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EDUCAÇÃO INCLUSIVA E-book 3 Rafaela Gama Neste E-Book: INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3 AS TRANSFORMAÇÕES NO CONCEITO DE DEFICIÊNCIA NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE ������������������4 O HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO MUNDO E NO BRASIL ��13 O PAPEL DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA ��������������������������������������������������27 CONSIDERAÇÕES FINAIS ���������������������� 32 SÍNTESE �������������������������������������������������������34 2 INTRODUÇÃO Aqui nesse módulo denominado A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva você poderá aprender sobre como a Educação Especial se organiza nos diferentes níveis educacio- nais e qual o seu papel na educação de perspectiva inclusiva. No tópico chamado As transformações no con- ceito de deficiência na história da humanidade serão abordados os diferentes entendimentos sobre a questão da deficiência no decorrer da história da humanidade, principalmente na sociedade ocidental. Consequentemente, você conhecerá os diferentes tratamentos que as pessoas com deficiência tive- ram até o século 21, e as transformações inerentes a esse processo tanto no Brasil quanto em outros países. Concomitante às transformações de concepções sobre as pessoas com deficiência, existiu também transformações em relação às práticas educativa voltadas a essas pessoas. Nesse sentido, no tópico O histórico da Educação Especial no mundo e no Brasil você conhecerá como as práticas pedagógi- cas da Educação Especial eram entendidas em cada momento histórico e quais as transformações que ocorreram em sua concepção. Por fim, no último tópico, será abordado o papel da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva no Brasil a partir das legislações e docu- mentos oficiais que versam sobre essa modalidade educativa. Bons estudos! 3 AS TRANSFORMAÇÕES NO CONCEITO DE DEFICIÊNCIA NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE Você já parou para pensar em como a pessoa com deficiência é vista na sociedade? Será que o que se entende por deficiência no século 21 é o mesmo entendimento dos séculos passados? E qual é o entendimento sobre deficiência do século 21? Certamente, o conceito de deficiência é histórico, so- cial e cultural. Ele se transformou durante a história da humanidade e, consequentemente, as concep- ções a respeito da pessoa com deficiência também se transformaram. Assim, neste tópico, você poderá conhecer essas transformações. Considerando o momento histórico dos primeiros grupos humanos – a Pré-história – não existem indícios de como as pessoas com deficiência eram tratadas. Apesar disso, diferentes autores (HONORA; FRIZANCO, 2008; GUGEL, 2007) afirmam que, consi- derando as maneiras de sobrevivência e as formas de sociedade que existiam, as pessoas com defi- ciência não sobreviviam ao ambiente hostil da Terra: […] não havia abrigo satisfatório para dias e noites de frio intenso e calor insuportá- vel; não havia comida em abundância, era preciso ir à caça para garantir o alimento 4 diário e, ao mesmo tempo, guardá-lo para o longo inverno. [...] a sobrevivência de uma pessoa com deficiência nos grupos primi- tivos de humanos era impossível porque o ambiente era muito desfavorável e porque essas pessoas representavam um fardo para o grupo. (GUGEL, 2007, s./p.) Ou seja, a prioridade desses grupos era garantir a alimentação e a segurança das pessoas que faziam parte deles. Provavelmente, as crianças que nasciam com algum tipo de deficiência eram abandonadas ou até mesmo exterminadas por serem consideradas um empecilho para a sobrevivência do grupo. Já na Idade Antiga, observa-se o início de mudança no tratamento destinado à pessoa com deficiên- cia. A partir de registros e evidências arqueológicas, existiam dois tipos de tratamento a esse grupo de pessoas: o extermínio, assim como nas sociedades pré-históricas; e a proteção e o sustento das pes- soas com deficiência. Segundo Gugel (2007), no Egito Antigo, há mais de cinco mil anos, a pessoa com deficiência era inte- grada à sociedade, inserida nas diferentes classes sociais existentes, como os nobres, os artesões e os escravos. Essas questões têm indícios na arte, nos túmulos, nos papiros e também nas múmias egípcias. 5 Figura 1: Papiro médico contendo procedimentos para curar do- enças que acometiam os olhos - Museu Britânico. Fonte: Ampid. Figura 2: Placa de calcário com representação de uma pessoa com deficiência física, provavelmente, fazendo uma oferenda - Museu Ny Carlsberg Glyptotek, Dinamarca. Fonte: Ampid. Diferente dos egípcios, os hebreus entendiam que qualquer tipo de deficiência representava uma pu- 6 http://www.ampid.org.br/ampid/Artigos/PD_Historia.php http://ampid.org.br/ampid/Artigos/PD_Historia.php nição divina, sendo essas pessoas impedidas de ter acesso a serviços religiosos. Já os hindus, estimu- lavam, principalmente, as pessoas com deficiência visual a ingressarem nas funções religiosas por se- rem consideradas portadoras de uma sensibilidade interior mais aguçada (HONORA; FRIZANCO, 2008). Nas civilizações da Grécia Antiga, as crianças com alguma indicação física de deficiência ou com al- guma doença, geralmente, eram exterminadas. Isso acontecia, pois o ideal de adulto era aquele forte e saudável, para atuação militar, para a boa prática das ciências, e para o êxito nos jogos. Em Atenas, o pai da criança tinha a responsabilidade de decidir sobre a sua situação. Segundo Honora e Frizanco (2008), algumas famílias atenienses pro- tegiam as crianças com algum tipo de doença ou deficiência, concedendo-lhes a possibilidade de ter uma atividade produtiva quando possível, ou susten- tando-os quando não tinham condições de exercer alguma atividade. Já em Esparta, os bebês eram submetidos a uma inspeção do Estado logo ao nascerem para a veri- ficação de suas condições físicas e de saúde. Caso fosse constatado algo considerado anormal, eles eram lançados do Taigeto, um abismo com mais de dois mil metros de altura. Isso acontecia, pois crian- ças que nasciam com alguma diferença física ou mental eram consideradas subumanas. (HONORA; FRIZANCO, 2008; SILVA, 2010). Na Roma Antiga, também ficava sob responsabili- dade do pai decidir qual a conduta adequada para a pessoa com deficiência ou para os bebês do sexo feminino, se assistencial ou de readaptação a uma 7 atividade produtiva. Entretanto, caso o pai conside- rasse que o bebê não seria um motivo de orgulho no futuro, a criança era abandonada para que morresse (SILVA, 2010). Na Idade Média, era prática comum que as pessoas com deficiência fossem acolhidas em instituições, como conventos e igrejas, por serem vistas com um olhar de piedade e sendo assim alvos de caridade. Esse tipo de pensamento é estabelecido a partir da ascensão da doutrina cristã, sendo condenada a prática de matar as crianças que não eram deseja- das pelos pais. Data de 1260 a criação do primeiro hospital para pessoas com deficiência visual em Paris, o qual atendia, principalmente, soldados que ficavam cegos durante a Sétima Cruzada (SILVA, 2010). Segundo Mazzotta (2005), o pensamento religio- so cristão, por colocar o homem como ideal de ser perfeito, sendo imagem e semelhança de Deus, co- laborava para que as pessoas com deficiências ou imperfeições fossem colocadas à margem da con- dição humana. Além disso, eram responsabilizadas e culpadas pela sua deficiência, sendo fadadas à exclusão social. No momento de eclosão da Revolução Francesa, no final da Idade Moderna e das ideias de capitalismo mercantil e de divisão social do trabalho, novamente vem à tona a ideia de inserção das pessoas com deficiência nos sistemas de produção. Isso também se dá por conta do reconhecimento dos soldados feridos ou mutilados nas batalhas travadas durante a Revolução. 8 É nesse momento que as pesquisas científicas exercem esforços a desenvolver meios de trabalho e locomoção para essas pessoas, comoa cadeira de rodas, veículos adaptados, bengalas, entre outros (HONORA; FRIZANCO, 2008; GUGEL, 2010). No século 20, o estudo científico se aprofunda e diversos congressos e eventos são realizados para a discussão acerca da pessoa com deficiência. Com a Revolução Industrial, muitos acidentes de trabalho aconteciam, assim muitas pessoas tiveram algu- ma deficiência. Além disso, com as duas Guerras Mundiais houve um incremento nos estudos e nos aperfeiçoamentos das técnicas e tecnologias as- sistivas às pessoas com deficiência. O partido nazista, da Alemanha, utilizou-se de “pro- pagandas” de cunho eugênico em relação à pes- soa com deficiência, antes do começo da Segunda Guerra Mundial. Após o início da Segunda Guerra Mundial, Adolf Hitler assina um documento que instaurou o programa de Eutanásia na Alemanha nazista para eliminação de idosos, pessoas com deficiência física, doentes incuráveis, entre outras condições (DICHER; TREVISAM, 2014). Após o término da Segunda Guerra Mundial, a luta dos diferentes movimentos sociais em defesa dos direitos das minorias e fortalecimento da integra- ção da pessoa com deficiência na sociedade se fortaleceram. Essa luta teve grande influência da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Assim, cresce o movimento contrário à exclusão da pessoa com de- ficiência, principalmente do sistema educacional e do mercado de trabalho, em defesa dos direitos 9 básicos dessas pessoas (HONORA; FRIZANCO, 2008; GUGEL, 2010). A Lei Brasileira da Inclusão da Pessoa com Deficiência (BRASIL, 2015), conhecida como o Estatuto da Pessoa com Deficiência, traz um con- ceito de deficiência inspirado no modelo social de entendimento dessa condição. Esse conceito foi destacado no Relatório Mundial sobre a Deficiência, em 2011, pela Organização Mundial da Saúde. No relatório, afirma-se que a questão da deficiência é dinâmica, multidimensional, complexa e questio- nada. Indica que a deficiência resulta da interação das pessoas com deficiência com as barreiras am- bientais e comportamentais, impedindo sua plena participação na sociedade. Também afirma que “definir a deficiência como uma interação significa que a ‘deficiência’ não é atributo da pessoa. O progresso na melhoria da participação social pode ser realizado lidando com as barreiras que afetam pessoas com deficiência […]” (OMS, 2011, p. 4). Nesse sentido, a lei da inclusão considera pessoa com deficiência aquela que: [...] tem impedimento de longo prazo de na- tureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais bar- reiras, pode obstruir sua participação ple- na e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (BRASIL, 2015, Art. 2º) 10 Como barreiras, o Estatuto da Pessoa com Deficiência destaca: ● Urbanística: existentes nas vias e espaços públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo, como falta de rampas, falta de piso tátil nas calçadas, entre outras; ● Arquitetônica: existente nos edifícios públicos ou priva- dos, como falta de elevadores e adaptações no banheiro, entre outras; ● Nos transportes: barreiras como inexistência de ram- pa de elevação, sem cadeiras reservadas à pessoa com deficiência; ● Nas comunicações e na informação: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensa- gens e de informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação; ● Atitudinais: atitudes ou comportamentos que impe- çam ou prejudiquem a participação social da pessoa com deficiência em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas, como preconceitos ou atitudes de discriminação; ● Tecnológicas: as que dificultam ou impedem o acesso da pessoa com deficiência às tecnologias. Estudante, observe que o conceito de deficiência e as concepções em relação à pessoa com deficiên- cia foram se transformando durante a história da humanidade. Essas transformações dependem dos interesses e visões acerca da pessoa com deficiên- cia e da sua presença na sociedade. 11 Nesse sentido, a história da pessoa com deficiência é marcada pelas lutas sociais, das próprias pessoas e das organizações de familiares ou responsáveis pela educação dessas pessoas contra discrimina- ções e preconceitos. Por muitos séculos, a pessoa com deficiência não foi considerada como sujeito de direitos, entretanto, com as transformações da sociedade e dos modos de organização, essa visão foi se transformando e a pessoa com deficiência teve avanços na garantia de seus direitos. Apesar de toda essa luta, esses direitos ainda não estão estabelecidos e, continuamente, são questio- nados e postos à prova tanto por administradores públicos, quanto pelo mercado econômico. O mesmo também acontece na garantia de educação dessas pessoas. Você conhecerá sobre a luta por educação no próximo tópico. 12 O HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO MUNDO E NO BRASIL Como você viu no tópico anterior, foi a partir de me- ados da Idade Média que a prática de extermínio das pessoas com deficiência deixou de ser aceita socialmente e os primeiros serviços de cuidados em relação à saúde foram oferecidos a essas pessoas. Mas foi só na Idade Moderna, mais precisamente no século 16, que a Educação Especial teve seu início. Esse século é um marco na história da humanidade, pois foi um século de grandes transformações mar- cadas pelo humanismo, principalmente na ciência (MENDES, 2006). Segundo Silva (2010), Pedro Ponce de Léon (1520- 1584), monge espanhol beneditino, pode ser con- siderado um dos precursores da educação voltada especificamente para pessoas com deficiência. É reconhecido como o primeiro educador de pessoas com deficiência auditiva da história, dedicando a maior parte da sua vida à educação dos filhos de nobres. Inspirado pelo médico e matemático Gerolamo Cardomo (1501-1576), o qual inventou um código para ensinar pessoas com surdez a ler e escrever, e contrariando o pensamento social vigente na época, Léon desenvolveu um método de educação para pessoas com deficiência auditiva por meio de sinais. 13 Figura 3: Escultura de Pedro Ponce de Léon - Jardines de Buen Retiro em Madri, Espanha. Fonte: Ampid. Nos séculos seguintes, intensificam-se os estudos científicos sobre a questão das deficiências, e novos métodos educacionais para pessoas com deficiên- cia começam a surgir, principalmente pessoas com deficiência auditiva. Em 1620, Juan Pablo Bonet (1579-1623) publica o primeiro livro sobre educação de pessoas com surdez, na Espanha. Com o título Reduction de las letras y arte para ensenar a hablar los mudos, o livro apresenta o primeiro alfabeto na língua de sinais. 14 http://www.ampid.org.br/ampid/Artigos/PD_Historia.php Figura 4: Imagem de Juan Pablo Bonet e imagem do primeiro alfa- beto em língua de sinais. Fonte: Ampid. Dois importantes pensadores e cientistas, ambos ingleses, revolucionaram o pensamento sobre a deficiência intelectual: Thomas Willis (1621-1675), médico e anatomista, publicou Cerebri Anatome, em 1664; e John Locke (1632-1704), filósofo, pu- blicou An essay concerning human understanding, em 1690. As obras desses dois pensadores podem ser con- sideradas as precursoras da teoria organicista, a qual defende que a deficiência decorre de fatores orgânicos, como modificações estruturais no cére- bro (SILVA, 2010). Assim, o pensamento científico começa a desestruturar o pensamento de senso comum em relação à questão da deficiência. Os estudos de Locke também influenciaram o pen- samento pedagógico, segundo Pessotti (1984). O filósofo enfatizou que o ensino das pessoas com 15 http://www.ampid.org.br/ampid/Artigos/PD_Historia.php deficiência deveria ser baseado na experiência sen- sorial e no uso de objetos concretos para aquisição do conhecimento. Além disso, destacou que o pro- cesso de aprendizagem deve ser individualizado e que o desenvolvimentodos processos complexos de pensamento tem como condição as experiências do indivíduo. Em meados do século 18, em Paris, foram fundadas duas instituições importantes para a evolução da educação das pessoas com deficiência. O abade Charles Michael de L’Epée (1712-1789), a partir da convivência com pessoas com deficiência auditiva e da observação dos seus meios de co- municação, fundou a primeira escola pública para pessoas com surdez de Paris, em 1755, o Instituto para Jovens Surdos e Mudos de Paris. Foi impor- tante crítico do sistema de educação oralista, o qual predominava entre os especialistas na época (STROBEL, 2009). Já em 1784, foi criado o Instituto Real dos Jovens Cegos, por Valentin Haüy (1745-1822). Além de ter um caráter residencial, o Instituto focava também na educação das pessoas com deficiência visual. Segundo Mazzotta (2005), a principal técnica uti- lizada pelo fundador do Instituto no processo de ensino-aprendizagem era o uso de letras em relevo. Podcast 1 16 https://famonline.instructure.com/files/407266/download?download_frd=1 Um dos estudantes do Instituto, Louis Braille (1809- 1852), realizou então a adaptação de um código militar de comunicação noturna, criado em 1819 por um capitão do exército francês Charles Barbier (1764-1841). A partir da adaptação, surge o sistema de escrita padrão chamado Braille, utilizado até os dias atuais. O Braille se consiste em pontos em re- levo que, com diferentes organizações, representam as letras e vogais acentuadas, sinais de pontua- ção, números e símbolos matemáticos e químicos e também as notas musicais (SILVA, 2010). Figura 5: Código Braille criado em 1829 por Louis Braille. Fonte: Ampid. Jean Marc Gaspard Itard (1774-1838) é outro nome importante para a história da Educação Especial, 17 http://www.ampid.org.br/ampid/Artigos/PD_Historia.php como afirma Silva (2010). Itard era um médico fran- cês, foi responsável pela educação do menino, cha- mado pelo médico de Victor, encontrado, por volta de 1800, na floresta de Aveyron, sul da França. O médico foi o primeiro a empregar métodos sistemati- zados para o ensino de uma pessoa com deficiência intelectual. O aluno de Itard, médico e educador Edouard Seguin (1812-1880), levou as ideias de seu professor para os Estados Unidos, publicando o livro The moral treatment, hygiène and education of idiots and other backward children, em 1846. Essa obra foi conside- rada a primeira na área da educação especial com o foco nas necessidades das crianças com deficiência. Estudante, perceba que o século 19 teve importantes avanços na área da educação especial e da questão da deficiência. Segundo Gugel (2007, s./p.), esse século: [...] marcado na história das pessoas com deficiência. Finalmente se percebia que elas não só precisavam de hospitais e abrigos mas, também, de atenção especializada. É nesse período que se inicia a constituição de organizações para estudar os problemas de cada deficiência. Difundem-se então os orfanatos, os asilos e os lares para crianças com deficiência física. Grupos de pessoas organizam-se em torno da reabilitação dos feridos para o trabalho, principalmente nos Estados Unidos e Alemanha. 18 Isso também está diretamente relacionado com a necessidade de repensar e recolocar os soldados que adquiriram uma deficiência por conta das ba- talhas, na França. Instaurou-se, em 1884, uma lei que obrigava a reabilitação e readaptação dessas pessoas por considerarem que os ex-soldados ainda eram úteis para a sociedade. No século 20, os estudos já existentes e os recursos e métodos já criados foram sendo aperfeiçoados. Por conta das seguidas guerras, foram criadas dife- rentes instituições para atendimento e preparo das pessoas com deficiência na Europa. Isso continuou e se fortaleceu nas décadas seguintes, principalmente com as duas guerras mundiais. Já nos Estados Unidos, iniciaram-se discussões importantes acerca dos cuidados da criança com deficiência e empresas organizaram-se para oferecer turmas de trabalho protegido para essas pessoas (GUGEL, 2007). Foi após a Segunda Guerra Mundial, a partir da cria- ção da ONU e da Declaração dos Direitos Humanos, que as instituições voltadas ao atendimento e educação das pessoas com deficiência foram consolidadas. Podcast 2 Novos estudos e técnicas foram desenvolvidas a partir das necessidades das pessoas com deficiên- cia. As sucessivas guerras, com uso de diferentes 19 https://famonline.instructure.com/files/407270/download?download_frd=1 tipos de armas, como as químicas, e as consequ- ências dessas armas, foram um fator para que as pesquisas avançassem. Mas e no Brasil? A educação especial no país teve início no final do século 18 e no início do século 19, quando as ideias liberais tiveram entrada no país. Essa educação para criança com deficiência se inicia em instituições específicas, principalmente religiosas. Uma dessas instituições que exerceu um papel im- portante na educação das pessoas com deficiência foram as Santas Casas de Misericórdia. Estudante, perceba que a educação especial, em seu surgimen- to, estava relacionada à caridade e ao assistencialis- mo religioso. Não necessariamente a educação era vista como um direito da pessoa com deficiência. A Santa Casa de São Paulo inicia o acolhimento de crianças abandonadas em 1717. Silva (2010) afirma que, apesar de não existir registros oficiais sobre como aconteciam os atendimentos a essas crian- ças e nem quais eram suas condições de saúde, supõem-se que as crianças teriam algum tipo de deficiência. Nesse momento, era comum crianças que não nas- ciam dentro dos padrões considerados “normais” serem abandonadas nas ruas ou colocadas no Asilo dos Expostos. Esse mecanismo funcionava por meio de uma janela com uma roda giratória, onde a pes- 20 soa colocava o bebê, do lado de fora do prédio, em uma caixa, e a girava para o interior do prédio. Em meados do século 19, brasileiros inspirados pe- las ideias e estudos desenvolvidos na Europa e nos Estados Unidos, começam a oferecer serviços vol- tados para o atendimento de pessoas com deficiên- cias. Portanto, em 1854 foi criado pelo Imperado D. Pedro II por meio de decreto, o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, atualmente chamado de Instituto Bejamin Constant. Figura 6: Sede do Instituto Bejamin Constant, no Rio de Janeiro. Fonte: Museu Benjamin Constant. Já em 1857 criou-se, também por D. Pedro II por meio de lei, o Imperial Instituto de Surdos-Mudos, voltado para o atendimento das pessoas com sur- dez, com sede no Rio de Janeiro, atualmente cha- mado Instituto Nacional de Educação de Surdos (SILVA, 2010). 21 http://museubenjaminconstant.blogspot.com/2013/05/benjamin-constant-e-o-imperial.html Apesar dos esforços para realizar o atendimento educacional das crianças com deficiência, essa não era a prioridade do poder público na época, assim como a educação pública primária. Silva (2010, p. 25) destaca que: Em uma sociedade pouco urbanizada e pou- co aparelhada, cuja população era em sua maior parte iletrada, as pessoas com defici- ência realizavam a maior parte das tarefas assim como as demais pessoas sem gran- des problemas. Apenas crianças com defi- ciências mais severas chamavam a atenção e eram colocadas em instituições. Além disso, a prioridade da corte era o ensino supe- rior, o qual progrediu com o apoio. Jannuzzi (2004) destaca que essa valorização do ensino superior e a desvalorização do ensino primário e das pessoas com deficiência aconteciam porque a aristocracia rural necessitava de mão de obra compulsoriamen- te escrava para manter as grandes propriedades latifundiárias. Assim, durante o século 19, no Brasil, as iniciativas voltadas ao atendimento da pessoa com deficiência foram isoladas e escassas. Além disso, esses aten- dimentos e a educação da pessoa com deficiência foi voltada para a segregação das pessoas com de- ficiências mais severas. No final do século 19e início do século 20, com a proclamação da República, poucos estados brasi- leiros se preocuparam com o ensino primário e a educação de pessoas com deficiência, como São 22 Paulo, Rio de Janeiro e Amazonas (MAZZOTTA, 2005). Existiam também alguns serviços ligados à rede regular de ensino, como a Escola México no Rio de Janeiro, a qual fazia atendimento de pessoas com deficiência intelectual, física e visual, e a Unidade Educacional Euclides da Cunha, em Manaus, a qual realizava atendimento a pessoas com deficiência auditiva e intelectual. Após a década de 1920, houve o crescimento do surgimento das instituições voltadas ao atendimen- to e à educação de pessoas com deficiência. Esse é o período conhecido como institucionalização. Segundo Aranha (2005), esse período foi caracteriza- do pela segregação dessas pessoas em instituições ou escolas especiais distantes, afastando-as das suas comunidades e do convívio social. Na Constituição de 1934, a educação é salientada como um direito de todos, devendo ser gratuita e obrigatória, vinculando como responsabilidade da família e também do poder público. E, a partir do surgimento da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), a educação é defendida como um direito de todos, independente de sua condição. É nesse momento também que começam a surgir organizações da sociedade civil envolvidas com a questão da deficiência. Além disso, é observada a criação de escolas anexas aos hospitais e ao ensino regular por meio de ações governamentais. Também continuam a surgir instituições filantrópicas para o atendimento das pessoas com deficiência. A partir de 1950, institutos pedagógicos e centros de reabilitação, principalmente particulares, começa- ram a surgir. E no final da década de 1960, em meio 23 a um discurso de valorização da educação e com intenção de investimento para formação de capital humano com o objetivo de aumentar a produtivida- de econômica, a Educação Especial é firmada nos discursos oficiais (JANNUZZI, 2004). Estudante, é nesse momento que surge a maioria das instituições que exerce um papel importante na prestação de serviço em educação especial, e algumas existem até hoje, como o Instituto de Cegos Padre Chico, a Fundação Dorina Nowil para Cegos, a Associação de Assistência à Criança Deficiente e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais. O surgimento de instituições para atendimento es- pecífico de pessoas com deficiência intelectual tem um grande aumento entre 1960 e 1970. Ainda existia uma concepção médica e psicológica influenciando o pensamento pedagógico nessa área, mas, muitas vezes, pelo viés negativo, ou seja, depreciativo dessas pessoas, como os testes psicológicos, que eram considerados necessários para se poder con- tituir classes mais homogêneas com o ituito de fa- cilitar o processo de ensino-aprendizagem (SILVA, 2010). Mazzotta (2005) afirma que o marco inicial das ações oficializadas na área da educação especial, ou seja, na política de educação para pessoas com defi- ciência, foi a partir da aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961. Nessa lei fica explícito o papel do sistema público de atender esse público no sistema geral de educação, mas também com parceria com as instituições privadas. Com o avanço de pesquisas científicas sobre o de- senvolvimento humano, mais especificamente na 24 área de educação sobre as deficiências, além de ra- zões políticas, legais, econômicas, lógicas e morais, a segregação e a marginalização das pessoas com deficiência sofreram duras críticas. Dessa forma, em 1970, surge a filosofia da normalização e da inte- gração e a aceitação de matrícula de crianças com deficiência em classes comuns ou classes especiais na escola regular. Nas décadas seguintes foram criadas diversas le- gislações para garantir a matrícula compulsória no ensino regular, tanto nas salas especiais quanto nas salas comuns. Assim, diferentes serviços da Educação Especial são oferecidos no momento de integração, desde serviços mais segregados, prin- cipalmente para pessoas com deficiências mais se- veras, como uma instituição residencial, passando por escolas e classes especiais, até ambiente não segregados, como as salas de recurso e as classes comuns (SILVA, 2010). Diversas críticas foram realizadas acerca da integra- ção escolar. Além de não garantir o fim da segrega- ção do indivíduo com deficiência, esse movimento, segundo Silva (2010, p. 81), na prática: […] apenas garantiu a presença desse aluno nas escolas regulares, e não necessariamen- te nas classes comuns. Além disso, embora teoricamente a integração escolar previsse a passagem do aluno de um serviço mais segregado para outro mais integrador, na prática, essa transição dependia apenas do progresso alcançado pelo aluno e raramente ocorria. 25 Assim, percebe-se que na integração é preconizado que o indivíduo precisa se adaptar ao ambiente e ao sistema escolar. Ou seja, o “problema” está centrado no sujeito, não existindo nenhum tipo de adaptação curricular, estrutural ou de práticas pedagógicas. Dessa forma, segundo Silva (2010, p. 98), “[…] ca- bia ao aluno desenvolver formas para socializar-se com os demais colegas, compreender os conteúdos transmitidos pelo professor, conseguir cumprir as atividades propostas e também apresentar compor- tamento adequados.” A Educação Especial, além de ser uma área de co- nhecimento, é também uma modalidade de ensino que busca desenvolver práticas e estratégias pe- dagógicas à pessoa com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. Por ser uma modalidade de ensi- no, ela perpassa por todos os níveis de educação, devendo ser oferecida preferencialmente na rede regular (BRASIL, 1996). Assim, você conhecerá, no próximo tópico, qual o papel da Educação Especial no Brasil na perspectiva da Educação Inclusiva. 26 O PAPEL DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Para abordar o papel da Educação Especial na pers- pectiva da Educação Inclusiva, se faz necessário es- pecificar o histórico do papel da Educação Especial na legislação brasileira. Como você viu no tópico anterior, diversas legisla- ções e políticas públicas acerca da educação sur- giram no Brasil a partir da década de 1980, princi- palmente com a Constituição de 1988. Na área da educação, um marco de transição das políticas educacionais é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (LDBEN). Nela a Educação Especial é contemplada com um capí- tulo específico. Ferreira (2006, p. 91) afirma que, a partir da aprovação da LDBEN “[...] vivia-se um claro momento de transição na área de educação especial, com novos papeis indicados para os ser- viços da área, porém, de todo modo, com a presença ampliada dos alunos com necessidades especiais nos diferentes espaços escolares”. É na LDBEN que a Educação Especial é caracterizada como uma modalidade de educação, a qual deve ser, preferencialmente, oferecida na rede regular. Esta deve ter início na educação infantil e perdurar ao longo da vida escolar da pessoa com deficiência. Nesse sentido, deve ser assegurado pelos siste- 27 mas de ensino às pessoas com deficiência (BRASIL, 1996): I) currículos, métodos, técnicas, recursos educati- vos e organização específicos, para atender as suas necessidades; II) terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiên- cias, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III) professores com especialização adequada em nível médio ou superior para atendimento espe- cializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV) educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que nãorevelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma ha- bilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V) acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. Estudante, aqui destaca-se a necessidade de for- mação e especialização do professor de sala de re- gular e também para o atendimento especializado. 28 Nesse sentido, diversos serviços de apoio devem ser oferecidos às pessoas com deficiência e com superdotação. Nesse sentido, em 2008, foi elaborado pelo Ministério da Educação no Brasil um documento que reafirma a definição de Educação Inclusiva e aprimora a visão da Educação Especial enquanto modalidade de edu- cação. O documento, denominado Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, é formado pelos marcos históricos e nor- mativos da Educação Especial, diagnóstico dessa modalidade até o momento, o público atendido e as diretrizes da política nacional. SAIBA MAIS Para conhecer na íntegra o texto da Política Nacio- nal de Educação Especial na Perspectiva da Educa- ção Inclusiva, acesse o link: http://portal.mec.gov. br/index.php?option=com_docman&view=down- load&alias=16690-politica-nacional-de-edu- cacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-in- clusiva-05122014&Itemid=30192. Esse documento repensa a organização das escolas e as classes especiais e implica numa mudança de estrutura e de cultura escolar, visando o atendimento das especificidades de todos os estudantes. Nesse sentido, o atendimento educacional especializado tem como função: 29 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192 […] identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que elimi- nem as barreiras para a plena participação dos estudantes, considerando suas neces- sidades específicas. As atividades desenvol- vidas no atendimento educacional especia- lizado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substi- tutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos estudantes com vistas à autonomia e in- dependência na escola e fora dela. (BRASIL, 2008) Nesse sentido, a Educação Especial então deve ofe- recer diferentes serviços de complementação ou suplementação da educação regular, com o objetivo de incluir com mais eficiência as pessoas com de- ficiência na escola regular. Nesse sentido, diversas orientações a nível federal foram realizadas a partir de documentos específicos para a transformação dos sistemas escolares e de outros níveis de ensino. A não segregação da pessoa com deficiência garante os laços sociais que a possibilitam conviver com pessoas com diferentes níveis de desenvolvimento e que oferecem à pessoa com deficiência a possibi- lidade de viver distintas experiências e, assim, com elas aprender (CARVALHO, 2016) 30 Por fim, no capítulo IV da lei federal n. 13.146 de 2015, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, mais conhecida como o Estatuto da Pessoa com Deficiência, reafirma- -se a importância do Atendimento Educacional Especializado (AEE) enquanto política pública para a garantia do acesso e permanência com qualidade à educação da pessoa com deficiência. SAIBA MAIS Para conhecer o texto na íntegra da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, acesse o link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2015/lei/l13146.htm. Estudante, perceba que a Educação Especial, na perspectiva da Educação Inclusiva, deixa de ser substitutiva ao ensino regular e transforma-se em um conjunto de serviços de apoio por meio do AEE. Esses serviços têm como objetivo aperfeiçoar a in- clusão da pessoa com deficiência ou superdotação no processo escolar e garantir o pleno acesso ao currículo em condições de igualdade. Assim, se faz necessário que os serviços do AEE ultrapassem as portas da sala comum e tornem-se uma prática cotidiana. 31 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm CONSIDERAÇÕES FINAIS Estudante, você chegou ao final deste e-book. Aqui, você pôde conhecer sobre como se configura a modalidade de Educação Especial numa educação inclusiva, na qual a pessoa com deficiência está incluída nas salas de aula comuns. No tópico intitulado As transformações no conceito de deficiência na história da humanidade você co- nheceu o trajeto histórico da pessoa com deficiência e como o conceito de deficiência sofreu transforma- ções ao longo da história da humanidade. Nele, você pôde observar que a pessoa com defici- ência passou de excluído até incluso na sociedade, a partir das lutas sociais das pessoas que conviveram com uma pessoa com deficiência, e até mesmo das próprias pessoas com deficiência. Também foram abordados o conceito de deficiência no Estatuto da pessoa com deficiência e as barreiras que im- possibilitam a plena participação da pessoa com deficiência na sociedade. Após isso, no tópico O histórico da Educação Especial no mundo e no Brasil, foram abordados os principais marcos históricos sobre a educação das pessoas com deficiência, no Brasil e no mundo. Você pode conhecer alguns nomes importantes para o início da Educação Especial e como o processo de educação das pessoas com deficiência se deu no Brasil, passando pelos diversos períodos históricos. 32 Já o tópico O papel da Educação Especial na pers- pectiva da Educação Inclusiva abordou como a Educação Especial se configura como modalidade educativa no processo de inclusão da pessoa com deficiência na escola regular. Assim, você pôde co- nhecer os diversos documentos e legislações que instituem a Educação Especial como modalidade, e qual o seu papel na Educação Inclusiva. Nesse sentido, você pôde refletir sobre como a pes- soa com deficiência, historicamente, foi excluída do processo de ensino-aprendizagem e como foi construído o seu direito ao acesso e permanência na educação. 33 SÍNTESE • O Atendimento Educacional Especializado - AEE • O capítulo IV da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência – 2015 • A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva – 2008 • A Educação Especial na LDBEN – 1996. • Histórico da Educação Especial na legislação brasileira. O Papel da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva • A integração escolar • O histórico da Educação Especial no Brasil • Surgimento do código Braille – 1829. • Surgimento das primeiras instituições voltadas à educação de pessoas com deficiência em Paris – Século 18. • As transformações no pensamento educacional. • Os primeiros educadores de pessoas com deficiência. • Século 16 – marco na história da Educação Especial. O Histórico da Educação Especial no mundo e no Brasil • As barreiras da sociedade. • O conceito de deficiência na Lei Brasileira da Inclusão da Pessoa com Deficiência – 2015. • Século 20. • A IdadeModerna. • A Idade Média. • Idade Antiga. • A Pré-história. As transformações no conceito de deficiência na história da humanidade A EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Referências Bibliográficas & Consultadas AGUIAR, J. S. Educação inclusiva: jogos para o ensino de conceitos. Campinas, SP: Papirus, 2015. [Biblioteca Virtual] ALIAS, G. Desenvolvimento da aprendizagem na educação especial: princípios, fundamentos e pro- cedimentos na educação inclusiva. São Paulo, SP: Cengage, 2016. [Minha Biblioteca] ARANHA, M. S. F. Projeto Escola Viva: garantindo acesso e permanência de todos os alunos na es- cola. Brasília: MEC, 2005. v. 1 BARRETO, M. A. O. C.; BARRETO F. O. C. 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Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2015. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146. htm. Acesso em: 08 out. 2019. CARVALHO, A. M. F. de. Atuação profissional do agente de inclusão escolar: um estudo sobre os sen- tidos e significados constituídos por um deles. 2016. 128 f. Dissertação (Mestrado em Educação: Psicologia da Educação) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2016. DICHER, M.; TREVISAM, E. A jornada histórica da pessoa com deficiência: inclusão como exercício do direito à dignidade da pessoa humana. In CONGRESSO NACIONAL DO CONPEDI, 23, João Pessoa. Anais… João Pessoa, Universidade Federal da Paraíba, 2014. FERREIRA, J. R. Educação Especial, inclusão e polí- tica educacional: notas brasileiras. 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