Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Lívia Larissa Primo Cândido ADAPTAÇÕES CELULARES | PPG <3 1 ADAPTAÇÕES CELULARES ✓ As adaptações são alterações reversíveis em número, tamanho, fenótipo, atividade metabólica ou das funções celulares em resposta às alterações no seu ambiente. ✓ Quando uma célula é submetida a um ambiente hostil ela pode responder de diferentes maneiras: pode desenvolver uma lesão celular, pode ocorrer a morte da célula ou ainda ela poderá se adaptar ao ambiente adquirindo um novo estado de homeostasia e mantendo-o. Para atingir esse novo estado de equilíbrio, muitas funções nas células podem sofrer interferências e muitas vezes as modificações envolvem a proliferação e diferenciação celular. ✓ Se a capacidade adaptativa é excedida ou se o estresse externo é inerentemente nocivo, desenvolve-se a lesão celular. ✓ Dentro de certos limites, a lesão é reversível e as células retornam a um estado basal estável; entretanto, um estresse grave, persistente e de início rápido resulta em lesão irreversível e morte das células afetadas. ✓ Se uma forma específica de estresse induz adaptação ou causa lesão reversível ou irreversível, depende não apenas da natureza e gravidade do estresse, mas também de várias outras variáveis, que incluem o metabolismo celular basal e o suprimento sanguíneo e nutricional. ✓ O estresse e a lesão afetam não apenas a morfologia da célula, como também o estado funcional das células e tecidos. ✓ As adaptações fisiológicas: Representam respostas celulares à estimulação normal pelos hormônios ou mediadores químicos endógenos. ✓ As adaptações patológicas: Respostas ao estresse que permitem às células modularem sua estrutura e função escapando, assim, da lesão. ❖ Tipos de adaptações: ▪ Alterações do volume celular (hipertrofia, hipotrofia) ▪ Alterações da taxa de divisão celular (hiperplasia, hipoplasia, aplasia) ▪ Alterações da diferenciação celular (metaplasia). ▪ Alterações da diferenciação e proliferação (displasia, neoplasia) HIPERTROFIA ✓ A hipertrofia é um aumento do tamanho das células que resulta em aumento do tamanho do órgão. A arquitetura básica é mantida. ✓ Não existe células novas, apenas células maiores. ✓ Ocorre quando as células possuem capacidade limitada de se dividir. ✓ A hipertrofia pode ser fisiológica ou patológica e é causada pelo aumento da demanda funcional ou por fatores de crescimento ou estimulação hormonal específica. A hipertrofia fisiológica: Ocorre em certos órgãos e em determinadas fases da vida como fenômenos programados, como por exemplo a hipertrofia da musculatura uterina durante a gestação. A hipertrofia patológica: Não é programada e ocorre em consequência de estímulos variados. O aumento da demanda funcional é um estímulo que frequentemente leva à célula à hipertrofia. Nos hepatócitos, é possível observar esta hipertrofia quando o indivíduo faz uso crônico de medicamentos que são metabolizados no fígado. Os hepatócitos respondem ao Lívia Larissa Primo Cândido ADAPTAÇÕES CELULARES | PPG <3 2 aumento da demanda metabólica de detoxificação aumentando o tamanho do seu reticulo endoplasmático liso e consequentemente hipertrofia do hepatócito. ✓ Para que ocorra hipertrofia algumas exigências devem ser atendidas: o fornecimento de oxigênio e nutrientes deve ser maior para suprir o aumento de exigência das células; além disso, as células devem estar com seus sistemas enzimáticos e organelas íntegros e se houver dependência de estimulação nervosa, esta deve estar preservada. HIPERPLASIA ✓ É caracterizada por aumento do número de células devido à proliferação de células diferenciadas e substituição por células-tronco do tecido. Para que ocorra a hiperplasia, as células precisam possuir capacidade replicativa, o suprimento sanguíneo deve ser suficiente, a célula precisa estar com sua integridade morfofuncional e a inervação preservada. ✓ Ocorre simultaneamente com a hipertrofia e sempre em resposta ao mesmo estímulo. ✓ Estímulos que podem levar a células à hiperplasia: aumento da estimulação hormonal, maior demanda funcional ou lesão celular crônica. Estes mesmos estímulos também podem desencadear hipertrofia celular e por isso os fenômenos de hiperplasia e hipertrofia frequentemente ocorrem no mesmo órgão e NÃO são mutuamente exclusivos. Como regra geral, os tecidos ricos em células- tronco (elevado potencial regenerativo intrínseco) conseguem responder aos mesmos estímulos com o aumento do número de células (hiperplasia). ✓ A hiperplasia pode ser fisiológica ou patológica. Em ambas as situações, a proliferação celular é estimulada por fatores de crescimento que são produzidos por vários tipos celulares. Hiperplasia fisiológica: Hiperplasia hormonal, exemplificada pela proliferação do epitélio glandular da mama feminina na puberdade e durante a gravidez . Hiperplasia compensatória, na qual cresce tecido residual após a remoção ou perda da porção de um órgão. Hiperplasia patológica é causada por estimulação excessiva hormonal ou por fatores do crescimento. ✓ O processo hiperplásico permanece controlado; se os sinais que a iniciam cessam, a hiperplasia desaparece. METAPLASIA ✓ É uma alteração reversível na qual um tipo celular adulto (epitelial ou mesenquimal) é substituído por outro tipo celular adulto. Nesse tipo de adaptação celular, uma célula sensível a determinado estresse é substituída por outro tipo celular mais capaz de suportar o ambiente hostil. ✓ Geralmente induzida por via de diferenciação alterada das células-tronco nos tecidos; pode resultar em redução das funções ou tendência aumentada para transformação maligna. ✓ Um dos exemplos mais típicos de metaplasia é observado nos tabagistas. A inalação da fumaça do cigarro ocasiona agressões nas vias aéreas, com destruição das células nos tecidos expostos da cavidade oral, da laringe, dos brônquios e de suas ramificações da intimidade do pulmão, até os espaços alveolares. O material particulado faz atrito com a superfície mucosa provocando abrasão. O conjunto dessas agressões causa morte celular e ativação dos mecanismos de regeneração e reparo teciduais, acompanhado de resposta inflamatória crônica. Nesse processo, ocorre substituição do epitélio pseudo-estratificado ciliado dos brônquios por epitélio pavimentoso estratificado. DISPLASIA Lívia Larissa Primo Cândido ADAPTAÇÕES CELULARES | PPG <3 3 ✓ Alterações simultâneas da proliferação e diferenciação das células, que muitas vezes precede o aparecimento de uma neoplasia maligna e por isso é considerada uma condição potencialmente maligna. ✓ O epitélio displásico é caracterizado por perda da uniformidade das células epiteliais e organização arquitetural. Células displásicas apresentam pleomorfismo celular, aumento no tamanho do núcleo proporcionalmente ao citoplasma, hipercromasia nuclear e perda da polaridade. A organização arquitetural é perdida, o arranjo em camadas dos tecidos epiteliais estratificados não é evidenciado. ✓ Períodos prolongados de agressão, células expostas à estimulação constante para se dividirem tornam-se mais suscetíveis a apresentar alterações genéticas e se tornarem instáveis, essencialmente pela ineficiência de reparo do genoma celular ou mesmo lesão direta no DNA pelo agente agressor (genotóxico). Associada à proliferação celular, a instabilidade genética que se instala e tende a progredir com o tempo prejudica a diferenciação das novas células formadas, de modo que estas deixam de adquirir suas características de especialização. ATROFIA ✓ A diminuição do tamanho da célula, pela perda de substância celular. Quando um número suficiente de células está envolvido, todo o tecido ou órgão diminui em tamanho, tornando-se atrófico. Embora as células atróficas tenham sua função diminuída, elas não estão mortas. ✓ As causas da atrofia incluem a diminuição da carga de trabalho (p. ex., a imobilização de ummembro para permitir o reparo de uma fratura), a perda da inervação, a diminuição do suprimento sanguíneo, a nutrição inadequada, a perda da estimulação endócrina e o envelhecimento (atrofia senil). ✓ Elas representam uma retração da célula para um tamanho menor no qual a sobrevivência seja ainda possível; um novo equilíbrio é adquirido entre o tamanho da célula e a diminuição do suprimento sanguíneo, da nutrição ou da estimulação trófica. ✓ Os mecanismos da atrofia consistem em uma combinação de síntese proteica diminuída e degradação proteica aumentada nas células (ativação da via ubiquitina-proteossomo): A síntese de proteínas diminui por causa da redução da atividade metabólica. Hipotrofia: É a redução quantitativa dos componentes estruturais e das funções das células, resultando em diminuição do volume das células e dos órgãos atingidos. Redução da disponibilidade de nutrientes na restrição protéico-calórica pode gerar hipotrofia generalizada. Sob inanição o organismo inicialmente faz uso do tecido adiposo para suprir suas demandas energéticas, reduzindo o volume dos adipócitos. Hipoplasia: É a diminuição da população celular de um tecido, de um órgão ou de parte do corpo. A região afetada fica menor e menos pesada mas conserva o seu padrão arquitetural básico. As hipoplasias patológicas podem ser reversíveis, desde que o estímulo agressor seja removido com exceção às hipoplasias que ocorreram em decorrência de anomalias congênitas (agenesia renal). As hipoplasias fisiológicas que estão associadas ao envelhecimento são consideradas multifatoriais. O organismo senil apresenta diminuição fisiológica na produção de hormônios, levando à hipoplasia dos tecidos hormônios-responsivos. Todavia, o envelhecimento é acompanhado de doenças sistêmicas que podem ocasionar hipoplasias secundárias, como no SNC por doenças neurodegenerativas (Alzhaimer). OBS: Muitas vezes hipotrofia e hipoplasia ocorrem juntas. A resposta inicial geralmente é a redução do tamanho das células e organelas, o que é visualizado, ao exame microscópico como diminuição do volume celular (hipotrofia). Isso reduz as necessidade metabólicas da células, possibilitando a sua sobrevivência. Contudo a célula pode progredir para uma lesão irreversível e finalmente a morte celular por apoptose, o que reduz também o número de células. Lívia Larissa Primo Cândido ADAPTAÇÕES CELULARES | PPG <3 4 Referências: BOGLIOLO, Luigi; BRASILEIRO FILHO, Geraldo; BARBOSA, Alfredo José Afonso. Bogliolo patologia geral. Guanabara Koogan, 2013. KUMAR, Vinay. Robbins & cotran-patologia bases patológicas das doenças 8a edição. Elsevier Brasil, 2010.
Compartilhar