Você viu 3 do total de 62 páginas deste material
Prévia do material em texto
©Shutterstock/Volodymyr Burdiak 8o. ano Volume 2 ooo Geografia ©Shu ©Shu ©Shu ©©Shu ©Shu ©Shu ©ShuShhuttttertttterttertterttertterttertterte stoc stoc stoc stoc stoc stoc stocto stoc stoctoctoctottotocock/Vo k/Vo k/Vo k/Vo k/Vo k/Vo k/Vo k/Vo k/Vo k/Vo k/Vo k/k/Vo kk/Vo k/V/Vk/Vk/Vk/k/k/k/Vk/k/////k/Vo k/k/k/k////k/Vo k/V///Vo k/VooV lody lody lody lody lody lody lody lody lody lodyodyody lodyodyodyy lody lodydydydy lody lodyo lodydyody loddy lody lodyody lodydyy lodyodyy lody lodyodyodyydy lodyodyodyodydyodydodyodod lody lody lodyododd lodyodyodyddyodydydyodyodyodydyodyodyodydyydydyddydydydyydyyyyyyyyymyr myr myr mymyr myr myr mymyr myr mymmymymyr mymyr mymyr myr mymymymyr myr myr myr myr myr myr myr myr mmymyr myr myr mymyr myr mymmyr myr mymymyr myr mymymmyr myr yr mymyr mymymymyr mymyr myr myr myr myyr mmymymmyr mymyr myr mymyr mymyr myr mymmmmymyr myr mymyr mmmyr mymyymyr myrr mmmmyr y mymyr myr myyryyyyyyyyyyryyyr yryr Burd Burd Burd Burd Burd Burd Burd Burd Burd Burd Burd Burd Burd Burd Burd BuBurd Burdrd Burd Burd Burd BuBurd Burd Burd BBurd Burd Burd Burd Burd Burd Burdrd Burdd Burd Burd Burd Burd BurBurd BBurd Burd Burd Burd Burd Burd Burdddurdd Burd Burd Burd Burd Burdrd Burd Burdd Burd Burdurd Burd Burd Burdurdd Burd BBurd Burdur Burd Burd Burd Burd B durd BuBBurd BuBurd Burdrd Burd Burd Burd Burd Burdur Burd Burd Burd BBurBurd Burd Burdrdurd Burdrddurddd Burdurdurdd B durdurd Burd BBBBBurd Burdd BBBurdrddddurdu dururdurdddurrdurdddrddrdddddddddiakiakiakiakiakiaiiakiakiakiakiakiakiakiakiakiaakiaiiakiakiakiakiakiakiiiaiakiakiiakiakiakaiaiaiakiakiakiiaiiakiakaiakiakiakiakiiakiakiaiakiakiakiakkkiakiiiakiakiakaiaiiaiakiaiakiiaiakiiiiaiakiaiiaiaiakiaiaiaiaiaiaiaiaiakiaiaiaiaiaiakakkiakkkiakaaakkkkkk Livro do professor Livro didático Paisagens naturais dos continentes americano e africano 2 4 5 6 Exploração dos recursos naturais na América e África 25 Impactos socioambientais 38Representação artística Imagem ampliada Fora de escala numérica Escala numérica Formas em proporção Imagem microscópicaColoração artificial Coloração semelhante à natural Fora de proporção O projeto gráfico atende aos objetivos da coleção de diversas formas. As ilustrações, os diagramas e as figuras contribuem para a construção correta dos conceitos e estimulam um envolvimento ativo com os temas de estudo. Sendo assim, fique atento aos seguintes ícones: 4 1. Além dos rios citados, o Congo e o Amazonas, e as respectivas florestas que eles percorrem, de que outros domínios naturais da América e África você se recorda? 2. É possível conservar esses domínios e, ao mesmo tempo, garantir o desenvolvimento socioeconômico? Qual é a sua ideia a esse respeito? As densas selvas que perpassam vários países, entrecortadas por seus rios longos e caudalosos, como o Congo, na África, e o Amazonas, na América do Sul, são cenários que simbolizam a natureza tropical predominante em boa parte da África e da América. Por outro lado, marcas humanas nessas paisagens tam- bém evidenciam a fragilidade desses ambientes diante de empreendimentos de infraestrutura e projetos respaldados pela necessidade do desenvolvimento econômico. 1 Considerações complementares e respostas esperadas. © G lo w im ag es /A FP /E va ris to S a • Torres de transmissão de energia e estrada em meio à Floresta Amazônica em Presidente Figueiredo, AM, 2016 Sa Paisagens naturais dos continentes americano e africano 2 • Caracterizar os componentes ambientais da América e da África. • Destacar as inter-relações entre os componentes ambientais desses continentes. • Analisar a questão hídrica como desafio comum que se coloca aos países de ambos os continentes. Objetivos © Fo to ar en a/ De po sit ph ot os /s w iss hi pp o Muitas das atuais paisagens naturais dos continentes americano e africano, com suas cordilheiras, vulcões ativos e extintos, florestas tropicais, áreas campestres, grandes desertos e semidesertos, existem há milhões de anos. Tendo se desenvolvido muito antes da presença do Homo sapiens no planeta, essas paisagens podem aparentar ser estáticas para quem as observa durante o curto período de uma vida humana. Na verdade, trata-se de paisagens dinâmicas e em constante transformação, mas que se modificam em um ritmo muito mais lento que o das sociedades que interagem com elas. Conforme veremos ao longo deste capí- tulo e dos próximos, essa interação e o ritmo de exploração de recursos têm sido frequentemente insustentáveis e colocam em risco a própria existência futura de muitas dessas paisagens como as conhecemos atualmente. Ao final da Era Paleozoica, há cerca de 250 milhões de anos, por exemplo, formou-se, pelo encontro das mas- sas continentais móveis, o supercontinente Pangeia. Partes dos atuais continentes africano e americano, bem como dos demais, estavam agrupadas de modo completamente diverso ao formato que conhecemos hoje e cercadas por um vasto oceano. Com o passar das eras geológicas, continentes se encontraram e se separaram, grandes cordilheiras se formaram e muitas delas foram inteiramente desgastadas pelos ventos, rios e chuvas no decorrer de milhões de anos. Outras permanecem remanescentes atuais de eras antigas, como os Apalaches, na América do Norte. A formação das atuais grandes cadeias de montanhas, como os Andes e as Montanhas Rochosas (na Améri- ca) ou a Cadeia do Atlas (na África), se deu nos últimos 100 milhões de anos ou menos, quando os continentes adquiriam formatos próximos aos atuais. As jovens planícies irrigadas pelos rios em suas bacias, assim como as ainda mais jovens florestas tropicais que conhecemos nesses continentes, surgiram, em sua maior parte, nessa fase mais recente da formação geológica dos continentes. Percebe-se assim o quão dinâmica é a estrutura rochosa da Terra. De um lado, as forças do interior do planeta – as pressões tectônicas – criam novas superfícies, ao mesmo tempo que desfazem outras. De outro, os agentes externos, como as chuvas, os ventos, o gelo e a variação térmica, reorganizam e esculpem superfícies. O processo descrito acima segue ativo ainda hoje, como mostram os terremotos e vulcões resultantes da atual atividade tectônica. Veja, na página seguinte, como uma enorme fenda na região conhecida como Chifre da África tende a se transformar, no futuro geológico (portanto relativamente distante), em um canal marítimo que a separa do restante do continente. • Gêiser no Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos, testemunhando atividade vulcânica e tectônica na porção centro- -norte daquele país, 2017 Um supervulcão – vulcão enorme capaz de entrar em erupção com consequências devastadoras e de longo alcance – está, há cerca de 70 mil anos, inativo, abaixo do Parque Nacional de Yellowstone. Trata-se de um dos vulcões mais monitorados do mundo, com uma legião de pesquisadores fazendo medições diárias de sua atividade geológica. 3 Objetivos Conexões A enorme fenda que pode separar o Chifre da África do resto do continente BBC Brasil, 02/04/2018 Vale do Rift, no Chifre da África Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. Adaptação. M ar ilu d e So uz a A ENORME fenda que pode separar o Chifre da África do resto do continente. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-43620442>. Acesso em: 29 set. 2018. Em Mai Mahiu, um pequeno vilarejo rural no sudoeste do Quênia, a 50 km da capital, Nairó- bi, ocorrem há algumas semanas chuvas intensas, inundações e tremores. Mas, em 18 de março, algo estranho aconteceu: a terra começou a se abrir. “Minha mulher começou a gritar para os vizi- nhos, pedindo ajuda para tirar nossos pertences de casa”, contou Eliud Njoroge à agência de notícias Reuters. Desde então, a fenda no piso de cimento de sua casa não parou de crescer, fazendo com que a famí- lia de Njoroge e muitas outras fossem evacuadas. “As fendas correm quase em linha reta, então, dá para projetarpara onde vão. Se você vê uma vindo em sua direção, você sai dali correndo”, dis- se o geólogo David Adede à Reuters. A enorme fissura já tem quilômetros de com- primento e alguns metros de largura. Ela está liga- da a uma falha tectônica conhecida como Vale do Rift, ou Vale da Grande Fenda, na África Oriental. Segundo os geólogos, esse é um sinal de que, daqui a dezenas de milhões de anos, a África pode ser separada em duas. [...] Assim como ocorreu com a América do Sul, separada da África há 138 milhões de anos, os geólogos estimam que chegará um momento em que o Chifre da África também se desprenderá do continente. O Vale da Grande Fenda se estende por mais de 3 mil km, “desde o golfo de Adén, no norte, até o Zimbábue, no sul, dividindo a placa africana em duas partes iguais”, afirma a geóloga Lucía Pérez Díaz na revista científica The Conversation. A pesquisadora do Grupo de Investigação de Falhas Dinâmicas da universidade Royal Holloway defende que “a atividade ao longo da parte orien- tal do Vale da Grande Fenda, que corre ao longo da Etiópia, Quênia e Tanzânia, tornou-se evidente quando a grande fissura apareceu repentinamente no sudoeste do Quênia”. Para Pérez Díaz, a fenda é única no planeta, porque permite observar as diferentes etapas de seu processo de fissura ao vivo. A fratura mais interessante, escreve, começou na região de Afar, no norte da Etiópia, há cerca de 30 milhões de anos. Desde então, está se pro- pagando rumo ao sul, na direção do Zimbábue, a uma média de 2,5 a 5 centímetros por ano. Atualmente em Afar, a camada exterior sólida da Terra, chamada de litosfera, tem sido reduzida a ponto de a ruptura ser quase completa. Quando a quebra estiver completa, detalha Pé- rez Díaz, um novo oceano começará a se formar e, “em um período de dezenas de milhões de anos, o leito marinho avançará ao longo de toda a fenda”. “O oceano inundará e, como resultado, o con- tinente africano ficará menor, e haverá uma gran- de ilha no Oceano Índico composta por partes da Etiópia, Somália, incluindo o Chifre da África”, afirma. 8o. ano – Volume 24 América: imagens de satélite As bases geológicas dos continentes e suas características básicas, como maior ou menor resistência, são importantes para a configuração do relevo, a disposição das bacias hidrográficas e a formação do solo. Este, por sua vez, tem atuação fundamental nas condições que permitem o desenvolvimento dos diferentes tipos de vegetação, um dos fatores que fornecem umidade ao ar, importante elemento do clima. O clima, por um lado, condiciona a densidade e o porte da vegetação e, por outro, é influenciado pelo relevo, o qual direciona a circulação das massas de ar. Vamos ver, nos próximos tópicos, de modo separado, como essa complexa interação entre diferentes as- pectos da natureza ocorre tanto no continente americano quanto no africano. Para facilitar o entendimento, vamos separar também os componentes naturais da paisagem: primeiramente veremos relevo e hidrografia, em seguida, clima e vegetação. Por fim, como forma de sintetizar os aspectos físicos (estudados separadamen- te) em conexão entre si e com a geografia humana, estudaremos como se apresenta atualmente a questão dos recursos hídricos na América e na África. Relevo e hidrografia Para compreender o papel do relevo e da hidrografia na configuração das paisagens naturais, analisaremos sua disposição e influência em cada continente. Relevo e hidrografia do continente americano Ao comparar os mapas físicos da América do Norte e Central com o da América do Sul, podemos constatar que as duas grandes massas subcontinentais setentrional e meridional, conectadas pelo istmo central, se as- semelham em certos aspectos. Em especial, chamam a atenção a localização e disposição das montanhas altas e geologicamente jovens na porção oeste, por um lado, e o predomínio de áreas irregulares de planaltos mais antigos e menos elevados, com algumas planícies relativamente planas, no centro e leste, por outro. Observe essas características nas imagens abaixo. istmo: faixa de terra firme, relativamente estreita, que une porções do continente e é cercada de água pelos dois lados. © Sh ut te rs to ck /t ito O nz © Sh ut te rs to ck /A rid O ce an • Imagens de satélite do continente americano revelam seu relevo mais elevado nas porções oeste do continente Geografia 5 2 Sugestão de pesquisa. No oeste do continente, próximo à costa do Pacífico, esten- dem-se as grandes cordilheiras americanas: as Montanhas Rochosas (na América do Norte) e os Andes (na América do Sul), as mais elevadas. Duas extensas serras situam-se ao sul das Rochosas e dispõem-se entre si paralelamente ao longo do território mexicano: a Sierra Madre Oriental e a Sierra Ma- dre Ocidental. Em meio a centenas de vulcões ativos e outras montanhas, destacam-se os picos culminantes da América do Norte e da América do Sul: o Monte Denali ou McKinley (no Alasca, EUA), com 6 194 metros, e o Aconcágua (na fronteira entre Argentina e Chile), com 6 962 metros. Durante séculos, as montanhas andinas constituíam parte dos territórios de diferentes povos nativos, deno- minados, de modo geral, ameríndios. A extração de recursos minerais, desde então, tanto nas montanhas dos Andes quanto nas Rochosas, representa uma das formas de exploração de seus recursos naturais, conforme veremos no próximo capítulo. A construção, há mais de 500 anos, de uma antiga e sofisticada infraestrutura ainda hoje remanescente, com cidades e uma rede de vias de circulação nos vales e encostas dos Andes, denota o avanço tecnológico alcan- çado pelo Império Inca no passado. Dominando quase toda a região ao final do século XIV e herdando impor- tantes tecnologias de civilizações anteriores, os incas estenderam seu território sobre os demais povos andinos, mas foi desintegrado pela conquista espanhola no início do século XVI. Atualmente, dezenas de Unidades de Conservação, como Parques Nacionais e reservas florestais, além de sítios arqueológicos significativos, se disse- minam nessa região montanhosa, onde muitos descendentes de antigas civilizações ameríndias vivem até hoje. Na porção oriental do continente, próxima à costa atlântica, estão as serras formadas de rochas bastante antigas, desgastadas por processos erosivos que perduram por milhões de anos e que ajudam a explicar suas altitudes relativamente modestas. São os Montes Apalaches, que se estendem desde o sudeste ao nordeste dos Estados Unidos e as serras do sudeste do Brasil, como a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira. Partes do relevo, da cobertura vegetal e dos demais elementos na- turais dos Montes Apalaches têm sido afetadas principalmente pela mineração de carvão e ferro, há mais de duzentos anos. A extração da fonte de energia que impulsionou o início da industrialização dos Estados Unidos, ainda no século XIX, contribuiu para o desenvolvi- mento econômico do país, porém vem causando graves problemas ambientais, além de muitas vezes representar riscos de acidentes com trabalhadores. Partes das serras do leste e sudeste do Brasil abrigam áreas rema- nescentes de uma das florestas pluviais tropicais de maior biodiversida- de no mundo: a Mata Atlântica. Desde o século XVII, durante o período colonial, ela vem perdendo sucessivamente sua área original e, cada vez mais, a lista dos animais e plantas ameaçados de extinção vem sen- do ampliada. As monoculturas da cana-de-açúcar, cacau e café, a extra- ção de minérios e madeira de lei, além da intensa urbanização ao longo dos últimos séculos, desmataram mais de 90% da sua área original. Os planaltos, tanto os antigos e desgastados pelos processos erosivos quanto os geologicamente jovens e soerguidos pelas pressões tectônicas, abrangem vastas áreas no continente americano. Dentre eles, destacam- -se: Planalto do Colorado e Planalto Mexicano, na América do Norte; Planalto das Guianas, Planalto Brasileiro, Altiplano da Bolívia e Planalto da Patagônia,na América do Sul. cordilheiras: são grandes cadeias de montanhas, superfícies elevadas de topografia irregular, constituídas de picos, geralmente pontiagudos e íngremes vertentes, cuja formação se deve à tectônica de placas da litosfera. © Fo to ar en a/ Al am y/ ro be rth ar di ng © Fo to ar en a/ Al am y/ Al an G ig no ux • Monte Aconcágua, Argentina, 2014 • Extração de carvão mineral por meio da remoção do cume, nos Montes Apalaches, em Virgínia, 2012 8o. ano – Volume 26 3 Sugestão de abordagem. Neles encontram-se desde monumentos naturais esculpidos no decorrer de milhões de anos pelos ventos, chuvas, antigos mares e geleiras a paisagens intensamente urbanizadas, como a Cidade do México. Densamen- te povoado e importante polo industrial, o Planalto Mexicano é frequentemente coberto por espessa camada de gases poluentes que cobrem o céu da capital do país e que contribuem para a ocorrência de doenças respi- ratórias na sua população. O continente americano é rico em disponibilidade de água, outro importante recurso que também pode ser considerado mineral. Para entender as características hidrográficas desse continente, vamos relembrar que essas são áreas de drenagem ou escoamento das águas pluviais (provenientes da chuva) que abastecem os rios e seus afluentes. Observe o mapa a seguir. As cadeias de montanhas, serras e planaltos onde nascem os rios são divisores de bacias, ou seja, áreas mais elevadas de uma bacia hidrográfica, de onde descem os rios em direção ao vale ou à planície localizados na porção mais baixa da bacia. As Rochosas e os Andes são os principais divisores de água do continente americano. 1. Observe o mapa ao lado, das ba- cias hidrográficas do continente, e responda: a) Com relação à porção oeste do continente, embora apre- sente grandes bacias hidro- gráficas, muitos de seus prin- cipais rios não desembocam no Oceano Pacífico. Como as imagens do relevo do con- tinente, na página 5, podem explicar essa situação? Cartografar América: principais bacias hidrográficas Fonte: WORLD atlas reference: everything you need to know about our planet today. 9. ed. London: Dorling Kindersley Limited, 2013. p. XVI. Adaptação. © Gl ow im ag es /im ag eB RO KE R/ Ka ro l K oz lo w sk i • Serra do Mar, Floresta da Tijuca e espaço urbano se misturam na paisagem do Rio de Janeiro, RJ, 2017 M on yr a Gu tte rv ill C ub as Geografia 7 A porção oeste do continente apresenta ele- vadas cadeias de montanhas próximas ao lito- ral do Pacífico, o que faz com que os rios que se direcionam a esse oceano tenham extensão reduzida. Nas planícies interioranas da América estão as maiores bacias hi- drográficas do continente. A bacia Amazônica, bacia do Mississippi- -Missouri e bacia Platina, por exemplo, originaram as extensas planí- cies que levam seus nomes. Dispostas predominantemente na porção central do continente americano, destacam-se pela biodiversidade de seus ecossistemas, desenvolvimento da agropecuária e como via de transporte fluvial. Sua formação recente, que data dos últimos milhões de anos, se deve à deposição de sedimentos retirados e transportados das cordilheiras, serras e planaltos que as cercam. As inundações pe- riódicas, durante a estação das chu- vas, seguem construindo a planície. No entanto, o avanço do desmata- mento em áreas da Amazônia e de outras florestas compromete o cur- so e a vazão dos rios que fluem pelas planícies, devido ao assoreamento. A maior e mais volumosa bacia hidrográfica do mundo é a Amazônica. Sua superfície de cerca de sete milhões de km² abrange parte do território de nove países sul-americanos. Seu rio principal, o Amazonas, nas- ce nos Andes peruanos, em razão do degelo das neves andinas, a cerca de cinco mil metros de altitude. Seu volume, no entanto, é acrescido com chuvas torrenciais, que caracterizam o clima equatorial. Muitos de seus afluentes estão também entre os mais extensos cursos fluviais do globo. Assoreamento é a deposição de grande volume de sedimen- tos que aterra o leito e as mar- gens dos rios, além de parte de seus vales. O Mississippi e seu mais extenso afluente, o Missouri, fluem rumo ao sul capturando as águas que descem das Rochosas, a oeste, e dos Apalaches, a leste, para desembocar no Golfo do México. Como via natural situada no centro do território estadunidense, parte do Mississippi tornou-se uma movimentada rota de transporte de mer- cadorias produzidas nos belts, os cinturões de cultivos agrícolas es- pecializados (trigo, milho, algodão) dispostos na planície. Na foz em delta do Mississippi, está a cidade de Nova Orleans. Em 2005, grande parte da cidade foi arrasada ante a passagem devastadora do furacão Katrina. © Fo to ar en a/ Al am y/ An dr ew P au l T ra ve l © Fo to ar en a/ Al am y/ Ch in a Sp an /K er en S u • O mesmo Rio Amazonas, com características diferentes: à esquerda, próximo das nascentes no Peru, 2014, onde é chamado de Apurímac; à direita, largo e volumoso, na planície do território brasileiro de Belém, PA, 2013 ©Pulsar Imagens/Andre Dib • Planície do Pantanal Mato-Grossense, for- mada pelos sedimentos trazidos pelo Rio Paraguai e seus afluentes durante período das cheias (verão), em Poconé, MT, 2017 © Fo to ar en a/ Al am y/ M ar ek U lia sz • Cena típica do Mississippi: transporte fluvial de bens em St. Louis, EUA, 2016 delta: tipo de desembocadura ou foz de um rio onde há vários canais. 8o. ano – Volume 28 A bacia Platina é constituída por três importantes rios: Paraguai, Uru- guai e Paraná. Este último é o principal entre eles, cujo segmento final, incluindo o estuário, é chamado de Rio da Prata. De grande importância para os países que fundaram o Mercosul, essa bacia situa-se na região co- nhecida como cone-Sul e banha superfícies do Brasil, Uruguai, Argentina, Paraguai (os fundadores do bloco) e Bolívia. O caudal de suas águas é in- tensamente aproveitado para geração de energia elétrica, bem como para navegação, destinada, sobretudo, ao transporte de mercadorias. Destacam-se, além dessas, as bacias do Yukon e do Mackenzie na porção norte do continente americano, que deságuam no Ártico e cujos cursos atravessam território canadense. Já na porção sul do continente, há as bacias do Orinoco, na Colômbia e Venezuela, e a do São Francisco, no Brasil. O Rio Orinoco alcança o Atlântico após percorrer parte do Pla- nalto das Guianas e cruzar trecho da Floresta Amazônica nos territórios venezuelano e colombiano, enquanto o São Francisco atravessa o Pla- nalto Brasileiro, primeiramente rumo ao norte, posteriormente a leste, após seu curso fazer uma inflexão à direita. Relevo e hidrografia do continente africano De um modo geral, os planaltos predominam no continente africano. As planícies ocupam extensões me- nores e são, em sua maioria, costeiras ou constituindo amplos vales no curso inferior de rios como o Zambeze, Níger, Congo e Nilo. Por fim, as cadeias de montanhas, menos extensas e elevadas do que as da América, se si- tuam dispersas no noroeste, centro, sul e leste da África. Confira, nas imagens abaixo, a localização das principais formações do relevo africano e como elas direcionam e delimitam as bacias hidrográficas na África. • Eclusas para navegação em usina hi- drelétrica no Rio Tietê, um dos afluen- tes do Paraná, em Buritama, SP, 2012 Fonte: WORLD atlas reference: everything you need to know about our planet today. 9. ed. London: Dorling Kindersley Limited, 2013. p. XVI. Adaptação. estuário: tipo de desembocadura ou foz de um rio onde há um único canal. África: principais bacias hidrográficas Ta lit a Ka th y Bo ra © Pu lsa r I m ag en s/ Th om az V ita N et o © Fo to ar en a/ Al am y/ tit oO nzÁfrica: imagem de satélite Geografia 9 Originada por dobramento aproximadamente na mesma época dos Andes e das Rochosas, a Cadeia do Atlas estende-se ao longo do Marrocos e de pequena parteda Argélia, região conhecida como Magreb. Por alcançar mais de 4 mil metros de altitude, algumas mon- tanhas são cobertas de neve mesmo em épocas de calor e, de seu sopé ao sul, na base da cadeia, estende-se o Deserto do Saara, onde as temperaturas se elevam demasiadamente durante o dia. Outras cadeias de destaque na África são: Drakensberg, na África do Sul e Lesoto; Maciço de Adamawa, na República dos Camarões; Maciço da Etiópia e os vulcões situados no Rift Valley ou Grande Vale da África Oriental, que você estudou no co- meço deste capítulo. Nele se situam o Monte Quilimanjaro, o mais alto do continente, com quase seis mil metros de altitude, e grandes lagos formados pelo acúmulo de água sobre falhas geológicas, como Tanganica e Vitória. No Planalto dos Grandes Lagos, a mais de 1800 metros de altitude, localiza-se a nascente do Nilo, rio africano de maior extensão, em cujas margens desenvolveram-se civilizações como a dos antigos egípcios e outras. Esse rio atra- vessa o Saara de sul a norte, com suas águas perenes, até desembocar no delta, às margens do Mar Mediterrâneo. Assim como ocorre com a foz do Nilo, também o Níger forma um delta em sua desembocadura, que ocorre no Golfo da Guiné, na parte ocidental do continente. Ambas as regiões estão entre as mais densamente povoa- das da África. Na região dos Montes Mitumba, no sul e sudeste da República Democrática do Congo, há intensa extração de recursos naturais, principalmente minérios, como ouro, cobre, cobalto e coltan, essenciais para a fabricação de aparelhos eletrônicos. Há décadas essa exploração tem se baseado no trabalho precário e muitas vezes rea- lizado por crianças. Além disso, motiva conflitos entre diferentes grupos rebeldes locais e o governo nacional, envolvendo, inclusive, a participação de países vizinhos onde outros grupos rebeldes atuam e, em alguns casos, têm o apoio de potências desenvolvidas. A demanda desses minerais para a fabricação de produtos tecnológi- cos em outros continentes é considerada por muitos analistas como um dos fatores que alimentam a violência na região, o que tem pressionado também as em- presas fabricantes e os consumidores de países mais ricos a buscar formas de fiscalização e certifi- cação dos minerais explorados no país, um difícil desafio enfrentado atualmente. No sul do continente, os rios Orange, que desá- gua no Atlântico, o Limpopo e o Zambeze, com foz no Índico, são os mais extensos. No rio Zambeze, na região fronteiriça entre Zâmbia e Zimbábue, es- tão as Cataratas Vitória. © Sh ut te rs to ck /V ol od ym yr B ur di ak • Animais e plantas da savana africana, Monte Quilimanjaro ao fundo. Quênia, 2015 ©Fotoarena/Alamy/Richard Tadman coltan: mineral composto dos minerais columbita e tantalita. ©Shutterstock/George Nazmi Bebawi O segundo rio mais volumoso do mundo, superado ape- nas pelo Amazonas, é o Congo. Desde sua nascente, nas montanhas diamantíferas da região de Katanga, na Repúbli- ca Democrática do Congo, até sua foz, no Atlântico, todo o seu curso segue pela região equatorial, onde copiosas chuvas descem sobre a floresta e sobre o Rio Congo. Com a eleva- da temperatura de cada dia, floresta e rio devolvem parte da água no processo de evapotranspiração, alimentando o ciclo hidrológico. • Ponte sobre o Rio Nilo, Cairo, Egito, 2016 • Ponte sobre as Cataratas Vitória, no Rio Zambeze, entre Zimbábue e Zâmbia, 2016 8o. ano – Volume 210 4 Sobre a denominação Magreb. 5 Sugestão de filme. Olhar geográfico Observe o mapa e a imagem de satélite da África na página 9. Há, no norte e no sul do continente, exten- sas áreas praticamente sem a presença de rios. Por que isso ocorre? Registre suas ideias nas linhas a seguir. Isso se deve ao clima árido que promove a presença de desertos no norte (como o Saara) e no sul (como o Kalahari) do continente. A escassez ou quase inexistência das chuvas inibe a formação de rios nessas regiões. Nesse sentido, o Nilo, abastecido nas montanhas do Planalto da Etiópia e dos Grandes Lagos, é uma exceção ao atravessar o Saara. Clima e vegetação Conforme você vem aprendendo nos seus estudos de Geografia, os elementos naturais que participam da composição dos espaços geográficos, como relevo, hidrografia, clima e vegetação, interagem entre si. Por ora, ressaltamos os tipos climáticos e as respectivas formações vegetais que se relacionam a eles. O resultado dessas múltiplas interações constitui o que os geógrafos denominam domínios morfoclimáticos, os quais exercem influência sobre a distribuição da população humana e esta, por sua vez, também interfere na dinâmica dos elementos naturais. A América se estende desde as proximidades do Polo Norte até próximo à latitude de 60º Sul. Por essa razão, apresenta uma variedade climática maior do que a da África. O continente africano, por sua vez, é o mais quente entre os continentes. Isso se deve à sua localização centralizada no globo: cerca de 4/5 do seu território está inserido na Zona Tropical, o que lhe garante uma incidência mais direta da radiação solar no decorrer do ano. © Sh ut te rs to ck /n ad ya ba so s Ao comparar a extensão dos continentes e a disposição deles no globo, é possível perceber que a maior parte do continente africano se localiza no interior da faixa intertropical e não atinge em nenhum ponto as latitudes polares. Já o continente americano, embora também esteja em grande parte no interior da mesma faixa, tem vastas áreas sob domínios extratropicais. © Sh ut te rs to ck /M ig ue l(i to ) Geografia 11 Clima e vegetação da América Os vários domínios morfoclimáticos do continente americano são extremamente complexos e variados. Abrangem desde florestas temperadas, cuja folhagem se apresenta extremamente colorida em certas épocas do ano, até vegetação rasteira da tundra, com os tons mais monótonos que caracterizam as paisagens do ex- tremo norte. Passando ainda por desertos como o Atacama, o mais árido do planeta, no Chile e Peru, e pelas selvas úmidas e biodiversas da América do Sul e Central. Vejamos melhor os diferentes domínios do continente americano. Antes disso, compare o mapa dos climas com o da vegetação desse continente. Ao comparar os mapas, é possível perceber algumas correspondências entre os tipos de clima e de vegetação em diferentes partes do continente americano. A esse respeito, faça o que se pede. 1. A vegetação de coníferas costuma ocorrer em áreas com qual tipo de clima? 2. Qual tipo de clima e vegetação são predominantes na área mais central do Brasil? 3. Encontre a localização aproximada de onde você mora. Em seguida, escreva o nome do município, a unidade da federação e o tipo de clima e vegetação que predominam em sua região. Cartografar Ta lit a Ka th y Bo ra América: zonas climáticas Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. p. 58. Adaptação. Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. Adaptação. Reduzir mapa 95% 75 x 105 mm América: vegetação 1. Clima frio. 2. Clima tropical e vegetação de savanas e cerrados. 3. Pessoal. Ta lit a Ka th y Bo ra 8o. ano – Volume 212 Domínios polares e frios As características básicas do clima polar, como a predominância de temperaturas negativas no de- correr do ano, a ocorrência frequente de neve com consequente formação de geleiras e a ausência de luminosidade solar por semanas ou até meses, expli- cam a escassa presença de formas de vida nas altas latitudes. As extensas florestas boreais, compostas predo- minantemente de coníferas, ocupam a maior parte do território canadense e algumas áreas no norte dos Estados Unidos, em especial o Alasca. Com baixa densidade demográfica e raras áreas urbanas, a flo- resta boreal é fonte de matéria-prima. Os fartos rios da região são utilizados intensamente, seja para trans- portar troncos de madeira, destinados a indústrias de papel e celulose, seja para a geração de energia nas hidrelétricas e indústriasde alumínio, que fazem uso intensivo de água. As condições extremas dos climas frio e glacial também são percebidas nas maiores altitudes, nas elevadas encostas dos Andes e das Rochosas, inde- pendentemente da latitude em que as montanhas dessas cordilheiras se situem. coníferas: classe de árvores e arbustos de folhas pontiagudas e sementes que se agrupam em pinhas. © Fo to ar en a/ De po sit ph ot os /s tu di o4 9a k © Fo to ar en a/ Al am y/ hp bf ot os • Floresta de coníferas em Jasper, Canadá, 2015 Domínios temperados e subtropicais Situando-se geralmente nas latitudes médias, entre os trópicos e os círculos polares, os ambientes tempera- dos e subtropicais têm variações acentuadas em suas paisagens a cada estação do ano. Por isso, sua amplitude térmica anual, principalmente no interior dos continentes, nas áreas distantes da costa, é maior do que na maioria das outras regiões. O clima temperado na América do Norte abrange a maior parte do território dos Estados Unidos e uma parcela do sul do Canadá. Está presente também na porção meridional da Amé- rica do Sul, no Uruguai e trechos da Argentina, Chile e Brasil (sul do país). Os domínios temperados apresentam uma gran- de variedade paisagística, em que se destacam as pradarias e as belezas cênicas das matas de sequoias, na Califórnia (EUA), e das araucárias, no Brasil Meridional e no centro-sul do Chile. O uso do solo dos domínios temperados da América se di- versifica entre variadas formas de agricultura e pecuária, áreas de silvicultura, centros urbanos e polos industriais de diferentes características. Por isso mesmo, apresenta grande intervenção das sociedades em diferentes épocas da história, em seus res- pectivos espaços geográficos. © Sh ut te rs to ck /M ia 2y ou • Parque Nacional das Sequoias, com paisagem tipicamente temperada, Califórnia, EUA, 2017 • Paisagem de tundra no Alasca, EUA, 2013 Geografia 13 Domínios tropicais Do México ao Paraguai, grande parte da América Latina se caracteri- za pela tropicalidade de suas paisagens. Nessas áreas de climas quentes e, em geral, úmidos, ainda que apresentem períodos de estiagem, se de- senvolvem florestas e savanas dotadas de notável biodiversidade. Muitos dos recursos naturais tropicais do continente, no entanto, encontram-se ameaçados diante das intervenções humanas. O desmatamento e a polui- ção causados por práticas insustentáveis de manejo da terra, expansão das fronteiras agrícolas e projetos de infraestrutura, como estradas, represas ou usinas hidrelétricas nas áreas de savanas e florestas remanescentes, são os principais empreendimentos a exercer pressão sobre esses ambientes e, por consequência, também sobre os povos nativos que os habitam. O clima equatorial, com temperaturas elevadas e pequena amplitude térmica ao longo do ano, além de grande volume pluviométrico, se situa no norte da América do Sul. Em grande área dessa região, a leste dos Andes, o calor e a umidade constante contribuíram para a evolução da Floresta Amazônica. A combinação das massas de ar úmidas vindas do Atlântico com a evapotranspiração da Amazônia originou os “rios voadores”, por- ções da atmosfera que se deslocam em direção ao centro-sul do subcontinente, distribuindo parte da umidade proveniente da floresta pelas regiões que ficam no caminho. Em meio ao cenário de desmatamento das florestas tropicais, estão as áreas preservadas na Costa Rica, país situado na América Central que se destaca pela importante área destinada às Unidades de Conservação, bem como por sediar pesquisas florestais. Os obstáculos naturais representados pelas florestas tropicais densas e úmidas, como a proliferação de doenças transmitidas por insetos, ocasionaram inúmeras mortes durante as obras do Canal do Panamá, no fim do século XIX e início do século XX. Empreendimentos de infraestrutura como esse, por um lado, contribuem para o desenvolvimento das economias nacionais e ajudam a promover o comércio internacional; por outro, causam impactos por vezes preocupantes aos domínios tropicais. As savanas, típicas formações arbustivas de clima tropical (marcado pela alternância entre invernos secos e verões chuvosos), são encontradas em parte do território mexicano, venezuelano e também no centro da América do Sul, incluindo parte do Brasil, nos domínios naturais conhecidos como Cerrado (savana típica) e Caatinga (savana-estépica). Domínios da aridez na América Ao longo dos trópicos, são encontrados desertos e semidesertos no continente americano. No norte do México e Sudoeste dos Estados Unidos, situam-se os desertos da Grande Bacia. Além de formas de relevo sur- preendentes forjadas pela erosão, esses desertos e suas cercanias guardam vestígios arqueológicos de popula- ções que se abrigavam em moradas abertas nas encostas e obtinham sua subsistência em condições climáticas provavelmente menos áridas. Na América do Sul, encontram-se o gélido Deserto da Pata- gônia, no sul da Argentina, parcialmente coberto por formações rasteiras e arbustivas, e o do Atacama, no norte do Chile e sul do Peru, o mais seco de todos os desertos da Terra, como já vi- mos. A pouca umidade que se forma em sua atmosfera decorre em parte da presença da Corrente de Humboldt a oeste desses países, próximo à costa. Trata-se de uma corrente marítima no Pacífico que, por ser fria, desfavorece a evaporação das águas que propiciariam a formação de nuvens sobre o continente. © Sh ut te rs to ck /T he L ife in P ic s ©Fotoarena/Depositphotos/SimonDannhauer • Ponte suspensa compõe caminho turístico sobre o dossel da floresta tropical na Costa Rica, 2016 • Paisagem desértica no Monument Valley, Arizona, EUA, 2015 8o. ano – Volume 214 6 Sobre a redução da área dos cerrados no Brasil. Características das florestas tropicais e informações complementares.7 Ao comparar os mapas, é possível perceber algumas correspondências entre os tipos de clima e de vegetação em diferentes partes do continente africano. A esse respeito, responda às seguintes questões: 1. Se fizéssemos uma viagem, partindo da Linha do Equador, aproximadamente no centro do continente, rumo ao Estreito de Gibraltar, no Marrocos, extremo norte da África, quais climas e vegetações encontra- ríamos pelo caminho? 2. Se fizéssemos outra viagem, partindo do mesmo local, mas desta vez direcionando-se à Cidade do Cabo, na África do Sul, extremo meridional da África, quais climas e vegetações encontraríamos pelo caminho? Cartografar Ta lit a Ka th y Bo ra África: zonas climáticas Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. p. 58. Adaptação. Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. Adaptação. África: vegetação De outra parte, a leste, estende-se a Cordilheira dos An- des, que atua como barreira a impedir que as massas de ar úmidas vindas do Atlântico e da Amazônia passem para o outro lado. Conforme veremos no próximo capítulo, do sub- solo do Atacama extraem-se algumas das principais fontes de renda do Chile, como o cobre. Clima e vegetação da África Um voo sobre a África de norte a sul, desde a Tunísia ao Cabo da Boa Esperança, na África do Sul, permite visualizar uma sucessão sequenciada de domínios. Dos desertos à floresta equatorial e destas, de volta aos desertos. Ta lit a Ka th y Bo ra © Fo to ar en a/ Al am y/ Se rg ii Br os he va n • Com a Cordilheira dos Andes ao fundo, estrada corta o Deserto do Atacama, Chile, 2017 Geografia 15 Clima equatorial, tropical, semiárido, desértico e, por fim, mediterrâneo. Vegetação de floresta equatorial e tropical, savanas, desertos, formações mistas, pradarias e estepes, desértico novamente e, por fim, vegetação mediterrânea. Clima equatorial, tropical, semiárido, desértico, semiárido novamente e por fim mediterrâneo. Vegetação de floresta equatorial e tropical, savanas, pradarias e estepes, desertos, pradarias e estepes novamente e por fim vegetação mediterrânea.Domínios de tipo mediterrâneo Algumas regiões do globo, entre as quais o centro do Chile, parte da Califórnia, no oeste dos EUA, e o su- doeste da África do Sul, apresentam clima e vegeta- ção mediterrâneos. A designação se explica pelo fato que essas localidades exibem uma característica cli- mática peculiar: ao contrário do que ocorre na maior parte dos domínios naturais, em especial os tropicais, o verão é seco e o inverno, chuvoso. Como foi nas costas e ilhas do Mar Mediterrâneo que os europeus, nas primeiras classificações climáticas de séculos atrás, observaram essa característica pela primeira vez, denominou-se assim o tipo climático da região, mesmo quando ocorre em locais distantes. Essa combinação possibilitou o desenvolvimen- to de um tipo de vegetação arbustiva e esparsa, também denominada de maquis. Tais condições ambientais propiciaram, há centenas de anos, a cultura de oliveiras, que produzem olivas (ou azeito- nas), e de parreiras, que produzem uva. Domínios desérticos e semidesérticos Entre as linhas que formam os Trópicos de Cân- cer, ao norte, e Capricórnio, ao sul, estendem-se as maiores áreas desérticas da África. O Saara, maior deserto do mundo, é limitado pela Cadeia do Atlas a oeste, quase no Atlântico ao Mar Vermelho, no leste. Muito pouco povoado e dominado pela influência cultural árabe, o Deserto do Saara ainda conserva certos cenários milenares, como as caravanas de comércio que o cruzam e os povos de tradição nômade e guerreira, como os tua- regues, muitos dos quais atualmente sedentarizados em cidades em vilas de diferentes países da região. O Deserto da Namíbia e o semideserto do Kalahari estão na porção meridional do continente. No Kalahari, durante a breve temporada de chuvas, observam-se manadas de animais em sua migração anual rumo ao delta do Rio Okavango, que surge periodicamen- te todos os anos e desaparece alguns meses depois. Trata-se de um delta situado em meio ao continente e não, como de praxe, na foz do rio junto ao mar. Fe- nômeno raro, as águas do delta do Okavango, após atravessarem o deserto, desaparecem sob as areias do Kalahari. © Fo to ar en a/ Al am y/ He m is © Sh ut te rs to ck /g ar y yi m © Fo to ar en a/ Al am y/ He m is • Delta do Okavango em época de cheia, quando a paisagem semiárida se transforma e floresce, Botsuana, 2013 • Caravana de camelos cruza o Deserto do Saara no Marrocos, 2016 • Paisagem mediterrânea na Tunísia, 2010 Geralmente localizados próximos aos litorais, os domínios mediterrâneos são quase sempre grandes atrativos turísticos. 8o. ano – Volume 216 © Sh ut te rs to ck /S te fa no B ar ze llo tti Domínio semiárido do Sahel O Sahel, cujo significado em árabe é “fronteira”, correspon- de a uma faixa de clima semiárido e de vegetação de este- pe situada na orla meridional do Deserto do Saara. O crescimento demográfico da população e o uso in- tensivo do solo para a agricultura de subsistência e pas- toreio têm contribuído para a desertificação da região. Trata-se de um grave problema socioambiental para toda a longa área que atravessa latitudinalmente a África. Domínio das savanas e florestas africanas As paisagens naturais mais conhecidas da África mundo afora são, certamente, as da savana. Situada entre as estepes semiáridas que margeiam desertos e a floresta equatorial no centro do conti- nente, a savana se desenvolve principalmente sobre os pla- naltos campestres e vales da África Oriental. O clima que corresponde à formação das savanas afri- canas é o tropical típico, definido por duas estações bem diferenciadas: o verão chuvoso e o inverno seco. Na região equatorial da bacia do Rio Congo, esten- de-se a mais densa floresta africana. Ameaçada pela expansão da mineração, extração de madeira e em- preendimentos agropastoris, ela abrange desde Ruanda e Burundi até o Gabão e Camarões. Florestas tropicais úmidas são encontradas ainda no su- deste do continente, em Moçambique e parte oriental da ilha de Madagascar, e no entorno do Golfo da Guiné, entre a Nigéria e Costa do Marfim. • Formações calcárias pontiagudas em meio à floresta de Madagascar, 2016 certamen marg ne n cc StSt/Sk/k/k/k/kkk ef an ef a e o Ba rz el lo tti des de Ma eeee CCoCoCo tststaa a ddodo• Veículo de passeio turístico percorre a savana no Parque Nacional de Serengeti, na Tanzânia, 2016 on- - • Faixa do Sahel no Níger, 2015 Paisagem do Sahel, transição entre o Deserto do Saara e os ambientes de savana mais ao sul. ©Fotoarena/Alamy/Charles O. Cecil ©S hu tter stoc k/De lbars 17 A questão dos recursos hídricos A água é um recurso mineral fundamental para o desenvolvimento da vida como a conhecemos. É por isso que os astrobiólogos, cientistas que buscam vestígios de seres vivos (principalmente micróbios, bactérias e outras formas elementares de vida) em outros planetas ou em suas luas, tanto dentro como fora do Sistema Solar, procuram por água, especial- mente no estado líquido – o que foi verificado pela primeira vez em 2016, no planeta Marte, mas sem a confirmação de vestígios de vida. 1. Relacione as características climáticas e paisagísticas a seguir com seus respectivos tipos climáticos. ( 1 ) Árido ( 2 ) Semiárido ( 3 ) Polar ( 4 ) Frio ( 5 ) Frio de montanha ( 6 ) Temperado ( 7 ) Mediterrâneo ( 8 ) Subtropical ( 9 ) Tropical ( 10 ) Equatorial ( 3 ) Temperaturas abaixo de 0 °C na maior parte do ano. Neve e geleiras. ( 7 ) Embora situado na zona temperada, apre- senta verão quente e seco. ( 1 ) Raras chuvas e grande variação de tempera- turas entre dia e noite. ( 6 ) Quatro estações bem caracterizadas. Temperatura média anual amena. ( 10 ) Pouca amplitude térmica durante o ano. Quente e muito úmido. ( 4 ) Invernos rigorosos com frequentes quedas de neve e verões amenos. ( 2 ) Curto período com poucas chuvas. No res- to do ano, seco e quente. ( 8 ) Transição entre o temperado e o tropical. Em geral, úmido. ( 5 ) Baixas temperaturas, devido à altitude. Mudanças constantes de tempo. ( 9 ) Quando no interior do continente, apre- senta duas estações: chuvosa (verão) e seca (inverno). Quente no ano todo. 2. Clima e vegetação estão extremamente ligados. Associe alguns dos tipos de vegetação presentes na América, África ou em ambos os continentes com os tipos climáticos indicados no item anterior. Use a mesma numeração. ( 10 ) Floresta Equatorial, densa e úmida. ( 2 ) Estepes e savanas com plantas, em geral, esparsas. ( 6 ) Pradarias, bosques e matas temperadas. ( 1 ) Desertos. ( 9 ) Savanas no interior dos continentes e florestas, em geral, costeiras. ( 4 ) Floresta boreal ou de coníferas. ( 7 ) Vegetação arbustiva. Em certas regiões, destacam-se as oliveiras. ( 5 ) Redução no porte da vegetação à medida que aumenta a altitude. ( 3 ) Tundra e desertos glaciais (cobertos por geleiras continentais). ( 8 ) Matas de araucárias e de espécies que se adaptam a climas tropical e temperado. Organize as ideias Astrobiologia é uma área de pesquisa científica surgida recentemente com base na astronomia e na biologia. De acordo com o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciên- cias Atmosféricas da USP (IAG), a astrobiologia, valendo-se de uma abordagem interdisciplinar, investiga a origem, dis- tribuição, evolução e futuro da vida no Universo, em cone- xão com o ambiente astronômico. 8o. ano – Volume 218 8 Considerações complementares. No planeta Terra, entretanto, a água é abundante, porém distribuída de maneira extremamente irregular pelos continentes e territórios nacionais. Estima-se que no pla- neta inteiro exista cerca de 1,5 bilhão de km³ de águas superficiais. No entanto, 60% dessa soma se concentra em apenas nove países, um deles o Brasil, que dispõe sozinho de 12% daquele volume. Por outro lado, há regiões em que os índices de precipitação são inferiores aos de evapotranspiração, como nos desertos e em seus entornos. Nesses casos, registra-se umasituação de déficit hídrico. Cerca de 97,5% da água existente no planeta encontra-se nos mares e oceanos. Dos menos de 3% restantes, mais de dois terços está congelada, especialmente na Antártica, e pouco menos de um terço encontra-se em aquí- feros subterrâneos. Estes, por conta do difícil acesso ou pelas propriedades inadequadas para consumo, podem exigir altos custos de perfuração e tratamento, tornando a exploração muitas vezes pouco viável ou insustentável. Assim, menos de 1% de toda a água doce da Terra (lembrando que esta constitui apenas 2,5% da água total do planeta) está disponível para uso humano em rios, lagos, etc. Mais precisamente, as reservas de água doce disponíveis para consumo imediato representam apenas 0,016% do total, aproximadamente, o que inclui toda a água presente na atmosfera, rios, lagos e lençóis freáticos do mundo somados. Temos que considerar, ainda, que boa parte dessa pequena parcela se encontra afetada pelas ações antró- picas, que exercem forte pressão sobre os recursos hídricos existentes. Isso ocorre, especialmente, quando os índices de consumo e poluição excedem a capacidade de renovação do recurso, seja de forma natural, seja por meio de estações de tratamento. Nesse contexto, exemplos de locais que têm apresentado quadro preocupante são recorrentes nos continen- tes americano e africano. Locais como a Califórnia, estado mais rico dos Estados Unidos, a Cidade do México, que vimos anteriormente, ou a Cidade do Cabo, metrópole sul-africana famosa por seus pontos turísticos e sofisticada infraestrutura urbana, passaram por períodos de racionamento e episódios de risco de esgotamento hídrico nos úl- timos anos e se encontram atualmente em busca de maneiras de evitar maiores problemas no futuro. Também no Brasil essa situação ocorre em grandes centros urbanos como São Paulo (SP), Salvador (BA) e a capital, Brasília (DF). © Fo to ar en a/ Al am y/ Gr ee ns ho ot s C om m un ic at io ns • No Deserto do Saara, tuaregues retiram água de poço no Mali, 2011 Conhecer os locais mais viáveis para obtenção de água subterrânea nos desertos é estratégico às populações locais. ©Shutterstock/Usa-Pyon • Cidade do Cabo, África do Sul, 2018 Pessoas fazem fila para coletar água durante racionamento. • São Paulo, SP, 2015 O Sistema Cantareira, que abastece a cidade de São Paulo, SP, alcançou uma situação crítica no ano de 2015, quando uma seca severa atingiu o estado, comprometendo o fornecimento público de água em alguns bairros e períodos. • Las Vegas, EUA, 2015 A metrópole estadunidense, localizada em meio ao deserto, é dependente do lago Mead e da bacia do Colorado para o abastecimento hídrico e aplica leis severas contra o desperdício, cobrando altos valores pelo fornecimento, em especial dos maiores consumidores, como os hotéis luxuosos que fazem a fama da cidade. ©Fotoarena/Aloisio Mauricio ©Glowimages/AP Photo/Anwa Essop Geografia 19 9 Sugestão de abordagem. Com base nos dados de 2017, a escassez de água atinge cerca de 460 milhões de pessoas ao redor do mundo, as quais vivem com menos de cinco litros de água por dia, e 29 países têm algum tipo de problema decorrente da falta de água. Apesar disso, o consumo doméstico ainda responde por proporção minoritária do consumo mundial, cerca de 10% apenas. Segundo a FAO, aproximadamente 70% da água consumida no mundo se destina à agricultura, na irrigação das lavouras, enquanto as atividades industriais utilizam 22% do total da água consumida. Essas proporções, entretanto, constituem médias mundiais. Dessa maneira, omitem as enormes variações que existem entre os países. Analise os mapas nas páginas 1, 2 e 3 do seu material de apoio para compreender como se distribui o consumo de água nas diferentes regiões do mundo. Neles, é possível perceber claramente que: • a porcentagem de extração de água realizada pelas redes públicas de abastecimento para o consumo do- méstico sofre variação menor que o consumo agropecuário e industrial; • os países localizados mais ao sul no globo, o que abrange a maior parte dos países emergentes ou em desen- volvimento, exibem índices mais altos de extração de água para uso em empreendimentos agropecuários; • os países localizados mais ao norte no globo, o que abrange a maior parte dos países considerados mais ricos ou economicamente desenvolvidos, apresentam índices mais altos de extração de água para uso em empreendimentos industriais. Com o comprometimento de numerosas fontes naturais de água, por um lado, e a demanda crescente, por outro, aumenta a necessidade de capital para seu tratamento, o que a torna muitas vezes um recurso cada vez mais caro e menos garantido, conforme evidenciam os exemplos que vimos na página anterior. Assim, estabelecer um planejamento logístico eficaz para o uso dos recursos hídricos constitui um desafio para qualquer país. Muitas vezes os rios, lagos e aquíferos são transfronteiriços, exigindo uma gestão comparti- lhada que, se não for realizada com diplomacia, ou seja, por meio de diálogos e negociações entre os governos envolvidos, pode resultar em tensão geopolítica entre países vizinhos ou próximos. Veja no mapa como se configura essa realidade na América e na África. Ta lit a Ka th y Bo ra Fonte: ALMEIDA, Rodolfo; MAIA, Gabriel. Acesso, dependência, usos: a situação da água no mundo, em 6 mapas. Disponível em: <https:// www.nexojornal.com.br/grafico/2018/03/20/Acesso-depend%C3%AAncia-usos-a-situa%C3%A7%C3%A3o-da-%C3%A1gua-no-mundo-em-6- mapas>. Acesso em: 28 maio 2018. Adaptação. América e África: dependência de recursos hídricos externos 8o. ano – Volume 220 © Go og le e ar th /Im ag e NA SA /Im ag e U. S. G eo lo gi ca l S ur ve y © Go og le e ar th /Im ag e La nd sa t/ Co pe rn ic us /M ap Da ta © 20 18 A ND Gestões inadequadas podem produzir problemas socioambientais de grande magnitude, como no caso do lago Chade. Localizado no centro-norte do continente africano, nas fronteiras entre Chade, Níger, Nigéria e Camarões, vem apresentando drástica redução. Em virtude da utilização não planejada de suas águas para pro- jetos de irrigação desde as décadas de 1970 e 1980, da construção de represas para usinas hidrelétricas nos rios que o alimentam e da progressiva redução das chuvas na região, ocupa atualmente entre 10 e 20% de sua área original. No contexto mais geral da bacia do lago Chade, essa situação tem contribuído para agravar os conflitos étnicos e religiosos existentes na região, como disputas entre pecuaristas e agricultores pelos recursos hídricos ou a presença de grupos fundamentalistas que praticam o terrorismo, como o Boko Haram. A América, em parte por ter menor área de terras afetadas pela escassez, apresenta menos problemas di- plomáticos internacionais relacionados à água. Em geral, o compartilhamento de importantes corpos-d’água vem ocorrendo de modo pacífico e negociado, como no caso dos Grandes Lagos, entre os Estados Unidos e o Canadá, e o lago Titicaca, entre o Peru e a Bolívia, ou o Aquífero Guarani, que atinge Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. Mesmo o controle sobre a bacia Platina, motivação de numerosas disputas históricas, foi resolvido de ma- neira satisfatória na década de 1980, por meio de acordos e tratados que resultaram na construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu (no Rio Paraná), também denominada Itaipu Binacional (pois envolve a parceria entre Brasil e Paraguai), a maior de sua época. Mesmo assim, episódios relacionados a fábricas de papel localizadas às margens de um dos afluentes da bacia, o Rio Uruguai, pelo país de mesmo nome, gera tensões diplomáticas ocasionais com a Argentina, que alega sofrer danos ambientais. Um foco histórico de tensões no continente africano é a bacia do Rio Nilo, cujas águas são utilizadas e disputadas entre Egito, Sudão, Etiópia e Sudão do Sul. Localize o percurso desse rio no mapa da página 9 e verifique a situação dos quatro países mencionados.Como a trajetória do rio pode explicar situações tão distintas na mesma bacia? Olhar geográfico O lago Chade, um dos únicos locais do Saara que apresenta água em abundância, está desaparecendo em razão das ações antrópicas. Na última imagem é possível comparar os níveis de 2016 com os de 1963, destacados em azul. 1963 1984 1972 2016 Extensão original do lago (1963) © Go og le e ar th /Im ag e NA SA /Im ag e U. S. G eo lo gi ca l S ur ve y © Go og le e ar th /Im ag e La nd sa t/ Co pe rn ic us Geografia 21 O Sudão do Sul e a Etiópia estão na parte superior da bacia do Nilo, apresentando situação de menor dependência. Os outros países, por terem menor controle das nascentes do Nilo, apresentam situação de maior dependência. Um dos debates mais aquecidos com relação à água diz respeito à atuação de entes privados no setor, tanto na distribuição quanto no saneamento. De um lado, quem defende a entrada de mais empresas particulares aponta que o estado não tem condições de, sozinho, atender à demanda por acesso e expansão da rede. Na outra ponta, críticos expressam preocupação com relação a privatizações descuidadas e que não contemplam o interesse público. [...] A distribuição de água e esgoto Dados de 2015 do Instituto Trata Brasil mostram que 83,3% dos brasileiros contam com água encanada, mas apenas 50,3% têm esgoto. Somente 42,67% dos esgotos coletados no País são tratados. Em algumas partes do país, a situação é ainda mais dramática: na região Norte, 49% da população conta com abastecimento de água, e apenas 7,4%, com esgoto. “Isso tem a ver com a maneira como o modelo evoluiu no Brasil”, afirmou ao Nexo Marussia Whately, arquiteta e urbanista com especialização em gestão de recursos hídricos. “Sempre se investiu muito mais em água do que em saneamento, pois água dá muito mais dinheiro.” [...] Defensores da ampliação das empresas privadas nos setores de água e saneamento argumentam que o poder público não tem condições financeiras de realizar as obras necessárias. Segundo dados da Abcon (Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto), investimentos da iniciativa privada em saneamento foram responsáveis por 20% do total aplicado no setor em 2015, mesmo que sua presença esteja restrita a 5% dos municípios e acessível para apenas 15% da população. Um relatório da associação cita entre seus exemplos bem- -sucedidos a região dos Lagos, no Rio de Janeiro. Em 2001, só 0,8% dos habitantes tinha esgoto. Em 2015, depois de 14 anos em que a gestão foi realizada pela privatizada Prolagos, o índice cresceu para 60,07%. [...] Na década de 1990, teve início a privatização de empresas de água e esgoto. De acordo com dados de 2016 da Abcon, concessionárias privadas estão presentes em 322 municípios (em 18 estados) e beneficiam mais de 30 milhões de pessoas. Dos municípios atendidos pela iniciativa privada, 72% são de pequeno porte, com população de até 50 mil A CRESCENTE ATUAÇÃO DE EMPRESAS PRIVADAS NA GESTÃO DE ÁGUA E ESGOTO Participação do setor privado no setor é defendida como saída para falta de recursos públicos. Especialistas defendem regulação e controle. Um problema comum à África e à América Latina, no que diz respeito à acessibilidade da água potável por todos os seg- mentos da população, são os elevados índices de pobreza e desigualdade. Eles se refletem diretamente na precariedade do saneamento básico. Em diversos países, boa parte dos de- jetos e dos esgotos ainda é lançada diretamente nos leitos dos rios, sem o devido tratamento. No Brasil, assim como em muitos países, tem crescido o de- bate em torno das questões hídricas e do abastecimento sus- tentável das cidades e atividades econômicas. Nesse cenário, a atuação de empresas privadas na gestão da água e do esgoto, vista como agravante dos problemas por alguns e como parte da solução por outros, tem gerado controvérsias. Independen- temente das posições políticas, é importante ter em mente que não existem soluções e modelos prontos para serem apli- cados em qualquer situação, pois os diferentes contextos de escassez exigem soluções próprias. Confira alguns argumentos desse debate na reportagem a seguir. ©Opção Brasil Imagens/Hans Von Manteuffe • Palafitas, moradias que não contam com saneamento básico, Recife, PE, 2014 https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/03/24/A-crescente-atua%C3%A7%C3%A3o-de-empresas-privadas-na-gest%C3%A3o-de-%C3%A1gua-e-esgoto 8o. ano – Volume 222 ROCHA, Camilo. A crescente atuação de empresas privadas na gestão de água e esgoto. Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/ expresso/2018/03/24/A-crescente-atua%C3%A7%C3%A3o-de-empresas-privadas-na-gest%C3%A3o-de-%C3%A1gua-e-esgoto>. Acesso em: 2 out. 2018. Apesar de contar com enormes bacias hidrográficas, como a Ama- zônica e a Platina, e abundantes reservas de água subterrânea, como o aquífero Alter do Chão, na Amazônia, e a maior parte do Guarani, o Brasil tem sido palco de recorrentes episódios de crises de abastecimen- to. Além de períodos chuvosos que têm se revelado muitas vezes me- nos intensos que o esperado, o elevado consumo de grandes centros urbano-industriais e o excessivo uso para irrigação nas lavouras contribui para a ocorrência de episódios de escassez hídrica. Esse problema, antes associado ao semiárido nordestino, atualmente ameaça afetar cada vez mais, durante os invernos secos, várias localidades também no Sudes- te e Centro-Oeste. Com o agravante de que, sendo as usinas hidrelétri- cas dessas regiões responsáveis por gerar boa parte da eletricidade que abastece as grandes cidades do país, cenários com secas mais intensas no Brasil costumam impactar também o fornecimento de energia para esses locais e suas indústrias. Organize as ideias Anote nos quadros abaixo palavras-chaves que exemplifiquem o que você aprendeu em relação às prin- cipais paisagens naturais dos continentes americano e africano. Relevo e hidrografia Clima e vegetação Questão hídrica Pessoal, algumas possibilidades são: Montanhas Rochosas Andes Sierra Madre Oriental Sierra Madre Ocidental Mississippi Amazonas Nilo Okavango Pessoal, algumas possibilidades são: Domínio polar Domínio frio Domínio tropical Domínio desértico Domínio mediterrâneo Sahel Pessoal, algumas possibilidades são: Escassez Privatização Gestão da água Gestão do esgoto Dependência hídrica © Pu lsa r I m ag en s/ Ru be ns C ha ve s • Reservatório da Usina Hidrelétrica de Três Marias, no Rio São Francisco, MG, durante período prolongado de seca, em 2014 habitantes. No total, essa participação ainda é pequena: 5% do abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto no país são administrados por concessionárias privadas. “É bom que existam investidores, que façam o que o poder público tem sido incapaz de fazer”, afirmou ao Nexo o ambientalista Rodrigo Agostinho, que foi prefeito da cidade de Bauru, interior de São Paulo, entre 2001 e 2008. “Mas que haja regulação, controle, monitoramento e transparência. No contrato, deve estar previsto quais as obras necessárias em cada ano, quais bairros serão atendidos, que haja um projeto claro de investimento.” [...] https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/03/24/A-crescente-atua%C3%A7%C3%A3o-de-empresas-privadas-na-gest%C3%A3o-de-%C3%A1gua-e-esgoto Geografia 23 Hora de estudo 1. A disposição e certas características do relevo da América do Sul e da América do Norte são similares. Cite algum exemplo para justificar essa afirmação. As grandes cordilheiras (Andes e Rochosas) situam-se no oeste, próximas ao Pacífico. Na outra margem do continente, estão pla- naltos e serras geologicamente mais antigos (Apalaches e serras do Planalto Brasileiro). As grandes planícies fluviais (Amazônica, do Mississippi e Platina) se localizam em áreas centrais do continente. 2. Por que a África apresenta menor variedade de tipos de climaque o continente americano? Porque o território da América se estende do Ártico à Antártica, já a África situa-se quase inteira na Zona Intertropical (entre os trópicos), em uma posição mais centralizada no globo. 3. Qual dos dois continentes – América ou África – está em uma situação menos favorável no que se refere à abundância de recursos hídricos? Por quê? A África, pois o continente africano apresenta grandes extensões de áreas desérticas, além de outras porções também marcadas pela irregularidade das chuvas e pelo déficit hídrico. 4. Qual o segmento social mais afetado pela escassez hídrica na África e na América Latina? Justifique sua resposta. As populações mais pobres são as mais afetadas, pois o cenário de escassez tende a encarecer o custo de tratamento e distribuição de água, dificultando o acesso ao recurso, que se torna muitas vezes inacessível por questão de renda. 5. Diante dos argumentos apresentados neste capítulo, como você se posiciona acerca da polêmica em relação à privatização das águas? Justifique seu posicionamento. Pessoal. O professor deve estar atento à qualidade e criticidade das argumentações apresentadas. 6. Apresente e explique um exemplo, histórico ou atual, de tensão internacional relacionada à gestão da água no continente africano e um no continente americano. Os alunos podem citar exemplos do texto, como a questão do lago Chade, que teve expressiva redução de área nos últimos 50 anos por conta da má gestão dos países em seu entorno, gerando tensões entre os mais responsáveis e os mais prejudicados pelo desastre ambiental; ou, ainda, tratar do caso da bacia do Rio Nilo, cujas águas são historicamente disputadas por Egito, Sudão, Etiópia e Sudão do Sul. Na América, os alunos podem citar a bacia Platina. 24 5 Exploração dos recursos naturais na América e África Seja por meio de diamantes africanos, prata andina, seja por meio do ouro de Minas Gerais, no Brasil, entre muitas outras possibilidades existentes, os continentes africano e americano têm sua história e geografia marcadas pela abundância de recursos naturais. No entanto, há séculos potências estrangeiras, países soberanos da própria região ou grandes empresas transnacionais têm explorado jazidas e fontes de recursos desses continentes. 1. Pelos seus conhecimentos prévios sobre esse assunto, quais recursos naturais são explorados no Brasil? 2. Mencione ao menos um recurso natural explorado em outro país do continente americano. 3. Mencione ao menos um recurso natural explorado em um país do continente africano. 1. Pessoal. Esperamos que os alunos mencionem o petróleo (pos- sivelmente o pré-sal, trabalhado no ano anterior), minério de ferro, o solo para agricultura, entre outros exemplos. © Gl ow im ag es /A FP /T im ot hy A . C la ry © Sh ut te rs to ck /T ae sik P ar k • Pedra preciosa conhecida como “Diamante da paz”, vendida pelo governo de Serra Leoa, é ex- posta em Nova Iorque, 2017 Seu nome se deve à campanha contra a intensa violência que envolvia a exploração mineral do país em décadas passadas, quando essas pedras ganharam o apelido de Diamante de Sangue. • Cerro Rico, em Potosí, Bolívia, 2015 Maior montanha de prata do mundo, por muitos anos Cerro Rico sustentou boa parte da riqueza da monarquia espanhola, e ainda hoje constitui importante fator da balança de exportações do país. 2. Pessoal. Esperamos que os alunos mencionem casos de forte presença na mídia, como petró- leo na Venezuela, gás e prata na Bolívia, cobre no Chile, entre outras possibilidades. 3. Pessoal. Esperamos que os alunos mencionem recursos mais conhecidos, como, novamente, o petróleo, ouro, diamante e outros. 25 • Reconhecer os principais recursos naturais da América e da África, bem como os países em que se encontram. • Identificar as características atuais que envolvem a exploração desses recursos naturais, reve- lando contradições associadas a essa atividade. ObjetivosObjetivos © Sh ut te rs to ck /T am as V Após termos visto as dinâmicas e características das paisagens naturais americanas e africanas, neste capí- tulo vamos estudar a exploração que os países desses continentes fazem dos recursos subjacentes a essas pai- sagens. Inicialmente, veremos os principais recursos espalhados pela natureza da América e da África para, em seguida, abordar aspectos econômicos e geopolíticos que envolvem sua exploração econômica na atualidade. Distribuição dos principais recursos naturais Os continentes americano e africano, embora tenham inúmeras diferenças entre si, têm uma característica marcante em comum: a abundância de recursos naturais. Vejamos como se distribuem os principais recursos da América e da África. Principais recursos no continente americano Começando pela América do Norte, as jazidas de ferro e manganês localizadas no Planalto Laurenciano, na porção leste do Canadá, e nos Montes Apalaches, centro-leste dos Estados Unidos, foram essenciais para a consolidação de economias de forte produção industrial nessas áreas. No caso do Canadá, jazidas de outros recursos minerais como gás natural, petróleo, ouro, carvão, cobre, minério de ferro, níquel, urânio e zinco são abundantes e incrementam a produção industrial. Já na região dos Apalaches, a presença de importantes reser- vas de carvão mineral também contribuiu para a industrialização. A produção de petróleo na América do Norte concentra-se, sobretudo, nas regiões do Ártico, do Alasca e do Golfo do México. A produção petrolífera estadunidense tem crescido com a modalidade “petróleo de xisto”, que gera polêmica em razão dos impactos ambientais que acarreta a técnica do fraturamento hidráulico. Já a produção mexicana sempre foi fortemente voltada ao mercado estadunidense, mas, a partir de 2010, tem se orientado cada vez mais para os mercados asiático e europeu, que em 2016 importaram juntos mais da metade do petróleo bruto exportado pelo México. Os recursos florestais também se destacam, especialmente no Canadá. Extensas áreas no norte do país são cobertas pela floresta de coníferas, onde a indústria de papel é altamente desenvolvida. Também os recursos hí- dricos do país contribuem ao fornecer os leitos dos rios como vias de transporte de toras a preços muito baixos, bem como fontes de energia para a indústria de alumínio. • Navio com toras de madeira em Colúmbia Britânica, Canadá, 2018 Aproximadamente metade do território canadense é coberto por florestas, um fator natural que possibilitou o desenvolvimento de uma importante indústria nos ramos de celulose e de madeira. Conforme vimos no capítulo anterior, a vegetação original na América Central é predominantemente composta por flo- restas equatoriais e tropicais, associadas a climas com grande umidade e predomínio de elevadas temperaturas. Assim, os países dessa região têm em comum a presença de florestas com copas densas e árvores de grande porte, que se mantêm verdes durante todo o ano. É notável a variedade de espécies, como cipós, bambus, epífitas, mognos, entre outras. Em virtude da forte presença florestal natural e a existência em geral escassa de recursos minerais nessas regiões, com algu- mas exceções, a exploração dos recursos florestais e vegetais é economicamente mais relevante que a produção de minérios. Por isso, atividades como a silvicultura e agricultura de produtos tropicais como café, cana-de-açúcar e frutas têm grande peso na economia desses países. A pesca e o turismo também são importantes atividades que se baseiam nos recursos naturais desses países, especialmente no caso das ilhas caribenhas. A região andina do continente americano, por conta de suas características geológicas, proporciona elevada produção de minérios, como cobre, prata, zinco e outros. Países como Equador, Chile, Peru e Bolívia contam com consideráveis reservas de produtos minerais, explorados intensamente desde o período colonial. As condições de trabalho nas minas têm melhorado,no entanto ainda é uma atividade exaustiva e muitas vezes realizada de forma precária, de modo que prejudica a saúde dos trabalhadores, colocando-os até em riscos de acidentes. O Chile é o maior produtor e exportador de cobre do planeta. Mais de um terço do consumo mundial do produto provém desse país, produzido em grande parte por empresas transnacionais estrangeiras. O país tam- bém explora recursos como o guano, acúmulos de excrementos de aves utilizados como matéria-prima para fertilizantes, e o salitre, um tipo de sal mineral utilizado também como fertilizante ou mesmo como tempero na preparação de alimentos. A posição do Chile no topo da produção mundial dos minerais mencionados não se deu de maneira sempre pacífica. Leia a seção a seguir. Conexões Guerra do Pacífico Como seria de se esperar, a abundância de recur- sos minerais em um local relativamente pouco habita- do em meados do século XIX, o Deserto do Atacama e seu entorno, atraiu interesses territoriais dos três países fronteiriços naquela área, em função principal- mente do valor econômico dos minerais da região e do acesso ao porto de Antofagasta. A disputa por esse território resultou no conflito conhecido como Guerra do Pacífico, ocorrido entre 1879 e 1883. O Chile derro- tou a aliança formada por Bolívia e Peru, que perde- ram territórios importantes – especialmente no caso boliviano, já que o país ficou sem saída para o mar. Até hoje o tema desperta controvérsias entre os vizinhos. Guerra do Pacífico: 1879-1883 Fonte: SQUEFF, Tatiana A. Compreendendo geopoliticamente as disputas territoriais entre Chile – Peru – Bolívia. Cadernos da Escola de Direito e Relações Internacionais (UNIBRASIL), Curitiba, v. 1, n. 24, jan./jun. 2016, p. 75. Adaptação. Ta lit a Ka th y Bo ra © Sh ut te rs to ck /K ob by D ag an • Cultivo de café na Guatemala, onde o produto é um importante item da pauta de exportação, em 2015 Geografia 27 Na Bolívia, as exportações de minérios são a principal fonte de divisas externas do país, e a maior parte da produção se dá pela atuação de empre- sas transnacionais. Além da histórica produção de prata, cujo maior símbolo eram as minas de Cerro Rico, em Potosí, outros destaques são a produção de estanho e gás natural, que têm o Brasil como maior comprador. No sul do país, o Salar de Uyuni, com uma paisagem que lembra a de um lago congelado, é considerado o maior deserto de sal do mundo, formado pela evaporação da água de um antigo lago salgado. Além da própria exploração do sal, de valor muito pequeno devido à gran- de quantidade disponível, o salar pode conter reservas muito significativas de lítio, importante recurso mineral utilizado para a fabricação de baterias, celula- res, computadores, entre outros produtos. No entanto, o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS – United States Geological Survey) não divulga dados sobre as reservas bolivianas, pois estas são tratadas como segredo de Estado pelo governo do país. Equador e Venezuela são importantes produtores de petróleo. As re- servas venezuelanas são as maiores do planeta. Eles são os únicos países americanos a integrar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), entidade plurinacional criada em 1960, com o objetivo de coordenar a exploração dos principais produtores e os preços do produto no mercado internacional. Colômbia e Peru tendem a se sobressair por outros recursos naturais não minerais. Além de terem grandes extensões de terras ocupadas pela Floresta Amazônica, a Colômbia apresenta solos e clima extremamente adequados à produção de café. Já o Peru, por contar com condições específicas mui- to favoráveis das águas oceânicas próximas à sua costa, é um dos maiores produtores mundiais de pescados. Essas condições são o fenômeno da res- surgência, que traz águas frias e repletas de nutrientes às costas peruanas, como você pode conferir na imagem a seguir. © Sh ut te rs to ck /M at th ia s K es te l © Sh ut te rs to ck /T ae sik P ar k • Mineradores trabalham em mina de prata de Potosí, Bolívia, 2017 Chuva Águas frias e profundas RessurgênciaÁgua quente 200 m 0 m • Paisagem do Salar de Uyuni, Bolívia, 2015 Os dois países sul-americanos mais extensos, Brasil e Argentina, têm produção mais diversificada de pro- dutos minerais e, especialmente no caso brasileiro, também florestais. Entre os recursos minerais e energéticos brasileiros mais exportados estão o ferro, cobre, manganês e alumínio, além de óleos brutos de petróleo. A Argentina tem notoriedade especialmente por recursos energéticos, como o gás natural e o petróleo, embora também explore uma série de minerais importantes, como chumbo, estanho, zinco, entre outros. A ilustração representa o movimento de ressurgência na costa do Peru, onde as correntes frias e profundas emergem em razão do relevo costeiro, trazendo consigo os nutrientes acumulados nas profundezas do Oceano Pacífico. Além de proporcionar um ambiente aquático altamente piscoso, as águas geladas influenciam a aridez do clima local, por conta do baixo índice de evaporação. Nos anos em que esse fenômeno se enfraquece, temos um aquecimento anormal das águas do Pacífico na costa peruana, dando origem à ocorrência de outro fenômeno, denominado popularmente El Niño. Fonte: GARRISON, Tom. Fundamentos de oceanografia. São Paulo: Cengage Learning, 2010. p. 179. Di vo . 2 01 2. 3 D. 8o. ano – Volume 228 1 Considerações com texto complementar. © Fo to ar en a/ Re ut er s/ Lo ua fi La rb i + Zoom Economia de Gana alcança patamares notáveis na África Tim Mcdonnell, The New York Times, 23 março 2018 Petróleo e cacau impulsionam desenvolvimento do país, mas alto índice de desemprego reduziu otimismo da população Ainda recentemente, nos anos 1980, Gana, país da África Ocidental, estava em crise, afetado pela fome após uma série de golpes militares. Mas o país tem eleições pacíficas desde 1992, e as perspecti- vas melhoraram há cerca de uma década, com a descoberta de grandes reservas oceânicas de petróleo na sua costa. [...] Sua projeção de crescimento para 2018, entre 8,3% e 8,9%, pode ultrapassar até a Índia, com seu próspero setor da tecnologia, e a Etiópia, que ao longo da década mais recente foi uma das economias africanas de crescimento mais rápido graças à expansão da produção agrícola e das exportações de café. Em janeiro [de 2018], o principal índice de ações de Gana alcançou o crescimento mais rápido do mundo, 19%, de acordo com a Bloomberg. O cacau é a outra commodity de Gana, e os produtores estão ampliando a prosperidade trazida pelo petróleo. [...] Mas os economistas e outros especialistas alertaram para que Gana evite a chamada maldição dos recursos naturais, que levou outros países a apostarem demais na extração de petróleo e outros mi- nerais, indústrias frequentemente associadas à corrupção. O presidente Nana Akufo-Addo, eleito no final de 2016 em meio a um grande descontentamento com a economia, prometeu dar ouvidos a esses conselhos, canalizando a renda do petróleo para o ensino, a agricultura e a manufatura, diversificando assim a economia do país. Seus críticos dizem que um programa prevendo a instalação de novas fábricas para uma série de indústrias (uma em cada um dos 216 distritos de Gana) teve início lento. McDONNELL, Tim. Economia de Gana alcança patamares notáveis na África. Disponível em: <https://internacional.estadao.com.br/noticias/ nytiw,economia-de-gana-alcanca-patamares-notaveis-na-africa,70002233715>. Acesso em: 18 jun. 2018. Principais recursos no continente africano Os países do Norte da África se destacam por contarem com importantes jazidas de petróleo (veja o mapa da página 5 do material de apoio) e são, em sua maioria, exportadores desse produto. Seus principais com- pradores tradicionais são os Estados Unidos, maiores consumidores mundiais, e países europeus, em virtude da proximidade geográfica que facilita a logística de transporte
Compartilhar