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EUTANÁSIA Gabriela Machado, Fernando Pereira e Lara Cúrcio Carrer CONCEITOS FUNDAMENTAIS Eutanásia: Deriva do grego “eu” = “boa” e de “thanatos” = morte. A boa morte, a morte tranquila, sem dor nem sofrimento. Facilitação da transição a morte de uma vida que está a extinguir-se em sofrimento. (CASAL, 2004) Mistanásia: Morte miserável, infeliz , fora e antes da hora: eutanásia social. Distanásia: Prolongamento máximo da vida humana, combate a morte. Ortotanásia: Bem-estar global da pessoa, morte natural, eutanásia passiva. (VIEIRA, 2006) 2 Diferença: resultado: Mistanásia (morte com dor) e eutanásia (morte sem dor) 2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS 3 No ATO EM SI Existe uma divisão clássica: Eutanásia ativa direta; Eutanásia ativa indireta ou de duplo efeito; Eutanásia passiva. CONCEITOS FUNDAMENTAIS 4 Eutanásia Ativa Direta: Intencional ou necessário encurtamento ativo do período de vida do paciente. Eutanásia Ativa Indireta: Meios destinados a poupar o moribundo de dores e sofrimentos, que previsivelmente conduzirão a uma diminuição eventual, não muito sensível, do seu período de vida, mas não querida diretamente pelo agente. Duplo Efeito. Eutanásia Passiva: Renuncia de medidas de prolongamento da vida para moribundos, inconscientes irreversíveis, ou soluções irresolúveis. (CASAL, 2004) CONCEITOS FUNDAMENTAIS 5 HOMICÍDIO ASSISTIDO x EUTANÁSIA Homicídio assistido: a morte não depende da ação de um terceiro, é ação do paciente, que pode ter sido orientado, assistido ou encorajado por um terceiro. Eutanásia: o terceiro age ou omite-se. Em ambos o que prevalece é a vontade do paciente. (SÁ, 2005) CONCEITOS FUNDAMENTAIS 6 Quanto às CONSEQUÊNCIAS do ATO e CONSENTIMENTO do PACIENTE, ela pode ser subdividida em: Eutanásia voluntária: atende-se a uma vontade expressa do doente, que seria um sinônimo de suicídio assistido; Involuntária: ocorre quando o ato é realizado contra a vontade do enfermo; Não voluntária: a morte é levada a cabo, ou seja, sem que se conheça a própria vontade do paciente. ARGUMENTOS 1. A FAVOR 2. CONTRA 7 A FAVOR População que é a favor da eutanásia; A eutanásia não apoia nem defende a morte em si; É preciso analisar os diversos elementos sociais que rodeiam o indivíduo; A escolha pela morte, não poderá ser irrefletida; Quando uma pessoa passa a ser prisioneira do seu corpo, dependente da satisfação das necessidades mais básicas; o medo de ficar só, de ser um “fardo” para os familiares, a revolta e a vontade de dizer “Não” ao estado em que se encontra, levam-no a pedir o direito a morrer com dignidade; 8 A FAVOR Mas a Eutanásia continua a ser um tema tabu, na nossa sociedade, em que ainda existem poucos países com que esta prática está legalizada; A autonomia no direito a morrer não é permitida em detrimento das regras que regem a sociedade, mas numa política de contenção econômica. 9 CONTRA 10 Existem muitas objeções à prática da eutanásia, elementos religiosos, éticos e políticos, dependendo da sociedade em que o doente está inserido. No caso da religião, a principal objeção é o fato de considerarem que a eutanásia é tida como uma usurpação do direito à vida humana, vida esse que foi criado por Deus e é esse Deus o único que pode tirar a vida a alguém. CONTRA 11 Perspectiva da ética médica: Os médicos consideram a vida algo sagrado, portanto, cabe assim ao médico, cumprindo o juramento Hipocrático, assistir o paciente, fornecendo-lhe todo e qualquer meio necessário à sua subsistência. PERSPECTIVAS O DOENTE A FAMÍLIA E A SOCIEDADE O PROFISSIONAL 12 O DOENTE 13 As pessoas com doença crônica ou em estado terminal, têm naturalmente momentos de desespero, momentos de um sofrimento físico e psíquico muito intenso, mas também têm momentos em que vivem a alegria e a felicidade. Estas pessoas lutam dia após dia para viverem um só segundo mais. Nem sempre um Ser Humano com uma determinada patologia quer morrer “porque não tem cura”! Muitas vezes acontece o contrário, tentam lutar contra a Morte. O DOENTE Por outro lado, em alguns casos surgem os doentes que realmente estão cansados de viver, que não aguentam mais sentirem-se um fardo, ou sentirem-se sozinhos, apenas acompanhados de um enorme sofrimento de ordem física, psíquica ou social; Uma pessoa cuja existência deixou de lhe fazer sentido e muitas vezes isolada, no seu mundo interior; sente que, paga a cada segundo que passa uma pena demasiadamente pesada pelo simples fato de existir. 14 A FAMÍLIA E A SOCIEDADE A família é fundamental para cada indivíduo; É muito frequente que a família se divida entre apoiar ou não a decisão da pessoa, em desejar acabar com a vida; A Eutanásia continuará a suscitar grande polêmica na sociedade; 15 O PROFISSIONAL Cabe ao profissional da área da saúde (enfermeiros, técnicos) ser um elemento ou participante ativo e participativo, seja em quaisquer aspectos, principalmente aqueles em que visem amenizar o sofrimento do indivíduo. 16 LEGISLAÇÃO No Brasil No mundo 17 O DIREITO Resolução de impasses; Ocupa uma posição decisiva na contribuição para o debate bioético (biologia, medicina, antropologia, sociologia, teologia e filosofia); Principais defensores dos direitos dos vulneráveis denunciando abusos defendendo a primazia da dignidade humana. Sem a lei, há o direito; “Ubi societas, ibi ius” Ponto de partida para a criação de novas normas jurídicas; 18 Onde há sociedade, há o direito, pois não há sociedade sem direito. 18 LEIS EXISTENTES Constituição Federal: Art. 1º, III: dignidade humana; Art. 5º: direito a vida, privacidade; Art. 196: direito a saúde. Código Civil: Art. 2º: existência da pessoa; Art. 13: disposição do próprio corpo por exigência terapêutica; Art. 951: negligência, imprudência, imperícia no exercício profissional; Código Penal: Art. 121: casos de eutanásia; 19 DIGNIDADE HUMANA “A qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando nesse sentido, um complexo de direito e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e co-responsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos.” SARLET, Ingo Wolfgang apud VIEIRA, 2006. 20 Do que adianta viver se a pessoa não pode sentir-se viva? Sem poder estudar, trabalhar... 20 A MORTE Âmbito jurídico-penal: Determinação do momento da morte; Só durante a vida funciona a proteção do homicídio. Conceito jurídico de morte: não há! Conhecimentos médicos; Aplicação das regras da interpretação jurídica. 21 Uma pessoa pode estar morta pela definição jurídica, mas novos critérios médicos podem a considerar viva. 21 A MORTE 22 Ciência médica e direito penal: MORTE CEREBRAL: inconsciência profunda e constante, durante um lapso de tempo largo; total cessação da respiração espontânea; e desaparecimento de reflexos próprios. Será punido com a pena prevista para o crime de homicídio quem matar outrem ou não evitar a sua morte, desde que este tenha dever jurídico. ÂMBITO JURÍDICO-PENAL 23 Eutanásia ativa direta (com intento): ILÍCITA: Homicídio (Brasil e Alemanha); Com atenuações (Itália e Portugal). Eutanásia ativa indireta (sem intento): LÍCITA: Duplo efeito: medicamentos que causam alívio mas podem matar; Eutanásia passiva: ILÍCITO, caso haja homicídio por omissão, se a morte poderia ter sido adiada, mesmo que por breve período. LÍCITO, nos outros casos ÂMBITO JURÍDICO-PENAL 24 Países que legalizaram a eutanásia: Holanda e Bélgica EUA é Ilegal No estado do Oregon é legalizado o homicídio medicamente assistido A legalização ocorre mediante a condutas que devem ser inteiramente realizadas. Por exemplo na Bélgica: Informar o pacientesobre seu estado e expectativa de vida; Ter determinado o sofrimento físico e mental do paciente; Consultar outro médico e equipe; O médico deve discutir com familiares, caso o doente solicite; Determinar ao paciente oportunidade de discutir com familiares. A EUTANÁSIA NA VISÃO DO PACIENTE TRECHO DO FILME MENINA DE OURO 25 A EUTANÁSIA NA VISÃO DO PACIENTE TRECHO DO FILME MAR A DENTRO 26 A EUTANÁSIA NA VISÃO DO PROFISSIONAL TRECHO DO SERIADO DR. HOUSE https://youtu.be/n3A8ETjz6UU 27 “Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outra, sempre e simultaneamente como fim e nunca como meio.” Kant 28 REFERÊNCIAS BIBLIORÁFICAS BERTACHINI, Luciana; PESSINI, Leo. Encanto e responsabilidade no cuidado da vida: lidando com desafios éticos em situações críticas e de final de vida. São Paulo, 2009. CASAL, Cláudia Neves. Homicídio privilegiado por compaixão. São Paulo: Coimbra, 2004. DRANE, James; PESSINI, Leo. Bioética, medicina e tecnologia: Desafios éticos na fronteira do conhecimento humano. São Paulo, 2005. HINTERMEYER, Pascal. Eutanásia a dignidade em questão. São Paulo, Edições Loyola. 2006. JONSEN, Albert R. Ética clínica: abordagem prática para decisões éticas na medicina clínica. Porto Alegre, 2012. NAMBA, Tetsuzo Edison. Manual de bioética e biodireito. São Paulo, 2015. PESSINI, Léo. Eutanásia: por que abreviar a vida? São Paulo: São Camilo, 2004. SÁ, Maria de Fátima Freire de. Direito de Morrer: eutanásia, suicídio assistido. Belo Horizonte: Del Rey, 2005. SGRECCIA, Elio. Manual de Bioética: Fundamentos e ética biomédica. São Paulo, 2009. VIEIRA, Tereza Rodrigues. Bioética. Brasília: Consultex, 2006. 29
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