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[7253 - 20509]Suporte_basico_da_vida_unidade_3 (1)

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3UNIDADE 3Primeiros Socorros no ambiente pré‑hospitalar
Objetivos de aprendizagem
 � Aprender a realizar avaliação e atendimentos à vítima 
de trauma.
 � Aprender a fazer a abordagem inicial à vítima de 
queimaduras.
 � Saber como prestar o atendimento inicial à vítima de 
intoxicação exógena.
 � Aprender a fazer a abordagem inicial à vítima de 
acidentes com animais peçonhentos e venenosos.
Seções de estudo
Seção 1 Abordagem inicial à vítima de trauma
Seção 2 Abordagem inicial à vítima de queimaduras
Seção 3 Abordagem inicial à vítima de intoxicações 
exógenas
Seção 4 Abordagem inicial à vítima de acidentes com 
animais peçonhentos e venenosos 
80
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Nesta unidade, na seção 1, você terá contato com conteúdos 
inerentes à abordagem inicial às vítimas de trauma a 
partir das etapas representadas pelas siglas ABCDE. Na 
seção 2 será discutida a abordagem inicial às vítimas de 
queimaduras. Na seção 3 apresentaremos as formas de 
intoxicação mais comuns e as abordagens às vítimas. Para 
finalizar, na seção 4 trataremos do atendimento às vítimas 
de acidentes com animais peçonhentos. Vale frisar que todas 
essas abordagens situam‑se no ambiente pré‑hospitalar.
Seção 1 – Abordagem inicial à vítima de trauma
O conteúdo desenvolvido nesta seção tem como referência o 
PHTLS (Pre‑Hospital Trauma Life Support) (2007) que trata e 
discute, de forma sucinta, aspectos importantes do atendimento 
inicial à vítima de trauma, enfatizando os princípios que fazem a 
diferença nesse tipo de atendimento, a saber: 
 � o estabelecimento de prioridade; 
 � a realização da avaliação inicial e a impressão geral 
da vítima;
 � a realização do exame da vítima, obedecendo 
as etapas ABCDE. 
Você sabe o que significam as siglas ABCDE? 
A – atendimento das vias aéreas e imobilização da 
coluna cervical; 
B – respiração (ventilação); 
C – circulação e sangramento; 
D – avaliação neurológica; e 
E – exposição para exame físico e proteção do ambiente.
81
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
Para apresentar esse tema, O PHTLS toma por base o ATLS, 
o que significa Advanced Trauma Life Support.
A avaliação da vítima de trauma é fundamental para o 
atendimento adequado, por ser considerada a base para as 
decisões sobre o que fazer e o que não fazer no ambiente 
pré‑hospitalar. Antes de qualquer coisa, precisamos determinar 
a situação da vítima. Na determinação de situações de 
risco de vida, o processo de RCP deve ser iniciado o mais 
rápido possível. O conhecimento dos valores dos sinais 
vitais serve de parâmetros para reavaliações posteriores 
e é imprescindível para o sucesso do atendimento. 
Todas as avaliações e tratamentos devem ser realizados com 
rapidez e eficiência, pois vítima grave só pode permanecer no 
local do trauma enquanto é estabilizada para a remoção.
Vamos estabelecer, portanto, quais são as prioridades dadas ao 
atendimento.
1. Avaliar a cena
Em primeiro lugar, o socorrista deverá avaliar a cena. 
O socorrista deve ter em mente quais são suas prioridades ao 
chegar no ambiente do acidente; a primeira delas consiste do 
estabelecimento da segurança e da natureza da situação, antes do 
início da avaliação individual da(s) vítima(s). 
Na avaliação/dimensionamento da cena, o socorrista inicia o 
processo de coleta de informações:
 � avaliando o local;
 � observando familiares e testemunhas; e
 � obtendo uma impressão geral antes de se aproximar 
da(s) vítima(s). 
Dois componentes estão incluídos nessa avaliação: segurança 
e situação.
82
Universidade do Sul de Santa Catarina
Segurança
Quando a cena estiver oferecendo riscos, o socorrista deve 
manter‑se afastado até que equipes apropriadas tenham garantido 
a segurança da equipe e da(s) vítima(s). O socorrista deve retirar 
qualquer vítima em situação perigosa para uma área segura antes 
de iniciar a avaliação e o tratamento. Devem ser avaliados todos 
os perigos/riscos possíveis.
Vejamos exemplos de perigos ou riscos: fogo, linhas 
elétricas caídas, explosivos, materiais contaminantes, 
incluindo sangue ou fluidos corporais, tráfego de 
veículos, armas (revólveres, facas) ou condições 
ambientais inadequadas. 
Situação
O socorrista deve fazer várias perguntas a si mesmo e aos que 
compõem a cena para ajudar nesta abordagem. As perguntas são 
do tipo:
 � O que realmente aconteceu aqui? 
 � Qual foi o mecanismo de trauma (biomecânica) e que 
forças e energias provocaram as lesões na(s) vítima(s)?
 � Quantas pessoas estão envolvidas e quais são as suas 
idades estimadas? 
 � É necessária ambulância? 
 � São necessários outros recursos ou pessoal? 
 � Será usado equipamento especial para salvamento ou 
retirada de ferragens? 
 � A vítima necessitará de transporte aéreo? 
Depois da avaliação da cena, é necessário realizar a avaliação inicial. 
Vamos ver como ocorre esse procedimento?
Polícia, bombeiros, companhia 
elétrica, entre outros. 
83
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
2. Avaliar a(s) vítima(s)
Inicialmente, o socorrista deve assegurar o atendimento às 
vítimas nas condições:
 � que possam resultar em perda de vida, falta de oxigenação;
 � que possam resultar em perda dos membros, e finalmente 
as condições;
 � que não ameaçam a vida ou a perda de membros.
Avaliação inicial e impressão geral
Na vítima traumatizada, a prioridade máxima é a identificação e 
o conhecimento rápido de condições com risco de morte. Mais de 
90% das vítimas traumatizadas têm somente ferimentos simples, 
envolvendo apenas um sistema. Para essas vítimas, há tempo 
para fazer tanto o exame primário quanto o secundário. 
Para vítimas traumatizadas graves, o socorrista precisa 
direcionar-se para avaliação, começando a reanimação 
e o transporte ao hospital o mais rápido possível. 
Impressão Geral
O exame primário começa com uma visão simultânea ou global 
do estado respiratório, circulatório e neurológico da vítima, para 
identificar quaisquer problemas externos significativos óbvios, 
com respeito:
 � à oxigenação;
 � à circulação;
 � à hemorragia; ou
 � às deformidades flagrantes.
Por exemplo, uma fratura 
isolada de um membro. 
84
Universidade do Sul de Santa Catarina
Como obter a impressão geral?
O socorrista, ao abordar a vítima, observará o seguinte:
 � ela está respirando adequadamente?
 � está acordada ou sem resposta?
 � consegue se sustentar?
 � apresenta movimentação corporal espontânea?
Uma verificação rápida do pulso permitirá avaliar a presença, a 
qualidade e a frequência da atividade circulatória. 
O socorrista pode ter uma boa orientação sobre o acontecimento por 
meio de duas perguntas: “O que aconteceu?” e “Onde aconteceu?”.
O socorrista pode sentir, simultaneamente, a temperatura e 
umidade da pele e perguntar à vítima “o que aconteceu?”. A 
resposta verbal indica o estado geral e possibilita avaliar as 
condições em que a vítima se encontra.
“Onde aconteceu o incidente?” é a pergunta de seguimento 
que o socorrista deve fazer enquanto verifica a cor da pele e o 
enchimento capilar da vítima. 
Depois disso, deve‑se realizar um rápido exame cefálo‑caudal, 
com as duas mãos, procurando por sinais de sangramento e 
deformidades. Num período que varia de 15 a 30 segundos, o 
socorrista terá uma impressão geral da condição global da vítima. 
Uma vez determinada a impressão geral, os exames primário 
e secundário devem ser realizados, a menos que haja uma 
complicação que exija mais cuidados ou avaliação específica.
O Exame Primário e Secundário, bem como a ordem de 
prioridades para um atendimento ideal à vítima de trauma, deve 
seguir o ABCDE, apresentado nas etapas seguintes: 
Das vias aéreas, da respiração e do 
estado neurológico. 
Da cabeça à coluna vertebral. 
85
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
Etapa A – Vias aéreas e imobilização da coluna cervical
As vias aéreas devem ser rapidamente verificadas para assegurar 
que estão abertas e limpas (permeáveis) e que não existe perigo 
de obstrução. Se as vias aéreas estiveremobstruídas, por 
relaxamento da base da língua sobre a hipofaringe ou por corpos 
estranhos, terão de ser abertas através de método manual: 
 � imobilização da coluna cervical e levantamento do queixo 
ou tração da mandíbula. 
Se necessário fazer:
 � retirada de sangue, secreções ou corpos estranhos. 
Leve em consideração o fato de que, numa vítima com trauma do 
tórax, a realização de manobras de compressão, para retirada de 
corpos estanhos, deve ser realizada com cautela após a impressão 
geral para evitar complicações.
Quando realizar o procedimento da abertura das vias aéreas, 
tenha cuidado com a coluna cervical, pois o movimento excessivo 
pode tanto causar quanto agravar lesões neurológicas. Uma 
vez que o socorrista tenha imobilizado o pescoço da vítima 
manualmente, ou com o uso do colar, deverá, então, imobilizar 
toda a coluna vertebral da vítima, alinhando todo o corpo. Esse 
procedimento será mais efetivo com o uso de uma prancha rígida.
Etapa B – Respiração (ventilação)
Na presença de via aérea pérvia, a qualidade e a profundidade 
da ventilação da vítima devem ser avaliadas, de acordo com os 
seguintes passos:
 � Verifique se a vítima está respirando.
 � Na presença de respiração, observe a elevação do tórax.
 � Verifique o ritmo e a frequência respiratória.
 � Se a vítima estiver consciente, observe se ela consegue 
falar uma frase inteira sem dificuldade. 
86
Universidade do Sul de Santa Catarina
 � Na ausência de respiração, inicie a RCP imediatamente.
Etapa C – Circulação e Sangramento
Nesta etapa, é decisivo avaliar o comprometimento ou a falência 
do sistema circulatório, por isso o socorrista deve identificar e 
controlar a hemorragia externa.
A avaliação geral do estado circulatório da vítima é realizada 
verificando‑se:
 � a presença e a regularidade do pulso;
 � a coloração, temperatura e umidade da pele; e
 � o tempo de enchimento capilar.
O tempo de enchimento capilar é realizado pressionando‑se o 
leito ungueal, conforme Figura 3.1:
Figura 3.1 - Verificação do tempo de enchimento capilar 
Fonte: Ilustrada por Edison Rodrigo Valim.
Esse procedimento remove o sangue do leito dos capilares 
visíveis, assim como a taxa de retorno. É uma ferramenta útil 
para estimar o fluxo sanguíneo por meio dessa parte mais distal 
da circulação. Tempo de enchimento capilar maior de dois 
segundos indica que os leitos capilares não estão recebendo 
sangue de modo adequado.
Há três tipos de hemorragia externa, representadas na Figura 3.2: 
87
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
SANGRAMENTO
Arterial
Venoso
Capilar
Figura 3.2 - Tipos de sangramentos 
Fonte: Ilustrada por Edison Rodrigo Valim.
Como é feita essa classificação?
São três os tipos de sangramentos: o capilar, o venoso e o arterial. 
Vejamos um pouco mais sobre cada um deles:
Sangramento capilar
Causado por lesão de pequenos vasos sanguíneos, localizados 
imediatamente abaixo da superfície da pele. Em geral o 
sangramento capilar terá diminuído, ou mesmo cessado, antes 
da chegada da equipe pré‑hospitalar no local do acidente. 
Sangramento venoso
Provém de camadas mais profundas do tecido. O sangue é 
vermelho escuro, e em geral é controlado mediante uma pressão 
direta moderada no local. Geralmente não ameaça a vida, a não 
ser que a lesão seja grave ou o sangramento não seja controlado. 
Sangramento arterial 
Causado por lesão a uma artéria. Esse é o sangramento mais 
importante e, também, o mais difícil de ser controlado. É 
caracterizado por um sangue vermelho vivo que jorra da ferida. 
Mesmo uma ferida perfurante pequena pode produzir uma 
hemorragia que ameace a vida, quando atingir uma artéria de 
grosso calibre.
88
Universidade do Sul de Santa Catarina
Como fazer o controle da hemorragia externa?
A hemorragia externa pode ser controlada de acordo com as 
seguintes etapas, utilizadas em ordem sequencial:
1. Pressão direta
O controle do sangramento deve ser feito com aplicação 
de pressão no local do sangramento, vide Figura 3.3. 
Figura 3.3 - Controle sangramento com pressão direta 
Fonte: Ilustrada por Edison Rodrigo Valim.
A pressão manual pode ser realizada no momento 
da colocação de gazes, ou compressas, diretamente 
sobre a lesão. Aplicar pressão exige dedicação 
do socorrista, por isso pode ser improvisado um 
curativo compressivo a partir da utilização de 
uma faixa sobre as gazes ou compressas.
2. Torniquetes
São eficazes no controle do sangramento e devem ser 
utilizados caso a pressão direta ou o curativo compressivo 
não foram eficazes no controle da hemorragia.
Como o torniquete é feito?
 » Envolva faixas largas de pano no membro afetado logo 
acima do ferimento;
 » Faça um meio nó e coloque um pedaço de madeira;
89
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
 » Dê um nó completo e torça o pedaço de madeira até 
parar a hemorragia;
 » Amarre o local e anote o horário;
 » Afrouxe a cada 10 minutos.
O controle de hemorragia é uma prioridade. O controle rápido 
da perda de sangue é um dos objetivos mais importantes no 
tratamento de uma vítima traumatizada. O exame primário não 
pode seguir adiante se o sangramento não estiver controlado.
Após a avaliação e correção das vias aéreas, respiração e circulação, o 
socorrista deve seguir com a avaliação da função cerebral.
Etapa D – Avaliação neurológica
Nesta etapa, realizar a avaliação da função cerebral, com o 
objetivo de determinar o nível de consciência da vítima e inferir 
a presença de hipóxia. Uma vítima agressiva, combativa ou não 
cooperativa poderá estar com hipóxia ou intoxicada. 
Durante o exame, o socorrista deve determinar, a partir do 
histórico, em que momento a vítima perdeu a consciência, se 
existem substâncias tóxicas envolvidas, bem como condições 
preeexistentes que possam ter produzido a diminuição do nível de 
consciência ou o comportamento anormal. 
A diminuição da consciência deve alertar o socorrista para 
quatro possibilidades:
 � oxigenação cerebral diminuída;
 � lesão do Sistema Nervoso Central (SNC);
 � intoxicação por drogas, entre elas o álcool; e
 � distúrbio metabólico, como na diabetes e na convulsão.
O nível de consciência da vítima pode também ser avaliado 
aplicando‑se primeiramente o AVDI. Também, a escala de coma 
de Glasgow (ECG) é uma ferramenta utilizada para determinar 
o nível de consciência. 
Quando há pouca 
oxigenação no cérebro. 
90
Universidade do Sul de Santa Catarina
A ECG é dividida em três níveis: 
 � resposta verbal;
 � abertura ocular; e
 � resposta motora. 
Vejamos um pouco mais sobre cada um desses níveis no Quadro 3.1:
Escala de Coma de Glasgow
Parâmetros Escore
Melhor resposta verbal
Nenhuma
Sons incompreensíveis
Palavras inadequadas
Confusa
Orientada
1
2
3
4
5
Abertura dos olhos
Nenhuma
Resposta à dor
Resposta à fala
Espontânea
1
2
3
4
Melhor resposta motora
Nenhuma
Descerebração (extensão anormal dos membros)
Decortificação (flexão anormal dos membros superiores)
Retirada
Localiza o estímulo doloroso
Obedece ao comando verbal
1
2
3
4
5
6
TOTAL 15
Quadro 3.1 - Escala de Coma de Glasgow 
Fonte: Elaborado pelo autor (2011).
Como é utilizada a ECG?
O socorrista pontua a vítima, conforme escores estipulados na 
tabela e de acordo com a sua melhor resposta em cada um dos 
itens avaliados. 
91
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
A resposta verbal pode ser avaliada utilizando‑se o seguinte 
questionamento: o que aconteceu com você? Se a vítima estiver 
orientada, responderá coerentemente e receberá pontuação 5. Se 
estiver apresentando confusão mental, receberá pontuação 4 e 
assim sucessivamente. No caso de não resposta por parte da 
vítima, a pontuação será de 1.
Para avaliar a abertura ocular, o socorrista deve observar, em 
primeiro lugar, se a abertura é palpebral espontânea. Nesse caso, 
a pontuação é 4. Se a abertura não for espontânea, o socorrista 
pode solicitar à vítima abrir os olhos ou, ainda, fazer um estímulo 
doloroso e observar a sua resposta.
Finalmente, para avaliar a resposta motora, o socorrista deveconferir se a vítima obedece ao comando verbal, consegue 
localizar um estímulo doloroso, apresenta postura de extensão/
flexão dos membros superiores ou inferiores anormais ou não 
apresenta resposta motora.
Finalizada a Etapa D, seguimos à Etapa E:
Etapa E – Exposição para exame físico e proteção do ambiente
Esta etapa trata de realizar a exposição da vítima, procedimento 
fundamental para identificar todas as possíveis lesões. Com 
a retirada das vestimentas, a vítima deve ser protegida, 
conservando o calor corporal, pois a hipotermia é um problema 
grave no traumatizado.
A seguir apresentaremos um roteiro que serve de guia para a realização 
da avaliação secundária.
Avaliação secundária
 � Cabeça
O exame visual e a palpação da cabeça e da face podem 
revelar lesões, hemorragia, defeitos nos ossos da face 
e do couro cabeludo e/ou anormalidades nos olhos, 
nas pálpebras, no pavilhão auricular e nariz. Esse é o 
momento para identificar a presença de sangramento 
ou a drenagem de líquor e/ou outros sinais de lesões/
fraturas com deformidades e edemas. Também 
Ocorre quando as 
temperaturas ficam 
abaixo de 36-36,5 ºC. 
Líquido transparente 
com brilho. 
92
Universidade do Sul de Santa Catarina
é importante observar as pupilas para verificar a 
reatividade à luz, o tamanho e a simetria. 
 � Pescoço
O exame visual do pescoço pode identificar contusões, 
abrasões, lacerações e outras deformidades. A palpação 
pode revelar enfisema subcutâneo. A ausência de dor 
na coluna cervical pode ajudar a descartar fraturas 
cervicais, enquanto dor à palpação sugere a presença 
de lesões. Você deverá realizar a palpação, com as duas 
mãos simultaneamente, com cuidado, tendo certeza de 
que o pescoço permaneça em posição anatômica, com 
uma leve curvatura. 
 � Tórax
O exame visual pode identificar deformidades, 
contusões, abrasões, ferimentos penetrantes. O socorrista 
deve ficar atento: uma pequena área de fratura pode 
indicar uma contusão pulmonar grave. A palpação do 
tórax pode, também, mostrar deformidades e presença de 
enfisema subcutâneo. 
 � Abdome
Procure observar feridas penetrantes, 
equimoses e eviscerações. Ferimentos na pele podem 
ser indicativos para a possibilidade de lesões próximas. 
A área abdominal, junto à cicatriz umbilical, deve ser 
examinada cuidadosamente à procura de uma contusão, 
ferimento resultante da ruptura de vasos sanguíneos 
com acúmulo de sangue sob a epiderme, resultante 
do posicionamento incorreto do cinto de segurança. 
O exame do abdome também inclui palpação de 
cada quadrante para verificar se a dor está presente 
e há posição de defesa do músculo abdominal. 
Presença de ar no tecido subcutâneo. 
Ar embaixo da pele.
Equimoses 
Pontos arroxeados. 
Eviscerações 
Saída das vísceras para 
o meio externo.
93
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
 � Pelve
Procure lesões e sinais de fraturas. Fraturas pélvicas 
podem produzir hemorragia interna maciça, resultando 
gravidade à condição da vítima. A pelve deve ser 
palpada uma só vez, à procura de instabilidade, 
durante o exame secundário. A palpação pode agravar 
a hemorragia, por isso esta etapa do exame não deve 
ser repetida. A palpação da pelve é realizada com 
pressão suave ântero‑posterior. A sínfise púbica 
também é palpada. Avaliar a dor e o movimento 
anormal. Deve‑se suspeitar de hemorragia se alguma 
evidência de instabilidade óssea for encontrada.
 � Extremidades 
Iniciar da clavícula, na extremidade superior, e da pelve, 
na extremidade inferior, e prosseguir em direção à 
porção mais distal de cada membro. Observar presença 
de deformidade, hemorragias ou equimose, e realizar 
palpação para determinar presença de crepitação óssea; 
neste caso, geralmente a dor e a sensibilidade estão 
presentes. Na suspeita de fratura, realize a imobilização, 
após verificar pulsos, temperatura, sensibilidade e 
coloração das extremidades.
 � Dorso
Realize o exame quando a vítima for colocada na posição 
lateral, durante o rolamento para a prancha rígida, por 
meio da palpação da coluna vertebral para identificar 
sensibilidade e deformidades.
No caso de instabilidade circulatória, a Etapa E pode 
ser realizada durante o Transporte da vítima para a 
Emergência Hospitalar.
De cima para baixo 
e latero-lateral.
Membros superiores 
e inferiores. 
Ruído característico na 
presença de fratura. 
94
Universidade do Sul de Santa Catarina
Seção 2 – Abordagem Inicial à vítima de queimaduras
As queimaduras, conforme Silveira et al. (2004), são lesões que 
podem levar à:
 � desfiguração;
 � incapacidade; e
 � morte.
De acordo com Ronald et al. (2007), os avanços no manejo de 
queimaduras nas últimas três décadas vêm contribuindo com a 
melhora da sobrevida e a redução de morbidade nas vítimas de 
grandes queimaduras. Por isso, com a evolução no cuidado aos 
queimados surgiu a necessidade de investimentos no atendimento 
pré‑hospitalar, além de outras áreas.
Exemplos dessas outras áreas são o transporte e o 
atendimento de emergência. 
Os serviços de atendimento pré‑hospitalar usam protocolos 
para padronizar o atendimento. Assim, a vítima de queimadura 
é avaliada como uma vítima de trauma, sendo a queimadura 
abordada no momento adequado, conforme Silveira et al. (2004).
Cena
No atendimento pré‑hospitalar, de acordo com o PHTLS (2007), 
é imperativo avaliar o local para assegurar que a cena esteja 
segura e considerar cuidadosamente a natureza exata da situação, 
garantindo a segurança do socorrista, no que diz respeito a lesões 
e intoxicações, e definindo a necessidade de remoção imediata da 
vítima da cena. 
Para Silveira et al. (2004), a cena precisa estar segura para que 
haja o atendimento no local. Caso a cena não esteja segura, 
é preciso torná‑la segura ou remover a vítima para um local 
seguro. Essa medida visa à segurança tanto da vítima como 
95
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
dos socorristas envolvidos com o atendimento. Ao cuidar de 
vítimas com queimaduras elétricas, certifique‑se de que a fonte 
de eletricidade tenha sido desligada. Além disso, no caso de 
queimaduras químicas, o contato com o produto pode causar 
queimaduras até mesmo no socorrista.
Biossegurança
Além da segurança requerida na cena, os socorristas necessitam 
usar EPIs: (Equipamentos de Proteção Individual) 
Barreiras físicas para impedir contágios a partir de fluídos 
corporais. Além dos equipamentos de barreira, o uso e 
treinamento para EPIs de nível B são essenciais para a 
garantia da segurança do socorrista. (PHTLS, 2007).
A primeira medida a ser realizada em cena com fogo é o uso de 
Jato neblinado. Apesar de não apagar o fogo, o Jato diminui a 
temperatura local, que pode variar de 600 a 1000 graus centígrados.
Avaliação primária em vítimas de queimaduras
A avaliação primária de uma vítima na cena, de acordo 
com o PHTLS (2007), tem por meta avaliar e tratar 
imediatamente os problemas com risco de vida em ordem de 
prioridade. A abordagem inicial da vítima de queimaduras 
é semelhante àquela destinada à vítima de trauma com 
atenção voltada para as mesmas etapas – ABCDE.
Vejamos quais são as especificidades nesse caso:
 � Etapa A 
A prioridade inicial no atendimento à vítima de 
queimadura é a manutenção da permeabilidade das vias 
aéreas. No caso da queimadura ter resultado de uma 
explosão ou de um acidente com desaceleração, existe a 
possibilidade de uma lesão medular. Por isso, a adequada 
estabilização da coluna cervical deve ser realizada por 
todos os meios necessários, incluindo um colar cervical 
Luvas, máscaras 
faciais, proteção 
ocular, aventais etc. 
Consiste de roupas de 
proteção contra respingos, 
resistentes a substâncias 
químicas e fontes 
autônomas de respiração. 
96
Universidade do Sul de Santa Catarina
para manter a cabeça imobilizada até que a condição 
possa ser avaliada por um médico.
A exposição a gases aquecidos e fumaça da combustão de 
materiais geralmente causa danos ao aparelho respiratório.
No caso de calor direto nas vias aéreas,a vítima evolui 
com edema acima das cordas vocais e obstrução das vias 
aéreas. A rouquidão progressiva é um sinal de obstrução 
iminente e de parada respiratória. Por isso, fique atento a 
esse sinal.
Vítimas de queimaduras que se apresentarem 
inconscientes, com dificuldade respiratória aguda 
e queimaduras no rosto ou pescoço, necessitam de 
ventilação assistida com oxigênio a 100% umidificado. 
Nesses casos, é imprescindível o atendimento de suporte 
avançado de vida, o mais rápido possível: providencie 
transporte imediato para vítimas nessas condições.
 � Etapa B 
Em decorrência de queimaduras circunferenciais na 
parede torácica, pode ocorrer diminuição da expansão 
pulmonar e dificuldade de respiração. Por isso, a 
indicação de um procedimento cirúrgico, chamado 
escarotomia, se faz necessário para o restabelecimento 
da ventilação.
Outras causas de comprometimento respiratório são as 
fraturas de costelas e os ferimentos abertos na região 
do tórax. Essas também são situações que requerem 
procedimentos invasivos para o restabelecimento da 
ventilação, por isso a vítima deve ser transferida para um 
serviço de emergência o mais rápido possível.
A exposição do tórax facilita a avaliação da respiração, 
o que pode ser uma medida indireta das trocas 
ventilatórias. Ventilação prejudicada e má oxigenação 
também podem estar relacionadas à inalação de fumaça 
e/ou intoxicação por monóxido de carbono. Na evidência 
de situações dessa natureza, está indicada a oferta de 
Uma incisão cirúrgica através 
das escaras que possibilita 
a expansão dos tecidos 
profundos e descompressão 
de estruturas vasculares 
comprimidas e/ou ocluídas. 
97
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
oxigênio úmido 100%, mesmo na ausência de sinais 
evidentes de desconforto respiratório. A transferência 
imediata para o atendimento de Suporte Avançado de 
Vida está indicada.
 � Etapa C
Esta etapa diz respeito à avaliação da circulação a partir 
da palpação de um dos pulsos periféricos e de um dos 
pulsos centrais, observando a presença, a amplitude e os 
sinais de perfusão periférica, quais sejam: 
 » coloração;
 » temperatura;
 » tempo de enchimento capilar; e
 » aparência da pele.
 � Etapa D 
Pacientes queimados são pacientes traumatizados e podem 
ter sofrido outras lesões além das queimaduras, por isso 
é necessária a avaliação de déficits sensitivos ou motores. 
Utilize a Escala de Coma de Glasgow para essa avaliação.
 � Etapa E 
Nesta etapa, o socorrista deve remover as roupas da 
vítima para a realização de exame cuidadoso, que pode 
revelar lesões não aparentes, que deve ser realizado 
iniciando pela cabeça e terminando na coluna vertebral. 
O controle da hipotermia deve ser feito usando várias 
camadas de cobertores para cobrir a vítima, pois vítimas 
de queimaduras não são capazes de reter o próprio calor e 
manter a temperatura corporal. 
Conforme Silveira  et al. (2004), roupas aderidas à 
pele da vítima não devem ser retiradas para evitar 
sangramentos e lacerações, já anéis e outras joias devem 
ser retiradas antes da instalação do edema.
98
Universidade do Sul de Santa Catarina
Enquanto não houver perigo imediato ou risco de 
vida, uma análise secundária pode ser realizada antes 
de transferir a vítima. Precauções, tais como colares 
cervicais, encostos e talas devem ser usados. 
O método ABCDE do atendimento ao queimado 
impõe desafios ímpares em todas as etapas do 
tratamento e reanimação. 
Feridas
De acordo com Ronald et al. (2007), as feridas resultante das 
queimaduras devem ser avaliadas após a realização do exame 
primário e secundário.
O líquido das bolhas contém uma série de mediadores 
inflamatórios que contribuem para aumentar a isquemia e a dor; 
além de favorecer o crescimento bacteriano. Assim, a pele da 
bolha não serve de barreira de proteção e não é um tecido normal 
por isso deve ser aspirada para aliviar a dor. As bolhas só devem 
ser rompidas no hospital para evitar a contaminação bacteriana. 
Antes do transporte da vítima, faça os curativos necessários com 
a meta de evitar a contaminação e impedir o fluxo de ar sobre as 
lesões, o que contribui para o alívio da dor.
O atendimento pré‑hospitalar de feridas é básico e simples. 
Vejamos:
 � Fazer irrigação com grande quantidade de água. 
Silveira et al. (2004) indicam o envolvimento da vítima 
com um lençol embebido em água, além do resfriamento, 
o que contribui para o bloqueio da onda de calor que 
continua agindo no tecido queimado por algum tempo. 
 � Aplicar curativo seco, esterilizado e não aderente.
 � Não usar agentes antimicrobianos tópicos, nas áreas 
queimadas, na cena.
Os curativos revestidos com altas concentrações de antimicrobianos 
tornam‑se a base do tratamento local das queimaduras nos 
A água não necessita estar gelada, 
pois a água em temperatura 
ambiente já se encontra bem abaixo 
da temperatura do tecido queimado. 
99
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
Centros de Queimados. Recentemente, esses curativos já são 
disponibilizados para uso pré‑hospitalar, por meio de grandes 
lâminas capazes de cobrir todas as superfícies corporais.
Estimativa de Profundidade e do tamanho da queimadura
A pele é constituída de duas camadas e tem funções complexas, 
incluindo:
 � proteção;
 � regulação;
 � termorregulação;
 � sensibilidade; e
 � adaptação metabólica. 
Uma estimativa da profundidade e do tamanho das queimaduras 
auxilia na determinação da severidade e do prognóstico do paciente.
De acordo com o PHTLS (2007), foi desenvolvido um 
novo método que pode ser facilmente aplicado no ambiente 
pré‑hospitalar para calcular o tamanho da queimadura, bem 
como a reanimação volêmica, uma alternativa simplificada 
para a Regra dos Nove, chamada de Regra do Um e Escore 
do Tamanho da Queimadura. Esse cálculo deve ser feito pelo 
médico e serve de guia para a reposição de líquidos.
Vejamos, a seguir, alguns tipos de cuidados relativos às situações 
especiais:
Queimaduras Elétricas
Conforme o PHTLS (2007), as queimaduras elétricas são lesões 
devastadoras que os socorristas podem facilmente subestimar. 
Em muitos casos, a extensão da lesão tecidual aparente não 
reflete com exatidão sua magnitude. A destruição e morte 
tecidual podem ser muito extensas em comparação ao trauma 
A epiderme e a derme. 
100
Universidade do Sul de Santa Catarina
aparente porque grande parte da destruição ocorre internamente, 
à medida que a eletricidade é conduzida pela vítima. 
Além das lesões de pele, as arritmias são as lesões imediatas 
mais graves e podem evoluir para Fibrilação Ventricular e 
Assistolia, modalidades de parada cardíaca. De acordo com 
Silveira et al. (2004), o socorrista deve estar atento ao nível de 
consciência, respiração e circulação da vítima. Caso necessário, 
deve iniciar RCP imediata.
A vítima com queimadura elétrica também pode ter outras lesões 
associadas, quais sejam: 
 � dificuldade de audição (ruptura membranas timpânicas); 
 � fraturas de coluna vertebral e de ossos longos (em virtude 
de contrações musculares violentas); e
 � sangramento intracraniano. 
Nos acidentes com corrente de baixa tensão, as lesões são menos 
extensas e existe risco para a vítima evoluir em parada cardíaca. Fique 
atento ao controle do nível de consciência, do pulso e da respiração.
Queimaduras Químicas
As lesões decorrentes de substância química, de acordo com o 
PHTLS (2007), são, com frequência, resultantes da exposição 
prolongada ao agente agressor, diferentemente das lesões 
térmicas, com duração menor. A gravidade da lesão química está 
diretamente associada aos seguintes fatores da substância química:
 � natureza;
 � concentração;
 � duração do contato; e
 � mecanismo de ação.
Os agentes químicos são classificados como ácidos e bases. 
Vejamos um pouco mais sobre a diferença entre os dois:
101
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
Os ácidos são substâncias químicas com pH entre 0 e 7 
e lesam o tecido por necrose de coagulação, barreira que 
impede a penetração mais profundado ácido. Em contraste, 
as queimaduras por bases, com pH entre 7 e 14, lesam o 
tecido por necrose de liquefação, o que permite que a base 
penetre mais profundamente, provocando lesões profundas.
Para limitar a disseminação de um material perigoso e realizar 
atividades específicas, estudiosos desenvolveram as zonas de 
controle. (PHTLS, 2007). A observação de tais princípios reduz 
a probabilidade de contaminação e de lesão nas equipes de 
resgate e circunstantes.
Mas o que é essa zona de controle?
A zona de controle é formada por três círculos concêntricos, 
quais sejam:
 � zona quente;
 � zona morna; e
 � zona fria.
Figura 3.4 - Zona de controle 
Fonte: Adaptado de PHTLS (2007).
102
Universidade do Sul de Santa Catarina
A zona mais interna, chamada de zona quente, é a região 
adjacente ao incidente com materiais perigosos. A tarefa 
da equipe de resgate nessa região é retirar os pacientes sem 
preocupação com o atendimento. 
A zona seguinte é a zona morna, local onde ocorre a 
descontaminação das vítimas, dos profissionais e dos 
equipamentos. As roupas removidas devem ser ensacadas e 
identificadas para evitar manipulações e acidentes. No caso da 
substância ser em pó, escovar e limpar o excesso da pele antes 
de fazer a irrigação com água. Nessa zona, o único atendimento 
prestado aos pacientes é a avaliação primária e a imobilização da 
coluna cervical. 
Na zona mais externa, a zona fria, é onde os profissionais e 
equipamentos ficam posicionados para o atendimento definitivo. 
As queimaduras oculares devem ser irrigadas com grandes 
quantidades de líquidos. 
Lesões térmicas por ar seco e úmido
A principal causa de morte nos incêndios não são as lesões 
térmicas, mas a inalação de fumaça tóxica. A exposição à fumaça 
em ambiente fechado é um risco para lesão por inalação, de 
acordo com PHTLS (2007).
Os seguintes sinais evidenciam lesões causadas por inalação:
 � rouquidão, considerado como sinal precoce;
 � dificuldade respiratória;
 � tosse;
 � queimadura na face;
 � presença de fuligem no escarro;
 � pelos faciais queimados; e
 � respiração com estridor (ruído ocasionado por passagem 
do ar em via aérea superior obstruída). 
103
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
Essas vítimas devem ser mantidas sob suspeita porque os sinais e 
sintomas de lesão por inalação podem ser tardios. (PHTLS,2007; 
Silveira et al., 2004). 
Nas lesões térmicas por ar seco, os danos abaixo das cordas 
vocais são infrequentes. A presença de ar úmido, como vapor, que 
tem uma capacidade de transporte de calor 4000 vezes maior do 
que o calor seco é capaz de queimar vias aéreas inferiores.
Asfixia por monóxido de carbono
O monóxido de carbono se liga à hemoglobina com maior 
afinidade do que o oxigênio, os sintomas de asfixia estão 
relacionados à duração e intensidade de exposição e aos níveis 
séricos resultantes, sofrendo variações desde a cefaleia até o 
estado de coma.
Asfixia por gás cianeto
Na asfixia por gás cianeto ocorre intoxicação do metabolismo 
celular, impedindo o uso do oxigênio pela célula. Os sintomas são:
 � alteração do nível de consciência;
 � tontura;
 � cefaleia;
 � taquicardia; ou
 � taquipneia.
Nas situações recém‑descritas, as vítimas necessitam de 
transferência imediata para tratamento de suporte avançado de vida.
O ar seco é um mau 
condutor de calor. 
104
Universidade do Sul de Santa Catarina
Seção 3 – Abordagem Inicial à vítima de intoxicações 
exógenas 
Esta seção tem por referencial teórico o livro Toxicologia na 
prática clínica, Andrade Filho et al., 2001, e o capítulo intitulado 
Intoxicações Agudas, de autoria de Barotto, A. M et al., publicado 
no PROAMI‑SEMCAD (2010). As intoxicações são causas 
comuns de procura por atendimento nos serviços de emergência 
em todo o mundo. Dos atendimentos em emergências, estima‑se 
que 5 a 10% decorram de intoxicações. Nos casos de intoxicação, 
às vezes é difícil conseguir uma narrativa da vítima a respeito 
do acontecimento; ela pode ser encontrada sozinha, estar 
inconsciente ou passar informações não verdadeiras. 
Estima-se que cerca de 50% das vítimas que tentam o 
suicídio não relatam a verdade com relação ao produto 
ingerido nem a dose usada. 
Muitas vezes é necessário que os familiares ou acompanhantes 
retornem ao local onde a vítima foi encontrada e procurem por:
 � cartelas ou frascos vazios de medicamentos;
 � caixas ou frascos de agrotóxicos;
 � material utilizado no consumo de drogas de abuso;
 � garrafas de bebidas;
 � restos de alimentos, dentre outros. 
Nas crianças também é muito difícil saber precisamente qual a 
quantidade do tóxico. No entanto, deve‑se tentar responder às 
seguintes perguntas: 
1. O quê? Qual(is) a(s) substância(s) envolvida(s) na 
intoxicação?
2. Quanto? Qual a quantidade utilizada ou, no caso de 
exposições dérmicas e inalatórias, por quanto tempo 
houve exposição?
A intoxicação é definida como 
o conjunto de efeitos nocivos 
representados por sinais e 
sintomas que mostram o 
desequilíbrio orgânico produzido 
pela interação entre o agente 
tóxico e o sistema orgânico. 
105
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
3. Quando? Há quanto tempo ocorreu a intoxicação?
4. Como? – Em que circunstâncias a intoxicação ocorreu? 
5. Comorbidades (doenças) e medicações utilizadas?
Abordagem inicial ao paciente agudamente intoxicado
O atendimento pré‑hospitalar inicial às vítimas de intoxicação 
deve, primeiro, avaliar os seguintes sinais vitais: Respiração, 
Pulso e Temperatura. 
 � Respiração 
A prioridade do atendimento inicial é manter a 
permeabilidade das vias aéreas e evitar a broncoaspiração. 
 � Pulso 
A bradicardia sugere intoxicações específicas e a 
taquicardia reflete mecanismos compensatórios 
simpáticos. No colapso súbito, que pode ser indicativo 
de fibrilação ventricular, o tratamento imediato são as 
compressões torácicas seguidos do uso do Desfibrilador 
Automático Externo (DEA).
 � Temperatura 
No caso de hipertermia, o socorrista deve retirar as 
roupas da vítima e utilizar compressas de água fria, gelo 
e ventiladores para aumentar a perda de calor. No caso de 
hipotermia fazer aquecimento com cobertores comuns ou 
térmicos. É preciso ficar atento aos sinais de convulsão, 
de hipoglicemia, de etilismo, assim como avaliar a 
possibilidade de trauma associado e, se necessário, fazer 
imobilização cervical, seguida de avaliação secundária.
Após as medidas iniciais no ambiente pré‑hospitalar, deve‑se 
transferir a vítima ao hospital onde será realizado o exame 
Acidental, tentativa 
de suicídio, erro de 
administração, uso 
indevido, tentativa de 
homicídio, ocupacional. 
106
Universidade do Sul de Santa Catarina
físico completo e, de acordo com o caso, iniciado o tratamento 
específico para as intoxicações, que podem incluir medidas de:
 � descontaminação;
 � aumento de eliminação; e
 � utilização de antídotos específicos, caso existam. 
Deve‑se, também, avaliar a possibilidade de outros diagnósticos 
diferenciais, assim como atentar à possibilidade de trauma 
associado. 
No ambiente hospitalar, antes da estabilização do paciente, faz‑se 
apenas um exame físico sumário para nortear as primeiras 
medidas do tratamento. Após o manejo inicial, deve‑se realizar 
um exame físico completo, inclusive neurológico, na tentativa de 
verificar alterações que sugiram determinado tipo de intoxicação 
ou síndrome tóxica. 
Medidas de descontaminação no ambiente pré‑hospitalar no 
caso da vítima estar estável
As medidas de descontaminação dependem do tipo de exposição. 
Vejamos, a seguir, os tipos de exposição:
 � Exposição Cutânea
Retirar imediatamente as vestes e os eventuais resíduos 
sólidos por meio de escova macia e proceder à lavação 
com água corrente por 15 a 30 minutos. Caso a 
substância seja lipossolúvel, utiliza‑se água e sabão. 
Não utilizar substâncias neutralizantes e, no caso de 
substâncias cáusticas, após a descontaminação, a lesão 
pode ser tratada como uma queimadura térmica.
 � Exposição Ocular
Fazer lavagemdo olho acometido com água ou soro 
fisiológico, por pelo menos 30 minutos. Sempre realizar 
a lavagem ocular no sentido medial para lateral para 
Lavagem corporal e ocular, lavagem 
gástrica e uso de carvão ativado. 
Alcalinização urinária, 
hemodiálise e hemoperfusão.
Sinais vitais, escala de coma 
de Glasgow, ausculta cardíaca 
e pulmonar, avaliação da 
pele, roupas, pupilas. 
107
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
evitar o comprometimento do outro olho. Não utilize 
substâncias neutralizantes nem colírio anestésico. Para 
a proteção do olho, colocar um tampão ocular antes da 
transferência da vítima.
 � Exposição Inalatória 
Retirar a vítima do local contaminado o mais rápido 
possível e mantê‑la em ambiente arejado. 
 � Exposição Gastrointestinal
A maioria das intoxicações graves ocorre por esta via. 
As medidas de descontaminação gastrointestinal são, 
ainda, controversas e não há evidências para justificar 
o uso de muitos produtos. Recomenda‑se a utilização 
desses produtos na ocorrência da ingestão de doses 
potencialmente tóxicas ou, até mesmo, letais. Muitas 
vezes trata‑se de uma decisão empírica, visto que, em 
certas situações, não conseguimos precisar a quantidade 
ou o horário da ingestão. É comum, inclusive, não 
sabermos exatamente todas as substâncias que o 
paciente utilizou. No entanto, quando se suspeita de 
ingestão de doses potencialmente tóxicas que ocorreram 
há menos de uma hora e não há contraindicações 
para o procedimento, é realizada a lavagem gástrica, 
acompanhada, ou não, de posterior uso do carvão 
ativado, no ambiente hospitalar.
Quais são as contraindicações da lavagem gástrica?
 � Inconsciência;
 � ingestão de cáusticos ou corrosivos; 
 � ingestão de solventes em geral;
 � vômito de sangue;
 � cirurgia recente do trato gastrointestinal;
108
Universidade do Sul de Santa Catarina
 � ingestão de materiais sólidos com pontas; e
 � ingestão de pacotes contendo drogas.
Fazer reavaliações periódicas das vítimas, com intervalo variável, 
de acordo com a gravidade do caso. Essas reavaliações se fazem 
necessárias pela possibilidade de piora do quadro clínico, como 
a diminuição do nível de consciência e necessidade de intubação 
orotraqueal para proteção de vias aéreas. 
Quais são as principais intoxicações?
As principais intoxicações podem ser divididas por grupos.
Benzodiazepínicos 
Classe de medicamentos com ação ansiolítica, hipnótica, 
miorrelaxante e anticonvulsivante, muito utilizada. É uma das 
principais causas de intoxicação medicamentosa, em adultos e 
crianças, com morbidade elevada e baixa letalidade. O sinal da 
intoxicação leve é a sonolência; na intoxicação grave, a vítima 
apresenta depressão do SNC, hipotensão, depressão respiratória, 
ataxia (perda da coordenação dos movimentos), tremores, miose e 
hiperexcitabilidade. 
No atendimento pré‑hospitalar, o socorrista deve avaliar a 
respiração e presença de hipotermia. No ambiente hospitalar, são 
realizadas as seguintes medidas de descontaminação: lavagem 
gástrica e usados o carvão ativado. 
Antidepressivos tricíclicos
Intoxicação comum e grave, principal causa de óbito por 
intoxicação medicamentosa. Os sinais e sintomas comuns são: 
midríase, sedação, delírio, confusão mental, arritmia, convulsões 
e coma.
O atendimento pré‑hospitalar consiste nas medidas de avaliação 
da respiração e do pulso. No ambiente hospitalar, são realizadas 
109
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
medidas de descontaminação: lavagem gástrica deve ser realizada 
em até uma hora da ingestão. No entanto, alguns autores 
recomendam que possa ser realizada em até 12 horas após a 
ingestão de altas doses desses medicamentos, pelo retardo no 
esvaziamento gástrico. 
Agrotóxicos organofosforados e carbamatos (inseticidas)
Entre os principais sinais e sintomas da intoxicação com esses 
produtos, são encontradas: náuseas, vômitos, cólicas abdominais, 
diarreia, miose, visão turva, tosse, dispneia, broncoespasmo 
(estreitamento da luz dos brônquios), hipersecreção brônquica, 
cianose, sialorreia (aumento da produção de saliva), rinorreia 
(corrimento nasal), lacrimejamento, sudorese profusa, 
bradicardia, hipotensão e parada cardíaca, ataxia, labilidade 
emocional, cefaleia, tremores, sonolência, confusão, ataxia, 
hipotonia (tônus muscular diminuído), hiporreflexia (reflexos 
diminuídos), coma, convulsões, depressão do centro respiratório.
Nas intoxicações graves ocorre insuficiência respiratória devido 
à combinação de depressão respiratória central, fraqueza da 
musculatura respiratória, broncoespasmo e hipersecreção brônquica.
No atendimento pré‑hospitalar mantenha vias aéreas pérvias e 
providencia transferência imediata.
O tratamento hospitalar consiste nas seguintes medidas: 
 � aspiração de vias aéreas;
 � entubação oro ou naso‑traqueal; e
 � oxigenação, se necessário. 
Medidas de descontaminação: 
 � lavagem gástrica;
 � carvão ativado; e
 � lavagem corporal com água corrente, se houver contato 
cutâneo. 
110
Universidade do Sul de Santa Catarina
Raticidas Cumarínicos
Na intoxicação por raticidas, os sinais e sintomas são: náuseas, 
vômitos, dor abdominal, diarreia e eventos hemorrágicos, que 
podem surgir em 12 a 72 horas.
O tratamento é hospitalar e varia de acordo com a faixa etária.
No Estado de Santa Catarina, o Centro de Informações 
Toxicológicas (CIT), localizado no Hospital Universitário 
de Florianópolis, funciona 24 horas diariamente 
com pessoal treinado, em regime de plantão, para 
orientações dos casos de envenenamento. 
Antes de fazer contato com o CIT procure inteirar‑se de:
 � O quê? Nome do produto que causou a intoxicação.
 � Como? Forma de exposição: inalado, ingestão, contato?
 � Quando? Tempo de intoxicação.
 � Onde? Local.
 � Quanto? Conhecer a dose.
 � Por quê? Acidental, provocada?
Vejamos, a seguir, quais os sintomas de algumas síndromes tóxicas.
Nas intoxicações por cocaína, teofilina, anfetaminas e derivados, 
cafeína, fenilpropanolamina, efedrina e Ecstasy, os principais 
sinais e sintomas incluem: 
 � arritmias cardíacas (principalmente as taquicardias);
 � hipertensão;
 � palidez;
 � midríase;
111
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
 � hipertermia;
 � alucinações;
 � hiperreflexia;
 � convulsões; e
 � coma.
Nas intoxicações por atropina, vegetais beladonados, 
anti‑histamínicos, antidepressivos tricíclicos, antipsicóticos, 
relaxantes musculares e antiparkinsonianos, os principais sinais e 
sintomas incluem: 
 � arritmias cardíacas (principalmente taquicardia);
 � hipertermia;
 � midríase;
 � rubor facial;
 � pele e mucosas secas;
 � desorientação;
 � alucinações;
 � agitação;
 � sonolência;
 � convulsões; e
 � coma. 
Nas intoxicações por opioides, barbitúricos e benzodiazepínicos, 
os principais sinais e sintomas incluem: 
 � miose;
 � constipação;
112
Universidade do Sul de Santa Catarina
 � depressão respiratória;
 � bradicardia;
 � hipotensão;
 � hipotermia;
 � sonolência; e
 � coma. 
Nas intoxicações por organofosforados, carbamatos, fisostigmina 
e alguns cogumelos, entre os principais sinais e sintomas estão:
 � náuseas;
 � vômitos;
 � cólicas abdominais;
 � visão turva;
 � tosse;
 � dispneia;
 � cianose;
 � sialorreia;
 � sudorese profusa;
 � bradicardia;
 � hipotensão;
 � hipertensão;
 � taquicardia;
 � palidez;
 � inquietação;
113
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
 � agitação;
 � labilidade emocional;
 � cefaleia;
 � tremores;
 � sonolência;
 � confusão;
 � coma;
 � convulsões; e
 � depressão do centro respiratório.
Seção 4 – Abordagem Inicial à vítima de acidentes com 
animais peçonhentos e venenosos
Nesta seção vamos apresentar os acidentes com animais 
peçonhentos e venenosos. 
Você sabe qual é a diferença entre animal peçonhento 
e venenoso? 
De acordo com o site denominado Biblioteca Virtual em 
Saúde (2010) do Ministério da Saúde:
Animais peçonhentos são aqueles que possuem 
glândulas de veneno e que o injetam com facilidade por 
meio de dentes ocos,ferrões ou aguilhões. Exemplos: 
serpentes, aranhas, escorpiões, lacraias, abelhas, vespas, 
marimbondos e arraias. Animais venenosos são aqueles 
que produzem veneno, mas não possuem um aparelho 
114
Universidade do Sul de Santa Catarina
inoculador (dentes, ferrões), provocando envenenamento 
passivo por contato (lonomia ou taturana), por 
compressão (sapo) ou por ingestão (peixe baiacu).
Inicialmente é bom lembrar que no atendimento à vítima que 
foi picada, ou teve contato com algum animal peçonhento ou 
venenoso, além da atenção imediata, informações sobre o tipo e 
as características básicas do animal são de grande importância 
para a escolha do tratamento. O animal causador deve, na 
medida do possível, ser encaminhado para identificação por 
técnico treinado.
A seguir, apresentaremos os principais grupos de animais 
peçonhentos e venenosos, de acordo com a Fundação Nacional de 
Saúde (2001), abordando características, habitat, hábitos, sinais 
e sintomas e cuidados iniciais e, por fim, medidas de primeiros 
socorros e de prevenção de acidentes com esses animais.
4.1 Ofidismo
No Brasil, a fauna ofídica de interesse está representada pelos 
gêneros: Bothrops, Crotalus, Lachesis e Micrurus, e por algumas 
serpentes do gênero da Família Colubridae, por ocasionarem 
alguns acidentes com manifestações clínicas locais.
Vejamos, a seguir, quais são algumas das características dessas 
serpentes peçonhentas. 
A fosseta loreal, órgão sensorial termorreceptor, é um orifício 
situado entre o olho e a narina da serpente. Indica que a 
serpente é peçonhenta e é encontrada nos gêneros Bothrops, 
Crotalus e Lachesis. As serpentes desses gêneros possuem dentes 
inoculadores situados na porção anterior do maxilar. As serpentes 
do gênero Micrurus não apresentam fosseta loreal e seus dentes 
inoculadores são pouco desenvolvidos e situados na região 
anterior da boca.
Incluindo Bothriopsis = Bothriopsis 
bilineata e Bothriopsis taeniata e 
Porthidium = Porthidium hyoprora.
 
Philodryas e Clelia. 
115
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
Gênero Bothrops
Existem cerca de 30 espécies distribuídas por todo o território 
nacional. São conhecidas popularmente por: 
 � jararaca;
 � ouricana;
 � jararacussu;
 � urutu‑cruzeira;
 � jararaca‑do‑rabo‑branco;
 � malha‑de‑sapo;
 � patrona;
 � surucucurana;
 � comboia; e
 � caiçara. 
Seguem imagens da jararaca e da jararacussu:
Figura 3.5 - Bothrops jararaca 
Fonte: Fundação Nacional de Saúde (2001).
116
Universidade do Sul de Santa Catarina
Figura 3.6 - Bothrops jararacussu 
Fonte: Fundação Nacional de Saúde (2001).
Essas serpentes peçonhentas habitam, principalmente, zonas 
rurais e periféricas de grandes cidades, preferindo ambientes 
úmidos como matas e áreas cultivadas e locais com facilidade 
para proliferação de roedores. Têm hábitos noturnos ou 
crepusculares e comportamento agressivo, quando ameaçadas, 
desferindo botes sem produzir ruídos.
As manifestações locais dos acidentes com essas serpentes são dor 
e edema no local da picada, de intensidade variável, de instalação 
precoce e caráter progressivo. No ponto da picada são frequentes 
as equimoses, os sangramentos e a formação de bolhas que 
podem ser acompanhados ou não de necrose.
Gênero Crotalus 
Popularmente conhecidas por cascavel, cascavel‑quatro‑ventas, 
boicininga, maracamboia, maracá, dentre outras denominações 
populares, essas serpentes habitam campos abertos, áreas secas, 
arenosas e pedregosas e, raramente, ficam na faixa litorânea. 
Não têm o hábito atacar e, quando estimuladas, denunciam sua 
presença por ruído característico do chocalho.
Paióis, celeiros, depósitos de lenha. 
117
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
Na figura 3.7, vemos a serpente denominada de Crotalus durissus.
Figura 3.7 - Crotalus durissus 
Fonte: Fundação Nacional de Saúde (2001).
As manifestações locais dos acidentes com essas serpentes são 
as seguintes: dor de pequena intensidade ou até mesmo ausência 
de dor, presença de parestesia (dormência) local, podendo estar 
acompanhada de edema discreto ou eritema (vermelhidão) no 
ponto da picada.
Gênero Lachesis
Popularmente conhecidas por surucucu, surucucu‑pico‑de‑jaca, 
surucutinga ou malha‑de‑fogo, são as maiores serpentes peçonhentas 
das Américas, atingindo até 3,5 m. Habitam áreas florestais como 
Amazônia, Mata Atlântica e matas úmidas do Nordeste.
118
Universidade do Sul de Santa Catarina
Na figura 3.8, encontra‑se a serpente denominada de Lachesis muta.
Figura 3.8 - Lachesis muta 
Fonte: Fundação Nacional de Saúde (2001).
As manifestações locais dos acidentes com essas serpentes são 
semelhantes às descritas no acidente botrópico, com predomínio 
para a dor e o edema. Pode ocorrer presença de vesículas e de 
bolhas nas primeiras horas após o acidente. As manifestações 
hemorrágicas limitam‑se ao local da picada, na maioria dos casos.
Gênero Micrurus 
São animais de pequeno e médio porte, com tamanho de 
aproximadamente 1,0 m, conhecidos popularmente por coral, 
coral verdadeira ou boicorá. Apresentam anéis vermelhos, 
pretos e brancos em qualquer tipo de combinação. Na Região 
Amazônica e áreas limítrofes, são encontradas corais de cor 
marrom‑escura – quase negra –, com manchas avermelhadas na 
região ventral.
119
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
Falsas corais têm o mesmo padrão de coloração das corais 
verdadeiras, porém são desprovidas de dentes inoculadores. 
Diferem na configuração dos anéis que, em alguns casos, não 
envolvem toda a circunferência do corpo. 
As manifestações locais dos acidentes com essas serpentes são 
discreta dor local, geralmente acompanhada de parestesia, que 
podem surgir precocemente em menos de uma hora após a 
picada. Há relatos de aparecimento tardio de paralisia flácida da 
musculatura respiratória comprometendo a ventilação, podendo 
evoluir para insuficiência respiratória aguda e parada respiratória. 
Colubridae
Em algumas espécies do gênero Philodryas e Clelia, há relatos de 
envenenamento. 
São conhecidas, popularmente, por cobra‑cipó ou cobra‑verde 
(Philodryas) e muçurana ou cobra‑preta (Clelia). Possuem dentes 
inoculadores na porção posterior da boca e não apresentam fosseta 
loreal. Para injetar o veneno, mordem e se prendem ao local. 
As manifestações locais dos acidentes com essas serpentes 
podem ocasionar edema local importante, equimose e dor, 
semelhantes aos observados nos acidentes botrópicos, porém sem 
alteração da coagulação.
120
Universidade do Sul de Santa Catarina
4.2 Escorpionismo
Em primeiro lugar, segue uma imagem detalhada apresentando 
as características dos escorpiões: 
Os escorpiões apresentam o corpo formado pelo tronco e pela 
cauda. Coberto por uma carapaça, encontram‑se o cefalotórax, 
onde se articulam os quatro pares de pernas, um par de quelíceras 
e um par de pedipalpos. A cauda é formada por cinco segmentos 
e no final dela situa‑se o telso, composto de vesícula e ferrão. A 
vesícula contém duas glândulas que produzem o veneno que é 
inoculado pelo ferrão.
São animais carnívoros, alimentando‑se principalmente 
de insetos, como grilos ou baratas. Têm hábitos noturnos, 
escondendo‑se, durante o dia, sob pedras, troncos, dormentes 
de linha de trem, em entulhos, telhas ou tijolos. Muitas espécies 
vivem em áreas urbanas, onde encontram abrigo dentro e 
Figura 3.9 - Morfologia externa do escorpião 
Fonte: Fundação Nacional de Saúde (2001).
121
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
próximo das casas. Podem sobreviver vários meses sem alimento 
e mesmo sem água, o que torna seu combate muito difícil. No 
Brasil, os escorpiões de importância pertencem ao gênero Tityus.
Tityus bahiensis 
Estes escorpiões têm tronco marrom‑escuro, patas com manchas 
escuras e comprimento de 6 a 7 cm (figura 3.10). São encontrados 
nos seguintes estados: Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul, 
Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Figura 3.10 - Tityus bahiensis 
Fonte: Fundação Nacional de Saúde (2001).
122
Universidade doSul de Santa Catarina
Tityus serrulatus
Estes escorpiões têm tronco marrom‑escuro e patas amareladas; a 
cauda amarelada tem serrilha dorsal nos dois últimos segmentos 
(figura 3.11). Com comprimento de 6 a 7 cm, são encontrados 
nos seguintes estados: Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas 
Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo.
Figura 3.11 - Tityus serrulatu 
Fonte: Fundação Nacional de Saúde (2001).
123
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
Tityus stigmurus
Estes escorpiões têm tronco amarelo‑escuro, com um triângulo 
negro no cefalotórax, uma faixa escura longitudinal mediana. 
Também medem entre 6 a 7 cm e são encontrado na região 
Nordeste do Brasil.
Figura 3.12 - Tityus stigmurus 
Fonte: Fundação Nacional de Saúde (2001).
124
Universidade do Sul de Santa Catarina
Tityus cambridgei
Com tronco e pernas escuros, estes escorpiões são quase negros, 
com comprimento de aproximadamente 8,5 cm. São encontrados 
na região Amazônica.
Figura 3.13 - Tityus cambridgei 
Fonte: Fundação Nacional de Saúde (2001).
Tityus metuendus
Estes escorpiões têm tronco vermelho‑escuro, quase negro, com 
manchas amarelo‑avermelhadas. Com comprimento de 6 a 7 cm, 
são encontrado nos estados do Amazonas, Acre e Pará.
No acidente causado pelo escorpião, a dor local é um sintoma sempre 
presente e pode ser acompanhada por parestesia, ou seja, dormência. 
125
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
Nos acidentes mais graves, que acontecem principalmente com 
crianças, após intervalo de minutos até poucas horas (duas, três 
horas), podem surgir manifestações sistêmicas, entre as quais: 
 � febre;
 � sudorese;
 � vômitos;
 � arritmia cardíaca;
 � taquipneia;
 � dispneia;
 � agitação; e
 � sonolência.
O aparecimento dos sinais e sintomas anteriormente 
mencionados impõe a suspeita de acidente com escorpião, 
mesmo na ausência de história de picada e independentemente de 
encontrar o animal peçonhento.
A gravidade do acidente está relacionada com a espécie e o 
tamanho do escorpião, a quantidade de veneno inoculado, 
a massa corporal da vítima e a sensibilidade ao veneno. A 
recuperação da vítima depende da realização do diagnóstico 
precoce, do tempo decorrido entre a picada e a administração do 
soro e da manutenção das suas funções vitais.
126
Universidade do Sul de Santa Catarina
4.3 Araneismo
Em primeiro lugar, segue uma imagem detalhada apresentando 
as características das aranhas:
Figura 3.14 - Morfologia externa das aranhas 
Fonte: Fundação Nacional de Saúde (2001).
Aranhas têm o corpo dividido em cefalotórax e abdome e é nas 
quelíceras que se encontram os ferrões utilizados para inoculação 
do veneno. São animais carnívoros, alimentam‑se de insetos, 
como grilos e baratas. As aranhas têm hábitos domiciliares e 
peridomiciliares. 
Phoneutria, Loxosceles e Latrodectus são os três gêneros de aranhas 
de importância médica no Brasil. Lycosa (aranha‑de‑grama) e 
caranguejeira, apesar de frequentes os acidentes, são destituídos 
de maior importância.
Phoneutria
Conhecida como aranha armadeira, por apoiar nas pernas 
traseiras, erguendo as dianteiras e os palpos. Após esse 
posicionamento, abrem as quelíceras, tomando visíveis os ferrões 
e realizam a picada. No local, podem ser verificadas as marcas de 
dois pontos de inoculação. Demonstração do comportamento de defesa. 
127
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
Os acidentes acontecem geralmente dentro das residências e nas 
suas proximidades, na manipulação de material de construção, 
entulhos, lenha ou calçando sapatos. 
Essas aranhas podem atingir de 3 a 4 cm de corpo e até 15 cm de 
envergadura de pernas. Não constroem teia geométrica. Caçam, 
principalmente, à noite. 
Nos acidentes, prevalecem as manifestações locais. A dor 
imediata é o sintoma mais frequente e a intensidade é variável, 
podendo irradiar até a raiz do membro acometido. Em apenas 
1% dos casos as vítimas se apresentam assintomáticas após a 
picada. Outras manifestações são: edema, eritema, parestesia e 
sudorese no local da picada. Na figura 3.15, vemos um exemplo 
da Aranha Phoneutria. 
Figura 3.15 - Phoneutria nigriventer 
Fonte: Fundação Nacional de Saúde (2001).
Loxosceles 
Conhecida como aranha‑marrom, não são agressivas, picando 
quando comprimidas contra o corpo. A picada quase sempre 
é imperceptível. No interior de domicílios, ao se refugiar em 
vestimentas, acaba provocando acidentes. 
Essas aranhas podem atingir 1 cm de corpo e até 3 cm de 
envergadura de pernas. Constroem teias irregulares em fissuras 
de barrancos, embaixo de cascas de árvores, telhas e tijolos, atrás 
de quadros e móveis e nos cantos de parede, sempre ao abrigo da 
luz direta. 
128
Universidade do Sul de Santa Catarina
Os sinais e sintomas podem ser de instalação lenta e progressiva, 
caracterizando‑se por dor, edema e eritema no local da picada. As 
picadas na face podem apresentar edema e eritema exuberantes. 
Podem se exacerbar nas primeiras 24 a 72 horas com o aparecimento 
de bolha de conteúdo seroso, edema, calor e rubor, com ou sem dor 
em queimação, presença de equimoses, lesões hemorrágicas focais, 
mescladas com áreas pálidas de isquemia e necrose.
Latrodectus
Conhecidas como viúvas‑negras, as fêmeas são pequenas 
com abdome globular e um desenho em forma de ampulheta 
no ventre. Os acidentes ocorrem normalmente quando são 
comprimidas contra o corpo. 
As fêmeas podem atingir 1 cm de comprimento e 3 cm de 
envergadura de pernas. Os machos são menores: atingem 3 mm 
de comprimento, não sendo causadores de acidentes. Constroem 
teias irregulares nas vegetações e apresentam hábitos domiciliares 
e peridomiciliares.
Inicialmente, a vítima apresenta dor de pequena intensidade. 
No período entre 15 a 60 minutos aparece uma sensação de 
queimadura no local. Também aparecem lesões puntiformes, 
hiperestesia e placa urticariforme.
Lycosidae 
Estas aranhas são conhecidas como aranha‑de‑grama ou 
aranha‑de‑jardim. Os acidentes, a despeito de frequentes, não 
estabelecem um problema de saúde pública. Não constroem teia e 
são encontradas nos gramados e jardins. Podem atingir até 3 cm 
de corpo e 5 cm de envergadura de pernas. 
Caranguejeiras 
Podem atingir até 20 cm de envergadura e se apresentam 
com variedade de coloridos e muitos pelos. Os acidentes são 
destituídos de importância. As vítimas apresentam irritação na 
Placa marmórea.
129
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
pele e nas mucosas em virtude do contato com os pelos urticantes 
liberados como forma de defesa.
4.4 Hymenopteros
Esta é a denominação dos insetos que possuem ferrões, como as 
abelhas, vespas e formigas.
As reações alérgicas ocorrem principalmente nos adultos. Os 
acidentes graves causados por picada de abelhas africanizadas, 
por exemplo, são consequência da maior agressividade dessa 
espécie e não em decorrência da composição do veneno.
Acidentes com abelhas
Em primeiro lugar, segue uma imagem detalhada apresentando 
as características das abelhas:
1 2
3
4
5
7
8
9
10
10
11
12
11
13
14 14
6
1 - ocelos
2 - cabeça
3 - olhos compostos
4 - antena
5 - mandíbula
6 - probóscide
7 - glossa
8 - maxila
9 - toráx
10 - asas
11 - espiráculo
12 - abdome
13 - aguilhão
14 - pernas
Figura 3.16 - Morfologia externa de Apis Mellifera 
Fonte: Adaptado de Fundação Nacional de Saúde (2001).
A diferença entre as abelhas e as vespas é que as primeiras 
apresentam o abdome mais afilado e, entre o tórax e o abdome, 
uma estrutura relativamente alongada (cintura). As abelhas 
possuem pelos ramificados na cabeça e no tórax.
130
Universidade do Sul de Santa Catarina
O veneno das abelhas e vespas é uma mistura complexa de 
substâncias químicas com atividades tóxicas como:
 � agentes bloqueadores neuromusculares, podendo 
provocar paralisia respiratória; 
 � ação destrutiva sobre as hemácias, produzindo hemólise;
 � ação neurotoxina de ação motora; e
 � fator granulador de mastócitos responsável pela liberação 
de histamina e serotonina. 
As reações desencadeadas pela picada são variáveis,de acordo 
com o local e o número de ferroadas, assim como as características 
e o passado alérgico da vítima. Os sinais e sintomas podem se 
apresentar na forma de alergia ou na forma tóxica, esta última 
geralmente quando resultante de múltiplas picadas.
Como manifestação local, geralmente a ferroada causa dor 
aguda local, que pode desaparecer em poucos minutos, seguido 
de vermelhidão, prurido (coceira) e edema por horas ou dias. A 
intensidade dessa reação inicial deve alertar para um possível 
estado de sensibilidade e exacerbação de resposta às picadas 
futuras. O edema fica endurecido nas primeiras 24 a 48 horas, 
diminuindo nos dias subsequentes. 
As picadas de abelhas também podem ter manifestações 
sistêmicas e evolução com anafilaxia, com sintomas de 
início rápido, dois a três minutos após a picada. Reação de 
hipersensibilidade pode ser desencadeada por uma única picada 
e causar o choque anafilático seguido de óbito. Além disso, há 
reações alérgicas que se manifestam vários dias após picada com 
artralgias (dor nas articulações), febre e encefalite.
A retirada dos ferrões da pele deverá ser feita por 
raspagem com lâmina, e não por pinçamento 
individual, pois a compressão do ferrão para a retirada 
poderá espremer a glândula ligada ao ferrão e inocular 
na vítima parte do veneno ainda existente.
131
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
Acidentes com vespas
São também conhecidas como marimbondos ou cabas. O veneno 
é pouco conhecido e produz reação de hipersensibilidade. As 
vespas não deixam o ferrão no local da picada. Os efeitos locais 
e sistêmicos do veneno são semelhantes aos das abelhas, porém 
menos intensos.
Acidentes com formigas
Algumas espécies de formigas possuem um aguilhão abdominal 
ligado a glândulas de veneno. A picada é dolorosa e pode provocar 
complicações, como: anafilaxia, necrose e infecção secundária.
De interesse médico são as formigas‑de‑fogo ou lava‑pés e as 
formigas saúvas. As formigas‑de‑fogo ou lava‑pés tornam‑se 
agressivas e atacam quando o formigueiro é ameaçado. A 
ferroada é muito dolorosa e a formiga é capaz de ferroar 10 a 12 
vezes, fixando suas mandíbulas na pele e ferroando, de modo 
repetido, o que leva a várias lesões pustulosas.
O veneno é constituído de alcaloides oleosos de efeito citotóxico, 
capaz de provocar reações alérgicas. Após a picada, forma‑se uma 
pápula no local. A dor é importante, mas cede e o local se torna 
pruriginoso. Depois de 24 horas, a pápula transforma‑se em 
pústula, que é reabsorvida entre 7 a 10 dias. O ato de coçar pode 
causar infecção das lesões. 
As saúvas, comuns em todo o Brasil, podem produzir lesões (cortes) 
na pele humana com as potentes mandíbulas. O atendimento 
pré‑hospitalar consiste do uso imediato de compressas frias nos 
locais atingidos.
4.5 Lepidópteros
A ordem Lepidóptera conta com mais de 150.000 espécies. A 
quase totalidade dos acidentes acontece por contato com lagartas, 
conhecidas também por taturana ou tatarana.
132
Universidade do Sul de Santa Catarina
As lagartas sauí, lagarta‑de‑fogo, chapéu‑armado, taturanagatinho, 
taturana‑de‑flanela são da família Megalopygidae, e apresentam 
dois tipos de cerdas: 
 � as verdadeiras, pontiagudas com as glândulas basais de 
veneno; e
 � cerdas mais longas, coloridas e inofensivas.
As lagartas orugas ou rugas, beijus‑de‑tapuru‑de‑seringueira 
da família saturniidae apresentam “espinhos” ramificados e 
pontiagudos de aspecto arbóreo, com glândulas de veneno nos 
ápices. Têm tonalidades esverdeadas, exibindo no dorso e nas 
laterais manchas e listras. Nessa família, estão lagartas do gênero 
Lonomia, que causam síndrome hemorrágica. 
As manifestações da dermatite urticante, causada pelo contato 
com as lagartas, são: dor local intensa, edema, eritema e, 
eventualmente, prurido local. Pode haver infartamento 
ganglionar doloroso. Nas primeiras 24 horas, a lesão pode 
apresentar vesículas e até bolhas e necrose, na área do contato. 
Geralmente, a evolução é boa com regreção dos sinais 
sintomáticos em dois a três dias.
O acidente com Lonomia é a forma mais grave, além da 
dermatite urticante, presente imediatamente após o contato, 
a vítima pode apresentar cefaleia, mal‑estar geral, náuseas e 
vômitos, ansiedade, mialgias e, em menor frequência, dores 
abdominais, hipotermia e hipotensão. 
Após 48 horas, instala‑se um quadro de discrasia sanguínea, que 
pode estar acompanhado de manifestações hemorrágicas que 
costumam aparecer entre oito a 72 horas após o contato, dentre 
as quais:
 � equimoses e hematomas espontâneo ou resultantes de 
trauma ou em lesões cicatrizadas;
 � hemorragias de cavidades mucosas; 
 � hematúria macroscópica; 
 � sangramentos em feridas recentes;
Gengivorragia, epistaxe, 
hematêmese, enterorragia. 
133
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
 � hemorragias intra‑articulares, abdominais, pulmonares, 
glandulares; e
 � hemorragia intraparenquimatosa cerebral.
Como podemos prevenir acidentes com animais 
peçonhentos e venenosos? Caso não tenha sido feita 
a prevenção, quais são os primeiros socorros a serem 
tomados?
Vejamos cada um dos casos, de acordo com a Fundação Nacional 
de Saúde (2001):
 � Ofidismo
Vejamos algumas dicas para prevenção de acidentes:
Usar botas de cano alto ou perneira de couro, botinas 
e sapatos. Isso evita cerca de 80% dos acidentes. Cerca 
de 15% das picadas atinge mãos ou antebraços, por isso 
é importante o uso de luvas de aparas de couro para 
manipular folhas secas, montes de lixo, lenha, palhas etc. 
Não colocar as mãos em buracos; cobras gostam de se 
abrigar em locais quentes, escuros e úmidos. Ter cuidado 
ao mexer em pilhas de lenha, palhadas de feijão, milho ou 
cana e ao revirar cupinzeiros. 
Onde há rato, há cobra. Limpar paióis e terreiros, não 
deixar amontoar lixo. Fechar buracos de muros e frestas 
de portas. É importante, também, evitar acúmulo de 
lixo ou entulho, de pedras, tijolos, telhas, madeiras, bem 
como mato alto ao redor das casas, que atraem e abrigam 
pequenos animais que servem de alimentos às serpentes.
Quais são os primeiros socorros:
 » lavar o local da picada apenas com água ou com água 
e sabão;
 » manter o paciente deitado;
134
Universidade do Sul de Santa Catarina
 » manter o paciente hidratado;
 » procurar o serviço médico mais próximo;
 » se possível, levar o animal para identificação.
Vimos os procedimentos adequados. Agora, preste atenção ao 
que não deve ser feito:
 » torniquete ou garrote;
 » cortar o local da picada;
 » perfurar ao redor do local da picada;
 » colocar folhas, pó de café ou outros contaminantes;
 » oferecer bebidas alcoólicas, querosene ou outros tóxicos.
 � Aracnídeos
Vejamos algumas dicas para prevenção de acidentes:
É importante manter jardins e quintais limpos, assim 
como evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo 
doméstico, material de construção nas proximidades das 
casas. Deve‑se evitar folhagens densas junto a paredes 
e muros das casas e manter a grama aparada. Também 
é importante a limpeza periódica de terrenos baldios 
vizinhos, pelo menos numa faixa de um a dois metros 
junto das casas.
Deve‑se ter cuidado com roupas e sapatos: vale a pena 
sacudi‑los antes do uso, pois eles constam como locais 
de esconderijo às aranhas e aos escorpiões. Não se deve 
colocar as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres. 
É comum a presença de escorpiões sob dormentes da 
linha férrea, portanto o uso de calçados e de luvas de 
raspas de couro pode evitar acidentes.
Como muitos desses animais apresentam hábitos 
noturnos, a entrada nas casas pode ser evitada, 
vedando‑se as soleiras das portas e janelas quando 
Plantas ornamentais, trepadeiras, 
arbusto, bananeiras, entre outras. 
135
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
começar a escurecer. No mesmo ambiente, vale usar telas 
em ralos do chão, pias ou tanques. Esse procedimento 
combate a proliferação de insetos, o que evita o 
aparecimento das aranhas que deles se alimentam. Nas 
casas, é importante vedar frestas e buracosem paredes, 
assoalhos e vãos entre o forro e as paredes, consertar 
rodapés despregados, colocar saquinhos de areia nas 
portas, afastar as camas e os berços das paredes e evitar 
que roupas de cama e mosquiteiros fiquem encostados 
no chão. Não é recomendado que as roupas sejam 
penduradas nas paredes e é sempre bom examinar roupas 
principalmente camisas, blusas e calças antes de vestir, 
assim como inspecionar sapatos e tênis antes de usá‑los.
Não devemos esquecer de acondicionar lixo domiciliar 
em sacos plásticos ou outros recipientes que possam ser 
mantidos fechados para evitar baratas, moscas ou outros 
insetos de que se alimentam os escorpiões. Por outro 
lado, vale a pena preservar os inimigos naturais de 
escorpiões e aranhas. 
Quais são os primeiros socorros:
 » lavar o local da picada;
 » usar compressas mornas para ajudar no alívio da dor;
 » procurar o serviço médico mais próximo;
 » se possível, levar o animal para identificação.
 � Abelhas e vespas
Vejamos algumas dicas para prevenção de acidentes:
A remoção das colônias de abelhas e vespas situadas 
em lugares públicos ou residências deve ser efetuada 
por profissionais devidamente treinados e equipados. 
Você deve evitar aproximação de colmeias de abelhas 
africanizadas Apis mellifera sem estar com vestuário e 
equipamento adequados, assim como a aproximação dos 
ninhos quando as vespas estiverem em intensa atividade, 
cujo pico é atingido geralmente entre 10 e 12 horas.
Aves de hábitos 
noturnos (coruja, 
joão-bobo), lagartos, 
sapos, galinhas, gansos, 
macacos, coatis etc. 
Macacão, luvas, máscara, 
botas, fumigador etc.
136
Universidade do Sul de Santa Catarina
Evite, também, caminhar e correr na rota de voo 
percorrida pelas vespas e abelhas e aproximar o rosto de 
determinados ninhos de vespas, pois algumas esguicham 
o veneno no rosto do operador, podendo provocar sérias 
reações nos olhos. Evite a aproximação dos locais onde 
as vespas estejam coletando materiais: hortaliças e outras 
plantações, onde procuram lagartas e outros insetos para 
alimentar sua prole; flores (coleta de néctar); galhos, 
troncos e folhas (coletam fibras para construir ninhos 
de celulose); locais com água, principalmente em dias 
quentes, outras fontes de proteína animal e carboidratos, 
como frutas caídas, caldo de cana‑de‑açúcar (carrinhos 
de garapeiros), pedaços de carne e lixo doméstico.
Barulhos, perfumes fortes, desodorantes, o suor 
do corpo e cores escuras (principalmente preta e 
azul‑marinho) desencadeiam o comportamento agressivo 
e, consequentemente, o ataque de vespas e abelhas.
Quais são os primeiros socorros:
 » em caso de acidente provocado por múltiplas picadas de 
abelhas ou vespas, levar o acidentado rapidamente ao 
hospital e alguns dos insetos que provocaram o acidente;
 » a remoção dos ferrões pode ser feita, desde que sejam 
raspados com lâminas, evitando a remoção com 
pinças, pois esse procedimento provoca a compressão 
dos reservatórios de veneno, o que resulta na 
inoculação do veneno ainda existente no ferrão.
 � Lepidópteros (Lonomia)
Vejamos algumas dicas para prevenção de acidentes:
Os acidentes ocorrem geralmente na manipulação 
de troncos de árvores frutíferas e jardinagem. 
Verifique previamente a presença de folhas roídas na 
copa, nos casulos e nas fezes de lagartas no solo com 
seu aspecto típico, semelhante a grãos dessecados de 
pimenta‑do‑reino. Observe, durante o dia, os troncos das 
árvores, locais onde as larvas poderão estar agrupadas. À 
noite, as taturanas dirigem‑se para as copas das árvores e 
Seringueiras, araticuns, cedro, 
figueiras-do-mato, ipês, 
pessegueiros, abacateiros, 
ameixeiras etc.
137
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
se alimentam de folhas. É importante o uso de luvas de 
borracha, especialmente quando se tem contato frequente 
com as plantas.
Quais são os primeiros socorros:
 » lavar imediatamente a área afetada com água e sabão;
 » usar compressas com gelo ou água gelada que auxiliam 
no alívio da dor;
 » procurar o serviço médico mais próximo;
 » se possível, levar o animal para identificação.
Síntese
Na seção 1, você teve oportunidade de aprender aspectos 
importantes relacionados ao atendimento inicial da vítima de 
trauma a partir da Etapa A B C D E. A abordagem inicial 
às vitimas de queimadura lhe foi apresentada na Seção 2, 
considerando a avaliação da cena e biossegurança como aspectos 
fundamentais no APH, seguidos da avaliação primária e 
secundária a partir das especificidades desse tipo de trauma.
Na seção 3, você entrou em contato com aspectos fundamentais 
na abordagem à vítima de intoxicação exógena no APH e 
foi informado sobre a existência do Centro de Informação 
Toxicológica (CIT), local de orientação sobre o que fazer ou não 
fazer no APH.
Finalmente, na Seção 4 foi abordado o APH à vítima de 
acidentes com os animais peçonhentos e venenosos, com destaque 
para o ofidismo, o escorpionismo, o araneísmo, os acidentes com 
hymenopteros e lepidópteros.
138
Universidade do Sul de Santa Catarina
Atividades de autoavaliação
1) No atendimento pré-hospitalar o socorrista, ao chegar na cena, deve 
estabelecer duas prioridades, antes do início da avaliação individual das 
vítimas. Cite-as.
2) O Exame Primário e Secundário, bem como a ordem de prioridades 
para um atendimento ideal à vítima de trauma, deve seguir o ABCDE. 
Explique, de forma sucinta, o significado de cada uma dessas etapas.
3) No atendimento à vítima de trauma que apresente lesões com 
sangramento, o socorrista pode identificar três tipos de sangramento. 
Cite e explique cada um deles.
139
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
4) De acordo com o PHTLS (2007), o controle da hemorragia externa, na 
vítima de trauma, pode ser feito em duas etapas. Cite-as e explique 
cada uma delas.
5) O exame primário começa com uma visão simultânea ou global do 
estado respiratório, circulatório e neurológico da vítima para identificar 
quaisquer problemas externos significativos óbvios, com respeito à 
oxigenação, circulação, hemorragia ou deformidades flagrantes. Como 
obter essa impressão geral?
6) Além da segurança requerida na cena, os socorristas necessitam 
usar EPIs: Barreiras físicas (luvas, máscaras faciais, proteção ocular, 
aventais) para impedir contágios a partir de fluídos corporais. Outros 
equipamentos de barreira são essenciais para a garantia da segurança 
do socorrista: como são chamados esses EPIs? 
140
Universidade do Sul de Santa Catarina
7) A prioridade inicial no atendimento à vítima de queimadura é a 
manutenção da permeabilidade das vias aéreas. 
a) No caso da queimadura ter resultado de uma explosão ou de um 
acidente com desaceleração existe a possibilidade de uma lesão 
medular. Como proceder nessa situação?
b) A exposição a gases aquecidos e fumaça da combustão de materiais 
geralmente causa danos ao aparelho respiratório. Qual é sinal de 
obstrução iminente de parada respiratória?
8) A exposição do tórax facilita a avaliação da respiração, o que pode ser 
uma medida indireta das trocas ventilatórias. Ventilação prejudicada 
e má oxigenação também podem estar relacionadas à inalação de 
fumaça e/ou intoxicação por monóxido de carbono. Na evidência de 
situações dessa natureza, como o socorrista deve proceder?
9) As vítimas de queimaduras de segundo grau apresentam bolhas. Por 
que essas bolhas não podem ser rompidas no ambiente pré-hospitalar?
141
Suporte Básico da Vida
Unidade 3
10) Qual é o atendimento preconizado para as feridas das vítimas de 
queimaduras no ambiente pré-hospitalar?
11) Na asfixia por gás cianeto, ocorre intoxicação do metabolismo celular, 
impedindo o uso do oxigênio pela célula. Quais são os sinais e sintomas 
apresentados pela vítima?
12) As queimaduras elétricas causam lesões devastadoras e, em muitos 
casos, a extensão da lesão tecidual aparente não reflete com exatidão 
a magnitude da lesão. A destruição e morte tecidual podem ser muito 
extensas em comparação ao trauma aparente, porque grande parte

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