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Daniela Carvalho – Turma LVI IMUNODEFICIÊNCIAS DO SISTEMA COMPLEMENTO INTRODUÇÃO • Não costuma cursar só com infecção de repetição. • O subdiagnóstico é maior que das demais. • É a menos prevalente (2 a 5% das imunodeficiências primárias) • Não há tratamento de reposição (exceto o angioedema hereditário). • É caracterizada pelo padrão de infecção, onde preferencialmente tem predomínio de bactéria extracelulares (especialmente por Neisseria meningitidis). • Este pacientes tem precocemente ou uma meningite por meningococo (bem grave; com sequela neurológica ou perda auditiva) ou meningococcemia (infecção sistêmica por meningococo, que evolui para choque séptico e óbito). • Nem sempre haverá infecção, pois dependendo da proteína deficiente, haverá apenas autoimunidade (as autoimunidades mais prevalentes são a síndrome lúpica, lúpus like, artrite, febre reumática, glomerulonefrite, entre outras). o A presença de infecção ou autoimunidade dependerá de qual proteína do sistema complemento está deficiente. • Revisão do sistema complemento: o É um sistema de proteínas (podem estar no plasma ou na membrana das células). ▪ Na membrana da célula -> papel principal de regulação de função celular. ▪ No plasma -> quando há estimulação de antígeno, irão se agrupar e farão uma reação em cadeia para formação do produto que é o MAC. o Sistema complemento é importante na destruição de microorganismos extracelulares o Formação do MAC (complexo de proteínas) que destrói a membrana do microorganismo extra celular, fazendo com que o microorganismo morra por lise osmótica. o Tanto a via clássica, quanto a alternativa e a da selectina irão produzir o C3b que é uma opsonina (que irá opsonizar microorganismos extracelulares, facilitando a ação dos fagócitos). o Quando ativado, irá liberar também as anafilotoxinas (C3a, C4a, C5a) que facilitarão o fluxo de células inflamatórias para o local (principalmente neutrófilos). ▪ Neutrófilos terão papel importante na fagocitose de microorganismo extracelulares. o Também é responsável pelo clareamento dos imunocomplexos: ▪ O imunocomplexo se liga ao fragmento C3b → fragmento C3b se liga a uma proteína de regulação do eritrócito (proteína CL1 = proteína regulatória do sistema complemento) → irá para o baço (rico em macrófagos) → imunocomplexo será digerido/ degradado. • Todas estas funções do sistema complemento estão relacionadas com a destruição de microorganismos extracelulares -> isto faz com que esta doença seja caracterizada por infecções de vias aéreas preferencialmente (otites, sinusites, amigdalites e pneumonias), por germes que precisem ser destruídos pela produção de MAC ou pelas opsoninas. • Estas infecções começam normalmente logo ao nascimento pois o sistema complemento está praticamente pronto no nascimento e é importante na resposta imune inata (eliminação de patógenos). • A gravidade da infecção está relacionada a infecção por Neisseria meningitidis. • Não se sabe o porquê há associação entre meningite por N. meningitidis e meningococcemia associada a deficiência do sistema complemento (desconhecido). Daniela Carvalho – Turma LVI • Além disto, os adultos com esta imunodeficiência tem maior prevalência de infecção por Neisseria gonorrhoeae também. • O sistema complemento está relacionado a doença autoimune pois é importante no clareamento do imunocomplexo (complexo antígeno anticorpo que é formado o tempo todo em nosso organismo e deve ser eliminado de nossa circulação) -> quando não eliminado, deposita – se em vasos de pequeno calibre, onde irá causar ativação do sistema complemento e vasculite. o Como o sistema complemento é uma via em cascata, toda vez que houver uma proteína deficiente, o produto final estará comprometido → menor eliminação de C3b na corrente sanguínea → acúmulo de imunocomplexos na corrente sanguínea → deposição nos vasos → vasculite. • Outro mecanismo de autoimunidade (que está presente em todas as doenças de comprometimento da resposta imune) é a persistência de antígeno, que facilita a presença de imunocomplexo → também cursará com autoimunidade (por este motivo a maioria das imunodeficiências tem associação com doença autoimune). • Portando há muita doença autoimune e infecção por Neisseria nesta imunodeficiência → todo paciente com doença autoimune deve investigar deficiência no sistema complemento. o Pois ou a imunodeficiência primária causou a autoimunidade, ou a autoimunidade é aleatória → o prognóstico será pior se o paciente possuir autoimunidade em decorrência de deficiência do sistema complemento (será mais difícil de tratar e terá mais complicações). • Investigação diagnóstica: o Em pacientes com infecções por bactérias encapsuladas logo no início da vida (otite, sinusite, amigdalite e pneumonia) e doença autoimune. o Investigamos por meio da dosagem do MAC que é produto final de qualquer via do sistema complemento (se a via estiver comprometido, a produção do MAC estará diminuída) -> Dosagem do MAC pelo CH50: ▪ Pegamos o sangue do paciente e separamos o soro -> usamos hemácia de carneiro opsnizada com anticorpo de coelho anti-hemácia de carneiro -> ao colocarmos o soro (se o soro possuir proteínas do sistema complemento ocorrerá tanto a ativação da via clássica (anticorpo opsonizando a hemácia), da via alternativa (hemácia como “corpo estranho” estimulando a autoclivagem de C3), quanto da via das lectinas (pois as hemácias possuem lectina na superfície??) -> veremos a taxa de opsonização no tempo pré – determinado, com diluições diferentes → quando hemolizar 50% das hemácias é o valor do CH50. ▪ A titulação deve ser maior que 60 unidades internacionais. ▪ Quando temos um paciente saudável (sem nenhuma proteína do sistema complemento deficiente) o CH50 estará normal, se tiver qualquer umas das proteína deficiente o CH50 estará diminuído. ▪ Conforme a manifestação clínica do paciente, se é mais infecção ou se é mais doença autoimune, iremos ter qual a provável proteína deficiente → depois precisaremos através de outros métodos, dosar proteína por proteína para chegar em qual é a deficiente. • Não há como repor as proteínas do sistema complemento -> quando detectamos defeito primário de uma proteína primária do sistema complemento iremos tratar apenas as comorbidade e se as manifestações clínicas forem preferencialmente por infecções usamos antibioticoterapia profilática (por exemplo penicilina) se for doença autoimune devemos tratar a doença autoimune (o prognostico deste paciente será mais reservado). Daniela Carvalho – Turma LVI • Tomar cuidado com a Neisseria pois estes paciente evoluem com meningococcemia e óbito -> necessidade de imunizar para meningococo (vacina quadrivalente para 4 sorotipos de meningococo e meningo B -> conseguimos imunizar para 5 tipos de meningococo diferentes). • Angioedema hereditário: o É uma exceção entre as deficiências do sistema complemento pois não cursa nem com infecção nem com doença autoimune. o Deficiência da proteína (inibidor de C1 esterase) de regulação do sistema complemento que regula a clivagem de C1 da via clássica. Quando está ausente ocorre ativação descontrolada da via clássica -> causa aumento na produção de plasmina -> promoverá aumento na produção da bradicinina -> causando angioedema de repetição (edema de subcutâneo). o O angioedema é desencadeado por estresse, menstruação, trauma local, tratamento dentário e cirurgias. o Pode ocorrer em face, extremidades, glote (causando parada respiratória e óbito), alças intestinais (laparotomia exploradora por simular abdome agudo obstrutivo). o O principal diagnóstico diferencial é o angioedema alérgico (insetos, alimentos e medicamentos). Diferenças: ▪ Angioedema hereditário: a causa não é alérgica (associação com fatores exposições corriqueiras), demora de 2 a 3 dias para desaparecer, o tratamento com antialérgicosnão melhora o quadro e está presente um pouco de dor. ▪ Angioedema alérgico: tem a história clínica de exposição à insetos, alimentos, medicamentos ou outras substâncias e tem frequentemente associado urtica (só 20% dos angioedemas alérgicos tem só o angioedema sem a urtica), melhora em horas e responde a tratamento convencionais. o Na urgência, ao dar entrada um paciente com angioedema sem história de exposição de alérgenos, para diagnosticar, podemos dosar a proteína que está sendo consumida (neste caso para a via clássica, podemos dosar C4). o Tratamento: ▪ Angioedema hereditário: repor o inibidor de C1 esterase danificado ou inibir o receptor de bradicinina. ▪ Angioedema alérgico: na presença de choque e edema de glote -> adrenalina; na ausência de edema de glote -> corticóide. o É uma doença autossômica dominante (filhos tem 50% de chance de nascer com a doença. REVISÃO DO SISTEMA COMPLEMENTO • Lembrar que o sistema complemento é definido como um sistema que faz parte da resposta imune inata e da adaptativa pois para se ter ativação da via clássica é necessário a presença do anticorpo. • Começou a ser descrito em 1900 e em 1960 foi descrito o primeiro componente (C2). • Possui ao redor de 35 proteínas descritas. • Produzidos principalmente pelo fígado (não se faz transplante hepático nas deficiências do sistema complemento devido a alta complexidade deste transplante e ao fato de esta doença poder ser controlada com o uso de antibiótico profilático). • Normalmente as proteínas estão circulando no plasma na forma inativa e uma vez ativada terão a resposta imunológica adequada. Daniela Carvalho – Turma LVI o Quando ativas: reconhecimento -> processamento -> apresentação -> retenção. • Reconhecem o antígeno de maneira inespecífica, e a partir daí haverá destruição deste microorganismo. Certa especificidade pode ser facilitada por meio da presença de anticorpo de superfície. • Estas proteínas também têm um papel regulatório importante para a atividade de linfócitos T e B → as vezes estes pacientes terão infecções por microorganismo não habituais. • São responsáveis pela eliminação de microorganismo extracelulares e imunocomplexos (relação com doença autoimune). • Funções: o É importante pois produz C3b que é um opsonina. o Facilita a remoção de células em apoptose (C1). o Regula a tolerância imunológica (C4). o Ajuda as células B produzirem anticorpos (C3). ▪ C3 e C4 depositados nos alvos → opsonização. o Papel de lise via produção do MAC (C5-9) ▪ C5b-9 (MAC) → lise de bactérias gram negativas. o Papel importante de clearance do colesterol. o Quimiotaxia (C5). • 3 vias de ativação: o Via clássica -> ativada pela formação do imunocomplexo. o Via alternativa -> ativada pela autoclivagem de C3. o Via das lectinas -> ativada pela presença da lectina no microorganismo (irá se ligar ao ligante da lectina que está no plasma - MBL). • Principal fonte de produção é o fígado, mas tem outras fontes: o C1q -> macrófagos o Fator D -> rim e adipócitos. VIA COMUM → é igual para qualquer uma das 3 vias ativadas; ocorre agrupamento das proteínas C5b, C6, C7, C8 e C9 na forma de um poro, fazendo com que ocorra a entrada de água para o meio intracelular do patógeno -> destruição por osmose. Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTwKFcvVnMyeKPN35_-xD9TxspJ4g_wc_Vgew&usqp=CAU Daniela Carvalho – Turma LVI Fonte: https://www.msdmanuals.com/-/media/manual/professional/images/imm_complement_activation_pt.gif?thn=0&sc_lang=pt Via clássica -> ativada por C1 → a deficiência de C1 esterase é a desregulação deste C1 da via clássica. Via alternativa -> ativada pela autoclivagem de C3 → na deficiência do fator i não haverá este turnover da via alternativa. Via das lectinas -> MBL como principal mecanismo para iniciar a via A via comum é idêntica para todas elas → produto é o MAC. Daniela Carvalho – Turma LVI Fonte: Imunologia celular e molecular / Abul K. Abbas, Andrew H. Lichtman, Shiv Pillai; ilustrações de David L. Baker, Alexandra Baker ; [tradução de Tatiana Ferreira Robaina … et al]. - 8. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2015. DEFICIÊNCIAS DE COMPLEMENTO • Deficiência adquirida (secundária): o Quando se tem defasagem (perda de proteínas – ex: linfangectasia intestinal, síndrome nefrótica, queimadura extensa). o Infecção e doenças por imunocomplexos. • Deficiências herdadas (primárias): o A maioria delas é autossômica recessiva o Exceção -> Ligada ao X; Deficiência da properdina (proteína que regula a C3 convertase da via alternativa (papel importante no combate de infecção por Neisseria; quem tem esta proteína deficiência nasce e já tem meningite por este agente); apresentação: meninos com meningite meningocócica. o Deficiência do inibidor de C1 esterase -> autossômica dominante • A prevalência estimada é de 0,03% (provavelmente por sub diagnóstico) → isto principalmente pois quando a manifestação é somente doença autoimune, os médicos não pensam em imunodeficiência. • 3 tipos de manifestações mais prevalentes: o Infecções recorrente e invasivas. o Autoimunidade -> sistema complemento é responsável pelo clareamento dos imunocomplexos. Daniela Carvalho – Turma LVI o Angioedema hereditário -> é uma exceção (não tem nem autoimunidade nem infecção de repetição). DEFICIÊNCIAS DOS COMPONENTES DA VIA CLÁSSICA • Deficiência das proteínas da parte inicial da via clássica: C1 (C1q/C1r/C1s), C4 e C2→ fenótipo de doença autoimune principalmente pois haverá prejuízo na formação do C3b (que é a opsonina que clareia imunocomplexos). • A ativação da via clássica promove: ▪ Opsonofagocitose ▪ Atividade bactericida ▪ Remoção de imunocomplexos • Deficiência de seus componentes tem associação com doenças imunológicas como: o LES o Glomerulonefrite o Púrpura anafilactóide • Manifestações clínicas: o Infecções leves → não tem infecções frequentes. o Normalmente o defeito é relacionado ao aumento da liberação de imunocomplexos. o Evolução para autoimunidade: ▪ C1q = 90% ▪ C4 =75% ▪ C1r e C1s = 55% ▪ C2 = 20% • O principal quadro de autoimunidade é o LES. • O tratamento deve ser da patologia de base → tratamento da autoimunidade. o O que pode acontecer é que devido a estado de gravidade da autoimunidade, estes pacientes necessitem de imunossupressão e isto favoreça a instalação de infecções mais graves. DEFICIÊNCIA DE FATORES DA VIA ALTERNATIVA • Deficiência de C3, fator B, fator D e properdina → principalmente causa infecção por Neisseria meningitidis – infecções graves. o Estes pacientes frequentemente desenvolvem meningococcemia e evoluem para óbito. • Deficiência do fator B: o Meningococcemia. o Ocasiona leve redução na via clássica e ausência de atividade da via alternativa. • Deficiência de fato D: o Infecções por germes encapsulados, principalmente meningococo. • Deficiência de properdina: o Pode ser quantitativa ou qualitativa. o Infecção por microorganismos encapsulados: ▪ Neisseria meningitidis. ▪ Infecções graves o Infecção ocorre normalmente na adolescência: ▪ Idade média na época da infecção é 14 anos. ▪ Antes dos 18 anos (80% dos casos). • Até 18 anos 80% dos pacientes já manifestarão infecção. Daniela Carvalho – Turma LVI DEFICIÊNCIA DE C3 • O C3 é importante: nas 3 vias para a formação do MAC, para a formação das anafilotoxinas e formação do C3b (que é uma opsonina). • É produzido além do fígado, nas células endoteliais, célula tubular renal, endométrio, por linfócitos e neutrófilos. • Pacientes com esta deficiência terão infecção por bactérias encapsuladas -> infecção de bactérias piogênicas de repetição. • C3 possui o fator i como fator de regulação e o fator H que é um co-regulador. o Se houver deficiência de C3 → C3 estará zerado. o Se houver deficiência dos fatores de regulação →C3 apenas diminuído. • Estes pacientes nascem e já apresentam infecção de repetição (otite, sinusite, amigdalite, pneumonia e por Neisseria – mas não necessariamente Neisseria meningitidis). o As infecções podem ser graves. • Não há tratamento -> a proteção é feita por meio da imunização aos patógenos que o paciente possa ser exposto (principalmente meningococo e pneumococo) e proteção também da família contra estes microorganismos. • Quadro clínicos: o Infecções graves e de repetição (microorganismos encapsulados). o Início logo ao nascimento. o Risco aumentado para doenças autoimune (reumatológicas). DEFICIÊNCIA DA VIA DA LECTINA • Não há ainda valor de referência ou laboratório hábil para dosar (foi descoberta a pouco tempo) • Infecções menos graves por bactérias piogênicas (encapsuladas). • Parece uma deficiência de C3, mas não e tão grave quanto. • Associação com LES também. DEFICIÊNCIA DOS COMPONENTES DA VIA TERMINAL • Caracterizada por quadros graves que evoluem rapidamente para óbito. • Cursam principalmente com infecção por Neisseria meningitidis (meningite) e Neisseria gonorrhoeae → mais frequente na 2ª década de vida. • Deficiência na via final terminal causará redução da quimiotaxia → pois o C5 é um dos mais importantes fatores quimiotáxicos e a via final é responsável pela formação de C5a. o Isto fará com que ocorra menor migração celular para o sítio de infecção → diminuição da ação dos neutrófilos. • Ocorrerá também diminuição na produção do MAC. OBS: qualquer deficiência de C5, C6, C7, C8 ou C9 → meningite. DEFICIÊNCIA DOS COMPONENTES INIBITÓRIOS • Fator i e fator H são co-reguladores do C3 do sistema complemento. o Fator i → converte o C3b para uma forma inativa, que é uma opsonina, mas não faz o turnover positivo para a via alternativa. Na ausência deste fator ocorre continuamente estímulo da via alternativa, o que faz com que todas as proteínas desta via sejam consumidas. o Fator H → regula o fator i. Daniela Carvalho – Turma LVI • Estes pacientes apresentarão infecções piogênicas de repetição → porém dosamos o C3 e ele não é zero (para ser caracterizada como deficiência de C3, ele deve estar zerado). Neste caso o C3 estará apenas reduzido -> devemos dosar os fatores de regulação destes pacientes para detectar a deficiência. • Não há como repor estes fatores como forma de tratamento. Fonte: https://www.msdmanuals.com/-/media/manual/professional/images/imm_complement_activation_pt.gif?thn=0&sc_lang=pt Mais importante saber: • Deficiência de C1, C2 e C4 -> autoimunidade • Deficiência da via alternativa e da via comum (C5-9) -> meningite meningocócica • Deficiência de C3 -> infecção piogênica, não necessariamente haverá meningite. • Deficiência de lectina -> pouco estudado (parece com uma deficiência de C3 menos grave). • Não há tratamento para estas imunodeficiências (não adianta repor plasma pois as proteínas são consumidas rapidamente; o transplante hepático não compensa pois não são doenças tão graves para o risco do transplante). O que pode ser feito é antibioticoterapia profilática para os pacientes com risco maior de infecção. ANGIOEDEMA HEREDITÁRIO • É uma doença geneticamente determinada -> deficiência da proteína inibidor de C1 esterase. • Duas formas: o Tipo 1 -> 85% dos casos em que se tem deficiência no número da proteína inibidor de C1 esterase (alteração de concentração). o Tipo 2 -> 15% dos casos, o número é normal, mas a função está prejudicada. • Devemos Saber quando não é alérgico e é angioedema hereditário → tratamentos diferentes. • Estes pacientes apresentam edema mucocutâneo intermitente por falha na produção de bradicinina. Daniela Carvalho – Turma LVI o O excesso de clivagem de C1 aumenta a concentração sérica de plasmina → aumento da quantidade de bradicinina circulante. ▪ Bradicinina = vasodilatador. • Angioedema adquirido: o Causado por fatores externos não alérgenos → um exemplo é o uso de inibidor IECA (provoca aumento da bradicinina sérica – é o que primeiro deve vir em nossa mente na presença de um adulto hipertenso com angioedema). • Edema evolui em algumas horas e persiste por alguns dias (1 a 5 dias – diferente do angioedema alérgico que desaparece em horas): o Qualquer parte do corpo. o Assimétrico. o Sem associação com urticária (placa eritematosa pruriginosa presente no angioedema alérgico). o Edema de extremidades → pode levar a desfiguramento + interferência com o trabalho e atividades domésticas. o Edema do TGI → dor severa + vômitos (obstrução de alças – simula quadro obstrutivo). o Edema de laringe → 2% dos casos terá edema de glote com parada respiratória e óbito. Fonte: https://www.medicinanet.com.br/imagens/20130314092419.jpg • Angioedema cerebral e articular (menos frequentes). • Angioedema do trato respiratório inferior são raras. • Pode – se ter antecipando o quadro eritema marginatum (eritema que faz um desenho na pele do paciente). Paciente irá referir cansaço/ desconforto -> sente que o angioedema está para se manifestar. o 40 – 87% das crises de angioedema, precedidas (por mais de 16h) pródromos como eritema marginatum, fadiga ou desconforto local. • Quadro agudo que evolui em horas e pode estar associado a dor. • Se for abdominal: o raio x evidenciará distensão de alças (simulando quadro obstrutivo). US pode evidenciar ascite. o Frequentemente confundido com abdome agudo obstrutivo, e o paciente acaba sendo levado para cirurgia. • Risco de crises aumentadas com: o Estresse físico. o Estresse mental. Daniela Carvalho – Turma LVI o Inibidores da ECA -> neste caso é o angioedema adquirido. ▪ Não precipita ataques diretamente → Aumenta concentração basal da bradicinina local. o Exposição aos estrógenos -> angioedema adquirido. ▪ Aumenta a bradicinina circulante. ▪ ** Diminuem o limiar para o início da crise. • Epidemiologia: o 1 em 50 – 100.000 pessoas de qualquer etnia → raro devido ao subdiagnóstico. o Edemas raramente ocorrem antes dos 2 anos de idade. o Idade média de início dos sintomas → 8 a 12 anos. o Frequência das crises é muito variável. o Grandes diferenças na severidade das crises, mesmo nos pacientes com a mesma mutação. o Mutações com ausência do inibidor de C1 + fatores ambientais (estresse emocional, infecções, estímulos inflamatórios), ou pequenos traumas, e as variações nas concentrações de hormônios sexuais → podem determinar a frequência e a gravidade das crises. • Diagnóstico diferencial: o Pode – se ter um angioedema tipo 3, que ocorre devido a deficiência no fato XII da coagulação → muito raro. ▪ Neste caso deve – se dosar o fator XII em pacientes com angioedema hereditário que possuam os níveis do inibidor de C1 esterase normais. • Tratamento e profilaxia: o Hormônios androgênicos -> aumentam a transcrição do inibidor de C1 esterase. O problema do uso destes hormônios é que são virilizantes. ▪ Danazol; Estanazolol; Oxandrolona; Tibolona ▪ Indicados para os pacientes que têm mais de 1 crise debilitante ao mês. o Fibrinolíticos -> também aumentam a transcrição do inibidor de C1 esterase. Usados quando há contra indicação absoluta para o uso dos androgênicos. ▪ Ácido tranexâmico; Ácido aminocapróico. o Reposição dos inibidores de C1 esterase -> devem ser feito nos casos agudos. ▪ Cinryze – não tem no Brasil. ▪ Berinert P o Plasma fresco congelado -> nos casos em que não há o inibidor de C1 esterase purificado. ▪ 2 a 3 Unidades pode ser uma alternativa. ▪ Não é muito utilizado. o Inibido do receptor de bradicinina. o A profilaxia é feita em qualquer paciente que for passar por procedimentos dentários ou cirurgias. ▪ Concentrado do inibidor de C1 antes do procedimento ou andrógeno atenuado em dose dobrada por 5 dias antes e 2 dias após o procedimento. • Avaliação laboratorial: o Pode – se triar estes paciente na criseaguda dosando C4. ▪ Todo paciente com angioedema deve ser entubado devido ao edema de glote, porém podemos dosar o C3 e C4 que estarão diminuídos no caso de angioedema hereditário. o Pode – se avaliar a via clássica por meio da dosagem do CH50. o Pode – se avaliar a via alternativa por meio da dosagem do AH50 → pouco realizado na prática (baixa acurácia). Daniela Carvalho – Turma LVI • Na emergência, em pacientes com suspeita de angioedema hereditário, dosa – se C3, C4 e CH50 (triagem), e só depois fazer a avaliação do inibidor de C1 esterase e do fator XII da coagulação. RESUMÃO • A deficiência do sistema complemento é a mais rara de todas -> haverá infecção por bactéria extracelular ou doença autoimune. • Maior prevalência de Neisseria meningitidis. • Manifestações precoces e gravidade variáveis -> se for infecção por Neisseria meningitidis é grave: o Se for meningite meningocócica -> sequelas principalmente auditivas e neurológicas. o Se for meningococcemia -> óbito o Se tiver mais doença autoimune e menos infecção -> lembrar da via clássica (deficiência de C1, C2 e C4). o Se tiver muita infecção -> deficiência de C3 ou fator de regulação. o Se tiver infecção por Neisseria meningitidis -> deficiência da via alternativa e da via comum. o Se tiver infecção por bactéria piogênica com menos gravidade -> deficiência na via da lectina. • Não há como repor a proteínas -> devemos tratar as infecções e imunizar para meningococo e penumococo e acompanhar clinicamente. • Maior prevalência de casamentos consanguineos na família destes pacientes. • Nos casos em que há doença autoimune, o tratamento e prognóstico destes pacientes será mais difícil. • Desconfiar quando o CH50 não normalizar. • Angioedema hereditário -> paciente tem só angioedema, por defeito do inibidor de C1 esterase ou defeito no fator XII de coagulação. o DD -> angioedema alérgico (porém o hereditário não é desencadeado por fatores alérgicos, a crise dura mais tempo, dói e pode simular um abdome agudo obstrutivo); angioedema por uso de IECA; angioedema por uso de estrógeno. o Tratamento: a longo prazo com andrógeno (aumenta a quantidade do inibidor de C1 esterase na circulação) ou fibrinolítico (nos casos que os hormônios não possam ser usados). o Na crise: inibidor de C1 esterase purificado ou bloqueador do receptor de bradicinina.
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