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Enzimas Introdução Os estudos das enzimas tiveram início com o surgimento da bioquímica, procurando explicações sobre a digestão e fermentação no século XIX. Em 1878, o termo “enzima” foi utilizado para dizer que havia algo nas leveduras que fazia a catálise da fermentação alcoólica (síntese de etanol a partir de glicose). As enzimas são extremamente específicas e catalisam as reações químicas, tornando as mesmas muito mais rápidas e tornam também a vida possível. Histórico → 1830: Jacob Berzelius mostra que um extrato de malte chamado de diástase (amilase atualmente) catalisa a hidrólise do amido com muita eficiência; → 1860: Louis Pasteur supõe que “forças vitais” permitem a catálise de reações apenas nos sistemas vivos (fermentação por enzimas); → 1897: Eduard Buchner obtém o extrato da levedura livre capaz de fazer a fermentação alcóolica; → 1900: Friedrich Kühne cunha o termo enzima; → 1926: James Summer cristaliza a primeira enzima, a uréase de feijão e prova que as enzimas são constituídas de proteínas. Conceito As enzimas são catalisadores biológicos com alto peso molecular, eficiência maior do que a de catalisadores químicos e são altamente específicas. A maioria das enzimas são proteínas, exceto algumas moléculas de RNA catalíticas. Elas funcionam em soluções aquosas e com temperatura e pH suaves, não alterando o equilíbrio químico das reações. Função As enzimas aumentam a velocidade das reações sem alterar a constante de equilíbrio. Portanto, elas diminuem a energia de ativação da reação (energia requerida para iniciar a reação), aumentando assim a velocidade das reações. As reações proporcionadas pelas enzimas ocorrem em um local denominado sitio ativo e a molécula sobre a qual a enzima age é chamada de substrato. O estado de transição é o topo da curva e um momento molecular transitório em que a probabilidade de o substrato ser novamente formado e a de formar o produto são as mesmas. Portanto, a energia de ativação pode ser entendida como a quantidade de energia livre requerida para levar os reagentes ao estado de transição ou também como a diferença entre os níveis energéticos do estado basal e do estado de transição. Reação Enzimática Uma reação enzimática pode ser escrita como: Onde E, S e P são enzima, substrato e produto, respectivamente. ES e EP são os complexos transitórios da reação. Percebe-se que a enzima é muito maior que seu substrato (E>S). A atividade enzimática é a dosagem de uma enzima expressa em unidades (U). 1U é a quantidade de enzimas capazes de formar 1mol de produto por minuto. O número de catálise é o número em mol de substrato que 1 mol de enzima catalisa por minuto e também o número em mol de produto produzido por 1 mol de enzima por minuto. Grupos Prostéticos Os grupos prostéticos, os cofatores e as coenzimas aumentam a capacidade de catalização das enzimas ao catalisarem reações de oxirredução ou promover a transferência de grupos. Os grupamentos prostéticos são incorporados na proteína por ligações covalentes ou ligações extremamente fortes, sendo constituídos principalmente de íons metálicos, que, ao se juntarem com as enzimas formam uma metaloenzima. Exemplo: grupo heme da hemoglobina. Eles facilitam a ligação com o substrato e a ligação com intermediários, além de atuarem como bases ou ácidos, tornando os substratos pobres ou ricos em elétrons. Cofatores Os cofatores se ligam diretamente à enzima ou formam um completo cofator- substrato de maneira transitória, estando presentes ao redor da enzima. São constituídos também por íons metálicos, e, enzimas que necessitam destes são chamadas de enzimas ativadas por metal. Portanto são inorgânicos. Coenzimas As coenzimas são transportadoras de substrato que estabilizam espécies muito reativas e depois facilitam o reconhecimento de grupos químicos. São derivados das vitaminas ou são as próprias vitaminas sendo, então, grupos orgânicos. O complexo enzima-coenzima é chamado de holoenzima. Uma enzima sem sua coenzima correspondente é chamada de apoenzima. Vitaminas e Coenzimas As vitaminas hidrossolúveis (vitaminas B principalmente) são componentes de muitas coenzimas. A nicotinamida (vitamina B3) é componente das coenzimas NAD e NADP. A riboflavina (vitamina B2) é componente do FAD e FMN. O ácido pantotênico (vitamina B5) compõe a coenzima A. Além disso as coenzimas podem ter grupos adenina, ribose e fosfato. As vitaminas sozinhas também podem atuar como coenzimas, como a tiamina (vitamina B1) que é coenzima das descarboxilases, o ácido fólico (vitamina B9), a cobalamina (vitamina B12) que é coenzima na transferência de grupos metil, o ácido ascórbico (vitamina C) que é coenzima de peptidases, a piridoxina (vitamina B6) que intervém na transferência de grupos amino e a biotina que é coenzima das enzimas transferases de grupos carboxila. Principais Coenzimas O NAD é uma das principais coenzimas das reações enzimáticas. A nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD) é uma coenzima que participa de reações de oxirredução. Ela é constituída de um anel de nicotinamida, um anel de adenina e dois grupos de açucares fosfatados unidos. Ela pode se reduzir a NADH+, ao receber elétrons e se oxidar a NAD ao doar seu elétron. O NADP é sintetizado a partir do NAD pela fosforilação no OH de um açúcar, usando ATP, sendo obtido na via das pentoses fosfato e servindo como agente redutor em vias biossintéticas redutivas. A FMN (flavina mononucleotídeo) e a FAD (flavina adenina dinucleotídeo) são coenzimas em reações de oxirredução no metabolismo energético que podem aceitar elétrons da coenzima NADH+. A CoA (coenzima A) é muito importante no metabolismo de lipídeos (ativação de ácidos graxos e transporte de grupamentos ácidos) e no Ciclo de Krebs, sendo composta de um grupo ADP, um grupo pantotenato e uma cisteína. Nomenclatura Antigamente, as enzimas eram nomeadas com o sufixo ase ligado ao nome de seus substratos (uréase, que catalisa a hidrólise da ureia) ou ligado a uma palavra que descreve sua catálise (DNA- polimerase, que catalisa a polimerização de DNA). Essa é a nomenclatura recomendada. Outros cientistas batizavam as enzimas como gostariam, como a enzima pepsina e a tripsina. Essa é a nomenclatura usual. Para evitar a ambiguidade e nomes iguais, o IUBMB (International Union of Biochemistry and Molecular Biology) criou um sistema de nomenclatura sistemática de enzimas de seis classes e várias subclasses com seu nome e número próprio. As seis classes são: → Oxido-redutases: como as desidrogenases e oxidases; → Transferases: catalisam a transferência de moléculas, como as fosfotransferases; → Hidrolases: catalisam a clivagem hidrolítica, como as peptidases; → Liases: catalisam a clivagem de ligações C-C, C-O, C-N e outras ligações covalentes, criando ligações duplas como as descarboxilases; Fosforilação desse grupo hidroxila cria o NADP → Isomerases: catalisam alterações estruturais dentro da molécula, como as epimerases; → Ligases: catalisam a ligação de duas moléculas com uso de energia, como as sintetases. Por exemplo, a ATP: glicose- fosfotransferase catalisa a transferência de um grupo fosforil do ATP para a glicose. Seu número da E.C (Enzyme Commission) é 2.7.1.1, onde: → O primeiro número (2) indica a classe (transferase); → O segundo número (7) indica a subclasse (fosfotransferase); → O terceiro número (1) indica uma fosfotransferase que tem um grupo álcool como aceptor do fosforil; → O quarto número (1) indica a glicose como o aceptor do grupo fosforil. Seu nome mais comum e mais usado é hexocinase. Sítio Ativo e Sítio Alostérico O sítio ativo, além de ser o local de reconhecimento para o substrato, é também onde toda a transformação química ocorre. Dentro dele, os substratos estão próximos uns aos outrose alinhados com cofatores e grupos prostéticos. Além disso, o sítio ativo também protege o substrato da água e produz um ambiente propicio para a reação acontecer. Já o sítio alostérico tem como função modificar a estrutura da enzima para regular sua atividade enzimática. Essa regulação ocorre pelos moduladores. Moduladores positivos permitem a atividade enzimática, já os moduladores negativos alteram a conformação da enzima, impedindo sua catálise. Especificidade As enzimas podem ter três níveis de especificidade. Enzimas com especificidade baixa possuem relação com tipos de ligação, por exemplo, as peptidases atuam em todos os peptídeos e as lipases atuam na quebra de lipídeos. São mais comuns em enzimas degradativas, como as enzimas que quebram proteínas no intestino delgado (peptidases). Enzimas com especificidade intermediária possuem relação com grupos químicos, como as hexoses. As hexoquinases atuam em todos os açucares de seis carbonos. Enzimas com especificidade alta (absoluta), como as quimiotripsinas que são especificas para ligações peptídicas com radicais hidrofóbicos (Phe, Tyr, Trp) e as tripsinas que são especificas para ligações peptídicas com carga positiva (Arg, Lys). Teorias da Especificidade Enzimática O modelo chave e fechadura de Fischer propunha que as enzimas e substratos se interagiam, formando o complexo enzima-substrato (ES). Ele dizia que o complexo ES era formado por substratos extremamente específicos para o sítio ativo, possuindo a forma deste. Essa rigidez do substrato proposta por Fischer foi refutada por Daniel Koshland pelo modelo de ajuste induzido que propõe que os substratos ao se ligarem à enzima induzem uma alteração conformacional na enzima para “encaixar” no sítio ativo. A enzima induz alterações recíprocas em seus substratos, facilitando a formação dos produtos. Enzimas constitutivas não sofrem nenhum tipo de alteração conformacional induzido, ao contrário das enzimas induzidas. Cinética Enzimática A velocidade de uma reação química é expressa em termos de concentração de um dos reagentes ou de um produto em um dado intervalo de tempo. A cinética química estuda a velocidade das reações químicas. A cinética enzimática é peculiar, pois não é apenas uma reação química, como também uma reação bioquímica que depende de outros fatores que alteram sua velocidade, como o pH, a temperatura, a concentração de substrato [S] e a concentração de enzima [E]. Efeito do pH As enzimas têm um pH ótimo no qual a atividade catalítica é máxima. A maioria das enzimas intracelulares exibe atividade ótima em valores de pH entre 5 e 9. O aumento ou a diminuição do pH leva à desnaturação da enzima, pois as cadeias laterais dos aminoácidos podem funcionar como ácidos ou bases fracas que dependem de certo estado de ionização. Efeito da Temperatura A elevação da temperatura aumenta a velocidade das reações, por aumentar a energia cinética e a colisão das moléculas. Porém, existe um ponto em que a alta temperatura (ou mesmo a baixa) rompe as interações não covalentes que mantêm a estrutura tridimensional das proteínas, ocorrendo assim a desnaturação. Enzimas de seres humanos geralmente exibem estabilidade entre 45 a 55°C. Enquanto microrganismos que residem em vulcões (termofílicos) podem ser estáveis a mais de 100°C. Concentração do Substrato Em uma reação típica, a enzima pode estar presente em quantidades minúsculas, enquanto [S] pode estar em 5 ou 6 vezes mais quantidades. Em concentrações baixas de substrato, a V0 (velocidade inicial) aumenta quase linearmente com o aumento do [S]. Em altas concentrações de substrato, V0 aumenta em pequenas quantidades em resposta ao aumento do [S] até atingir um valor máximo. Essa região de V0 tipo platô é chamada de velocidade máxima (Vmáx). Quando o aumento adicional na concentração de substrato falha em aumentar V0, diz-se que a enzima está saturada. Em um determinado momento, apenas as moléculas de [S] que estão combinadas com a enzima [ES], podem ser transformadas em produto [P]. Efeito da concentração de substrato A concentração do substrato na qual V0 é a metade de Vmax é o Km, a constante de Michaelis. Vale ressaltar que V0 depende unicamente da rapidez em que o produto se dissocia da enzima, de modo que ela possa se combinar com mais substrato Logo que a enzima é misturada com um excesso de substrato, há um período inicial (muito curto), o estado pré- estacionário, durante o qual a concentração de ES aumenta. De maneira rápida, a reação atinge o estado estacionário no qual [ES] permanece constante ao longo do tempo. Geralmente, a determinação de V0 reflete o estado estacionário. A equação de Michaelis-Menten ilustra a relação entre a velocidade de reação inicial V0 e a concentração do substrato [S], mostrada graficamente: Lembrando que a constante de Michaelis-Menten (Km) é a concentração de substrato em que V0 é a metade de Vmáx atingível em determinada concentração de enzima. Portanto, ele expressa a maior ou menor afinidade da enzima pelo substrato, onde quanto menor o Km maior a afinidade da enzima pelo substrato. Concentração da Enzima De maneira lógica, quanto maior a quantidade de enzima maior a velocidade da reação, visto que as enzimas nunca vão se saturar de substrato caso fiquem aumentando em quantidade de maneira constante. Inibição Enzimática Um inibidor é uma substância que interfere na catálise de uma enzima, diminuindo ou interrompendo as reações. Um inibidor reversível pode ligar-se à enzima e depois ser liberado, deixando-a em sua condição original. Um inibidor irreversível reage com a enzima produzindo uma proteína que deixa de ser enzimaticamente ativa, de forma que ela não possa ser mais regenerada. Duas classes de inibidores reversíveis podem ser distintas, os inibidores competitivos e os não competitivos. Inibidores Competitivos Os inibidores competitivos competem com o substrato pelo sítio ativo da enzima. Desse modo, tendem a se assemelhar com o substrato. Os efeitos dos inibidores competitivos podem ser superados ao elevar-se a concentração do substrato. Vale ressaltar que o complexo EI (enzima- inibidor) não leva à catálise. De maneira geral, um inibidor competitivo age ao diminuir o número de moléculas de enzima livres disponíveis para se ligar ao substrato. Aumentar [S] diminui a concentração do complexo EI e aumenta a velocidade da reação. A extensão em que [S] deve ser aumentada para superar o inibidor depende da concentração do inibidor, de sua afinidade pela enzima e da afinidade da enzima por seu substrato. Gráficos duplo-recíprocos são utilizados para avaliar as constantes de inibição. Gráficos de inibição competitiva simples Percebe-se que o inibidor competitivo não tem efeito sobre a Vmáx, porém eleva K’m., o Km do substrato. Portanto, quanto menor for o Ki (constante de Michaelis-Menten do inibidor), mais efetivo será o inibidor. Inibidores Não Competitivos Os inibidores não competitivos se ligam à enzima em um local diferente do sítio ativo (geralmente se ligam ao sítio alostérico, portanto a ligação do inibidor não afeta a ligação do substrato (a formação do complexo EIS é possível); como resultado da ligação ocorre uma mudança na estrutura da enzima especialmente em torno do sítio ativo. Embora o complexo enzima-inibidor ainda possa se ligar ao substrato, sua eficiência para transformar o substrato em produto, refletido por Vmáx torna-se diminuída. Gráficos de inibição não competitiva simples Percebe-se que o inibidor não competitivo não tem efeito sobre Km, porém ele diminui Vmáx. Inibidores Irreversíveis Esses inibidores agem de forma irreversível ao modificar quimicamente a enzima. Em geral, essas modificações envolvem fazer ou romper ligações covalentes ou ainda destruir um grupofuncional da enzima essencial para a catálise. Uma enzima que foi “envenenada” por esse inibidor permanece inibida mesmo depois da remoção de tal inibidor. Exemplos - Competitivos O primeiro exemplo de um inibidor competitivo é do glifosato, um herbicida que afeta uma enzima responsável pela via de biossíntese dos aminoácidos aromáticos. Tal inibidor auxiliou muito na produção da soja transgênica, visto que ela não é afetada pelo glifosato e, portanto, ervas daninhas que aparecerem em sua terra são mortas, exceto a soja. Outro exemplo é o amprenavir, um inibidor da protease do vírus HIV. Exemplos Não Competitivos Um bom exemplo de inibidor não competitivo é o chumbo, responsável for afetar a síntese do grupo heme. O chumbo inibe a porfobilinogênio sintase e a incorporação de Fe++ no agrupamento heme, resultando em níveis aumentados de ácido aminolevulínico e de coproporfirina na urina e protoporfirina nos eritrócitos. Exemplos Irreversíveis O cianeto, encontrado em “amêndoas amargas” reage com íons metálicos de enzimas (Fe, Zn, Cu, etc.), sendo um veneno mortal. O Disopropilfluorfosfato (DFP), feito sinteticamente, inibe enzimas com serina no centro ativo. O Sarin, também feito de maneira sintética (gás nervoso), inibe enzimas com serina no centro ativo. O N-tosil-L-fenilalaninacloro-metil cetona (TPCK), também sintético, reage com a His 57 da quimotripsina. A Fisostiqmina, encontrada em feijões Calabar, forma derivados de acil com a acetilcolinesterase. O paration, um inseticida sintético, inibe a acetilcolinesterase. A penicilina, proveniente de fungos do gênero Penicilium, inibe enzimas da síntese de parede celular em bactérias. Os organofosforados reagem com enzimas que possuem resíduos de serina no sítio ativo, entre elas a acetilcolinesterase. Ao ser inativada a acetilcolinesterase não pode mais decompor a acetilcolina, que se acumula nos receptores sinápticos, impedindo as transmissões nervosas que acarretam a morte por falência dos órgãos. Regulação da Atividade Enzimática A regulação da atividade enzimática pode ser realizada por diferentes fatores. O primeiro fator é o controle da síntese de enzimas. A síntese enzimática depende da presença de indutores, geralmente substratos, que estimulam a transcrição do gene que os codificam. Em contrapartida, o excesso de um metabólito pode impedir a síntese de sua enzima cognata por meio da repressão. A síntese de outras enzimas pode ser estimulada por fatores de transcrição, cuja atividade é controlada pela interação de hormônios ou outros sinais extracelulares. Outro fator que atua na regulação da atividade enzimática é a compartimentalização celular, ou seja, existem enzimas que atuam apenas em determinadas células ou regiões, como enzimas de mitocôndrias não atuam em cloroplastos, entre outros. Regulação por Controle Alostérico As enzimas alostéricas agem por meio de ligações reversíveis e não covalentes com compostos regulatórios denominados moduladores alostéricos, que geralmente são metabólitos ou cofatores. As mudanças conformacionais induzidas por esses moduladores interconvertem formas mais ativas (estabilizada por moduladores positivos) e formas menos ativas (estabilizada por moduladores negativos) da enzima. Moduladores de enzimas alostéricas podem ser inibitórios ou estimulatórios. Muitas vezes, o modulador é o próprio substrato e, nesse caso, as enzimas são denominadas homotrópicas. Quando o modulador é uma molécula diferente do substrato, diz-se que a enzima é heterotrópica. A ligação do ligante provoca mudanças na conformação da enzima que afetam a atividade subsequente de outros sítios de proteína. Além do sítio ativo, as enzimas alostéricas possuem os sítios alostéricos, para ligarem o modulador, sendo específico para cada um desses moduladores. Em enzimas homotrópicas, o sítio ativo e alostérico são os mesmos. Portanto, o sítio alostérico tem a função de “ligar e desligar” a enzima. A inibição por retroalimentação (feedback) é o processo pelo qual o produto final de uma via de biossíntese com múltiplas etapas se liga e inibe uma enzima que catalisa uma das etapas iniciais da via. Portanto, o produto final funciona como um modulador alostérico negativo, visto que impede a reação. Mas se o produto se esgotar, o mesmo funcionará como modulador positivo, pois irá promover a reativação da enzima. Por essa enzima ser regulada já no início da via, ocorrerá uma grande economia celular. Regulação por Modificação Covalente Em outra classe de enzimas regulatórias, a atividade é regulada por modificações covalentes. Geralmente, os grupos modificadores incluem fosforil, acetil, adenilil, uridilil, metl, amida, carboxil, hidroxila, sulfato, etc. Esses grupos são ligados e removidas às enzimas regulatórias por enzimas distintas. A introdução de uma carga, por exemplo, pode alterar as propriedades locais da enzima e introduzir uma mudança na conformação. Já a introdução de grupos hidrofóbicos pode desencadear uma associação com uma membrana. Regulação por Clivagem Proteolítica As interações alostéricas controlam as enzimas por mudanças reversíveis em suas estruturas, porém esse mecanismo não é o único disponível. Um zimogênio, um precursor inativo de uma enzima, pode ser irreversivelmente transformado em uma enzima ativa pela clivagem de ligações covalentes. As enzimas proteolíticas tripsina e quimiotripsina são exemplos clássicos de zimogênios. Suas moléculas de precursores inativos, o tripsinogênio e o quimiotripsinogênio, respectivamente, são formadas no pâncreas, onde provocariam danos se estivessem na sua forma ativa. No intestino delgado, onde suas propriedades digestivas são requeridas, eles são ativados por clivagem de ligações peptídicas específicas. Isoenzimas São aquelas enzimas que têm a mesma função, mas estão em diferentes tecidos. Por exemplo, enzimas que fosforilam glicose são várias, como a hexoquinase (maioria dos tecidos) e a glicoquinase (fígado).
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