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ENZIMAS Prof. Dr. Anderson Garcia Estrutura e mecanismos gerais de catálise 1. O que são enzimas 2. Classes de enzimas e reações 3. Estrutura química das enzimas. 4. Como funcionam as enzimas 5. Influência de fatores físicos e químicos na atividade enzimática. ROTEIRO DA AULA Observe o esquema abaixo: Carboidrato (Sacarose) Oxidação pelo seres vivos Fornece energia Vai se transformar em energia? Um dia, quem sabe ! Reação que não ocorre expontâneamente, ou ocorre lentamente Então, o que os seres vivos possuem que transforma rapidamente os carboidratos em energia utilizável para as reações biológicas? ENZIMAS 1. O que são enzimas São, em grande maioria proteínas com atividade catalítica, ou seja, “aceleram” reações biológicas que em condições fisiológicas não aconteceriam ou levariam muito tempo para acontecer. Há também um grupo de enzimas não proteicas, como alguns tipos de RNA. Enzimas Enzimas são importantes e indispensáveis para a manutenção das reações metabólicas no organismo como a oxidação (degradação) e síntese de: • Carboidratos. • Lipídeos. • Ácidos nucleicos. • Vitaminas. • Hormônios. • Dentre outras. Distúrbios ou alterações nas atividades enzimáticas podem levar ao mal funcionamento celular e do organismo. Causada por um alelo defeituoso do gene que codifica a enzima hepática fenilalanina hidroxilase (PAH), que converte a fenilalanina contida nos alimentos no aminoácido tirosina. Nos afetados a enzima não consegue se ligar a fenilalanina que acumula-se no corpo e é convertida em ácido fenilpirúvico que interfere no desenvolvimento do sistema nervoso central, levando ao retardamento mental. Doença humana Fenilcetonúria (PKU) 2. Classes de enzimas e reações As enzimas são classificadas de acordo com uma das 6 reação que elas catalisam. Um sistema de numeração constituído por quatro números foi desenvolvido pela Union of Biochemistry and Molecular Biology (IUBMB) para caracterizar cada enzima, assim como a Enzyme Comission (E.C.) Por exemplo: o E.C. da enzima ATP: glicose-fosfotransferase é 2.7.1.1, onde: Primeiro número: (2) indica o número da classe (Transferase) Segundo número: (7) indica a subclasse (fosfotransferase) Terceiro número: (1) indica uma fosfotransferase que tem um grupo hidroxila como Aceptor Quarto número: (1) D-glicose como o aceptor do grupo fosforil. Então o nome sistemático das enzimas inclui: O nome do substrato + a reação catalisada pela enzima + o sulfixo “ase”. Ex: Álcool desidrogenase E.C. 1.1.1.1 (enzima que oxida um álcool à aldeído) Substrato: Álcool Reação: oxidação-redução (desidrogenases) 3. Estrutura química das enzimas A atividade catalítica de uma enzima depende da integridade de sua conformação nativa (estrutura tridimensional), dependo da enzima há necessidade de co-fatores e coenzimas. As enzimas são compostas por: • Uma parte proteica. Dependente ou não de grupos prostéticos. Quando a enzima necessitar de grupos prostéticos para exercer sua atividade catalítica, a parte proteica é chamada de apoenzima. Somente quando a enzima estiver com seus grupos prostéticos ligados à parte proteica ela é ativa e então chamada de holoenzima´. • Grupos prostéticos: Além da parte proteica, muitas enzimas requerem grupos adicionais como: Co-fatores: íons metálicos (Fe2+, Mg2+, Mn2+ ou Zn2+) Coenzimas (derivados de vitaminas): molécula orgânica ou metalorgânica. Exemplo: NAD, FAD, Lipoato, Biotina, entre outros. • Sítio catalítico ou sítio ativo: Local da enzima onde irá ocorrer a transformação do substrato em produto. No sítio catalítico estão situados resíduos de aminoácidos específicos ou uma coenzima, ou ambos para cada tipo de reação a ser catalisada. É a enzima cataliticamente ativa 4. Como funcionam as enzimas Algumas reações químicas não acontecem espontaneamente devido ao alto grau de ativação ou barreira de ativação ou ainda calor específico que é a energia de ativação para que esta reação aconteça e é desfavorável do ponto de vista termodinâmico. • Energia de ativação ou barreira energética É a quantidade de energia que é preciso para transformar os reagentes em produtos. Geralmente expresso na forma de ΔG (energia livre de Gibbs). • Estado de transição ou complexo ativado Forma molecular intermediária entre o reagente e o produto, existe somente no alto da barreira energética. É altamente instável. As enzimas atuam diminuindo a barreira de ativação necessária para que o(s) reagente(s) ou substrato(s) sejam transformados em produto(s). Desta maneira, elas alteram a velocidade da reação, fazendo com que ocorra mais rápido do que uma reação não catalisada. Enzimas não são consumidas na reação Atualmente o mecanismo de ação das enzimas são propostos por dois modelos de catálise: A) O substrato é complementar ao sítio ativo (modelo chave e fechadura). Entretanto, a hipótese da “chave e fechadura” pode ser enganadora quando aplicada à catálise enzimática. Uma enzima totalmente complementar ao seu substrato seria uma enzima muito pobre, como se pode demonstrar. B) Modelo do ajuste induzido. A enzima sofre modificações para se ajustar ao substrato, sendo o sítio ativo complementar ao estado de transição e não ao substrato em si (modelo mais atualmente aceito). Enzima hexoquinase se ajustando ao seu substrato, a glicose (em vermelho) As reações químicas ocorrem entre substratos e grupos funcionais da enzima como: • cadeias específicas de aminoácidos; • íons metálicos • coenzimas. Algumas enzimas podem-se ligar covalentemente ao substrato, mas a maioria das enzimas utilizam as ligações ou interações fracas entre os grupos funcionais no sítio ativo e o substrato, essas ligações liberam energia livre para a catálise enzimática. As enzimas são altamente seletivas. Enzimas são altamente específicas ao seus substratos e ao seu estereoisômero. Uma enzima que hidrolisa a maltose, não hidrolisa a celobiose. Uma enzima que catalisa o estereoisômero L, não catalisa o D Catálise enzimática Uma reação catalisada por enzimas ocorre da seguinte maneira Enzima substrato Complexo enzima/substrato (estado de transição) Complexo enzima/produto Produto Enzima Tipos de reações catalíticas no sítio ativo das enzimas • Catálise geral acidobásica. O termo catálise geral acidobásica refere-se à transferência de prótons mediada por alguma outra molécula que não água. A maioria das enzimas utiliza este tipo de catálise Algumas cadeias laterais de aminoácidos podem assumir o papel de agentes doadores e aceptores de prótons. Esses grupos podem estar posicionados precisamente no sítio ativo da enzima de modo a possibilitar a transferência de prótons, proporcionando um aumento de velocidade da ordem de 102 a 105. • Catálise covalente. Na catálise covalente há a formação de uma ligação covalente transitória entre a enzima e o substrato. Considere a hidrólise de uma ligação entre os grupos A e B: Na presença de um catalisador covalente (enzima com grupo nucleofílico X:), a reação torna-se: • Catálise por íons metálicos. Metais, tanto ligados firmemente à enzima quanto tomados da solução juntamente com o substrato, podem participar na catálise de várias maneiras. • Interações iônicas entre metais ligados a enzimas e substratos podem ajudar a orientar o substrato para a reação ou estabilizar estados de transição carregados. Esse tipo de uso de interações fracas entre metais e substratos é similar a alguns dos usos da energia de ligação enzima-substrato descritos anteriormente. • Os metais também podem ser mediadores de reações de oxidorredução por mudanças reversíveis no estado de oxidação do íon metálico. Aproximadamente um terço de todas as enzimas conhecidas necessita de um ou mais íons metálicos para a atividade catalítica. 5. Influência de fatores físicos e químicos na atividade enzimática. Fatores que afetam a atividade enzimática:1. Condições do meio que afetam estabilidade protéica • pH • temperatura 2. Tempo da reação 3. Concentração dos reagentes • a enzima • o substrato • co-fatore(s) % a ti vi d ad e e n zi m át ic a m áx im a 1. Fatores que afetam a estabilidade proteica das enzimas • Variações de pH: pH ótimo O pH ótimo de uma enzima reflete variações no estado de ionização de resíduos de aminoácidos do sítio ativo. A enzima está pelo menos parcialmente desnaturada em pHs afastados do pH ótimo. Quando o substrato é uma molécula ionizável, o pH ótimo da enzima também reflete o seu estado de ionização . pH ótimo=1,5 pH ótimo=6,8 pH ótimo=9,9 1. Fatores que afetam a estabilidade proteica das enzimas • Variações de temperatura: temperatura ótima 100- 50- 0- % a ti vi d ad e e n zi m át ic a m áx im a Temperatura ótima Desnaturação térmica da proteína Pouca energia para a reação acontecer Ao contrário da curva em forma de sino no caso da atividade enzimática versus pH, a enzima só está desnaturada em temperaturas acima da temperatura ótima. 2. Tempo da reação 3. Concentração: • da enzima • do substrato • de co-fatore(s) tempo co n ce n tr aç ãoA [substrato] cai na mesma razão em que a [produto] aumenta em função do tempo. A enzima existe sob duas formas: enzima livre E e complexo enzima-substrato ES. No início da reação, a [E] livre cai e a do complexo [ES] aumenta e atinge um máximo, em que não há mais [E] livre no meio. Nessa situação (indicada no retângulo cinza), diz-se que a enzima está saturada (só existe no complexo ES). A velocidade da reação é a máxima. O gráfico abaixo ilustra como as concentrações de E, S e P variam ao longo do tempo da reação.
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