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Máquinas Primárias Webconferência I Professor(a):Pedro de França Santos Introdução • A segunda lei da termodinâmica explica que certos fenômenos ocorre somente em um determinado sentido. • Um exemplo é uma xícara de chocolate quente que esfria com o passar do tempo devido à transferência de calor da xícara com chocolate para o ambiente. • Nesse contexto, a segunda lei explica que é impossível que o ambiente, a temperatura normais, esquente ainda mais a xícara com o chocolate quente em seu interior. Introdução Motor térmico Motor térmico Motor térmico Refrigerador • A figura representa um refrigerador. • O fluido de trabalho é um refrigerante, como o R134a ou amônia, que percorre o ciclo termodinâmico. • Transfere-se calor para o refrigerante no evaporador, onde a pressão e a temperatura são baixas. • O refrigerante recebe trabalho no compressor e transfere calor no condensador, onde a pressão e a temperatura são altas. • A queda de pressão é provocada no fluido quando este escoa através da válvula de expansão ou do tubo capilar. Coeficiente de performance • A eficiência térmica é a razão entre o que é produzido (energia pretendida) e o que é usado (energia gasta); porém, essas quantidades devem ser claramente definidas. • De forma simples, pode-se dizer que a energia pretendida em um motor térmico é o trabalho, e a energia gasta é o calor transferido da fonte a alta temperatura, o que implica em custos e reflete os gastos com os combustíveis. η𝑡é𝑟𝑚𝑖𝑐𝑜 = 𝑤 (𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑝𝑟𝑒𝑡𝑒𝑛𝑑𝑖𝑑𝑎) 𝑄𝐻(𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑔𝑎𝑠𝑡𝑎) = 𝑄𝐻 − 𝑄𝐿 𝑄𝐻 = 1 − 𝑄𝐿 𝑄𝐻 • O tamanho da função e a forma dos motores térmicos variam muito: as máquinas a vapor e a gás são equipamentos grandes, os motores a gasolina e a diesel possuem tamanho médio, e os motores utilizados para acionar ferramentas manuais, como os cortadores de grama, são pequenos. Segunda lei da termodinâmica • Enunciado de Clausius: é impossível construir um dispositivo que opere segundo um ciclo e que não produza outros efeitos além da transferência de calor de um corpo frio para um corpo quente. • Esse enunciado está relacionado com o refrigerador ou a bomba de calor, estabelecendo que é impossível construir um refrigerador que opere sem receber trabalho. • Isso significa que o coeficiente de desempenho é sempre menor que infinito. Processos reversíveis e irreversíveis • Os processos ocorrem em uma determinada direção. Depois de executados, tais processos não podem ser revertidos espontaneamente, restaurando-se o sistema ao seu estado inicial. Por isso, são classificados como processos irreversíveis. • Um processo reversível é definido como um processo que pode ser revertido sem deixar qualquer vestígio no ambiente. Ou seja, o sistema e o ambiente retornam a seus estados iniciais no final do processo inverso. Isso somente será possível se a troca líquida de calor e a realização de trabalho entre o sistema e o ambiente forem zero para o processo combinado. Definição de ciclos térmicos • Define-se como ciclo térmico, ou ciclo termodinâmico, qualquer processo termodinâmico contínuo, no qual o sistema parte de uma situação inicial e, após aplicar determinados processos, retorna ao estado inicial. Processos reversíveis e irreversíveis • A reversibilidade de um processo termodinâmico depende da conservação do sistema e segue os princípios estabelecidos por Kelvin-Plack e Clausius na segunda lei da termodinâmica. Quando a energia do sistema se conserva, o processo será reversível. Ciclo de Carnot • O ciclo de Carnor trabalha entre duas fontes de calor, uma à temperatura alta, ou fonte quente (QH), e outra à temperatura mais baixa, ou fonte fria (QL). • Para que a eficiência seja máxima, a máquina térmica deve absorver calor da fonte quente, obter um trabalho útil Wliq e transferir o calor residual para a fonte fria. • Para que esse ciclo termodinâmico seja otimizado, o calor deve ser retirado a uma temperatura máxima (TH), e o calor residual deve ser transferido a uma temperatura mínima (TL). • No entanto, esse processo cíclico deve ocorrer também em direção contrária, ou seja, aportar trabalho na máquina térmica, retirar calor da fonte fria e aportar calor na fonte quente. Ciclo de Carnot • O ciclo de Carnot é composto por quatro processos reversíveis — dois isotérmicos e dois adiabáticos — e pode ser executado por um sistema fechado (figura a seguir) ou por um sistema com escoamento em regime permanente. • O cabeçote do cilindro permite a transferência de calor com as diferentes fontes ou reservatórios. Ciclo de Carnot • Expansão isotérmica reversível (processo 1-2, TH = constante). Inicialmente (estado 1), a temperatura do gás é TH, e o cabeçote do cilindro está em contato íntimo com uma fonte à temperatura TH. Deixa-se o gás expandir lentamente, realizando trabalho sobre a vizinhança. À medida que o gás se expande, a temperatura do gás tende a diminuir. Contudo, assim que a temperatura cai de uma quantidade infinitesimal dT, calor é transferido do reservatório para o gás, elevando a temperatura do gás para TH. Desse modo, a temperatura do gás é mantida constante a TH. Como a diferença de temperatura entre o gás e o reservatório nunca excede um valor infinitesimal dT, o processo de transferência de calor é reversível. O processo continua até que o pistão atinja a posição 2, e o calor total transferido para esse gás durante esse processo será QH. Ciclo de Carnot • Expansão adiabática reversível (processo 2-3, a temperatura cai de TH para TL). No estado 2, o reservatório que estava em contato com o cabeçote do cilindro é removido e substituído por um isolamento, de maneira que o sistema se torna adiabático (caracterizada pela ausência de trocas térmicas com o exterior.). O gás continua a se expandir lentamente, realizando trabalho sobre a vizinhança até que a sua temperatura caia de TH para TL (estado 3). Como o pistão é sem atrito, e o processo é de quase equilíbrio, o processo é reversível e adiabático. Ciclo de Carnot • Compressão isotérmica reversível (processo 3-4, TL = constante). No estado 3, o isolamento do cabeçote é removido, e o cilindro é colocado em contato com um sumidouro à temperatura TL. Agora, o pistão é empurrado por uma força externa, realizando trabalho sobre o gás. Quando o gás é comprimido, sua temperatura tende a se elevar. Assim que se eleva de uma quantidade infinitesimal dT, calor é transferido do gás para o sumidouro, fazendo com que a temperatura do gás caia para TL. Desse modo, a temperatura do gás permanece constante (TL). Como a diferença de temperatura entre o gás e o sumidouro nunca excede um valor infinitesimal dT, o processo de transferência de calor é reversível. O processo continua até que o pistão atinja o estado 4, e o calor total rejeitado pelo gás durante esse processo será QL. Ciclo de Carnot • Compressão adiabática reversível (processo 4-1, a temperatura se eleva de TL para TH). No estado 4, quando o reservatório à baixa temperatura é removido, o isolamento é recolocado no cabeçote do cilindro, o gás é comprimido de maneira reversível e volta ao seu estado inicial (estado 1). A temperatura sobe de TL para TH durante esse processo de compressão adiabática reversível, que completa o ciclo. Ciclo de Carnot • Em particular a este ciclo foi demonstrado que as quantidades de calor trocadas com as fontes são proporcionais às respectivas temperaturas absolutas: 𝑄2 𝑄1 = 𝑇2 𝑇1 • onde: T1 - Temperatura da fonte quente (K); T2 - Temperatura da fonte fria (K); Q1 - Energia térmica recebida da fonte quente (J); Q2 - Energia térmica recebida da fonte fria (J). Ciclo de Carnot • Como, para uma máquina térmica o rendimento é dado por: η = 1 − 𝑄2 𝑄1 η = 1 − 𝑇2 𝑇1 • O ciclo de Carnot é um ciclo reversível, portanto os processos que ele forma podem ser invertidos, e nessecaso ele se torna o ciclo Carnot de refrigeração. • O ciclo permanece exatamente igual, com a exceção das direções das interações de calor e trabalho que são invertidas. • Até hoje não foi possível desenvolver uma máuina que opere sob o ciclo de carnot, uma vez que seu rendimento corresponde ao máximo que uma máquina térmica pode atingir. • Por representar o ciclo mais básico da termodinâmica, a máquina de Carnot é utilizada apenas como comparativo, que mostra se uma máquina térmica tem ou não um bom rendimento. Ciclo de Carnot • Uma máquina térmica de Carnot tem sua fonte quente a uma temperatura de 227 ºC, enquanto a sua fonte fria opera a 27 ºC. O rendimento dessa máquina é igual a: η = 1 − 𝑇2 𝑇1 η = 1 − 27 + 273 227 + 273 η = 1 − 300 500 η = 0,4 𝑜𝑢 40% Razão de compressão • Para uma máquina térmica alternativa, a razão de compressão é um parâmetro de grande importância; já para uma máquina térmica rotativa de maneira análoga, aparece a relação de pressão. Enquanto a razão de compressão (rc) é a razão entre o volume máximo e o mínimo durante o deslocamento do pistão, a relação de pressão (rp) é a razão entre a pressão de descarga e a sucção. Para entender melhor a definição de razão de compressão, tomaremos um MCI alternativo como exemplo (Figura 1). Razão de compressão • A razão de compressão é um número adimensional que relaciona os volumes máximo e mínimo da seguinte maneira: 𝑟𝑐 = 𝑉𝑚𝑎𝑥 𝑉𝐶𝐶 • O volume deslocado pelo pistão, chamado de cilindrada unitária é mostrada na equação abaixo. 𝑉𝑐𝑢 = 𝜋𝐷2𝐿 4 • Dessa forma é possível organizar a equação da rc para: • 𝑟𝑐 = 𝑉𝑐𝑐+ 𝑉𝑐𝑢 𝑉𝐶𝑢 Razão de compressão • A razão de compressão também pode ser chamada de taxa de compressão, e dizer que um motor possui uma razão de compressão de 10:1 significa que o volume no PMI é 10 vezes maior que no PMS. Após a introdução desses conceitos, é possível entender como a razão de compressão influencia o funcionamento do motor, afetando seu desempenho, seu consumo e sua durabilidade. O tipo de combustível também é determinante para a escolha dessa relação. Razão de compressão • Com relação ao combustível, os motores à gasolina apresentam menores taxas de compressão, entre 8:1 e 12:1. Para o etanol, esse intervalo seria entre 12:1 e 14:1 e, para o combustível diesel, recomenda-se maiores relações, entre 15:1 e 18:1. Ciclo Otto: ciclo ideal dos motores de ignição por centelha • Criado por Nikolaus A. Otto, em 1876, na Alemanha, o motor a quatro tempos, que utiliza o ciclo proposto por Beau de Rochas, em 1862, permite que o pistão execute quatro cursos completos dentro do cilindro, e o eixo de manivela no qual é fixada a biela do pistão executa duas revoluções para cada ciclo termodinâmico. A Figura 3 representa um diagrama pressão × volume (P-V) de um motor de ignição por centelha quatro tempos real. Ciclo Otto: ciclo ideal dos motores de ignição por centelha • O ciclo Otto é representado por um sistema fechado, e não por um volume de controle em um arranjo pistão-cilindro, no qual são desprezados os efeitos de energia cinética e potencial. O diagrama T-s do ciclo Otto é representado na Figura 5, seguido pelo balanço de energia por unidade de massa para cada processo. Ciclo Otto: ciclo ideal dos motores de ignição por centelha • Nos processos em que ocorre transferência de calor a volume constante, não há realização de trabalho e, devido à hipótese de ar padrão frio, esses processos são expressos da seguinte maneira: Qentra = u3 – u2 = cv(T3 – T2) Qsai = u4 – u1 = cv(T4 – T1) Ciclo Otto: ciclo ideal dos motores de ignição por centelha • Dessa maneira, a eficiência térmica do ciclo Otto ideal torna-se: η𝑡, 𝑂𝑡𝑡𝑜 = 𝑊𝑙𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑞𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 = 𝑞𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 − 𝑞𝑠𝑎𝑖 𝑞𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 = 1 − 𝑞𝑠𝑎𝑖 𝑞𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 η𝑡, 𝑂𝑡𝑡𝑜 = 1 − 𝑇4 − 𝑇1 𝑇3 − 𝑇2 = 1 − 𝑇1 𝑇4 𝑇1 − 1 𝑇2 𝑇3 𝑇2 − 1 • Sabendo que V1 = V2 e V3 = V4, e que os processos 1-2 e 3-4 são isentrópicos, segue-se a relação: 𝑇1 𝑇2 = 𝑉1 𝑉2 𝑘−1 = 𝑉3 𝑉4 𝑘−1 = 𝑇4 𝑇3 ; 𝑇4 𝑇3 = 𝑇1 𝑇2 Ciclo Otto: ciclo ideal dos motores de ignição por centelha • Substituindo a relação anterior na equação da eficiência térmica, e rearranjando matematicamente, obtemos a seguinte relação entre a eficiência e a razão de compressão: η𝑡, 𝑂𝑡𝑡𝑜 = 1 − 1 𝑟𝑐 𝑘−1 • Onde: k = razão dos calores específicos 𝐶𝑝 𝐶𝑣 • É possível verificar que a eficiência térmica de um ciclo Otto ideal, utilizando a hipótese de ar padrão frio, é dependente da razão de compressão e da razão dos calores específicos (k) do fluido de trabalho. Ciclo Diesel: ciclo ideal dos motores de ignição por compressão • O motor de ignição por compressão inventado por Rodolph Diesel, em 1980, apresenta funcionamento semelhante aos motores de ignição por centelha, diferindo principalmente em como ocorre o processo de combustão. Ciclo Diesel: ciclo ideal dos motores de ignição por compressão • O balanço de energia por unidade de massa para os processos de adição e rejeição de calor é dado da seguinte maneira: Qentra - wpistão = u3 – u2 Qentra = wpistão + u3 – u2 Qentra = P2(v2-v3) + (u3 – u2) = h2 – h3 • Utilizando-se a hipótese de ar padrão frio, temos: Qentra = cp(T3 – T2) Qsai = u4 – u1 = cv(T4 – T1) • capacidade calorífica à pressão constante (Cp); capacidade calorífica à volume constante (Cv) Ciclo Diesel: ciclo ideal dos motores de ignição por compressão • De acordo com as considerações feitas, a eficiência térmica do ciclo Diesel ideal torna-se: η𝑡,𝐷𝑖𝑒𝑠𝑒𝑙 = 1 − 1 𝑟𝑐 𝑘−1 𝑟𝑘 − 1 𝑘(𝑟 − 1) • Analisando a Equação, é possível perceber que a eficiência dos ciclos Otto e Diesel difere pelo termo entre colchetes. Sabendo que esse termo é sempre maior que 1, é possível afirmar que a eficiência do ciclo Otto é sempre igual ou maior que a do ciclo Diesel para a mesma razão de compressão.
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