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e-book3 educação inclusiva FAM

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EDUCAÇÃO 
INCLUSIVA
E-book 3
Rafaela Gama
Neste E-Book:
INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3
AS TRANSFORMAÇÕES NO 
CONCEITO DE DEFICIÊNCIA NA 
HISTÓRIA DA HUMANIDADE ������������������4
O HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO 
ESPECIAL NO MUNDO E NO BRASIL ��13
O PAPEL DA EDUCAÇÃO ESPECIAL 
NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO 
INCLUSIVA ��������������������������������������������������27
CONSIDERAÇÕES FINAIS ���������������������� 32
SÍNTESE �������������������������������������������������������34
2
INTRODUÇÃO
Aqui nesse módulo denominado A Educação 
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 
você poderá aprender sobre como a Educação 
Especial se organiza nos diferentes níveis educacio-
nais e qual o seu papel na educação de perspectiva 
inclusiva.
No tópico chamado As transformações no con-
ceito de deficiência na história da humanidade 
serão abordados os diferentes entendimentos sobre 
a questão da deficiência no decorrer da história da 
humanidade, principalmente na sociedade ocidental. 
Consequentemente, você conhecerá os diferentes 
tratamentos que as pessoas com deficiência tive-
ram até o século 21, e as transformações inerentes 
a esse processo tanto no Brasil quanto em outros 
países.
Concomitante às transformações de concepções 
sobre as pessoas com deficiência, existiu também 
transformações em relação às práticas educativa 
voltadas a essas pessoas. Nesse sentido, no tópico 
O histórico da Educação Especial no mundo e no 
Brasil você conhecerá como as práticas pedagógi-
cas da Educação Especial eram entendidas em cada 
momento histórico e quais as transformações que 
ocorreram em sua concepção.
Por fim, no último tópico, será abordado o papel 
da Educação Especial na perspectiva da Educação 
Inclusiva no Brasil a partir das legislações e docu-
mentos oficiais que versam sobre essa modalidade 
educativa.
Bons estudos!
3
AS TRANSFORMAÇÕES NO 
CONCEITO DE DEFICIÊNCIA 
NA HISTÓRIA DA 
HUMANIDADE
Você já parou para pensar em como a pessoa com 
deficiência é vista na sociedade? Será que o que se 
entende por deficiência no século 21 é o mesmo 
entendimento dos séculos passados? E qual é o 
entendimento sobre deficiência do século 21?
Certamente, o conceito de deficiência é histórico, so-
cial e cultural. Ele se transformou durante a história 
da humanidade e, consequentemente, as concep-
ções a respeito da pessoa com deficiência também 
se transformaram. Assim, neste tópico, você poderá 
conhecer essas transformações.
Considerando o momento histórico dos primeiros 
grupos humanos – a Pré-história – não existem 
indícios de como as pessoas com deficiência eram 
tratadas. Apesar disso, diferentes autores (HONORA; 
FRIZANCO, 2008; GUGEL, 2007) afirmam que, consi-
derando as maneiras de sobrevivência e as formas 
de sociedade que existiam, as pessoas com defi-
ciência não sobreviviam ao ambiente hostil da Terra:
[…] não havia abrigo satisfatório para dias 
e noites de frio intenso e calor insuportá-
vel; não havia comida em abundância, era 
preciso ir à caça para garantir o alimento 
4
diário e, ao mesmo tempo, guardá-lo para 
o longo inverno. [...] a sobrevivência de uma 
pessoa com deficiência nos grupos primi-
tivos de humanos era impossível porque o 
ambiente era muito desfavorável e porque 
essas pessoas representavam um fardo para 
o grupo. (GUGEL, 2007, s./p.)
Ou seja, a prioridade desses grupos era garantir a 
alimentação e a segurança das pessoas que faziam 
parte deles. Provavelmente, as crianças que nasciam 
com algum tipo de deficiência eram abandonadas ou 
até mesmo exterminadas por serem consideradas 
um empecilho para a sobrevivência do grupo.
Já na Idade Antiga, observa-se o início de mudança 
no tratamento destinado à pessoa com deficiên-
cia. A partir de registros e evidências arqueológicas, 
existiam dois tipos de tratamento a esse grupo de 
pessoas: o extermínio, assim como nas sociedades 
pré-históricas; e a proteção e o sustento das pes-
soas com deficiência.
Segundo Gugel (2007), no Egito Antigo, há mais de 
cinco mil anos, a pessoa com deficiência era inte-
grada à sociedade, inserida nas diferentes classes 
sociais existentes, como os nobres, os artesões e 
os escravos. Essas questões têm indícios na arte, 
nos túmulos, nos papiros e também nas múmias 
egípcias.
5
Figura 1: Papiro médico contendo procedimentos para curar do-
enças que acometiam os olhos - Museu Britânico. Fonte: Ampid.
Figura 2: Placa de calcário com representação de uma pessoa com 
deficiência física, provavelmente, fazendo uma oferenda - Museu Ny 
Carlsberg Glyptotek, Dinamarca. Fonte: Ampid.
Diferente dos egípcios, os hebreus entendiam que 
qualquer tipo de deficiência representava uma pu-
6
http://www.ampid.org.br/ampid/Artigos/PD_Historia.php
http://ampid.org.br/ampid/Artigos/PD_Historia.php
nição divina, sendo essas pessoas impedidas de ter 
acesso a serviços religiosos. Já os hindus, estimu-
lavam, principalmente, as pessoas com deficiência 
visual a ingressarem nas funções religiosas por se-
rem consideradas portadoras de uma sensibilidade 
interior mais aguçada (HONORA; FRIZANCO, 2008).
Nas civilizações da Grécia Antiga, as crianças com 
alguma indicação física de deficiência ou com al-
guma doença, geralmente, eram exterminadas. Isso 
acontecia, pois o ideal de adulto era aquele forte e 
saudável, para atuação militar, para a boa prática 
das ciências, e para o êxito nos jogos.
Em Atenas, o pai da criança tinha a responsabilidade 
de decidir sobre a sua situação. Segundo Honora e 
Frizanco (2008), algumas famílias atenienses pro-
tegiam as crianças com algum tipo de doença ou 
deficiência, concedendo-lhes a possibilidade de ter 
uma atividade produtiva quando possível, ou susten-
tando-os quando não tinham condições de exercer 
alguma atividade. 
Já em Esparta, os bebês eram submetidos a uma 
inspeção do Estado logo ao nascerem para a veri-
ficação de suas condições físicas e de saúde. Caso 
fosse constatado algo considerado anormal, eles 
eram lançados do Taigeto, um abismo com mais de 
dois mil metros de altura. Isso acontecia, pois crian-
ças que nasciam com alguma diferença física ou 
mental eram consideradas subumanas. (HONORA; 
FRIZANCO, 2008; SILVA, 2010).
Na Roma Antiga, também ficava sob responsabili-
dade do pai decidir qual a conduta adequada para 
a pessoa com deficiência ou para os bebês do sexo 
feminino, se assistencial ou de readaptação a uma 
7
atividade produtiva. Entretanto, caso o pai conside-
rasse que o bebê não seria um motivo de orgulho no 
futuro, a criança era abandonada para que morresse 
(SILVA, 2010).
Na Idade Média, era prática comum que as pessoas 
com deficiência fossem acolhidas em instituições, 
como conventos e igrejas, por serem vistas com um 
olhar de piedade e sendo assim alvos de caridade. 
Esse tipo de pensamento é estabelecido a partir da 
ascensão da doutrina cristã, sendo condenada a 
prática de matar as crianças que não eram deseja-
das pelos pais. Data de 1260 a criação do primeiro 
hospital para pessoas com deficiência visual em 
Paris, o qual atendia, principalmente, soldados que 
ficavam cegos durante a Sétima Cruzada (SILVA, 
2010).
Segundo Mazzotta (2005), o pensamento religio-
so cristão, por colocar o homem como ideal de ser 
perfeito, sendo imagem e semelhança de Deus, co-
laborava para que as pessoas com deficiências ou 
imperfeições fossem colocadas à margem da con-
dição humana. Além disso, eram responsabilizadas 
e culpadas pela sua deficiência, sendo fadadas à 
exclusão social.
No momento de eclosão da Revolução Francesa, no 
final da Idade Moderna e das ideias de capitalismo 
mercantil e de divisão social do trabalho, novamente 
vem à tona a ideia de inserção das pessoas com 
deficiência nos sistemas de produção. Isso também 
se dá por conta do reconhecimento dos soldados 
feridos ou mutilados nas batalhas travadas durante 
a Revolução.
8
É nesse momento que as pesquisas científicas 
exercem esforços a desenvolver meios de trabalho 
e locomoção para essas pessoas, comoa cadeira 
de rodas, veículos adaptados, bengalas, entre outros 
(HONORA; FRIZANCO, 2008; GUGEL, 2010).
No século 20, o estudo científico se aprofunda e 
diversos congressos e eventos são realizados para 
a discussão acerca da pessoa com deficiência. Com 
a Revolução Industrial, muitos acidentes de trabalho 
aconteciam, assim muitas pessoas tiveram algu-
ma deficiência. Além disso, com as duas Guerras 
Mundiais houve um incremento nos estudos e nos 
aperfeiçoamentos das técnicas e tecnologias as-
sistivas às pessoas com deficiência.
O partido nazista, da Alemanha, utilizou-se de “pro-
pagandas” de cunho eugênico em relação à pes-
soa com deficiência, antes do começo da Segunda 
Guerra Mundial. Após o início da Segunda Guerra 
Mundial, Adolf Hitler assina um documento que 
instaurou o programa de Eutanásia na Alemanha 
nazista para eliminação de idosos, pessoas com 
deficiência física, doentes incuráveis, entre outras 
condições (DICHER; TREVISAM, 2014).
Após o término da Segunda Guerra Mundial, a luta 
dos diferentes movimentos sociais em defesa dos 
direitos das minorias e fortalecimento da integra-
ção da pessoa com deficiência na sociedade se 
fortaleceram.
Essa luta teve grande influência da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos. Assim, cresce o 
movimento contrário à exclusão da pessoa com de-
ficiência, principalmente do sistema educacional 
e do mercado de trabalho, em defesa dos direitos 
9
básicos dessas pessoas (HONORA; FRIZANCO, 2008; 
GUGEL, 2010). 
A Lei Brasileira da Inclusão da Pessoa com 
Deficiência (BRASIL, 2015), conhecida como o 
Estatuto da Pessoa com Deficiência, traz um con-
ceito de deficiência inspirado no modelo social de 
entendimento dessa condição. Esse conceito foi 
destacado no Relatório Mundial sobre a Deficiência, 
em 2011, pela Organização Mundial da Saúde.
No relatório, afirma-se que a questão da deficiência 
é dinâmica, multidimensional, complexa e questio-
nada. Indica que a deficiência resulta da interação 
das pessoas com deficiência com as barreiras am-
bientais e comportamentais, impedindo sua plena 
participação na sociedade. 
Também afirma que “definir a deficiência como uma 
interação significa que a ‘deficiência’ não é atributo 
da pessoa. O progresso na melhoria da participação 
social pode ser realizado lidando com as barreiras 
que afetam pessoas com deficiência […]” (OMS, 2011, 
p. 4).
Nesse sentido, a lei da inclusão considera pessoa 
com deficiência aquela que:
[...] tem impedimento de longo prazo de na-
tureza física, mental, intelectual ou sensorial, 
o qual, em interação com uma ou mais bar-
reiras, pode obstruir sua participação ple-
na e efetiva na sociedade em igualdade de 
condições com as demais pessoas. (BRASIL, 
2015, Art. 2º)
10
Como barreiras, o Estatuto da Pessoa com 
Deficiência destaca:
 ● Urbanística: existentes nas vias e espaços públicos e 
privados abertos ao público ou de uso coletivo, como 
falta de rampas, falta de piso tátil nas calçadas, entre 
outras;
 ● Arquitetônica: existente nos edifícios públicos ou priva-
dos, como falta de elevadores e adaptações no banheiro, 
entre outras;
 ● Nos transportes: barreiras como inexistência de ram-
pa de elevação, sem cadeiras reservadas à pessoa com 
deficiência;
 ● Nas comunicações e na informação: qualquer entrave, 
obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou 
impossibilite a expressão ou o recebimento de mensa-
gens e de informações por intermédio de sistemas de 
comunicação e de tecnologia da informação;
 ● Atitudinais: atitudes ou comportamentos que impe-
çam ou prejudiquem a participação social da pessoa com 
deficiência em igualdade de condições e oportunidades 
com as demais pessoas, como preconceitos ou atitudes 
de discriminação;
 ● Tecnológicas: as que dificultam ou impedem o acesso 
da pessoa com deficiência às tecnologias.
Estudante, observe que o conceito de deficiência e 
as concepções em relação à pessoa com deficiên-
cia foram se transformando durante a história da 
humanidade. Essas transformações dependem dos 
interesses e visões acerca da pessoa com deficiên-
cia e da sua presença na sociedade.
11
Nesse sentido, a história da pessoa com deficiência 
é marcada pelas lutas sociais, das próprias pessoas 
e das organizações de familiares ou responsáveis 
pela educação dessas pessoas contra discrimina-
ções e preconceitos. 
Por muitos séculos, a pessoa com deficiência não 
foi considerada como sujeito de direitos, entretanto, 
com as transformações da sociedade e dos modos 
de organização, essa visão foi se transformando e 
a pessoa com deficiência teve avanços na garantia 
de seus direitos. 
Apesar de toda essa luta, esses direitos ainda não 
estão estabelecidos e, continuamente, são questio-
nados e postos à prova tanto por administradores 
públicos, quanto pelo mercado econômico. O mesmo 
também acontece na garantia de educação dessas 
pessoas. Você conhecerá sobre a luta por educação 
no próximo tópico.
12
O HISTÓRICO DA 
EDUCAÇÃO ESPECIAL NO 
MUNDO E NO BRASIL
Como você viu no tópico anterior, foi a partir de me-
ados da Idade Média que a prática de extermínio 
das pessoas com deficiência deixou de ser aceita 
socialmente e os primeiros serviços de cuidados em 
relação à saúde foram oferecidos a essas pessoas. 
Mas foi só na Idade Moderna, mais precisamente no 
século 16, que a Educação Especial teve seu início. 
Esse século é um marco na história da humanidade, 
pois foi um século de grandes transformações mar-
cadas pelo humanismo, principalmente na ciência 
(MENDES, 2006).
Segundo Silva (2010), Pedro Ponce de Léon (1520-
1584), monge espanhol beneditino, pode ser con-
siderado um dos precursores da educação voltada 
especificamente para pessoas com deficiência. É 
reconhecido como o primeiro educador de pessoas 
com deficiência auditiva da história, dedicando a 
maior parte da sua vida à educação dos filhos de 
nobres.
Inspirado pelo médico e matemático Gerolamo 
Cardomo (1501-1576), o qual inventou um código 
para ensinar pessoas com surdez a ler e escrever, e 
contrariando o pensamento social vigente na época, 
Léon desenvolveu um método de educação para 
pessoas com deficiência auditiva por meio de sinais. 
13
Figura 3: Escultura de Pedro Ponce de Léon - Jardines de Buen 
Retiro em Madri, Espanha. Fonte: Ampid.
Nos séculos seguintes, intensificam-se os estudos 
científicos sobre a questão das deficiências, e novos 
métodos educacionais para pessoas com deficiên-
cia começam a surgir, principalmente pessoas com 
deficiência auditiva.
Em 1620, Juan Pablo Bonet (1579-1623) publica 
o primeiro livro sobre educação de pessoas com 
surdez, na Espanha. Com o título Reduction de las 
letras y arte para ensenar a hablar los mudos, o livro 
apresenta o primeiro alfabeto na língua de sinais.
14
http://www.ampid.org.br/ampid/Artigos/PD_Historia.php
Figura 4: Imagem de Juan Pablo Bonet e imagem do primeiro alfa-
beto em língua de sinais. Fonte: Ampid.
Dois importantes pensadores e cientistas, ambos 
ingleses, revolucionaram o pensamento sobre a 
deficiência intelectual: Thomas Willis (1621-1675), 
médico e anatomista, publicou Cerebri Anatome, 
em 1664; e John Locke (1632-1704), filósofo, pu-
blicou An essay concerning human understanding, 
em 1690. 
As obras desses dois pensadores podem ser con-
sideradas as precursoras da teoria organicista, a 
qual defende que a deficiência decorre de fatores 
orgânicos, como modificações estruturais no cére-
bro (SILVA, 2010). Assim, o pensamento científico 
começa a desestruturar o pensamento de senso 
comum em relação à questão da deficiência. 
Os estudos de Locke também influenciaram o pen-
samento pedagógico, segundo Pessotti (1984). O 
filósofo enfatizou que o ensino das pessoas com 
15
http://www.ampid.org.br/ampid/Artigos/PD_Historia.php
deficiência deveria ser baseado na experiência sen-
sorial e no uso de objetos concretos para aquisição 
do conhecimento. Além disso, destacou que o pro-
cesso de aprendizagem deve ser individualizado e 
que o desenvolvimentodos processos complexos 
de pensamento tem como condição as experiências 
do indivíduo.
Em meados do século 18, em Paris, foram fundadas 
duas instituições importantes para a evolução da 
educação das pessoas com deficiência.
O abade Charles Michael de L’Epée (1712-1789), a 
partir da convivência com pessoas com deficiência 
auditiva e da observação dos seus meios de co-
municação, fundou a primeira escola pública para 
pessoas com surdez de Paris, em 1755, o Instituto 
para Jovens Surdos e Mudos de Paris. Foi impor-
tante crítico do sistema de educação oralista, o 
qual predominava entre os especialistas na época 
(STROBEL, 2009).
Já em 1784, foi criado o Instituto Real dos Jovens 
Cegos, por Valentin Haüy (1745-1822). Além de ter 
um caráter residencial, o Instituto focava também 
na educação das pessoas com deficiência visual. 
Segundo Mazzotta (2005), a principal técnica uti-
lizada pelo fundador do Instituto no processo de 
ensino-aprendizagem era o uso de letras em relevo.
Podcast 1 
16
https://famonline.instructure.com/files/407266/download?download_frd=1
Um dos estudantes do Instituto, Louis Braille (1809-
1852), realizou então a adaptação de um código 
militar de comunicação noturna, criado em 1819 
por um capitão do exército francês Charles Barbier 
(1764-1841). A partir da adaptação, surge o sistema 
de escrita padrão chamado Braille, utilizado até os 
dias atuais. O Braille se consiste em pontos em re-
levo que, com diferentes organizações, representam 
as letras e vogais acentuadas, sinais de pontua-
ção, números e símbolos matemáticos e químicos 
e também as notas musicais (SILVA, 2010).
Figura 5: Código Braille criado em 1829 por Louis Braille. Fonte: 
Ampid.
 Jean Marc Gaspard Itard (1774-1838) é outro nome 
importante para a história da Educação Especial, 
17
http://www.ampid.org.br/ampid/Artigos/PD_Historia.php
como afirma Silva (2010). Itard era um médico fran-
cês, foi responsável pela educação do menino, cha-
mado pelo médico de Victor, encontrado, por volta 
de 1800, na floresta de Aveyron, sul da França. O 
médico foi o primeiro a empregar métodos sistemati-
zados para o ensino de uma pessoa com deficiência 
intelectual.
O aluno de Itard, médico e educador Edouard Seguin 
(1812-1880), levou as ideias de seu professor para 
os Estados Unidos, publicando o livro The moral 
treatment, hygiène and education of idiots and other 
backward children, em 1846. Essa obra foi conside-
rada a primeira na área da educação especial com o 
foco nas necessidades das crianças com deficiência.
Estudante, perceba que o século 19 teve importantes 
avanços na área da educação especial e da questão 
da deficiência. Segundo Gugel (2007, s./p.), esse 
século:
[...] marcado na história das pessoas com 
deficiência. Finalmente se percebia que elas 
não só precisavam de hospitais e abrigos 
mas, também, de atenção especializada. É 
nesse período que se inicia a constituição 
de organizações para estudar os problemas 
de cada deficiência. Difundem-se então os 
orfanatos, os asilos e os lares para crianças 
com deficiência física. Grupos de pessoas 
organizam-se em torno da reabilitação dos 
feridos para o trabalho, principalmente nos 
Estados Unidos e Alemanha. 
18
Isso também está diretamente relacionado com a 
necessidade de repensar e recolocar os soldados 
que adquiriram uma deficiência por conta das ba-
talhas, na França. Instaurou-se, em 1884, uma lei 
que obrigava a reabilitação e readaptação dessas 
pessoas por considerarem que os ex-soldados ainda 
eram úteis para a sociedade.
No século 20, os estudos já existentes e os recursos 
e métodos já criados foram sendo aperfeiçoados. 
Por conta das seguidas guerras, foram criadas dife-
rentes instituições para atendimento e preparo das 
pessoas com deficiência na Europa. Isso continuou e 
se fortaleceu nas décadas seguintes, principalmente 
com as duas guerras mundiais. 
Já nos Estados Unidos, iniciaram-se discussões 
importantes acerca dos cuidados da criança com 
deficiência e empresas organizaram-se para oferecer 
turmas de trabalho protegido para essas pessoas 
(GUGEL, 2007).
Foi após a Segunda Guerra Mundial, a partir da cria-
ção da ONU e da Declaração dos Direitos Humanos, 
que as instituições voltadas ao atendimento e 
educação das pessoas com deficiência foram 
consolidadas. 
Podcast 2 
Novos estudos e técnicas foram desenvolvidas a 
partir das necessidades das pessoas com deficiên-
cia. As sucessivas guerras, com uso de diferentes 
19
https://famonline.instructure.com/files/407270/download?download_frd=1
tipos de armas, como as químicas, e as consequ-
ências dessas armas, foram um fator para que as 
pesquisas avançassem.
Mas e no Brasil?
A educação especial no país teve início no final do 
século 18 e no início do século 19, quando as ideias 
liberais tiveram entrada no país. Essa educação para 
criança com deficiência se inicia em instituições 
específicas, principalmente religiosas.
Uma dessas instituições que exerceu um papel im-
portante na educação das pessoas com deficiência 
foram as Santas Casas de Misericórdia. Estudante, 
perceba que a educação especial, em seu surgimen-
to, estava relacionada à caridade e ao assistencialis-
mo religioso. Não necessariamente a educação era 
vista como um direito da pessoa com deficiência.
A Santa Casa de São Paulo inicia o acolhimento de 
crianças abandonadas em 1717. Silva (2010) afirma 
que, apesar de não existir registros oficiais sobre 
como aconteciam os atendimentos a essas crian-
ças e nem quais eram suas condições de saúde, 
supõem-se que as crianças teriam algum tipo de 
deficiência.
Nesse momento, era comum crianças que não nas-
ciam dentro dos padrões considerados “normais” 
serem abandonadas nas ruas ou colocadas no Asilo 
dos Expostos. Esse mecanismo funcionava por meio 
de uma janela com uma roda giratória, onde a pes-
20
soa colocava o bebê, do lado de fora do prédio, em 
uma caixa, e a girava para o interior do prédio. 
Em meados do século 19, brasileiros inspirados pe-
las ideias e estudos desenvolvidos na Europa e nos 
Estados Unidos, começam a oferecer serviços vol-
tados para o atendimento de pessoas com deficiên-
cias. Portanto, em 1854 foi criado pelo Imperado D. 
Pedro II por meio de decreto, o Imperial Instituto dos 
Meninos Cegos, atualmente chamado de Instituto 
Bejamin Constant.
Figura 6: Sede do Instituto Bejamin Constant, no Rio de Janeiro. 
Fonte: Museu Benjamin Constant.
Já em 1857 criou-se, também por D. Pedro II por 
meio de lei, o Imperial Instituto de Surdos-Mudos, 
voltado para o atendimento das pessoas com sur-
dez, com sede no Rio de Janeiro, atualmente cha-
mado Instituto Nacional de Educação de Surdos 
(SILVA, 2010).
21
http://museubenjaminconstant.blogspot.com/2013/05/benjamin-constant-e-o-imperial.html
Apesar dos esforços para realizar o atendimento 
educacional das crianças com deficiência, essa não 
era a prioridade do poder público na época, assim 
como a educação pública primária. Silva (2010, p. 
25) destaca que:
Em uma sociedade pouco urbanizada e pou-
co aparelhada, cuja população era em sua 
maior parte iletrada, as pessoas com defici-
ência realizavam a maior parte das tarefas 
assim como as demais pessoas sem gran-
des problemas. Apenas crianças com defi-
ciências mais severas chamavam a atenção 
e eram colocadas em instituições. 
Além disso, a prioridade da corte era o ensino supe-
rior, o qual progrediu com o apoio. Jannuzzi (2004) 
destaca que essa valorização do ensino superior e 
a desvalorização do ensino primário e das pessoas 
com deficiência aconteciam porque a aristocracia 
rural necessitava de mão de obra compulsoriamen-
te escrava para manter as grandes propriedades 
latifundiárias. 
Assim, durante o século 19, no Brasil, as iniciativas 
voltadas ao atendimento da pessoa com deficiência 
foram isoladas e escassas. Além disso, esses aten-
dimentos e a educação da pessoa com deficiência 
foi voltada para a segregação das pessoas com de-
ficiências mais severas.
No final do século 19e início do século 20, com a 
proclamação da República, poucos estados brasi-
leiros se preocuparam com o ensino primário e a 
educação de pessoas com deficiência, como São 
22
Paulo, Rio de Janeiro e Amazonas (MAZZOTTA, 
2005). Existiam também alguns serviços ligados à 
rede regular de ensino, como a Escola México no Rio 
de Janeiro, a qual fazia atendimento de pessoas com 
deficiência intelectual, física e visual, e a Unidade 
Educacional Euclides da Cunha, em Manaus, a qual 
realizava atendimento a pessoas com deficiência 
auditiva e intelectual.
Após a década de 1920, houve o crescimento do 
surgimento das instituições voltadas ao atendimen-
to e à educação de pessoas com deficiência. Esse 
é o período conhecido como institucionalização. 
Segundo Aranha (2005), esse período foi caracteriza-
do pela segregação dessas pessoas em instituições 
ou escolas especiais distantes, afastando-as das 
suas comunidades e do convívio social.
Na Constituição de 1934, a educação é salientada 
como um direito de todos, devendo ser gratuita e 
obrigatória, vinculando como responsabilidade da 
família e também do poder público. E, a partir do 
surgimento da Declaração Universal dos Direitos 
Humanos (1948), a educação é defendida como um 
direito de todos, independente de sua condição.
É nesse momento também que começam a surgir 
organizações da sociedade civil envolvidas com a 
questão da deficiência. Além disso, é observada a 
criação de escolas anexas aos hospitais e ao ensino 
regular por meio de ações governamentais. Também 
continuam a surgir instituições filantrópicas para o 
atendimento das pessoas com deficiência.
A partir de 1950, institutos pedagógicos e centros de 
reabilitação, principalmente particulares, começa-
ram a surgir. E no final da década de 1960, em meio 
23
a um discurso de valorização da educação e com 
intenção de investimento para formação de capital 
humano com o objetivo de aumentar a produtivida-
de econômica, a Educação Especial é firmada nos 
discursos oficiais (JANNUZZI, 2004).
Estudante, é nesse momento que surge a maioria 
das instituições que exerce um papel importante 
na prestação de serviço em educação especial, e 
algumas existem até hoje, como o Instituto de Cegos 
Padre Chico, a Fundação Dorina Nowil para Cegos, 
a Associação de Assistência à Criança Deficiente e 
a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais.
O surgimento de instituições para atendimento es-
pecífico de pessoas com deficiência intelectual tem 
um grande aumento entre 1960 e 1970. Ainda existia 
uma concepção médica e psicológica influenciando 
o pensamento pedagógico nessa área, mas, muitas 
vezes, pelo viés negativo, ou seja, depreciativo 
dessas pessoas, como os testes psicológicos, que 
eram considerados necessários para se poder con-
tituir classes mais homogêneas com o ituito de fa-
cilitar o processo de ensino-aprendizagem (SILVA, 
2010).
Mazzotta (2005) afirma que o marco inicial das 
ações oficializadas na área da educação especial, ou 
seja, na política de educação para pessoas com defi-
ciência, foi a partir da aprovação da Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação Nacional de 1961. Nessa lei 
fica explícito o papel do sistema público de atender 
esse público no sistema geral de educação, mas 
também com parceria com as instituições privadas.
Com o avanço de pesquisas científicas sobre o de-
senvolvimento humano, mais especificamente na 
24
área de educação sobre as deficiências, além de ra-
zões políticas, legais, econômicas, lógicas e morais, 
a segregação e a marginalização das pessoas com 
deficiência sofreram duras críticas. Dessa forma, em 
1970, surge a filosofia da normalização e da inte-
gração e a aceitação de matrícula de crianças com 
deficiência em classes comuns ou classes especiais 
na escola regular.
Nas décadas seguintes foram criadas diversas le-
gislações para garantir a matrícula compulsória no 
ensino regular, tanto nas salas especiais quanto 
nas salas comuns. Assim, diferentes serviços da 
Educação Especial são oferecidos no momento de 
integração, desde serviços mais segregados, prin-
cipalmente para pessoas com deficiências mais se-
veras, como uma instituição residencial, passando 
por escolas e classes especiais, até ambiente não 
segregados, como as salas de recurso e as classes 
comuns (SILVA, 2010).
Diversas críticas foram realizadas acerca da integra-
ção escolar. Além de não garantir o fim da segrega-
ção do indivíduo com deficiência, esse movimento, 
segundo Silva (2010, p. 81), na prática:
[…] apenas garantiu a presença desse aluno 
nas escolas regulares, e não necessariamen-
te nas classes comuns. Além disso, embora 
teoricamente a integração escolar previsse 
a passagem do aluno de um serviço mais 
segregado para outro mais integrador, na 
prática, essa transição dependia apenas do 
progresso alcançado pelo aluno e raramente 
ocorria.
25
Assim, percebe-se que na integração é preconizado 
que o indivíduo precisa se adaptar ao ambiente e ao 
sistema escolar. Ou seja, o “problema” está centrado 
no sujeito, não existindo nenhum tipo de adaptação 
curricular, estrutural ou de práticas pedagógicas. 
Dessa forma, segundo Silva (2010, p. 98), “[…] ca-
bia ao aluno desenvolver formas para socializar-se 
com os demais colegas, compreender os conteúdos 
transmitidos pelo professor, conseguir cumprir as 
atividades propostas e também apresentar compor-
tamento adequados.”
A Educação Especial, além de ser uma área de co-
nhecimento, é também uma modalidade de ensino 
que busca desenvolver práticas e estratégias pe-
dagógicas à pessoa com deficiência, transtornos 
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou 
superdotação. Por ser uma modalidade de ensi-
no, ela perpassa por todos os níveis de educação, 
devendo ser oferecida preferencialmente na rede 
regular (BRASIL, 1996).
Assim, você conhecerá, no próximo tópico, qual o 
papel da Educação Especial no Brasil na perspectiva 
da Educação Inclusiva.
26
O PAPEL DA EDUCAÇÃO 
ESPECIAL NA PERSPECTIVA 
DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Para abordar o papel da Educação Especial na pers-
pectiva da Educação Inclusiva, se faz necessário es-
pecificar o histórico do papel da Educação Especial 
na legislação brasileira.
Como você viu no tópico anterior, diversas legisla-
ções e políticas públicas acerca da educação sur-
giram no Brasil a partir da década de 1980, princi-
palmente com a Constituição de 1988. 
Na área da educação, um marco de transição das 
políticas educacionais é a Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional de 1996 (LDBEN). Nela a 
Educação Especial é contemplada com um capí-
tulo específico. Ferreira (2006, p. 91) afirma que, 
a partir da aprovação da LDBEN “[...] vivia-se um 
claro momento de transição na área de educação 
especial, com novos papeis indicados para os ser-
viços da área, porém, de todo modo, com a presença 
ampliada dos alunos com necessidades especiais 
nos diferentes espaços escolares”.
É na LDBEN que a Educação Especial é caracterizada 
como uma modalidade de educação, a qual deve ser, 
preferencialmente, oferecida na rede regular. Esta 
deve ter início na educação infantil e perdurar ao 
longo da vida escolar da pessoa com deficiência. 
Nesse sentido, deve ser assegurado pelos siste-
27
mas de ensino às pessoas com deficiência (BRASIL, 
1996):
I) currículos, métodos, técnicas, recursos educati-
vos e organização específicos, para atender as suas 
necessidades;
II) terminalidade específica para aqueles que não 
puderem atingir o nível exigido para a conclusão do 
ensino fundamental, em virtude de suas deficiên-
cias, e aceleração para concluir em menor tempo o 
programa escolar para os superdotados;
III) professores com especialização adequada em 
nível médio ou superior para atendimento espe-
cializado, bem como professores do ensino regular 
capacitados para a integração desses educandos 
nas classes comuns;
IV) educação especial para o trabalho, visando a sua 
efetiva integração na vida em sociedade, inclusive 
condições adequadas para os que nãorevelarem 
capacidade de inserção no trabalho competitivo, 
mediante articulação com os órgãos oficiais afins, 
bem como para aqueles que apresentam uma ha-
bilidade superior nas áreas artística, intelectual ou 
psicomotora;
V) acesso igualitário aos benefícios dos programas 
sociais suplementares disponíveis para o respectivo 
nível do ensino regular. 
Estudante, aqui destaca-se a necessidade de for-
mação e especialização do professor de sala de re-
gular e também para o atendimento especializado. 
28
Nesse sentido, diversos serviços de apoio devem 
ser oferecidos às pessoas com deficiência e com 
superdotação.
Nesse sentido, em 2008, foi elaborado pelo Ministério 
da Educação no Brasil um documento que reafirma a 
definição de Educação Inclusiva e aprimora a visão 
da Educação Especial enquanto modalidade de edu-
cação. O documento, denominado Política Nacional 
de Educação Especial na Perspectiva da Educação 
Inclusiva, é formado pelos marcos históricos e nor-
mativos da Educação Especial, diagnóstico dessa 
modalidade até o momento, o público atendido e as 
diretrizes da política nacional.
SAIBA MAIS
Para conhecer na íntegra o texto da Política Nacio-
nal de Educação Especial na Perspectiva da Educa-
ção Inclusiva, acesse o link: http://portal.mec.gov.
br/index.php?option=com_docman&view=down-
load&alias=16690-politica-nacional-de-edu-
cacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-in-
clusiva-05122014&Itemid=30192. 
Esse documento repensa a organização das escolas 
e as classes especiais e implica numa mudança de 
estrutura e de cultura escolar, visando o atendimento 
das especificidades de todos os estudantes. Nesse 
sentido, o atendimento educacional especializado 
tem como função:
29
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16690-politica-nacional-de-educacao-especial-na-perspectiva-da-educacao-inclusiva-05122014&Itemid=30192
[…] identificar, elaborar e organizar recursos 
pedagógicos e de acessibilidade que elimi-
nem as barreiras para a plena participação 
dos estudantes, considerando suas neces-
sidades específicas. As atividades desenvol-
vidas no atendimento educacional especia-
lizado diferenciam-se daquelas realizadas 
na sala de aula comum, não sendo substi-
tutivas à escolarização. Esse atendimento 
complementa e/ou suplementa a formação 
dos estudantes com vistas à autonomia e in-
dependência na escola e fora dela. (BRASIL, 
2008)
Nesse sentido, a Educação Especial então deve ofe-
recer diferentes serviços de complementação ou 
suplementação da educação regular, com o objetivo 
de incluir com mais eficiência as pessoas com de-
ficiência na escola regular.
Nesse sentido, diversas orientações a nível federal 
foram realizadas a partir de documentos específicos 
para a transformação dos sistemas escolares e de 
outros níveis de ensino. 
A não segregação da pessoa com deficiência garante 
os laços sociais que a possibilitam conviver com 
pessoas com diferentes níveis de desenvolvimento 
e que oferecem à pessoa com deficiência a possibi-
lidade de viver distintas experiências e, assim, com 
elas aprender (CARVALHO, 2016)
30
Por fim, no capítulo IV da lei federal n. 13.146 de 
2015, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da 
Pessoa com Deficiência, mais conhecida como 
o Estatuto da Pessoa com Deficiência, reafirma-
-se a importância do Atendimento Educacional 
Especializado (AEE) enquanto política pública para 
a garantia do acesso e permanência com qualidade 
à educação da pessoa com deficiência.
SAIBA MAIS
Para conhecer o texto na íntegra da Lei Brasileira de 
Inclusão da Pessoa com Deficiência, acesse o link: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13146.htm.
Estudante, perceba que a Educação Especial, na 
perspectiva da Educação Inclusiva, deixa de ser 
substitutiva ao ensino regular e transforma-se em 
um conjunto de serviços de apoio por meio do AEE. 
Esses serviços têm como objetivo aperfeiçoar a in-
clusão da pessoa com deficiência ou superdotação 
no processo escolar e garantir o pleno acesso ao 
currículo em condições de igualdade.
Assim, se faz necessário que os serviços do AEE 
ultrapassem as portas da sala comum e tornem-se 
uma prática cotidiana.
31
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estudante, você chegou ao final deste e-book.
Aqui, você pôde conhecer sobre como se configura 
a modalidade de Educação Especial numa educação 
inclusiva, na qual a pessoa com deficiência está 
incluída nas salas de aula comuns.
No tópico intitulado As transformações no conceito 
de deficiência na história da humanidade você co-
nheceu o trajeto histórico da pessoa com deficiência 
e como o conceito de deficiência sofreu transforma-
ções ao longo da história da humanidade.
Nele, você pôde observar que a pessoa com defici-
ência passou de excluído até incluso na sociedade, a 
partir das lutas sociais das pessoas que conviveram 
com uma pessoa com deficiência, e até mesmo das 
próprias pessoas com deficiência. Também foram 
abordados o conceito de deficiência no Estatuto 
da pessoa com deficiência e as barreiras que im-
possibilitam a plena participação da pessoa com 
deficiência na sociedade.
Após isso, no tópico O histórico da Educação 
Especial no mundo e no Brasil, foram abordados 
os principais marcos históricos sobre a educação 
das pessoas com deficiência, no Brasil e no mundo. 
Você pode conhecer alguns nomes importantes para 
o início da Educação Especial e como o processo de 
educação das pessoas com deficiência se deu no 
Brasil, passando pelos diversos períodos históricos.
32
Já o tópico O papel da Educação Especial na pers-
pectiva da Educação Inclusiva abordou como a 
Educação Especial se configura como modalidade 
educativa no processo de inclusão da pessoa com 
deficiência na escola regular. Assim, você pôde co-
nhecer os diversos documentos e legislações que 
instituem a Educação Especial como modalidade, e 
qual o seu papel na Educação Inclusiva.
Nesse sentido, você pôde refletir sobre como a pes-
soa com deficiência, historicamente, foi excluída 
do processo de ensino-aprendizagem e como foi 
construído o seu direito ao acesso e permanência 
na educação.
33
SÍNTESE
• O Atendimento Educacional Especializado - AEE
• O capítulo IV da Lei Brasileira de Inclusão da
Pessoa com Deficiência – 2015
• A Política Nacional de Educação Especial na
perspectiva da Educação Inclusiva – 2008
• A Educação Especial na LDBEN – 1996.
• Histórico da Educação Especial na legislação brasileira.
O Papel da Educação Especial na
perspectiva da Educação Inclusiva
• A integração escolar
• O histórico da Educação Especial no Brasil
• Surgimento do código Braille – 1829.
• Surgimento das primeiras instituições voltadas à
educação de pessoas com deficiência em Paris – Século 18.
• As transformações no pensamento educacional.
• Os primeiros educadores de pessoas com deficiência.
• Século 16 – marco na história da Educação Especial.
O Histórico da Educação
Especial no mundo e no Brasil
• As barreiras da sociedade.
• O conceito de deficiência na Lei Brasileira da Inclusão da 
Pessoa com Deficiência – 2015.
• Século 20.
• A IdadeModerna.
• A Idade Média.
• Idade Antiga.
• A Pré-história.
As transformações no conceito de 
deficiência na história da humanidade
A EDUCAÇÃO ESPECIAL NA
PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
EDUCAÇÃO 
INCLUSIVA
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	art59iii
	art59iv
	art59v
	Introdução
	As transformações no conceito de deficiência na história da humanidade
	O histórico da Educação Especial no mundo e no Brasil
	O papel da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva
	Considerações finais
	Síntese

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