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3UNIDADE 3Primeiros Socorros no ambiente pré‑hospitalar Objetivos de aprendizagem � Aprender a realizar avaliação e atendimentos à vítima de trauma. � Aprender a fazer a abordagem inicial à vítima de queimaduras. � Saber como prestar o atendimento inicial à vítima de intoxicação exógena. � Aprender a fazer a abordagem inicial à vítima de acidentes com animais peçonhentos e venenosos. Seções de estudo Seção 1 Abordagem inicial à vítima de trauma Seção 2 Abordagem inicial à vítima de queimaduras Seção 3 Abordagem inicial à vítima de intoxicações exógenas Seção 4 Abordagem inicial à vítima de acidentes com animais peçonhentos e venenosos 80 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Nesta unidade, na seção 1, você terá contato com conteúdos inerentes à abordagem inicial às vítimas de trauma a partir das etapas representadas pelas siglas ABCDE. Na seção 2 será discutida a abordagem inicial às vítimas de queimaduras. Na seção 3 apresentaremos as formas de intoxicação mais comuns e as abordagens às vítimas. Para finalizar, na seção 4 trataremos do atendimento às vítimas de acidentes com animais peçonhentos. Vale frisar que todas essas abordagens situam‑se no ambiente pré‑hospitalar. Seção 1 – Abordagem inicial à vítima de trauma O conteúdo desenvolvido nesta seção tem como referência o PHTLS (Pre‑Hospital Trauma Life Support) (2007) que trata e discute, de forma sucinta, aspectos importantes do atendimento inicial à vítima de trauma, enfatizando os princípios que fazem a diferença nesse tipo de atendimento, a saber: � o estabelecimento de prioridade; � a realização da avaliação inicial e a impressão geral da vítima; � a realização do exame da vítima, obedecendo as etapas ABCDE. Você sabe o que significam as siglas ABCDE? A – atendimento das vias aéreas e imobilização da coluna cervical; B – respiração (ventilação); C – circulação e sangramento; D – avaliação neurológica; e E – exposição para exame físico e proteção do ambiente. 81 Suporte Básico da Vida Unidade 3 Para apresentar esse tema, O PHTLS toma por base o ATLS, o que significa Advanced Trauma Life Support. A avaliação da vítima de trauma é fundamental para o atendimento adequado, por ser considerada a base para as decisões sobre o que fazer e o que não fazer no ambiente pré‑hospitalar. Antes de qualquer coisa, precisamos determinar a situação da vítima. Na determinação de situações de risco de vida, o processo de RCP deve ser iniciado o mais rápido possível. O conhecimento dos valores dos sinais vitais serve de parâmetros para reavaliações posteriores e é imprescindível para o sucesso do atendimento. Todas as avaliações e tratamentos devem ser realizados com rapidez e eficiência, pois vítima grave só pode permanecer no local do trauma enquanto é estabilizada para a remoção. Vamos estabelecer, portanto, quais são as prioridades dadas ao atendimento. 1. Avaliar a cena Em primeiro lugar, o socorrista deverá avaliar a cena. O socorrista deve ter em mente quais são suas prioridades ao chegar no ambiente do acidente; a primeira delas consiste do estabelecimento da segurança e da natureza da situação, antes do início da avaliação individual da(s) vítima(s). Na avaliação/dimensionamento da cena, o socorrista inicia o processo de coleta de informações: � avaliando o local; � observando familiares e testemunhas; e � obtendo uma impressão geral antes de se aproximar da(s) vítima(s). Dois componentes estão incluídos nessa avaliação: segurança e situação. 82 Universidade do Sul de Santa Catarina Segurança Quando a cena estiver oferecendo riscos, o socorrista deve manter‑se afastado até que equipes apropriadas tenham garantido a segurança da equipe e da(s) vítima(s). O socorrista deve retirar qualquer vítima em situação perigosa para uma área segura antes de iniciar a avaliação e o tratamento. Devem ser avaliados todos os perigos/riscos possíveis. Vejamos exemplos de perigos ou riscos: fogo, linhas elétricas caídas, explosivos, materiais contaminantes, incluindo sangue ou fluidos corporais, tráfego de veículos, armas (revólveres, facas) ou condições ambientais inadequadas. Situação O socorrista deve fazer várias perguntas a si mesmo e aos que compõem a cena para ajudar nesta abordagem. As perguntas são do tipo: � O que realmente aconteceu aqui? � Qual foi o mecanismo de trauma (biomecânica) e que forças e energias provocaram as lesões na(s) vítima(s)? � Quantas pessoas estão envolvidas e quais são as suas idades estimadas? � É necessária ambulância? � São necessários outros recursos ou pessoal? � Será usado equipamento especial para salvamento ou retirada de ferragens? � A vítima necessitará de transporte aéreo? Depois da avaliação da cena, é necessário realizar a avaliação inicial. Vamos ver como ocorre esse procedimento? Polícia, bombeiros, companhia elétrica, entre outros. 83 Suporte Básico da Vida Unidade 3 2. Avaliar a(s) vítima(s) Inicialmente, o socorrista deve assegurar o atendimento às vítimas nas condições: � que possam resultar em perda de vida, falta de oxigenação; � que possam resultar em perda dos membros, e finalmente as condições; � que não ameaçam a vida ou a perda de membros. Avaliação inicial e impressão geral Na vítima traumatizada, a prioridade máxima é a identificação e o conhecimento rápido de condições com risco de morte. Mais de 90% das vítimas traumatizadas têm somente ferimentos simples, envolvendo apenas um sistema. Para essas vítimas, há tempo para fazer tanto o exame primário quanto o secundário. Para vítimas traumatizadas graves, o socorrista precisa direcionar-se para avaliação, começando a reanimação e o transporte ao hospital o mais rápido possível. Impressão Geral O exame primário começa com uma visão simultânea ou global do estado respiratório, circulatório e neurológico da vítima, para identificar quaisquer problemas externos significativos óbvios, com respeito: � à oxigenação; � à circulação; � à hemorragia; ou � às deformidades flagrantes. Por exemplo, uma fratura isolada de um membro. 84 Universidade do Sul de Santa Catarina Como obter a impressão geral? O socorrista, ao abordar a vítima, observará o seguinte: � ela está respirando adequadamente? � está acordada ou sem resposta? � consegue se sustentar? � apresenta movimentação corporal espontânea? Uma verificação rápida do pulso permitirá avaliar a presença, a qualidade e a frequência da atividade circulatória. O socorrista pode ter uma boa orientação sobre o acontecimento por meio de duas perguntas: “O que aconteceu?” e “Onde aconteceu?”. O socorrista pode sentir, simultaneamente, a temperatura e umidade da pele e perguntar à vítima “o que aconteceu?”. A resposta verbal indica o estado geral e possibilita avaliar as condições em que a vítima se encontra. “Onde aconteceu o incidente?” é a pergunta de seguimento que o socorrista deve fazer enquanto verifica a cor da pele e o enchimento capilar da vítima. Depois disso, deve‑se realizar um rápido exame cefálo‑caudal, com as duas mãos, procurando por sinais de sangramento e deformidades. Num período que varia de 15 a 30 segundos, o socorrista terá uma impressão geral da condição global da vítima. Uma vez determinada a impressão geral, os exames primário e secundário devem ser realizados, a menos que haja uma complicação que exija mais cuidados ou avaliação específica. O Exame Primário e Secundário, bem como a ordem de prioridades para um atendimento ideal à vítima de trauma, deve seguir o ABCDE, apresentado nas etapas seguintes: Das vias aéreas, da respiração e do estado neurológico. Da cabeça à coluna vertebral. 85 Suporte Básico da Vida Unidade 3 Etapa A – Vias aéreas e imobilização da coluna cervical As vias aéreas devem ser rapidamente verificadas para assegurar que estão abertas e limpas (permeáveis) e que não existe perigo de obstrução. Se as vias aéreas estiveremobstruídas, por relaxamento da base da língua sobre a hipofaringe ou por corpos estranhos, terão de ser abertas através de método manual: � imobilização da coluna cervical e levantamento do queixo ou tração da mandíbula. Se necessário fazer: � retirada de sangue, secreções ou corpos estranhos. Leve em consideração o fato de que, numa vítima com trauma do tórax, a realização de manobras de compressão, para retirada de corpos estanhos, deve ser realizada com cautela após a impressão geral para evitar complicações. Quando realizar o procedimento da abertura das vias aéreas, tenha cuidado com a coluna cervical, pois o movimento excessivo pode tanto causar quanto agravar lesões neurológicas. Uma vez que o socorrista tenha imobilizado o pescoço da vítima manualmente, ou com o uso do colar, deverá, então, imobilizar toda a coluna vertebral da vítima, alinhando todo o corpo. Esse procedimento será mais efetivo com o uso de uma prancha rígida. Etapa B – Respiração (ventilação) Na presença de via aérea pérvia, a qualidade e a profundidade da ventilação da vítima devem ser avaliadas, de acordo com os seguintes passos: � Verifique se a vítima está respirando. � Na presença de respiração, observe a elevação do tórax. � Verifique o ritmo e a frequência respiratória. � Se a vítima estiver consciente, observe se ela consegue falar uma frase inteira sem dificuldade. 86 Universidade do Sul de Santa Catarina � Na ausência de respiração, inicie a RCP imediatamente. Etapa C – Circulação e Sangramento Nesta etapa, é decisivo avaliar o comprometimento ou a falência do sistema circulatório, por isso o socorrista deve identificar e controlar a hemorragia externa. A avaliação geral do estado circulatório da vítima é realizada verificando‑se: � a presença e a regularidade do pulso; � a coloração, temperatura e umidade da pele; e � o tempo de enchimento capilar. O tempo de enchimento capilar é realizado pressionando‑se o leito ungueal, conforme Figura 3.1: Figura 3.1 - Verificação do tempo de enchimento capilar Fonte: Ilustrada por Edison Rodrigo Valim. Esse procedimento remove o sangue do leito dos capilares visíveis, assim como a taxa de retorno. É uma ferramenta útil para estimar o fluxo sanguíneo por meio dessa parte mais distal da circulação. Tempo de enchimento capilar maior de dois segundos indica que os leitos capilares não estão recebendo sangue de modo adequado. Há três tipos de hemorragia externa, representadas na Figura 3.2: 87 Suporte Básico da Vida Unidade 3 SANGRAMENTO Arterial Venoso Capilar Figura 3.2 - Tipos de sangramentos Fonte: Ilustrada por Edison Rodrigo Valim. Como é feita essa classificação? São três os tipos de sangramentos: o capilar, o venoso e o arterial. Vejamos um pouco mais sobre cada um deles: Sangramento capilar Causado por lesão de pequenos vasos sanguíneos, localizados imediatamente abaixo da superfície da pele. Em geral o sangramento capilar terá diminuído, ou mesmo cessado, antes da chegada da equipe pré‑hospitalar no local do acidente. Sangramento venoso Provém de camadas mais profundas do tecido. O sangue é vermelho escuro, e em geral é controlado mediante uma pressão direta moderada no local. Geralmente não ameaça a vida, a não ser que a lesão seja grave ou o sangramento não seja controlado. Sangramento arterial Causado por lesão a uma artéria. Esse é o sangramento mais importante e, também, o mais difícil de ser controlado. É caracterizado por um sangue vermelho vivo que jorra da ferida. Mesmo uma ferida perfurante pequena pode produzir uma hemorragia que ameace a vida, quando atingir uma artéria de grosso calibre. 88 Universidade do Sul de Santa Catarina Como fazer o controle da hemorragia externa? A hemorragia externa pode ser controlada de acordo com as seguintes etapas, utilizadas em ordem sequencial: 1. Pressão direta O controle do sangramento deve ser feito com aplicação de pressão no local do sangramento, vide Figura 3.3. Figura 3.3 - Controle sangramento com pressão direta Fonte: Ilustrada por Edison Rodrigo Valim. A pressão manual pode ser realizada no momento da colocação de gazes, ou compressas, diretamente sobre a lesão. Aplicar pressão exige dedicação do socorrista, por isso pode ser improvisado um curativo compressivo a partir da utilização de uma faixa sobre as gazes ou compressas. 2. Torniquetes São eficazes no controle do sangramento e devem ser utilizados caso a pressão direta ou o curativo compressivo não foram eficazes no controle da hemorragia. Como o torniquete é feito? » Envolva faixas largas de pano no membro afetado logo acima do ferimento; » Faça um meio nó e coloque um pedaço de madeira; 89 Suporte Básico da Vida Unidade 3 » Dê um nó completo e torça o pedaço de madeira até parar a hemorragia; » Amarre o local e anote o horário; » Afrouxe a cada 10 minutos. O controle de hemorragia é uma prioridade. O controle rápido da perda de sangue é um dos objetivos mais importantes no tratamento de uma vítima traumatizada. O exame primário não pode seguir adiante se o sangramento não estiver controlado. Após a avaliação e correção das vias aéreas, respiração e circulação, o socorrista deve seguir com a avaliação da função cerebral. Etapa D – Avaliação neurológica Nesta etapa, realizar a avaliação da função cerebral, com o objetivo de determinar o nível de consciência da vítima e inferir a presença de hipóxia. Uma vítima agressiva, combativa ou não cooperativa poderá estar com hipóxia ou intoxicada. Durante o exame, o socorrista deve determinar, a partir do histórico, em que momento a vítima perdeu a consciência, se existem substâncias tóxicas envolvidas, bem como condições preeexistentes que possam ter produzido a diminuição do nível de consciência ou o comportamento anormal. A diminuição da consciência deve alertar o socorrista para quatro possibilidades: � oxigenação cerebral diminuída; � lesão do Sistema Nervoso Central (SNC); � intoxicação por drogas, entre elas o álcool; e � distúrbio metabólico, como na diabetes e na convulsão. O nível de consciência da vítima pode também ser avaliado aplicando‑se primeiramente o AVDI. Também, a escala de coma de Glasgow (ECG) é uma ferramenta utilizada para determinar o nível de consciência. Quando há pouca oxigenação no cérebro. 90 Universidade do Sul de Santa Catarina A ECG é dividida em três níveis: � resposta verbal; � abertura ocular; e � resposta motora. Vejamos um pouco mais sobre cada um desses níveis no Quadro 3.1: Escala de Coma de Glasgow Parâmetros Escore Melhor resposta verbal Nenhuma Sons incompreensíveis Palavras inadequadas Confusa Orientada 1 2 3 4 5 Abertura dos olhos Nenhuma Resposta à dor Resposta à fala Espontânea 1 2 3 4 Melhor resposta motora Nenhuma Descerebração (extensão anormal dos membros) Decortificação (flexão anormal dos membros superiores) Retirada Localiza o estímulo doloroso Obedece ao comando verbal 1 2 3 4 5 6 TOTAL 15 Quadro 3.1 - Escala de Coma de Glasgow Fonte: Elaborado pelo autor (2011). Como é utilizada a ECG? O socorrista pontua a vítima, conforme escores estipulados na tabela e de acordo com a sua melhor resposta em cada um dos itens avaliados. 91 Suporte Básico da Vida Unidade 3 A resposta verbal pode ser avaliada utilizando‑se o seguinte questionamento: o que aconteceu com você? Se a vítima estiver orientada, responderá coerentemente e receberá pontuação 5. Se estiver apresentando confusão mental, receberá pontuação 4 e assim sucessivamente. No caso de não resposta por parte da vítima, a pontuação será de 1. Para avaliar a abertura ocular, o socorrista deve observar, em primeiro lugar, se a abertura é palpebral espontânea. Nesse caso, a pontuação é 4. Se a abertura não for espontânea, o socorrista pode solicitar à vítima abrir os olhos ou, ainda, fazer um estímulo doloroso e observar a sua resposta. Finalmente, para avaliar a resposta motora, o socorrista deveconferir se a vítima obedece ao comando verbal, consegue localizar um estímulo doloroso, apresenta postura de extensão/ flexão dos membros superiores ou inferiores anormais ou não apresenta resposta motora. Finalizada a Etapa D, seguimos à Etapa E: Etapa E – Exposição para exame físico e proteção do ambiente Esta etapa trata de realizar a exposição da vítima, procedimento fundamental para identificar todas as possíveis lesões. Com a retirada das vestimentas, a vítima deve ser protegida, conservando o calor corporal, pois a hipotermia é um problema grave no traumatizado. A seguir apresentaremos um roteiro que serve de guia para a realização da avaliação secundária. Avaliação secundária � Cabeça O exame visual e a palpação da cabeça e da face podem revelar lesões, hemorragia, defeitos nos ossos da face e do couro cabeludo e/ou anormalidades nos olhos, nas pálpebras, no pavilhão auricular e nariz. Esse é o momento para identificar a presença de sangramento ou a drenagem de líquor e/ou outros sinais de lesões/ fraturas com deformidades e edemas. Também Ocorre quando as temperaturas ficam abaixo de 36-36,5 ºC. Líquido transparente com brilho. 92 Universidade do Sul de Santa Catarina é importante observar as pupilas para verificar a reatividade à luz, o tamanho e a simetria. � Pescoço O exame visual do pescoço pode identificar contusões, abrasões, lacerações e outras deformidades. A palpação pode revelar enfisema subcutâneo. A ausência de dor na coluna cervical pode ajudar a descartar fraturas cervicais, enquanto dor à palpação sugere a presença de lesões. Você deverá realizar a palpação, com as duas mãos simultaneamente, com cuidado, tendo certeza de que o pescoço permaneça em posição anatômica, com uma leve curvatura. � Tórax O exame visual pode identificar deformidades, contusões, abrasões, ferimentos penetrantes. O socorrista deve ficar atento: uma pequena área de fratura pode indicar uma contusão pulmonar grave. A palpação do tórax pode, também, mostrar deformidades e presença de enfisema subcutâneo. � Abdome Procure observar feridas penetrantes, equimoses e eviscerações. Ferimentos na pele podem ser indicativos para a possibilidade de lesões próximas. A área abdominal, junto à cicatriz umbilical, deve ser examinada cuidadosamente à procura de uma contusão, ferimento resultante da ruptura de vasos sanguíneos com acúmulo de sangue sob a epiderme, resultante do posicionamento incorreto do cinto de segurança. O exame do abdome também inclui palpação de cada quadrante para verificar se a dor está presente e há posição de defesa do músculo abdominal. Presença de ar no tecido subcutâneo. Ar embaixo da pele. Equimoses Pontos arroxeados. Eviscerações Saída das vísceras para o meio externo. 93 Suporte Básico da Vida Unidade 3 � Pelve Procure lesões e sinais de fraturas. Fraturas pélvicas podem produzir hemorragia interna maciça, resultando gravidade à condição da vítima. A pelve deve ser palpada uma só vez, à procura de instabilidade, durante o exame secundário. A palpação pode agravar a hemorragia, por isso esta etapa do exame não deve ser repetida. A palpação da pelve é realizada com pressão suave ântero‑posterior. A sínfise púbica também é palpada. Avaliar a dor e o movimento anormal. Deve‑se suspeitar de hemorragia se alguma evidência de instabilidade óssea for encontrada. � Extremidades Iniciar da clavícula, na extremidade superior, e da pelve, na extremidade inferior, e prosseguir em direção à porção mais distal de cada membro. Observar presença de deformidade, hemorragias ou equimose, e realizar palpação para determinar presença de crepitação óssea; neste caso, geralmente a dor e a sensibilidade estão presentes. Na suspeita de fratura, realize a imobilização, após verificar pulsos, temperatura, sensibilidade e coloração das extremidades. � Dorso Realize o exame quando a vítima for colocada na posição lateral, durante o rolamento para a prancha rígida, por meio da palpação da coluna vertebral para identificar sensibilidade e deformidades. No caso de instabilidade circulatória, a Etapa E pode ser realizada durante o Transporte da vítima para a Emergência Hospitalar. De cima para baixo e latero-lateral. Membros superiores e inferiores. Ruído característico na presença de fratura. 94 Universidade do Sul de Santa Catarina Seção 2 – Abordagem Inicial à vítima de queimaduras As queimaduras, conforme Silveira et al. (2004), são lesões que podem levar à: � desfiguração; � incapacidade; e � morte. De acordo com Ronald et al. (2007), os avanços no manejo de queimaduras nas últimas três décadas vêm contribuindo com a melhora da sobrevida e a redução de morbidade nas vítimas de grandes queimaduras. Por isso, com a evolução no cuidado aos queimados surgiu a necessidade de investimentos no atendimento pré‑hospitalar, além de outras áreas. Exemplos dessas outras áreas são o transporte e o atendimento de emergência. Os serviços de atendimento pré‑hospitalar usam protocolos para padronizar o atendimento. Assim, a vítima de queimadura é avaliada como uma vítima de trauma, sendo a queimadura abordada no momento adequado, conforme Silveira et al. (2004). Cena No atendimento pré‑hospitalar, de acordo com o PHTLS (2007), é imperativo avaliar o local para assegurar que a cena esteja segura e considerar cuidadosamente a natureza exata da situação, garantindo a segurança do socorrista, no que diz respeito a lesões e intoxicações, e definindo a necessidade de remoção imediata da vítima da cena. Para Silveira et al. (2004), a cena precisa estar segura para que haja o atendimento no local. Caso a cena não esteja segura, é preciso torná‑la segura ou remover a vítima para um local seguro. Essa medida visa à segurança tanto da vítima como 95 Suporte Básico da Vida Unidade 3 dos socorristas envolvidos com o atendimento. Ao cuidar de vítimas com queimaduras elétricas, certifique‑se de que a fonte de eletricidade tenha sido desligada. Além disso, no caso de queimaduras químicas, o contato com o produto pode causar queimaduras até mesmo no socorrista. Biossegurança Além da segurança requerida na cena, os socorristas necessitam usar EPIs: (Equipamentos de Proteção Individual) Barreiras físicas para impedir contágios a partir de fluídos corporais. Além dos equipamentos de barreira, o uso e treinamento para EPIs de nível B são essenciais para a garantia da segurança do socorrista. (PHTLS, 2007). A primeira medida a ser realizada em cena com fogo é o uso de Jato neblinado. Apesar de não apagar o fogo, o Jato diminui a temperatura local, que pode variar de 600 a 1000 graus centígrados. Avaliação primária em vítimas de queimaduras A avaliação primária de uma vítima na cena, de acordo com o PHTLS (2007), tem por meta avaliar e tratar imediatamente os problemas com risco de vida em ordem de prioridade. A abordagem inicial da vítima de queimaduras é semelhante àquela destinada à vítima de trauma com atenção voltada para as mesmas etapas – ABCDE. Vejamos quais são as especificidades nesse caso: � Etapa A A prioridade inicial no atendimento à vítima de queimadura é a manutenção da permeabilidade das vias aéreas. No caso da queimadura ter resultado de uma explosão ou de um acidente com desaceleração, existe a possibilidade de uma lesão medular. Por isso, a adequada estabilização da coluna cervical deve ser realizada por todos os meios necessários, incluindo um colar cervical Luvas, máscaras faciais, proteção ocular, aventais etc. Consiste de roupas de proteção contra respingos, resistentes a substâncias químicas e fontes autônomas de respiração. 96 Universidade do Sul de Santa Catarina para manter a cabeça imobilizada até que a condição possa ser avaliada por um médico. A exposição a gases aquecidos e fumaça da combustão de materiais geralmente causa danos ao aparelho respiratório. No caso de calor direto nas vias aéreas,a vítima evolui com edema acima das cordas vocais e obstrução das vias aéreas. A rouquidão progressiva é um sinal de obstrução iminente e de parada respiratória. Por isso, fique atento a esse sinal. Vítimas de queimaduras que se apresentarem inconscientes, com dificuldade respiratória aguda e queimaduras no rosto ou pescoço, necessitam de ventilação assistida com oxigênio a 100% umidificado. Nesses casos, é imprescindível o atendimento de suporte avançado de vida, o mais rápido possível: providencie transporte imediato para vítimas nessas condições. � Etapa B Em decorrência de queimaduras circunferenciais na parede torácica, pode ocorrer diminuição da expansão pulmonar e dificuldade de respiração. Por isso, a indicação de um procedimento cirúrgico, chamado escarotomia, se faz necessário para o restabelecimento da ventilação. Outras causas de comprometimento respiratório são as fraturas de costelas e os ferimentos abertos na região do tórax. Essas também são situações que requerem procedimentos invasivos para o restabelecimento da ventilação, por isso a vítima deve ser transferida para um serviço de emergência o mais rápido possível. A exposição do tórax facilita a avaliação da respiração, o que pode ser uma medida indireta das trocas ventilatórias. Ventilação prejudicada e má oxigenação também podem estar relacionadas à inalação de fumaça e/ou intoxicação por monóxido de carbono. Na evidência de situações dessa natureza, está indicada a oferta de Uma incisão cirúrgica através das escaras que possibilita a expansão dos tecidos profundos e descompressão de estruturas vasculares comprimidas e/ou ocluídas. 97 Suporte Básico da Vida Unidade 3 oxigênio úmido 100%, mesmo na ausência de sinais evidentes de desconforto respiratório. A transferência imediata para o atendimento de Suporte Avançado de Vida está indicada. � Etapa C Esta etapa diz respeito à avaliação da circulação a partir da palpação de um dos pulsos periféricos e de um dos pulsos centrais, observando a presença, a amplitude e os sinais de perfusão periférica, quais sejam: » coloração; » temperatura; » tempo de enchimento capilar; e » aparência da pele. � Etapa D Pacientes queimados são pacientes traumatizados e podem ter sofrido outras lesões além das queimaduras, por isso é necessária a avaliação de déficits sensitivos ou motores. Utilize a Escala de Coma de Glasgow para essa avaliação. � Etapa E Nesta etapa, o socorrista deve remover as roupas da vítima para a realização de exame cuidadoso, que pode revelar lesões não aparentes, que deve ser realizado iniciando pela cabeça e terminando na coluna vertebral. O controle da hipotermia deve ser feito usando várias camadas de cobertores para cobrir a vítima, pois vítimas de queimaduras não são capazes de reter o próprio calor e manter a temperatura corporal. Conforme Silveira et al. (2004), roupas aderidas à pele da vítima não devem ser retiradas para evitar sangramentos e lacerações, já anéis e outras joias devem ser retiradas antes da instalação do edema. 98 Universidade do Sul de Santa Catarina Enquanto não houver perigo imediato ou risco de vida, uma análise secundária pode ser realizada antes de transferir a vítima. Precauções, tais como colares cervicais, encostos e talas devem ser usados. O método ABCDE do atendimento ao queimado impõe desafios ímpares em todas as etapas do tratamento e reanimação. Feridas De acordo com Ronald et al. (2007), as feridas resultante das queimaduras devem ser avaliadas após a realização do exame primário e secundário. O líquido das bolhas contém uma série de mediadores inflamatórios que contribuem para aumentar a isquemia e a dor; além de favorecer o crescimento bacteriano. Assim, a pele da bolha não serve de barreira de proteção e não é um tecido normal por isso deve ser aspirada para aliviar a dor. As bolhas só devem ser rompidas no hospital para evitar a contaminação bacteriana. Antes do transporte da vítima, faça os curativos necessários com a meta de evitar a contaminação e impedir o fluxo de ar sobre as lesões, o que contribui para o alívio da dor. O atendimento pré‑hospitalar de feridas é básico e simples. Vejamos: � Fazer irrigação com grande quantidade de água. Silveira et al. (2004) indicam o envolvimento da vítima com um lençol embebido em água, além do resfriamento, o que contribui para o bloqueio da onda de calor que continua agindo no tecido queimado por algum tempo. � Aplicar curativo seco, esterilizado e não aderente. � Não usar agentes antimicrobianos tópicos, nas áreas queimadas, na cena. Os curativos revestidos com altas concentrações de antimicrobianos tornam‑se a base do tratamento local das queimaduras nos A água não necessita estar gelada, pois a água em temperatura ambiente já se encontra bem abaixo da temperatura do tecido queimado. 99 Suporte Básico da Vida Unidade 3 Centros de Queimados. Recentemente, esses curativos já são disponibilizados para uso pré‑hospitalar, por meio de grandes lâminas capazes de cobrir todas as superfícies corporais. Estimativa de Profundidade e do tamanho da queimadura A pele é constituída de duas camadas e tem funções complexas, incluindo: � proteção; � regulação; � termorregulação; � sensibilidade; e � adaptação metabólica. Uma estimativa da profundidade e do tamanho das queimaduras auxilia na determinação da severidade e do prognóstico do paciente. De acordo com o PHTLS (2007), foi desenvolvido um novo método que pode ser facilmente aplicado no ambiente pré‑hospitalar para calcular o tamanho da queimadura, bem como a reanimação volêmica, uma alternativa simplificada para a Regra dos Nove, chamada de Regra do Um e Escore do Tamanho da Queimadura. Esse cálculo deve ser feito pelo médico e serve de guia para a reposição de líquidos. Vejamos, a seguir, alguns tipos de cuidados relativos às situações especiais: Queimaduras Elétricas Conforme o PHTLS (2007), as queimaduras elétricas são lesões devastadoras que os socorristas podem facilmente subestimar. Em muitos casos, a extensão da lesão tecidual aparente não reflete com exatidão sua magnitude. A destruição e morte tecidual podem ser muito extensas em comparação ao trauma A epiderme e a derme. 100 Universidade do Sul de Santa Catarina aparente porque grande parte da destruição ocorre internamente, à medida que a eletricidade é conduzida pela vítima. Além das lesões de pele, as arritmias são as lesões imediatas mais graves e podem evoluir para Fibrilação Ventricular e Assistolia, modalidades de parada cardíaca. De acordo com Silveira et al. (2004), o socorrista deve estar atento ao nível de consciência, respiração e circulação da vítima. Caso necessário, deve iniciar RCP imediata. A vítima com queimadura elétrica também pode ter outras lesões associadas, quais sejam: � dificuldade de audição (ruptura membranas timpânicas); � fraturas de coluna vertebral e de ossos longos (em virtude de contrações musculares violentas); e � sangramento intracraniano. Nos acidentes com corrente de baixa tensão, as lesões são menos extensas e existe risco para a vítima evoluir em parada cardíaca. Fique atento ao controle do nível de consciência, do pulso e da respiração. Queimaduras Químicas As lesões decorrentes de substância química, de acordo com o PHTLS (2007), são, com frequência, resultantes da exposição prolongada ao agente agressor, diferentemente das lesões térmicas, com duração menor. A gravidade da lesão química está diretamente associada aos seguintes fatores da substância química: � natureza; � concentração; � duração do contato; e � mecanismo de ação. Os agentes químicos são classificados como ácidos e bases. Vejamos um pouco mais sobre a diferença entre os dois: 101 Suporte Básico da Vida Unidade 3 Os ácidos são substâncias químicas com pH entre 0 e 7 e lesam o tecido por necrose de coagulação, barreira que impede a penetração mais profundado ácido. Em contraste, as queimaduras por bases, com pH entre 7 e 14, lesam o tecido por necrose de liquefação, o que permite que a base penetre mais profundamente, provocando lesões profundas. Para limitar a disseminação de um material perigoso e realizar atividades específicas, estudiosos desenvolveram as zonas de controle. (PHTLS, 2007). A observação de tais princípios reduz a probabilidade de contaminação e de lesão nas equipes de resgate e circunstantes. Mas o que é essa zona de controle? A zona de controle é formada por três círculos concêntricos, quais sejam: � zona quente; � zona morna; e � zona fria. Figura 3.4 - Zona de controle Fonte: Adaptado de PHTLS (2007). 102 Universidade do Sul de Santa Catarina A zona mais interna, chamada de zona quente, é a região adjacente ao incidente com materiais perigosos. A tarefa da equipe de resgate nessa região é retirar os pacientes sem preocupação com o atendimento. A zona seguinte é a zona morna, local onde ocorre a descontaminação das vítimas, dos profissionais e dos equipamentos. As roupas removidas devem ser ensacadas e identificadas para evitar manipulações e acidentes. No caso da substância ser em pó, escovar e limpar o excesso da pele antes de fazer a irrigação com água. Nessa zona, o único atendimento prestado aos pacientes é a avaliação primária e a imobilização da coluna cervical. Na zona mais externa, a zona fria, é onde os profissionais e equipamentos ficam posicionados para o atendimento definitivo. As queimaduras oculares devem ser irrigadas com grandes quantidades de líquidos. Lesões térmicas por ar seco e úmido A principal causa de morte nos incêndios não são as lesões térmicas, mas a inalação de fumaça tóxica. A exposição à fumaça em ambiente fechado é um risco para lesão por inalação, de acordo com PHTLS (2007). Os seguintes sinais evidenciam lesões causadas por inalação: � rouquidão, considerado como sinal precoce; � dificuldade respiratória; � tosse; � queimadura na face; � presença de fuligem no escarro; � pelos faciais queimados; e � respiração com estridor (ruído ocasionado por passagem do ar em via aérea superior obstruída). 103 Suporte Básico da Vida Unidade 3 Essas vítimas devem ser mantidas sob suspeita porque os sinais e sintomas de lesão por inalação podem ser tardios. (PHTLS,2007; Silveira et al., 2004). Nas lesões térmicas por ar seco, os danos abaixo das cordas vocais são infrequentes. A presença de ar úmido, como vapor, que tem uma capacidade de transporte de calor 4000 vezes maior do que o calor seco é capaz de queimar vias aéreas inferiores. Asfixia por monóxido de carbono O monóxido de carbono se liga à hemoglobina com maior afinidade do que o oxigênio, os sintomas de asfixia estão relacionados à duração e intensidade de exposição e aos níveis séricos resultantes, sofrendo variações desde a cefaleia até o estado de coma. Asfixia por gás cianeto Na asfixia por gás cianeto ocorre intoxicação do metabolismo celular, impedindo o uso do oxigênio pela célula. Os sintomas são: � alteração do nível de consciência; � tontura; � cefaleia; � taquicardia; ou � taquipneia. Nas situações recém‑descritas, as vítimas necessitam de transferência imediata para tratamento de suporte avançado de vida. O ar seco é um mau condutor de calor. 104 Universidade do Sul de Santa Catarina Seção 3 – Abordagem Inicial à vítima de intoxicações exógenas Esta seção tem por referencial teórico o livro Toxicologia na prática clínica, Andrade Filho et al., 2001, e o capítulo intitulado Intoxicações Agudas, de autoria de Barotto, A. M et al., publicado no PROAMI‑SEMCAD (2010). As intoxicações são causas comuns de procura por atendimento nos serviços de emergência em todo o mundo. Dos atendimentos em emergências, estima‑se que 5 a 10% decorram de intoxicações. Nos casos de intoxicação, às vezes é difícil conseguir uma narrativa da vítima a respeito do acontecimento; ela pode ser encontrada sozinha, estar inconsciente ou passar informações não verdadeiras. Estima-se que cerca de 50% das vítimas que tentam o suicídio não relatam a verdade com relação ao produto ingerido nem a dose usada. Muitas vezes é necessário que os familiares ou acompanhantes retornem ao local onde a vítima foi encontrada e procurem por: � cartelas ou frascos vazios de medicamentos; � caixas ou frascos de agrotóxicos; � material utilizado no consumo de drogas de abuso; � garrafas de bebidas; � restos de alimentos, dentre outros. Nas crianças também é muito difícil saber precisamente qual a quantidade do tóxico. No entanto, deve‑se tentar responder às seguintes perguntas: 1. O quê? Qual(is) a(s) substância(s) envolvida(s) na intoxicação? 2. Quanto? Qual a quantidade utilizada ou, no caso de exposições dérmicas e inalatórias, por quanto tempo houve exposição? A intoxicação é definida como o conjunto de efeitos nocivos representados por sinais e sintomas que mostram o desequilíbrio orgânico produzido pela interação entre o agente tóxico e o sistema orgânico. 105 Suporte Básico da Vida Unidade 3 3. Quando? Há quanto tempo ocorreu a intoxicação? 4. Como? – Em que circunstâncias a intoxicação ocorreu? 5. Comorbidades (doenças) e medicações utilizadas? Abordagem inicial ao paciente agudamente intoxicado O atendimento pré‑hospitalar inicial às vítimas de intoxicação deve, primeiro, avaliar os seguintes sinais vitais: Respiração, Pulso e Temperatura. � Respiração A prioridade do atendimento inicial é manter a permeabilidade das vias aéreas e evitar a broncoaspiração. � Pulso A bradicardia sugere intoxicações específicas e a taquicardia reflete mecanismos compensatórios simpáticos. No colapso súbito, que pode ser indicativo de fibrilação ventricular, o tratamento imediato são as compressões torácicas seguidos do uso do Desfibrilador Automático Externo (DEA). � Temperatura No caso de hipertermia, o socorrista deve retirar as roupas da vítima e utilizar compressas de água fria, gelo e ventiladores para aumentar a perda de calor. No caso de hipotermia fazer aquecimento com cobertores comuns ou térmicos. É preciso ficar atento aos sinais de convulsão, de hipoglicemia, de etilismo, assim como avaliar a possibilidade de trauma associado e, se necessário, fazer imobilização cervical, seguida de avaliação secundária. Após as medidas iniciais no ambiente pré‑hospitalar, deve‑se transferir a vítima ao hospital onde será realizado o exame Acidental, tentativa de suicídio, erro de administração, uso indevido, tentativa de homicídio, ocupacional. 106 Universidade do Sul de Santa Catarina físico completo e, de acordo com o caso, iniciado o tratamento específico para as intoxicações, que podem incluir medidas de: � descontaminação; � aumento de eliminação; e � utilização de antídotos específicos, caso existam. Deve‑se, também, avaliar a possibilidade de outros diagnósticos diferenciais, assim como atentar à possibilidade de trauma associado. No ambiente hospitalar, antes da estabilização do paciente, faz‑se apenas um exame físico sumário para nortear as primeiras medidas do tratamento. Após o manejo inicial, deve‑se realizar um exame físico completo, inclusive neurológico, na tentativa de verificar alterações que sugiram determinado tipo de intoxicação ou síndrome tóxica. Medidas de descontaminação no ambiente pré‑hospitalar no caso da vítima estar estável As medidas de descontaminação dependem do tipo de exposição. Vejamos, a seguir, os tipos de exposição: � Exposição Cutânea Retirar imediatamente as vestes e os eventuais resíduos sólidos por meio de escova macia e proceder à lavação com água corrente por 15 a 30 minutos. Caso a substância seja lipossolúvel, utiliza‑se água e sabão. Não utilizar substâncias neutralizantes e, no caso de substâncias cáusticas, após a descontaminação, a lesão pode ser tratada como uma queimadura térmica. � Exposição Ocular Fazer lavagemdo olho acometido com água ou soro fisiológico, por pelo menos 30 minutos. Sempre realizar a lavagem ocular no sentido medial para lateral para Lavagem corporal e ocular, lavagem gástrica e uso de carvão ativado. Alcalinização urinária, hemodiálise e hemoperfusão. Sinais vitais, escala de coma de Glasgow, ausculta cardíaca e pulmonar, avaliação da pele, roupas, pupilas. 107 Suporte Básico da Vida Unidade 3 evitar o comprometimento do outro olho. Não utilize substâncias neutralizantes nem colírio anestésico. Para a proteção do olho, colocar um tampão ocular antes da transferência da vítima. � Exposição Inalatória Retirar a vítima do local contaminado o mais rápido possível e mantê‑la em ambiente arejado. � Exposição Gastrointestinal A maioria das intoxicações graves ocorre por esta via. As medidas de descontaminação gastrointestinal são, ainda, controversas e não há evidências para justificar o uso de muitos produtos. Recomenda‑se a utilização desses produtos na ocorrência da ingestão de doses potencialmente tóxicas ou, até mesmo, letais. Muitas vezes trata‑se de uma decisão empírica, visto que, em certas situações, não conseguimos precisar a quantidade ou o horário da ingestão. É comum, inclusive, não sabermos exatamente todas as substâncias que o paciente utilizou. No entanto, quando se suspeita de ingestão de doses potencialmente tóxicas que ocorreram há menos de uma hora e não há contraindicações para o procedimento, é realizada a lavagem gástrica, acompanhada, ou não, de posterior uso do carvão ativado, no ambiente hospitalar. Quais são as contraindicações da lavagem gástrica? � Inconsciência; � ingestão de cáusticos ou corrosivos; � ingestão de solventes em geral; � vômito de sangue; � cirurgia recente do trato gastrointestinal; 108 Universidade do Sul de Santa Catarina � ingestão de materiais sólidos com pontas; e � ingestão de pacotes contendo drogas. Fazer reavaliações periódicas das vítimas, com intervalo variável, de acordo com a gravidade do caso. Essas reavaliações se fazem necessárias pela possibilidade de piora do quadro clínico, como a diminuição do nível de consciência e necessidade de intubação orotraqueal para proteção de vias aéreas. Quais são as principais intoxicações? As principais intoxicações podem ser divididas por grupos. Benzodiazepínicos Classe de medicamentos com ação ansiolítica, hipnótica, miorrelaxante e anticonvulsivante, muito utilizada. É uma das principais causas de intoxicação medicamentosa, em adultos e crianças, com morbidade elevada e baixa letalidade. O sinal da intoxicação leve é a sonolência; na intoxicação grave, a vítima apresenta depressão do SNC, hipotensão, depressão respiratória, ataxia (perda da coordenação dos movimentos), tremores, miose e hiperexcitabilidade. No atendimento pré‑hospitalar, o socorrista deve avaliar a respiração e presença de hipotermia. No ambiente hospitalar, são realizadas as seguintes medidas de descontaminação: lavagem gástrica e usados o carvão ativado. Antidepressivos tricíclicos Intoxicação comum e grave, principal causa de óbito por intoxicação medicamentosa. Os sinais e sintomas comuns são: midríase, sedação, delírio, confusão mental, arritmia, convulsões e coma. O atendimento pré‑hospitalar consiste nas medidas de avaliação da respiração e do pulso. No ambiente hospitalar, são realizadas 109 Suporte Básico da Vida Unidade 3 medidas de descontaminação: lavagem gástrica deve ser realizada em até uma hora da ingestão. No entanto, alguns autores recomendam que possa ser realizada em até 12 horas após a ingestão de altas doses desses medicamentos, pelo retardo no esvaziamento gástrico. Agrotóxicos organofosforados e carbamatos (inseticidas) Entre os principais sinais e sintomas da intoxicação com esses produtos, são encontradas: náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia, miose, visão turva, tosse, dispneia, broncoespasmo (estreitamento da luz dos brônquios), hipersecreção brônquica, cianose, sialorreia (aumento da produção de saliva), rinorreia (corrimento nasal), lacrimejamento, sudorese profusa, bradicardia, hipotensão e parada cardíaca, ataxia, labilidade emocional, cefaleia, tremores, sonolência, confusão, ataxia, hipotonia (tônus muscular diminuído), hiporreflexia (reflexos diminuídos), coma, convulsões, depressão do centro respiratório. Nas intoxicações graves ocorre insuficiência respiratória devido à combinação de depressão respiratória central, fraqueza da musculatura respiratória, broncoespasmo e hipersecreção brônquica. No atendimento pré‑hospitalar mantenha vias aéreas pérvias e providencia transferência imediata. O tratamento hospitalar consiste nas seguintes medidas: � aspiração de vias aéreas; � entubação oro ou naso‑traqueal; e � oxigenação, se necessário. Medidas de descontaminação: � lavagem gástrica; � carvão ativado; e � lavagem corporal com água corrente, se houver contato cutâneo. 110 Universidade do Sul de Santa Catarina Raticidas Cumarínicos Na intoxicação por raticidas, os sinais e sintomas são: náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia e eventos hemorrágicos, que podem surgir em 12 a 72 horas. O tratamento é hospitalar e varia de acordo com a faixa etária. No Estado de Santa Catarina, o Centro de Informações Toxicológicas (CIT), localizado no Hospital Universitário de Florianópolis, funciona 24 horas diariamente com pessoal treinado, em regime de plantão, para orientações dos casos de envenenamento. Antes de fazer contato com o CIT procure inteirar‑se de: � O quê? Nome do produto que causou a intoxicação. � Como? Forma de exposição: inalado, ingestão, contato? � Quando? Tempo de intoxicação. � Onde? Local. � Quanto? Conhecer a dose. � Por quê? Acidental, provocada? Vejamos, a seguir, quais os sintomas de algumas síndromes tóxicas. Nas intoxicações por cocaína, teofilina, anfetaminas e derivados, cafeína, fenilpropanolamina, efedrina e Ecstasy, os principais sinais e sintomas incluem: � arritmias cardíacas (principalmente as taquicardias); � hipertensão; � palidez; � midríase; 111 Suporte Básico da Vida Unidade 3 � hipertermia; � alucinações; � hiperreflexia; � convulsões; e � coma. Nas intoxicações por atropina, vegetais beladonados, anti‑histamínicos, antidepressivos tricíclicos, antipsicóticos, relaxantes musculares e antiparkinsonianos, os principais sinais e sintomas incluem: � arritmias cardíacas (principalmente taquicardia); � hipertermia; � midríase; � rubor facial; � pele e mucosas secas; � desorientação; � alucinações; � agitação; � sonolência; � convulsões; e � coma. Nas intoxicações por opioides, barbitúricos e benzodiazepínicos, os principais sinais e sintomas incluem: � miose; � constipação; 112 Universidade do Sul de Santa Catarina � depressão respiratória; � bradicardia; � hipotensão; � hipotermia; � sonolência; e � coma. Nas intoxicações por organofosforados, carbamatos, fisostigmina e alguns cogumelos, entre os principais sinais e sintomas estão: � náuseas; � vômitos; � cólicas abdominais; � visão turva; � tosse; � dispneia; � cianose; � sialorreia; � sudorese profusa; � bradicardia; � hipotensão; � hipertensão; � taquicardia; � palidez; � inquietação; 113 Suporte Básico da Vida Unidade 3 � agitação; � labilidade emocional; � cefaleia; � tremores; � sonolência; � confusão; � coma; � convulsões; e � depressão do centro respiratório. Seção 4 – Abordagem Inicial à vítima de acidentes com animais peçonhentos e venenosos Nesta seção vamos apresentar os acidentes com animais peçonhentos e venenosos. Você sabe qual é a diferença entre animal peçonhento e venenoso? De acordo com o site denominado Biblioteca Virtual em Saúde (2010) do Ministério da Saúde: Animais peçonhentos são aqueles que possuem glândulas de veneno e que o injetam com facilidade por meio de dentes ocos,ferrões ou aguilhões. Exemplos: serpentes, aranhas, escorpiões, lacraias, abelhas, vespas, marimbondos e arraias. Animais venenosos são aqueles que produzem veneno, mas não possuem um aparelho 114 Universidade do Sul de Santa Catarina inoculador (dentes, ferrões), provocando envenenamento passivo por contato (lonomia ou taturana), por compressão (sapo) ou por ingestão (peixe baiacu). Inicialmente é bom lembrar que no atendimento à vítima que foi picada, ou teve contato com algum animal peçonhento ou venenoso, além da atenção imediata, informações sobre o tipo e as características básicas do animal são de grande importância para a escolha do tratamento. O animal causador deve, na medida do possível, ser encaminhado para identificação por técnico treinado. A seguir, apresentaremos os principais grupos de animais peçonhentos e venenosos, de acordo com a Fundação Nacional de Saúde (2001), abordando características, habitat, hábitos, sinais e sintomas e cuidados iniciais e, por fim, medidas de primeiros socorros e de prevenção de acidentes com esses animais. 4.1 Ofidismo No Brasil, a fauna ofídica de interesse está representada pelos gêneros: Bothrops, Crotalus, Lachesis e Micrurus, e por algumas serpentes do gênero da Família Colubridae, por ocasionarem alguns acidentes com manifestações clínicas locais. Vejamos, a seguir, quais são algumas das características dessas serpentes peçonhentas. A fosseta loreal, órgão sensorial termorreceptor, é um orifício situado entre o olho e a narina da serpente. Indica que a serpente é peçonhenta e é encontrada nos gêneros Bothrops, Crotalus e Lachesis. As serpentes desses gêneros possuem dentes inoculadores situados na porção anterior do maxilar. As serpentes do gênero Micrurus não apresentam fosseta loreal e seus dentes inoculadores são pouco desenvolvidos e situados na região anterior da boca. Incluindo Bothriopsis = Bothriopsis bilineata e Bothriopsis taeniata e Porthidium = Porthidium hyoprora. Philodryas e Clelia. 115 Suporte Básico da Vida Unidade 3 Gênero Bothrops Existem cerca de 30 espécies distribuídas por todo o território nacional. São conhecidas popularmente por: � jararaca; � ouricana; � jararacussu; � urutu‑cruzeira; � jararaca‑do‑rabo‑branco; � malha‑de‑sapo; � patrona; � surucucurana; � comboia; e � caiçara. Seguem imagens da jararaca e da jararacussu: Figura 3.5 - Bothrops jararaca Fonte: Fundação Nacional de Saúde (2001). 116 Universidade do Sul de Santa Catarina Figura 3.6 - Bothrops jararacussu Fonte: Fundação Nacional de Saúde (2001). Essas serpentes peçonhentas habitam, principalmente, zonas rurais e periféricas de grandes cidades, preferindo ambientes úmidos como matas e áreas cultivadas e locais com facilidade para proliferação de roedores. Têm hábitos noturnos ou crepusculares e comportamento agressivo, quando ameaçadas, desferindo botes sem produzir ruídos. As manifestações locais dos acidentes com essas serpentes são dor e edema no local da picada, de intensidade variável, de instalação precoce e caráter progressivo. No ponto da picada são frequentes as equimoses, os sangramentos e a formação de bolhas que podem ser acompanhados ou não de necrose. Gênero Crotalus Popularmente conhecidas por cascavel, cascavel‑quatro‑ventas, boicininga, maracamboia, maracá, dentre outras denominações populares, essas serpentes habitam campos abertos, áreas secas, arenosas e pedregosas e, raramente, ficam na faixa litorânea. Não têm o hábito atacar e, quando estimuladas, denunciam sua presença por ruído característico do chocalho. Paióis, celeiros, depósitos de lenha. 117 Suporte Básico da Vida Unidade 3 Na figura 3.7, vemos a serpente denominada de Crotalus durissus. Figura 3.7 - Crotalus durissus Fonte: Fundação Nacional de Saúde (2001). As manifestações locais dos acidentes com essas serpentes são as seguintes: dor de pequena intensidade ou até mesmo ausência de dor, presença de parestesia (dormência) local, podendo estar acompanhada de edema discreto ou eritema (vermelhidão) no ponto da picada. Gênero Lachesis Popularmente conhecidas por surucucu, surucucu‑pico‑de‑jaca, surucutinga ou malha‑de‑fogo, são as maiores serpentes peçonhentas das Américas, atingindo até 3,5 m. Habitam áreas florestais como Amazônia, Mata Atlântica e matas úmidas do Nordeste. 118 Universidade do Sul de Santa Catarina Na figura 3.8, encontra‑se a serpente denominada de Lachesis muta. Figura 3.8 - Lachesis muta Fonte: Fundação Nacional de Saúde (2001). As manifestações locais dos acidentes com essas serpentes são semelhantes às descritas no acidente botrópico, com predomínio para a dor e o edema. Pode ocorrer presença de vesículas e de bolhas nas primeiras horas após o acidente. As manifestações hemorrágicas limitam‑se ao local da picada, na maioria dos casos. Gênero Micrurus São animais de pequeno e médio porte, com tamanho de aproximadamente 1,0 m, conhecidos popularmente por coral, coral verdadeira ou boicorá. Apresentam anéis vermelhos, pretos e brancos em qualquer tipo de combinação. Na Região Amazônica e áreas limítrofes, são encontradas corais de cor marrom‑escura – quase negra –, com manchas avermelhadas na região ventral. 119 Suporte Básico da Vida Unidade 3 Falsas corais têm o mesmo padrão de coloração das corais verdadeiras, porém são desprovidas de dentes inoculadores. Diferem na configuração dos anéis que, em alguns casos, não envolvem toda a circunferência do corpo. As manifestações locais dos acidentes com essas serpentes são discreta dor local, geralmente acompanhada de parestesia, que podem surgir precocemente em menos de uma hora após a picada. Há relatos de aparecimento tardio de paralisia flácida da musculatura respiratória comprometendo a ventilação, podendo evoluir para insuficiência respiratória aguda e parada respiratória. Colubridae Em algumas espécies do gênero Philodryas e Clelia, há relatos de envenenamento. São conhecidas, popularmente, por cobra‑cipó ou cobra‑verde (Philodryas) e muçurana ou cobra‑preta (Clelia). Possuem dentes inoculadores na porção posterior da boca e não apresentam fosseta loreal. Para injetar o veneno, mordem e se prendem ao local. As manifestações locais dos acidentes com essas serpentes podem ocasionar edema local importante, equimose e dor, semelhantes aos observados nos acidentes botrópicos, porém sem alteração da coagulação. 120 Universidade do Sul de Santa Catarina 4.2 Escorpionismo Em primeiro lugar, segue uma imagem detalhada apresentando as características dos escorpiões: Os escorpiões apresentam o corpo formado pelo tronco e pela cauda. Coberto por uma carapaça, encontram‑se o cefalotórax, onde se articulam os quatro pares de pernas, um par de quelíceras e um par de pedipalpos. A cauda é formada por cinco segmentos e no final dela situa‑se o telso, composto de vesícula e ferrão. A vesícula contém duas glândulas que produzem o veneno que é inoculado pelo ferrão. São animais carnívoros, alimentando‑se principalmente de insetos, como grilos ou baratas. Têm hábitos noturnos, escondendo‑se, durante o dia, sob pedras, troncos, dormentes de linha de trem, em entulhos, telhas ou tijolos. Muitas espécies vivem em áreas urbanas, onde encontram abrigo dentro e Figura 3.9 - Morfologia externa do escorpião Fonte: Fundação Nacional de Saúde (2001). 121 Suporte Básico da Vida Unidade 3 próximo das casas. Podem sobreviver vários meses sem alimento e mesmo sem água, o que torna seu combate muito difícil. No Brasil, os escorpiões de importância pertencem ao gênero Tityus. Tityus bahiensis Estes escorpiões têm tronco marrom‑escuro, patas com manchas escuras e comprimento de 6 a 7 cm (figura 3.10). São encontrados nos seguintes estados: Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Figura 3.10 - Tityus bahiensis Fonte: Fundação Nacional de Saúde (2001). 122 Universidade doSul de Santa Catarina Tityus serrulatus Estes escorpiões têm tronco marrom‑escuro e patas amareladas; a cauda amarelada tem serrilha dorsal nos dois últimos segmentos (figura 3.11). Com comprimento de 6 a 7 cm, são encontrados nos seguintes estados: Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. Figura 3.11 - Tityus serrulatu Fonte: Fundação Nacional de Saúde (2001). 123 Suporte Básico da Vida Unidade 3 Tityus stigmurus Estes escorpiões têm tronco amarelo‑escuro, com um triângulo negro no cefalotórax, uma faixa escura longitudinal mediana. Também medem entre 6 a 7 cm e são encontrado na região Nordeste do Brasil. Figura 3.12 - Tityus stigmurus Fonte: Fundação Nacional de Saúde (2001). 124 Universidade do Sul de Santa Catarina Tityus cambridgei Com tronco e pernas escuros, estes escorpiões são quase negros, com comprimento de aproximadamente 8,5 cm. São encontrados na região Amazônica. Figura 3.13 - Tityus cambridgei Fonte: Fundação Nacional de Saúde (2001). Tityus metuendus Estes escorpiões têm tronco vermelho‑escuro, quase negro, com manchas amarelo‑avermelhadas. Com comprimento de 6 a 7 cm, são encontrado nos estados do Amazonas, Acre e Pará. No acidente causado pelo escorpião, a dor local é um sintoma sempre presente e pode ser acompanhada por parestesia, ou seja, dormência. 125 Suporte Básico da Vida Unidade 3 Nos acidentes mais graves, que acontecem principalmente com crianças, após intervalo de minutos até poucas horas (duas, três horas), podem surgir manifestações sistêmicas, entre as quais: � febre; � sudorese; � vômitos; � arritmia cardíaca; � taquipneia; � dispneia; � agitação; e � sonolência. O aparecimento dos sinais e sintomas anteriormente mencionados impõe a suspeita de acidente com escorpião, mesmo na ausência de história de picada e independentemente de encontrar o animal peçonhento. A gravidade do acidente está relacionada com a espécie e o tamanho do escorpião, a quantidade de veneno inoculado, a massa corporal da vítima e a sensibilidade ao veneno. A recuperação da vítima depende da realização do diagnóstico precoce, do tempo decorrido entre a picada e a administração do soro e da manutenção das suas funções vitais. 126 Universidade do Sul de Santa Catarina 4.3 Araneismo Em primeiro lugar, segue uma imagem detalhada apresentando as características das aranhas: Figura 3.14 - Morfologia externa das aranhas Fonte: Fundação Nacional de Saúde (2001). Aranhas têm o corpo dividido em cefalotórax e abdome e é nas quelíceras que se encontram os ferrões utilizados para inoculação do veneno. São animais carnívoros, alimentam‑se de insetos, como grilos e baratas. As aranhas têm hábitos domiciliares e peridomiciliares. Phoneutria, Loxosceles e Latrodectus são os três gêneros de aranhas de importância médica no Brasil. Lycosa (aranha‑de‑grama) e caranguejeira, apesar de frequentes os acidentes, são destituídos de maior importância. Phoneutria Conhecida como aranha armadeira, por apoiar nas pernas traseiras, erguendo as dianteiras e os palpos. Após esse posicionamento, abrem as quelíceras, tomando visíveis os ferrões e realizam a picada. No local, podem ser verificadas as marcas de dois pontos de inoculação. Demonstração do comportamento de defesa. 127 Suporte Básico da Vida Unidade 3 Os acidentes acontecem geralmente dentro das residências e nas suas proximidades, na manipulação de material de construção, entulhos, lenha ou calçando sapatos. Essas aranhas podem atingir de 3 a 4 cm de corpo e até 15 cm de envergadura de pernas. Não constroem teia geométrica. Caçam, principalmente, à noite. Nos acidentes, prevalecem as manifestações locais. A dor imediata é o sintoma mais frequente e a intensidade é variável, podendo irradiar até a raiz do membro acometido. Em apenas 1% dos casos as vítimas se apresentam assintomáticas após a picada. Outras manifestações são: edema, eritema, parestesia e sudorese no local da picada. Na figura 3.15, vemos um exemplo da Aranha Phoneutria. Figura 3.15 - Phoneutria nigriventer Fonte: Fundação Nacional de Saúde (2001). Loxosceles Conhecida como aranha‑marrom, não são agressivas, picando quando comprimidas contra o corpo. A picada quase sempre é imperceptível. No interior de domicílios, ao se refugiar em vestimentas, acaba provocando acidentes. Essas aranhas podem atingir 1 cm de corpo e até 3 cm de envergadura de pernas. Constroem teias irregulares em fissuras de barrancos, embaixo de cascas de árvores, telhas e tijolos, atrás de quadros e móveis e nos cantos de parede, sempre ao abrigo da luz direta. 128 Universidade do Sul de Santa Catarina Os sinais e sintomas podem ser de instalação lenta e progressiva, caracterizando‑se por dor, edema e eritema no local da picada. As picadas na face podem apresentar edema e eritema exuberantes. Podem se exacerbar nas primeiras 24 a 72 horas com o aparecimento de bolha de conteúdo seroso, edema, calor e rubor, com ou sem dor em queimação, presença de equimoses, lesões hemorrágicas focais, mescladas com áreas pálidas de isquemia e necrose. Latrodectus Conhecidas como viúvas‑negras, as fêmeas são pequenas com abdome globular e um desenho em forma de ampulheta no ventre. Os acidentes ocorrem normalmente quando são comprimidas contra o corpo. As fêmeas podem atingir 1 cm de comprimento e 3 cm de envergadura de pernas. Os machos são menores: atingem 3 mm de comprimento, não sendo causadores de acidentes. Constroem teias irregulares nas vegetações e apresentam hábitos domiciliares e peridomiciliares. Inicialmente, a vítima apresenta dor de pequena intensidade. No período entre 15 a 60 minutos aparece uma sensação de queimadura no local. Também aparecem lesões puntiformes, hiperestesia e placa urticariforme. Lycosidae Estas aranhas são conhecidas como aranha‑de‑grama ou aranha‑de‑jardim. Os acidentes, a despeito de frequentes, não estabelecem um problema de saúde pública. Não constroem teia e são encontradas nos gramados e jardins. Podem atingir até 3 cm de corpo e 5 cm de envergadura de pernas. Caranguejeiras Podem atingir até 20 cm de envergadura e se apresentam com variedade de coloridos e muitos pelos. Os acidentes são destituídos de importância. As vítimas apresentam irritação na Placa marmórea. 129 Suporte Básico da Vida Unidade 3 pele e nas mucosas em virtude do contato com os pelos urticantes liberados como forma de defesa. 4.4 Hymenopteros Esta é a denominação dos insetos que possuem ferrões, como as abelhas, vespas e formigas. As reações alérgicas ocorrem principalmente nos adultos. Os acidentes graves causados por picada de abelhas africanizadas, por exemplo, são consequência da maior agressividade dessa espécie e não em decorrência da composição do veneno. Acidentes com abelhas Em primeiro lugar, segue uma imagem detalhada apresentando as características das abelhas: 1 2 3 4 5 7 8 9 10 10 11 12 11 13 14 14 6 1 - ocelos 2 - cabeça 3 - olhos compostos 4 - antena 5 - mandíbula 6 - probóscide 7 - glossa 8 - maxila 9 - toráx 10 - asas 11 - espiráculo 12 - abdome 13 - aguilhão 14 - pernas Figura 3.16 - Morfologia externa de Apis Mellifera Fonte: Adaptado de Fundação Nacional de Saúde (2001). A diferença entre as abelhas e as vespas é que as primeiras apresentam o abdome mais afilado e, entre o tórax e o abdome, uma estrutura relativamente alongada (cintura). As abelhas possuem pelos ramificados na cabeça e no tórax. 130 Universidade do Sul de Santa Catarina O veneno das abelhas e vespas é uma mistura complexa de substâncias químicas com atividades tóxicas como: � agentes bloqueadores neuromusculares, podendo provocar paralisia respiratória; � ação destrutiva sobre as hemácias, produzindo hemólise; � ação neurotoxina de ação motora; e � fator granulador de mastócitos responsável pela liberação de histamina e serotonina. As reações desencadeadas pela picada são variáveis,de acordo com o local e o número de ferroadas, assim como as características e o passado alérgico da vítima. Os sinais e sintomas podem se apresentar na forma de alergia ou na forma tóxica, esta última geralmente quando resultante de múltiplas picadas. Como manifestação local, geralmente a ferroada causa dor aguda local, que pode desaparecer em poucos minutos, seguido de vermelhidão, prurido (coceira) e edema por horas ou dias. A intensidade dessa reação inicial deve alertar para um possível estado de sensibilidade e exacerbação de resposta às picadas futuras. O edema fica endurecido nas primeiras 24 a 48 horas, diminuindo nos dias subsequentes. As picadas de abelhas também podem ter manifestações sistêmicas e evolução com anafilaxia, com sintomas de início rápido, dois a três minutos após a picada. Reação de hipersensibilidade pode ser desencadeada por uma única picada e causar o choque anafilático seguido de óbito. Além disso, há reações alérgicas que se manifestam vários dias após picada com artralgias (dor nas articulações), febre e encefalite. A retirada dos ferrões da pele deverá ser feita por raspagem com lâmina, e não por pinçamento individual, pois a compressão do ferrão para a retirada poderá espremer a glândula ligada ao ferrão e inocular na vítima parte do veneno ainda existente. 131 Suporte Básico da Vida Unidade 3 Acidentes com vespas São também conhecidas como marimbondos ou cabas. O veneno é pouco conhecido e produz reação de hipersensibilidade. As vespas não deixam o ferrão no local da picada. Os efeitos locais e sistêmicos do veneno são semelhantes aos das abelhas, porém menos intensos. Acidentes com formigas Algumas espécies de formigas possuem um aguilhão abdominal ligado a glândulas de veneno. A picada é dolorosa e pode provocar complicações, como: anafilaxia, necrose e infecção secundária. De interesse médico são as formigas‑de‑fogo ou lava‑pés e as formigas saúvas. As formigas‑de‑fogo ou lava‑pés tornam‑se agressivas e atacam quando o formigueiro é ameaçado. A ferroada é muito dolorosa e a formiga é capaz de ferroar 10 a 12 vezes, fixando suas mandíbulas na pele e ferroando, de modo repetido, o que leva a várias lesões pustulosas. O veneno é constituído de alcaloides oleosos de efeito citotóxico, capaz de provocar reações alérgicas. Após a picada, forma‑se uma pápula no local. A dor é importante, mas cede e o local se torna pruriginoso. Depois de 24 horas, a pápula transforma‑se em pústula, que é reabsorvida entre 7 a 10 dias. O ato de coçar pode causar infecção das lesões. As saúvas, comuns em todo o Brasil, podem produzir lesões (cortes) na pele humana com as potentes mandíbulas. O atendimento pré‑hospitalar consiste do uso imediato de compressas frias nos locais atingidos. 4.5 Lepidópteros A ordem Lepidóptera conta com mais de 150.000 espécies. A quase totalidade dos acidentes acontece por contato com lagartas, conhecidas também por taturana ou tatarana. 132 Universidade do Sul de Santa Catarina As lagartas sauí, lagarta‑de‑fogo, chapéu‑armado, taturanagatinho, taturana‑de‑flanela são da família Megalopygidae, e apresentam dois tipos de cerdas: � as verdadeiras, pontiagudas com as glândulas basais de veneno; e � cerdas mais longas, coloridas e inofensivas. As lagartas orugas ou rugas, beijus‑de‑tapuru‑de‑seringueira da família saturniidae apresentam “espinhos” ramificados e pontiagudos de aspecto arbóreo, com glândulas de veneno nos ápices. Têm tonalidades esverdeadas, exibindo no dorso e nas laterais manchas e listras. Nessa família, estão lagartas do gênero Lonomia, que causam síndrome hemorrágica. As manifestações da dermatite urticante, causada pelo contato com as lagartas, são: dor local intensa, edema, eritema e, eventualmente, prurido local. Pode haver infartamento ganglionar doloroso. Nas primeiras 24 horas, a lesão pode apresentar vesículas e até bolhas e necrose, na área do contato. Geralmente, a evolução é boa com regreção dos sinais sintomáticos em dois a três dias. O acidente com Lonomia é a forma mais grave, além da dermatite urticante, presente imediatamente após o contato, a vítima pode apresentar cefaleia, mal‑estar geral, náuseas e vômitos, ansiedade, mialgias e, em menor frequência, dores abdominais, hipotermia e hipotensão. Após 48 horas, instala‑se um quadro de discrasia sanguínea, que pode estar acompanhado de manifestações hemorrágicas que costumam aparecer entre oito a 72 horas após o contato, dentre as quais: � equimoses e hematomas espontâneo ou resultantes de trauma ou em lesões cicatrizadas; � hemorragias de cavidades mucosas; � hematúria macroscópica; � sangramentos em feridas recentes; Gengivorragia, epistaxe, hematêmese, enterorragia. 133 Suporte Básico da Vida Unidade 3 � hemorragias intra‑articulares, abdominais, pulmonares, glandulares; e � hemorragia intraparenquimatosa cerebral. Como podemos prevenir acidentes com animais peçonhentos e venenosos? Caso não tenha sido feita a prevenção, quais são os primeiros socorros a serem tomados? Vejamos cada um dos casos, de acordo com a Fundação Nacional de Saúde (2001): � Ofidismo Vejamos algumas dicas para prevenção de acidentes: Usar botas de cano alto ou perneira de couro, botinas e sapatos. Isso evita cerca de 80% dos acidentes. Cerca de 15% das picadas atinge mãos ou antebraços, por isso é importante o uso de luvas de aparas de couro para manipular folhas secas, montes de lixo, lenha, palhas etc. Não colocar as mãos em buracos; cobras gostam de se abrigar em locais quentes, escuros e úmidos. Ter cuidado ao mexer em pilhas de lenha, palhadas de feijão, milho ou cana e ao revirar cupinzeiros. Onde há rato, há cobra. Limpar paióis e terreiros, não deixar amontoar lixo. Fechar buracos de muros e frestas de portas. É importante, também, evitar acúmulo de lixo ou entulho, de pedras, tijolos, telhas, madeiras, bem como mato alto ao redor das casas, que atraem e abrigam pequenos animais que servem de alimentos às serpentes. Quais são os primeiros socorros: » lavar o local da picada apenas com água ou com água e sabão; » manter o paciente deitado; 134 Universidade do Sul de Santa Catarina » manter o paciente hidratado; » procurar o serviço médico mais próximo; » se possível, levar o animal para identificação. Vimos os procedimentos adequados. Agora, preste atenção ao que não deve ser feito: » torniquete ou garrote; » cortar o local da picada; » perfurar ao redor do local da picada; » colocar folhas, pó de café ou outros contaminantes; » oferecer bebidas alcoólicas, querosene ou outros tóxicos. � Aracnídeos Vejamos algumas dicas para prevenção de acidentes: É importante manter jardins e quintais limpos, assim como evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico, material de construção nas proximidades das casas. Deve‑se evitar folhagens densas junto a paredes e muros das casas e manter a grama aparada. Também é importante a limpeza periódica de terrenos baldios vizinhos, pelo menos numa faixa de um a dois metros junto das casas. Deve‑se ter cuidado com roupas e sapatos: vale a pena sacudi‑los antes do uso, pois eles constam como locais de esconderijo às aranhas e aos escorpiões. Não se deve colocar as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres. É comum a presença de escorpiões sob dormentes da linha férrea, portanto o uso de calçados e de luvas de raspas de couro pode evitar acidentes. Como muitos desses animais apresentam hábitos noturnos, a entrada nas casas pode ser evitada, vedando‑se as soleiras das portas e janelas quando Plantas ornamentais, trepadeiras, arbusto, bananeiras, entre outras. 135 Suporte Básico da Vida Unidade 3 começar a escurecer. No mesmo ambiente, vale usar telas em ralos do chão, pias ou tanques. Esse procedimento combate a proliferação de insetos, o que evita o aparecimento das aranhas que deles se alimentam. Nas casas, é importante vedar frestas e buracosem paredes, assoalhos e vãos entre o forro e as paredes, consertar rodapés despregados, colocar saquinhos de areia nas portas, afastar as camas e os berços das paredes e evitar que roupas de cama e mosquiteiros fiquem encostados no chão. Não é recomendado que as roupas sejam penduradas nas paredes e é sempre bom examinar roupas principalmente camisas, blusas e calças antes de vestir, assim como inspecionar sapatos e tênis antes de usá‑los. Não devemos esquecer de acondicionar lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros recipientes que possam ser mantidos fechados para evitar baratas, moscas ou outros insetos de que se alimentam os escorpiões. Por outro lado, vale a pena preservar os inimigos naturais de escorpiões e aranhas. Quais são os primeiros socorros: » lavar o local da picada; » usar compressas mornas para ajudar no alívio da dor; » procurar o serviço médico mais próximo; » se possível, levar o animal para identificação. � Abelhas e vespas Vejamos algumas dicas para prevenção de acidentes: A remoção das colônias de abelhas e vespas situadas em lugares públicos ou residências deve ser efetuada por profissionais devidamente treinados e equipados. Você deve evitar aproximação de colmeias de abelhas africanizadas Apis mellifera sem estar com vestuário e equipamento adequados, assim como a aproximação dos ninhos quando as vespas estiverem em intensa atividade, cujo pico é atingido geralmente entre 10 e 12 horas. Aves de hábitos noturnos (coruja, joão-bobo), lagartos, sapos, galinhas, gansos, macacos, coatis etc. Macacão, luvas, máscara, botas, fumigador etc. 136 Universidade do Sul de Santa Catarina Evite, também, caminhar e correr na rota de voo percorrida pelas vespas e abelhas e aproximar o rosto de determinados ninhos de vespas, pois algumas esguicham o veneno no rosto do operador, podendo provocar sérias reações nos olhos. Evite a aproximação dos locais onde as vespas estejam coletando materiais: hortaliças e outras plantações, onde procuram lagartas e outros insetos para alimentar sua prole; flores (coleta de néctar); galhos, troncos e folhas (coletam fibras para construir ninhos de celulose); locais com água, principalmente em dias quentes, outras fontes de proteína animal e carboidratos, como frutas caídas, caldo de cana‑de‑açúcar (carrinhos de garapeiros), pedaços de carne e lixo doméstico. Barulhos, perfumes fortes, desodorantes, o suor do corpo e cores escuras (principalmente preta e azul‑marinho) desencadeiam o comportamento agressivo e, consequentemente, o ataque de vespas e abelhas. Quais são os primeiros socorros: » em caso de acidente provocado por múltiplas picadas de abelhas ou vespas, levar o acidentado rapidamente ao hospital e alguns dos insetos que provocaram o acidente; » a remoção dos ferrões pode ser feita, desde que sejam raspados com lâminas, evitando a remoção com pinças, pois esse procedimento provoca a compressão dos reservatórios de veneno, o que resulta na inoculação do veneno ainda existente no ferrão. � Lepidópteros (Lonomia) Vejamos algumas dicas para prevenção de acidentes: Os acidentes ocorrem geralmente na manipulação de troncos de árvores frutíferas e jardinagem. Verifique previamente a presença de folhas roídas na copa, nos casulos e nas fezes de lagartas no solo com seu aspecto típico, semelhante a grãos dessecados de pimenta‑do‑reino. Observe, durante o dia, os troncos das árvores, locais onde as larvas poderão estar agrupadas. À noite, as taturanas dirigem‑se para as copas das árvores e Seringueiras, araticuns, cedro, figueiras-do-mato, ipês, pessegueiros, abacateiros, ameixeiras etc. 137 Suporte Básico da Vida Unidade 3 se alimentam de folhas. É importante o uso de luvas de borracha, especialmente quando se tem contato frequente com as plantas. Quais são os primeiros socorros: » lavar imediatamente a área afetada com água e sabão; » usar compressas com gelo ou água gelada que auxiliam no alívio da dor; » procurar o serviço médico mais próximo; » se possível, levar o animal para identificação. Síntese Na seção 1, você teve oportunidade de aprender aspectos importantes relacionados ao atendimento inicial da vítima de trauma a partir da Etapa A B C D E. A abordagem inicial às vitimas de queimadura lhe foi apresentada na Seção 2, considerando a avaliação da cena e biossegurança como aspectos fundamentais no APH, seguidos da avaliação primária e secundária a partir das especificidades desse tipo de trauma. Na seção 3, você entrou em contato com aspectos fundamentais na abordagem à vítima de intoxicação exógena no APH e foi informado sobre a existência do Centro de Informação Toxicológica (CIT), local de orientação sobre o que fazer ou não fazer no APH. Finalmente, na Seção 4 foi abordado o APH à vítima de acidentes com os animais peçonhentos e venenosos, com destaque para o ofidismo, o escorpionismo, o araneísmo, os acidentes com hymenopteros e lepidópteros. 138 Universidade do Sul de Santa Catarina Atividades de autoavaliação 1) No atendimento pré-hospitalar o socorrista, ao chegar na cena, deve estabelecer duas prioridades, antes do início da avaliação individual das vítimas. Cite-as. 2) O Exame Primário e Secundário, bem como a ordem de prioridades para um atendimento ideal à vítima de trauma, deve seguir o ABCDE. Explique, de forma sucinta, o significado de cada uma dessas etapas. 3) No atendimento à vítima de trauma que apresente lesões com sangramento, o socorrista pode identificar três tipos de sangramento. Cite e explique cada um deles. 139 Suporte Básico da Vida Unidade 3 4) De acordo com o PHTLS (2007), o controle da hemorragia externa, na vítima de trauma, pode ser feito em duas etapas. Cite-as e explique cada uma delas. 5) O exame primário começa com uma visão simultânea ou global do estado respiratório, circulatório e neurológico da vítima para identificar quaisquer problemas externos significativos óbvios, com respeito à oxigenação, circulação, hemorragia ou deformidades flagrantes. Como obter essa impressão geral? 6) Além da segurança requerida na cena, os socorristas necessitam usar EPIs: Barreiras físicas (luvas, máscaras faciais, proteção ocular, aventais) para impedir contágios a partir de fluídos corporais. Outros equipamentos de barreira são essenciais para a garantia da segurança do socorrista: como são chamados esses EPIs? 140 Universidade do Sul de Santa Catarina 7) A prioridade inicial no atendimento à vítima de queimadura é a manutenção da permeabilidade das vias aéreas. a) No caso da queimadura ter resultado de uma explosão ou de um acidente com desaceleração existe a possibilidade de uma lesão medular. Como proceder nessa situação? b) A exposição a gases aquecidos e fumaça da combustão de materiais geralmente causa danos ao aparelho respiratório. Qual é sinal de obstrução iminente de parada respiratória? 8) A exposição do tórax facilita a avaliação da respiração, o que pode ser uma medida indireta das trocas ventilatórias. Ventilação prejudicada e má oxigenação também podem estar relacionadas à inalação de fumaça e/ou intoxicação por monóxido de carbono. Na evidência de situações dessa natureza, como o socorrista deve proceder? 9) As vítimas de queimaduras de segundo grau apresentam bolhas. Por que essas bolhas não podem ser rompidas no ambiente pré-hospitalar? 141 Suporte Básico da Vida Unidade 3 10) Qual é o atendimento preconizado para as feridas das vítimas de queimaduras no ambiente pré-hospitalar? 11) Na asfixia por gás cianeto, ocorre intoxicação do metabolismo celular, impedindo o uso do oxigênio pela célula. Quais são os sinais e sintomas apresentados pela vítima? 12) As queimaduras elétricas causam lesões devastadoras e, em muitos casos, a extensão da lesão tecidual aparente não reflete com exatidão a magnitude da lesão. A destruição e morte tecidual podem ser muito extensas em comparação ao trauma aparente, porque grande parte
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