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AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA UNIASSELVI-PÓS Autoria: Rosi Meri da Silva Indaial - 2019 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2019 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: SI586a Silva, Rosi Meri da Avaliação neuropsicológica. / Rosi Meri da Silva. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 186 p.; il. ISBN 978-85-7141-400-6 ISBN Digital 978-85-7141-401-3 1. Neuropsicologia. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 616.8914 Sumário APRESENTAÇÃO ........................................................................05 CAPÍTULO 1 Avaliação Psicológica e Avaliação Neuropsicológica na Prática Clínica .......................................................................07 CAPÍTULO 2 Neuropsicologia: Diagnóstico e Intervenção .......................65 CAPÍTULO 3 Funções Neuropsicológicas e as Possíveis Alterações Clícas em Lesões Cerebrais e Nas Principais Doenças Neurológicas .............................................................................121 APRESENTAÇÃO Prezado estudante, o Livro Didático de Avaliação Neuropsicológica faz parte do curso de Pós-Graduação Lato Sensu EAD em Neuropsicologia da UNIASSELVI. Tem como finalidade disponibilizar fundamentos que permitam integrar os conhecimentos teóricos e práticos para planejar, realizar avaliação neuropsicológica e elaborar relatório (laudo), possibilitando o desenvolvimento de programas de intervenção, condizentes com os sintomas avaliados em crianças, adolescentes, adultos e idosos. O livro está dividido em três capítulos, cada um com objetivos, conteúdos, atividades de estudo, dicas, orientações e referências para leituras complementares. No primeiro capítulo, você será levado a acessar os Fundamentos da avaliação psicológica; Princípios, técnicas e instrumentos de avaliação neuropsicológica; Avaliação neuropsicológica na prática clínica com crianças e adolescentes; Avaliação neuropsicológica na prática clínica com adultos e idosos. No segundo capítulo, você terá acesso ao processo de elaboração de relatório e devolutiva nos vários contextos de atuação da neuropsicologia; assim como conduzir você ao processo de diagnóstico, intervenções e prognóstico em neuropsicologia. Com o terceiro capítulo, você entenderá os conceitos gerais das funções neuropsicológicas, assim como as alterações neuropsicológicas nas lesões cerebrais e nas principais doenças neurológicas. De forma ampla, este livro é para você, aluno do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu EAD em Neuropsicologia que deseja se aprofundar na área de avaliação neuropsicológica, pois discorre sobre os principais conceitos, instrumentos e processos para realizar com segurança e técnica o processo de avaliação neuropsicológica na prática clínica. Bons estudos! Professora Rosi Meri da Silva CAPÍTULO 1 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: Saber: • apresentar teoria e técnica em avaliação psicológica; • descrever os passos da Avaliação Neuropsicológica; • apontar as técnicas e instrumentos de avaliação neuropsicológica; • expor o processo para interpretação dos resultados da avaliação neuropsicológica; • demonstrar os processos da avaliação neuropsicológica na prática clínica com crianças, adolescentes, adultos e idosos. Fazer: • empregar os instrumentos de avaliação neuropsicológica de acordo com as necessidades apresentadas em cada situação; • utilizar a avaliação neuropsicológica na prática clínica com crianças, adolescentes, adultos e idosos. 8 Avaliação Neuropsicológica 9 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Neste capítulo, discutiremos temas que lhe auxiliarão na prática em neuropsicologia. Você será levado a pensar de forma técnica e científi ca, pois uma boa avaliação neuropsicológica dependerá de você, pois vai exigir estudo, treino e muita atenção em todos os passos. A neuropsicologia é uma área da neurociência que tem por objetivo estudar a relação entre comportamento e funcionamento cerebral em condições normais e patológicas. Mas para chegarmos até a avaliação neuropsicológica, vamos percorrer um caminho, pelo qual você será nosso convidado especial. Vamos percorrer a trilha da avaliação psicológica, estudar as resoluções do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que regulamentam a nossa prática profi ssional. Lembre-se de que não basta conhecer, ler e praticar, também é necessário ser ético, para tanto temos que saber nossos limites profi ssionais, temos que conhecer a legislação vigente, temos que saber quais instrumentos são validados para uso no Brasil de acordo com o CFP. Neste capítulo você terá acesso a alguns modelos de instrumentos, porém, lembre-se de que você deverá adaptar cada um destes instrumentos ao contexto no qual irá aplicar e, principalmente, a queixa de cada paciente, além do que você poderá ir aprimorando, principalmente a entrevista ao longo de sua prática clínica. Você também será convidado a refl etir sobro o uso da avaliação neuropsicológica na prática clínica, considerando as diferentes faixas etárias e suas peculiaridades. A avaliação neuropsicológica é um tipo bastante complexo de avaliação psicológica, porque exige do profi ssional não apenas uma sólida fundamentação em psicologia clínica e familiaridade com a psicometria, mas também especialização e treino em contexto em que seja fundamental o conhecimento do sistema nervoso e de suas patologias (LEZAK, 1995 apud CUNHA, 2000, p. 171). 2 FUNDAMENTOS DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA No atual contexto, a avaliação psicológica é considerada um procedimento técnico que possibilita analisar dados da personalidade, aspectos cognitivos, tomando prováveis manifestações, difi culdades do desenvolvimento, demandas 10 Avaliação Neuropsicológica neuropsicológicas, características adaptativas e desadaptativas, entre outros, possibilitando assim um prognóstico e as melhores indicações de tratamento (HUTZ et al., 2016). Segundo a Resolução nº 9, de 25 de abril de 2018, do Conselho Federal de Psicologia: Art. 1º - Avaliação Psicológica é defi nida como um processo estruturado de investigação de fenômenos psicológicos, composto de métodos, técnicas e instrumentos, com o objetivo de prover informações à tomada de decisão, no âmbito individual, grupal ou institucional, com base em demandas, condições e fi nalidades específi cas. Art. 2º - Na realização da Avaliação Psicológica, a psicóloga e o psicólogo devem basear sua decisão, obrigatoriamente, em métodos e/ou técnicas e/ou instrumentos psicológicos reconhecidos cientifi camente para uso na prática profi ssional da psicóloga e do psicólogo (fontes fundamentais de informação), podendo, a depender do contexto, recorrer a procedimentos e recursos auxiliares (fontes complementares de informação). Consideram-se fontes de informação: I – Fontes fundamentais: a) Testes psicológicos aprovados pelo CFP para uso profi ssional da psicóloga e do psicólogo e/ou; b) Entrevistas psicológicas, anamnese e/ou; c) Protocolos ou registros de observação de comportamentos obtidos individualmente ou por meio de processogrupal e/ ou técnicas de grupo. II – Fontes complementares: a) Técnicas e instrumentos não psicológicos que possuam respaldo da literatura científi ca da área e que respeitem o Código de Ética e as garantias da legislação da profi ssão; b) Documentos técnicos, tais como protocolos ou relatórios de equipes multiprofi ssionais (CFP, 2018, p. 2-3). A área da avaliação psicológica fundamenta-se em dados científi cos, que caracterizam a percepção das manifestações psicológicas, e sua evolução tem ocorrido frente às novas exigências que têm demandado a defi nição de métodos, técnicas e teorias científi cas (CFP, 2013). A avaliação psicológica é compreendida como um amplo processo de investigação, no qual se conhece o avaliado e sua demanda, com o intuito de programar a tomada de decisão mais apropriada do psicólogo. Mais especialmente, a avaliação psicológica refere-se à coleta e interpretação de dados, obtidos por meio de um conjunto de procedimentos confi áveis, entendidos como aqueles reconhecidos pela ciência psicológica. 11 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA Capítulo 1 Compete ao psicólogo planejar e realizar o processo avaliativo com base em aspectos técnicos e teóricos. A escolha do número de sessões para a sua realização, das questões a serem respondidas, bem como de quais instrumentos/técnicas de avaliação devem ser utilizados será baseada nos seguintes elementos: 1. contexto no qual a avaliação psicológica se insere; 2. propósitos da avaliação psicológica; 3. construtos psicológicos a serem investigados; 4. adequação das características dos instrumentos/técnicas aos indivíduos avaliados; 5. condições técnicas, metodológicas e operacionais do instrumento de avaliação (CFP, 2013, p. 11). 2.1 PSICODIAGNÓSTICO O psicodiagnóstico é um método científi co que se utiliza de técnicas e testes psicológicos, em nível individual ou coletivo, quer para responder demandas teóricas, detectar e analisar particularidades ou para identifi car o quadro e avaliar seu possível caminho (CUNHA, 2000). QUADRO 1 – PASSOS DE UM PROCESSO DE PSICODIAGNÓSTICO FONTE: Hutz et al. (2016, p. 29) Passos Especifi cações 1. Determinar os motivos da consulta e/ou do encaminhamento e levantar dados sobre a história pessoal (dados de natureza psicológica, social, médica, profi ssional, escolar). 2. Defi nir as hipóteses e os objetivos do processo de avaliação. Estabelecer o controle de trabalho (com o examinando e/ou responsável). 3. Estruturar um plano de avaliação (selecionar instrumentos e/ou técnicas psicológicas). 4. Administrar as estratégias e instrumentos de avaliação. 5. Corrigir ou levantar, qualitativa e quantitativamente, as estratégias e os instrumentos de avaliação. 6. Integrar os dados colhidos, relacionados com as hipóteses iniciais e com os objetivos da avaliação. 7. Formular as conclusões, defi nindo potencialidades e vulnerabilidades. 8. Comunicar os resultados por meio de entrevista de devolução e de um laudo/relatório psicológico. Encerrar o processo de avaliação. 12 Avaliação Neuropsicológica Cunha (2000, p. 30) sugere alguns passos para operacionalização psicodiagnóstico: a) determinar o motivo do encaminhamento [...]; b) levantar dados de natureza psicológica, social, médica, profi ssional [...]; c) colher dados sobre a história clínica e história pessoal [...]; d) realizar o exame do estado mental [...]; e) levantar hipóteses iniciais e defi nir os objetivos do exame; f) estabelecer um plano de avaliação; g) estabelecer um contrato de trabalho [...]; h) administrar testes e outros instrumentos psicológicos; i) levantar dados quantitativos e qualitativos; j) selecionar, organizar e integrar todos os dados signifi cativos para os objetivos do exame [...]; k) comunicar resultados (entrevista devolutiva, relatório, laudo, parecer e outros informes [...]; l) encerrar o processo. Para fazer um psicodiagnóstico, “o profi ssional deve saber avaliar com cuidado a demanda trazida pelo paciente ou pela fonte de encaminhamento, para, a partir disso, realizar considerações éticas sobre o pedido e, quando estas forem favoráveis, tecer os objetivos de sua realização” (HUTZ et al., 2016, p. 21). O psicodiagnóstico é um procedimento científi co de investigação e intervenção clínica, limitado no tempo, que emprega técnicas e/ou testes psicológicos com propósito de avaliar uma ou mais características psicológicas visando a um diagnóstico psicológico (descritivo e/ou dinâmico), construído à luz de uma orientação teórica que subsidie a compreensão da situação avaliada, gerando uma ou mais indicações terapêuticas e encaminhamentos (HUTZ et al., 2016 p. 25). Aprofundar o tema: Conselho Federal de Psicologia. Avaliação psicológica: diretrizes na regulamentação da profi ssão / Conselho Federal de Psicologia. Brasília: CFP, 2010. 196 p. 13 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA Capítulo 1 3 PRINCÍPIOS, TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA Nesta oportunidade, iremos conduzir você ao encontro dos principais instrumentos e técnicas a serem utilizados em um processo de avaliação neuropsicológica, tendo como ênfase a entrevista clínica, os testes psicológicos, testes neuropsicológicos e alguns instrumentos de rastreio. Mas antes de entrarmos nestes temas específi cos, faremos uma breve explanação sobre a neuropsicologia e suas possibilidades de atuação, tendo como ponto principal a “avalição neuropsicológica”. Você terá acesso a informações que serão utilizadas ao longo de sua formação, sendo por muitas vezes necessário retomar este livro, pois nele será tratado o fundamento da atuação do profi ssional em neuropsicologia, sua ferramenta de trabalho, que é em primeiro lugar a avaliação neuropsicológica. Desta forma, convidamos você a focar seus estudos priorizando momentos que irão para além deste material, sendo necessário fazer, por vezes, leituras extras, no intuito de complementar seus estudos. Hamdan, Pereira e Riechi (2011) defi nem a neuropsicologia de modo geral como um estudo entre o cérebro e o comportamento, e de uma forma mais restrita, como o campo que investiga as alterações cognitivas e comportamentais associada às lesões cerebrais. Vamos nos basear nestes autores para descrever as áreas e os conhecimentos que mediam a prática da neuropsicologia: FIGURA 1 – ÁREAS DE CONHECIMENTO QUE MEDIAM A PRÁTICA DA NEUROPSICOLOGIA FONTE: Adaptado de Hamdan, Pereira e Riechi (2011) Neuroanatomia Neuropsicologia Neurofi siologia Neurofarmacologia Psicopatologia Neuroquímica Psicometria Psicologia Clínica Psicologia Cognitiva 14 Avaliação Neuropsicológica A neuropsicologia tem como principal objetivo identifi car a consequência das características estruturais e funcionais do cérebro e do comportamento em situações de estímulo e de respostas defi nidas, e o processo de avaliação é basicamente representado por meio de duas grandes questões: 1) quais são as funções comprometidas e 2) que aspectos comportamentais podem minimizar essa expressão psicopatológica (ANDRADE; SANTOS; BUENO, 2004, p. 22). O profi ssional especialista em neuropsicologia pode atuar em diferentes contextos, entre eles: • Consultório; • Clínicas especializadas com equipe interdisciplinar; • Hospitais; • Ambulatórios; • Grupos de pesquisa; • Universidades. Entre as principais funções do profi ssional da neuropsicologia está a avaliação neuropsicológica. Segundo Malloy-Diniz et al. (2010 p. 47), “a avaliação neuropsicológica consiste no método de investigar as funções cognitivas e o comportamento. Trata-se da aplicação de técnicas de entrevista, exames quantitativos e qualitativos das funções que compõem a cognição abrangendo processos de atenção, percepção, memória, linguagem e raciocínio”. Segundo a Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 013/2007: XI –Psicólogo especialista em Neuropsicologia Atua no diagnóstico, no acompanhamento, no tratamento e na pesquisa da cognição, das emoções, da personalidade e do comportamento sob o enfoque da relação entre estes aspectos e o funcionamento cerebral. Utiliza-se para isso de conhecimentos teóricos angariados pelas neurociências e pela prática clínica, com metodologia estabelecida experimental ou clinicamente. Utiliza instrumentos especifi camente padronizados para avaliação das funções neuropsicológicas envolvendo principalmente habilidades de atenção, percepção, linguagem, raciocínio, abstração, memória, aprendizagem, habilidades acadêmicas, processamento da informação, visuoconstrução, afeto, funções motoras e executivas (CFP, 2007, p. 23-24). Segundo Fuentes et al. (2008), a avaliação neuropsicológica tem como objetivos: • Auxiliar diagnóstico; • Prognóstico; 15 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA Capítulo 1 • Orientação para o tratamento; • Auxílio para o planejamento da reabilitação; • Perícia. Para darmos sequência ao entendimento do objetivo e do funcionamento do processo de avaliação neuropsicológica é necessário entendermos a diferença entre a neuropsicologia e a psicometria: FONTE: Adaptado de Malloy-Diniz et al. (2010) QUADRO 2 – DIFERENÇA ENTRE A NEUROPSICOLOGIA E A PSICOMETRIA Como podemos perceber através deste quadro, a neuropsicologia se utiliza da psicometria em seus estudos, tendo como foco a avaliação das alterações cognitivas, que serão mensuradas através de instrumentos padronizados. O processo de avaliação neuropsicológica exige que você se atente à demanda procedente do encaminhamento. Aqui utilizaremos o esquema proposto por Cunha (2010), para facilitar seu entendimento: FIGURA 2 – PROCESSO DE AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA FONTE: Adaptado de Cunha (2000, p. 172) Segundo Andrade, Santos e Bueno (2004, p. 21), “a avaliação neuropsicológica é realizada via entrevista e testes, que podem ser agrupados em baterias fi xas ou fl exíveis, e exames psicofi siológicos, além de inventários e questionários que possam avaliar o humor, as condições socioculturais, a qualidade de vida, entre outros”. O neuropsicólogo realiza um estudo clínico, utilizando vários instrumentos, dentre eles, testes para confrontar as mudanças comportamentais do paciente, com as prováveis áreas cerebrais comprometidas. Já a psicometria colabora para a evolução da neuropsicologia, mas sem atém à elaboração de metadologias e elaboração de teste, priorizando amostras e padroniezações em grupo de pessoas. DIFERENÇA 16 Avaliação Neuropsicológica QUADRO 3 – POSSIBILIDADES DE BATERIAS PARA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA FONTE: Adaptado de Malloy-Diniz et al. (2010, p. 51-52) Como você pôde perceber, são vários os pontos a serem considerados em uma avaliação neuropsicológica, entre eles a seleção dos instrumentos que serão utilizados, porém, fi que calmo, iremos detalhar esse processo ao longo do capítulo. Consideramos pertinente fazer um apontamento com alguns itens a serem considerados durante o processo de planejamento de uma avaliação neuropsicológica, mesmo que iremos aprofundá-los mais a frente, isso facilitará seu entendimento ao longo do capítulo deste livro. Desta forma, preste atenção nas seguintes pontuações: • Planejar – levando em consideração as queixas do paciente e o motivo do encaminhamento. Você pode estar se perguntando o que signifi ca uma bateria e quais as diferenças entre elas. Para isto, iremos contextualizar cada uma das possibilidades de baterias, levando em consideração o contexto mais propício para sua utilização: Bateria Breve Bateria Flexível Bateria Fixa • São extremamente úteis em pesquisas ou em serviços especializados em determinadas doenças neurológicas; • Permite às equipes a organização de dados e viabiliza a visão comparativa de casos; • A escolha de testes deve ser abrangente para investigar as funções comprometidas nas doenças a seres investigadas. • São mais indicadas para aplicação no contexto ambulatorial ou de internamento hospitalar; • É mais indicada quando a solicitaçao exige um posicionamento imediato; • Proporciona apenas um resultado indicativo de alteração e sugere possíveis áreas de investigação; • Em casos em que a alteração é sutil, essa técnica é insufi ciente. • É mais indicada para uso na clínica; • A partir da demanda, o profi ssional seleciona as técnicas adequadas, com fl exibilidade; • As tarefas iniciais podem ser mais simples, de modo a introduzir o ritmo e verifi car a capacidade do paciente em se adaptar e de colaborar com o processo. 17 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA Capítulo 1 • A entrevista deve ser adequada à faixa etária e, se necessário, solicitar a presença de familiares, responsáveis legais ou cuidadores. • Utilizar testes psicológicos e neuropsicológicos validados e autorizados para uso de Psicólogos (as), além de considerar a escolaridade e faixa etária de cada paciente. • O número de sessões para realização da avaliação neuropsicológica vai estar diretamente vinculado às condições clínicas do paciente e do local onde será realizada (contexto hospitalar, ambulatório, consultório, escola). • Interromper sempre que o paciente apresentar: cansaço, desmotivação, sonolência, falta de um artifício que possa causar interferência, tais como óculos, aparelhos auditivos. • Usar instrumentos de rastreio que tenham validação para uso no Brasil. Outro ponto a ser considerado antes de iniciar uma avaliação neuropsicológica é aprofundar o seu conhecimento no que se refere aos fatores que podem interferir neste processo. Aqui podemos citar: • escolaridade e fatores socioeconômicos; • uso de medicamentos; • distúrbios de memória e de linguagem; • cansaço; • sonolência; • motivação reduzida; • limitações motoras; • depressão e ansiedade. Os fatores aqui citados devem ser considerados no momento da escolha dos instrumentos de avaliação, assim como na sua decisão profi ssional de dar sequência à avaliação neuropsicológica ou de interrompê-la, pois o paciente com sonolência, por exemplo, não conseguirá realizar ou realizará com difi culdade várias tarefas propostas. Atenção: Não basta identifi car as difi culdades e fragilidades dos pacientes em processo de avaliação neuropsicológica, pois na condição de Neuropsicólogo é imprescindível propor encaminhamentos e possíveis tratamentos ou reabilitação, neste caso, temos que identifi car quais as potencialidades deste paciente, quais as áreas cognitivas preservadas ou com possibilidade de habilitação ou reabilitação. • escolaridade e fatores socioeconômicos; • uso de medicamentos; • distúrbios de memória e de linguagem; • cansaço; • sonolência; • motivação reduzida; • limitações motoras; • depressão e ansiedade. 18 Avaliação Neuropsicológica FIGURA 3 – POTENCIALIDADES E DIFICULDADES DO PACIENTE NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA Difi culdades Potencialidades FONTE: A autora Vamos nos aprofundar um pouco nesses dois conceitos. As difi culdades são todas as funções cognitivas que se encontram comprometidas ou alteradas no processo de avaliação neuropsicológica, entre elas podemos citar: memória, linguagem, percepção. Já as potencialidades são todas as funções cognitivas que estão preservadas ou com potencial para ser estimuladas ou reabilitadas após a avaliação neuropsicológica, na literatura podemos encontrar esses conceitos descritos também como forças e fraquezas. A avaliação neuropsicológica estabelece quais são as forças e as fraquezas cognitivas, provendo assim um “mapa” para orientar quais funções devem ser reforçadas ou substituídas por outras. Além disso, permite auxiliar as mudanças nas opções profi ssionais, acadêmicas e no ambiente familiar, ampliando os recursos cognitivos que possibilitam melhorar a qualidadede vida (FUENTES et al., 2008, p. 108). No que se refere às difi culdades e potencialidades, é fundamental que você perceba que o seu papel profi ssional vai muito além de só avaliar, você irá, através dos dados obtidos, elencar as áreas com maior potencial de intervenção profi ssional, assim como orientar o paciente, familiares e/ou cuidadores e equipe interdisciplinar em como relacionar-se com os possíveis défi cits, quando presentes. Mas não se preocupe, você retomará esta temática quando falarmos especifi camente das intervenções em neuropsicologia. Outro conceito importante é o de instrumento. Segundo Andrade, Santos e Bueno (2004, p. 10), “um instrumento pode ser considerado como qualquer meio de estender nossa ação ao meio e, assim, poder minimizar nossas limitações em uma ação investigativa da observação, maximizando a efi cácia da obtenção de dados e os seus resultados”. Segundo a Resolução nº 9/2018 do Conselho Federal de Psicologia: Art.2º. Na realização da Avaliação Psicológica, a psicóloga e o psicólogo devem basear sua decisão, obrigatoriamente, em métodos e/ou técnicas e/ou instrumentos psicológicos reconhecidos cientifi camente para uso na prática profi ssional da psicóloga e do psicólogo (fontes fundamentais de informação), podendo, a depender do contexto, recorrer a procedimentos e recursos auxiliares (fontes complementares de informação). 19 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA Capítulo 1 Consideram-se fontes de informação: I – Fontes fundamentais: a) Testes psicológicos aprovados pelo CFP para uso profi ssional da psicóloga e do psicólogo e/ou; b) Entrevistas psicológicas, anamnese e/ou; c) Protocolos ou registros de observação de comportamentos obtidos individualmente ou por meio de processo grupal e/ ou técnicas de grupo. II – Fontes complementares: a) Técnicas e instrumentos não psicológicos que possuam respaldo da literatura científi ca da área e que respeitem o Código de Ética e as garantias da legislação da profi ssão; b) Documentos técnicos, tais como protocolos ou relatórios de equipes multiprofi ssionais (CFP, 2018, p. 2-3). Antes de entrarmos no processo propriamente dito de “avaliação neuropsicológica, você deve se atentar para o que aprendeu até aqui. Faça uma breve refl exão sobre os conceitos e estratégias a serem seguidas antes de realizar uma avaliação neuropsicológica, principalmente a necessidade de planejar as intervenções antes de entrar em atendimento. MALLOY-DINIZ, L. F. et al. Avaliação Neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed, 2010. 3.1 ENTREVISTA CLÍNICA A entrevista clínica no contexto da psicologia é um agrupamento de técnicas de inquirição, com tempo demarcado, realizada por um entrevistador com conhecimentos técnicos e psicológicos, numa relação profi ssional, tendo como propósito descrever e avaliar aspectos pessoais, relacionais ou sistêmicos (indivíduo, casal, família, rede social), visando recomendações, encaminhamentos, ou recomendar tratamento em benefício das pessoas entrevistadas (CUNHA, 2000). Para Silva e Bandeira (2016), a entrevista clínica é um instrumento muito usado na psicologia, tendo como propósito coletar informações sobre o avaliado, com foco nas áreas mais importantes da sua vida e os motivos que direcionam ao atendimento, podendo, assim, formular hipóteses diagnósticas e selecionar os instrumentos e técnicas para o psicodiagnóstico. 20 Avaliação Neuropsicológica A entrevista clínica tem início com o histórico do paciente, onde é investigado (escolaridade, ocupação, antecedente familiar e histórico da doença atual), na entrevista também é fundamental saber como era o funcionamento anterior a doença e ou acidente, para que seja possível avaliar suas perdas (MALLOY-DINIZ et al., 2010 p. 49). Como podemos observar, a entrevista clínica é um dos momentos fundamentais para o processo de avaliação neuropsicológico, pois é através dela que vamos levantar dados para dar seguimento à escolha de testes e instrumentos para avaliação. Já aprendeu muito até aqui? Vamos lá, agora vamos apresentar para você algumas sugestões de roteiro para entrevista neuropsicológica nas diferentes faixas etárias. Os modelos aqui propostos foram adaptados dos modelos sugeridos por Hutz et al. (2016) e Spreen e Strauss (1998), bem como da prática clínica da autora. QUADRO 4 – ROTEIRO PARA ENTREVISTA NEUROPSICOLÓGICA: CRIANÇA Data da Entrevista:___________________________Local da Entrevista:_______ _________________________________________________________________ Informações fornecidas por: __________________________________________ Nome:________________________________________ DN: _______________ Endereço: ________________________________________________________ Sexo: M ( ) F ( ) Língua Nativa da Criança: _________________________ Endereço:__________________________Bairro:__________________________ Cidade____________________________________________ CEP:__________ Telefone(s) para Contato: ____________________________________________ Solicitante: _______________________________________________________ Motivo do Encaminhamento__________________________________________ ________________________________________________________________ Breve Histórico da vida escolar: Escolaridade: _________________ Idade que ingressou na escola:__________ Desempenho escolar, sucessos ou difi culdades encontradas:________________ Relacionamento no ambiente escolar: __________________________________ Interesses acadêmicos, atividades extracurriculares:_______________________ ________________________________________________________________ 21 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA Capítulo 1 Descrição dos sintomas e queixas: ___________________________________ Breve história da evolução da queixa que provocou o encaminhamento: ________________________________________________________________ Dinâmica Familiar: Descreva o nome idade, sexo e vínculo de todos os que residem no ambiente familiar: Nome Idade Sexo Grau de parentesco Com quem a criança passa a maior parte do tempo: (Nome, idade e vínculo com a criança): ___________________________________________________ ________________________________________________________________ Histórico do Desenvolvimento: Como foi o desenvolvimento da criança do período de gestação à infância (biológico, social, psicológico, psicomotor)? Gravidez Complicações Exposição a substâncias nocivas Duração da gravidez Idade materna Nascimento Tipo de parto Complicações Problemas neonatais Desenvolvimento inicial Maturidade psicomotora Idade dos primeiros passos Com que idade falou as primeiras palavras 22 Avaliação Neuropsicológica Histórico de Saúde: Alguma doença diagnosticada: Sim ( ) Não ( ) Qual: ____________________ ________________________________________________________________ Teve hospitalização, cirurgia e/ou acidentes durante o desenvolvimento: ______ ________________________________________________________________ Fez ou faz uso de medicação (descreva): ______________________________ ________________________________________________________________ É acompanhado por alguma especialidade: Sim ( ) Não ( ) Qual: _________ ________________________________________________________________ Como é o desenvolvimento emocional da criança (algum tratamento psicológico até o momento, motivo do tratamento, ainda está em acompanhamento): _____ ________________________________________________________________ Algum familiar com doença neurológica, desordem emocional e ou psiquiátrica: ________________________________________________________________ A criança teve alguma perda signifi cativa durante o seu desenvolvimento (ex.: falecimento de alguém, separação dos pais, acolhimento institucional): _______ ________________________________________________________________ Como são seus hábitose rotina (o que gosta de fazer, preferências, alimentação, sono): ________________________________________________ Apresentou alguma alteração nestes hábitos nos últimos tempos:____________ ________________________________________________________________ Apresentou alguma alteração ou sintoma físico (descreva):_________________ ________________________________________________________________ Apresentou alguma mudança no comportamento nos últimos tempos :________ _______________________________________________________________ Exames realizados nos últimos meses: ________________________________ ________________________________________________________________ Relatório escolar ou de outra avaliação realizada: ________________________ ________________________________________________________________ Observações importantes durante a entrevista: __________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ Assinatura do Entrevistado Carimbo e Assinatura do Profi ssional FONTE: Adaptado de Hutz et al. (2016), Spreen e Strauss (1998) e a autora 23 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA Capítulo 1 QUADRO 5 – ROTEIRO PARA ENTREVISTA NEUROPSICOLÓGICA: ADOLESCENTE Data da Entrevista:___________________________Local da Entrevista:_______ _________________________________________________________________ Informações fornecidas por: __________________________________________ Nome:________________________________________ DN: _______________ Endereço: ________________________________________________________ Sexo: M ( ) F ( ) Língua Nativa da Criança: _________________________ Endereço:__________________________Bairro:__________________________ Cidade____________________________________________ CEP:__________ Telefone(s) para Contato: ____________________________________________ Solicitante: _______________________________________________________ Motivo do Encaminhamento__________________________________________ ________________________________________________________________ Breve Histórico da vida escolar: Escolaridade: _________________ Idade que ingressou na escola:__________ Desempenho escolar, sucessos ou difi culdades encontradas:________________ Relacionamento no ambiente escolar: __________________________________ Interesses acadêmicos, atividades extracurriculares:_______________________ ________________________________________________________________ Descrição dos sintomas e queixas: _________________________________ Breve história da evolução da queixa que provocou o encaminhamento: ________________________________________________________________ As queixas e/ou sintomas estão estagnados ou piorando:__________________ Dinâmica Familiar: Descreva o nome idade, sexo e vínculo de todos os que residem no ambiente familiar: Nome Idade Sexo Grau de parentesco Histórico do Desenvolvimento: Como foi o desenvolvimento da criança do período de gestação à infância (biológico, social, psicológico, psicomotor)? 24 Avaliação Neuropsicológica Gravidez Complicações Exposição a substâncias nocivas Duração da gravidez Idade materna Nascimento Tipo de parto Complicações Problemas neonatais Fatos marcantes durante o desenvolvimento Algum fato marcante na puberdade Histórico de Saúde: Alguma doença diagnosticada: Sim ( ) Não ( ) Qual: ___________________ Teve hospitalização, cirurgia e/ou acidentes durante o desenvolvimento: _____ _______________________________________________________________ Fez ou faz uso de medicação (descreva): ______________________________ _______________________________________________________________ É acompanhado por alguma especialidade: Sim ( ) Não ( ) Qual: _________ _______________________________________________________________ Como é o desenvolvimento emocional do adolescente (algum tratamento psicológico até o momento, motivo do tratamento, ainda está em acompanhamento): _______________________________________________ Algum familiar com doença neurológica, desordem emocional e ou psiquiátrica: _______________________________________________________________ O adolescente teve alguma perda signifi cativa durante o seu desenvolvimento (ex.: falecimento de alguém, separação dos pais, acolhimento institucional):___ _______________________________________________________________ Como são seus hábitos e rotina (o que gosta de fazer, preferências, alimentação, sono): _______________________________________________ Apresentou alguma alteração nestes hábitos nos últimos tempos:___________ _______________________________________________________________ Apresentou alguma alteração ou sintoma físico (descreva):________________ _______________________________________________________________ Apresentou alguma mudança no comportamento após a queixa clínica:______ _______________________________________________________________ Alguma mudança na capacidade de realizar as atividades do dia a dia (vestir- se, ir à escola, sair de casa): ________________________________________ 25 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA Capítulo 1 Histórico familiar: Relação do (a) adolescente com os pais:_______________________________ Atitudes com os irmãos, colegas, amigos: ______________________________ ________________________________________________________________ Intimidade com as pessoas da família, confl itos entre os membros da família: __ ________________________________________________________________ Como o (a) adolescente lida com frustrações: ___________________________ Como o (a) adolescente lida com normas e limites: _______________________ Como é sua relação de dependência/independência dos pais:______________ Alguma mudança na relação com os membros da família nos últimos tempos:_________________________________________________________ Relações Sociais: Qual é o círculo de relacionamento do (a) adolescente: ____________________ Quem é ou são as pessoas que o (a) adolescente tem maior afi nidade: _______ ________________________________________________________________ Quais são as atividades que despertam maior interesse no (a) adolescente:______________________________________________________ Houve alguma mudança nos interesses do (a)adolescente nos últimos tempos? Se houve, em que áreas:____________________________________________ Histórico de namoro (caso tenha ou teve):______________________________ O (a) adolescente apresentou algum comportamento como: Fuga de casa Uso de drogas Transtornos alimentares Isolamento social Sentimentos de inferioridade Rebeldia Rejeição 26 Avaliação Neuropsicológica Exames realizados nos últimos meses: ________________________________ _______________________________________________________________ Relatório escolar ou de outra avaliação realizada: _______________________ _______________________________________________________________ Observações importantes durante a entrevista: _________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Assinatura do Entrevistado Carimbo e Assinatura do Profi ssional FONTE: Adaptado de Hutz et al. (2016), Spreen e Strauss (1998) e a autora QUADRO 6 – ROTEIRO PARA ENTREVISTA NEUROPSICOLÓGICA: ADULTO Data da Entrevista:___________________________Local da Entrevista:_______ _________________________________________________________________ Informações fornecidas por: __________________________________________ Nome:________________________________________ DN: _______________ Endereço: ________________________________________________________ Sexo: M ( ) F ( ) Língua Nativa da Criança: _________________________ Estado Civil ou Relacionamento:_______________________________________ Filhos: Sim ( ) Não ( ) Endereço:__________________________Bairro:_________________________Cidade:____________________________________________ CEP:__________ Telefone(s) para Contato: ____________________________________________ Solicitante: _______________________________________________________ Motivo do Encaminhamento__________________________________________ ________________________________________________________________ Descrição dos sintomas e queixas: _________________________________ Breve história da evolução da queixa que provocou o encaminhamento: ________________________________________________________________ As queixas e/ou sintomas estão estagnados ou piorando:__________________ Você sabe precisar em que momento teve início estes sintomas:_____________ ________________________________________________________________ 27 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA Capítulo 1 Breve histórico de vida: Gestação (eventos marcantes):__________________ Aspectos marcantes durante o desenvolvimento: _________________________ Características que mais se destacaram na infância: ______________________ Características mais evidentes na adolescência:__________________________ Algum fato e/ou problema específi co na adolescência: ____________________ Descreva brevemente o percurso escolar até o momento atual:______________ Dinâmica Familiar: Descreva o nome idade, sexo e vínculo de todos os que residem no ambiente familiar: Nome Idade Sexo Grau de parentesco Idade Adulta Percurso ocupacional: ______________________________________________ ________________________________________________________________ Escolha profi ssional: _______________________________________________ ________________________________________________________________ Ocupação e situação atual: __________________________________________ Relações com colegas, chefi as, subordinados e ambiente de trabalho: ________ ________________________________________________________________ Número de empregos e duração: _____________________________________ ________________________________________________________________ Satisfação com o trabalho atual (possíveis problemas, estresse, esgotamento): ________________________________________________________________ Histórico de Saúde: Alguma doença diagnosticada: Sim ( ) Não ( ) Qual: ___________________ Teve hospitalização, cirurgia e/ou acidentes durante o desenvolvimento: _____ _______________________________________________________________ Fez ou faz uso de medicação (descreva): ______________________________ _______________________________________________________________ É acompanhado por alguma especialidade: Sim ( ) Não ( ) Qual: _________ _______________________________________________________________ Como é o seu desenvolvimento emocional (algum tratamento psicológico até o momento, motivo do tratamento, ainda está em acompanhamento): _________ _______________________________________________________________ Algum familiar com doença neurológica, desordem emocional e ou psiquiátrica: _______________________________________________________________ 28 Avaliação Neuropsicológica Como são seus hábitos e rotina (o que gosta de fazer, preferências, alimentação, sono): _______________________________________________ Apresentou alguma alteração nestes hábitos nos últimos tempos: __________ Apresentou alguma alteração ou sintoma físico (descreva):________________ Apresentou alguma mudança de comportamento após a queixa clínica: ______ Percebeu alguma mudança nas atividades de vida diária, no trabalho ou nas atividades sociais após o surgimento da queixa:__________________________ Histórico familiar: Relação com os seus familiares:______________________________________ Atitudes com os irmãos, colegas, amigos: ______________________________ ________________________________________________________________ Intimidade com as pessoas da família, confl itos entre os membros da família: ________________________________________________________________ O problema atual afetou de alguma forma sua vida familiar:________________ Relações Sociais: Qual é o círculo de relacionamento: ___________________________________ Quem é ou são as pessoas que você tem maior afi nidade: _________________ Quais são as atividades que despertam maior interesse em você:___________ Houve alguma mudança nos seus interesses nos últimos tempos? Se houve, em quais áreas: __________________________________________________ Histórico de namoro (caso tenha ou teve):______________________________ Caso casado (a), descreva seu relacionamento conjugal: __________________ ________________________________________________________________ Apresentou alguma das alterações abaixo após início dos sintomas (queixa) Sim Não Difi culdade com planejamento e organização Difi culdade em terminar uma atividade Difi culdade em se adaptar a mudanças Difi culdade para se concentrar Distrai-se com facilidade Aumento da impulsividade Difi culdade em lembrar de eventos ou compromissos Difi culdade de compreensão 29 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA Capítulo 1 Difi culdade de expressão Difi culdade de localização Difi culdade com a escrita Difi culdade em ler Difi culdade em lidar com dinheiro Até o momento, quais medidas foram tomadas em relação à queixa apresentada: _____________________________________________________ ________________________________________________________________ Exames realizados nos últimos meses: ________________________________ Relatório escolar ou de outra avaliação realizada: ________________________ Observações importantes durante a entrevista __________________________ ________________________________________________________________ Assinatura do Entrevistado Carimbo e Assinatura do Profi ssional FONTE: Adaptado de Hutz et al. (2016), Spreen e Strauss (1998) e a autora Como você pôde observar nos modelos propostos, a entrevista clínica vai guiá-lo no entendimento do que demandou a avaliação neuropsicológica. Na sua prática profi ssional, você vai aprimorar os modelos propostos de acordo com o público atendido ou com o local de atuação, pois caso sua prática venha a ser desenvolvida em um hospital, por exemplo, você terá que fazer uma entrevista reduzida. Lembre-se de que a entrevista é, na maioria das vezes, o primeiro momento em que você terá contato com o paciente, para isso é necessário usar sua empatia, acolher o paciente ou a família e/ou responsável legal, de forma que este se sinta confortável em responder às perguntas. Na sequência, você irá adentrar aos testes psicológicos e teste neuropsicológico, partes integrantes do processo de avaliação neuropsicológica. 30 Avaliação Neuropsicológica ATIVIDADE DE ESTUDO: 1) Aponte as principais diferenças que você percebeu entre os modelos de entrevista clínica, considerando a diferença entre as faixas etárias. 3.2 TESTES PSICOLÓGICOS E TESTES NEUROPSICOLÓGICOS Neste momento do livro didático, vamos levar você ao encontro e entendimento do que é um teste psicométrico e neuropsicológico. Vamos estudar as principais funções dos testes em um processo de avaliação, assim como as implicações técnicas e legais na sua utilização. Não temos aqui a função de fi ndar o assunto, pois existe uma variedade de testes disponíveis, assim, será necessário que você busque leituras e cursos auxiliares para além deste livro. Segundo Andrade, Santos e Bueno (2004), os testes são utilizados em investigações de caráter científi co para medição de padrões psíquicos e os comportamentais deles decorrentes. Para Fuentes et al. (2008), um teste psicométrico tem por propósito a mensuração do comportamento presumindo que se alguma coisa existe, existe certa quantidade, podendo então ser quantifi cada. Considerando o exposto, percebemos que os testes psicométricos serão utilizados no processo de avaliação como um instrumento para medir as alterações cognitivas e/ou comportamentais,assim como as funções preservadas, auxiliando assim o profi ssional no diagnóstico e intervenções, caso seja necessário. Segundo a Resolução nº 9, de 25 de abril de 2018, do Conselho Federal de Psicologia, em seu Art 4º: “Um teste psicológico tem por objetivo identifi car, descrever, qualifi car e mensurar características psicológicas, por meio de procedimentos sistemáticos de observação e descrição do comportamento humano, nas suas diversas formas de expressão, acordados pela comunidade científi ca” (CFP, 2018, p. 4). Na avaliação psicológica, os testes são instrumentos objetivos e padronizados de investigação do comportamento, que informam sobre a organização normal dos comportamentos desencadeados a partir de sua execução (por fi guras, sons, formas espaciais, etc. 31 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA Capítulo 1 Visam assim avaliar e quantifi car comportamentos observáveis, por meio de técnicas e metodologias específi cas, embasadas cientifi camente em constructos teóricos que norteiam a análise de seus resultados (AIKEN, 1996 apud ANDRADE; SANTOS; BUENO, 2004, p. 17). Porém, antes de sairmos por aí aplicando testes, devemos entender um pouco mais sobre sua aplicabilidade, pois um teste nunca deve ser utilizado de forma isolada, mas deve ter um propósito dentro de um contexto mais amplo, em que seja pensada a sua fi nalidade, ou seja, responder antes a algumas perguntas: • Por que eu vou aplicar um teste? • Qual é o objetivo? • O que cada teste vai avaliar? • O teste que irei utilizar vai contribuir nas respostas que busco na avaliação neuropsicológica? • Quanto teste deve-se utilizar para buscar responder à hipótese diagnóstica? • O teste está validado para uso no Brasil? Após responder a tais perguntas, você pode dar sequência à escolha dos testes para compor uma bateria de avaliação neuropsicológica. “Quando pensamos na ordem de aplicação da bateria de testes selecionada, é recomendável que os primeiros testes sejam os menos ansiogênicos para que não se desenvolva alguma resistência ante o processo” (HUTZ et al., 2016, p 31-32). Na avaliação neuropsicológica são usados uma gama de testes que avaliam, principalmente, as seguintes funções: QUADRO 7 – AS PRINCIPAIS FUNÇÕES AVALIADAS EM NEUROPSICOLOGIA Inteligência Geral Memória verbal e visual Organização visuoespacial Atenção e concentração Raciocínio Capacidade de planejamento Linguagem Funções executivas Formação de conceito verbal e não verbal Aprendizagem Flexibilidade cognitiva Memória auditiva Memória de curto e longo prazo Funções motoras Habilidades acadêmicas Personalidade Humor Escrita, Leitura FONTE: Adaptado de Malloy-Diniz et al. (2010) 32 Avaliação Neuropsicológica A Resolução nº 9/2018, do Conselho Federal de Psicologia, regulamenta o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos – SATEPSI. O SATEPSI foi desenvolvido pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) com o objetivo de avaliar a qualidade técnico-científi ca de instrumentos psicológicos para uso profi ssional, a partir da verifi cação objetiva de um conjunto de requisitos técnicos e divulgar informações sobre os testes psicológicos à comunidade e aos profi ssionais da psicologia. Prezado pós-graduando, este é um dos momentos do processo de estudo- aprendizagem em que será exigido de você mais do que a leitura deste livro, será necessário que você acesse o sistema SATEPSI, lei atentamente as indicações dos testes autorizados para uso exclusivo para psicólogos (as), assim como a aba que trata dos testes e escala não indicados para uso. O sistema também apresenta instrumentos que não são de uso exclusivo para os psicólogos (as). Essa medida é necessária, pois não conseguiremos apresentar todos os testes neste livro. De acordo com esta orientação, daremos seguimento aos nossos estudos. Apresentamos para você alguns dos principais testes utilizados nas avaliações neuropsicológicas (validados e liberados para uso, segundo o SATEPSI): Atenção: Acesse o SATEPSI para conhecer os testes validados para uso no Brasil e os que não devem ser usados pelos profi ssionais da psicologia: http://satepsi.cfp.org.br/ QUADRO 8 – TESTES VALIDADOS PARA USO NO BRASIL QUE PODEM SER UTILIZADOS EM AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA Teste Autores Construto Público-alvo Aplicação Escala de Inteligência de Wechsler para adulto (WAIS III) David Wechsler Elizabeth do Nascimento Inteligência De 16 a 89 anos Individual 33 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA Capítulo 1 Desenho da fi gura humana Desenho da fi gura humana – avaliação do desenvolvimento cognitivo infantil (DFHIV) Solange Muglia Wechsler Desenvolvimento Crianças Individual e coletivo Escala de Inteligência Wechsler Abreviada (WASI) Clarissa Marceli Trentini Denise Balem Yates Vanessa StumpfHeck Inteligência De 6 a 89 anos Individual Escala de Inteligência Wechsler para Crianças – 4ª edição (WISC-IV) Acácia Aparecida Angeli dos Santos Ana Paula Porto Noronha Fabián Javier Marín Rueda Fermino Fernandes Sisto Nelimar Ribeiro de Castro Inteligência De 6 a 16 anos Individual Figura Complexa de Rey Maisa dos Santos Rigoni Margareth da Silva Oliveira Percepção Visual Memória Figura A: a partir de 5 anos Figura B: 4 a 7 anos Individual 34 Avaliação Neuropsicológica Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve (NEUPSILIN) Jerusa Fumagalli de Salles Maria Alice de Mattos Pimenta Parente Rochele Paz Fonseca Orientação têmporo-espacial; Atenção Concentrada; Percepção visual; Habilidades Aritméticas; Linguagem oral e escrita; Memória verbal e visual, praxias e funções executivas De 18 a 90 anos Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve Infantil (NEUPSILIN-Inf) Camila Cruz- Rodrigues Claudia Berlim De Mello Jerusa Fumagalli De Salles Maria Alice De Mattos Pimenta Parente Mônica Carolina De Miranda Rochele Paz Fonseca Thais Barbosa Processos Neuropsicológicos De 6 a 12 anos Individual Inventário de Depressão de Beck (BDI –II) Blanca Susana Guevara Werlang Clarice Gorenstein Irani Iracema de Lima Argimon Yuan-Pang Wang Depressão pré- adolescente até idoso Individual e Coletivo 35 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA Capítulo 1 Matrizes Avançadas de Raven Alexandre Luiz De Oliveira Serpa Lucas Francisco De Carvalho Maria Márcia De Oliveira Nakano Ricardo Primi Inteligência De 18 a 63 anos Individual e Coletiva Matrizes Progressivas Avançadas de Raven Lucas De Francisco Carvalho Ricardo Primi Raciocínio e capacidade para resolução de problemas Homens e mulheres com idades variando de 17 a 52 anos, estudantes universitários; bem como homens e mulheres com idades variando de 18 a 63 anos com escolaridade de Ensino Médio a pós- graduação Individual e Coletiva Matrizes Progressivas Coloridas de Raven - CPM Carlos Guilherme Maciel Furtado Schlottfeldt Gisele Aparecida Da Silva Alves Jonas Jardim De Paula Leandro Fernandes Malloy-Diniz Inteligência De 5 anos a 11 anos e 6 meses Individual e Coletivo 36 Avaliação Neuropsicológica Memória de Faces Alina Gomide Vasconcelos Clauco Piovani Elizabeth Do Nascimento Marco Antônio Silva Alvarenga Memória recente De 18 até 89 anos Individual e Coletivo Teste AC Suzy Vijande Cambraia Atenção concentrada De 17 até 64 anos Individual e Coletivo Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey (RAVLT) André Rey Jonas Jardim De Paula Leandro Fernandes Malloy-Diniz Processos Neuropsicológicos Sem informação Individual Teste de Cancelamento dos Sinos Dehaut Joanette Gauthier Processos Neuropsicológicos Sem informação Individual Teste de Retenção Visual de Benton (BVRT) Abigail Benton Sivan Clarissa MarceliTrentini Claudio Simon Hutz Denise Ruschel Bandeira Jerusa Fumagalli de Salles Joice Dickel Segabinazi Memória visual; Percepção visual; Práxia visuoconstrutiva De 7 a 30 anos e idosos entre 60 a 75 anos Individual Teste de Trilhas Coloridas Irene F. Almeida de Sá Leme Ivan Sant’ana Rabelo Milena de Oliveira Rosseti Sílvia Verônica Pacanaro Atenção Sustentada e dividida De 18 até 86 anos Individual 37 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA Capítulo 1 Teste dos relógios (C e C) Fábio de Vasconcelos Souza Suzy Vijande Cambraia Inteligência De 29 a 69 anos Individual e coletivo Teste Não Verbal de Raciocínio para Crianças (TNVRI) Luiz Pasquali Inteligência De 5 até 14 anos Individual Teste Wisconsin de Classifi cação de Cartas Blanca Guevara Werlang Clarissa Marceli Trentini Irani de Lima Argimon Jurema Alcides Cunha Margareth da Silva Oliveira Rita Gomes Prieb Raciocínio abstrato e estratégias de solução de problemas De 6 anos e meio a 89 anos Individual Teste Wisconsin de Classifi cação de Cartas (WCST) Bruna Gomes Mônego Clarissa Marceli Trentini Irani Iracema de Lima Argimon José Humberto da Silva Filho Larissa Leite Barboza Maisa dos Santos Rigoni Margareth da Silva Oliveira Processos Neuropsicológicos; Processos perceptivos/ cognitivos Crianças, adolescentes, adultos e idosos, a partir de 6 até 89 anos Sem informação 38 Avaliação Neuropsicológica Teste Wisconsin de Classifi cação de Cartas – versão para idosos Blanca Guevara Werlang Clarissa Marceli Trentini Irani de Lima Argimon Margareth da Silva Oliveira Raciocínio abstrato e estratégias de solução de problemas A partir de 60 anos Individual FONTE: <http://satepsi.cfp.org.br>. Acesso em: 26 jun. 2019. Ao fazer uso de testes para elaborar um protocolo de avaliação neuropsicológica, é necessário pesquisar os testes validados, considerar as funções cognitivas a serem avaliadas, a faixa etária, a escolaridade do paciente. Mas antes de tudo, preste atenção: você só deve aplicar o teste do qual você tenha conhecimento e habilidade, pois erros de aplicação podem gerar falsos resultados. Fique atento! Estude os manuais! Treine! Faça cursos específi cos! Preste atenção: você só deve aplicar o teste do qual você tenha conhecimento e habilidade, pois erros de aplicação podem gerar falsos resultados. Fique atento! Estude os manuais! Treine! Faça cursos específi cos! Sugestão de leitura para aprimoramento da temática testes. CUNHA, J. A. Psicodiagnóstico – V. 5. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. SPREEN, O.; STRAUSS, E. A compendium of neuropsychological tests: Administration, norms and commentary. 2. ed. New York: Oxford University Press, 1998. Você já deve ter notado que são muitos testes e escalas que podem ser utilizados, assim, iremos nos deter ao estudo mais aprofundado da Escala de Inteligência Wechsler para Adultos –WAIS-III. Para isto, iremos nos basear no Manual para Administração e Avaliação e Manual Técnico do WAIS-III, bem como no livro de Cunha (2000). 39 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA Capítulo 1 3.2.1 Escala de Inteligência de Wechsler para Adulto (WAIS III) O WAIS-III é um instrumento clínico de aplicação individual para avaliação da capacidade intelectual de adultos na faixa etária entre 16 e 89 anos. [...] contém um total de 14 subtestes. [...] o WAIS-III é composto de vários subtestes, cada qual medindo um aspecto diferente da inteligência. O WAIS-III fornece os três escores de QI Verbal, de Execução e Total – além de quatro escores de Índices Fatoriais – Compreensão Verbal, Organização Perceptual, Memória Operacional (semelhante ao fator de Resistência à Distração WISC-III) e Velocidade de Processamento (WECHSLER, 1997a, p. 19). QUADRO 9 – SUBTESTES DO WAIS-III AGRUPADO EM ESCALA VERBAL E ESCALA DE EXECUÇÃO Verbal Execução 2. Vocabulário 1. Completar Figuras 4. Semelhanças 3. Códigos 6. Aritmética 5. Cubos 8. Dígitos 7. Raciocínio Matricial 9. Informação 10. Arranjo de Figuras 11. Compreensão 12. Procurando Símbolos 13. Sequência de Números e Letras 14. Armar Objetos FONTE: Wechsler (1997, p. 21) NOTA: Ordem de aplicação sugerida no Manual do teste. Nossa intenção neste momento é a de que você leia atentamente e faça uma refl exão sobre a importância de conhecer uma escala, um teste ou um instrumento de avaliação, para que então você possa decidir quais instrumentos utilizará em cada avaliação neuropsicológica. Você perceberá, neste momento, que cada 40 Avaliação Neuropsicológica subteste da escala WAIS-III tem um ou mais propósitos de avaliação e que você deve considerá-los no momento da aplicação e de análise dos resultados. A Escala Wechsler de Inteligência (WAIS-III) é um dos principais instrumentos de avaliação do desempenho intelectual de adolescentes e adultos. A aplicação da escala é de forma individual, exigindo conhecimento e técnica para aplicar e corrigir os subtestes. Esta escala possibilita a avaliação de várias funções cognitivas (essa temática discutiremos de forma mais abrangente no Capítulo 3 deste livro), como vamos observar no texto a seguir: Atenção: Lembre-se: você não precisa aplicar toda escala, vai depender do que você quer avaliar. 1. Completar Figuras: avalia a percepção e organização visual, concentração e reconhecimento visual dos detalhes essenciais dos objetos. Requer memória de longo prazo, raciocínio, além de reconhecimento visual e conhecimento prévio do objeto. 2. Vocabulário: analisa a capacidade de conhecimento do signifi cado das palavras e a capacidade de expressar os signifi cados verbalmente. 3. Códigos: avalia memória de curto prazo, capacidade de aprendizagem, percepção visual, coordenação visomotora, capacidade de rastreamento visual, fl exibilidade cognitiva, produção e velocidade grafomotoras, velocidade e precisão em tarefas repetitivas. 4. Semelhanças: formação de conceito verbal, capacidade de categorização e pensamento lógico abstrato. 5. Cubos: organização perceptual e visual, formação de conceito não verbal. Avalia a capacidade para analisar, sintetizar e reproduzir um estímulo visual abstrato bidimensional, coordenação visomotora, aprendizagem e a capacidade para separar fi guras e lidar com estímulo visual. 6. Aritmética: capacidade de resolver operações matemáticas, avalia a capacidade para manipular conceitos numéricos. Envolve manipulação mental, concentração, atenção, memória de curto prazo e longo prazo, capacidade de raciocínio numérico e alerta mental. 7. Raciocínio matricial: processamento da informação visual e raciocínio abstrato analógico. 41 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA Capítulo 1 8. Dígitos (ordem direta e inversa): recordação, repetição imediata e memória operacional. Avalia a memória auditiva imediata, habilidades sequenciais, atenção e concentração, fl exibilidade cognitiva e alerta mental. 9. Informação: avalia a capacidade da pessoa em administrar, reter e recordar conhecimentos gerais, envolve a inteligência cristalizada, memória remota, capacidade para reter e recordar informações acadêmicas e do próprio ambiente. 10. Arranjo de fi guras: reconhecer a essência da estória, antecipar e compreender a sequência de eventos (sociais), habilidade de planejamento da sequência temporal. Avalia a capacidade de planejar e de fazer antecipação. 11. Compreensão: avalia raciocínio e conceitualização verbal, compreensão e expressão verbal, a capacidade de usar a experiência passada e a capacidade para demonstrar informação prática. Também envolve conhecimento e padrões convencionais de comportamento, maturidade, julgamento social e senso comum, a função do juízo e do julgamento. 12. Procurar símbolos: avalia a capacidadede atenção, discriminação visual, concentração, rapidez de processamento, memória operacional, memória visual imediata e fl exibilidade cognitiva. Pode também avaliar compreensão auditiva, organização perceptual, capacidade de planejamento e aprendizagem. 13. Sequência de números e letras: avalia a capacidade de atenção, concentração, rapidez de processamento, memória operacional auditiva e fl exibilidade cognitiva. 14. Armar objetos: avalia coordenação visomotora e habilidade de organização perceptual, bem como a capacidade de percepção das partes e do todo. A Escala de Inteligência Wechsler para Adultos (WAIS-III) é de uso exclusivo de Psicólogos, para sua aquisição é necessário ter o Registro no Conselho de Psicologia da sua Região. 42 Avaliação Neuropsicológica FIGURA 4 – ESCALA WAIS-III FONTE: <https://www.valordoconhecimento.com.br/produto/wais-iii-kit-completo-86686>. Acesso em: 26 jun. 2019. Ao adquirir o WAIS-III, o seu registro profi ssional será vinculado a ele, sendo de sua responsabilidade a utilização e guarda do material. A Escala WAIS-III vem em forma de KIT, composto por: 1 manual administração e avaliação, 1 manual técnico, 5 Protocolos de Registro Geral, 5 Protocolos Procurar Símbolos, 1 Livro de Estímulo, 1 arranjo de fi guras, 1 caixa com cubos, 5 caixas com quebra-cabeça, 1 crivo códigos, 1 crivo Procurar Símbolos, 1 anteparo e 1 apostila de aplicação. Atenção: A seleção dos instrumentos dependerá das informações relativas à queixa e à pergunta clínica, dados pessoais do paciente como idade, escolaridade, ocupação e local da avaliação (hospital, consultório, pesquisa, perícia). ATIVIDADE DE ESTUDO: 1) Com base na Resolução nº 9/2018 do Conselho Federal de Psicologia, a qual regulamenta o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos – SATEPSI – responda: Quais são os requisitos mínimos obrigatórios que os testes devem possuir para serem usados por psicólogas e psicólogos? 43 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA Capítulo 1 4 AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES Iremos adentrar a uma área bastante delicada no que se refere à avaliação neuropsicológica: a área da infância. Essa é uma área que requer muita atenção do neuropsicólogo, pois implica nas questões peculiares ao processo de desenvolvimento humano. Neste momento, convidamos você a visitar conceitos que não trabalharemos neste livro devido a sua extensão, que são as fases de desenvolvimento humano. Para tanto, você deve se debruçar a estudar estes conceitos e o esperado em cada uma dessas etapas de desenvolvimento, pois é a partir destes conceitos, junto à queixa da criança, familiares, escola e/ou cuidadores que o profi ssional traçará um plano de avaliação. Sugestão de leitura: BEE, H. A Criança em Desenvolvimento. 7. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. SALLES, J. F.; HAASE, V. G.; MALLOY-DINIZ, L. F. (Org.). Neuropsicologia do desenvolvimento: infância e adolescência. Porto Alegre: Artmed, 2016. A avaliação psicológica de crianças e adolescentes é um mecanismo imprescindível na prevenção de problemas futuros. Assim, é fundamental que sua realização seja feita de maneira ética, contextualizada e fundamentada, através do uso de instrumentos psicológicos apropriados (HUTZ et al., 2016). O estudo da criança exige formação especial, levando-se em conta os processos de crescimento e maturação cerebral, o desenvolvimento neuropsicomotor, bem como variáveis críticas que determinam e interferem nestas habilidades, tais como as ambientais. Portanto, abrange a compreensão do desenvolvimento normal e a intervenção das funções cognitivas alteradas (ANDRADE; SANTOS; BUENO, 2004, p. 10). A seguir, apresentamos uma imagem das áreas primárias do cérebro que irão se desenvolver durante o crescimento da criança (é necessário se aprofundar neste entendimento para uma boa avaliação neuropsicológica com crianças). A avaliação neuropsicológica com crianças deve considerar a idade 44 Avaliação Neuropsicológica de cada criança e o que é esperado dela em cada faixa etária, além do que, é necessário considerar também o contexto em que a criança vive e o nível de estímulo que recebe. FIGURA 5 – ÁREAS PRIMÁRIAS DO CÉREBRO FONTE: <https://www.auladeanatomia.com/novositesistemas/ sistema-nervoso/telencefalo/>. Acesso em: 26 jun. 2019. Durante a infância, as áreas cerebrais apontadas na fi gura passarão por várias mudanças até atingirem sua maturação e, com isso, também vão ocorrendo mudanças signifi cativas em seus comportamentos. Para você, estudante de neuropsicologia, é fundamental compreender o processo de desenvolvimento cerebral, pois conhecendo o desenvolvimento cerebral você terá domínio para perceber alterações neste processo que possam indicar mudanças sugestivas para transtornos, distúrbios neuropsiquiátricos ou doenças neurológicas em crianças. Neste livro, você será levado a compreender de forma mais detalhada o funcionamento cerebral e suas manifestações ao longo do desenvolvimento humano. Mas é necessário que você busque se aprimorar, caso queira trabalhar com crianças e adolescentes, terá que estudar de forma mais detalhada as fases do desenvolvimento humano e a maturação das áreas cerebrais e das respectivas funções cognitivas ao longo deste processo. 45 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA Capítulo 1 Segundo Malloy-Diniz et al. (2010, p. 228), “os estudos em neurospiscologia do desenvolvimento constituem um campo amplo de pesquisa clínicas e científi cas ao possibilitar maior conhecimento do desenvolvimento cognitivo e emocional da criança, bem como dos problemas de comportamento e aprendizagem associados”. A avaliação neuropsicológica com criança é um momento diferenciado, em que o profi ssional precisa compreender o momento peculiar de desenvolvimento da criança, o ambiente onde irá realizar a avaliação e planejar de forma cuidadosa os instrumentos que irá utilizar. Vários são os recursos utilizados para a avaliação neuropsicológica infantil anamnese, testes, exame de neuroimagem e as informações provenientes da escola, neste último caso, também o contrário é verdadeiro, o reforço escolar será programado com maior efi ciência quando o exame neuropsicológico “as forças” e as fraquezas da criança (LEFÉVRE apud ANDRADE; SANTOS; BUENO, 2004, p. 249). A avaliação neuropsicológica com crianças é utilizada, principalmente para auxiliar no diagnóstico e tratamento de: • enfermidades neurológicas; • problemas de desenvolvimento infantil; • comprometimentos psiquiátricos; • alterações de conduta; • difi culdades e distúrbios de aprendizagem; • TDAH; • transtorno global do desenvolvimento (autismo); • transtorno de aprendizagem não verbal; • defi ciência intelectual; • síndromes genéticas. Percebemos até este ponto, que a avaliação neuropsicológica com crianças exige do profi ssional uma atuação focada no seu peculiar estágio de desenvolvimento, e este deve permear todo o processo de avaliação neuropsicológica com crianças. Gostaríamos de ressaltar que na avaliação neuropsicológica com crianças você deve atentar para alguns tópicos: • A entrevista inicial deve ser realizada com os pais e ou responsável legal da criança, e com a presença da criança. • Os instrumentos de avaliação devem ser adequados à idade da criança, sempre considerando o seu nível cognitivo antes da queixa principal. A avaliação neuropsicológica com criança é um momento diferenciado, em que o profi ssional precisa compreender o momento peculiar de desenvolvimento da criança, o ambiente onde irá realizar a avaliação e planejar de forma cuidadosa os instrumentos que irá utilizar. 46 Avaliação Neuropsicológica • É fundamental uma observação bem minuciosa por parte do Psicólogo durante a entrevista e aplicação dos testes(análise qualitativa). • Muitas vezes se faz necessária a utilização de atividades lúdicas para criar vínculo com a criança. • É fundamental uma atuação interdisciplinar, com análise e laudos de outros profi ssionais (neurologistas, psiquiatras, fonoaudiólogos, professores, psicopedagogo, entre outros). • O relatório deve ser elaborado com base nas evidências clínicas. • A devolutiva deve ser realizada na presença dos pais e ou responsáveis e da criança. Após esta breve refl exão sobre o desenvolvimento da criança e suas implicações na avaliação, conduzimos você ao encontro dos testes mais utilizados, segundo a literatura, para avaliação neuropsicológica na área da criança, mas lembre-se: antes de utilizá-los, você deve consultar se os testes ou escalas estão validados para uso no Brasil. QUADRO 10 – ALGUNS DOS TESTES MAIS UTILIZADOS PARA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA COM CRIANÇA Testes Funções cognitivas a serem avaliadas Escala Wechsler de Inteligência para Criança - WISC-III; Matrizes Progressivas de Raven. Inteligência: (Medida da capacidade mental geral). Teste de atenção por cancelamento (MWCT); Teste de trilhas (Trail Making Test). Atenção. O teste do desenho contínuo (CPT) Atenção Sustentada. TAVIS-III. Teste de recordação livre de palavras (RAVLT). Memória (Memória e Aprendizagem). Recordação de Histórias. Memória Episódica. Repetição de Palavras; Pseudopalavras; Dígitos Ordem Inversa (WISC-III). Memória Operacional. Informação e Vocabulário (WISC-III). Memória Semântica. Figuras de Rey. Memória Visual. Dígitos (WISC-III); Recuperação da fi gura de Rey. Memória Auditiva. 47 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA Capítulo 1 Vocabulário e Semelhanças (WISC-III); CONFIAS; Teste do Desenho Escolar (TDE). Linguagem. Cubos (WISC-III). Completar Figuras (WISC-III); Cópia de Figuras Simples (Bender); Armar Objetos (WISC-III); Figura de Rey. Funções Visoespaciais e Visoconstrutivas. Cubos (WISC-III); Armar Objetos (WISC-III). Funções Executivas. Wisconsin Card; Trail Making Test. Flexibilidade Mental. Códigos (WISC-III). Velocidade de Pensamento. Cubos (WISC-III); Imitação NEPSY. Praxias. FONTE: Adaptado de Miranda, Borges e Rocca (2010) Nossa intenção é possibilitar a você uma relação entre a teoria e a prática, neste sentido, apresentamos para você uma proposta inicial de Protocolo para Avaliação Neuropsicológica com Criança, considerando o que você aprendeu até o momento, porém, lembre-se! É necessário adaptar este protocolo a cada paciente, levando em consideração: a queixa, o motivo do encaminhamento, a hipótese diagnóstica e as condições físicas e clínicas de cada criança. QUADRO 11 – SUGESTÃO DE PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA – CRIANÇA PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA – INFANTIL Nome:__________________________________________________________ Idade:_________________Escolaridade:______________________________ Lateralidade:______________________Queixa Principal:_________________ Teste Resultado Bruto Percentil Classifi cação Observações Funções Intelectuais Vocabulário (WISC-III) 48 Avaliação Neuropsicológica Semelhanças (WISC-III) Cubos (WISC-III) QI Total (WISC-III) Memória Dígito Direto (WISC-III) Dígito Indireto (WISC-III) Memória para faces MEPSY Figuras de Rey Informação e Vocabulário (WISC-III) Memória e Aprendizagem Teste de recordação livre de palavras (RAVLT) Atenção Teste Wisconsin de Classifi cação de Cartas (WCST) Teste de trilhas (Trail Making Test) Teste do desenho contínuo (CPT) Teste AC Funções Executivas Cubos (WISC-III) Armar Objetos (WISC-III) Funções Visoespaciais e Visoconstrutivas Cubos (WISC-III) Completar Figuras (WISC-III) Cópia Formas NEPSY 49 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA Capítulo 1 Armar Objetos (WISC-III) Linguagem e Habilidades Acadêmicas Vocabulário e Semelhanças (WAIS-III) Escrita (pedir para escrever uma história, um bilhete) Não é teste – dados qualitativos. Oralidade (pedir para ler um texto ou uma história) Não é teste – dados qualitativos. FONTE: A autora Hutz, C. S. (Org.). Avanços em Avaliação Psicológica e Neuropsicológica de Crianças e Adolescentes. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. Atenção: Além do protocolo aqui apresentado, você deve usar a entrevista para criança (modelo proposto neste capítulo), instrumentos ou técnicas complementares: como atividades de pintar, colar ou jogos, para criar vínculo, observações clínicas, juntamente com a análise dos exames e/ou relatório da equipe interdisciplinar na qual a criança é acompanhada. Após este processo o Psicólogo, especialista em Neuropsicologia, deverá elaborar o relatório e/ou laudo com itens que iremos tratar no Capítulo 2. 50 Avaliação Neuropsicológica 4.1 AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA COM ADOLESCENTES Neste item iremos tratar das particularidades da avaliação neuropsicológica com adolescentes. Devemos ter muito claro, como já visto no quadro de testes, que em alguns casos você deverá incluir no seu planejamento para avaliação, testes que dispõem de tabela de correção para adolescentes e adultos e outros que são específi cos para esta faixa etária. “Um psicodiagnóstico de criança ou adolescente deve levar em consideração elementos desenvolvimentais, que abrangem a avaliação das características cognitivas, psicomotoras e emocionais” (HUTZ et al., 2016, p. 232). “A partir da adolescência, vão sendo atingidos os níveis mais altos do desenvolvimento cognitivo. Os adolescentes já são capazes de pensar em termos abstratos, podem usar metáforas e linguagem simbólica sem maiores difi culdades” (MALLOY-DINIZ et al., 2010, p. 223). Segundo Hutz et al. (2016), a infância e a adolescência caracterizam-se por um período de importantes aquisições neurológicas, cognitivas, afetivas e sociais, dependendo da fase do desenvolvimento na qual se encontram crianças e adolescentes, podem apresentar diferentes características. Jarros, Toazza e Manfro (2016) apontam a importância de investigar o perfi l neuropsicológico em adolescentes como uma das possíveis formas de compreensão do funcionamento cognitivo, fornecendo suporte para planejar intervenções precoces e minimizando as consequências da cronicidade dos transtornos de ansiedade até a idade adulta. 51 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA Capítulo 1 QUADRO 12 – CONSIDERAÇÕES A SEREM FEITAS NA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA COM ADOLESCENTES • Quem demandou a avaliação neuropsicológica; • O que motivou o encaminhamento; • O período de peculiar desenvolvimento da adolescência; • Utilizar a entrevista para adolescente (modelo proposto neste capítulo); • Adequar à proposta de protocolo de avaliação neuropsicológica para crianças e adultos, de acordo com a faixa etária do adolescente, pois alguns testes infantis são usados para faixa etária de adolescentes, assim como alguns testes de adultos possuem tabela para aplicação em adolescentes; • Avaliar o humor, pois a adolescência é um período de muitas mudanças hormonais, de papéis sociais, entre outros; • Ter uma postura acolhedora, pois na maioria das vezes, o adolescente não procura a avaliação por conta própria, foi encaminhado ou trazido pelos responsáveis. FONTE: Adaptado de Malloy-Diniz et al. (2010) 5 AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA PRÁTICA CLÍNICA COM ADULTOS Segundo Malloy-Diniz et al. (2016, p. 235), “a avaliação Neuropsicológica (ANP) do adulto é complexa e pede cuidado, especialmente quando se considera que se trata de uma faixa etária em que, teoricamente, o indivíduo deveria estar sadio, fora do “grupo de risco” dos distúrbios da senescência ou daqueles comuns a infância”. A adultez representa um período em que as habilidades e capacidades gerais do indivíduo devem estar mais defi nidas do que o período
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