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Artigo Ensino Religioso Concluido

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ENSINO RELIGIOSO SUA TRAJETÓRIA TRANSFORMAÇÕES
ROSANGELA DE SOUZA TEIXEIRA[footnoteRef:1] [1: Formada em História (Unopar), Teologia (Unifil). Pós-graduada em Educação Especial com Ênfase na Área Intelectual pela Faculdade de Pinhais – FAPI. (Cursando) Pós-graduação em Ensino Religioso pela Faculdade de Educação São Luis. E-mail: rodokami@hotmail.com 
2 Orientador: Lidiane M. Fávero Possui graduação em Gestão de Micro e Pequenas Empresas pelo Centro Universitário Moura Lacerda (2006), Administração de Empresas pelo Centro Universitário Moura Lacerda (2011) e graduação em Pedagogia pela Universidade de Franca (2016). É Pós Graduada em Educação Infantil pela Faculdade de Educação São Luis (FESL).
] 
Orientador: Professor (a). Lidiane Maria Fávero ² 
RESUMO: Neste trabalho será preconizado e evidenciado o Ensino Religioso no seu trajeto e suas transformações, por meio de uma a pesquisa bibliográfica, abordando sua evolução, desde seu início até o presente momento, as leis que nortearam e embasam, destacando os desafios e conflitos que as escolas, professores e alunos enfrentam, considerando que o Ensino Religioso é obrigatório para as escolas, porém facultativo para os alunos. 
PALAVRAS CHAVE: Ensino Religioso, Conflitos, Leis, Transformações.
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho refere-se ao Ensino Religioso suas trajetórias e transformações, assunto este que está presente na atualidade e não se dizima facilmente.
A ideia de elaborar um artigo bibliográfico, com a finalidade de discorrer sobre as discussões a respeito do Ensino Religioso, deu-se diante muitos artigos publicados em livros, jornais e revistas apontando a dificuldades que as escolas encontram com a obrigatoriedade de garantir o Ensino Religioso como componente curricular escolar do Ensino Fundamental, porém, de matrícula facultativa para os alunos.
É importante considerar que um trabalho desse âmago pode ser justificado uma vez que vem causando muita refutação e insegurança entre educadores que
 se sentem inexperientes e sem fundamentações teóricas em salas de aula e para empenhar-se propiciando uma aprendizagem apreciável que incentive o aluno a ter entusiasmo e interesse em frequentar as aulas.
O desenvolvimento do projeto tem como objetivos mais consideráveis os conflitos que o Ensino Religioso vem enfrentando para que seja feito com qualidade, similarmente outros objetivos foram antepostos como fazer uma retrospectiva sobre quando se deu seu início no Brasil, como eram as aulas, a evolução do Ensino Religioso no âmbito educacional, os pontos positivos e negativos.
Para que os objetivos desejados sobre essa temática sejam alcançados, apresenta-se a compilação e a exposição das informações levantadas e organizadas do modo a seguir. Refere-se a uma reflexão sobre a História do Ensino Religioso, seu desenvolvimento e as mudanças que ocorreram e vêm ocorrendo, enquanto modalidade de ensino e sobre princípios que vêm norteando o Ensino Religioso, finalizando com as conclusões sobre a temática em estudo.
2.1 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 As primeiras fases do Ensino Religioso, suas contestações e desafios no decorrer de seu percurso.
Principiando a abordagem do tema Ensino Religioso seus trajetos e transformações, é importante iniciar destacando alguns aspectos da História do Ensino Religioso, considerando que foi a partir dela que os preceitos filosóficos, que hoje dão base ao processo do Ensino Religioso no currículo escolar, foram se constituindo. Desse modo, é importante analisar fatos passados da história do Ensino Religioso desde a antiguidade para entendermos seu desenvolvimento e cogitar sobre os aspectos positivos que aconteceram com as mudanças ocorridas até hoje.
Com a chegada dos Portugueses em 1500 ao Brasil vieram também os jesuítas “chefiados pelo padre Manoel de Nóbrega” (SAVIANI, 2008 p.15), com o objetivo de ensinar a ler e escrever, mas principalmente converter os índios ao catolicismo criando as primeiras escolas. A partir daí com as escolas jesuítas é que se inicia, no Brasil, a educação formal, o Ensino religioso adentra na educação brasileira, visando à exploração de riquezas, e a propagação do evangelho, tendo como premissa básica a adesão à cultura portuguesa e aos princípios do catolicismo.
No período colonial brasileiro pode se dizer que o advento do Ensino Religioso era uma forma de impor as ideias europeias, moldando as pessoas aos valores sociais que eles tutelavam como sendo bom para a sociedade. Evidencia-se que tudo passava pela questão do ensino Religioso, como forma de evangelização para os escravos, isto é, o papel do Ensino Religioso da igreja e da educação era catequizar, dado que, esse era o acordo entre o Papa e a Coroa Portuguesa. Segundo Zotti, “O alvo visado era universal, a formação do homem perfeito, do bom cristão” (ZOTTI 2004 apud FRANCA, 1986, p.12). 
A vista disso, o que se entende como Ensino Religioso é o ensino da religião oficial, os meninos aprendiam a ler e escrever através de livros religiosos. Ao mesmo tempo em que ocorria a alfabetização, acontecia à doutrinação dos alunos com fundamentos da religião católica.
No âmago dessa realidade está à confiança na eventual emancipação do indivíduo, em um esforço baseado na catequização, não como um ser pronto, mas como um ser em movimento de modificação.
A Igreja Católica estava submissa ao estado, atuava como uma repartição deste. O âmbito da educação era comandado pela Igreja Católica, que reprimia as instituições de ensino, os padres eram professores e catequizadores.
Durante o período colonial, a preocupação do governo português era propagar a fé cristã nas colônias dominadas, com o propósito de desenvolver o processo de evangelização e catequização das populações indígenas e dos africanos. Os primeiros documentos no período colonial que induz a educação religiosa foram as “Constituições Primeiras do Arcebispo da Bahia” (ANTUNES 1853, p.1) recomendada e aprovada no sínodo diocesano de 12 de junho de 1707. As constituições obrigavam os senhores proprietários a serem os responsáveis pela instrução religiosa dos seus escravos, era função dos párocos instruir a doutrina cristã aos escravos e aos meninos.
No período Imperial a Religião Católica Romana era religião oficial do Império e o Ensino Religioso era amparado e subordinado a Metrópole com ideais ideológicos, considerando que nesta época a igreja era dona de um diversificado patrimônio econômico e cultural e não divergia com a corte em vista que a mesma regia a educação, mesmo sabendo que esse era papel do estado.
O Ensino Religioso dessa fase continuava ainda com formato de catequese, ambicionando doutrinar os índios e os negros, bem como as classes subalternas. Em 1759 os jesuítas foram expulsos de Portugal e de suas colônias, acusados de tentarem formar um Estado dentro do Estado, rompendo o monopólio clerial na educação. Após doze anos de afastamento dos Jesuítas, se estabeleceu o sistema educacional público no Brasil. “A ênfase pombaliana estava no ensino secundário, organizado através do sistema de aulas régias” (MACIEL, 2007, p. 80).
Com a vinda da Família Real (1808) surgiu um novo caminho para a educação, onde os interesses eram voltados para aristocracia e para elite colonial, sem considerar as necessidades da plebe. Essas mudanças fizeram instituir a criação de instituições culturais e científicas de ensino técnico e os primeiros cursos superiores.
Em (1822), Com a independência a Igreja permaneceu submissa ao Estado, diante disso eclodiu a primeira legislação educacional brasileira, de 15 de outubro de 1827publicada em 15 de outubro de 1827. O decreto determinava que fossem instauradas escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos do Império, por consequências, dezessete artigos integraram nas organizações legais da Educação no século XIX, assegurando a sistematização escolar, do qual litigavam o exato efeito do currículo, como, estabelece a Presidência da República Casa Civil no 6° artigo:
Os professores ensinarãoa ler, escrever, as quatro operações de aritmética, prática de quebrado, decimais, proporções, as noções mais gerais de geometria prática, a gramática da língua nacional, e os princípios de moral cristã e da doutrina da religião católica e apostólica romana, proporcionados à compreensão dos meninos; preferindo para as leituras a Constituição do Império e a História do Brasil (BRASIL, 1827).
Porém, algumas mudanças ocorreram no final do Império, alunos não católicos foram afastados da obrigatoriedade de presenciar as aulas de Ensino religioso, as aulas de Ensino Religioso passam a ser substituída pela disciplina de moral e cívica, que objetivavam difundir valores republicanos e seculares, a chamada virtude cívica. A disciplina moral e cívica ganha forças após a proclamação de 1889, sendo que se transforma em uma ferramenta para a composição de uma nova semelhança nacional desassociada do catolicismo.
Contudo o Período Republicano instaurado no período de 1891 a 1930 colocou um fim ao regime monárquico, por existir em teorias positivistas, protege o laicismo no campo da educação, encerando assim o regime do padroado. O Brasil torna-se um país laico por meio de modificações na Constituição. 
O “estatuto n° 119-A”, de sete de janeiro, separa a Igreja do Estado. A laicização do Estado é consagrada na Constituição Federal de 1891 (Presidência da República Casa Civil).
Com a divisão entre Estado e Igreja, o Ensino Religioso foi escuso das escolas publicas. Em decorrência do artigo 72 do parágrafo 6°, promulgada em 1991: “Será leigo o ensino ministrado nos estabelecimentos públicos” (Presidência da Republica Casa Civil). Tal discurso tinha por objetivo revelar que o Ensino Religioso só deveria ser ministrado exclusivamente em algumas instituições peculiares, como exemplo as escolas de caráter religioso e não mais nas sustentadas pelo poder público.
Para a Igreja Católica a privação do Ensino Religioso nas escolas públicas, caracterizava um prejulgamento laicista contra a religião católica. Por outro lado os socialistas, maçons, positivistas e algumas comunidades protestantes diziam que a subsistência do Ensino Religioso revelava o aspecto eclesiástico na escola prestando ao beneficio da Igreja católica em oposição ao poder temporal e poder espiritual. 
A Instituição católica reagiu à separação, procurando demonstrar os males que podem avir de um Estado Laico, divorciado da Igreja. Contudo, com a separação entre o Poder Espiritual e o Poder Temporal, competiria ao Poder espiritual tudo aquilo que correspondia aos assuntos espirituais, sobrenaturais. Caberia ao Poder temporal tratar as questões naturais de ordem política e social. Conforme afirma Cury:
 
A Constituição se laiciza, respondendo a liberdade a liberdade plena de culto e a separação da Igreja e do estado (conforme a Constituição “provisória”) e põe o reconhecimento exclusivo pelo Estado do casamento civil a secularização dos cemitérios e finalmente determina a laicidade nos estabelecimentos de ensino mantidos pelos poderes públicos (CURY, 1996, p. 76).
O conceito de laicidade indica a separação da religião da soberania política e o gerenciamento do Estado, ao apreço de cada indivíduo de usufruir de uma crença e pratica-la. Tem como pretensão a semelhança na desigualdade e a estima a singularidade e a exclusão das divergências. Refere-se ao exercício do respeito a todas as religiões e também aqueles que não praticam nenhuma religião, e mais, principalmente a tolerância aos outros nas suas crenças e práticas.
A caracterização de apontar que o Ensino Religioso só seria ministrado nas escolas de caráter religioso foi uma sentença inspirada pelo conceito da liberdade religiosa conforme a visão francesa, logo depois, pelo comando dos pioneiros da educação nova, com base nos anos 30, essa percepção é fortalecida, foi nesta situação que as reestruturações institucionais sucederam com maior vigor na educação e nos estados.
Junto com essa força surge um movimento social conhecido como reformistas da educação Anísio Teixeira, Lourenço Filho, Fernando de Azevedo e outros, instauraram o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932), (citado anteriormente). A renovação educacional no inicio da Segunda República estava alicerçada nas “teorias psicológicas de Lourenço Filho, na colaboração sociológica de Fernando de Azevedo e no pensamento filosófico e político de Anísio Teixeira”, (SANDER, 2007, p.28).
Visando a ruptura com a antiga estrutura educacional, a educação nova pretendia dedicar-se ao interesse do indivíduo, deixando de servir ao proveito de classes, os educadores que firmaram o manifesto defendiam a educação como uma atividade fundamentalmente publica, única e comum, sem privilégios econômicos de um grupo restrito, o ensino deve ser, público laico, gratuito e obrigatório.
Destacando as palavras de Vale o Manifesto dos Pioneiros é rico em sugestões, firme em relação à necessidade de o país construir um “sistema unificado” de ensino público capaz de oferecer ensino de qualidade a todos (VALE 2002, p.24).
Em meio ao Movimento do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, podemos entender uma definição de “reconstrução social pela reconstrução educacional” (SAVIANI, 2004, p.33). Ressaltando que foi movimento histórico de inúmeras rivalidades no campo da educação e, em efeito disso, desencadeou uma sucessão de disputas e objeções na defesa da escola pública, com direitos de todos. Ao desempenho destes pioneiros, ainda assim, se estendeu pelas décadas seguintes, sobre fortes julgamentos dos defensores do ensino privado e religioso.
Em 1930 nomeado para o Ministério da Educação e Saúde Francisco Campos, formulou uma lei que reintroduzia o Ensino Religioso nas escolas públicas. Nesse período por ocorrência de uma crise socioeconômica e cultural2 houve uma reaproximação da Igreja com o Estado. Assim sendo, a igreja católica se fortificou, conquistando apoio para retificação religiosa na preparação da criação da Constituição de 1934.
Objetivando angariar apoio da Igreja católica e ganho político, em 1931 o presidente Getulio Vargas estendeu a licença para as escolas públicas ministrarem o Ensino Religioso. Apesar da objeção dos protetores do laicismo, que relatavam que tal atitude afligia a liberdade de consciência das pessoas, a proposta se transformou no Decreto n.19941/1931.
Com a instituição da Assembleia Nacional de 1933, a hostilidade entre a ideologia católica e a liberal aumentou. Contudo, na era autoritária de Vargas, a Igreja Católica restaurou o padrão de cristandade declarando-se como religião oficial. Instituída em 1934 a Constituição conciliou a aliança entre Igreja e Estado e inseriu o Ensino Religioso em caráter facultativo multiconfissional.
Em 1937 a Constituição brasileira outorgada depois de um golpe de Estado, anulou a clausula da Constituição de 1934, evidenciando a presença de uma estratégia comunista e com ajuda militar fechou o Congresso Nacional e implantou o Estado Novo.
Entre muitas manobras, a educação foi mais uma estratégia de propaganda política do novo regime. Vargas reconhecendo que seria capaz de desmerecer a aprovação de católicos que colaboraram na sustentação do regime em vários golpes oferece um jantar para bispos e declara interesse em que o Estado e Igreja católica deveriam andar unidos, alegando, que o país havia nascido sob o “símbolo da cruz” (RODRIGUES 2005, p.120). Nesse cenário de ditadura o país era governado por intermédio de Decretos-Leis, o Brasil estava submerso a uma nova perspectiva, sendo assim, foi arquitetada uma nova constituição conduzida por idealizações fascistas, concebida por Francisco campos[footnoteRef:2]. [2: 1. Refere-se á um movimento caracterizado por novas ideias pedagógicas que estavam em pauta nos EUA e Europa, John Dewey foi um dos precursores dessas ideias que envolviam novos métodos pedagógicos, em contraposição à escola tradicional. EDUCAÇÃO EM FOCO. Juiz de Fora, v.21 n.237 Acesso em 14 de Abril, 2017.
2. Francisco Campos coordenador da feitura do arcabouço jurídico em que se apoiouo Estado Novo, incluindo Carta Constitucional de 1937. O ESTADO NACIONAL. Campos Francisco. Disponível em http://bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br/services/e-books/Francisco. Acesso em 14 de Abril 2017
] 
2.2 Leis que Fortificam o Ensino Religioso
A Constituição de 1937 atribuiu à União a autoridade para definir os quadros da educação nacional e fixar as bases, elaborando as diretrizes para o desenvolvimento moral, físico e intectual da infância e da juventude, omitindo a educação pública, que passou a requerer uma “contribuição mensal” para a caixa escolar por parte daqueles que não conseguiam declarar falta de recursos. (Presidência da República Casa Civil art. 130).
Uma reformulação se deu na educação com a Constituição de 1937e com a Reforma Capanema5 que instaurou as denominadas Leis Orgânicas que fomentaram as ramificações do ensino: primário, secundário, industrial e agrícola.
Publicada pelo “Decreto-Lei”. N° 4244 (9de Abril de 1942), “artigo 21”, a interpretação da Lei Orgânica do Ensino Secundário, considerou o posicionamento das autoridades católicas, determinando que as propostas de religião e sua disciplina didática seriam definidas pelas autoridades eclesiásticas. Já em 1946 uma nova Constituição é regularizada, intensificando no terreno da educação o posicionamento dos educadores liberais. (Presidência da República Casa Civil).
Essa lei determinou um novo vínculo entre Estado e Igreja mediante o artigo 31, inciso II: “... à União, aos Estados, ao Distrito federal e aos Municípios é vedado ter relação de aliança ou dependência com qualquer culto ou igreja, sem prejuízo da colaboração recíproca em prol do interesse coletivo”. 
Por tanto o artigo 168 desta Constituição apresentava, “O Ensino Religioso Constitui disciplina dos horários das escolas oficiais, é de matricula facultativa e será ministrado de acordo com a confissão religiosa do aluno” (Presidência da República Casa Civil). Nos anos que se segue, o embate entre o pensamento católico e os ideais liberais se instigavam por consequência do desentendimento da criação da LDB.
Nos anos que se segue, o embate entre o pensamento católico e os ideais liberais se instigavam por consequência do desentendimento da criação da Lei e Diretrizes e Bases da Educação (LDB). O Artigo 97, da Lei 4024/61 atenta o Ensino religioso no seguinte aspecto:
O Ensino Religioso constitui disciplina dos horários normais das escolas oficiais, é de matrícula facultativa e será ministrado sem ônus para os cofres públicos, de acordo com a confissão religiosa do aluno, manifestada por ele, se for capaz, ou pelo seu representante legal ou responsável. Parágrafo 1°- A formação de classes para o Ensino religioso independe de número mínimo de alunos. Parágrafo 2°- O registro de professores de Ensino Religioso será realizado perante a autoridade religiosa respectiva. (Presidência da República Casa Civil Lei 4029/61 Art.97).
Nota-se que a LDB preservou a mesma política da Constituição Federal de 1946 a respeito do Ensino Religioso, porém o ato de exonerar o estado do salário do professor de Ensino religioso gerou revolta e protestos coordenados pela Igreja, conquistando sucesso, decorrente disso em 1971 surgiu a nova LDB lei 5.692 a ênfase “sem ônus para os cofres públicos” foi eliminada da nova lei, juntamente com o fato de que o Ensino Religioso deveria ser ministrado de acordo com a confissão do aluno.
A lei 5692/71 direcionou o Ensino religioso nas escolas publicas de 1° e 2° grau, (hoje conhecido com Ensino Fundamental e Ensino Médio), o artigo 7°, parágrafo único sentenciava, sem invalidar completamente a LDB de 1961 reintera a estrutura da Carta Magna de 1968 e Emenda Constitucional n° 1/69, introduzindo o Ensino religioso nos horários regulares, estruturando a área de estudos de Moral e Cívica, Artes e Educação Física, com o objetivo de formar alunos voltados ao civismo e a moral concernente ao regime militar. Nesse período apareceram algumas dificuldades que o Conselho Federal buscou solucionar com o Parecer 540/77.
No que diz respeito ao Ensino religioso, esse documento evidenciou aspectos importantes que justificam os objetivos dessa disciplina na escola. Sua relevância apara a construção integral do aluno, reconquistou a autonomia de escolha que fica atestada pela matrícula facultativa do aluno, a demanda desse ensino em vários credos e concede às autoridades religiosas a finalidade dos propósitos e conteúdos da disciplina em apreço.
Porém, o Ensino Religioso volta ao domínio da incumbência do Estado na Constituição de 1988 no seu artigo 210, de onde havia se afastado a datar de 1889, onde ocorreram várias mudanças no campo escolar. Segundo Markus:
[...] se acentua o processo de ruptura com as concepções vigentes até então em toda a sociedade brasileira: acontece o processo de abertura política no país; difunde-se a liberdade de imprensa; estão em popularidades os debates sobre a teologia da libertação; o fenômeno da diversidade religiosa se torna evidente e visível; movimentos sociais e culturais de evangelização; e uma nova Constituição reconhece e assegura o respeito pelas diversidades culturais e religiosas, (MARKUS, 2002.p.35,36).
Com a promulgação em 1988 da nova Constituição novos caminhos foram traçados para a democratização da Educação, o que pode ser observado no:
Artigo 3° parágrafo IV, da Constituição de 1988 (p.13) determina que se deva “promover o bem de todos, sem preconceito de origem, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.
Artigo 5° (p.15) da mesma Constituição, diz que “é inviolável a liberdade de consciência e crença [...], com semelhança o artigo 210 (p.122) assegura que “o Ensino Religioso, de matrícula facultativa constituirá disciplina dos horários normais das escolas publicas de ensino fundamental”“. Tais rudimentos são tidos como sustentáculo para interpelação do Ensino religioso na Lei 9394/96 da LDB para os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso (PCNER, 2009).
Assim, a legislação brasileira outorga um caráter facultativo quanto a matricula dos alunos nessa disciplina, portanto, essa disciplina deve ser implantada no currículo escolar e ser ministrada tendo como base o PCNER, de forma interdisciplinar.
A partir de então, assegura- se que essa Constituição favoreceu um avanço pedagógico para o conceito do Ensino Religioso como disciplina escolar, passa a ser visto como uma importante disciplina para formação e educação integral do ser humano, buscando resgatar a dignidade, a virtude e valor, construindo desenvolvimento de cidadania, compreendendo como da esfera pedagógica e não das religiões, (STIGAR, 2009.p.43) considera “principalmente quanto à compreensão da natureza do Ensino Religioso no ambiente escolar e sócio-político-social, dado o pluralismo e a diversidade da sociedade e da realidade complexa”.
No dia 22 de Julho de 1997, foi sancionada a nova redação do artigo 33 de 1996, pelo então Presidente da Republica Fernando Henrique Cardoso, por meio da lei 9475/97, que atesta:
O Ensino Religioso é parte integrante da formação básica do cidadão, construindo disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurando o respeito a diversidade cultural e religiosa vetando qualquer forma de proselitismo.
Art.1°da referida lei estabelece que: Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do Ensino religioso e estabelecerão as normas para habilitação dos professores.
Art.2°afirma: Os sistemas de envio ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas para a definição dos conteúdos de Ensino Religioso (Presidência da República Casa Civil lei 9475/97).
Por conseguinte essa redação muito agradou aos grupos favoráveis do ensino Religioso e esta está em vigor até os dias de hoje.
2.3 A ATUAL PRÁTICA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL E A LDBEN
Considerando ao longo do tempo o processo do Ensino Religioso como disciplina curricular, observa-se que ocorreram muitas evoluções e mudanças de paradigmasque contribuíram para uma educação voltada ao projeto pedagógico, assumido pela sociedade e instituições representada, muitos desafios e controvérsias aconteceram e estão acontecendo.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), N°9394/1996, através do Art. 33, deu uma grande proporção para o ensino Religioso no Brasil. Mesmo sobre o novo contexto que trata o Ensino Religioso, com a Lei N° 9.475/1997, abrange diretrizes progressistas dessa disciplina no âmbito escolar brasileiro.
Atualmente, conforme a Constituição de 1988 e a Lei Federal 9475/97 o Ensino religioso nas escolas públicas deve ser facultativo, isto é, o aluno não é obrigado a se matricular na disciplina, porém, ao não se matricular no Ensino Religioso deverá cumprir o horário referente a essa disciplina desenvolvendo outro tipo de atividade na escola.
Para inserir o Ensino Religioso na concepção da interpretação do fenômeno religioso, o PCNER (Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso) sugere uma nova forma didática e indica um novo tratamento pedagógico.
a. Baseado no pressuposto de que o Ensino religioso é um conhecimento humano e, enquanto tal deve estar disponível à socialização, os conteúdos do Ensino Religioso; PCNER (1998.p.38).
b. É parte integrante da formação básica do cidadão, ou seja, esta disciplina alicerça-se nos princípios da cidadania, do entendimento do outro enquanto outro, da formação integral do educando; PCNER (1988.p.22).
c. Trata do conhecimento religioso; PCNER. (1998.p.19).
d. É disciplina dos horários normais, assegurado o respeito à diversidade cultural e religiosa e vedadas quaisquer formas de proselitismo; (Artigo 33 da Lei n° 9.394/96), (PCNER, 1998).
e. Através de conteúdos que subsidiam o entendimento do fenômeno religioso a partir da relação: Cultura-Tradição Religiosa proporcionam o conhecimento dos elementos básicos que compõem o fenômeno, proporcionam o conhecimento dos elementos básicos que compõem o fenômeno religioso; PCNER (1998 p.32-38).
f. É conhecimento que constrói significados a partir das relações que o educando estabelece no entendimento do fenômeno religioso; (PCNER, 1998 p.39-40).
g. É uma disciplina com prática didática contextualizada e organizada; (PCNER, 1998.p.41-42).
h. A avaliação é processual, permeia os objetivos, os conteúdos e a prática didática. (PCNER, 1998.p.41-43).
O PCNER – Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Religioso é um documento que traz uma propositura progressista para o Ensino Religioso, que tem como crucial atributo a modificação do Ensino Religioso do campo religioso para o campo laical, revelando-se um modelo de ensino com característica cientifica, epistemológico afastado de qualquer ideologia ou religião.
Outrossim, do afinco para inserção da novo conceito de Ensino Religioso na legislação, ações foram tomadas para acelerar a formação dos decentes para essa disciplina. Enquanto o ensino era de forma catequética somando interesses de uns poucos, atualmente o profissional de Ensino Religioso é voltado na abordagem de conteúdos sobre Culturas e Tradições religiosas, Ritos e Etthos[footnoteRef:3] e ainda facilitar o dialogo, ser o interlocutor entre Escola e Comunidade e mediar os conflitos (PCNER, 2009.p.43). [3: Estes são os quatros eixos norteadores para o trabalho dos conteúdos na disciplina Ensino religioso: Culturas e Tradições Religiosas; Escrituras Sagradas; Teologia Comparada; Ritos e Ethos. (Parâmetros, www.fonaper.com.br) Acesso em 17 de Abril 2017.
] 
Nota-se que ao longo do tempo no processo do Ensino religioso ocorreram muitas evoluções e mudanças de paradigmas que contribuíram para uma educação voltada para uma pluralidade religiosa, viabilizando o convívio social e as relações culturais e tradições religiosas, construindo um conhecimento propagado no entendimento do fenômeno Religioso, que se reconhece a partir do convívio social.
3. CONCLUSÃO
Com a finalidade de fazer um retrospecto dos caminhos da educação do Ensino religioso e suas transformações atuais, partimos do início de um trabalho bibliográfico onde contemplamos vários momentos, a luta entre Estado e Igreja em que se nos refletiu diversos documentos normativos, a história pelos quais passou o Ensino Religioso e o cumprimento das Leis de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDBEN) até os dias atuais.
O ensino Religioso despertou muitas discordâncias na educação brasileira, ora no seu caráter de doutrinação na época da colonização no Brasil, pelo sua característica confessional e proselitista em fins do século XIX e a primeira metade do século XX.
Todavia, independentemente dos equívocos do passado, a LDBEN, n°9394/1996, Art.33 alavancou uma proporção jamais vista para o progresso do Ensino Religioso no Brasil. Com uma nova roupagem a Lei N°9.475/1997, abrange diretrizes inovadoras para abordagem dessa disciplina no âmbito escolar.
O desígnio do novo Ensino religioso não é mais evangelizar o educando, mas de educar sua religiosidade, adquirindo conjuntura de área de conhecimento, identidade pedagógica curricular e a formação integral do educando, sabendo que a formação integral passa pelas dimensões da ética, religiosidade e política.
A linguagem do Ensino Religioso possui um vocabulário próprio, não se confunde mais com a catequese, não é mais a da comunidade eclesial, mas do ambiente escolar, conquistando participação do currículo escolar, integrado a outras áreas do saber que se propõe a um trabalho interdisciplinar.
Por fim, considera-se que alguns fatores interferem no processo de um novo Ensino Religioso sendo este; a mentalidade de que o Ensino Religioso ainda é sinônimo de confessionalidade ou de alienação fazendo com que a compreensão da lei fique esquecida, quando não desconhecida e o entrave no campo da formação didática dos professores que mantém um lapso que dificulta uma pratica pedagógica que esteja em harmonia com a avançada legislação para o ensino religioso, e o preconceito que a disciplina ainda tem.
Porém a disciplina do Ensino Religioso vem conquistando seu espaço, difundindo os o exercício responsável de valores universais para a construção da cidadania.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ANTUNES, Antonio Louzada. Constituições primeiras do Arcebispado da Bahia (vol. 79). Edição do Senado Federal. São Paulo 1853.
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