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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE RIO BRANCO – ESTÁCIO/UNIMETA BACHARELADO EM BIOMEDICINA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ANDRÉ LUÍZ ALVES BONFIM DIMES NUNES DO NASCIMENTO IÊDA HELLEN MENDONÇA PORFIRO DE SOUZA LUCAS DE SOUZA FREITAS RAQUEL MOREIRA BRAÑA AVALIAÇÃO PARASITOLÓGICA E DIAGNÓSTICO DE PARASITOS EM ALFACES (Lactuca sativa), VARIEDADE CRESPA, COMERCIALIZADAS EM SUPERMERCADOS E FEIRAS LIVRES NO BRASIL – REVISÃO DE LITERATURA RIO BRANCO-AC 2020 ANDRÉ LUÍZ ALVES BONFIM DIMES NUNES DO NASCIMENTO IÊDA HELLEN MENDONÇA PORFIRO DE SOUZA LUCAS DE SOUZA FREITAS RAQUEL MOREIRA BRAÑA AVALIAÇÃO PARASITOLÓGICA E DIAGNÓSTICO DE PARASITOS EM ALFACES (Lactuca sativa), VARIEDADE CRESPA, COMERCIALIZADAS EM SUPERMERCADOS E FEIRAS LIVRES NO BRASIL - REVISÃO DE LITERATURA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Coordenação do Curso de Biomedicina do Centro Universitário Estácio de Rio Branco – Estácio/Unimeta como pré- requisito para a obtenção do título de Bacharel em Biomedicina. Orientador: Profª Ma. Luciane Macedo de Souza. Co-orientador: Prof. Me. Anderson G. Freitas. RIO BRANCO – AC 2020 AGRADECIMENTOS À nossa orientadora, Professora Me. Luciane Macedo de Souza, pela brilhante e exemplar orientação, compreensão e ensinamentos. Ao nosso co-orientador, Professor Me. Anderson G. Freitas, por todos os ensinamentos e motivação que sempre nos transmitiu. Aos professores do curso de Bacharelado em Biomedicina, pelo conhecimento que passaram, para que possamos exercer a nossa profissão da melhor forma possível. Aos nossos pais, pelo dom da vida, ensinamentos, incentivo e confiança que tiveram em nós. Essa conquista também é de vocês! Eu, Lucas de Souza Freitas, agradeço à minha família, avós, tios e primos, que estiveram comigo nos momentos difíceis e que de alguma maneira contribuíram para que eu chegasse até aqui. Além disso, sou grato por ter dois seres celestiais juntos de Deus, guiando e me incentivando em cada conquista, Aldecy Freitas da Silva, amado pai e marido e Luana de Souza Freitas, amada irmã. Eu, Raquel Moreira Braña, agradeço a Deus por ter me sustentado até aqui. Gratidão a minha mãe, Alessandra Moreira pela confiança no meu progresso e pelo apoio emocional. A minha irmã, Eliane Braña, meu pai Disney Braña e, a minha avó Maria Izabel por todo o esforço investido na minha educação. Por último, quero agradecer aos meus tios Eudes Moreira e Ênio Moreira, a toda minha família e, amigos por sempre me incentivarem e acreditarem que eu seria capaz de superar os obstáculos que a vida me apresentou. Eu, Dimes Nunes do Nascimento, agradeço aos meus pais, meus maiores incentivadores, que acreditaram em meus sonhos e objetivos, sempre me ajudaram a superar as dificuldades da vida. Agradeço a toda minha família, assim como meus amigos e colegas, também aos docentes que nos auxiliaram na trajetória do conhecimento. Deixo aqui meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que me apoiaram de qualquer maneira durante a realização desse trabalho. EPÍGRAFE "Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a DEUS não sou o que era antes". (Marthin Luther King). LISTA DE SIGLAS, SÍMBOLOS E ABREVIATURAS DTAs - Doenças Transmitidas por Alimentos EBSCO - Business Source Complete IDH - Índice de Desenvolvimento Humano Lilacs - Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde Medline - Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (n) - Número SciELO - Scientific Electronic Library Online UNIMETA - Centro Universitário Meta LISTA DE TABELAS TABELA 1 - Prevalência das parasitoses e número de espécies de parasitas encontradas na amostra, Moreré, Ilha de Boipeba-BA, 2017............................................................................................................................13 TABELA 2 - Frequência de enteroparasitas em amostras de alface (Lactuca sativa) em feiras livres na cidade de Governador Valadares (MG) entre o período de agosto a outubro de 2016............................................................................................................................15 Tabela 3 - Números absolutos e relativos quanto à frequência de ovos de helmintos, larvas de nematódeos e cistos de protozoários encontrados em cada uma das nove hortaliças comercializadas em uma feira livre da cidade de Belém - PA...............................................................................................................................16 TABELA 4 - Números absolutos e relativos quanto à frequência de ovos de helmintos, larvas de nematódeos e cistos de protozoários encontrados em cada uma das nove hortaliças comercializadas em uma feira livre da cidade de Belém - PA.............................................................................................................................. .18 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................8 2. MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................10 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................11 4. CONCLUSÃO.........................................................................................................20 REFERÊNCIAS..........................................................................................................21 RESUMO Entre as infecções humanas, as enteroparasitoses possuem certa relevância, pois acometem grupos sociais desfavorecidos e, em sua maioria, estão associadas às precárias condições higiênicosanitárias destes indivíduos, ao redor do mundo. Atualmente, em razão dos altos índices de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs), a segurança alimentar vem adquirindo cada vez mais importância. Apesar do valor nutricional e importância econômica, a alface (Lactuta sativa), um alimento considerado comum e de fácil acesso, constitui-se um veículo significativo de contaminação parasitológica para população humana, quando consumida in natura. Este estudo, através da coleta de material bibliográfico, ou seja, revisão, teve como objetivo identificar a contaminação parasitária em alfaces comercializadas em supermercados e feiras livres de regiões do Brasil, assim como, analisar dados de incidência e prevalência parasitária de acordo com os dados obtidos através de artigos científicos. As características morfológicas das plantas propiciam a contaminação, pois ocorre um contato maior durante seu cultivo com o solo poluído e a água, consequentemente uma maior adesão das formas evolutivas parasitárias. É notável que bactérias e helmintos são achados com facilidade em hortaliças comercializadas em feiras livres e supermercados em certas regiões, a região, clima, forma de cultivo, irrigação, adubos orgânicos, tipo de exposição do produto são alguns dos fatores predisponentes para que estas mazelas se instaurem. Fica claro que a adoção de boas práticas de produção, comercialização, assim como, medidas de conscientização coletiva, podem propiciar uma melhoria significativa na qualidade alimentar destes produtos e evitar parasitoses. Palavras chave: Alface; Enteroparasitoses; Feiras livres; Hortaliças; Lactuta sativa; Supermercado. 8 1. INTRODUÇÃO Atualmente, em razão dos altosíndices de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs), a segurança alimentar vem adquirindo cada vez mais importância. Dentre as DTAs destacam-se as enteroparasitoses, que são normalmente transmitidas pela ingestão de alimentos contaminados por estruturas parasitárias que podem gerar manifestações clinicas em seu hospedeiro, sendo assim, consideradas um problema de saúde pública (BRAUER, et al., 2016). As hortaliças constituem um grupo de alimentos de grande importância na dieta diária, devido ao grande teor de nutrientes, além de sais, fibras alimentares e vitaminas, estes que, são de grande importância para o funcionamento do organismo. O hábito de consumo de hortaliças in natura viabiliza uma maior exposição de uma grande parcela da população às formas transmissíveis de certos parasitos (GREGÓRIO et al., 2012; QUADROS et al., 2008). Segundo Carminate et al. (2011), a alface (Lactuta sativa), pertencente à família Asteraceae, é oriunda do mediterrâneo, onde difundiu-se como hortaliça comumente consumida. No Brasil, a alface foi introduzida pelos portugueses no século XVI e, atualmente, é tida como a hortaliça mais consumida in natura pelo mundo e no país (SILVA et al., 2017). Apesar do valor nutricional e expressiva importância econômica, a alface, um alimento considerado comum e de fácil acesso, constitui-se um veículo significativo de contaminação parasitológica para população humana, quando consumida in natura, uma vez que devido a condições sanitárias desfavoráveis em áreas rurais e urbanas favorecem a sua contaminação por oocistos e cistos de protozoários e ovos e larvas de helmintos (SILVA et al., 2017). Mesquita et al. (2015), descrevem que a manipulação e coleta inadequadas de hortaliças, influem diretamente na transmissão direta de parasitos, por exemplo, helmintos e protozoários, que são tidos como os principais causadores de mazelas parasitárias intestinais, ocasionadas pela falta de qualidade da água, solo e do ar onde tais plantas estão inseridas no período de cultivo, assim como a falta de higiene por 9 parte dos manipuladores. Ou seja, a contaminação por hortaliças pode ser influenciada por diversos mecanismos antropogênicos (SILVA et al., 2019). A principal forma de contaminação dessas hortaliças ocorre, principalmente, por meio da água contaminada por material fecal de origem humana utilizada na irrigação das hortas ou ainda por contaminação do solo por uso de adubo orgânico com dejetos fecais (BRAUER, et al., 2016). A falta de ações integradas, tem levado à uma subnotificação de casos, dificultando assim o dimensionamento do problema supracitado, bem como, o planejamento de ações por parte de órgãos responsáveis (MEDEIROS, et al., 2019). Como descrito por Melo et al. (2011) e Silva et al. (2017), muitos podem ser os parasitos encontrados na avaliação parasitológica destas hortaliças, entre eles estão, Giardia lamblia, Schistosoma mansoni, Ancylostoma duodenale, Ascaris lumbricoides e Trichuris trichiuria. Todos estes mencionados, carreados por resíduos fecais nas hortaliças, em especial a alface, todos relacionados à falta de controle higiênico sanitário nos métodos de produção e preparação de tal alimento. Escherichia coli, Strongyloides spp., Giardia lamblia são os parasitos com maior prevalência nos achados nas realizações de técnicas de avaliação parasitológica. Através da literatura consultada, o objetivo deste trabalho, foi verificar a contaminação parasitária de alfaces comercializadas em supermercados e feiras livres de regiões do Brasil, e a ocorrência de parasitos em feiras livres e supermercados. 10 2. MATERIAL E MÉTODOS Trata-se de um trabalho de revisão bibliográfica do tipo exploratória descritiva, baseada em pesquisa de artigos científicos, nas mais variadas bases de dados, incluindo, Medline, EBSCO, Lilacs, Scielo, referentes ao tema escolhido, em um período de dez anos, ou seja, do ano de 2010 até 2020. Foram utilizados os seguintes descritores para as buscas literárias: Alface, Análise parasitológica, Agricultura familiar, Diagnóstico parasitológico, Feiras livres, Hortaliças, Lactuta sativa, Supermercados, Saneamento básico. A proposta foi analisar dados de incidência e prevalência parasitária de acordo com os dados obtidos através de artigos científicos, havendo a preconização por materiais literários que mostrassem quais os parasitos de maior ocorrência, regiões e possíveis relações do parasitismo com a condição socioeconômica do consumidor, mostrando em formas de tabelas e gráficos. 11 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Este trabalho, através da coleta de material bibliográfico teve como foco estabelecer uma relação entre o lugar onde a hortaliça (Lactuta sativa), popularmente conhecida como alface é comercializada, seja em feiras livres ou supermercados, e a incidência de parasitos na mesma, ou seja, mostrar em qual tipo de estabelecimento tem-se a ocorrência maior de parasitos. Assim como, fazer a identificação e catalogação dos parasitas encontrados. Segundo Leite (2018), a água é tida como veículo de transmissão de parasitoses, estratégias como a reutilização de águas residuais, por conta de problemas ambientais de escassez hídrica ou por condições climáticas de regiões secas devem ser reconsideradas quando a mesma é destinada para agricultura e na produção de hortaliças, em especial a alface. No Brasil, a irrigação com águas residuais tem sido feita pelos usuários de forma desregulamentada, onde utilizam águas poluídas para este fim desconsiderando os efeitos negativos à saúde pública. É corroborado por Silva et al. (2019) que as práticas agrícolas, condições ecológicas, transporte, manuseio, condições de armazenamento e comercialização são fatores que também contribuem para a ocorrência de agentes contaminantes para esta hortaliça. Santos et al. (2017), menciona que a detecção de parasitos é comum em hortaliças das diferentes regiões do país. Em estudos feitos na região Centro-oeste, mostraram que em 59 amostras de alfaces analisadas, 54 (91,52%) foram positivas, sendo 18 (30,5%) para Ascaris sp., 13 (22,03%) para Trichuris sp., 12 (20,34%) para Ancilostomatidae, 8 (13,56%) para Strongyloides sp. e 3 (5,09%) para Toxocara sp. Ou seja, é notório que todos os parasitos achados nas amostras realizam toda ou boa parte do seu ciclo evolutivo no hospedeiro humano, sendo uma preocupação de saúde pública, visto que parasitismo elevado pode ser um agente influenciador de patologias. Marinho (2018), cita que a ascaridíase tem grande importância clínica, visto que apresenta ampla apresentação geográfica e as fezes contaminadas do hospedeiro propiciam a contaminação de hortaliças, visto que adubos naturais contendo dejetos humanos propiciam a transmissão dos ovos destes parasitos que podem ser ingeridos através de plantas contaminadas e desta maneira, reiniciar o ciclo do parasito. É 12 notório que programas de sanidade vegetal e aumento no controle de qualidade dos alimentos ditos orgânicos ou de produtores coloniais sanaria tais problemas, visto que a adubação orgânica sem controle algum pode trazer riscos de contaminantes serem passados aos alimentos, em especial as culturas de produção vegetal. Já na região Nordeste, Fernandes e outros autores analisaram 404 amostras de alfaces tendo positividade em 215, das quais 120 eram contaminadas por E. coli enteropatogênica, 114 por larvas de Strongyloides sp. e 42 por Endomilax nana (SANTOS, et al., 2017). Assim sendo, constata-se que bactérias e helmintos são achados com facilidade em hortaliças comercializadas em feiras livres e supermercados em certas regiões do nordeste, vale ressaltar que a E. coli encontrada trata-se da variação enteropatogênica, ou seja, de grande preocupação para a saúde humana,visto que, pode causar problemas gastrointestinais ao consumidor. Outro problema descrito por Marinho (2018) é que a estrongiloidíase causada pelo Strongyloides sp. que se diferencia dos outros parasitos por apresentar a característica de se replicar dentro do corpo humano, permitindo assim a autoinfecção de maneira ininterrupta, ou seja, essa doença pode continuar vigente por muitos anos, mesmo que não haja mais contato exógeno com as larvas. Segundo Silva (2018) e Silva et al. (2019), as formas mais comuns de disseminação destes parasitos são através da água de irrigação, adubos orgânicos, manuseio na colheita e na pós-colheita, no preparo e cuidados domésticos. A contaminação das hortaliças ocorre por diversas formas, mas predominantemente pelo contato da água contaminada com material fecal humano ou animal utilizada na irrigação das hortas, por contaminação do solo com adubo orgânico processado com dejetos fecais ou ainda pela contaminação das mãos de manipuladores de alimentos, causando as DTAs. Assim sendo fica claro que a facilidade para a contaminação das hortaliças consumidas em feiras livres e supermercados pode ser entendida como multifatorial, podendo ocorrer desde o processo de produção agrícola até o manuseio final na prateleira, sendo ofertada ao consumidor. As largas folhas flexíveis, justapostas e estrutura compacta da alface (Lactuta sativa) apresentam maior possibilidade de contaminação, pois, durante o seu cultivo ocorre um contato maior com o solo poluído e a água, consequentemente uma maior 13 adesão das formas evolutivas parasitárias, conferindo uma maior resistência aos métodos de higienização (SILVA et al. 2019). Vilar (2016) descreve que aspectos econômicos e características demográficas são fatores predisponentes para a transmissão de parasitos patogênicos. A região nordeste do país por exemplo, possui um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. A falta de saneamento básico, falta de educação sanitária, como o simples hábito de lavar as mãos, frutas, legumes e alimentos consumidos in natura podem ser citados como agentes facilitadores da disseminação destas parasitoses. A tabela a seguir é baseada nos estudos de prevalência feita pelo autor no município de Moreré, Ilha de Boipeba, Bahia, no ano de 2017, onde 105 moradores foram testados através de coleta de fezes e posteriores técnicas parasitológicas feitas para a evidenciação dos parasitos. Tabela 1 - Prevalência das parasitoses e número de espécies de parasitas encontradas na amostra, Moreré, Ilha de Boipeba-BA, 2017. Parasitas n (%) Ascaris lumbricoides 5 (4,8) Ancilostomídeos 19 (18,1) Trichuris trichiura 13 (12,4) Strongyloides stercoralis 1 (1) Hymenolepis nana 2 (1,9) Schistosoma mansoni 1 (1) Enterobius vermicularis 1 (1) Taenia sp. 0 (0) Entamoeba coli 34 (32,4) Endolimax nana 46 (43,8) Giardia lamblia 4 (3,8) Iodamoeba butschlii 3 (2,9) Fonte: Adaptação, Vilar, 2016 Na tabela acima fica claro que parasitos como Endolimax nana, Entamoeba coli, Ancilostomídeos e Trichuris trichiura são os enteroparasitos que apresentam os maiores índices de prevalência descritos respectivamente. Vale ressaltar que segundo Vilar (2016), todos estes são geohelmintos, ou seja, ocorrem em todo o planeta, exceto nos polos, onde a temperatura não é favorável aos mesmos, além disso, os sintomas causados pela elevada carga parasitária se assemelham, sendo eles, emagrecimento, diarreia, desnutrição, anemia parasitária. 14 Outra pesquisa feita por Silva et al. (2017) em Governador Valadares, Minas Gerais, sobre enteroparasitas veiculados em folhas de alfaces (Lactuca sativa) comercializadas na feira livre da cidade, em 20 amostras coletadas, destacou que 90 % das mesmas apresentou algum tipo de contaminante, deste total, cerca de 72,2% são monoinfectantes, ou seja, apresentaram apenas um tipo de contaminante por amostra, e 27,8% são multiplainfectantes, presença de mais de um contaminante por amostra, a elucidação desses dados pode ser vista no gráfico 1. Em contrapartida, na cidade de Gurupi, Tocantins, encontraram 60% de contaminação em suas amostras, mostrando resultado inferior ao da presente pesquisa. A diferença para o número de amostras positivas, pode estar relacionada à quantidade de feiras livres, visto que o percentual desta forma de comércio em Governador Valadares é superior a Gurupi, corroborando para a afirmação de que o controle sanitário influi diretamente na transmissão dos parasitos. Abaixo é destacado na figura 1, os resultados positivos através das amostras coletadas, assim como a frequência das parasitoses encontradas. Figura 1 - Esquema comparativo de parasitos monoinfectantes e multiplainfectantes no município de Governador Valadares, Minas Gerais, 2017. Fonte: Adaptação, Silva et al. (2017) Monoinfectantes 72% Multiplainfectantes 28% Monoinfectantes Multiplainfectantes 15 Portanto fica evidente que segundo os dados obtidos através da pesquisa parasitológica de Silva et al. (2017) e mostrados na tabela acima, parasitos monoinfectantes são a maioria entre feiras livres, Nascimento et al. (2020) corrobora com isso mencionando que o controle de qualidade, sanidade vegetal e educação sanitária dos manipuladores pode ser um dos fatores predisponentes, visto que nas feiras mencionadas, os padrões de qualidade, fiscalização e higiene são esquecidos na maior parte das vezes, além disso, o condicionamento destes vegetais pode ocorrer de forma inadequada, expostos ao sol, elementos carreados pelo vento e umidade inadequada. Tabela 2 - Frequência de enteroparasitas em amostras de alface (Lactuca sativa) em feiras livres na cidade de Governador Valadares (MG) entre o período de agosto a outubro de 2016. Enteroparasitas Nº de amostras Frequência (%) Cisto de Entamoeba histolytica 13 65 Cisto da Giardia lamblia 3 15 Larvas não identificadas 2 10 Ovos de Schistosoma mansoni 2 10 Ovos de Ancylostoma sp 3 15 Ovos de Ascaris lumbricoides 1 5 Ovos de Trichuris trichiuria 1 5 Ovos não identificados 2 10 Fonte: Silva et al. (2017) Na tabela mencionada acima fica claro a alta frequência de Cisto de Entamoeba histolytica, seguido de cisto de Giardia lamblia e ovos de Ancylostoma sp., ou seja, grande preocupação para a saúde pública, visto que segundo Marinho (2018) a giardíase, por exemplo, pode compor quadros de intensa diarreia, má absorção de nutrientes e em certos casos ser assintomática por anos. O mesmo autor menciona que Ancilostomíase, causada pelo Ancylostoma sp. em infecções de caráter grave podem causar disfunções gastrointestinais agudas podendo ser observadas náuseas, 16 vômitos, diarreia, dor abdominal e flatulência, além de em crianças com grau elevado de infestação parasitária, ocorrer anemia e atraso no desenvolvimento físico e mental. Santos et al. (2017) corroboracom isto, dizendo que Infecções por Ancilostomídeos, Entamoeba coli, Entamoeba histolytica são algumas das parasitoses que podem afetar o equilíbrio nutricional, podendo induzir sangramento intestinal e competir pela absorção de micronutrientes, reduzir a ingestão alimentar, causar complicações cirúrgicas como prolapso retal, obstrução e abscesso intestinal, além de afetar o desenvolvimento cognitivo da criança, ou seja, desde casos assintomáticos, sintomas mais brandos ou patologias mais severas em decorrência da alta carga parasitária. Segundo Nascimento et al. (2020) há necessidade de adoção de medidas para monitorar e incentivar a adoção de boas práticas na manipulação destes alimentos a fim de minimizar possíveis infecções por enteroparasitas, ou seja, feiras livres e supermercados podem diferenciar-se no que se refere ao controle de qualidade, sanidade vegetal e educação sanitária dos manipuladores. Abaixo na tabela é comparado a frequênciade formas parasitárias em uma feira livre na cidade de Belém do Pará, onde nove tipos de hortaliças foram confeccionados e lidos 1125 lâminas, onde destinava-se 125 lâminas para cada hortaliça, pelo método de Hoffman, técnica parasitológica de baixo custo e de fácil realização. Tabela 3 - Números absolutos e relativos quanto à frequência de ovos de helmintos, larvas de nematódeos e cistos de protozoários encontrados em cada uma das nove hortaliças comercializadas em uma feira livre da cidade de Belém - PA. OVOS DE HELMINTOS (%) LARVAS DE NEMATODOS (%) CISTOS DE PROTOZOÁRIOS (%) ALFACE 77.92 12.58 45.95 COUVE 11.49 2.48 20.83 COENTRO 5.62 6.39 8.83 SALSA 0.99 4.10 21.07 CEBOLINHA 0.08 0.67 0.00 ALFAVACA 0.41 3.53 0.30 MANJERICÃO 0.62 55.67 2.44 17 CHICÓRIA 0.70 5.05 0.06 HORTELÃ 2.15 9.53 0.51 Fonte: Adaptada, Nascimento et al. (2020) A tabela descrita evidencia não a espécie do parasita, mas as formas parasitárias encontradas e a frequência que cada forma é encontrada em cada hortaliça, ficando claro que a alface ocupa uma posição de destaque quando se trata de albergar tais formas parasitárias, pois assim como menciona Silva et al. (2019) as características físicas de tal hortaliça favorecem tal mazela, além das condições higiênicas as quais a alface é inserida nestas ditas feiras livres. Mencionado por Pacifico (2013), as alfaces antes de chegarem aos consumidores finais, passam por uma enorme cadeia de processamento, que vai desde a semeadura nos locais de produção à exposição dos pés nos pontos de venda (supermercados, feiras e hortas comunitárias). Durante este intervalo, estas hortaliças podem sofrer inúmeras intervenções, diretas ou indiretas, que favorecem a contaminação com formas evolutivas parasitárias. Ainda é considerado baixo o número de estudos publicados sobre a contaminação de hortaliças, apesar de conhecidas as vias e as consequências desta contaminação. Isto é reforçado por Alves (2013), pois segundo o mesmo as características regionais de ambiente, clima, cultura e manejo agrícola influenciam uma variabilidade na ocorrência de parasitos, tais como larvas, ovos, oocistos e cistos e sua maior ou menor incidência em hortaliças. É sabido que hortaliças são importantes fontes de infecção de parasitos quando consumidas in natura. Dessa forma, avaliar a presença de parasitos em hortaliças nas diversas regiões produtoras torna-se importante para orientar os produtores e os consumidores na melhora das práticas de higiene e de produção desses alimentos com o objetivo de reduzir os índices de parasitismo em humanos, visto que segundo Jung (2014); Leite (2018), feiras livres e supermercados podem diferir nos resultados, quando se é levado em consideração manipulação, sanidade vegetal, clima, ambiente, exposição na prateleira e vários outros fatores influenciadores. A tabela 4 mostra tal comparativo, através do resumo de artigos. 18 Tabela 4 – Tabela comparativa de artigos levando em consideração cultivo, incidência, manipulação e forma de comercialização. Fonte: Adaptada, Alves et al. (2013); Jung et al. (2014); Leite (2018); Pacifico (2018). Autoria, Ano e Local do Estudo Título do Trabalho Metodologia Resultados e Discussão Pacifico (2013) Niterói Contaminação parasitária em amostras de alface crespa (Lactuca sativa var. crespa), de cultivos tradicionale hidropônico,comercializadas em duas feiras livres da zona norte do rio de janeiro. Analisadas 100 amostras, sendo 50 de cultivo tradicional e 50 de cultivo hidropônico. Duas feiras livres aleatórias, método de centrifugo- sedimentação. Das 100 amostras de alface crespa estudadas, 12 (12%) apresentaram positividade para formas evolutivas de parasitos de seres humanos e/ou animais. Das 100 amostras, 97 (97%) apresentaram positividade para contaminantes, como formas evolutivas de nematódeos em vida livre e de artrópodes Alves et al. (2013) Cuiabá Parasitos em Alface crespa (Lactuta sativa), de plantio convencional, comercializadas em supermercados de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil. Analisadas 45 amostras de plantio convencional de três redes de supermercados. Metodos de sedimentação espontânea e simples. O resultado foi que (66,7%) de alfaces comercializadas nos supermercados de Cuiabá-MT estavam contaminadas por helmintos e protozoários Jung et al. (2014) Santa Catarina Parasitos em Alface (Lactuta sativa) cultivadas em pequenas propriedades rurais nos municípios de Capinzal, Vargem Bonita e Lacerdopólis Santa Catarina, Brasil. Analisadas 12 amostras de cultivo tradicional, sendo usada técnica de sedimentação espontânea (Hoffman). Observação em microscópio em objetivas de 100 e 400 vezes. Das 12 amostras realizadas neste estudo, 11 (91,7%) foram positivas para a presença de, pelo menos, um parasito. Leite (2018) Vitória de Santo Antão Análise parasitológica da parte aérea e sistema radicular da Lactuta sativa comercializada nas feiras livres dos municípios de Vitória de Santo Antão, Bezerros e Surubim Três feiras livres aleatórias. Corte da planta e análise direta através dos sedimentos presentes, usando objetiva de 100 vezes. Raízes e folhas de 70% das amostras provenientes de Surubim estavam contaminadas com cistos, ovos e larvas. 19 É notório pelos dados descritos acima que as variáveis ambientais e as modificações introduzidas pelas atividades humanas, como falta de educação sanitária de manipuladores, exposição errônea do alimento ao ambiente, entre outros alteram a frequência de infecções por parasitos, pois propicia viabilidade destas formas parasitárias através da criação de microambientes favoráveis. Isso é reafirmado por Pacifico (2013), onde o mesmo a associa a estrutura física dos vegetais, má qualidade na água de irrigação e higiene inadequada dos manipuladores nos estabelecimentos de comercialização, respectivamente, além de mostrar que o cultivo hidropônico pode ser uma alternativa para a diminuição parasitária, visto que o controle sanitário pode ser feito de uma maneira mais eficiente. 20 4. CONCLUSÃO A partir dos dados congruentes apresentados neste estudo de revisão bibliográfico, é notório que a adoção de um sistema mais eficiente de vigilância sanitária seja implementado, quando se fala em produção de hortaliças, sejam elas destinadas ao público de feiras livres ou supermercados, visto que os dois locais de vendas apresentam sempre algum tipo de forma parasitária presente, onde os estes em certos casos, como elevada incidência e prevalência podem causar patologias de interesse à saúde pública. A adoção de boas prática de produção, comercialização, assim como, medidas de conscientização coletiva, pode propiciar uma melhoria significativa na qualidade alimentar destes produtos, pois fatores como manejo, manipulação, formas inadequadas de irrigação, clima, localização geográfica, características morfológicas da hortaliça e exposição do produto, podem ser fatores influenciadores que facilitam o desenvolvimento das formas evolutivas parasitárias. 21 REFERÊNCIAS ALVES, A. 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