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Autos nº 0072674-06/2013 Juizado Especial Criminal de Nova Lima MM. Juiz: JADERSON VINÍCIUS DO CARMO, qualificado nos autos, foi denunciado como incurso no art. 129, caput, do Código Penal, porque, no dia 19 de julho de 2013, nesta cidade, agrediu a vítima Elson Ferreira dos Santos, mediante socos e pontapés, causando-lhe as lesões descritas no laudo incluso. O feito transcorreu validamente, tendo sido observadas as regras procedimentais previstas na Lei 9.099/95. Enseja-se, neste momento, a apresentação das alegações finais pelo Ministério Público. Não foram arguidas questões preliminares, pelo que se faz possível adentrar diretamente o mérito da ação penal. Relativamente à questão de fundo, não se encontram nos autos elementos de convicção absoluta acerca do delito de lesão corporal atribuído ao acusado. No caso presente, embora o acusado tenha admitido que desferiu um soco na vítima, ele alega que apenas revidou ataque injusto e atual daquela, o que foi corroborado pela testemunha Izabella Sanches Vieira (fl. 73) e pela existência de lesões recíprocas (fls. 27 e 61/64). A palavra da vítima merece crédito, porém, isolada, não pode servir de suporte para uma condenação. Tratando-se de lesões recíprocas, apresentadas versões antogônicas, porem verossímeis e passíveis, ambas, de corresponderem a realidade (porquanto nenhuma infirmada pelo conjunto probatório), cada uma delas suscetível de encontrar amparo na referida causa excludente de ilicitude, a solução que se impõe é a absolvição do acusado, nos termos do art. 386, VII, do CPP. Em reforço a esse entendimento, convém trazer à baila o seguinte julgado: "PENAL - LESÕES CORPORAIS RECÍPROCAS - ABSOLVIÇÃO. Nas lesões corporais leves cometidas com reciprocidade, em que os envolvidos afirmam ter agido em legítima defesa e, sendo a prova inconfiável, a respeito de quem teve a iniciativa da agressão, é recomendável a absolvição de ambos, com base no art. 386, VI do CPP, evitando-se a condenação de um possível inocente, uma vez que inexiste dúvida de que um deles agiu em exclusão de ilicitude. Recurso provido. Unânime." (Apelação Criminal nº 1432094/DF, 1ª Turma Criminal do TJDFT, Rel. Des. Oswaldo de Sousa e Silva. j. 18.05.1995, pub. DJU 21.06.1995, p. 8.554). Destarte, impõe-se a solução absolutória, em homenagem a lição do festejado CESARE BECCARIA, no sentido de que "é melhor absolver um culpado do que condenar um inocente". Ex positis, manifesta-se o MINISTÉRIO PÚBLICO pela absolvição do acusado, com fundamento no art. 386, VII, do CPP (inexistência de prova suficiente para a condenação). Nova Lima, 29 de abril de 2014. RENATO AUGUSTO DE MENDONÇA PROMOTOR DE JUSTIÇA (em cooperação - Portaria-PGJ nº 283/09)
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