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1 Noções de Direito Empresarial 10 08 2020

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Faculdade Almeida Rodrigues - FAR 
Curso: Administração 
Disciplina: Direito Aplicado à Administração 
Professor: Murilo Martins Peres Barbosa 
 
 
1 - NOÇÕES DE DIREITO EMPRESARIAL 
 
1.1. CONCEITO. 
O Direito Empresarial é o conjunto de normas jurídicas que regulam 
as transações econômicas privadas empresariais que visam à produção e à 
circulação de bens e serviços por meio de atos exercidos profissional e 
habitualmente, com o objetivo de lucro. 
 
1.2. ORIGEM. 
A história do direito empresarial se desenvolve em 3 fases. A primeira 
fase é a que chamamos de fase das Corporações de Ofício, a segunda é a 
fase dos Atos de Comércio e a terceira é a fase da Teoria da Empresa. 
Na época do Mercantilismo, quando houve grande expansão do 
comércio e do mercado, entre o século XV e o final do século XVIII, começaram 
a surgir as Corporações de Ofício, onde os comerciantes inscritos criaram 
suas próprias normas para regular a atividade comercial. Essas regras 
eram aplicáveis apenas aos comerciantes inscritos nas corporações, os que 
não eram inscritos eram regidos pelas leis civis comuns à todos. 
Com a Revolução Francesa de 1789, com os ideais de Liberdade, 
Igualdade, Fraternidade, chegou a fase dos Atos de Comércio. O sistema das 
corporações de ofício não era um sistema igualitário para todos os 
comerciantes e ia de encontro com os novos ideias de igualdade, assim, com 
o Código Napoleônico, passaram a ser considerados comerciantes aqueles 
que praticassem os atos de comércio, atividade comercial listada no 
Código Comercial Francês. 
Por fim, com a dinâmica das atividades do mercado foram surgindo 
cada vez mais diferentes atividades de comércio que não estavam listadas no 
código. Afim de regularizar essas atividades surge a TEORIA DA EMPRESA, a 
atividade comercial passa a ser chamada de atividade empresarial abrangendo 
um círculo maior de fatores e atividades. 
O Brasil adotou a teoria da empresa somente em 2002, quando o 
Código Civil derrogou o antigo Código Comercial. O Código Civil de 2002 
não revogou totalmente o Código Comercial, por isso diz-se “derrogou”, quer 
dizer que revogou em parte, pois a parte que trata do direito marítimo ainda 
está em vigor, mas apenas essa, as normas que tratam da atividade 
empresaria agora é vigida pelo Código Civil de 2002 e leis especiais. 
 
1.3. PRINCIPIOS. 
A) Liberdade de iniciativa – liberdade do indivíduo em suas 
iniciativas econômicas (art. 170 CF). Princípio da livre-iniciativa se desdobra em 
quatro condições fundamentais para o funcionamento eficiente do modo de 
produção capitalista: (i) imprescindibilidade da empresa privada para que a 
sociedade tenha acesso aos bens e serviços de que necessita para sobreviver; 
(ii) busca do lucro como principal motivação dos empresários; (iii) necessidade 
jurídica de proteção do investimento privado; (iv) reconhecimento da empresa 
privada como polo gerador de empregos e de riquezas para a sociedade. 
 
B) Liberdade de concorrência – liberdade para competir sem 
impedimentos artificiais ou legais. (Art. 170, IV CF). E quem mais desrespeita a 
livre concorrência é justamente aquele ente que, em tese, deveria protegê-la: o 
Estado. Se, por um lado, o Estado finge defender a livre concorrência, criando 
órgãos com tal missão institucional, tais como o CADE (Conselho Administrativo 
de Defesa Econômica), por outro lado é o próprio Estado que ataca a sagrada 
liberdade de competição, intervindo cada vez mais na economia, restringindo 
cada vez mais o exercício de atividade econômica e criando cada vez mais 
obstáculos ao empreendedorismo. 
 
C) Garantia e defesa da propriedade privada – Art. 170 (princípio 
constitucional da ordem econômica). Garantir e defender a propriedade privada 
dos meios de produção é pressuposto fundamental do regime capitalista de livre 
mercado. Ausente a propriedade privada, não há também mercado, obviamente. 
Não havendo mercado, não há como precificar os bens e serviços em produção 
e circulação de forma legítima e eficiente, não havendo alternativa senão o 
planejamento central da economia, situação na qual os preços são 
arbitrariamente fixados por burocratas, o que fatalmente leva ao colapso 
econômico e social. 
D) Princípio da preservação da empresa – proteção da atividade 
empresarial (Ex: recuperação judicial e falência). É preciso ter muito cuidado 
para que a aplicação excessiva e sem critério do princípio não provoque a sua 
banalização. Muitas vezes atividades empresariais devem mesmo ser 
encerradas, e nesses casos impedir a falência do empresário ou da sociedade 
empresária contraria a ordem espontânea do mercado, sobretudo quando a 
manutenção de tais atividades é conseguida com os famigerados “pacotes de 
socorro” baixados pelo governo. 
E) Princípio da função social da empresa - estará satisfeita quando 
houver criação de empregos, pagamento de tributos, geração de riqueza, 
contribuição para o desenvolvimento econômico, social e cultural do entorno, 
adoção de práticas sustentáveis e respeito aos direitos dos consumidores. 
Enfim, a empresa não deve, segundo os defensores desse princípio, apenas 
atender os interesses individuais do empresário individual, do titular da EIRELI 
ou dos sócios da sociedade empresária, mas também os interesses difusos e 
coletivos de todos aqueles que são afetados pelo exercício dela (trabalhadores, 
contribuintes, vizinhos, concorrentes, consumidores etc.) 
 
1.4. FONTES. 
Fontes Materiais do direito empresarial, destacam-se os fatores 
econômicos. O arcabouço jurídico-empresarial de um país será absolutamente 
influenciado pela economia desse país. Por exemplo, um país mais liberal, do 
ponto de vista econômico, terá regras empresariais menos intervencionistas, que 
garantam um ambiente de livre mercado mais seguro e estável para os 
empreendedores. 
Fontes Formais primárias mais importantes do direito empresarial 
são as normas que regem o exercício profissional de atividade econômica 
organizada, ou seja, as normas que disciplinam a empresa e os empresários. 
Hoje, portanto, as normas nucleares que regem o direito 
comercial/empresarial estão no Código Civil, mais precisamente entre os 
arts. 966 e 1.195 (Livro II do CC, chamado de “direito de empresa”). Além do 
CC, existem microssistemas legislativos que se limitam a disciplinar uma área 
específica desse ramo do direito. Podem ser citadas, por exemplo, a Lei nº 
8.934/1994, que trata do registro de empresas; a Lei nº 6.404/1976, que trata 
das sociedades por ações; a Lei Complementar nº 123/2006, que trata das 
microempresas e das empresas de pequeno porte; a Lei nº 11.101/2005, que 
trata dos procedimentos de falência e de recuperação de empresas; dentre 
outras. 
Fonte Formal Subsidiária do direito comercial/empresarial podem 
ser mencionados os usos e costumes mercantis. Ex: art. 488 do Código Civil, 
a qual dispõe que, nos contratos de compra e venda, “convencionada a venda 
sem fixação de preço ou de critérios para a sua determinação, se não houver 
tabelamento oficial, entende-se que as partes se sujeitaram ao preço corrente 
nas vendas habituais do vendedor”. 
 
 
REFERÊNCIAS. 
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial esquematizado. – 6. ed. 
rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.

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