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Faculdade Almeida Rodrigues - FAR Curso: Administração Disciplina: Direito Aplicado à Administração Professor: Murilo Martins Peres Barbosa 1 - NOÇÕES DE DIREITO EMPRESARIAL 1.1. CONCEITO. O Direito Empresarial é o conjunto de normas jurídicas que regulam as transações econômicas privadas empresariais que visam à produção e à circulação de bens e serviços por meio de atos exercidos profissional e habitualmente, com o objetivo de lucro. 1.2. ORIGEM. A história do direito empresarial se desenvolve em 3 fases. A primeira fase é a que chamamos de fase das Corporações de Ofício, a segunda é a fase dos Atos de Comércio e a terceira é a fase da Teoria da Empresa. Na época do Mercantilismo, quando houve grande expansão do comércio e do mercado, entre o século XV e o final do século XVIII, começaram a surgir as Corporações de Ofício, onde os comerciantes inscritos criaram suas próprias normas para regular a atividade comercial. Essas regras eram aplicáveis apenas aos comerciantes inscritos nas corporações, os que não eram inscritos eram regidos pelas leis civis comuns à todos. Com a Revolução Francesa de 1789, com os ideais de Liberdade, Igualdade, Fraternidade, chegou a fase dos Atos de Comércio. O sistema das corporações de ofício não era um sistema igualitário para todos os comerciantes e ia de encontro com os novos ideias de igualdade, assim, com o Código Napoleônico, passaram a ser considerados comerciantes aqueles que praticassem os atos de comércio, atividade comercial listada no Código Comercial Francês. Por fim, com a dinâmica das atividades do mercado foram surgindo cada vez mais diferentes atividades de comércio que não estavam listadas no código. Afim de regularizar essas atividades surge a TEORIA DA EMPRESA, a atividade comercial passa a ser chamada de atividade empresarial abrangendo um círculo maior de fatores e atividades. O Brasil adotou a teoria da empresa somente em 2002, quando o Código Civil derrogou o antigo Código Comercial. O Código Civil de 2002 não revogou totalmente o Código Comercial, por isso diz-se “derrogou”, quer dizer que revogou em parte, pois a parte que trata do direito marítimo ainda está em vigor, mas apenas essa, as normas que tratam da atividade empresaria agora é vigida pelo Código Civil de 2002 e leis especiais. 1.3. PRINCIPIOS. A) Liberdade de iniciativa – liberdade do indivíduo em suas iniciativas econômicas (art. 170 CF). Princípio da livre-iniciativa se desdobra em quatro condições fundamentais para o funcionamento eficiente do modo de produção capitalista: (i) imprescindibilidade da empresa privada para que a sociedade tenha acesso aos bens e serviços de que necessita para sobreviver; (ii) busca do lucro como principal motivação dos empresários; (iii) necessidade jurídica de proteção do investimento privado; (iv) reconhecimento da empresa privada como polo gerador de empregos e de riquezas para a sociedade. B) Liberdade de concorrência – liberdade para competir sem impedimentos artificiais ou legais. (Art. 170, IV CF). E quem mais desrespeita a livre concorrência é justamente aquele ente que, em tese, deveria protegê-la: o Estado. Se, por um lado, o Estado finge defender a livre concorrência, criando órgãos com tal missão institucional, tais como o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), por outro lado é o próprio Estado que ataca a sagrada liberdade de competição, intervindo cada vez mais na economia, restringindo cada vez mais o exercício de atividade econômica e criando cada vez mais obstáculos ao empreendedorismo. C) Garantia e defesa da propriedade privada – Art. 170 (princípio constitucional da ordem econômica). Garantir e defender a propriedade privada dos meios de produção é pressuposto fundamental do regime capitalista de livre mercado. Ausente a propriedade privada, não há também mercado, obviamente. Não havendo mercado, não há como precificar os bens e serviços em produção e circulação de forma legítima e eficiente, não havendo alternativa senão o planejamento central da economia, situação na qual os preços são arbitrariamente fixados por burocratas, o que fatalmente leva ao colapso econômico e social. D) Princípio da preservação da empresa – proteção da atividade empresarial (Ex: recuperação judicial e falência). É preciso ter muito cuidado para que a aplicação excessiva e sem critério do princípio não provoque a sua banalização. Muitas vezes atividades empresariais devem mesmo ser encerradas, e nesses casos impedir a falência do empresário ou da sociedade empresária contraria a ordem espontânea do mercado, sobretudo quando a manutenção de tais atividades é conseguida com os famigerados “pacotes de socorro” baixados pelo governo. E) Princípio da função social da empresa - estará satisfeita quando houver criação de empregos, pagamento de tributos, geração de riqueza, contribuição para o desenvolvimento econômico, social e cultural do entorno, adoção de práticas sustentáveis e respeito aos direitos dos consumidores. Enfim, a empresa não deve, segundo os defensores desse princípio, apenas atender os interesses individuais do empresário individual, do titular da EIRELI ou dos sócios da sociedade empresária, mas também os interesses difusos e coletivos de todos aqueles que são afetados pelo exercício dela (trabalhadores, contribuintes, vizinhos, concorrentes, consumidores etc.) 1.4. FONTES. Fontes Materiais do direito empresarial, destacam-se os fatores econômicos. O arcabouço jurídico-empresarial de um país será absolutamente influenciado pela economia desse país. Por exemplo, um país mais liberal, do ponto de vista econômico, terá regras empresariais menos intervencionistas, que garantam um ambiente de livre mercado mais seguro e estável para os empreendedores. Fontes Formais primárias mais importantes do direito empresarial são as normas que regem o exercício profissional de atividade econômica organizada, ou seja, as normas que disciplinam a empresa e os empresários. Hoje, portanto, as normas nucleares que regem o direito comercial/empresarial estão no Código Civil, mais precisamente entre os arts. 966 e 1.195 (Livro II do CC, chamado de “direito de empresa”). Além do CC, existem microssistemas legislativos que se limitam a disciplinar uma área específica desse ramo do direito. Podem ser citadas, por exemplo, a Lei nº 8.934/1994, que trata do registro de empresas; a Lei nº 6.404/1976, que trata das sociedades por ações; a Lei Complementar nº 123/2006, que trata das microempresas e das empresas de pequeno porte; a Lei nº 11.101/2005, que trata dos procedimentos de falência e de recuperação de empresas; dentre outras. Fonte Formal Subsidiária do direito comercial/empresarial podem ser mencionados os usos e costumes mercantis. Ex: art. 488 do Código Civil, a qual dispõe que, nos contratos de compra e venda, “convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a sua determinação, se não houver tabelamento oficial, entende-se que as partes se sujeitaram ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor”. REFERÊNCIAS. RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial esquematizado. – 6. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.
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