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RESENHA DO CAPÍTULO ÁFRICA E AFRICANOS NO TRÁFICO BRASILEIRO

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CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
ANTROPOLOGIA AFRO-BRASILEIRA
RESENHA DO CAPÍTULO “ÁFRICA E AFRICANOS NO TRÁFICO BRASILEIRO”
DOCENTE: 
DISCENTE: 
LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS, 6º PERÍODO
São Luís, Maranhão, 19 de março de 2018
A ÁFRICA DO TRÁFICO BRASILEIRO
 	Durante os séculos XVI e XIX, segundo o autor, houve cerca de 11 milhões de africanos sendo transportados para as Américas a fim de satisfazer os anseios do mercado escravo, principalmente no Brasil onde somente 4 milhões de negros desembarcaram em portos para serem vendidos como escravos. Nessa travessia no oceano atlântico, muitos morriam (as causas são diversas: fome, doenças e até desertores). Dessa forma, se estabelece uma estreita ligação entre África e Brasil. Assim sendo, nos períodos supraditos, o tráfico de negros que eram vendidos como escravos intensificaram-se de modo a suprir as necessidades de mão-de-obra que o Brasil-colônia tinha. Além da baixa expectativa de vida, os escravos viviam sob maus tratos, mal se reproduziam e o índice de mortalidade infantil era alto.
	Por volta dos séculos XVI e XVII, se intensificou a demanda de trabalho de corte do pau-brasil, desse modo, muito antes de investirem no tráfico de africanos, os colonizadores escravizaram os nativos da terra, os índios, principalmente os que se recusavam ou resistiam a se converter ao catolicismo, dessa forma, com o declínio de escravos indígenas na primeira metade do século XVI, substituiu-se, em maiores quantidades os índios pelos negros que eram trazidos da África. Entretanto, em algumas áreas específicas e de interesse particularmente estrito, a utilização da mão de obra escrava indígena se manteve até o século XIX. 
	Além da alta procura por escravos no Brasil na segunda metade do século XVI, o comércio de escravos fez grandes fortunas e se tornou um comércio tão forte a ponto do Brasil não mais necessitar de “importação” de escravos, mas passou a “exportar” e a obter muito mais lucro do que obtivera ao vender para os senhores locais, e isso se deu até sua proibição, em 1850 com a lei Eusébio de Queiroz, que foi a lei que deu o primeiro passo para a abolição da escravidão no Brasil. Por fim, a justificativa dada pelos europeus para a escravidão e para o tráfico era a de evangelizar os infiéis bárbaros e selvagens africanos, a fim de resgatarem a salvação através do catolicismo estabelecido no Brasil.
 	Tratando-se da expansão territorial, o autor explicita que os escravos negros juntamente com os escravos indígenas foram os maiores desbravadores de matas, os que abriram estradas e caminhos para os locais “mais remotos” do território. Eram os que levavam as tropas para a guerra contra os povos indígenas e quilombos que se opunham ou resistiam ao avanço colonizador. Nesse sentido, ao avançarem para o interior do país no sentido de Mato Grosso, em busca de ouro, além das ferramentas de mineração, levavam também os próprios escravos africanos para o trabalho. A mão de obra escrava se tornara, então, tão importante e valiosa que a coroa portuguesa passaria a taxar os senhores de escravos pela quantidade de escravos que tinham. De fato, havia um gigantesco comercio de escravos nas principais capitais do país, de modo que durante o século XVIII, o tráfico negreiro se tornara possível com uma espécie de companhia do comércio de escravos que detinha esse controle exclusivo no fornecimento de escravos para todo o país.
	Com tamanho tráfico de negros trazidos exclusivamente para trabalhar e servir, o autor ressalta que os africanos escravos fizeram muito mais do que tão somente plantar, colher, explorar riquezas ou construir. Trouxeram consigo e criaram uma cultura no que diz respeito ao seu modo de agir, de viver, sendo eles e os índios os protagonistas de um papel civilizador que se estabeleceria no Brasil. No capítulo também o autor expõe o que uma das grandes razões do povoamento no Brasil foi o tráfico transatlântico de negros escravos. Como vinham de diferentes regiões da África, os colonizadores se utilizavam da estratégia de misturar os escravos entre si, de diferentes povos, para evitar assim, a formação e organização de grupos de resistência. Isso contribuiu também para a miscigenação entre povos africanos no Brasil, uma mistura de culturas e costumes diferentes.
No início do século XIX, o comércio de escravos vinha sendo alvo de forte pressão para ser abolido. O primeiro país a adotar a medida para abolir a escravidão foi a Inglaterra, país esse que, segundo o autor, havia se beneficiado enormemente do comércio. Desse modo, a Inglaterra, a mais poderosa potência na época pressionou duramente o governo de Portugal e posteriormente, o governo do Brasil, por ser na época o maior importador de escravos do mundo. Naquela época, a Europa já se manifestava contra o tráfico de pessoas e no Brasil não era diferente, diversos setores da sociedade já demonstravam insatisfação não só com o comércio de escravos, mas com a própria escravidão que demorara a ser abolida no Brasil. No período de 1826, em troca de um reconhecimento como país independente, a Inglaterra exigiu do governo brasileiro que a escravidão fosse abolida em até três anos, entretanto, não foi o que aconteceu, pois o parlamento brasileiro na época proibiu apenas a importação de africanos. Como afirmado acima, com a manifestação contrária de diversos setores da sociedade, muitos condenavam a importação de negros e o povo europeu estabelecido no Brasil temia o que chamavam de africanização do país, devido ao gigantesco número de escravos trazidos nos navios negreiros. Muitos também se sensibilizavam ao condenar a escravidão devido aos horrores do comércio escravista. Entretanto, a lei não foi suficiente para conter o comércio que já tomara conta do país. Em meados de 1845 o parlamento britânico tomou a decisão de confiscar todo e qualquer navio que transportasse negros, inclusive apreendiam ou afundavam navios brasileiros que transportavam escravos fazendo com que as relações entre os dois países ficassem estremecidas. Com isso, cinco anos depois, viera a ser aprovada a lei que finalmente acabaria por definitivo com o tráfico negreiro, a lei Eusébio de Queirós de 1850, e, 38 anos depois, viera a ser abolida a escravidão por definitivo com a Lei Aurea pela princesa regente do Império Brasileiro, a Princesa Isabel.

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