Definição do Assunto), realiza-se um “brain storming”, uma es-
pécie de “tempestade cerebral”. Você tentou expor a você mesma o que pretendia 
investigar, buscou clarear sua proposta e intenções.
Agora, no projeto, trata-se de expor para “outrem” seu projeto, de maneira organi-
zada e mais consistente. É claro que o percurso inicial foi essencial para que chegasse 
aqui com as ideias arrumadas e, igualmente, que o que você rascunhou, rabiscou e 
escreveu inicialmente, aqui será agora aproveitado. Não foi trabalho e tempo perdidos!
Aconselhamos que, quando da realização de uma pesquisa, consulte obras espe-
cializadas. No final deste volume do guia, indicaremos algumas delas. Na Parte 2 você 
encontrará dois projetos, a título de exemplificação.
Contudo, vejamos, bem resumidamente, cada um dos elementos que compõem um 
projeto de pesquisa empírica.
Justificativa e contextualização do problema
Explicita-se aqui o porquê da escolha do tema, como surgiu o problema levantado 
para o estudo, embasado em que situações observadas ou estudos realizados, sua 
importância teórica e prática, sua atualidade, como se situa dentro daquela área de 
conhecimento
Formulação do problema
Você explicita aqui as questões a que deseja responder e que brotaram do contexto 
teórico e/ou prático apresentado no tópico anterior.
Tendo clareza sobre o que se deseja pesquisar, tendo conhecimento do objeto 
escolhido para o estudo, fica mais simples determinar e delimitar o que se pretende 
pesquisar.
Objetivos
Com base no(s) problema(s) levantado(s), expõe-se o que se quer alcançar com o 
estudo, para que fazer aquele tipo de investigação. Definem-se aspectos gerais (obje-
tivo geral) e aspectos determinados (objetivo específico) que se pretendem pesquisar.
Revisão da literatura
Na Revisão da literatura (conhecida também como Revisão bibliográfica ou teórica, 
Estado de Arte) apresenta-se, resumidamente, o estágio de desenvolvimento daquele 
assunto em livros, revistas especializadas, ou em outras fontes que possam fornecer 
informações relevantes e relacionadas com o tema em estudo. Seu objetivo é aumentar 
seus conhecimentos, para que você possa dar um tratamento mais sólido e seguro ao 
tema, fazendo uma análise e uma crítica das perspectivas e concepções de diferentes 
autores.
Os caminhos
48
Quadro teórico
É denominado também de Marco Teórico, Quadro de Referência Teórica ou outras 
designações. É a explicitação de sua “posição teórica”, qual a teoria escolhida que irá 
orientar seu trabalho (e, dentro dela, que autores, qual a perspectiva e concepção do 
tema), situando-a historicamente, isto é: quais as condições objetivas e subjetivas, da 
época e do autor, que propiciaram seu surgimento e desenvolvimento naquela área do 
conhecimento, a concepção que veio se confrontar ou pretendeu superar, representan-
do a que grupos sociais ou interesses, qual a visão de mundo manifestada, explícita ou 
implicitamente.
Ao definir com clareza seu quadro teórico, você estará em condições de elaborar 
hipótese(s) para seu estudo. Contudo, é bom lembrar que, no campo das Ciências Hu-
manas, essa é uma tarefa não simples e nem sempre necessária ou exigida na pesquisa.
Mas o que é uma hipótese? ▼
Hipótese é a tentativa de dar antecipadamente uma resposta, uma solução ao 
problema levantado. É uma espécie de “aposta”, um palpite, uma explicação possível 
que estabelece relações ou conexões entre variáveis. Costuma ser redigida de forma 
declarativa. 
Quando você joga na loteria, por exemplo, está apostando em números, sua hipóte-
se é que deverão ser sorteados os números tais e tais. Por que aqueles números e não 
outros? Muitas vezes, você deverá ter feito relações do número com alguma coisa, por 
exemplo datas significativas, sonhos, quando não por ter sido sorteado várias vezes, 
etc. 
Você estabelece relações, ligando alguma coisa com outra, um primeiro fato com 
um segundo. Você passa a supor que, se um fato for modificado, influenciará a mudança 
do outro, fará o outro variar também. Uma hipótese, pois, contém variáveis.
Ex.: “O	mau-humor	da	professora	influi	negativamente	no	comportamento	do	aluno”.
Mas, o que são variáveis? ▼
Variáveis “são aqueles aspectos, propriedades ou fatores, mesuráveis ou potencial-
mente mensuráveis, através dos valores que assumem, discerníveis em um objeto de 
estudo”. (KÖCHE, 1980, p. 54)
Isto é, são aspectos observáveis de um fenômeno, que apresentam variação ou 
diferença em relação a ele mesmo ou a outros fenômenos.
No caso acima, “mau-humor” e “comportamento negativo” seriam variáveis que 
mantêm relação entre si. 
Contudo, que significa “mau-humor” ou “comportamento negativo”? Há necessida-
de de definir esses termos. Por quê? 
49
Os caminhos
A Definição	dos	termos serve para proporcionar a passagem do teórico para o em-
pírico. A definição operacional “indica a ação ou a operação pela qual o significado 
do construto se manifesta. Ela indicaa atividade ou o comportamento que pode ser 
observado para se constatar a existência do construto”. (KÖCHE, 1980, p. 56). Em 
outras palavras, como você vai poder obter as informações necessárias ao estudo se o 
significado dos termos não é “visível”?
Voltando ao exemplo acima: Que significa “mau-humor” e “negativamente”? Terá 
que apontar indicadores, aspectos “visíveis” do mau-humor e da negatividade. Talvez 
“mau-humor” seja o fato de a professora não estar sorrindo, estar com a “cara fecha-
da”, não querer “papo” com os alunos, perder a paciência com as perguntas, com o 
barulho, etc.
Vamos ver isso de outra forma: ▼
Você está assistindo à televisão após seu almoço dominical. De repente, acaba a luz. 
“O que será que aconteceu?”, você se perguntará. “Será que acabou a luz em toda a 
cidade (blecaute) ou somente aqui no bairro? Estarão fazendo algum trabalho de recu-
peração ou ampliação da linha? Algum temporal derrubou um poste de retransmissão? 
Algum acidente de carro provocou a queda de um poste de luz aqui próximo de casa? 
Ou é só aqui em casa que falta luz?”, etc. 
Você acabou de formular problemas.
O que fará em seguida? Poderá pensar: “Se foi um blecaute, ou se desligaram parte 
da linha para algum reparo, ou em decorrência de algum acidente, também os vizinhos 
estarão sem luz. Talvez tenham comunicado este corte pela TV. Se o problema for só 
aqui em casa, talvez tenha me esquecido de pagar a conta de luz do mês, ou algum 
disjuntor queimou, ou a tomada estragou, etc.” 
Você está tentando formular alguma hipótese, alguma explicação possível.
Que fará em seguida? Verificar qual delas tem consistência. Perguntará 
aos vizinhos ou telefonará à Central Elétrica. Se confirmarem a falta de luz, 
está resolvido o problema (teórico), pois o jeito vai ser aguardar paciente-
mente o restabelecimento da corrente elétrica para você continuar a curtir 
seu programa. Caso o vizinho afirme estar com luz, terá que verificar as 
outras hipóteses. Verificar se a luz está faltando na casa toda.(Está!). Per-
guntar, então, ao marido se pagou a conta de luz. (Pagou!). Então irá dar 
uma olhada no quadro de luz e verificar os disjuntores, etc.
Mas por que você levantou aqueles problemas e hipóteses? ▼
Porque você tem uma ideia de como funciona o esquema 
da eletricidade. Você tem um "quadro de referência" que lhe 
permite pensar e formular o problema. Você pensa com base no 
que você tem armazenado!
Construto – é o conceito 
utilizado, adotado, inventado ou 
construído intencionalmente pela 
ciência com base num quadro 
teórico, para conceitualizar 
a realidade, para fazer uma 
representação espiritual (isto 
é, pelo pensamento) daquilo 
que é material. (Nota nossa).
Os caminhos
50
Procedimentos Metodológicos
É o momento do “como” o estudo será realizado.
Devem ser considerados os seguintes itens: 
 ㍟ Tipo de pesquisa, isto é, o plano do estudo, a forma de pesquisa empregada: expe-
rimental, bibliográfica, histórica, exploratória, descritiva, explicativa, pesquisa-ação, 
participante, etc.
 ㍟ População e amostra: especificar a área onde o estudo será executado e se as infor-
mações serão coletadas com toda a “população” que seria abrangida pelo tema ou com 
uma amostra, isto é, com uma parte dela. Explicar, então, quais os procedimentos ou 
critérios para selecioná-la;
 ㍟ Instrumentos: são apresentados e justificados os instrumentos que permitirão a 
coleta dos dados: entrevista, formulário, questionário, teste, observação, etc.
 ㍟ Etapas: são descritos os passos, as etapas do trabalho de campo, desde a elaboração 
preliminar dos instrumentos, treinamento dos que irão coletar as informações, pré-tes-
te dos instrumentos, revisão, elaboração final e sua discussão, definição da população 
e do cronograma de execução, a coleta propriamente dita e revisão dos instrumentos 
aplicados para checar se houve erros ou vieses em seu preenchimento.
 ㍟ Tipo de análise dos dados: especificar o tipo de tratamento a ser dado no caso de 
análise quantitativa (tabelas, gráficos, testes estatísticos) ou no caso de análise quali-
tativa (análise de conteúdo, documental, do discurso, etc.).
Cronograma
Fazer a previsão do percurso, das etapas da pesquisa, das atividades previstas.
Orçamento
Estimar os recursos materiais, financeiros e humanos necessários para o êxito do 
trabalho.
Referências
Listar, em ordem alfabética, as obras citadas no projeto.
Bibliografia
Listar, em ordem alfabética, as obras citadas e consultadas na elaboração do projeto.
51
Os caminhos
Vamos agora ao segundo caminho que você pode escolher em sua pesquisa.
2.2 | PESqUiSA BiBLioGRáFiCA
Toda produção humana se encontra guardada em livros, artigos e documentos. 
Bibliografia (do grego “bibliographia”: a arte de copiar livros) é o conjunto de livros es-
critos sobre determinado assunto, por autores identificados ou anônimos, pertencentes 
a correntes diversas do pensamento, ao longo da evolução da humanidade. O exame 
desse manancial, para levantamento e análise do que já se produziu sobre determinado 
assunto, como tema de pesquisa científica, denomina-se pesquisa bibliográfica. Em-
preendida de forma metódica, toma o nome de heurística (do grego “heurísko”), que 
significa achar, encontrar.
A pesquisa bibliográfica constitui o primeiro passo de qualquer pesquisa 
científica, objetivando recolher informações e conhecimentos prévios a respeito 
das contribuições científicas que se efetuaram sobre determinado assunto.
Pode-se realizar um trabalho científico original desenvolvendo somente pesquisa 
bibliográfica. Esta é muito mais praticada nas áreas de Ciências Humanas e exige uma 
montagem do plano de pesquisa diferente da pesquisa empírica.
Para ficar mais clara essa explanação, vamos inserir aqui um roteiro de possíveis 
tópicos a serem descritos num projeto	de	pesquisa	bibliográfica:
1	 justificativa (contexto do problema - como surgiu o problema - sua relação com 
o contexto social, com o campo pedagógico, com estudos anteriores - delimi-
tação - motivos da escolha - viabilidade e importância da proposta de estudo 
- possíveis contribuições o aspectos inovativos)
2	 Formulação do problema (quadro de questões e a questão-síntese)
3	 objetivos (geral e específicos)
4 Revisão da literatura (obras, trabalhos que estudaram a mesma temática)
5	 quadro teórico (perspectiva, abordagem pela qual será trabalhado o tema e 
hipóteses)
6	 Plano da monografia (elaboração de um plano provisório da monografia, 
indicando somente os tópicos que serão, noutro momento, desenvolvidos na 
monografia. Ele se parece com o Sumário de livros: introdução, divisão de ca-
pítulos e considerações finais)
7	 Cronograma (em forma de quadro)
8	 orçamento (recursos financeiros, materiais e humanos a serem alocados)
 Referências (obras, autores citados no projeto)
 Bibliografia (obras consultadas para a elaboração do projeto, mas não citadas 
no projeto e/ou obras relacionadas com o tema e que, ainda, serão lidas).
Os caminhos
52
Para elaboração do projeto voltado para pesquisa bibliográfica, você deverá seguir 
as orientações trabalhadas no item anterior, quando tratamos da pesquisa empírica.
Aqui, vamos nos deter um pouco mais no tópico que trata 
do plano da monografia. ▼
Você deverá inicialmente começar pela identificação	dos	documentos, do levanta-
mento bibliográfico, da consulta aos catálogos, anuários bibliográficos, repertórios 
bibliográficos gerais e especializados, ou seja, por meio de obras de referências, visando 
à literatura de interesse para a pesquisa que irá empreender.7 Não há necessidade de 
tomar apontamentos das informações, mas tão somente selecionar as fontes numa 
lista sistemática.
Em seguida, deverá localizar essas fontes, verificando onde encontrá-las, em que 
biblioteca ou com quem. Se você pensa fazer um estudo completo, procure um livro; se 
necessita de um estudo recente ou atualizado, procure artigos em revistas; se preten-
de obter conhecimentos gerais e básicos, vá aos dicionáriose enciclopédias; se busca 
notícias, crônicas ou comentários breves de fatos ou acontecimentos diários, recorra 
às seções de jornais.
É importante que você se familiarize com a biblioteca e com sua 
organização. Todo livro é registrado (tombamento) com as informações 
a ele referentes, classificado e agrupado segundo o assunto de que trata 
e, finalmente, catalogado. O catálogo tem a finalidade de informar sobre 
o acervo bibliográfico da biblioteca. O catálogo é constituído de fichas 
em ordem alfabética. Há fichas de assunto, de autores e de obras.
Identificada e localizada a bibliografia, você poderá agora elaborar uma biblio-
grafia exaustiva (de todas as obras que tratam direta ou indiretamente do assunto 
focalizado) ou seletiva (apenas das obras que tratam diretamente do assunto de 
pesquisa proposto). A esta altura, embora tenha manuseado rapidamente as obras 
que tratam do assunto da sua pesquisa, você estará em condições de elaborar o 
plano provisório.
Trata-se agora de organizar sistematicamente, ordenadamente, os tópicos, as diver-
sas partes que compõem o objeto de estudo, dando unidade ao conjunto. É provisório, 
mas terá que ser o mais completo possível, quanto o permitam seus conhecimentos, 
devendo ser constantemente revisto à medida que o trabalho avance.
7 Hoje, muitas bibliotecas, 
institutos, fundações e grupos de 
pesquisa estão informatizados 
e interligados via Internet, 
facilitando enormemente 
o trabalho de identificação, 
localização e acesso ao material 
bibliográfico. Assim, você 
poderá economizar tempo.
53
Os caminhos
Suponhamos que queira fazer um estudo bibliográfico sobre “Subsídios para a 
idealização e implementação de projetos voltados para a formação Profissional para 
Educação Infantil”. Após um “sobrevoo” na literatura disponível, poderá pensar no 
seguinte plano:
iNTRoDUção
 i - iDEALiZAção E iMPLEMENTAção: SUBSíDioS TEóRiCoS
 ii - iDEALiZAção E iMPLEMENTAção: SUBSíDioS Do REAL
 1 Panorama brasileiro: dados de pesquisas
 2 Panorama brasileiro: dados de uma experiência
iii - FoRMAção PRoFiSSioNAL PARA EDUCAção iNFANTiL: SUBSíDioS 
PARA iDEALiZAção E iMPLEMENTAção DE PRojEToS
 1 Idealização
 2 Implementação
CoNSiDERAçõES FiNAiS
fonte: MACHADO, Maria Lúcia de. Formação	Profissional	para	Educação	Infantil: subsídios para idealização e implementação de projetos. 
S. Paulo: PUC, 1998. Tese de doutorado.
☞ Você poderá também desenvolver sua pesquisa baseada em documen-tos oficiais, dados estatísticos, relatórios, artigos de jornais, atas, etc. 
Trata-se de pesquisa baseada em fontes	secundárias, isto é, em informações e 
dados que outra pessoa coletou, não você.
O importante é que tenha um plano antes de iniciar a leitura e o trabalho de pesquisa 
bibliográfica.
Os caminhos
54
ETAPA 3
Execução: buscando os fatos
Chegou a hora de ir aos fatos, ao trabalho 
na biblioteca ou no campo para coleta das 
informações. É hora de arregaçar as man-
gas, de “pôr a mão na massa”, nos livros, e 
de degustar os alimentos. 
Aqui também teremos dois percursos 
possíveis: 
 ▶ 1) pesquisa bibliográfica;
 ▶ 2) pesquisa empírica.
3.1 | PESqUiSA BiBLioGRáFiCA
☞ Você terá que fazer uma leitura crítica do acervo de livros, revistas, de diversos autores que tratam da mesma temática. Consultará outras 
fontes, outros tipos de documentos, tais como enciclopédias, dicionários espe-
cializados, teses, estatísticas, jornais, vídeos, filmes, discos, fotografias.
Agora chegou o momento central do seu trabalho: iniciar o processo de leitura sele-
tiva e crítica, o fichamento e arquivamento. É o momento da tomada de apontamentos 
daquilo que você julgar pertinente ao assunto da pesquisa. Por isso, é importante que, 
antes, retome o plano de trabalho traçado provisoriamente na 2ª etapa e o reelabore, 
para servir de guia, de orientação durante todo o percurso da leitura, fichamento, aná-
lise e redação.
Na Parte 2 do fascículo 1, já tratamos deste assunto e exemplificamos como você 
poderá arquivar as ideias durante a leitura.
Queremos, aqui, somente acrescentar:
 ▶ agora a leitura será muito mais diretiva, em função do tema;
 ▶ a quantidade de fichas de “comentários” ou ideias pessoais tenderá a crescer.
Os fatos têm o poder de nos 
estimular intelectualmente, 
de despertar nossa 
curiosidade, de nos ensinar 
a valorizar o aprendizado.
55
Os caminhos
z Habitue-se a escrever nas fichas qualquer ideia que venha durante a leitura. Não deixe para anotar depois. A experiência demonstra que dei-
xar para depois, na maioria das vezes, é sinônimo de esquecer. Essas reflexões 
ajudarão a preparar a forma e o conteúdo do texto que irá redigir.
Não esqueça, portanto, de fichar as leituras, de documentar tudo o que for lendo e 
que tiver alguma relação com seu assunto. Vá acompanhando e modificando o plano 
provisório, caso necessário.
Esse investimento (não é “perda de tempo”) se evidenciará nas etapas seguintes.
Algumas orientações: ▼
 ㍟ Não seja apressada! Mas constantemente, durante o dia todo, tenha o seu pensa-
mento voltado para o tema a ser investigado. Pense nele, fale dele às colegas e amigas. 
Siga o caminho proposto por Sócrates a seus alunos no século V a.C. em Atenas. Lem-
bra? A “parturição”, o parto das ideias!
 ㍟ Reveja as fichas e procure agrupá-las por tópicos principais, dando a cada grupo 
um título. Se achar que alguma não tem mais utilidade no momento, deixe-a de lado. 
Servirá numa outra ocasião. Não há necessidade de aproveitar todas as fichas.
 ㍟ Depois, organize cada grupo de fichas, criando subgrupos no seu interior e dando-
lhes subtítulos numa ordem lógica.
 ㍟ Finalmente, para visualizar esta organização, reestruture o plano sinótico provisório, 
apresentando resumidamente, em ordem numérica e sequencial, os títulos e subtí-
tulos. facilitará a visão de conjunto do trabalho, possibilitando perceber se o plano é 
completo, equilibrado, ordenado numa ordem lógica ou cronológica, ou segundo sua 
importância.
Texto provém do latim textum, a significar tecido, 
entrelaçamento. Se o tecelão entrelaça as linhas para 
fabricar o tecido, você, produtora textual, entrelaça 
as frases para produzir o texto.
Observe como o Plano que já havíamos apresentado foi re-elaborado, completado 
pela pesquisadora:
Os caminhos
56
iNTRoDUção
 1 LDB e formação dos profissionais: desafio de tradução
 2 Projetos de formação: idealização e implementação
 3 Delimitando a investigação: fontes e metodologia
 i - iDEALiZAção E iMPLEMENTAção: SUBSíDioS TEóRiCoS
 1 formação específica: criança menor de seis anos em foco
 1.1 Criança: socialmente interativa desde bebê
 1.2 Crescimento e desenvolvimento: cuidar e educar
 1.3 formação profissional: implicações
 2 formação específica: profissionais em foco
 2.1 Profissionais de educação infantil: expectativas e contexto de atuação
 2.2 formação profissional: implicações
 ii - iDEALiZAção E iMPLEMENTAção: SUBSíDioS Do REAL
 1 Panorama brasileiro: dados de pesquisas
 1.1 Profissionais leigos: preço para a expansão
 1.2 Formação e função: ausência de correspondência
 1.3 Modalidades de formação: multiplicidade de vias
 2 Panorama brasileiro: dados de uma experiência
 2.1 Formação	do	educador	infantil	de	Belo	Horizonte: idealização
 2.2 Temas e estratégias de implementação: mobilizar e informar
 2.3 Gestores, técnicos e educadores: formação para todos
 2.4 Relações institucionais: diálogo necessário
 2.5 Período de vigência: tempo precioso
 2.6 Clientela-alvo: mais alguns ingredientes
 2.7 Avaliação: compatibilizar idealização e implementação
iii - FoRMAção PRoFiSSioNAL PARA EDUCAção iNFANTiL: SUBSíDioS 
PARA iDEALiZAção E iMPLEMENTAção DE PRojEToS
 1 Idealização
 1.1 Identificar: ingredientes imprescindíveis
 1.2 Selecionar: enfoques, ênfases, metas e objetivos
 1.3 Detalhar: eixos e temas de formação
 2 Implementação
 2.1

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